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apostila da historia da enfermagem

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Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação
HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E 
AS PRÁTICAS ATUAIS 
Luciana Rigotto Parada Redigolo é enfermeira formada pelo Centro 
Universitário Barão de Mauá e possui Especialização em Administração 
Hospitalar pelo Centro Universitário São Camilo e Especialização em 
Saúde Pública pela Faculdade AVM de Brasília. Além disso, é mestranda 
em Saúde e Educação pela Universidade de Ribeirão Preto, onde 
desenvolve o projeto de pesquisa "O perfil das crianças menores de 1 
ano impossibilitadas de receber leite materno". Atualmente, trabalha 
como enfermeira em um ambulatório de Nutrologia da rede pública 
municipal de Ribeirão Preto-SP.
Claretiano – Centro Universitário
Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000
cead@claretiano.edu.br
Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006
www.claretianobt.com.br
Luciana Rigotto Parada Redigolo
Batatais
Claretiano
2015
HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E 
AS PRÁTICAS ATUAIS 
© Ação Educacional Claretiana, 2014 – Batatais (SP)
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma 
e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o 
arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação 
Educacional Claretiana.
CORPO TÉCNICO EDITORIAL DO MATERIAL DIDÁTICO MEDIACIONAL
Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves
Preparação: Aline de Fátima Guedes • Camila Maria Nardi Matos • Carolina de Andrade Baviera • Cátia 
Aparecida Ribeiro • Dandara Louise Vieira Matavelli • Elaine Aparecida de Lima Moraes • Josiane Marchiori 
Martins • Lidiane Maria Magalini • Luciana A. Mani Adami • Luciana dos Santos Sançana de Melo • Patrícia 
Alves Veronez Montera • Raquel Baptista Meneses Frata • Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli • Simone 
Rodrigues de Oliveira
Revisão: Cecília Beatriz Alves Teixeira • Eduardo Henrique Marinheiro • Felipe Aleixo • Filipi Andrade de Deus 
Silveira • Juliana Biggi • Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz • Rafael Antonio Morotti • Rodrigo Ferreira Daverni 
• Sônia Galindo Melo • Talita Cristina Bartolomeu • Vanessa Vergani Machado
Projeto gráfico, diagramação e capa: Bruno do Carmo Bulgarelli • Eduardo de Oliveira Azevedo • Joice 
Cristina Micai • Lúcia Maria de Sousa Ferrão • Luis Antônio Guimarães Toloi • Raphael Fantacini de Oliveira • 
Tamires Botta Murakami
Videoaula: Fernanda Ferreira Alves • José Lucas Viccari de Oliveira • Marilene Baviera • Renan de Omote 
Cardoso
Bibliotecária: Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
 
610.7309 R25h 
 
 Redigolo, Luciana Rigotto Parada 
 História da enfermagem e as práticas atuais / Luciana Rigotto Parada Redigolo – Batatais, 
SP : Claretiano, 2015. 
 110 p. 
 
 ISBN: 978-85-8377-447-1 
 
 1. Enfermagem. 2. Evolução da Enfermagem. 3. Assistência de Enfermagem. 
 4. Processo Saúde-Doença. 5. Equipe multiprofissional. I. História da enfermagem 
 e as práticas atuais. 
 
 
 
 
 CDD 610.7309 
 
 
 
 
 
 
 CDD 658.151 
INFORMAÇÕES GERAIS
Cursos: Graduação
Título: História da Enfermagem e as Práticas Atuais 
Versão: dez./2015
Formato: 15x21 cm
Páginas: 110 páginas
SUMÁRIO
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS ............................................................................ 15
3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE ............................................................... 23
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 24
5. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 25
UNIDADE 1 – DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DAS PRÁTICAS DE 
SAÚDE
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 29
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 29
2.1. AS PRÁTICAS DE SAÚDE INSTINTIVAS .................................................... 29
2.2. AS PRÁTICAS DE SAÚDE MÁGICO-SACERDOTAIS .................................. 30
2.3. AS PRÁTICAS DE SAÚDE NO ALVORECER DA CIÊNCIA .......................... 31
2.4. AS PRÁTICAS DE SAÚDE MONÁSTICO-MEDIEVAIS ............................... 32
2.5. AS PRÁTICAS DE SAÚDE PÓS-MONÁSTICAS .......................................... 33
2.6. AS PRÁTICAS DE SAÚDE NO MUNDO MODERNO ................................. 35
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 36
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 37
5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 39
6. E-REFERÊNCIA .................................................................................................. 39
7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ......................................................................... 39
UNIDADE 2 – ORIGEM DA ENFERMAGEM
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 43
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 43
2.1. SÉCULO 17 – LUÍSA DE MARILLAC .......................................................... 44
2.2. SÉCULO 18 – ANNA NERY ........................................................................ 45
2.3. SÉCULO 19 – FLORENCE NIGHTINGALE ................................................. 46
2.4. A ENFERMAGEM E O MODELO BIOMÉDICO ......................................... 49
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 54
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 55
5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 56
6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 57
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 58
UNIDADE 3 – A ENFERMAGEM BRASILEIRA
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 61
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 61
2.1. PERÍODO DE 1960 A 1980 – A EXPANSÃO TECNOLÓGICA E A 
REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO ....................................................... 64
2.2. PERÍODO DE 1980 A 2010 – FIM DA DITADURA E A EVOLUÇÃO DA 
SAÚDE NO BRASIL .................................................................................... 66
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 71
3.1. EVOLUÇÃO DA ENFERMAGEM BRASILEIRA .......................................... 71
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 72
5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 74
6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 75
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................76
UNIDADE 4 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PRÁTICA DE ENFERMAGEM 
NO BRASIL
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 81
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 82
2.1. A EQUIPE DE SAÚDE – O DESAFIO DA ENFERMAGEM RUMO À 
MUDANÇA DO MODELO ASSISTENCIAL................................................. 82
2.2. DIRETRIZES CURRICULARES DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM 
ENFERMAGEM E OS AVANÇOS CIENTÍFICOS E TECNOLÓGICOS .......... 86
2.3. OS SETE SABERES NECESSÁRIOS À EDUCAÇÃO DO FUTURO 
SEGUNDO EDGAR MORIN ....................................................................... 95
2.4. O ENFERMEIRO E A PRÁTICA CLÍNICA ................................................... 99
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 105
3.1. EXERCÍCIO DA PROFISSÃO ...................................................................... 105
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 105
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 107
6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 108
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 108
7
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
Conteúdo
Desenvolvimento histórico das práticas de saúde. Origem 
da Enfermagem. A Enfermagem Brasileira. Evolução histórica da 
prática de Enfermagem no Brasil.
Bibliografia Básica
ALMEIDA, M. C. P.; ROCHA, J. S. Y. O saber de Enfermagem e sua dimensão prática. São 
Paulo: Cortez, 1986.
OGUISSO, T. (Org.). Trajetória histórica e legal da Enfermagem. São Paulo: Manole, 
2007.
RIZZOTTO, M. L. F. História da Enfermagem e sua relação com a saúde pública. Rio de 
Janeiro: AB Editora, 1999.
Bibliografia Complementar
ATKINSON, L. D.; MURRAY, M. E. Fundamentos de Enfermagem: introdução ao processo 
de Enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1989.
CIANCIARULHO, T. I. Instrumentos básicos para o cuidar: um desafio para a qualidade 
da assistência. São Paulo: Atheneu, 2005.
DINIZ, D. Conflitos morais e bioética. Brasília: Letras Livres, 2001.
GEORGE, J. B. Teorias de Enfermagem: os fundamentos à prática profissional. 4. ed. 
Porto Alegre: Artmed, 2000.
HIRATA, N. Profissões e empregabilidade no Brasil. Campinas: Papirus, 1992.
8 © HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
É importante saber
Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes:
Conteúdo Básico de Referência (CBR): é o referencial teórico e prático que deverá 
ser assimilado para aquisição das competências, habilidades e atitudes necessárias 
à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os principais conceitos, 
os princípios, os postulados, as teses, as regras, os procedimentos e o fundamento 
ontológico (o que é?) e etiológico (qual sua origem?) referentes a um campo de 
saber.
Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente sele-
cionados nas Bibliotecas Virtuais Universitárias conveniadas ou disponibilizados em 
sites acadêmicos confiáveis. São chamados "Conteúdos Digitais Integradores" por-
que são imprescindíveis para o aprofundamento do Conteúdo Básico de Referên-
cia. Juntos, não apenas privilegiam a convergência de mídias (vídeos complementa-
res) e a leitura de "navegação" (hipertexto), como também garantem a abrangência, 
a densidade e a profundidade dos temas estudados. Portanto, são conteúdos de 
estudo obrigatórios, para efeito de avaliação.
9© HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
1. INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo ao nosso estudo de História da Enferma-
gem e as Práticas Atuais , o qual consiste na apresentação de fa-
tos históricos sobre a área de Enfermagem, para que você possa 
conhecer um pouco da essência dessa profissão.
A palavra enfermeiro origina-se de duas palavras do latim: 
nutrix, que significa "mãe", e do verbo nutrire, que tem como 
significado "criar" e "nutrir". No século 19, esses termos foram 
adaptados ao inglês e se transformaram na palavra nurse, que 
significa "enfermeira".
A Enfermagem é uma das profissões da área de saúde cuja 
especificidade é o cuidado ao ser humano, seja este inserido em 
seu núcleo familiar, seja na comunidade.
Atualmente, a Enfermagem faz parte de uma equipe que 
busca, como exercício dos seus profissionais, produzir e aplicar 
conhecimentos empíricos e pressupostos teórico-metodológicos 
em saúde, para melhor direcionar e fundamentar a sua atuação, 
sendo necessário, para a aplicação desses pressupostos, o en-
tendimento da história da Enfermagem, bem como sua firmação 
como profissão.
