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Qualidade naQualidade na
Construção CivilConstrução Civil
11
 Antonio Carlos da Fonseca Br Antonio Carlos da Fonseca Bragança Pinheiroagança Pinheiro
Marcos CrivelaroMarcos Crivelaro
Qualidade naQualidade na
Construção CivilConstrução Civil
1ª Edição1ª Edição
22 Qualidade na Construção CivilQualidade na Construção Civil
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Pinheiro, Antonio Carlos da Fonseca BragançaPinheiro, Antonio Carlos da Fonseca Bragança
Qualidade na cQualidade na construção construção civil / Anivil / Antonio Carlos tonio Carlos da Fonseca da Fonseca Bragança PinheiroBragança Pinheiro, Marcos Crivelaro, Marcos Crivelaro -- 1. ed. -- São Paulo : -- 1. ed. -- São Paulo :
Érica, 2014.Érica, 2014.
BibliograaBibliograa
ISBNISBN 978-85-365-0947-1978-85-365-0947-1
1.1. Construção civConstrução civil 2. Construção civil 2. Construção civil - Controle dil - Controle daa qualidade 3. Construção civil - Materiais 4.  qualidade 3. Construção civil - Materiais 4. Construção civil - OrçamentosConstrução civil - Orçamentos
5.5. Indústria de constIndústria de construção civil - Administrução civil - Administração I.ração I. CrivelaroCrivelaro,, MarcosMarcos. II. Título.. II. Título.
14-03959 CDD-690.09214-03959 CDD-690.092
Índices para catálogo Índices para catálogo sistemáticosistemático::
1.1. Construção civil : Mão-de-oConstrução civil : Mão-de-obra : Qualicação : Tecnologia 690.092bra : Qualicação : Tecnologia 690.092
Copyright © 2014 da Editora Érica Ltda.Copyright © 2014 da Editora Érica Ltda.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem prévia autorizaçãoTodos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem prévia autorização
da Editora Érica. A violação dos direitos autorais é crime da Editora Érica. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei nº 9.610/98 e punido pelo Artigo 184 do Código Penal.estabelecido na Lei nº 9.610/98 e punido pelo Artigo 184 do Código Penal.
Coordenação Coordenação Editorial: Editorial: Rosana Rosana Arruda Arruda da da SilvaSilva
 Aquisições:  Aquisições: Alessandra BorgesAlessandra Borges
Capa: Capa: Maurício Maurício S. S. de de FrançaFrança
Edição Edição de de TTexto: exto: Beatriz Beatriz M. M. Carneiro, Carneiro, Bonie Bonie Santos, Santos, Silvia Silvia CamposCampos
Revisão Revisão e e Preparação Preparação de de TTexto: exto: Davi Davi MirandaMiranda
Produção Produção Editorial: Editorial: Adriana Adriana Aguiar Aguiar Santoro, Santoro, Dalete Dalete Oliveira, Oliveira, Graziele Graziele Liborni,Liborni, Laudemir Marinho dos Santos Laudemir Marinho dos Santos
Editoração:Editoração:
Produção Digital:Produção Digital:
Rosana Aparecida Alves dos Santos, Rosemeire CavalheiroRosana Aparecida Alves dos Santos, Rosemeire Cavalheiro
Triall Composição Editorial Ltda.Triall Composição Editorial Ltda.
 Alline Bullara Alline Bullara
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Os nomes de sites e empresas, porventura mencionados, foram utilizados apenas para ilustrar os exemplos, não tendo vínculo nenhum comOs nomes de sites e empresas, porventura mencionados, foram utilizados apenas para ilustrar os exemplos, não tendo vínculo nenhum com
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Conteúdo adaptado ao Novo Acordo Ortográco da Língua Portuguesa, em Conteúdo adaptado ao Novo Acordo Ortográco da Língua Portuguesa, em execução desde 1º de janeiro de execução desde 1º de janeiro de 2009.2009.
A ilustração de capa e algumas imagens de miolo foram retiradas de <www.shutterstock.com>, empresa com a qual se mantém contratoA ilustração de capa e algumas imagens de miolo foram retiradas de <www.shutterstock.com>, empresa com a qual se mantém contrato
ativo na data de publicação do livro. Outras foram obtidas da Coleção MasterClips/MasterPhotos© da IMSI, 100 Rowland Way, 3rd oorativo na data de publicação do livro. Outras foram obtidas da Coleção MasterClips/MasterPhotos© da IMSI, 100 Rowland Way, 3rd oor
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Contato com o Contato com o editorial: editorial@editoraerica.ceditorial: editorial@editoraerica.com.brom.br
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Rua São Gil, 159 - TatuapéRua São Gil, 159 - Tatuapé
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Fone: (11) 2295-3066 - Fax: (11) 2097-4060Fone: (11) 2295-3066 - Fax: (11) 2097-4060
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3
Agradecimentos
Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP) – autarquia ede-
ral de ensino gratuito – que, pelo exercício do magistério, nos permitiu a aquisição de experiência
docente e a convivência com alunos do curso técnico de nível médio em Edi�cações.
Ao centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza (CEETEPS), que, por meio das
Escolas Técnicas Estaduais (ETEC) Getúlio Vargas, Guaracy Silveira e Martin Luther King e da
Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec-SP) – instituições paulistas de ensino gratuito –, pos-
sibilitou-nos aprimoramento pro�ssional mediante a prática docente exercida no ensino tecnológico
em cursos de Construção Civil.
Ao corpo docente das instituições citadas, pelo convívio repleto de alegria e troca de conheci-
mentos.
Às empresas do setor privado ornecedoras de materiais e prestadoras de serviços, que sempre
colaboraram em palestras, minicursos e doações voluntárias.
Às instituições de ensino e pesquisa, que permitiram a obtenção de titulaçãona graduação e
no stricto sensu: Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Escola Politécnica da Universidade
de São Paulo (EPUSP) e Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen-USP).
4 Qualidade na Construção Civil
Sobre os autores
Antonio Carlos da Fonseca Bragança Pinheiro é bacharel em Engenharia Civil pela Universida-
de Presbiteriana Mackenzie e doutor em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo (EPUSP). Na área de construção civil, foi chefe de departamento de projetos, geren-
te de engenharia e diretor técnico. Foi professor e diretor da Escola de Engenharia da Universida-
de Presbiteriana Mackenzie, diretor de campus, coordenador e docente na área de construção civil
do Instituto Federal de São Paulo (IFSP). É docente da Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec-SP),
da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid) e da Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul).
Marcos Crivelaro é bacharel em Engenharia Civil pela EPUSP e pós-doutor em Engenharia de
Materiais pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares de São Paulo (Ipen-USP). Na área
de construção civil, foi diretor de engenharia e planejamento de obras residenciais e comerciais de
grande porte. É professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo
(IFSP), da Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec-SP) e da Faculdade de Informática e
Administração Paulista (FIAP). É também pesquisador e orientador no curso de mestrado do
Centro Paula Souza.
