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FARMACOLOGIA DOS ANTIFÚNGICOS Beatriz Marinelli O tratamento é prolongado graças ao crescimento lento dos fungos. Ao inalarmos os fungos, eles se instalam nos pulmões, caso comum em pacientes com HIV, infecção fungica sistêmica. Fungos: são seres eucariotas, com parede celular constituída de glicanos e quitina, e membrana plasmática constituída de ergosterol, lipídio do fungo. FORMAÇÃO DO ERGOSTEROL Esqualeno epoxidase fungica 14-α-esterol desmetilase INFECÇÕES FÚNGICAS As infecções fungicas podem ser: Superficiais: sendo essas menos graves, comprometendo superfícies cutâneas como pelo, pele e unha (onicomicose); e mucosas como vagina e orofaringe (candidíase oral e vaginal). Sistêmicas: são as mais graves, comprometendo tecidos e órgãos como o pulmão. SIMULAÇÃO DE PERGUNTAS PARA PROVA: “Como trata infecção fungica superficial?” Depende do tamanho da lesão. Se essa for de pequena extensão o uso tópico já é necessário. Se for extensa é necessário associar uso tópico com oral. OBS: É comum uma infecção fungica sistêmica ter pneumonia, em especial em paciente com sistema imune comprometido, logo é necessário a utilização de medicamento de via endovenosa por cair direito na corrente circulatória, sem passar pelo processo de absorção. GRUPO DE FÁRMACOS ANTI-FÚNGICOS • Poliênicos • Flucitosina • Azóis • Alilamina • Griseofulvina POLIÊNICOS Os fármacos desse grupo são: • Anfotericina B • Nistatina Esqualeno Lanosterol Ergosterol Mecanismo de ação (Farmacodinâmica): liga-se ao ergosterol presente na membrana do fungo. Ao se ligar, a membrana rompe-se, perdendo substancias intracelulares importantes para sua sobrevivência como Ca2+, Na+,K+, levando a sua morte. Esse mecanismo é o mesmo para ambas as drogas. Resistência fúngica: quando diminuída a produção de ergosterol presentes na membrana do fungo. →ANFOTERICINA B: Via de administração: preferencialmente endovenosa (intravenosa), em ambiente hospitalar para infecções fungicas sistêmicas. Mas pode ser tópico para tratamento da candidíase cutânea, como exemplo; não existindo a administração por via oral, por ser toxica ao sistema gastrointestinal. Uso terapêutico: Mucormicose: é utilizada a anfotericina B em todo o tratamento por ser o único antifúngico eficaz. Meningite criptocócica, histoplasmose (ambas adquiridas por fezes de pombo e galinha), blastomicose, penicilose e aspergliose invasiva: utiliza o anfotericina para o tratamento inicial até o paciente se estabilizar, trocando o antifúngico por conta dos efeitos colaterias. Efeitos adversos: • Febre, calafrios: são os maios comuns, em que a febre está presente em 100% do casos, logo é prescrito um antitérmico antes de tomar esse antifúngico, como dipirona ou paracetamol. • Nefrotoxicidade: é o efeito colateral mais grave. SIMULAÇÃO DE PERGUNTAS PARA PROVA: “ Cite o efeito colateral mais grave da anfotericina B”; “ Cite o efeito colateral mais comum...” Recomendações: • Suplementação de K+ Mg2+, uma vez que se perde isso no tratamento em 33% dos pacientes. • Hidratação (infusão de salina): quanto mais hidratado, menor o risco de nefrotoxicidade. • Evitar terapia concomitante com aminoglicosídeos (antimicrobianos), por esse apresentar como efeito colateral também a nefrotoxicidade. →NISTATINA Via de administração: tópica (pomada) ou oral (suspensão), sendo o ultimo o principal uso, tendo como característica o gosto amargo e podre, podendo levar ao vômito. É necessário na receita avisar que deve-se agitar antes de usar. Uso terapêutico: • Candidíase oral: “sapinho”, a nistamina é a droga de escolha, principalmente em crianças. Sendo que para crianças maiores de 2 anos é indicado a suspensão, sendo que deve-se fazer bochecho durante 1 a 2 minutos e depois engolir, devendo tratar por 10- 14 dias. É comum que criança vomite