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1 Lilian Ferrari @lilianferrarivet Pra que isso serve? Intestino proximal: função de digestão e absorção (alterações causam vômito ou diarréia, onde vômito é comum em gatos); grande área de absorção; diarréia com grande volume de fezes (exceção gatos, fazem menos quantidade); perda de peso. Intestino distal (jejuno e cólon): absorção de água e íons; diarréia com muco e o animal defeca várias vezes no dia (irritação no cólon: o que causa colite? Quais parasitas estão presentes em cólon?); fezes em quantidade habitual, pode sair muco, muco + sangue (não necessariamente). Se houver alteração em cólon, reto ou ânus, vai ocorrer alterações de defecação (megacólon – o cólon no rx deve ter o mesmo tamanho da L7; Colite em geral causa muita dor, e por este motivo gerar vômito no animal). Só digestão e absorção? Imunidade: o intestino é o maior órgão linfoide do corpo (80% do sistema imune); 25% da mucosa intestinal é tecido linfoide; 60% da produção de imunoglobulinas e IgA esta no intestino; o intestino possui um aprendizado de tolerância = alergias; proteção contra o “externo”, considerando que a luz intestinal está fora do corpo). Quando inflama o intestino por doença intestinal inflamatória, devemos lembrar que existem os pilares da inflamação (calor, rubor, edema, dor e perda da função), pois, além do intestino absorver, digerir e ter função imune, ele possui motilidade (que também é diminuída na inflamação). Diminuição da motilidade: inflamação no duodeno pode estimular o vômito, por exemplo. Motilidade: é importante para que o alimento passe pela área de absorção; faz o tempo adequado de digestão/absorção para cada fase. Quanto é “normal” um gato vomitar? Um dos sinais mais comuns na doença inflamatória intestinal no gato é o vômito. É normal 1x a cada 15 dias no MÁXIMO (por possuir pelo longo/ erro de manejo)!!! Para ser considerado CRÔNICO isto deve estar acontecendo a mais de 3 semanas, ou 5 a 7 dias consecutivos. Mas ele trabalha sozinho? Microbiota intestinal (floral intestinal): composta por bactérias, protozoários e fungos. Havendo 100 trilhões destes, significando 10x mais que o número de células, e 100x mais material genético. Em teoria, existem em média de 48 bactérias para cada mm2 de mucosa. As bactérias utilizam o alimento e produzem propionato, acetato e butirato (garantindo saúde dos enterócitos e colonócitos). Onde estes gases são fonte de energia para o hospedeiro, é considerado um fator de crescimento para as células epiteliais (renova a parede intestinal e estimula a crescer adequadamente), e possui propriedades antinflamatórias. As bactérias metabolizam ácidos biliares primários e secundários. E estes ácidos biliares secundários podem ter propriedades antinflamatórias, podendo ajudar em uma homeostase imunológica e fortalecimento da barreira. Comensais x Patogênicas: várias bactérias patogênicas são encontradas em animais saudáveis (onde as comensais mantém o controle populacional das patogênicas sem haver doença – manter o equilíbrio intestinal, resulta em saúde intestinal). As bactérias comensais fazem competição com as patogênicas (ideal que as comensais estejam em maior número e variabilidade, e patogênicas em pequena quantidade. As comensais competem com as patogênicas pois elas alteram o pH do intestino (redução), e produzem peptídeos tóxicos. Assim, o correto equilíbrio entre elas proporcionam saúde 2 Lilian Ferrari @lilianferrarivet intestinal, mas se houver desequilíbrio para as patogênicas, vai haver doença. Doenças em humano: distúrbios na microbiota × Obesidade e diabetes × Câncer de intestino × Diarreia ou constipação × Síndrome do intestino irritável × Depressão, ansiedade, doença de Parkinson, mal de Alzheimer, autismo... Doenças do cão e gato: distúrbios na microbiota × Doença intestinal inflamatória × Enterites e colites × PIF? (gato) – hipóteses × Colangiohepatite e Pancreatite (gato) – pancreatite em gatos tem relação com translocação bacteriana. × Obesidade e diabetes Disbiose Alteração na riqueza e/ou composição da microbiota intestinal. Sobre a riqueza intestinal, pode ser que tenha muitas comensais, e apenas uma patogênica por exemplo, mas ela pode causar doença. Ou pode ter variação de comensais mas não tem grande número delas, podendo haver chance das patogênicas aumentarem de volume. Causa ou efeito da doença? × Ainda não se sabe se a disbiose causa a doença, ou se a doença irá causar a disbiose. × Indivíduos que possuem disbiose tem mais tendência a inflamação. *Existem tabelas que mostram doenças que tendem a ter disbiose. Sobre a disbiose: × Ainda há poucos estudos e poucos dados clínicos. × Existem poucas recomendações e diagnóstico difícil (com a evolução da biologia molecular isto tem sido melhorado, e com o PCR foi possível entender um pouco mais da microbiota. × A maioria das bactérias intestinais são anaeróbicas, e elas morrem quando saem nas fezes. E se colocar as fezes para fazer uma cultura, não vai crescer a grande maioria das bactérias, não significando que elas não existem, e sim, que parte delas morreram e não foi possível cultiva-las. × Com o PCR como não é necessário ter viabilidade, e sim, material genético, houve melhora das pesquisas. × Lembrar que a microbiota intestinal existe e que pode estar atrapalhando o