Sem dúvida, o exercício profissional sempre esteve funda-
mentado em pressupostos teórico-metodológicos, pois são eles 
que orientam a ação profissional, sendo esta embasada em pro-
cedimentos, instrumentos e objetivos a quem é direcionada.
A Enfermagem é uma profissão que surgiu ao longo dos 
séculos, estabelecendo estreitas relações com a história da civili-
zação. Houve épocas em que esse trabalho era uma atividade re-
gida pelo espírito de serviço e humanístico, associado às ciências 
e às superstições, sem nenhuma conotação científica.
10 © HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
A história da Enfermagem pode ser dividida nos seguintes 
períodos:
• Período antes de Cristo (a.C.).
• Período da unidade cristã.
• Período de decadência da Enfermagem.
• Período do Sistema Nightingale – sistema moderno de 
Enfermagem.
Período antes de Cristo
Os povos primitivos consideravam a doença como castigo 
enviado pelos deuses ou causada por um poder diabólico exer-
cido sobre os homens. Em virtude disso, eles recorriam a seus 
sacerdotes ou feiticeiros, os quais desempenhavam o papel de 
médicos, farmacêuticos e enfermeiros. O tratamento consistia 
em acalmar as divindades e afastar os maus espíritos, por meio 
de sacrifícios.
Documentos dessa época, como papiros e livros de orien-
tações, apontam que os tratamentos eram embasados nas mas-
sagens, banhos de água fria ou quente, purgativos e substâncias 
provocadoras de náuseas. Os registros mais antigos foram encon-
trados no Egito (4688-1552 a.C.). Alguns documentos relatam que 
os doentes deveriam pronunciar frases religiosas quando ingeriam 
as prescrições e as fórmulas; paralelamente, aquele que prepara-
va a droga deveria proferir uma oração a Ísis e a Hórus (princípio 
de todo o bem).
Com o passar do tempo, os sacerdotes adquiriram conheci-
mentos sobre plantas medicinais e passaram a ensinar pessoas, 
delegando-lhes funções de enfermeiros e farmacêuticos. Pratica-
vam-se o hipnotismo e a interpretação de sonhos e acreditava-
11© HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
-se na influência de algumas pessoas sobre a saúde de outras. 
Havia também ambulatórios gratuitos, onde se recomendavam a 
hospitalidade e o auxílio aos desamparados. Os documentos do 
século 6º a.C. fornecem-nos dados a respeito da Enfermagem, 
da Medicina e até mesmo da existência de hospitais.
Enfim, os egípcios transmitiram o conhecimento sobre a 
medicina praticada naquela época por meio desses documentos.
Já na Índia, documentos do século 6º a.C. mostram que 
os hindus conheciam estruturas do corpo humano, como, por 
exemplo, ligamentos, músculos, nervos, plexos e vasos linfáti-
cos. Conheciam, também, antídotos para alguns tipos de enve-
nenamento e o processo digestivo. Realizavam alguns procedi-
mentos, tais como: correção de fraturas, suturas, amputações e 
trepanações.
Os hindus tornaram-se conhecidos pela construção de hos-
pitais, contribuindo para o desenvolvimento da Enfermagem e 
da Medicina. Nos hospitais, havia músicos e narradores de histó-
rias para distrair os pacientes. O bramanismo fez decair a Medi-
cina e a Enfermagem, em razãodo exagerado respeito ao corpo 
humano: proibia a dissecação de cadáveres e o derramamento 
de sangue.
Os hindus exigiam que as enfermeiras tivessem asseio, 
habilidade, inteligência e conhecimentos tanto de arte culinária 
quanto de preparo de remédios.
Nessa época, as primeiras teorias gregas prendiam-se à mi-
tologia. Apolo, o deus sol, era o deus da saúde e da Medicina. 
Os sacerdotes-médicos exerciam a Medicina e interpretavam os 
sonhos das pessoas. Os tratamentos baseavam-se em banhos, 
massagens, sangrias, dietas, sol, ar puro e água pura mineral. 
12 © HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
Valorizavam-se a beleza física, cultural e a hospitalidade, con-
tribuindo para o progresso da Medicina e da Enfermagem. O 
excesso de respeito pelo corpo atrasou os estudos anatômicos. 
O nascimento e a morte eram considerados impuros, causando 
desprezo pela obstetrícia e abandono de doentes graves. Graças 
a Hipócrates, denominado "Pai da Medicina", deu-se início às ba-
ses científicas e abandonou-se a crença de que as doenças eram 
causadas por maus espíritos.
Nesse contexto, o doente passou a ser observado para re-
alizar o diagnóstico, o prognóstico e a terapêutica. Foram reco-
nhecidas algumas doenças, como tuberculose, malária, histeria, 
neurose, além de luxações e fraturas. O princípio fundamental 
na terapêutica consistia em "não contrariar a natureza, porém 
auxiliá-la a reagir".
Período da unidade cristã
O cristianismo transformou a organização política e social, 
fazendo com que, nessa época, surgisse um grande espírito de 
humanidade, exercendo, assim, ação positiva por meio da refor-
ma dos indivíduos e da família. Os cristãos praticavam a virtude 
que movia os pagãos: a caridade. Isso impressionava os povos 
pagãos ("Vede como eles se amam").
Desde o início do cristianismo, muitos cristãos se reuniam 
em pequenas comunidades formadas em casas particulares e 
hospitais, chamadas "dicanas", as quais se dedicavam à assistên-
cia aos pobres, velhos, enfermos e necessitados. Pedro, o após-
tolo, ordenou aos diáconos que socorressem os necessitados, e 
as diaconisas prestavam igual assistência às mulheres. Os cris-
tãos, até então perseguidos, receberam, no ano 335, pelo Edito 
13© HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
de Milão, do imperador Constantino, a liberação para que a Igre-
ja exercesse suas obras assistenciais e atividades religiosas.
Nesse período, surgiram organizações sob as formas reli-
giosas e militares que tinham como finalidade libertar o túmu-
lo de Cristo do domínio muçulmano (as Cruzadas) e proteger os 
peregrinos que se dirigiam a Jerusalém: "Cavaleiros de Lázaro", 
"Cavaleiros de São João de Jerusalém" e "Cavaleiros de Teutôni-
cos". Essas organizações religiosas e militares prestavam cuida-
dos de Enfermagem aos doentes e aos feridos.
Período de decadência da Enfermagem
Após os primeiros séculos do cristianismo, houve decadên-
cia no Espírito cristão e isso repercutiu diretamente na Enferma-
gem, tanto na quantidade como na qualidade das pessoas que se 
dedicavam aos serviços. Esses serviços passaram a ser prestados 
por pessoas de baixo nível social e de baixa qualificação pessoal.
No século 7º, São Vicente de Paula fundou o Instituto das 
Irmãs de Caridade, o qual se dedicava aos enfermos.
No século 19, Florence Nightingale reformou a Enferma-
gem e iniciou outra fase, a chamada "fase profissional".
Período do Sistema Nightingale – sistema moderno de 
Enfermagem
Nascida em 1820, desde muito cedo, Florence Nightingale 
interessou-se em tratar enfermos, mas encontrou muita oposi-
ção de sua família, que tinha um elevado poder econômico, pois, 
nessa época, a Enfermagem era exercida por pessoas de baixo ní-
vel de educação. Dotada de marcante personalidade e decidida 
vocação, Florence não recuou diante desses obstáculos.
14 © HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
Aos 31 anos, após estágio em um hospital mantido por 
uma comunidade protestante, fundou, em Londres, a primeira 
escola de Enfermagem, que funcionou junto ao Hospital Saint 
Thomas. A partir da era nightingaleana, foram definidos padrões 
para a profissão de Enfermagem, e a ANA (American Nurses As-
sociation) definiu que os objetivos principais do trabalho seriam: 
cuidar dos pacientes e dos problemas de saúde, educar para a 
saúde e ter habilidades em prever doenças.
Com os avanços tecnológicos e científicos, os profissionais 
da Enfermagem têm incorporado novas funções à prestação do 
cuidado ao enfermo.
No século 21, o enfermeiro deixou de ser visto como sim-
ples prestador de cuidados e começou a ser tido como um pro-
fissional que integra uma equipe multidisciplinar. Em razão disso, 
foi necessário incorporar novos conhecimentos a sua formação. 
O conhecimento da Enfermagem provém de uma visão ampla e 
abrangente sobre saúde, transcende às práticas médico-hospi-
talares; portanto, é necessário que, além de todas essas habili-
dades, o profissional de Enfermagem seja um intelectual cons-
ciente da necessidade de ter incorporado em suas ações valores 
éticos, fundamentados no respeito aos outros.
No ano de 2012, o Governo Federal anunciou políticas pú-
blicas relacionadas à ampliação na formação da categoria mé-
dica, pois acredita-se que um dos "gargalos" do SUS seja a fal-
ta médica. Se compararmos com os países mais desenvolvidos, 
existe, sim, a necessidade desses profissionais, porém, não po-
demos esquecer a necessidade de investimento para fortalecer 
a atenção básica, na qual são realizadas as ações de prevenção, 
promoção, reabilitação e recuperação da saúde. Concomitante-
15© HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
mente a esses fatores, devemos lembrar que há carência de pro-
fissionais de Enfermagem no mercado de trabalho.
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS
O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida e 
precisa das definições conceituais, possibilitando um bom domí-
nio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conheci-
mento dos temas tratados.
1) ABEn: "a Associação Brasileira de Enfermagem, criada 
em 1926 sob a denominação de Associação Brasileira 
de Enfermeiras Diplomadas", é uma associação de ca-
ráter cultural, científico e político, "com personalidade 
jurídica de direito privado e com número ilimitado de 
associados". Como "entidade de âmbito nacional", é 
reconhecida como "de utilidade pública", sendo "re-
gida por estatuto e regimento próprios". Pautada em 
princípios éticos, tem "como eixo a defesa e a consoli-
dação" do trabalho "da Enfermagem como prática so-
cial", essencial à assistência de saúde e "à organização 
e funcionamento dos serviços de saúde". Tem como 
compromisso "propor e defender políticas e progra-
mas que visem à melhoria da qualidade de vida da po-
pulação e ao acesso universal e equânime aos serviços 
de saúde". Desde sua criação, a ABEn trabalha para o 
desenvolvimento da Enfermagem brasileira. Em 1986, 
passou a ampliar "a defesa da profissão como práti-
ca social, inserindo-se nos movimentos sociais com-
prometidos com a vida, a democracia e a cidadania" 
(ABEN, 2014).
