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de vegetação e sua produtividade. 2. Controle da água: as características do solo determinam o destino da água na superfície da terra. A perda de água, a sua utilização, a contaminação e a purificação são afetadas pelo solo. 3. Reciclagem: o solo desempenha papel essencial na reciclagem de nutrientes e na produção de matéria orgânica ou húmus. 4. Habitat: um punhado de solo pode conter milhões de organismos vivos e mortos, que influenciam nas suas características, como a porosidade, que é responsável pelo movimento e pela manutenção da água e do ar no solo. Define-se a qualidade do solo pela sua capacidade em sustentar a produtividade biológica, manter a qualidade ambiental e promover a saúde vegetal e animal. Para isso, conta-se com indicadores físicos, químicos e biológicos. Indicadores da qualidade física Textura, estrutura, agregação, densidade, profundidade e porosidade (relacionada com a aeração, a infiltração e a disponibilidade de água). Indicadores da qualidade química Capacidade de Troca de Cátions – CTC, pH, teor de matéria orgânica, disponibilidade de nutrientes e elementos tóxicos do solo – por serem relativamente fáceis de avaliar. Indicadores de qualidade biológica Podem ser observados pela biomassa, pela respiração microbiana e pela atividade de determinadas enzimas relacionadas a elementos importantes (carbono, fósforo, nitrogênio e enxofre). Técnicas de Produção Vegetal 31 Todos os componentes químicos, físicos e biológicos do solo estão diretamente relacionados, de modo que a alteração de qualquer um deles pelos diversos tipos de manejo, assim como pelo clima, pode levar a alterações em menor ou maior grau nos demais, com reflexo na qualidade do solo e na produção vegetal. Aproximadamente, a metade do volume do solo consiste de espaços vazios (poros) de tama- nhos variados, que podem ser preenchidos com água ou ar. A água do solo contém centenas de substâncias orgânicas ou inorgânicas, por isso é denominada de solução do solo. É por meio dessa solução que as plantas absorvem a maioria dos nutrientes. A figura a seguir mostra o volume que cada um dos componentes (ar, água, partículas orgânicas e minerais) deveria ocupar para o bom crescimento das plantas. Partículas orgânicas (5%) Ar (25%) Água (25%) Partículas Minerais (45%) Distribuição ideal dos quatro constituintes do solo para o bom crescimento das plantas Esses quatro componentes interagem entre si, determinando a natureza do solo: solos bons são aqueles que contêm conteúdos similares de água e ar, ocupando aproximadamente metade de seu volume. A quantidade de água que entra no solo, por meio das chuvas, irá controlar a quantidade de ar, expulsando-o para a atmosfera. A água no solo é atraída pelas partículas minerais (principalmente argilas), o que determina seu movimento e sua disponibilidade para as raízes das plantas. As partículas orgânicas, por atuarem como uma cola que une as partículas minerais do solo em agregados, influenciam o tamanho dos poros e a quantidade de água e de ar presentes em um determinado solo. Para estabelecer a aptidão agrícola e o potencial produtivo de uma região ou área para determinada cultura, faz-se um levantamento de informações relativas ao tipo, à característica e à distribuição dos solos nas paisagens, com estudos de clima e relevo regionais. Assim, pode-se decidir o que plantar e estimar a produtividade de uma cultura para cada tipo de solo sob determinadas condições climáticas (temperatura, chuva etc.). Curso Técnico em Agronegócio 32 c Leitura complementar Para saber mais sobre esse assunto, você pode consultar os boletins da Embrapa – eles contêm informações relevantes quanto à aptidão agrícola dos solos no Brasil. Confira como acessá-los no AVA. Fonte: Shutterstock 3. Planta O desenvolvimento dos vegetais ocorre na atmosfera próxima ao solo, sendo este o seu apoio, a sua base. Para o seu desenvolvimento, o sistema radicular