por conta do gosto amargo e podre. Em crianças menores de 2 anos o tratamento é de uso tópico, sendo necessário passar pomada no bico do peito, mamadeira, boca por 6 meses. Esse caso é causado por beijo da mãe ou visita na criança. • Candidíase esofágica: suspensão. • Vaginite: pomada. FLUCITOSINA O nome do fármaco é o mesmo do grupo: • Flucitosina Via de administração: via oral. Mecanismo de ação: Atua intracelularmente inibindo a síntese de DNA e RNA. Desvantagem: possibilita a resistência fungica. É pouco usado pois é fácil desenvolver cepa resistente. Atividade antifúngica: • Cândida spp. • Cryptococcus neoformans • Agente da cromoblastomicose: trata-se com a associação de Flucitosina com anfotericina B, por serem fármacos com mecanismo de ação diferentes, logo há um sinergismos, potencializando o efeito farmacológico. Nessa associação deve-se manter as recomendações da anfotericina B, como hidratar, dosar K+ e Mg+, evitar terapia concomitante com aminoglicosídeos, administração de antitérmico. É uma doença que compromete principalmente os membros, atingindo a circulação, tornando-se sistêmica. Efeitos adversos: A flucitosina deprime a medula óssea. Recomendações: Pedir todo dia um hemograma para avaliar os leucócitos e plaquetas, que costumam estar diminuídos (leucopenia e trombocitopenia) nesses pacientes que se encontram internados por conta da flucitosina. AZÓIS: • Imidazóis (+ antigos) • Triazóis (+ novos) → fluconazol, cetoconazol... Mecanismo de ação: • Inibem a síntese do Ergosterol, através da inibição da 14-α-esterol desmetilase, portanto não forma a membrana pois não forma o ergosterol. • Mas e o que já estava formado? O ergosterol tem que se renovar sempre, portanto isso irá impedir sua renovação. Se associar anfotericina B + azóis → em algumas situações eu posso, mas será não é eficaz, porque a anfotericina B precisa do ergosterol para se ligar, e se não tem ergosterol ela não funciona. Os AZÓIS são: • Imidazóis (tópicos): ➢ Miconazol ➢ Cetoconazol (apresenta-se de várias formas. O sistêmico tem mais efeitos colaterais, já o tópico é bem tolerado [chance de 1% de cair na corrente circulatória]). ➢ Oxiconazol ➢ Clotrimazol ➢ Tioconazol • Triazóis (uso sistêmico; suspensão, cápsula, ampola ou endovenosa): ➢ Itraconazol ➢ Fluconazol AZÓIS SISTÊMICOS: • Cetoconazol • Itraconazol • Fluconazol Particularidade entre Cetoconazol e itraconazol: • Possuem a farmacocinética (absorção, metabolização e excreção) iguais. Só são absorvidos em ambiente ácido, portanto a associação com a alimentação é benéfica. • Interação farmacológica: ➢ Podem ter sua ação diminuída por antiácidos (pois deixa o Ph + básico), antagonistas dos receptores H2 (Ranitidina bloqueia o receptor de histamina, portanto diminui o HCl) e inibidores da bomba de prótons (omeprazol). CETOCONAZOL: • Uso sistêmico para evitar efeitos colaterais (??????????) • Uso tópico • Efeitos adversos: ➢ Aumento das enzimas hepáticas → pode causar hepatotoxicidade → doso TGO e TGP → se elas estiverem 3x maiores que o valor de referência eu suspendo a medicação (Tolero até 3x maior) ➢ Diminuição da testosterona ➢ Homens: ginecomastia, impotência, libido diminuída e diminuição da contagem de espermatozóides ➢ Pode provocar reações do tipo DISSULFIRAM (álcool) → o álcool é metabolizado no fígado pela álcool desidrogenase e transformado em acetaldeído. Ele é metabolizado pela aldeído desidrogenase em H2O, CO2 e acetato. O medicamento dissulfiram (Altabuzi é o nome comercial) serve para largar o vício do álcool → a pessoa toma a bebida e o remédio junto → o medicamento inibe a aldeído desidrogenase → acumula acetaldeído na circulação → potencializa o efeito ressaca. ➢ O medicamento cetoconazol, tendo efeito dissulfiram, portanto irá potencializar o efeito ressaca (O itraconazol e o fluconazol têm esse efeito mas com