d.C.) cravou a sua marca da história chinesa com a construção da Cidade de Shang-Na, construída com a utilização de cerca de 2 milhões de trabalhadores civis. Além de sua beleza arquitetônica dierenciada, a extensão de uma área de 84 quilômetros quadrados é um destaque. A inovação urbanística residia nas grandes avenidas na direções norte-sul e leste- -oeste, com ormação de grandes quadras divididas por 108 alamedas. A ligação do povo chinês com a natureza se materializou com a construção de rios e canais. Além da prática de pesca artesanal em grande escala, esses sistemas aquaviários eram utilizados nos sistemas de abastecimento de água potável, nos sistemas de drenagem e como vias de transporte. A rápida construção perante os padrões existentes (nove meses) somente oi possível graças ao extraordinário planejamento. Outros atores que também podem ser atribuídos a esse sucesso são: » detalhamento do projeto (uso de escala 1:100 nos projetos); » controle rígido da qualidade da construção; » gestão detalhada as atividades. 2.4 Qualidade no Império Romano Os romanos utilizaram os conhecimentos arquitetônicos desenvolvidos pelos gregos para cobrir os diversos campos da engenharia civil. A Figura 2.14 apresenta o mapa da expansão do Império Romano. Muitas tecnologias construtivas e controles da qualidade oram adquiridos em cada uma das nações conquistadas. A qualidade era uma preocupação dos governantes de grandes impérios da Anti- guidade, sendo colocada em prática por meio de decretos governamentais. 35Qualidade nas Edificações do Mundo Antigo A n t o n i o A b r i g n a n i / S h u t t e r s t o c k . c o m Figura 2.14 - Mapa da expansão do Império Romano. O Panteão romano é o principal prédio romano e o único ediício da Antiguidade Clássica que se encontra em pereito estado de conservação. Esse é apenas um exemplo das grandes construções romanas que demandaram um grande volume de mão de obra (sem quali�cação). Isso realmente era um problema. Por isso, oi necessário desenvolver métodos simpli�cados e de ácil entendimento de construção. Essas grandes realizações somente ocorreram porque existiu um incremento no número de supervisores e oram criados procedimentos de inspeção para acompanhar a orça de trabalho não quali�cada. Muitos historiadores relatam que nessa época oram criadas associações de artesãos e de sindicatos de trabalhadores quali�cados. A Figura 2.15 apresenta a achada do Panteão romano e a vista interna onde ocorre a incidên- cia de luz solar através de uma abertura circular vazada, sem echamento. 36 Qualidade na Construção Civil S - F / S h u t t e r s t o c k . c o m (a) A l f r e d o C e r r a / S h u t t e r s t o c k . c o m (b) Figura 2.15 - Panteão romano: (a) achada e (b) vista interna. 37Qualidade nas Edificações do Mundo Antigo A argamassa romana era obtida misturando-se terra vulcânica (pozolana) com cal. Existiam descrições bastante precisas dos materiais a empregar (e que variavam de acordo com as regiões), assim como as dosagens e a maneira conveniente de se proceder à sua mistura. A argamassa pronta recebia pedra britada, alcançando-se a conormação desejada por meio de ormas de madeira. Utili- zava-se o mesmo processo para a construção dos arcos e das cúpulas. Eles privilegiavam a estrutura de tijolo com enchimento de concreto, que não exigia tanta pre- cisão quanto às técnicas de corte de pedra. O assentamento de placas de mármore travertino por pedreiros quali�cados servia para “esconder” deeitos de construção da etapa construtiva anterior. Utilizava-se muito o travertino, uma pedra de superície granulosa e, portanto, com excelente rugo- sidade para seu assentamento com argamassa. A Figura 2.16 apresenta uma placa de mármore travertino, que é uma rocha calcária natural. Em seu processo de ormação, ela