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a manutenção do balanço positivo de carbono nos seus tecidos. Os cactos, o abacaxi, as pitaias e as orquídeas são exemplos típicos de plantas com esse comportamento. A eficiência fotossintética varia significativamente entre plantas com metabolismo tipo C3, C4 e CAM de fixação de CO2 atmosférico. As plantas C4 são mais eficientes fotossinteticamente, dentre as quais se destacam o milho, a cana-de-açúcar, o sorgo e os capins tropicais. As plantas C3, menos eficientes, incluem arroz, feijão, trigo, soja, algodão, amendoim, batata e mandioca. Soja, planta C3 Cana-de-açúcar, planta C4 Cactáceas, plantas CAM Enquanto a planta cresce, ela se desenvolve. O conceito de “crescimento” refere-se mais ao tamanho da planta, enquanto que “desenvolvimento” envolve diferenciação. A planta passa por diversos estágios e fases até fechar o ciclo reprodutivo, produzindo sementes que perpetuarão a espécie. De forma genérica, fala-se em fase vegetativa, floração, frutificação, maturação e senescência. Fases são períodos do ciclo da vida das plantas e não podem ser confundidos com estágios, que são momentos. A descrição das fases e dos estágios é denominada fenologia. Importante, ainda, é o termo Dias Após a Emergência (DAE), muito utilizado para acompanhar o ciclo de desenvolvimento das plantas. Curso Técnico em Agronegócio 36 A duração do ciclo de uma dada espécie vegetal é razoavelmente constante. Logicamente, depende de que as condições ambientais sejam adequadas, isto é, haja disponibilidade de nutrientes e água, de luminosidade, temperatura adequada do ar e do solo etc. Podemos en- contrar variedades ou cultivares de ciclos precoce, médio e tardio. Em relação à luminosidade, destaca-se a duração do dia, que leva ao fenômeno do fotoperiodismo. A indução da floração é afetada pelo fotoperíodo, ou duração do dia, em muitas espécies. Há plantas que são fotos- sensíveis – algumas de dias longos e outras de dias curtos. d Comentário do autor Cada espécie vegetal apresenta suas peculiaridades, portanto, para melhor conhecê-las, é preciso estudar individualmente cada cultura para conhecer suas características marcantes em relação aos fatores mencionados. 4. Atmosfera A atmosfera é uma camada gasosa que envolve a Terra, essencial às formas de vida que aqui evoluíram. Ela surgiu em razão das dimensões e dos processos físico-químicos e biológicos que se desenvolveram no planeta. A composição química da atmosfera variou bastante durante as eras geológicas, tendo atingido o equilíbrio dinâmico nos últimos 200 milhões de anos. A tabela a seguir apresenta a composição média dos gases mais importantes na atmosfera e no solo para a produção agrícola. Composição média dos gases na atmosfera Componente % Atmosfera % Solo Nitrogênio 78,084 < 80 Oxigênio 20,946 0 - 21 Gás carbônico 0,033 0,3 - 15 Outros 0,937 - Esses gases podem tanto ir da atmosfera para o solo, quanto do solo para a atmosfera, e, para compreendermos melhor a “atmosfera do solo”, o conhecimento de leis e princípios que regem o movimento dos gases no solo é de grande importância. As plantas e os organismos aeróbicos exigem certos níveis de oxigênio na atmosfera do solo, consumindo O2 e liberando CO2. Em função disso, a atmosfera do solo, em geral, possui menor concentração de O2 e maior de CO2 em comparação com a atmosfera acima do solo. Os processos de troca de gases entre a atmosfera superior e atmosfera do solo, muitas vezes, podem ser limitantes à produção para a maioria das culturas agrícolas, exceto para o arroz, por exemplo, que se desenvolve em ambientes anaeróbicos (sem oxigênio). Técnicas de Produção Vegetal 37 A análise físico-química dos processos de transferência de gases no solo é bem complexa. Há no solo “fontes” e “sumidouros” de CO2, O2, NH3, N2, SO2 e uma série de compostos orgânicos voláteis. A renovação do O2 no solo vem da atmosfera superior por difusão, por fluxo de massa ou em solução com água. Difusão O