5
Sumário
Capítulo 1 - História da Qualidade ..........................................................................................9
1.1 Introdução à qualidade...................................................................................................................................9
1.2 A qualidade no Brasil ......................................................................................................................................... 15
Agora é com você! ...............................................................................................................................................20
Capítulo 2 - Qualidade nas Edificações do Mundo Antigo ................................................ 21
2.1 A natureza da qualidade...............................................................................................................................21
2.2 Qualidade no Egito antigo ......................................................................................................................24
2.3 Qualidade nas dinastias chinesas ................................................................................................................28
2.4 Qualidade no Império Romano .............................................................................................................34
Agora é com você! ...............................................................................................................................................40
Capítulo 3 - Normas ISO – Evolução e Descrição ........................................................... 41
3.1 Origem e objetivos das normas ISO ...........................................................................................................41
3.1.1 Crescimento econômico ......................................................................................................................42
3.1.2 Igualdade social ....................................................................................................................................43
3.1.3 Integridade ambiental ..........................................................................................................................43
3.2 Família ISO 9000 – qualidade .....................................................................................................................43
3.2.1 Origem da amília ISO 9000 ...............................................................................................................43
3.2.2 Normas componentes da amília NBR ISO 9000.............................................................................44
3.2.3 Beneícios da utilização da norma NBR ISO 9001:2008 .................................................................46
3.2.4 Critérios para normalização de procedimentos ...............................................................................47
3.2.5 Terminologia básica da NBR ISO 9000 .............................................................................................48
3.3 ISO 14000 – meio ambiente.........................................................................................................................48
3.3.1 Comitê brasileiro de gestão ambiental (ABNT/CB-38) ..................................................................51
3.3.2 Relação e intenções das normas ISO 14000 ......................................................................................57
3.3.3 De�nições e diretrizes para uso da NBR ISO 14001........................................................................58
3.4 OHSAS 18000 – saúde e segurança do trabalhador .................................................................................60
Agora é com você! ...............................................................................................................................................62
Capítulo 4 - Programas e Políticas da Qualidade na Construção Civil............................... 63
4.1 Histórico da qualidade na construção civil ...............................................................................................63
4.2 Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQP-H) .........................................65
4.3 Programa da Qualidade da Construção Habitacional (QUALIHAB) ..................................................69
4.3.1 Comitê de Projetos e Obras (CPO)....................................................................................................70
6 Qualidade na Construção Civil
4.3.2 Comitê de Materiais, Componentes e Sistemas Construtivos (CMCS) ........................................72
4.3.3 Programa de Qualidade de Obras Públicas (QUALIOP) ...............................................................74
4.4 Programa Mineiro da Qualidade e Produtividade no Habitat (PMQP-H) ...........................................75
Agora é com você! ...............................................................................................................................................78
Capítulo 5 - Qualidade no Canteiro de Obras ................................................................. 79
5.1 Ações da qualidade em serviços no canteiro de obras .............................................................................79
5.2 Cadeia produtiva na construção civil .........................................................................................................95
5.2.1 Etapas do processo de produção de edi�cações ...............................................................................96
5.2.2 Agentes envolvidos na cadeia produtiva da construção de edi�cações ........................................97
5.2.3 Setores da cadeia de produção de edi�cações ..................................................................................98
Agora é com você! .............................................................................................................................................100
Capítulo 6 - Qualidade no Projeto de Obras de Edificações ............................................ 101
6.1 A dinâmica em obras de edi�cações ........................................................................................................101
6.2 O planejamento da execução de obras de edi�cações ............................................................................102
6.3 Ferramentas de gestão da qualidade.........................................................................................................1026.3.1 Diagrama de Pareto ...........................................................................................................................102
6.3.2 Diagrama de causa e eeito ................................................................................................................103
6.3.3 Fluxograma .........................................................................................................................................104
6.3.4 Ciclo PDCA ........................................................................................................................................104
6.3.5 Folha de veri�cação...........................................................................................................................105
Agora é com você! .............................................................................................................................................106
Capítulo 7 - Gestão de Resíduos na Construção de Edificações ..................................... 107
7.1 Impactos ambientais ...................................................................................................................................107
7.2 Greenhouse Gas Protocol (GHG) .............................................................................................................108
7.3 Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC) ...............................................109
7.4 Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) .........................................................................113
7.5 Quali�cação de ornecedores ....................................................................................................................115
Agora é com você! .............................................................................................................................................116
Bibliografia ..........................................................................................................117
7
Apresentação
O livro Qualidade na Construção Civil é de undamental importância para estudantes e pro�s-
sionais que desejam realizar o planejamento e apropriar os custos de obras de edi�cações.
No Capítulo 1, História da Qualidade, é realizada uma introdução à qualidade, apresenta a
importância da qualidade para as relações comerciais. Logo em seguida, é apresentada a história dos
programas da qualidade no Brasil.
O Capítulo 2, Qualidade nas Edi�cações do Mundo Antigo, apresenta a natureza da qualidade
e a qualidade no Egito antigo, nas dinastias chinesas e no Império Romano.
No Capítulo 3, Normas ISO - Evolução e Descrição, apresenta a origem e os objetivos das nor-
mas ISO. É apresentada a amília ISO 9000, sua origem, suas normas componentes, os beneícios de
sua utilização, seus critérios para normalização de procedimentos e a terminologia básica. Também,
apresenta a NBR ISO 14000 (meio ambiente), o comitê brasileiro de gestão ambiental ABNT/CB 38,
a relação e intenções das normas ISO 14000 e as de�nições e diretrizes para uso da NBR ISO 14001.
Também é apresentada a OHSAS 18000 (saúde e segurança do trabalhador).
O Capítulo 4, Programas e Políticas da Qualidade na Construção Civil, apresenta o
histórico da qualidade na construção civil, o Programa Brasileiro da  Qualidade e Produtividade
no Habitat (PBQP-H), o Programa da Qualidade da Construção Habitacional (QUALIHAB), o
Comitê de Projetos e Obras (CPO), o Comitê de Materiais, Componentes e Sistemas
Construtivos (CMCS) e o Programa de Qualidade de Obras Públicas (QUALIOP). Também é
apresentado o Programa Mineiro da Qualidade e Produtividade no Habitat (PMQO-H).
O Capítulo 5, Qualidade no Canteiro de Obras, apresenta as ações da qualidade em serviços
no canteiro de obras e a cadeia produtiva da construção civil.
O Capítulo 6, Qualidade no Projeto de Obras de Edi�cações, apresenta a dinâmica em obras
de edi�cações e o planejamento da execução de obras de edi�cações. Também erramentas de gestão
da qualidade: diagrama de Pareto; diagrama de Causa e Eeito; �uxograma; ciclo PDCA; e olha de
 veri�cação.
Finalmente, o Capítulo 7, Gestão de Resíduos na Construção de Edi�cações, apresenta os
impactos ambientais, o Greenhouse Gas Protocol (GHG), o Programa de Gerenciamento de Resí-
duos da Construção Civil (PGRCC) e o Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS).
Também a quali�cação de ornecedores (prestadores de serviço, transportadoras e recebedores de
resíduos).
Os autores
8 Qualidade na Construção Civil
9
1
História da
Qualidade
Este capítulo tem por objetivo apresentar as origens da qualidade nas atividades do homem, bem
como de�nir seus conceitos básicos ao longo da história.