16 © HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
2) Acolhimento: diretriz da Política Nacional de Huma-
nização. "Recepção do usuário, desde sua chegada, 
responsabilizando-se integralmente por ele, ouvindo 
sua queixa, permitindo que ele expresse suas preo-
cupações, angústias, e, ao mesmo tempo, colocando 
os limites necessários, garantindo atenção resolutiva 
e a articulação com os outros serviços de saúde para 
a continuidade da assistência, quando necessário [...]" 
(BRASIL, 2006b, p. 35).
3) Atenção básica: constitui o primeiro nível de atenção 
à saúde, de acordo com o modelo adotado pelo SUS. 
Engloba um conjunto de ações de caráter individual 
ou coletivo, que envolve a promoção da saúde, a pre-
venção de doenças, o diagnóstico, o tratamento e a 
reabilitação dos pacientes. Nesse nível de atençãoà 
saúde, o atendimento aos usuários deve seguir uma 
cadeia progressiva, garantindo o acesso aos cuidados 
e às tecnologias necessárias e adequadas à prevenção 
e ao enfrentamento das doenças para prolongamento 
da vida (BRASIL, 2009).
4) Bramanismo: "é a antiga filosofia religiosa indiana que 
se estendeu de meados do segundo milênio a.C. até o 
início da era cristã". Atualmente, é chamada de "hin-
duísmo" e "suas características principais são: crença 
na reencarnação, sistema de castas (referente aos qua-
tro filhos de Brahma), naturalismo e individualismo" 
(DICIONÁRIO PORTUGUÊS, 2015). 
5) Ceticismo: é o estado de quem duvida de tudo, des-
crente. Um indivíduo cético caracteriza-se por ter pre-
disposição constante para a dúvida e a incredulidade. 
O cético questiona tudo o que lhe é apresentado como 
17© HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
verdade e não admite a existência de dogmas e fenô-
menos religiosos. Na área da saúde, não se pode utili-
zar uma técnica sem comprovação científica dos seus 
riscos e benefícios. São necessárias evidências cienti-
ficamente adequadas como suporte à teoria. No Bra-
sil, é vedada aos médicos a utilização de práticas tera-
pêuticas não reconhecidas pela comunidade científica 
(CFM, 1998).
6) Dimensão interdisciplinar: o objetivo fundamental da 
interdisciplinaridade, caminho para se chegar à trans-
disciplinaridade, é experimentar a vivência da realida-
de geral no cotidiano do aluno, do professor e do povo, 
diferentemente da escola conservadora, que trabalha 
com a lógica da disjunção, sendo incapaz de perceber 
as relações entre os conhecimentos, pois trabalha com 
aspectos separados e fragmentados. Articular saber, 
conhecimento, vivência, escola, comunidade, meio 
ambiente etc. é o objetivo da interdisciplinaridade. 
"Colaborar entre si resulta, na prática, em um trabalho 
coletivo e solidário" (Paulo Freire). Conforme Piaget 
(1972), a multidisciplinaridade foi considerada impor-
tante para acabar com o ensino extremamente espe-
cializado, concentrado em uma única disciplina.
7) Disciplina: constitui corpo específico de conhecimento 
ensinável, com seus próprios antecedentes de educa-
ção, treinamento, procedimentos, métodos e áreas de 
conteúdo (JANTSCH, 1972).
8) Educação permanente: "aprendizagem no trabalho, 
onde o aprender e ensinar se incorporam ao quotidia-
no das organizações e ao trabalho" (BRASIL, 2006b, p. 
40).
18 © HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
9) Empírico: relativo aos profissionais cuja habilidade de-
riva da experiência prática, e não da instrução da teo-
ria. Para o empirismo, nada do que pensamos deve ser 
atribuído à razão, e sim aos nossos sentidos (MICHAE-
LIS, 2001).
10) Enfermagem: "é ciência e a arte de assistir o ser hu-
mano no atendimento de suas necessidades básicas, 
de torná-lo independente desta assistência através da 
educação; de recuperar, manter e promover sua saú-
de, contando para isso com a colaboração de outros 
grupos profissionais" (HORTA, 1979, p. 29).
11) Equidade: "no vocabulário do SUS, diz respeito aos 
meios necessários para se alcançar a igualdade, estan-
do relacionada com a idéia de justiça social. Condições 
para que todas as pessoas tenham acesso aos direitos 
que lhes são garantidos. Para que se possa exercer a 
eqüidade, é preciso que existam ambientes favoráveis, 
acesso à informação, acesso a experiências e habilida-
des na vida, assim como oportunidades que permitam 
fazer escolhas por uma vida mais sadia. O contrário de 
eqüidade é iniqüidade, e as iniqüidades no campo da 
saúde têm raízes nas desigualdades existentes na so-
ciedade" (BRASIL, 2006b, p. 41).
12) Humanização/Política Nacional de Humanização 
(PNH): "no campo da saúde, humanização diz respeito 
a uma aposta ético-estético-política: ética porque im-
plica a atitude de usuários, gestores e trabalhadores 
de saúde comprometidos e cor-responsáveis; estéti-
ca porque acarreta um processo criativo e sensível de 
produção da saúde e de subjetividades autônomas e 
protagonistas; política porque se refere à organização 
19© HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
social e institucional das práticas de atenção e gestão 
na rede do SUS. O compromisso ético-estético-político 
da humanização do SUS se assenta nos valores de au-
tonomia e protagonismo dos sujeitos, de cor-respon-
sabilidade entre eles, de solidariedade dos vínculos 
estabelecidos, dos direitos dos usuários e da partici-
pação coletiva no processo de gestão" (BRASIL, 2006b, 
p. 43-44).
13) Integralidade: "um dos princípios constitucionais do 
SUS garante ao cidadão o direito de acesso a todas 
as esferas de atenção em saúde, contemplando, des-
de ações assistenciais em todos os níveis de comple-
xidade (continuidade da assistência), até atividades 
inseridas nos âmbitos da prevenção de doenças e de 
promoção da saúde. Prevê-se, portanto, a cobertura 
de serviços em diferentes eixos, o que requer a consti-
tuição de uma rede de serviços (integração de ações), 
capaz de viabilizar uma atenção integral. Por outro 
lado, cabe ressaltar que por integralidade também se 
deve compreender a proposta de abordagem integral 
do ser humano, superando a fragmentação do olhar 
e intervenções sobre os sujeitos, que devem ser vis-
tos em suas inseparáveis dimensões biopsicossociais" 
(BRASIL, 2006b, p. 44).
14) Interdisciplinaridade: O termo "interdisciplinaridade" 
deve ser reservado para designar "o nível em que a in-
teração entre várias disciplinas ou setores heterogêne-
os de uma mesma ciência conduz a interações reais, a 
certa reciprocidade no intercâmbio levando a um enri-
quecimento mútuo" (SCIELO, 2015).
20 © HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
15) Misticismo: crença religiosa ou filosófica que admite co-
municação oculta entre o homem e a divindade. Tendên-
cia para acreditar no sobrenatural (MICHAELIS, 2001).
16) Modelo assistencial: consiste na organização das 
ações para a intervenção no processo saúde-doença, 
articulando os recursos físicos, tecnológicos e huma-
nos para enfrentar e resolver os problemas de saúde 
de uma coletividade (PAIM, 1999).
17) Modelo biomédico: é o modelo de atuação em saúde 
que segue a visão médica tradicional formada durante 
o período de evolução da Medicina. Caracteriza-se por 
considerar apenas os fatores biológicos como causas 
das doenças. O centro da atenção no modelo biomédi-
co é o indivíduo doente (CUTOLO, 2006).
18) Multidisciplinaridade: ocorre quando, para a solução 
de um problema, se torna necessário obter informa-
ção de duas ou mais ciências ou setores do conheci-
mento, sem que as disciplinas envolvidas no proces-
so sejam, elas mesmas, modificadas ou enriquecidas 
(PIAGET, 1972). É um conjunto de disciplinas a serem 
trabalhadas simultaneamente, sem fazer aparecer as 
relações que possam existir entre elas, destinando-se 
a um sistema de um só nível e de objetivos únicos, sem 
nenhuma cooperação. A multidisciplinaridade corres-
ponde à estrutura tradicional de currículo nas escolas, 
o qual está fragmentado em várias disciplinas.
19) NANDA (North American Nursing Diagnosis Associa-
tion): trata-se de um sistema criado e adotado por enfer-
meiras norte-americanas, que visa desenvolver uma clas-
sificação que padronize diagnósticos para serem usados 
por profissionais de Enfermagem (POTTER; PERRY, 2009).
21© HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
20) NIC (Classificação das Intervenções de Enfermagem): 
é uma taxonomia que inclui as atividades que a Enfer-
magem executa (POTTER; PERRY, 2009).
21) NOC (Classificação das Respostas das Intervenções de 
Enfermagem): para qualquer diagnóstico específico 
da NANDA Internacional, há múltiplos resultados NOC 
sugeridos. É usada para medir o sucesso das interven-
ções (POTTER; PERRY, 2009).
22) SAE (Sistematização da Assistência de Enfermagem): 
é uma "atividade privativa do enfermeiro, que utilizamétodo e estratégia de trabalho científico para a iden-
tificação das situações de saúde/doença, subsidian-
do ações de assistência de Enfermagem que possam 
contribuir para a promoção, prevenção, recuperação e 
reabilitação da saúde do indivíduo, da família e da co-
munidade". Foi institucionalizada, por meio da Reso-
lução Cofen 272/2002, "como prática de um processo 
de trabalho adequado às necessidades da comunida-
de e como modelo assistencial a ser aplicado em to-
das as áreas de assistência à saúde pelo enfermeiro, 
considerando que a implementação da SAE constitui, 
efetivamente, melhora na qualidade da Assistência de 
Enfermagem" (COFEN, 2014).