absorve água e nutrientes (presentes no solo ou aqueles que foram disponibilizados via adubação), subdivididos em: Macronutrientes Nitrogênio – N (NO3 - e NH4 +) Potássio – K (K+) Magnésio – Mg (Mg2+) Fósforo – P (H2PO4 - e HPO) Cálcio – Ca (Ca+) Enxofre – S (SO4 -) Esses elementos são essenciais para o crescimento e o desenvolvimento das plantas – sem eles, a planta não completa seu ciclo de vida. São denominados macronutrientes não por serem os mais importantes, mas sim por serem absorvidos em maior quantidade. Técnicas de Produção Vegetal 33 Micronutrientes Zinco – Zn (Zn2+) Manganês – Mn (Mn2+) Boro – B (H3BO3) Cloro – Cl (Cl-) Cobre – Cu (Cu2+) Ferro – Fe (Fe2+) Molibdênio – Mo (MoO4 2-) Níquel – (Ni2+) Os micronutrientes também são elementos essenciais, porém absorvidos e necessitados em quantidades muito baixas. São essenciais ainda o carbono (C), o oxigênio (O) e o hidrogênio (H). Além disso, o cobalto – Co (Co2+) é importante para as leguminosas; o silício – Si (SiO3 -) e o níquel – Ni (Ni2+) são encontrados nos tecidos vegetais. O carbono, o oxigênio e o hidrogênio não são fornecidos via adubação. Você sabe como a planta os absorve? A parte aérea da planta, composta pelas folhas, é que faz esse papel, especificamente por meio dos estômatos (estruturas celulares presentes na parte inferior das folhas), que têm a função de realizar trocas gasosas entre a planta e o meio ambiente. No processo, entra o gás carbônico (CO2), que participa da fotossíntese – a síntese de açúcares realizada a partir da energia solar, processo por meio do qual as plantas verdes transformam energia radiante do sol (eletromagnética) em energia química. A energia química resultante é utilizada pelas células vegetais em vários processos metabólicos. A matéria orgânica produzida é o carboidrato, e os agentes de absorção da luz solar são os pigmentos (clorofila) que ocorrem nos cloroplastos das plantas superiores. Observe essa dinâmica na figura a seguir. Curso Técnico em Agronegócio 34 FOTOSSÍNTESE Síntese da GLICOSE (açúcar) MACRONUTRIENTES PRIMÁRIOS Nitrogênio / Fósforo / Potássio MACRONUTRIENTES SECUNDÁRIOS Cálcio / Magnésio / Enxofre MICRONUTRIENTES Cloro / Cobre / Boro Manganês / Ferro / Molibdênio / Zinco FLOEMA Desce a seiva elaborada CAULE SA IS M IN ER A IS ÁGUA O2 CO2 RESPIRAÇÃO Oxidação da GLICOSE (açúcar) O2CO2 CASCA 1 1 1 N P K Ca Mg S Cl Cu B ZnMn Fe Mo XILEMA Sobe a seiva bruta2 2 2 O principal ciclo fotossintético de produção de carboidratos é o Calvin, com a formação do ácido fosfoglicérico – PGA, um açúcar com três carbonos. Por isso, plantas que seguem esse ciclo são denominadas plantas C3. Outro grupo de plantas, entre as quais algumas gramíneas tropicais, tais como cana-de-açúcar, milho e sorgo, e outras espécies de plantas adaptadas ao clima árido seguem uma variação do ciclo de Calvin e produzem o oxalacetato, ou malato ou aspartato (depende da espécie), um carboidrato com quatro carbonos, e são denominadas plantas C4. Existe, ainda, o metabolismo ácido das crassuláceas – CAM, cujo nome se deve ao fato de ser primeiro encontrado nas crassuláceas. Essa rota de fixação do CO2 é muito comum nas famílias Agavaceae, Bromeliaceae, Cactaceae, Euphorbiaceae, Liliaceae e Orchidaceae. Técnicas de Produção Vegetal 35 d Comentário do autor A família das crassuláceas abarca importantes gêneros de plantas suculentas, com várias espécies conhecidas no paisagismo. Saiba mais sobre essa e outras famílias apresentadas aqui acessando os links disponíveis no AVA. Nas plantas de metabolismo C4, o primeiro metabólito a ser sintetizado pela fixação do CO2, que ocorre durante o dia, é o ácido oxalacetato. Nas plantas com metabolismo CAM, os processos de fixação, via PEPcase e Rubisco, ocorrem durante a noite, quando os estômatos estão abertos. Durante o dia, os estômatos se fecham para minimizar a perda de água. Várias espécies que habitam em ambientes áridos e quentes apresentam o metabolismo CAM, o que permite