tratamento! × Lembrar que elas existem antes de usar antibiótico sem necessidade! PROBIÓTICOS Eles são suplementos alimentares a base de microrganismos que afetam beneficamente o animal hospedeiro, melhorando o balanço microbiano e levando a saúde intestinal e geral. Exemplos: Lactobacillus, Bifidobacterium, Enterococcus faecium, Saccharomyces boulardii. São indicados quando há: × Transtornos gastrintestinais relacionados a estresse. × Diarreia associada a antibióticos. × Mudança dietética. × Sensibilidade alimentares, intolerâncias ou má digestão. × Condições gastrintestinais imunomediadas (doença intestinal inflamatória, alergias). × Ainda não há uma indicação exata de doses, cepas e efeitos! (ainda necessário estudos). Existe um estudo com o uso de Fortiflora (Purina Veterinary Diets), com resultados satisfatórios em gatos na diminuição da inflamação intestinal e efeitos imunomodulatórios na doença intestinal inflamatória (melhora de consistência, redução de dose de prednisolona). PROBIÓTICOS NA LITERATURA Em gatos, há um estudo com uso de Lactobacillus acidophilus (Marshall-Jones et al., 2006). Mostrando que houve um aumento na capacidade fagocitária dos granulócitos 3 Lilian Ferrari @lilianferrarivet periféricos e diminuição da endotoxina plasmática (em suma, houve uma melhora do sistema imune, e diminuição da quantidade de toxinas produzidas). Em outro estudo com Lactobacillus acidophilus (Fusi et al., 2019), mostrou que em alguns gatos que possuíam algum grau de diarreia e foi feito o uso de probiótico, notando uma melhor característica das fezes ou até cessou a diarreia. Em gatos (filhotes), foi feito o uso de Enteroccocum faecium (Veir et al., 2007), notou-se o aumento de linfócitos CD4. E em outra pesquisa com a mesma bactéria (Lappin et al., 2009) percebeu que houve diminuição dos casos de herpes vírus. E usando em um abrigo (Bybbe et al., 2011), houve a diminuição da frequência de doenças respiratórias. Também foram usados em gatos, os simbióticos, (Hart et al., 2012) em animais com diarreia felina crônica, onde 70% dos tutores após fazer o uso relataram a melhora na diarreia. E em gatos com Tritrichomonas foetus (Lalor e Gunn-Moore, 2012), foi feito o uso de ronidazol associado a um simbiótico, e obtiveram um resultado de diminuição do risco de recidiva. PROBIÓTICOS E IMUNIDADE Em cães foi utilizado o Enterococcus faecium SF68, e notou-se um aumento da concentração fecal de IgA, além de melhorar a resposta à vacina contrao vírus da cinomose e aumento da proporção de células B maduras (Benyacoub et al., 2003). Em outro estudo, com cães possuindo doença intestinal inflamatória, onde houve diminuição da infiltração de células T CD3 e aumento dos marcadores de células T reguladoras (Rossi et al., 2014). PREBIÓTICOS Auxiliam o crescimento bacteriano positivo, dessa forma auxiliam na competição contra bactérias nocivas. FOS × Comida para as bactérias comensais. × Estimulam o crescimento de lactobacillus e bifidumbacterias. × Inibem a proliferação das patogênicas (E. coli e Clostridium,...). MOS × Aumentam a população de neutrófilos responsáveis pelas defesas não específicas. × Elas se ligam as bactérias e fazem com que elas sejam levadas com as fezes. Exemplo: Lactobac cat - simbiótico Fos: × Bacillus subtilis (1x10^7 UFC/g). × Bifidobacterium bifidum (3,4x 10^7 UFC/g). × DL – Metionina (951 mg/kg, contra- indicada em doenças hepáticas). × Enterococcus faecium (3,4x 10^7 UFC/g). Mos: × Lactobacillus acidophilus (7x10^8 UFC/g) × Lactobacillus casei (3,4x10^7 UFC/g) × Lactobacillus lactis (2x10^7 UFC/g) × Saccharomyces cerevisiae (1x10^10 UFC/g) × Demais: vitaminais e minerais. Outros exemplos: Organew, probiótico da vetnil, Biocanis. FIBRAS São compostos de origem vegetal que quando ingeridos não sofrem hidrólise, digestão e nem absorção no intestino delgado. Algumas são solúveis, e podem ser usadas para diarréia, e as fibras insolúveis podem ser utilizadas para constipação. FIBRAS SOLÚVEIS – DIARRÉIA × Puxam água e formam um gel. × Possuem também uma ação prebiótica (fermentáveis), dando energia para a mucosa intestinal. × Modulam a motilidade. 4 Lilian Ferrari @lilianferrarivet Exemplos: pectina, inulina, goma guar, beta- glucana de aveia, hemocelulose tipo A. FIBRAS INSOLÚVEIS – COLITES E CONSTIPAÇÃO × Normalizam a motilidade. × Fazem uma camada de proteção das células intestinais. × Ajudam na produção de butirato (substrato energético aos colonócitos). Exemplos: Fibra mista S:IN 1:4 = Psyllium – 2 colheres de chá por refeição. Farelo de aveia – 1 colher de sobremesa por refeição. Benefiber – 2 colheres de chá por dia (sem sabor). TRANSPLANTE FECAL × Provavelmente uma ferramenta subutilizada, amplamente disponível e barata para melhorar a saúde e resposta a doenças em animais. × Esta em estágios iniciais de exploração em medicina veterinária. SAÚDE INTESTINAL – Esta relacionada a: × Diminuição de doenças auto imunes. × Melhor aproveitamento da dieta. × Redução de bactérias patogênicas. × Aumento da imunidade. × Menor sobrecarga hepática (diminuição de toxinas). × Maior expectativa de vida. Resumo feito a partir do vídeo do canal Veteduka: https://www.youtube.com/watch?v=FW78- jiUlnc https://www.youtube.com/watch?v=FW78-jiUlnc https://www.youtube.com/watch?v=FW78-jiUlnc
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