23) SUS (Sistema Único de Saúde): "é um dos maiores sis-
temas públicos de saúde do mundo. Ele abrange desde 
o simples atendimento ambulatorial até o atendimen-
to terciário (alta complexidade), garantindo acesso in-
tegral, universal e gratuito para toda a população do 
país. Amparado por um conceito ampliado de saúde, o 
SUS foi criado, em 1988, pela Constituição Federal Bra-
sileira, para ser o sistema de saúde de todos os brasilei-
22 © HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
ros. Além de oferecer consultas, exames e internações, 
o Sistema também promove campanhas de vacinação 
e ações de prevenção e de vigilância sanitária – como 
fiscalização de alimentos e registro de medicamentos, 
atingindo, assim, a vida de cada um dos brasileiros" 
(BRASIL, 2003, n.p.). 
24) Transdisciplinaridade: o conceito envolve "não só as 
interações ou reciprocidade entre projetos especializa-
dos de pesquisa, mas a colocação dessas relações den-
tro de um sistema total, sem quaisquer limites rígidos 
entre as disciplinas" (CHAVES, 2015). 
25) Universalidade: "a Constituição brasileira institui o 
princípio da universalidade da cobertura e do atendi-
mento para determinar a dimensão do dever estatal 
no campo da saúde, de sorte a compreender o aten-
dimento a brasileiros e a estrangeiros que estejam no 
País, aos nascituros e aos nascidos, crianças, jovens 
e velhos. A universalidade constitucional compreen-
de, portanto, a cobertura, o atendimento e o acesso 
ao Sistema Único de Saúde, expressando que o Esta-
do tem o dever de prestar atendimento nos grandes e 
pequenos centros urbanos, e também às populações 
isoladas geopoliticamente, os ribeirinhos, os indíge-
nas, os ciganos e outras minorias, os prisioneiros e os 
excluídos sociais. Os programas, as ações e os serviços 
de saúde devem ser concebidos para propiciar cober-
tura e atendimento universais, de modo eqüitativo e 
integral" (BRASIL, 2006b, p. 50).
23© HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE
O esquema a seguir possibilita uma visão geral dos concei-
tos mais importantes deste estudo.
PROFISSÃO
ENFERMAGEM ASSISTÊNCIA DISCIPLINA
• Formação Interdisciplinar 
• Equipe Multidisciplinar
• Produção de conhecimento
• Pesquisa
• Instrumentos Básicos de 
Enfermagem 
• Autonomia
• Pensamento crítico
• Atuação em vários 
segmentos 
• Promoção , proteção, 
prevenção e reabilitação 
da doença 
• Processo de 
Enfermagem ( NANDA, 
NIC, NOC)
• Processo de cuidar
• Indivíduo, família e 
comunidade
Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave de História da Enfermagem e as Práticas Atuais .
A enfermagem enquanto disciplina, 
profissão e trabalho profissão e trabalho –––––––––––––––
Vale mencionar que você poderá transitar entre os conceitos e descobrir o 
caminho para construir o seu próprio conhecimento. Por exemplo, a Enferma-
gem, como profissão da saúde, é uma disciplina do campo da ciência que 
estuda o cuidado humano, devendo estar ligada à vida dos usuários tanto 
individualmente como na comunidade. Além disso, deve prestar assistência 
tanto na promoção e prevenção quanto na reabilitação da doença.
A Enfermagem, como disciplina da área da ciência, tem a responsabilidade 
de contribuir, permanentemente, com a produção de conhecimentos, enfren-
tando desafios do cotidiano, sendo capaz de promover ações de cuidado tecni-
camente competentes, eticamente aceitáveis, que proporcionem qualidade 
e preservação da vida nas diversas situações do processo de viver.
24 © HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
Você poderá observar que a Enfermagem, como profissão, atua em várias 
frentes de trabalho, prestando assistência hospitalar, escolar, em empresas, 
no ensino, na pesquisa e na comunidade. Com a evolução tecnológica e com a 
internet disponível para consulta em tempo real, cada vez mais os profissionais 
precisam se preparar no campo do desenvolvimento técnico-científico.
De acordo com Pires (2009, p. 741 ):
[...] Ainda em relação aos atributos de uma profissão, domina um campo de conhe-
cimentos que lhe dá competência para cuidar das pessoas, em todo o seu proces-
so de viver. Esse processo de cuidar tem três dimensões básicas:
1) Cuidar de indivíduos e grupos, da concepção à morte.
2) Educar e pesquisar que envolve o educar intrínseco ao processo de cui-
dar; a educação permanente no trabalho; a formação de novos profissio-
nais e a produção de conhecimentos que subsidiem o processo de cuidar.
3) A dimensão administrativo-gerencial de coordenação do trabalho coletivo 
da enfermagem, de administração do espaço assistencial, de participação 
no gerenciamento da assistência de saúde e no gerenciamento institucional.
A Enfermagem, desde sua formação, vem buscando a experiência de trabalho 
em equipe multiprofissional que capacite os profissionais para mudança no mo-
delo assistencial, pois compete ao profissional desenvolver o processo de traba-
lho coletivo, cujo resultado objetiva um produto completo a partir da contribuição 
específica das diversas áreas profissionais (NASCIMENTO; QUEVEDO, 2008).
Na maioria das vezes, essa assistência, entretanto, não acontece como deve-
ria, pois os profissionais de uma equipe multidisciplinar enfrentam muitas difi-
culdades, sendo necessário que todos eles envolvam-se em algum momento 
da assistência, agindo de acordo com seu nível de competência específica e 
conseguindo responder à complexidade dos problemas e das necessidades da 
saúde dos indivíduos e da coletividade.
O trabalho em equipe exige conhecimento e valorização do trabalho do outro para 
a construção de consensos quanto aos objetivos a serem alcançados e à maneira 
mais adequada de atingi-los, para o desenvolvimento de ações de qualidade.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Para entender a gestão do SUS. 
Brasília: Conass, 2003.
CUTOLO, L. R. A. Modelo biomédico, reforma sanitária e a educação pediátrica. 
Arquivos Catarinenses de Medicina, v. 35, n. 4, p. 16-24, 2006.
25© HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
GUELER, R. F. Grande tratado de Enfermagem. 12. ed. São Paulo: Maltese, 1993.
HORTA, W. A. Processo de Enfermagem. São Paulo: EPU/EDUSP, 1979.
JANTSCH, E. Interdisciplinarity: problems of teaching and research in universities. 
Paris: OECD, 1972.
MICHAELIS. Dicionário Prático da Língua Portuguesa. São Paulo: Melhoramentos, 
2001.
NASCIMENTO, D. D. G.; QUEVEDO, M. P. Aprender fazendo: considerações sobre a 
Residência Multiprofissional em Saúde da Família na qualificação de profissionais da 
saúde. In: BOURGET, M. M. M. (Org.). Estratégia Saúde da Família: a experiência da 
equipe de reabilitação. São Paulo: Martinari, 2008. p. 43-59.
PAIM, J. S. A reforma sanitária e os modelos assistenciais. In: ROUQUAYROL, M. Z.; 
ALMEIDA FILHO, N. (Orgs.). Epidemiologia & Saúde. 5. ed. Rio de Janeiro: Medsi, 1999.
PIAGET, J. Epistemologie des relations interdisciplinaires. In: CERI (Eds.). 
L’indisciplinarité. Problèmes d’enseignement et de recherche dans les universités. 
Paris, 1972. p. 136-139.
PIRES, D. A Enfermagem enquanto disciplina, profissão e trabalho. Revista Brasileira de 
Enfermagem, Brasília, v. 62, n. 5, p. 739-744, 2009.
POTTER,P. A.; PERRY, A. G. Fundamentos de Enfermagem. Tradução de Maria Inês 
Nascimento et al. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.
5. E-REFERÊNCIAS
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<http://www.abennacional.org.br/site/missao-da-aben>. Acesso em: 23 set. 2014.
BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. 
O SUS de A a Z, garantindo saúde nos municípios. 3. ed. Brasília: Editora do Ministério 
da Saúde, 2009. 480 p. (Série F. Comunicação e Educação em Saúde). Disponível em: 
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/Manual_sus_screen.pdf>. Acesso em: 
23 set. 2014.
______. Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS. 3. ed. 
Brasília, 2006a. Disponível em: <http://www.saude.sc.gov.br/hijg/gth/Cartilha%20
da%20PNH.pdf>. Acesso em: 23 set. 2014.
______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da 
Política Nacional de Humanização. Humaniza SUS: documento base para gestores e 
trabalhadores do SUS. 3. ed. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006b. 52 p. 
26 © HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
(Série B. Textos Básicos de Saúde). Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/documento_base.pdf>. Acesso em: 23 set. 2014.
______. Ministério da Saúde. Portal da Saúde – SUS. Disponível em: <http://portal.
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CFM – CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. Resolução CFM nº 1.499/98. Diário Oficial 
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www.portalmedico.org.br/resolucoes/cfm/1998/1499_1998.htm>. Acesso em: 23 
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CHAVES. M. M. Complexidade e transdisciplinaridade: Uma abordagem 
multidimensional do Setor Saúde. Disponível em: <http://www.ibiblio.org/cedros/
complexi.htm>. Acesso em: 28 set. 2015.
COFEN – CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução Cofen 272/2002 – 
revogada pela Resolução Cofen nº 358/2009. Dispõe sobre a Sistematização da 
Assistência de Enfermagem – SAE – nas Instituições de Saúde Brasileiras. Disponível 
em: <http://novo.portalcofen.gov.br/resoluo-cofen-2722002-revogada-pela-
resoluao-cofen-n-3582009_4309.html>. Acesso em: 23 set. 2014.