Para começar
1.1 Introdução à qualidade
No início do século XXI, a qualidade pode ser entendida como uma necessidade e uma exi-
gência social. A necessidade – como o ornecimento de água potável ou o ar que respiramos, em
condições adequadas à saúde do homem – deve ser estendida a toda a população.
O grau de exigência, por sua vez, está ocado no consumidor, isto é, devem-se oerecer produ-
tos ou serviços que superem as suas expectativas. A qualidade de um produto está diretamente rela-
cionada à sua concepção, às necessidades do consumidor e ao preço a ser pago.
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 estabelece que o Estado deve promover, na forma da lei, a
defesa do consumidor.
Fique de olho!
O conceito sobre qualidade (do latim qualitas) surgiu com o �lósoo grego Aristóteles (384-
322 a.C.); porém, até os dias de hoje ainda não há consenso sobre o seu signi�cado.
10 Qualidade na Construção Civil
Os estudiosos da qualidade, importantes especialistas da segunda metade do século XX, serão
apresentados na sequência, mas já é possível destacar como alguns eles entendiam esse conceito. A
Figura 1.1, por exemplo, apresenta as rases de Deming, Juran, Crosby e Ishikawa.
Deming “melhoria contínua”
“próprio para o uso”
“em conformidade com os requisitos”
“o mais econômico, o mais útil e que
sempre satisfaça o consumidor”
Juran
Crosby
Ishikawa
Figura 1.1 - Frases amosas dos “gurus” da qualidade.
Com certeza, você concorda com as rases apresentadas na Figura 1.1. Todas podem ser iden-
ti�cadas quando, por exemplo, se compra um aparelho celular. A rase de Deming (“melhoria con-
tínua”) demonstra o interesse do consumidor por um aparelho com uma melhor tecnologia, uma
câmera de melhor resolução, com utilização de 4G, dentre outros. A rase de Juran (“próprio para o
uso”) lembra que não adianta possuir um teleone móvel que não az nem recebe chamadas. A rase
de Crosby (“em conormidade com os requisitos”) estabelece que o celular somente unciona utili-
zando determinada aixa de requências. E por �m, a rase de Ishikawa (“o mais econômico, o mais
útil e que sempre satisaça o consumidor”) alerta que nem sempre o mais caro e o mais moderno
satisazem o consumidor. Continuando no exemplo do celular, a possibilidade de usar simultanea-
mente dois chips de operadoras distintas não está presente nos celulares top de linha.
Em termos gerais, a prática da qualidade deve ser uma �loso�a organizacional, expressa por
meio de ações que ocalizem o processo produtivo e que busquem a vantagem competitiva a longo
prazo. Mas como conseguir isso? A melhoria contínua, o respeito, a participação e a con�ança de
todos os ornecedores, clientes e colaboradores são as atitudes necessárias. O conjunto de processos
que determinam a excelência de um produto ou serviço é denominado Gestão para a Qualidade
Total (GQT), Gerência da Qualidade Total (GQT) ou Controle de Qualidade Total (CQT). Essas
siglas surgiram no período após a Segunda Guerra Mundial. Nessa época era necessário abricar
armas em grande quantidade e que não alhassem perante o conronto com o inimigo.
Entretanto, quando teve início a concepção da qualidade?  Como isso aconteceu? Provavel-
mente com os primeiros seres humanos, que tinham que caçar (e não sercaçados) para a subsis-
tência de suas amílias. Os caçadores mais hábeis e com os melhores instrumentos garantiam a
melhor caça. Assim, intrinsecamente eles sabiam o que era qualidade para ter sucesso na caçada e
se manter vivos. A Figura 1.2 (a) apresenta a caricatura de dois homens pré-históricos carregando
sua caça e (b) apresenta �guras rupestres marcadas em cavernas rochosas mostrando os hábitos e
as práticas de caça.
1111História da QualidadeHistória da Qualidade
   M   M
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(a) (a) (b)(b)
Figura 1.2Figura 1.2 -- (a)(a) Caça sendo carregada e Caça sendo carregada e (b) (b) ilustrações pré-históricas em rochas  ilustrações pré-históricas em rochas (pinturas rupestres).(pinturas rupestres).
Avançando na linha do tempo, nos séculos XVIII e XIX, a qualidade era controlada pelosAvançando na linha do tempo, nos séculos XVIII e XIX, a qualidade era controlada pelos
artesãos, que abricavam seus arteatos. Eles escolhiam a matéria-prima e realizavam todas as etapas doartesãos, que abricavam seus arteatos. Eles escolhiam a matéria-prima e realizavam todas as etapas do
processo construtivo, bem como a venda de seus produtos. Se durante o processo produtivo ocorressemprocesso construtivo, bem como a venda de seus produtos. Se durante o processo produtivo ocorressem
erroerros de s de abricação, eles mesmos percebiam e corrigiam.abricação, eles mesmos percebiam e corrigiam.
A partir da Revolução Industrial, a necessidade de produção em grande escala ocasionouA partir da Revolução Industrial, a necessidade de produção em grande escala ocasionou
a troca dos artesãos por mão de obra não especializada auxiliada por máquinas de grande porte,a troca dos artesãos por mão de obra não especializada auxiliada por máquinas de grande porte,
movidas a vapor. James Watt, construtor de instrumentos cientí�cos, destacou-se pelos melhora-movidas a vapor. James Watt, construtor de instrumentos cientí�cos, destacou-se pelos melhora-
mentos que introduziu no motor a vapor, que se constituíram um passo undamental para a Revolu-mentos que introduziu no motor a vapor, que se constituíram um passo undamental para a Revolu-
ção ção IndustIndustrial.rial.
A Revolução Industrial oi a transição para novos processos de manuatura (trabalhos comA Revolução Industrial oi a transição para novos processos de manuatura (trabalhos com
máquinas) no período entre 1760 e máquinas) no período entre 1760 e 1840. Essa transormação incluiu a abricação de novos produt1840. Essa transormação incluiu a abricação de novos produtosos
químicos, os novos processos de produção de erro, a maior e�ciência da energia da água e o usoquímicos, os novos processos de produção de erro, a maior e�ciência da energia da água e o uso
crescente da energia a vapor. A primeira atividade abril de mecanização oi a abricação de tecidos.crescente da energia a vapor. A primeira atividade abril de mecanização oi a abricação de tecidos.
Teares de grande capacidade produtiva oram desenvolvidos na Europa, Estados Unidos e Japão.Teares de grande capacidade produtiva oram desenvolvidos na Europa, Estados Unidos e Japão.
A Figura 1.3 A Figura 1.3 mostra tecelões peruanos coneccionandmostra tecelões peruanos coneccionando tapetes e apresenta um selo comemora-o tapetes e apresenta um selo comemora-
tivo com a ilustração representando James Watt e a máquina a vapor.tivo com a ilustração representando James Watt e a máquina a vapor.
   E   E
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(a) (a) (b)(b)
Figura 1.3 -Figura 1.3 - (a)(a) Trabalh Trabalho manual de artesãos eo manual de artesãos e (b)(b) trabalho mecanizad trabalho mecanizado utilizando vapor.o utilizando vapor.