movimento do gás por difusão acontece devido à variação de concentração de qualquer constituinte da mistura gasosa que provoca migração das moléculas da zona de alta para a de baixa concentração. Como exemplo de difusão, podemos citar a troca de gases entre a atmosfera e os poros do solo. Fluxo de massa O fluxo de massa, também conhecido por “convecção”, acontece devido à variação de pressão do gás – a massa de ar da zona de alta pressão se move para a zona de baixa pressão, por exemplo, a penetração de água no solo durante uma infiltração. Acredita-se que a difusão seja o principal processo responsável pela transferência de gases no solo. De maneira geral, para que as trocas gasosas ocorram de forma eficiente, é preciso que nos atentemos ao manejo adequado das adubações e do uso correto da irrigação, e evitemos a compactação do solo por meio do uso inadequado de maquinários agrícolas. Assim, estaremos evitando que essas trocas se tornem limitantes para a máxima produtividade agrícola. Tópico 2: Sistemas de Manejo do Solo O manejo do solo se constitui de práticas indispensáveis ao bom desenvolvimento das culturas e compreende um conjunto de técnicas que, utilizadas racionalmente, proporcionam alta produtividade. Porém, se mal utilizadas, podem levar à destruição dos solos em curto prazo, podendo chegar à desertificação de áreas extensas. De maneira geral, podem-se considerar os seguintes tipos de manejo do solo: • Preparo convencional: provoca inversão da camada arável do solo mediante o uso de arado; a essa operação seguem-se outras, secundárias, com uso da grade ou do cultivador para triturar os torrões. Nesse sistema, 100% da superfície é revolvido por implementos (arado, grade, cultivador). Ele tem como princípio melhorar o solo para a germinação de sementes e a eliminação de plantas daninhas antes do plantio, e corrigir características na subsuperfície do solo que necessite de incorporação de corretivos ou rompimento de camadas compactadas. • Cultivo mínimo: consiste na redução de operações de preparo do solo. Baseia-se no uso de implementos sobre os resíduos da cultura anterior, com o revolvimento mínimo necessário para o cultivo seguinte. Geralmente, é utilizado um escarificador (implemento que corta o solo sem revolvê-lo) a 15 cm de profundidade, o que é suficiente para romper crostas e descompactar o solo. Ele pulveriza menos o solo, deixa mais resíduos na sua superfície, reduz a compactação do solo, melhora a infiltração de água e diminui as perdas de solo e água por erosão em relação ao preparo convencional. Curso Técnico em Agronegócio 38 Fonte: Shutterstock • Plantio direto: ocorre onde as sementes são semeadas por meio de semeadora especial sobre a palhada de culturas do cultivo anterior ou de culturas de cobertura produzidas no local para esse fim. Proporciona melhor cobertura do solo, mantém a umidade em profundidade, contribui para a manutenção da matéria orgânica no solo durante a entressafra, possibilita melhor ciclagem de nutrientes no solo e é, hoje, amplamente difundido no Brasil como o método mais adequado para as condições edafoclimáticas do nosso país. • Plantio semidireto: semelhante ao plantio direto, faz a semeadura direta sobre a superfície com semeadora especial, diferindo deste sistema apenas por haver poucos resíduos na superfície do solo. c Leitura complementar Na biblioteca do AVA, você encontra o artigo “Sistema de plantio direto na palhada e seu impacto na agricultura brasileira”. Acesse e leia para saber mais! O preparo mínimo, o plantio direto e o plantio semidireto são conhecidos como sistemas conservacionistas – uma das melhores formas, estabelecidas até o momento, para a conservação de água e do solo. As técnicas de manejo do solo a serem aplicadas em determinada área dependem de vários fatores. Cada área rural tem suas peculiaridades e requer decisão própria. Para cada caso, são definidas técnicas de acordo com: a textura do solo, o grau de infestação de invasoras, os resíduos