COREN-DF – CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DO DISTRITO FEDERAL. 
Institucional. Disponível em: <http://www.coren-df.org.br/portal/index.php/
ocoren/1270-o-que-e-o-coren>. Acesso em: 23 set. 2014.
DICIONÁRIO PORTUGUÊS. Bramanismo. Disponível em: <http://dicionarioportugues.
org/pt/bramanismo>. Acesso em: 28 seyt. 2015.
PAULO FREIRE – PROJETO MEMÓRIA 2005. Um legado de esperança. Disponível em: 
<www.projetomemoria.art.br/PauloFreire/paulo_freire.../03_pf_hoje_um_legado.
html>. Acesso em: 23 set. 2014.
SCIELO. Interdisciplinalidade. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/aval/v12n4/
a07v12n4>. Acesso em: 28 set. 2015.
27
UNIDADE 1
DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DAS 
PRÁTICAS DE SAÚDE
Objetivos
• Problematizar a origem das práticas de saúde.
• Sintetizar os problemas abordados.
• Relatar a evolução das práticas médicas, dos sacerdotes e das 
pseudoenfermeiras.
Conteúdos
• As práticas de saúde instintivas.
• As práticas de saúde mágico-sacerdotais.
• As práticas de saúde no alvorecer da ciência.
• As práticas de saúde monástico-medievais.
• As práticas de saúde pós-monásticas.
• As práticas de saúde no Mundo Moderno.
Orientações para o estudo da unidade
Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:
1) Tenha sempre à mão o significado dos termos explicitados no Glossário de 
Conceitos e suas ligações pelo Esquema dos Conceitos-chave para o estu-
do de todas as unidades deste material. Isso poderá facilitar sua aprendi-
zagem e seu desempenho.
28 © HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
UNIDADE 1 – DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DAS PRÁTICAS DE SAÚDE
2) Ao ler sobre as práticas de saúde instintivas, observe que consistiam em 
ações que garantiam ao homem a manutenção da sua sobrevivência e ti-
nham como destaque o trabalho feminino na área da saúde.
3) Lembre-se de que as práticas de Enfermagem só surgiram no Mundo 
Moderno com Florence Nightingale, que cuidou dos soldados feridos na 
Guerra da Crimeia.
4) Pesquise em livros ou na internet a importância de Florence Nightingale 
para a Enfermagem e compartilhe tal informação com seus colegas. Lem-
bre-se de que você é protagonista do processo educativo.
29© HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
UNIDADE 1 – DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DAS PRÁTICAS DE SAÚDE
1. INTRODUÇÃO
O desenvolvimento das práticas de saúde está diretamente 
associado às estruturas sociais das diferentes nações e épocas. 
Tão antigo quanto a humanidade, cada período histórico é de-
terminado pela formação social específica, com caracterização 
própria que engloba sua filosofia, política, economia, leis e ide-
ologia. Nesta unidade, serão abordadas as diferentes fases e a 
evolução das práticas de saúde em cada período.
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA
O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su-
cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão 
integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteú-
do Digital Integrador.
As práticas de saúde foram divididas em períodos, sendo 
que a divisão foi estruturada em pontos críticos nos quais ocor-
reram mudanças significativas nessas práticas.
Para melhor entendimento, dividimos a história do desen-
volvimento das práticas de saúde em seis períodos, que conhe-
ceremos a seguir.
2.1. AS PRÁTICAS DE SAÚDE INSTINTIVAS
As práticas de saúde instintivas caracterizaram a prática do 
cuidar nos grupos nômades primitivos, tendo como base a con-
cepção evolucionista e teológica. Desde o surgimento da espécie 
humana, os cuidados com a prole sempre foram destinados à 
mãe. Os grupos primitivos tinham uma estrutura familiar na qual 
30 © HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
UNIDADE 1 – DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DAS PRÁTICAS DE SAÚDE
a mulher cuidava das crianças, dos velhos e dos doentes. Des-
sa maneira, o poder de cuidar era da mulher, ficando o homem 
como provedor das necessidades da casa.
"Nesse período, as práticas de saúde, propriamente ditas, 
num primeiro estágio da civilização, consistiam em ações que ga-
rantiam ao homem a manutenção da sua sobrevivência", tendo 
como destaque o trabalho feminino na área da saúde. Com a 
evolução dos tempos, constatou-se que "o conhecimento dos 
meios de cura resultava em poder; o homem, aliando esse co-
nhecimento ao misticismo, fortaleceu tal poder e apoderou-se 
dele", então, o homem passou a deter o poder de sarar e curar. 
Nas sociedades primitivas, podemos observar que a Enferma-
gem estava "em sua natureza intimamente relacionada ao cui-
dar" (ENFERMAGEM E SAÚDE – BIBLIOTECA VIRTUAL, 2014).
2.2. AS PRÁTICAS DE SAÚDE MÁGICO-SACERDOTAIS
As práticas de saúde mágico-sacerdotais referem-se ao pe-
ríodo que "corresponde à fase de empirismo, verificada antes do 
surgimento da especulação filosófica que ocorreu por volta do 
século 5º a.C." (ENFERMAGEM E SAÚDE – BIBLIOTECA VIRTUAL, 
2014).
Na Grécia clássica, a economia era bastante desenvolvida, 
e a terra pertencia ao Estado ou à aristocracia ou, ainda, à classe 
média dos camponeses. O poder era transmitido por meio da he-
reditariedade. Nessa época, era comum a poligamia, e as intrigas 
e o conflito armado frequentes.
Nesse cenário, surgiu a religião como um moderador das 
relações, dando mais importância aos deuses. Cada cidade pos-
suía um deus protetor, e cada atividade era ligada a uma figura 
31© HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
UNIDADE 1 – DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DAS PRÁTICAS DE SAÚDE
da mitologia, sendo Apolo o deus que espantava os males; Arte-
mis protegia as mulheres e as crianças; Hygieia era a deusa da 
saúde; Panaceia, deusa que curava os males; e Esculápio, deus 
da arte e da cirurgia.
Os sacerdotes exerciam o papel de mediadores entre os 
homens e os deuses, realizavamcerimônias e rituais nos templos 
para purificarem os enfermos, com água pura, exercícios e ervas. 
A cura era compreendida como um jogo entre a natureza e a ci-
ência. Se o doente se recuperasse, seria um milagre, e se fosse a 
óbito, o doente seria indigno de viver.
Posteriormente, na Itália, foram criadas escolas para o en-
sino da arte de curar, o qual era vinculado à filosofia. Os alunos 
dessas escolas mantinham estreitas relações com seus mestres 
e formavam uma elite bem remunerada que só atendia à classe 
mais abastada. O restante da população era atendido pelos sa-
cerdotes, e, assim, a assistência era prestada de acordo com a 
classe social.
2.3. AS PRÁTICAS DE SAÚDE NO ALVORECER DA CIÊNCIA
No final do século 5º a.C. e início do século 6º a.C., o pro-
gresso da ciência transformou o mundo grego e desviou as elites 
das velhas crenças. Iniciou-se a procura por uma prática de saúde 
baseada na experiência, no raciocínio lógico que determinasse 
uma relação de causa e efeito para as doenças. Nessa prática, eli-
minou-se a ideia do maravilhoso e sobrenatural, iniciaram-se as 
experimentações e as observações e a elaboração de hipóteses, 
a fim de que o conhecimento natural pudesse interagir com o 
raciocínio lógico. Nessa fase, apareceram os primeiros filósofos.
32 © HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
UNIDADE 1 – DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DAS PRÁTICAS DE SAÚDE
Esse período foi marcado pela Medicina grega como pe-
ríodo hipocrático, destacando-se Hipócrates, que propôs a con-
cepção de saúde desagregando "a arte de curar dos preceitos 
místicos e sacerdotais, através da utilização do método indutivo, 
da inspeção e da observação" (ENFERMAGEM E SAÚDE – BIBLIO-
TECA VIRTUAL, 2014).
Enquanto a Medicina se desenvolvia nessa concepção, os 
cuidados com os enfermos ainda eram realizados por feiticeiros, 
sacerdotes e mulheres que tinham conhecimento sobre ervas e 
preparo de remédios. Nesse período, não havia caracterização 
da prática de Enfermagem.
2.4. AS PRÁTICAS DE SAÚDE MONÁSTICO-MEDIEVAIS
As práticas de saúde monástico-medievais referem-se ao 
período marcado por grandes lutas responsáveis pelo início da 
devastação da Europa Ocidental e pela queda do Império Roma-
no. O então imperador Constantino, principal defensor do cristia-
nismo, cessou sua veneração a Esculápio e passou a assistência 
dos enfermos para os domínios da Igreja. No início do período 
cristão, as práticas de saúde sofreram influência dos fatores polí-
ticos, socioeconômicos e da sociedade feudal. Com as inúmeras 
lutas, começaram a surgir epidemias de sífilis e hanseníase se-
guidas de tragédias naturais (terremotos e inundações).
Os conhecimentos de saúde, desgastados pelo ceticismo 
e desvinculados do interesse científico, voltaram a predomi-
nar com o misticismo e o culto a Cristo, médico da alma e do 
corpo. Muitos leigos cristãos dedicaram sua vida à prática da 
caridade, dando assistência a enfermos, crescendo, assim, o 
número de congregações e ordens seculares em favor da asso-
33© HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
UNIDADE 1 – DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DAS PRÁTICAS DE SAÚDE
ciação da assistência religiosa com a assistência à saúde. A Igreja, 
aliada à nobreza, monopolizou o dinheiro e, principalmente, o 
conhecimento.
Os concílios religiosos resolveram que os hospitais deve-
riam ser construídos na vizinhança dos mosteiros e das igrejas, 
sob a direção religiosa. Em razão da necessidade da defesa públi-
ca sanitária, causada pelas epidemias e guerras, houve um cres-
cente número dessas instituições.