1212 Qualidade na Construção CivilQualidade na Construção Civil
O aumento de escala da produção introduziu o chamadoO aumento de escala da produção introduziu o chamado controle da qualidade,controle da qualidade, com o obje- com o obje-
tivo principal de evitar os custos do retrabalho. Inicialmente com oco na inspeção do produto �nal,tivo principal de evitar os custos do retrabalho. Inicialmente com oco na inspeção do produto �nal,
o controle da qualidade evoluiu com a adoção da inspeção em dierentes etapas do processo produ-o controle da qualidade evoluiu com a adoção da inspeção em dierentes etapas do processo produ-
tivo, como o controle estatístico da qualidade, as cartas de controle, dentre outros. Todavia, o con-tivo, como o controle estatístico da qualidade, as cartas de controle, dentre outros. Todavia, o con-
trole da qualidade tinha ênase na detecção de deeitos ou alhas. O distanciamento entre quem pro-trole da qualidade tinha ênase na detecção de deeitos ou alhas. O distanciamento entre quem pro-
duzia e quem consumia e a segmentação do controle da qualidade, como consequência da produçãoduzia e quem consumia e a segmentação do controle da qualidade, como consequência da produção
seriada, diluíram a responsabilidade pela qualidade e os problemas com a qualidade dos produtosseriada, diluíram a responsabilidade pela qualidade e os problemas com a qualidade dos produtos
surgiram com maior intensidade.surgiram com maior intensidade.
A produção em grande escala, proporcionada pelas grandes máquinas, precisava de traba-A produção em grande escala, proporcionada pelas grandes máquinas, precisava de traba-
lhadores integrados a esse novo cenário. Esse movimento, conhecido como taylorismo, procuravalhadores integrados a esse novo cenário. Esse movimento, conhecido como taylorismo, procurava
aliar o máximo de produção e rendimento ao mínimo de tempo e de atividade. Elaborado peloaliar o máximo de produção e rendimento ao mínimo de tempo e de atividade. Elaborado pelo
engenheiro e economista americano Frederick W. Taylor (1856-1915), tal sistema promoveu grandeengenheiro e economista americano Frederick W. Taylor (1856-1915), tal sistema promoveu grande
racionalização do trabalho e alta produtividade, por meio do trabalho em série. E a qualidade? Naracionalização do trabalho e alta produtividade, por meio do trabalho em série. E a qualidade? Na
maioria dos casos, ocorria maioria dos casos, ocorria uma diminuição da qualidade dos produtos.uma diminuição da qualidade dos produtos.
No início do século XX, o norte-americano Henry Ford undou a Ford Motor Company eNo início do século XX, o norte-americano Henry Ford undou a Ford Motor Company e
inventou a montagem em série, produzindo grande quantidade de automóveis em menos tempoinventou a montagem em série, produzindo grande quantidade de automóveis em menos tempo
e a um menor custo. Seu modelo Ford T, lançado em 1908, promoveu uma revolução nos trans-e a um menor custo. Seu modelo Ford T, lançado em 1908, promoveu uma revolução nos trans-
portes e na indústria dos Estados Unidos. Tratava-se de um veículo con�ável, robusto, seguro,portes e na indústria dos Estados Unidos. Tratava-se de um veículo con�ável, robusto, seguro,
simples de dirigir e principalmente barato. Sua abricação tomou novo rumo em 1913, quandosimples de dirigir e principalmente barato. Sua abricação tomou novo rumo em 1913, quando
Ford baseou-se nos processos de produção dos revólveres Colt e das máquinas de costura Singer,Ford baseou-se nos processos de produção dos revólveresColt e das máquinas de costura Singer,
para criar a linha de montagem e a produção em série, proporcionando outra revolução, dessa vezpara criar a linha de montagem e a produção em série, proporcionando outra revolução, dessa vez
na indústria automobilística.na indústria automobilística.
A Figura 1.4 apresenta um selo comemorativo com a imagem de Henry Ford com o modeloA Figura 1.4 apresenta um selo comemorativo com a imagem de Henry Ford com o modelo
Ford T ao undo e uma otogra�a do modelo Ford T.Ford T ao undo e uma otogra�a do modelo Ford T.
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Figura 1.4 -Figura 1.4 - (a)(a) Selo comemorativo com imagem de Henry  Selo comemorativo com imagem de Henry Ford eFord e (b)(b) modelo Ford T. modelo Ford T.
Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a situação de ocorrências de inúmeros deei-situação de ocorrências de inúmeros deei-
tos em produtos militares e bélicos levou muitos estudiosos a buscar soluções cientí�cas. A publicação,tos em produtos militares e bélicos levou muitos estudiosos a buscar soluções cientí�cas. A publicação,
1313História da QualidadeHistória da Qualidade
de 1931, intituladade 1931, intitulada Economic Control of Manufactured ProductsEconomic Control of Manufactured Products, do matemático americano W. A., do matemático americano W. A.
Shewart, revolucioShewart, revolucionou os princípios da qualidade, porque pela primeira vez nou os princípios da qualidade, porque pela primeira vez a qualidade oi abordadaa qualidade oi abordada
com um caráter cientí�co, utilizandcom um caráter cientí�co, utilizando-se os princípios da o-se os princípios da probabilidade e da estatística para probabilidade e da estatística para inspecio-inspecio-
nar a produção.nar a produção.