menorintensidade) ITRACONAZOL (triazólico): Uso terapêutico: • Esporotricose (só responde com itraconazol) → mínimo 3 meses de tratamento, iniciando no hospital e depois via oral em casa. Essa infecção começa atingindo a 2ª camada da pele → contraída pelo espinho → grupo de risco: jardineiros • Histoplasmose • Aspergilose invasiva → começa com anfotericina B e quando estabiliza administro itraconazol; ataca o pulmão • Onicomicose → unha → pode usar, mas há outro medicamento melhor que ele • Candidíase (alternativo) • Infecções por dematófitos Ele pode levar à efeito hepatotóxico grave → é o mais hepatotóxico → Doso TGO e TGP (até 3x maior eu tolero, mais que isso não) É um potente inibidor de uma das enzimas do citocromo P450 → enzima que metaboliza os medicamentos → portanto ele aumenta a concentração dos medicamentos (deixa o metabolismo deles mais lento) → aumenta assim o risco de toxicidade. Exemplo de medicamentos que ele aumenta a concentração: • Estatinas (atorvastatina, lovastatina e sinvastatina) → diminuo a dose • Sildenafila → com o aumento da sua concentração há uma diminuição da pressão, vasodilatação intensa... • Varfarina → anticoagulante oral → aumenta o risco de hemorragia • Digozina → tratamento da ICC • Alprazolam, midazolan, diazepam FLUCONAZOL (triazólico): Não precisa absorver em ambiente ácido. Ele possui meia vida mais longa → utilizo 1 vez por dia ou dose única Uso terapêutico: • Candidíase • Infecção do tracto urinário por cândida • Meningite criptocócica → inicio com anfotericina B, ao estabilizar uso fluconazol • Meningite por coccidioide • Onicomicose (alternativo) → 1 comprimido 1x por semana por 6 meses (se tiver cetoconazol uso fluconazol) ????????????????????? Efeitos colaterais: • É o menos hepatotóxico • Náusea, cefaléia e exantema OBS: GUARDAR O NOME DOS AZÓIS SISTÊMICOS SÓ AZÓIS TÓPICOS: • Miconazol, tionazol, cetoconazol (também tem)... • Indico quando a infecção é superficial e sua extensão é pequena; se for grande associo o tópico e sistêmico • Uso terapêutico: ➢ Aplicação cutânea (dermatófitos [grupo de fungos que causa infecção na pele, pelo e unhas], tinha versicolor e candidíase cutânea) ➢ Aplicação vaginal (candidíase vaginal) • Efeitos adversos: ➢ Comuns: queimação e pruridos vaginais ALILAMINAS: • Cloridrato de terbinafina (oral; a pomada é pouco usada) • Usos terapêuticos: ➢ Onicomicose (6 a 12 semanas de uso) → itraconazol (só no hospital) também é bom, mas a terbinafina tem efeito colateral menor, e a chance de causar hepatotoxidade é menor ➢ Onicomicose a terbinafina é a droga de escolha, mas se o paciente tiver que pegar no SUS eu receito cetoconazol ou fluconazol (o que tiver), mas entre os dois prefiro fluco. • Mecanismo de ação: ➢ Ele age inibindo a enzima esqualeno epoxidase fungica, portanto não formo membrana. Onicomicose → esmalte terapêutico (ciclopirox olamina ou amorolfina [loceryl] no mínimo 1 ano) + terbinafrina via oral Se comprometeu só 10% da unha posso usar só esmalte para evitar hepatotoxicidade (até 50% da unha). A loção também é boa mas não tem no SUS. • Efeito colateral: ➢ Desconforto gastrointestinal GRISEOFULVINA: • Griseofulvina Mecanismo de ação: inibe a mitose do fungo, resultando em deficiência da parede celular Medicamento de via oral • Usos terapêuticos: ➢ Dematofitoses (principalmente pele e pêlo) por Epidermophyton, Microsporum e Trichopyton spp ➢ Indutor enzimático → ele acelera o metabolismo de outras drogas, portanto diminui a concentração delas. Ex: contraceptivo oral pode engravidar. OBS: com a varfarina ele pode dar trombose. • Efeitos adversos: ➢ Hepatotoxicidade (acompanho TGO e TGP), leucopenia (exames hematológicos semanais; no 1º mês coleto sangue toda semana, se estiver tudo OK eu aumento o espaço de tempo entre as coletas).
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