Todos os hospitais apresentavam caráter religioso, onde 
algumas pessoas praticavam a caridade a fim de assistir pobres 
e moribundos. Ainda não existia uma prática médica hospitalar 
concreta. A Enfermagem apareceu como prática leiga e desvin-
culada de conhecimentos científicos, não sendo vista como pro-
fissão, mas, sim, como dever da sociedade em ajudar o próximo.
Nos conventos, desenvolvia-se o ensino prático às reli-
giosas e às mulheres que se dedicavam em cuidar dos pobres e 
enfermos.
Esse período marcou a história da Enfermagem, uma vez 
que legitimou inúmeros valores, tais como a abnegação, o espíri-
to de serviço, a obediência e outros atributos, dando à Enferma-
gem não a conotação de prática profissional, mas de sacerdócio.
2.5. AS PRÁTICAS DE SAÚDE PÓS-MONÁSTICAS
As práticas de saúde pós-monásticas referem-se à fase que 
teve início com a decadência do regime feudal, em razão das mu-
danças na economia ocasionadas pelo progresso das cidades e 
pelo retorno do comércio com o Oriente.
34 © HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
UNIDADE 1 – DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DAS PRÁTICAS DE SAÚDE
As práticas de saúde evoluíram para a objetividade da ob-
servação e da experimentação, dando-se mais importância ao 
estudo do organismo humano, ao seu comportamento e a suas 
doenças. No período renascentista, foram criadas cerca de 80 
universidades somente na Europa. As práticas de saúde passa-
ram das mãos dos sacerdotes para as dos leigos.
Nessa fase, já era necessária a formação universitária para 
exercer a Medicina. Permaneceu a divisão hierárquica quanto à 
assistência, sendo esta dividida da seguinte maneira: a) a assis-
tência aos ricos e aos nobres era prestada por médicos gradu-
ados e bem remunerados; b) a assistência aos burgueses e aos 
artesãos era prestada por médicos e cirurgiões com formação 
técnica razoável; c) a assistência aos pobres era prestada por 
curandeiros e barbeiros.
A invenção da tipografia contribuiu para acelerar e ampliar 
o conhecimento. Também houve grande evasão das pessoas do 
campo para as cidades (êxodo rural), devido ao aumento da ofer-
ta de empregos nas grandes cidades, favorecendo o surgimen-
to de doenças contagiosas. Toda essa evolução não contribuiu 
para o crescimento da Enfermagem, que continuou empírica e 
desarticulada, vindo a piorar a situação com os movimentos da 
Reforma Religiosa.
A Revolução Protestante teve grande impacto sobre a En-
fermagem, uma vez que estava agregada à prática religiosa. O 
conflito do clero com as autoridades políticas acabou resultando 
no fechamento de vários hospitais cristãos, e as religiosas que 
cuidavam dos doentes foram expulsas, sendo substituídas por 
mulheres de baixo nível moral e social, que não se importavam 
com os pacientes.
35© HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
UNIDADE 1 – DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DAS PRÁTICAS DE SAÚDE
Nesse ambiente de degradação, as pseudoenfermeiras re-
alizavam tarefas domésticas, sendo mal remuneradas, com jor-
nada de trabalho entre 12 e 48 horas ininterruptas. Com isso, 
houve a queda dos padrões morais, e a Enfermagem foi con-
fundida com o serviço doméstico, tornando-se indigna para as 
mulheres de casta social elevada. Transformou-se em uma fase 
de decadência para a Enfermagem, a qual perdurou por muito 
tempo. Somente após a revolução capitalista, os religiosos ten-
taram melhorar as condições dos hospitais.
2.6. AS PRÁTICAS DE SAÚDE NO MUNDO MODERNO
As práticas de saúde no Mundo Moderno correspondem ao 
período no qual houve fatores que romperam com os vínculos do 
feudalismo, como, por exemplo, a Revolução Industrial e a melho-
ria do tráfego terrestre e marítimo. Tais fatores aceleraram, assim, 
a expansão econômica e científica. Já a política mercantilista ace-
lerou o crescimento e a urbanização da sociedade ocidental.
A revolução intelectual da filosofia e da ciência contribuiu para 
acabar com velhos preconceitos e para a construção de uma socie-
dade mais humana, enquanto a indústria manufatureira explorava 
mulheres e crianças, que trabalhavam em condições insalubres.
A população do campo transferiu-se para os grandes cen-
tros, passando a ter um estilo de vida diferente, inclusive com 
relação a sua alimentação. No campo, as pessoas produziam 
seus próprios alimentos; já nas cidades, diante da desigualdade 
econômica, começaram a ter desnutrição, o que as tornou sus-
ceptíveis a doenças transmissíveis, comoa tuberculose e a peste. 
Em razão disso, houve aumento da mortalidade infantil.
36 © HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
UNIDADE 1 – DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DAS PRÁTICAS DE SAÚDE
O Estado assumiu o controle da assistência à saúde, ocasio-
nando a abertura de novos hospitais e a criação da legislação de 
proteção ao trabalho, para manter a população sadia, garantin-
do, assim, que pudesse trabalhar e obter lucro para a indústria.
Florence Nightingale foi uma enfermeira que se destacou 
ao cuidar de soldados feridos na Guerra da Crimeia. Nesse perí-
odo, já eram conhecidos os conceitos básicos de Enfermagem: o 
ser humano, o meio ambiente e a saúde. Acreditava-se que a cura 
das doenças não estava no resultado das ações médicas, mas, sim, 
nas condições favoráveis para que a natureza pudesse agir sobre o 
paciente. Por isso, era necessário deixar o ambiente limpo e bem 
cuidado, proporcionando total conforto para o paciente.
Vídeo complementar ––––––––––––––––––––––––––––––––
Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.
• Para assistir ao vídeo, pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula, 
localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso 
(Graduação em Enfermagem), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo 
(Complementar). Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de 
vídeos.
• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no Botão "Vídeos" e selecione: 
História da Enfermagem e as Práticas Atuais – Vídeos Complementares – 
Complementar 1.
……………………………………….. ––––––––––––––––––––––
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR
O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição 
necessária e indispensável para você compreender integralmen-
te os conteúdos apresentados nesta unidade.
A seguir e conheça os argumentos que permeiam a 
temática:
37© HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
UNIDADE 1 – DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DAS PRÁTICAS DE SAÚDE
• YOUTUBE. Bases Históricas do Cuidar – Práticas de Saú-
de: Instintivas – Mágico-Sacerdotal e No Alvorecer da 
Ciência. Disponível em: <http://www.youtube.com/
watch?v=0SAE75jwonE>. Acesso em: 24 set. 2014.
• CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DO RJ. Histó-
ria da Enfermagem. Disponível em: <http://www.medi-
cinaintensiva.com.br/enfermagem-historia.htm>. Aces-
so em: 30 set. 2015.
• COREN. As práticas de saúde ao longo da história e o 
desenvolvimento das práticas de enfermagem. Disponí-
vel em: <http://portal.coren-sp.gov.br/node/34635#>. 
Acesso em: 30 set. 2015.
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para 
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em 
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteú-
dos estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Em que fase ocorreu a decadência da Enfermagem?
a) Na das práticas de saúde mágico-sacerdotais.
b) Na das práticas de saúde no alvorecer da ciência.
c) Na das práticas de saúde monástico-medievais.
d) Na das práticas de saúde pós-monásticas.
2) Em uma das fases da evolução das práticas de saúde, o Estado assumiu o 
controle da assistência à saúde, fazendo com que houvesse a abertura de 
novos hospitais. Nessa época, a Enfermagem já possuía conhecimentos de 
quatro conceitos básicos, os quais são:
a) o ser humano, o meio ambiente, a Medicina e a Enfermagem.
b) o ser humano, o meio ambiente, a saúde e a Enfermagem.
c) os trabalhadores, o ambiente, a saúde e a Enfermagem.
d) os trabalhadores, o meio ambiente, a saúde e a Enfermagem.
38 © HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
UNIDADE 1 – DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DAS PRÁTICAS DE SAÚDE
3) Devido à necessidade da defesa pública sanitária, causada pelas epide-
mias e guerras, foram adotadas algumas medidas, dentre elas:
a) a contratação de médicos.
b) a abertura de igrejas.
c) a abertura de universidades.
d) o aumento do número de hospitais.
4) Os grupos primitivos tinham uma estrutura familiar na qual a mulher cuidava das 
crianças, dos velhos e dos doentes. Nessa fase, as ações de saúde consistiam:
a) na cura das doenças.
b) nos cuidados de higiene.
c) na manutenção da sobrevivência.
d) na internação em hospitais.
5) Os sacerdotes exerciam o papel de mediadores entre os homens e os deu-
ses, realizando cerimônias e rituais nos templos para purificarem os enfer-
mos, com água pura, exercícios e ervas. Esse período corresponde à fase:
a) do empirismo.
b) de progresso da ciência.
c) da decadência da Enfermagem.
d) do Iluminismo.
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões au-
toavaliativas propostas:
1) d.
2) b.
3) d.
4) c.
5) a.
39© HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
UNIDADE 1 – DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DAS PRÁTICAS DE SAÚDE
5. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, conhecemos um pouco sobre o desenvolvi-
mento histórico das práticas de Enfermagem. Como observamos, 
a Enfermagem é uma profissão que surgiu ao longo dos séculos e 
com estreitas relações com a história da civilização humana. Em 
determinadas épocas, a profissão foi vista como atividade regida 
pelo espírito de serviço e humanístico, associado às ciências e às 
superstições, sem nenhuma conotação científica.
Inicialmente, os cuidados com o ser humano eram pres-
tados por mulheres, sendo restringida a sobrevivência. Depois, 
apareceram os sacerdotes sob o domínio da Igreja. Por fim, hou-
ve a criação de universidades na Europa.