No início da Segunda Guerra Mundial (1939), houve uma grande conversão das indústriasNo início da Segunda Guerra Mundial (1939), houve uma grande conversão das indústrias
para a abricação de produtos militares com qualidade e dentro dos prazos. O período seguinte ao �mpara a abricação de produtos militares com qualidade e dentro dos prazos. O período seguinte ao �m
da Segunda Guerra Mundial (1945) trouxe o controle de processos. Esse tipo de controle engloba todada Segunda Guerra Mundial (1945) trouxe o controle de processos. Esse tipo de controle engloba toda
a produção, desde o projeto até o acabamento. No período pós-guerra, os japoneses decidiram partira produção, desde o projeto até o acabamento. No período pós-guerra, os japoneses decidiram partir
para a industrialização, importando recursos naturais (para a industrialização, importando recursos naturais (commoditiescommodities)) e exportando produtos manuatu-e exportando produtos manuatu-
rados. Seria necessário qualidade, preço e abricação e�ciente, bem como importar conhecimento. Porrados. Seria necessário qualidade, preço e abricação e�ciente, bem como importar conhecimento. Por
isso, em 1950 chegou ao Japão o proessor W. Edwards Deming, levando um método de controle esta-isso, em 1950 chegou ao Japão o proessor W. Edwards Deming, levando um método de controle esta-
tístico do processo. Esta época oi considerada o apogeu do controle estatístico da qualidade. Demingtístico do processo. Esta época oi considerada o apogeu do controle estatístico da qualidade. Deming
criou uma lista criou uma lista de 14 pontos undamentais para a implantação da qualidade:de 14 pontos undamentais para a implantação da qualidade:
»» 11oo princípio: princípio: estabeleça constância de propósitos para a melhoria do produto e do serviço, estabeleça constância de propósitos para a melhoria do produto e do serviço,
objetivando tornar-se competitivo e manter-se em atividade, bem como criar emprego,objetivando tornar-se competitivo e manter-se em atividade, bem como criar emprego,
»» 22oo princípio: princípio: adote a nova �loso�a. A  adote a nova �loso�a. A administração ocidental deve acordar para o administração ocidental deve acordar para o desa�odesa�o,,
conscientizar-se de suas responsabilidades,conscientizar-se de suas responsabilidades,
»» 33oo princípio: princípio:  deixe de depender da inspeção para atingir a qualidade. Elimine a neces-  deixe de depender da inspeção para atingir a qualidade. Elimine a neces-
sidade de inspeção em massa, introduzindo a qualidade no produto desde seu primeirosidade de inspeção em massa, introduzindo a qualidade no produto desde seu primeiro
estágio,estágio,
»» 44oo  princípio:  princípio:  cesse a prática de aprovar orçamentos com base no preço. Em vez disso,  cesse a prática de aprovar orçamentos com base no preço. Em vez disso,
minimize o custo total. Desenvolva um único ornecedor para cada item, em relaciona-minimize o custo total. Desenvolva um único ornecedor para cada item, em relaciona-
mento de longo prazo undamentado na lealdade mento de longo prazo undamentado na lealdade e na e na con�ança,con�ança,
»» 55oo princípio: princípio: melhore constantemen melhore constantemente o sistema te o sistema de produção e de de produção e de prestação de serviços prestação de serviços dede
modo a melhorar a qualidade e a produtividade e, consequentemente, reduzir de ormamodo a melhorar a qualidade e a produtividade e, consequentemente, reduzir de orma
sistemática os custos,sistemática os custos,
»» 66oo princípio: princípio: institua treinamento no local de trabalho, institua treinamento no local de trabalho,
»» 77oo princípio: princípio:  institua liderança. O objetivo da che�a deve ser o de ajudar as pessoas, as  institua liderança. O objetivo da che�a deve ser o de ajudar as pessoas, as
máquinas e os dispositivos a máquinas e os dispositivos a executarem um trabalho melhorexecutarem um trabalho melhor. A che�a . A che�a administrativa estáadministrativa está
necessitando de uma revisão necessitando de uma revisão geral tanto quanto a che�a dos geral tanto quanto a che�a dos trabalhadores de produção,trabalhadores de produção,
»» 88oo  princípio:  princípio:  elimine o medo, de orma que todos trabalhem de modo e�caz para a  elimine o medo, de orma que todos trabalhem de modo e�caz para a
empresa,empresa,
»» 99oo princípio: princípio: elimine as barreiras entre os departamentos. As pessoas engajadas em pes- elimine as barreiras entre os departamentos. As pessoas engajadas em pes-
quisas, projetos, vendas e produção devem trabalhar em quisas, projetos, vendas e produção devem trabalhar em equipe, de modo equipe, de modo a prever proble-a prever proble-
mas de produção e de mas de produção e de utilização do produto ou serviço,utilização do produto ou serviço,
»» 1010oo princípio: princípio: elimine lemas, exortações e metas para a mão de obra que exijam nível zero elimine lemas, exortações e metas para a mão de obra que exijam nível zero
de alhas e estabeleçam novos níveis produtividade. Tais exortações apenas geram inimi-de alhas e estabeleçam novos níveis produtividade. Tais exortações apenas geram inimi-
zades, visto que o grosso das causas da baixa qualidade e da baixa produtividade encon-zades, visto que o grosso das causas da baixa qualidade e da baixa produtividade encon-
tra-se no sistema, estando, portanto, ora do alcance dos trabalhadores,tra-se no sistema, estando, portanto, ora do alcance dos trabalhadores,
14 Qualidade na Construção Civil
» 11o princípio: elimine padrões de trabalho (quotas) na linha de produção. Substitua-os
pela liderança; elimine o processo de administração por objetivos. Elimine o processo de
administração por ciras e por objetivos numéricos.Substitua-os pela administração por
processos por meio do exemplo de líderes,
» 12o princípio: remova as barreiras que privam o operário horista de seu direito de orgu-
lhar-se de seu desempenho. A responsabilidade dos chees deve ser mudada de números
absolutos para a qualidade. Remova as barreiras que privam as pessoas da administra-
ção e da engenharia de seu direito de orgulhar-se de seu desempenho. Isso signi�ca a
abolição da avaliação anual de desempenho ou de mérito, bem como da administração
por objetivos,
» 13o princípio: institua um orte programa de educação e autoaprimoramento,
» 14o princípio: engaje todos da empresa no processo de realizar a transormação. A trans-
ormação é da competência de todo mundo (DEMING, 1990).
Em 1954, o engenheiro Joseph M. Juran também oi ao Japão ensinar qualidade e colaborou
na criação da JUSE (Japanese Union o Scientists and Engineers) para acompanhar e desenvolver as
normas da qualidade.
No �nal dos anos 1950 e no início dos anos 1960, Kaoru Ishikawa aprendeu os princípios do
controle estatístico da qualidade desenvolvido por Deming e Juran. Seu papel-chave ocorreu no
desenvolvimento de uma estratégia especi�camente japonesa da qualidade. A característica japonesa
é a ampla participação na qualidade, não somente de cima para baixo, dentro da organização, mas
igualmente começando e terminando no ciclo de vida de produto. Em conjunto com a JUSE, em
1962, Ishikawa introduziu o conceito de Círculo de Qualidade. Em 1982, criou o Diagrama de Causa
e Eeito, também conhecido como Diagrama de Ishikawa, erramenta poderosa que acilmente
pudesse ser usada por não especialistas para analisar e resolver problemas.
A Figura 1.5 apresenta munição utilizada durante a Segunda Guerra Mundial, que oi uma
das preocupações do desenvolvimento dos procedimentos da Qualidade e o desembarque de tropas
americanas, durante esse mesmo con�ito, em uma ilha do Oceano Pací�co, ocasião em que a qua-
lidade dos armamentos e equipamentos – que estavam molhados – deveria garantir seu unciona-
mento ao chegarem a terra �rme.
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(a) (b)
Figura 1.5 - (a) Munição de guerra e (b) desembarque de soldados.
15História da Qualidade
Philip B. Crosby �cou conhecido, na década de 50, pela rase “A qualidade é grátis”. O livro
assim denominado teve tanto sucesso que Crosby estabeleceu a sua própria empresa de consultoria
e undou um colégio para a qualidade, na Flórida. Os dois pilares das suas obras são o “azer bem
à primeira” e a �loso�a de “zero deeito” (pressupõe que a empresa não parte do princípio de que
haverá erros de abricação).
Novamente motivada por um con�ito, a Guerra da Coreia (década de 1960), a indústria bélica
americana se destacou com o programa “zero deeito”, criado por Philip Crosby. Paralelamente, nesse
período, no Japão oram desenvolvidos os Círculos de Controle de Qualidade por Kaoru Ishikawa.
Nas décadas que seguiram até a virada do século XX para o século XXI, os Estados Unidos e o Japão
representavam as maiores potências no processo da qualidade, porém deendiam enoques estratégi-
cos dierentes. Os EUA investiram na visão de mercado e nas necessidades do consumidor; o Japão
cresceu investindo na melhoria contínua de seus processos. A década de 1990 marcou o início da
utilização das normas ISO 9000 sobre modelo de garantia da qualidade. A versão 2000 da ISO 9000
ampliou sua abordagem e trata agora de Sistema de Gestão da Qualidade (NBR ISO 9001:2000). Isso
permitiu ormar um único sistema: o Sistema Integrado de Gestão (SIG), que é a gestão integrada de
todos os aspectos da qualidade da empresa.