sore a ação de água doce subterrânea, responsável pela criação dos espaços ocos, tão característicos desse material. Por que artistas e construtores tornaram esse material tão cobiçado? Podem ser listadas as seguintes propriedades: diversidade de padrões, quali- dades estéticas e durabilidade. A definição da qualidade no mundo antigo é cultural, pois recebe influência dos objetivos dos governantes e das condi- ções de mão de obra, materiais e tecnologias existentes. Fique de olho! D a n i l o A s c i o n e / S h u t t e r s t o c k . c o m Figura 2.16 - Mármore travertino. 38 Qualidade na Construção Civil No telhado de sua residência, talvez exista a cobertura realizada com telhas de barro chamadas de telha romana. Esse tipo de cobertura inspirou-se no modelo grego. Ela chegou até os nossos dias porque apresenta as seguintes características: baixa impermeabilidade; baixa rugosidade, ou seja, ser lisa para permitir um rápido vazamento da água; dureza apropriada; e ter a resistência mecâ- nica necessária para suportar o peso de agentes atmoséricos como a chuva. A Figura 2.17 apresenta telhas antigas de edi�cações romanas. L e e n v d b / S h u t t e r s t o c k . c o m Figura 2.17 - Telhas romanas eitas à mão. Os romanos herdaram dos povos conquistados as suas técnicas construtivas. Os enícios con- tribuíram com as técnicas aplicadas na construção de portos e aróis em todo o Mediterrâneo. A construção de aróis é classi�cada como obra de grande porte, na qual o problema mais grave era o do levantamento de cargas pesadas, eetuado por guindastes de roldanas. Esses equipamentos so�sti- cados para a época e de grandes dimensões tinham como onte de energia a orça ísica dos escravos. O maior e mais famoso símbolo do Império Romano foi o Coliseu. Ele era um enorme anfiteatro reservado para as lutas entre gladiadores, ou entre eles e animais selvagens. Sua construção foi iniciada em 72 d.C. por ordem do imperador Flávio Vespasiano, sucessor do imperador Nero. Tinha uma altura de 48,5 metros e uma forma elíptica com 189 metros no maior eixo e 156 metros no menor eixo. Sua arena tinha 85 metros por 53 metros. Suas arquibancadas foram cons- truídas a partir de 3 metros do solo e tinha capacidade para mais de 50 mil pessoas. Em sua construção, foram utiliza- dos 100 mil metros cúbicos de mármore travertino, principalmente no revestimento da fachada exterior, além de tijolos de barro, blocos de tufa (pedra vulcânica) e concreto. Para ler mais sobre o coliseu, acesse: <http://www.sogeografia.com.br/Conteudos/Lugares/?pg=3> e <http://discoverybrasil.uol.com.br/guia_roma/entretenimento/coliseu/index.shtml.> Amplie seus conhecimentos 39Qualidade nas Edificações do Mundo Antigo Quais dimensões tinham essas edi�cações? O arol de Bolonha, com 60 metros, e o de Alexandria, com seus 87 metros, �guravam entre os mais altos. E quais eram as suas utilizações? Assinalavam as zonas perigosas e atraíam os marinheiros para a segurança dos portos. A luminosidade dos aróis provinha da queima de madeira de árvores resinosas. P H B . c z ( R i c h a r d S e m i k ) / S h u t t e r s t o c k . c o m Figura 2.18 - Farol de sinalização marítima. Os romanos antigos eram um povo objetivo, com mentalidade aberta e receptiva. O que era considerado bom dos povos conquistados era copiado e adaptado às suas necessidades. Como consequência dessa mentalidade, surgiu uma forte indústria da construção, com legislação específica para regular alguns aspectos construtivos e algumas normas de serviços obrigatórios para a mão de obra (similares às do serviço militar). Eles estabeleceram também regulamentações específicas para o controle da qualidade dos materiais, dentre elas a obri- gatoriedade, a partir do séc. II a.C., do uso de marcas nas unidades de alvenaria (tijolos e blocos