Veja, agora, o Conteúdo Digital Integrador, que ampliará 
seu conhecimento sobre o assunto. Na próxima unidade, vamos 
entrar em contato com a origem da Enfermagem, como surgiu 
a profissão, seu desenvolvimento e sua evolução na saúde, no 
decorrer dos períodos históricos.
6. E-REFERÊNCIA
ENFERMAGEM E SAÚDE – BIBLIOTECA VIRTUAL. Desenvolvimento 
histórico das práticas de saúde e de Enfermagem. Disponível em: 
<http://enfermagemesaudebiblioteca.blogspot.com.br/p/as-
praticas-de-saude-instintivas.html>. Acesso em: 24 set. 2014.
7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
POTTER, P. A.; PERRY, A. G. Fundamentos de Enfermagem. Tradução de Maria Ines 
Nascimento et al. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.
© HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
41
ORIGEM DA ENFERMAGEM
Objetivos
• Conhecer a origem da Enfermagem.
• Problematizar a origem da Enfermagem.
• Sintetizar os problemas abordados.
• Conhecer enfermeiras que contribuíram para o nascimento da Enfermagem.
Conteúdos
• Século 17 – Luísa de Marillac.
• Século 18 – Anna Nery.
• Século 19 – Florence Nightingale.
• A Enfermagem e o modelo biomédico.
Orientações para o estudo da unidade
Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:
1) Lembre-se de que sua participação pode significar a diferença entre ape-
nas ler conteúdos e transformar conhecimentos em qualidade profissio-
nal. Por isso, não deixe de interagir com seus colegas de turma e com o 
tutor.
2) Nesta unidade, você conhecerá a influência do modelo biomédico para a 
Enfermagem, sendo as organizações sociais antigas marcadas pela frag-
mentação entre trabalho intelectual e manual, principalmente na área da 
saúde. Para fixar esses conteúdos, recomendamos a releitura dos textos.
UNIDADE 2
© HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
43© HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
UNIDADE 2 – ORIGEM DA ENFERMAGEM
1. INTRODUÇÃO
Como estudamos na unidade anterior, as práticas de saú-
de instintivas foram as primeiras formas de assistência à saúde, 
associadas ao trabalho das mulheres, as quais prestavam os cui-
dados nos grupos nômades.
A profissão surgiu da evolução das práticas de saúde no 
decorrer dos períodos históricos. Revendo a história da Enferma-
gem, observamos que, antes de Cristo, a profissão já era conhe-
cida, mas não por tal denominação. Os cuidados eram prestados 
por homens e mulheres, sendo estes relacionados com a prática 
domiciliar de partos e a atuação pouco clara de mulheres de clas-
se social elevada, as quais dividiam as atividades dos templos 
com os sacerdotes. Esse período "corresponde à fase de empi-
rismo,verificada antes do surgimento da especulação filosófica 
que ocorreu por volta do século 5º a.C." (ENFERMAGEM E SAÚ-
DE – BIBLIOTECA VIRTUAL, 2014).
Com o passar do tempo, entre os séculos 5º d.C. e 8º d.C., a 
Enfermagem foi praticada pelos religiosos como sacerdócio.
A profissão surgiu como prestação de cuidados aos doen-
tes, realizada por escravos, na sua maioria, que trabalhavam nos 
domicílios.
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA
O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su-
cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão 
integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteú-
do Digital Integrador.
44 © HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
UNIDADE 2 – ORIGEM DA ENFERMAGEM
O processo de construção profissional ocorreu entre o pe-
ríodo colonial e o início do século 20. Durante a colonização, a 
Enfermagem foi exercida com base em conhecimentos empíri-
cos, e os cuidados dispensados àqueles que adoeciam eram pres-
tados por religiosos, voluntários leigos e escravos selecionados. 
No princípio da colonização, surgiram as Casas de Misericórdia, 
que tiveram origem em Portugal. No Brasil, a primeira Casa de 
Misericórdia foi fundada na Vila de Santos, em 1543. Essas casas 
tinham como proposta o atendimento exclusivamente curativo 
aos pobres, aos órfãos e aos enfermos miseráveis, sendo as reli-
giosas responsáveis pelos cuidados.
No século 18, podemos destacar o Frei Fabiano Cristo, que, 
durante 40 anos, exerceu atividades de enfermeiro no Convento 
de Santo Antônio do Rio de Janeiro.
A seguir, conheceremos três mulheres de relevância para a 
construção da história da Enfermagem.
2.1. SÉCULO 17 – LUÍSA DE MARILLAC
A Companhia das Irmãs de Caridade, fundada em 1633, na 
França, por padre Vicente de Paulo (1576-1660) e Luísa de Ma-
rillac (1591-1660), mantém seu trabalho até hoje.
Luísa de Marillac nasceu em 12 de agosto de 1591 em con-
dições misteriosas. Em seu registro de nascimento, seu pai a no-
meou; passados três anos, ele se casou e logo colocou a pequena 
Luísa num mosteiro. Lá, as dominicanas ensinaram a jovem Luísa 
a conhecer Deus, ler, escrever, pintar, o que lhe deu uma sóli-
da formação humana. Mas, após a morte de seu pai, Luísa foi 
colocada num lar para meninas, em Paris, de onde só saiu para 
45© HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
UNIDADE 2 – ORIGEM DA ENFERMAGEM
se casar. Era descendente de família abastada e, ao ficar viúva, 
resolveu dedicar sua vida aos pobres e aos doentes.
Nas paróquias onde o padre São Vicente de Paulo ou seus 
missionários pregavam as missões, fundavam-se confrarias de 
caridade e as senhoras piedosas eram recrutadas com o intuito 
de assistir os enfermos. São Vicente, necessitando organizar esse 
movimento, confiou à Luísa de Marillac a missão de inspetora. O 
trabalho da companhia era o de oferecer alimentos aos pobres, 
prestar assistência aos doentes nos hospitais e nos domicílios e 
realizar o trabalho paroquial. Foi uma das primeiras associações 
a realizar cuidados de Enfermagem nos domicílios, iniciando 
um serviço de assistência social. Reorganizaram-se os hospitais, 
priorizando-se a higiene nos ambientes e individualizando-se os 
leitos dos doentes, com o propósito de dirigir todo o cuidado 
desenvolvido no hospital (PADILHA; MANCIA, 2005).
Os rituais de cuidado desenvolveram-se com base na prá-
tica do cuidar vivenciada pelas irmãs no dia a dia dos hospitais 
e domicílios, orientadas, inicialmente, por Luísa de Marillac e Vi-
cente de Paulo, por meio de cartas e regulamentos (PADILHA; 
MANCIA, 2005).
Essa companhia foi criada em um momento no qual a mi-
séria e as doenças, causadas pelas contínuas guerras, estavam 
destruindo a França (PADILHA; MANCIA, 2005).
2.2. SÉCULO 18 – ANNA NERY
Durante o Império, raros nomes destacaram-se, como, por 
exemplo, o de Anna Nery, chamada de precursora da Enferma-
gem no Brasil.
46 © HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
UNIDADE 2 – ORIGEM DA ENFERMAGEM
Anna Nery, cujo nome era Ana Justina Ferreira Nery, nas-
ceu aos 13 de dezembro de 1814, na cidade de Cachoeira, na 
província da Bahia. Casou-se com Isidoro Antonio Nery, ficando 
viúva aos 30 anos. Teve três filhos, sendo que dois deles faziam 
parte do Exército (um era médico militar e o outro, oficial).
No decorrer da Guerra do Paraguai (1864-1870), os filhos 
de Anna Nery foram convocados a servir a Pátria. Não resistindo 
à separação da família, ela requereu ao presidente da província 
da Bahia autorização para acompanhar seus filhos e seu irmão 
durante a guerra. Obteve permissão para incorporar o décimo 
batalhão de voluntários como enfermeira. Lá, improvisou hos-
pitais e não mediu esforços no atendimento aos feridos. Após 
cinco anos, retornou ao Brasil, onde foi recebida com reconheci-
mento e louvor.
2.3. SÉCULO 19 – FLORENCE NIGHTINGALE
No século 19, no dia 12 de maio de 1820, nasceu, na cida-
de de Florença, Florence Nightingale. De família rica e educada, 
durante a adolescência, participou da sociedade aristocrática. 
Por isso, teve oportunidade de estudar vários idiomas, matemá-
tica, religião e filosofia. Desejava ajudar os pobres, os doentes e 
os menos dotados, sendo muito religiosa.
Florence Nightingale é considerada a fundadora da Enfer-
magem moderna em todo o mundo, sendo reconhecida quando 
atuou como voluntária na Guerra da Crimeia, em 1854, ao lado 
de 38 mulheres, irmãs anglicanas e católicas. Organizou um hos-
pital onde cuidou de 4.000 soldados internos, conseguindo dimi-
nuir a mortalidade local de 40% para 2%. Além do atendimento 
direto aos doentes, preocupou-se com o meio ambiente, organi-
47© HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
UNIDADE 2 – ORIGEM DA ENFERMAGEM
zando os serviços de lavanderia, rouparia, cozinha, almoxarifado 
e limpeza. Os soldados a denominaram de "Dama da Lâmpada", 
pois ajudava os soldados feridos escrevendo cartas para suas fa-
mílias e, de madrugada, com uma lâmpada turca, passava por 
todas as alas, atendendo e confortando seus pacientes (NASH, 
1980).
O governo inglês reconheceu o feito de Florence Nightin-
gale com um prêmio de 40 mil libras, que foi utilizado para fun-
dar, em Londres (1860), a primeira escola de Enfermagem, no 
Hospital Saint Thomas.
Como teve educação aristocrática, Florence pôde ter aces-
so a um estágio de três meses no Instituto de Diaconisas de Kai-
serswerth (Alemanha), onde aprendeu os primeiros passos da 
disciplina na Enfermagem (regras e horários rígidos, religiosida-
de, divisão do ensino por classes sociais). A organização do Ins-
tituto de Diaconisas era semelhante à das Irmãs de Caridade de 
São Vicente de Paulo, onde se preocupavam mais com a forma-
ção do caráter de suas alunas do que em ministrar-lhes conheci-
mentos específicos de Enfermagem (STEWART, 1944).