O Código de Defesa do Consumidor – CDC, foi criado pela Assembleia Nacional Constituinte e apresenta a responsabili-
dade por vício do produto e dos serviços, indicando que os vícios de qualidade se dão por inadequação do bem de con-
sumo à sua destinação, sendo eles aparentes ou ocultos.
Para ler mais sobre o CDC, acesse: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078.htm> e <http://www.idec.org.br/ 
consultas/codigo-de-defesa-do-consumidor>.
Amplie seus conhecimentos
1.2 A qualidade no Brasil
A qualidade no Brasil “desembarcou” na década de 80 impulsionada pela indústria automobi-
lística e seus amosos controles da qualidade implantados nas montadoras e nos seus ornecedores.
Criado na década de 90, o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade (PBQP) valorizava
a consciência do cidadão enquanto consumidor e a sua exigência por qualidade. O setor privado
também embarcou “nessa moda”, porque, com a abertura da
economia ao mercado internacional, as empresas sentiram a
necessidade de garantir sua sobrevivência, sendo de extrema
necessidade o aumento da produtividade e da qualidade.
Ocorreu inicialmente com a indústria automobilística e poste-
riormente se espalhou em empresas de todos os setores, indús-
trias de transormação e de construção, comércio, serviços,
setor agrícola e inclusive o serviço público.
A Figura 1.6 apresenta o processo automatizado de soldagem da estrutura do automóvel e uma
linha de montagem de uma empresa automobilística.
Cliente é o nome dado a quem compra e
Consumidor  é a denominação de quem
utiliza. Podem ser a mesma pessoa ou
pessoas distintas.
16 Qualidade na Construção Civil
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(a) (b)
Figura 1.6 - (a) Processo robotizado de soldagem e (b) linha de montagem de automóveis.
A qualidade está presente não apenas no setor secundário, a indústria, mas também no setor
primário (agricultura) e terciário (comércio). Aliás, nesses setores, o Brasil possui a liderança em
 vários segmentos de mercado.
O conceito da qualidade evoluiu na agricultura. O conceito antigo da qualidade entende a
palavra qualidade como associada a certas maniestações ísicas mensuráveis no produto. Por exem-
plo: tamanho, peso e aspecto exterior dos produtos hortirutigranjeiros, percentagem de gordura
no leite e produtividade de cereais em kg/ha. O conceito moderno da qualidade entende a palavra
qualidade no seu sentido amplo e dinâmico. Por exemplo: em uma ruta, mais importante que seu
aspecto ou tamanho serão, por exemplo, a quantidade de resíduos tóxicos que ela possui e as altera-
ções da riqueza da vida microbiana do solo, induzidas por aqueles insumos, que acabam se embu-
tindo no processo produtivo.
A Figura 1.7 apresenta o ciclo de engarraamento de um recurso natural, a água. Em (a), a
amostra de água é coletada; em (b), a amostra de água é analisada em laboratório; e em (c), a amos-
tra de água é engarraada sem contato manual por meio de um processo industrial.
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(a) (b) (c)
Figura 1.7 - (a) Coleta da amostra de água, (b) análise laboratorial e (c) engarraamento.
17História da Qualidade
A agricultura no Brasil é responsável pela maior quantidade de recursos monetários vindos do
exterior. Por exemplo, citando o cultivo de tomates: no mundo e no Brasil, são valorizados produtos
alimentícios de qualidade e sem agrotóxicos (plantio orgânico). A Figura 1.8 apresenta uma estua
de cultivo de tomate; um uncionário colhendo tomates; caixas de madeira que dani�cam a superí-
cie do tomate e uma caixa de plástico para armazenamento mais adequado.
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(c) (d)
Figura 1.8 - (a) Plantio, (b) colheita, (c) armazenamento em caixa de madeira
e (d) armazenamento em caixa de plástico.
Esse exemplo demonstra que a qualidade deve estar presente em todas as etapas do processo.
De nada adianta ser cuidadoso na escolha da semente, no cultivo e na colheita e depois descuidar-se
nas etapas de armazenamento e transporte. E perceba que a solução adotada oi simples, sem encare-
cer demasiadamente o preço do produto �nal.
18 Qualidade na Construção Civil
Em 1991, a Fundação Prêmio Nacional da Qualidade (FPNQ) oi criada e, a partir do estudo
de vários modelos de prêmios de excelência, de�niu e passou a conceder anualmente o Prêmio
Nacional da Qualidade (PNQ). Em 2005, a FPNQ tornou-se a Fundação Nacional da Qualidade
(FNQ), cuja missão é propagar os undamentos da excelência em gestão para o aumento da competi-
tividade das organizações e do Brasil.
As empresas que implantaram qualidade apresentaram três conceitos básicos para detectar
deeitos e oportunidades de melhorias:
» a inormação interna e em relação aos concorrentes;
» a redução do tempo de ciclos e processos;
» o acompanhamento e a documentação de tareas e processos.
A prestação de serviço apresenta como característica um contato próximo ao consumidor. De
nada adianta o produto ser de qualidade e a sua exposição à venda não seduzir o cliente. Deve ser
percebido pelo cliente itens como limpeza, organização e atendimento adequado, com gentileza e
ornecimento de inormações sobre o produto.
As pessoas costumam acreditar que a qualidade está relacionada ao produto �nal. No entanto,
na realidade a qualidade deve ser mantida em cada etapa do processo de execução de um serviço,
pois em muitos casos, um material de péssima qualidade pode ocasionar sérios problemas ao con-
sumidor e grandes prejuízos na vida do trabalhador. Por isso, é extremamente importante manter a
qualidade presente no �uxo de todos os procedimentos.
A Figura 1.9 apresenta a preocupação com a qualidade de carnes expostas em um supermer-
cado e apresenta a preocupação com a qualidade de pães rescos recém-saídos do orno.
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(a) (b)
Figura 1.9 - (a) Exposição de carnes rerigeradas (venda de carnes) e
(b) prateleira repleta de pães de orma (venda de pães).
19História da Qualidade
A implantação de um sistema da qualidade total leva tempo, porque revoluciona o conheci-
mento até as bases do nível organizacional, como a educação constante, a permissão para a parti-
cipação e a criatividade, bem como a valorização do ser humano pela política do crescimento e da
qualidade de vida. Desse modo, estabelecer o sistema da qualidade não signi�ca aumentar ou redu-
zir a qualidade dos serviços ou produtos, mas aumentar ou reduzir a certeza de que os requisitos e
as atividades especi�cados sejam cumpridos. Os avanços nas tecnologias de inormática, transportes
e comunicação aumentaram ainda mais a velocidade das mudanças e transormaram o dierencial
competitivo, que passa a ser a rapidez e a competência da empresa em aprender, interagir e respon-
der ao mercado.