Acredita-se que o convívio de Florence com as regras de 
conduta das Irmãs de Caridade e as Senhoras da Confraria in-
fluenciou a construção do seu modelo de Enfermagem.
Essa escola passou a servir de modelo para as demais fun-
dadas posteriormente, sendo a disciplina rigorosa e as qualida-
des morais exigidas das candidatas características da escola ni-
ghtingaleana. O curso tinha duração de um ano, e as aulas eram 
ministradas por médicos.
Em suas escolas, Florence baseava sua filosofia em quatro 
ideias-chave (CARVALHO, 1980, n.p.): 
48 © HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
UNIDADE 2 – ORIGEM DA ENFERMAGEM
1. O dinheiro público deveria manter o treinamento de enfer-
meiras e este deveria ser considerado tão importante quan-
to qualquer outra forma de ensino.
2. Deveria existir uma estreita associação entre hospitais e es-
colas de treinamento, sem estas dependerem financeira e 
administrativamente.
3. O ensino de enfermagem deveria ser feito por enfermeiras 
profissionais, e não por qualquer pessoa não envolvida com 
a enfermagem.
4. Deveria ser oferecida às estudantes, durante todo o perío-
do de treinamento, residência com ambiente confortável e 
agradável, próximo ao local.Em 1860, iniciou-se a Enfermagem moderna, com a divi-
são social do trabalho de Enfermagem em duas categorias distin-
tas: a lady-nurse e a nurse. Nos hospitais, as nurses prestavam 
assistência direta ao paciente sob a supervisão das lady-nurses. 
As lady-nurses possuíam mais preparo teórico de Enfermagem 
(WALDOW, 1995). 
Veja, a seguir, o juramento de Florence: 
Juro, livre e solenemente, dedicar minha vida profissional a ser-
viço da pessoa humana, exercendo a enfermagem com cons-
ciência e dedicação; guardar sem desfalecimento os segredos 
que me forem confiados, respeitando a vida desde a concepção 
até a morte; não participar voluntariamente de atos que colo-
quem em risco a integridade física ou psíquica do ser humano; 
manter e elevar os ideais de minha profissão, obedecendo aos 
preceitos da ética e da moral, preservando sua honra, seu pres-
tígio e suas tradições (UNIFAP, 2015).
Nas primeiras escolas de Enfermagem, o único profissio-
nal qualificado para ministrar aulas era o médico, ficando sob 
sua responsabilidade a decisão de quais funções poderiam ser 
delegadas ao enfermeiro. Assim, a Enfermagem surgiu não mais 
49© HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
UNIDADE 2 – ORIGEM DA ENFERMAGEM
como atividade empírica, desvinculada do conhecimento técni-
co, mas como atividade assalariada, que foi ao encontro da ne-
cessidade de mão de obra nos hospitais, constituindo-se como 
uma prática social institucionalizada e específica.
Observe, agora, o trecho a seguir:
Foi Florence Nightingale quem exerceu maior influência sobre 
a reforma da enfermagem no mundo, valorizou aqueles que re-
alizavam o cuidado de enfermagem e que, provavelmente, não 
tinham noção da importância daqueles rituais que indicavam 
uma prática de enfermagem já organizada, tanto no cotidiano 
das ações de enfermagem como na distribuição do trabalho por 
classes sociais (PADILHA, 1998, p. 726).
2.4. A ENFERMAGEM E O MODELO BIOMÉDICO
As organizações sociais antigas foram marcadas pela fragmen-
tação entre trabalho intelectual e manual, principalmente na área da 
saúde. A Medicina apresentava claramente essa divisão de saberes, e, 
com a descoberta das ciências biológicas, houve a mudança no objeto 
de trabalho médico, unificando a divisão social do trabalho.
Essa unificação atingiu diretamente a Enfermagem, que 
até então realizava o trabalho em equipe, passando a exercer o 
trabalho subordinado ao médico (RIZZOTTO, 1995).
Os cursos de Medicina, que tinham como base o conheci-
mento científico, passaram a valorizar as disciplinas técnicas em 
detrimento das disciplinas humanas.
Em 1910, a Fundação Carnegie divulgou o relatório Flexner, 
que contribuiu com o modelo biomédico das profissões de saú-
de, além de mostrar a situação caótica na qual se encontravam 
o ensino e a Medicina nos EUA. Com base nesse relatório, foram 
elaboradas propostas elitizantes para a organização da educação 
50 © HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
UNIDADE 2 – ORIGEM DA ENFERMAGEM
e prática médica, tais como: a duração mínima de quatro anos 
para o curso de Medicina; o início do ensino em laboratório; a 
ampliação do ensino clínico em hospitais; o destaque para a pes-
quisa biológica em substituição ao conhecimento empírico; e o 
estímulo à especialização médica e à organização das categorias 
para o controle do exercício profissional (RIZZOTTO, 1995).
De acordo com Mendes (1984, p. 30), os elementos estru-
turais da Medicina flexneriana são:
1) Mecanicismo: teoria conforme a qual todos os fenô-
menos são explicados por meio da casualidade, e os 
fenômenos que se manifestam nos seres vivos são me-
canicamente determinados, ou seja, os seres vivos são 
entendidos com base em uma sucessão de causas e/
ou consequências de proveniência físico-química.
2) Biologismo: doutrina que subordina à natureza humana 
(vista apenas fisicamente) a explicação e a razão de ser da 
vida. Atualmente, também designado "determinismo bio-
lógico", acredita que as características biológicas determi-
nam as psíquicas e os modos de comportamento humano.
3) Especialização: surgiu da fragmentação do processo 
de produção e do produtor, por meio da divisão técni-
ca do trabalho.
4) Individualismo: modelo individualista ao eleger como 
seu objeto o indivíduo, excluindo da sua vida os aspec-
tos sociais e atribuindo-lhe a responsabilidade pela 
sua própria doença.
5) Exclusão de práticas alternativas: consideradas 
ineficazes.
6) Ênfase na Medicina curativa: "prestigia o fisiopatolo-
gismo em detrimento da causa".
51© HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
UNIDADE 2 – ORIGEM DA ENFERMAGEM
Na história da cirurgia, após a descoberta da anestesia, 
procurou-se vencer as causas de febre e morte por infecção após 
cirurgia. Em 1847, a febre puerperal matava irremediavelmente 
as puérperas por infecção. Nessa época, o médico Inácio Filipe 
Semmelweis iniciou um trabalho de observação quanto às inter-
nações das parturientes e verificou que havia coincidência das 
contaminações com alguns dias da semana (THORWALD, 2005).
Quando morreu um colega médico que trabalhava no ne-
crotério, após ser ferido por um estudante no antebraço, Sem-
melweis tomou conhecimento da autópsia, constatando que o 
colega tinha morrido da mesma maneira das parturientes. De-
pois de tantas tentativas, baixou uma norma de acordo com a 
qual todos os estudantes e médicos provenientes da sala de ana-
tomia seriam obrigados a lavar as mãos com solução de ácido 
clórico, colocada em uma bacia na entrada da clínica obstétrica. 
Ele desvendou, então, o segredo da transmissão dos germes in-
fecciosos por meio das mãos e dos instrumentos dos médicos 
e cirurgiões. Nos meses seguintes, foram registrados apenas 56 
óbitos em 1.811 partos (3,01%) (THORWALD, 2005).
Veja o trecho a seguir: 
[...] No período de 1900 a 1929, grande parte das enfermeiras 
norte-americanas eram contratadas para atuarem no domicílio. 
Era esperado que esta enfermeira prestasse cuidado ao pacien-
te, proporcionando conforto físico, emocional, seguia prescri-
ções médicas, tinha que ter habilidade de escutar, observar as 
necessidades do paciente, ser capaz de transmitir esperança e 
confiança, evitar discutir na frente do paciente e manter uma 
atitude de silêncio [...] (MCLLVEEN, 1995, n.p.). 
Nos Estados Unidos, no início do século 20, já se iniciava 
o movimento de saúde pública visando melhorar as condições 
sanitárias e controlar as doenças. Nessa ocasião, já existia enfer-
meira de saúde pública e havia discussão sobre qual o seu papel.
52 © HISTÓRIA DA ENFERMAGEM E AS PRÁTICAS ATUAIS 
UNIDADE 2 – ORIGEM DA ENFERMAGEM
Observe o trecho a seguir:
[...] No período de 1920 a 1926 Carlos Chagas através da re-
forma sanitária tentou implantar unidades de saúde locais e 
permanentes com equipe de profissionais que assistissem a 
população de forma sistemática, e nesse projeto para a Saúde 
Pública a enfermeira-visitadora desempenharia o papel de edu-
cadora sanitária, que se institucionalizou na ocasião de 'Enfer-
magem Moderna' no Brasil [...] (RIZZOTTO, 1995, p. 20).
Após a Primeira Guerra Mundial, em 1918, os Estados Uni-
dos da América foram vistos como potência mundial, pois até 
então vigorava o mundo eurocêntrico. Ainda nesse ano, houve 
a epidemia mundial de gripe espanhola, que acometeu cerca de 
80% da armada norte-americana.
Nesse episódio, acreditava-se que os principais proble-
mas de saúde pública poderiam ser resolvidos com o controle 
das doenças de nascença e de contato por meio do isolamento, 
usando-se soros e vacinas.
Em 1919, com o controle da mortalidade infantil e da tu-
berculose por meio da prática de higiene pessoal, surgiu outro 
movimento de saúde pública pautado nessa prática: a educação 
popular (SCIELO, 2015).
Em 1913, criou-se, nos Estados Unidos, a Fundação Rocke-
feller, com o objetivo de promover o estímulo à saúde pública, ao 
ensino, à pesquisa biomédica e às ciências naturais. Essa funda-
ção era uma instituição beneficente e utilizava recursos

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