A qualidade é um conceito dinâmico e estratégico para as empresas e sociedades. A qualidade de um produto está dire-
tamente relacionada com a percepção das pessoas envolvidas. Isso ocorre desde a sua concepção na fase de projeto, sua
elaboração na etapa de produção, seu nível de desempenho quando de sua utilização como produto final e seu descarte
no pós-utilização.
Leia mais sobre qualidade em: <http://www.qualidadebrasil.com.br/.>
Amplie seus conhecimentos
Neste capítulo oi visto como se deu a origem do conceito de qualidade nas atividades do homem,
bem como oram de�nidos seus conceitos básicos ao longo da História. A preocupação com a quali-
dade sempre oi relacionada à sobrevivência do homem, particularmente em situação de guerra, ou em
ambientes mercadológicos.
Vamos recapitular?
20 Qualidade na Construção Civil
gora é com você!
1) Quem apresentou pela primeira vez o conceito da qualidade?
2) Quando oi criado o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade (PBQP)?
3) O proessor W. Edwards Deming criou um método de controle estatístico da quali-
dade de processos. Ele criou uma lista de 14 pontos undamentais para a implantação
da qualidade. Cite cinco pontos undamentais dessa teoria.
4) Cite os três conceitos básicos para detectar deeitos e oportunidades de melhorias
que as empresas que implantaram qualidade apresentaram.
5) Quais são as dierenças entre a qualidade do setor secundário e terciário?
6) Como a qualidade de produtos interere na produtividade de serviços?
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2
Qualidade nas
Edificações do
Mundo Antigo
Este capítulo tem por objetivo apresentar como os parâmetros da qualidade eram observados
pelos principais povos do mundo antigo.
Para começar
2.1 A natureza da qualidade
O homem, desde os seus primórdios, tem percepção sobre o que é qualidade. Para sobreviver,
quando extraía da natureza alimentos, ele já se preocupava com a qualidade. A adoção de práticas
agrícolas permitiu cuidar da qualidade daquilo que plantava e colhia. A preocupação com a segurança
também estava presente na qualidade das pedras selecionadas para a abricação de armas e erramen-
tas. Lascas a�adas de pedras vulcânicas (mais macias) serviam para cortar carne e retirar polpa de
plantas conorme observa-se na Figura 2.1.
Diversos tipos de ossos, pedaços de madeira e de pedras oram característicos da presença
humana na Era Paleolítica. Eles eram abricados por meio do manuseio de grandes pedras de
maneira a lhes dar orma adequada para cortar, raspar ou urar. E quais oram os principais instru-
mentos abricados? Pontas de �echa, machados de mão e mais tarde agulhas de osso, arcos e �echas.
Os ancestrais humanos também se interessaram por maniestações artísticas, por exemplo,
com a conecção de pinturas. Desenhos e sinais eram as representações grá�cas que compunham a
arte rupestre presente em paredes de cavernas pelos homens da Pré-História.
22 Qualidade na Construção Civil
As principais “erramentas” utilizadas para a execução das pinturas rupestres eram os dedos
das mãos e, na sequência evolutiva, apareceram os pincéis rudimentares de penas ou de madeira. A
matéria-prima utilizada para obter uma grande variedade de cores eram o carbono e as rochas em
pó, com destaque para o óxido de erro, do qual se obtinha a coloração vermelha-alaranjada. A �xa-
ção nas paredes de rocha ocorria por conta da diluição em substâncias gordurosas ou seivas vegetais.
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Figura 2.2 - Pintura rupestre com desenhos em vermelho.
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Figura 2.1 - Ferramentas e armas eitas de pedra.
23Qualidade nas Edificações do Mundo Antigo
A grandiosidade das grandes obras da Antiguidade ocorreu principalmente pela grande capa-
cidade de organizar milhares de trabalhadores em atividades organizadas. Por isso é possível a�r-
mar que o Controle de Processo oi mais relevante que o Controle Estatístico da Qualidade. Exem-
plos dessa a�rmação são as construções das pirâmides do Egito Antigo, das obras arquitetônicas
da Grécia Antiga, a construção naval de Veneza no século XVI e a organização militar dos persas.Os métodos utilizados para conduzir exércitos de trabalhadores baseavam-se na obediência às
normas e nos procedimentos relativos às sequências construtivas.
O artesão, desde que começou a abricar produtos para o seu próprio uso e para a venda, contro-
lava todo o processo de artesanato: concepção, projeto, escolha da matéria-prima, abricação, controle
da qualidade e comercialização. Ele praticava o que hoje se pretende implantar – o autocontrole.
A proximidade entre o produtor e o consumidor permitia um retorno imediato de inormação
sobre o desempenho do produto. Isso permitia que o artesão soubesse rapidamente quais eram as
necessidades, expectativas e os desejos de seus consumidores, sem a necessidade de procedimentos
administrativos ou a existência de intermediários. E, da parte dos consumidores, estes, conhecendo
as aptidões e as limitações do artesão, criavam uma expectativa mais próxima em relação à qualidade
do produto e da prestação de serviço que estavam prestes a receber.
A Figura 2.3 apresenta um arteato de vidro sendo abricado em orno artesanal na cidade de
Murano, Itália.
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Figura 2.3 - Arteato de vidro sendo produzido por método artesanal.
24 Qualidade na Construção Civil
2.2 Qualidade no Egito antigo
Os egípcios desejavam eternizar reinados porque a religião existente na época tinha como
dogma a vida após a morte. A arte e a arquitetura tinham um papel undamental para a existência
perene do nome e dos eitos realizados pelos araós egípcios. Até os dias atuais, muitos turistas visi-
tam as diversas pirâmides, esculturas, painéis com hieróglios e pinturas. As técnicas construtivas
utilizadas das pirâmides e suas câmaras secretas intrigam até os estudiosos no assunto e motivam
roteiristas de �lmes a ambientarem suas gravações no Egito.
A Figura 2.4 apresenta um mapa do Egito Antigo. É possível perceber a importância do rio
Nilo na evolução do império egípcio. Atualmente muitas regiões do planeta ainda sorem com
as cheias de grandes rios, mas sabemos da importância desse enômeno. E os egípcios também
conheciam os dois principais aspectos positivos da cheia cíclica de um grande rio: a oerta de água
e a adubação natural de grandes aixas de terra em razão dos nutrientes trazidos pela cheia. Por
isso, às margens do Nilo oram construídos diques e reservatórios, a �m de reter as águas que
seriam utilizadas.
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Figura 2.4 - Mapa do Egito Antigo.
25Qualidade nas Edificações do Mundo Antigo
Esse “domínio” sobre o rio Nilo auxiliou na evolução da cultura egípcia porque conseguiam
ter água disponível em época de estiagem e também tinham anualmente áreas desérticas aptas
para o cultivo de lavouras. A regularidade no ornecimento de alimentos permitiu abastecer a
população e os soldados que constituíam o exército, responsável por muitas conquistas.
As pirâmides, construções destinadas aos araós, tinham base quadrangular. Esses monumen-
tos ganhavam altura com a sobreposição em camadas de pedras que pesavam de 15 a 25 toneladas
e mediam de 10 a 15 metros de largura, além de serem admiravelmente lapidadas. A pirâmide em
degraus do araó Zoser é a mais antiga criação em pedra talhada existente no mundo, sendo conside-
rada o berço da arquitetura. Essa pirâmide em degraus oi o primeiro arranha-céu da história, com
60,96 metros de altura.
Muitos dos eitos antigos chegaram até os nossos dias porque causaram enorme impacto na
cultura local da época. Imhotep, o arquiteto-chee das obras do Faraó Zoser, da Terceira Dinastia,
eternizou sua marca em virtude da construção da primeira pirâmide egípcia, construída em orma
de degraus. Ele conseguiu projetar um sistema de normas para extração, corte e polimento de pedras
que, mesmo abricadas a longa distância do local da montagem, eram cortadas com precisão, nume-
radas e identi�cadas de acordo com o local da montagem.
Antes da pirâmide de Zoser, os araós eram enterrados em mastabas (palavra árabe que signi-
�ca “banco de pedra”). Tratava-se de túmulos construídos com pedra ou tijolos, submetidos à expo-
sição solar (o que permitia o enrijecimento e um sequente corte mais preciso). Apresentavam ormas
de pirâmide truncada e dimensões de, em média, 30 metros de comprimento, 15 metros de largura e
6 metros de altura.
A Figura 2.5 apresenta a pirâmide de Zoser, datada de 2650 a.C. Atualmente ela não apresenta
o revestimento original de pedra calcária branca polida.
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Figura 2.5 - Pirâmide de Zoser.
26 Qualidade na Construção Civil
São três as Pirâmides de Gizé, por ordem decrescente de tamanho: a Grande Pirâmide de Gizé
(também conhecida como Grande Pirâmide, Pirâmide de Quéops ou Khuu), a Pirâmide de Quéren
(ou Chephren) e as Pirâmides de Miquerinos (ou Menkaure). Ao lado leste desse complexo, vê-se a
Grande Es�nge.
A maior delas, Pirâmide de Quéops (147 metros de altura), é também a mais antiga e a mais
bem construída. É ormada por blocos encaixados com precisão micrométrica, cada um com peso
de duas toneladas e meia. Foi necessária a orça de trabalho de aproximadamente 100 mil homens
livres durante 20 anos, segundo estimativas. Até 1900, ano da construção da Torre Eiffel, detinha o
posto de mais alta estrutura eita pelo homem.
À distância, a pirâmide dava a impressão de ser entalhada em uma única rocha, tal era a pre-
cisão da abricação dos blocos de pedra calcária. É bem provável que os pesados blocos ossem colo-
cados sobre trenós de madeira e arrastados sobre uma longa rampa. À medida que a pirâmide se
tornava mais alta, a rampa �cava mais longa a �m de manter o mesmo nível de inclinação. Já outra
teoria diz que uma rampa envolvia a pirâmide como uma escada em espiral.
Como a luz do sol era re�etida pela pedra calcária, a pirâmide se tornava visível a uma grande
distância. Mas o ato mais curioso é que os quatro lados da Pirâmide de Quéops apontam, com pre-
cisão, os quatro pontos cardeais da bússola: Norte, Sul, Leste e Oeste.
A Figura 2.6 apresenta o complexo de pirâmides de Gizé, o detalhe da montagem dos blocos
de pedra da pirâmide de Quéops e o detalhe do tamanho dos blocos de pedra perante a dimensão
das pessoas.
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Figura 2.6 - Pirâmides de Gizé.
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Figura 2.6 - Pirâmides de Gizé (continuação).
Em um sistema construtivo, mesmo de civilizações antigas, além de um excelente projeto e
um atuante gestor que organize as atividades da obra, são necessários alguns cuidados no aspecto
técnico. Diversas pirâmides, obras e construções ocorrendo de maneira simultânea exigiram a ado-
ção de um padrão de medida para concretizar corretamente as orientações presentes nos projetos. O
araó Khuu criou o primeiro padrão de medida no Egito, um padrão de granito preto, chamado de
“cúbito real egípcio”. Como oi obtido o comprimento de 524 mm que se subdividia em 28 partes?
Foi adotado o comprimento da distância do cotovelo até a ponta do dedo médio do araó Khuu. O
araó também percebeu a importância da disseminação desse padrão em todas as suas obras. Por
isso, os trabalhadores detinham nos locais de trabalho cópias desse padrão, em pedra ou madeira,
cuja manutenção era da responsabilidade do arquiteto real.
28 Qualidade na Construção Civil
A Figura 2.7 apresenta o esquema do cúbito real egípcio e a máscara mortuária de um araó.
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(a) (b)
Figura 2.7 - (a) Medida-padrão e (b) máscara mortuária de um araó mostrando o antebraço.
O que muitos historiadores chamam de milagres ou mistérios nas grandes construções egíp-
cias pode ser traduzido por:
» adoção de sistemas construtivos inovadores;
» planejamento detalhado do sistema de construção;
» atendimento às normas de qualidade estabelecidas;
» implantação de novos materiais;
» controle rígido de processos.
2.3 Qualidade nas dinastias chinesas
A China é uma das mais antigas nações a ter desenvolvido uma civilização. O sucesso obtido
pelas dinastias da China, desde a primeira – Dinastia Xia (século XXI a.C.) até a destruição da
Dinastia Qing (1911) – pode ser atribuído a um sistema político rígido que atuou no controle do
país, auxiliando a instalação de práticas gerenciais sólidas e uniormes. Por exemplo, a Dinastia
de Zhou (séc. XI a.C.–séc. VIII a.C.) estabeleceu um sistema composto de um número especí�co de
organizações gerenciadas por o�ciais.
Essas organizações oram divididas em grandes departamentos de acordo com as unções por
elas desempenhadas:
29Qualidade nas Edificações do Mundo Antigo
» coleta, processamento, armazenamento e distribuição de matéria-prima e materiais
semiacabados;
» manuatura de produtos;
» armazenamento e distribuição de produtos;
» elaboração de normas para qualidade e produtividade;
» inspeção e ensaios regidos por normas.
A Figura 2.8 apresenta o mapa da China Antiga. O império chinês manteve, de maneira cen-
tralizada e documentada, a tecnologia construtiva de templos, edi�cações e muralhas.
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Figura 2.8 - Mapa da China Antiga.
Há um velho provérbio chinês que diz: “O povo chinês tem uma mente histórica”, ou seja, o
passado é considerado um ator crucial para o entendimento da mentalidade chinesa. Durante
o período da dinastia Zhou, muitos avanços importantes oram conseguidos, como:
» surgimento de grandes �lósoos, como Conúcio (nome latino do pensador chinês Kung-
-Fu-Tze), a �gura histórica mais conhecida na China;
» ormação de um sistema de comércio sólido, que utilizava dinheiro em vez da prática do
escambo, ou seja, troca de mercadorias como meio de pagamento;
» proibição da venda de utensílios e matérias-primas cujas dimensões ou qualidade não
atendessem às exigências das normas.
30 Qualidade na Construção Civil
Nessa mesma época existia um sistema de medição de comprimento, volume e massa com
a utilização de instrumentos-padrão para tais medições. A exigência no sistema de qualidade era
tamanha que eram obrigatórias, duas vezes por ano, a aferição e a calibração de instrumentos, que só
podiam ser usados após a fixação do selo de calibração.
A Figura 2.9 apresenta artefatos cerâmicos fabricados na China, sujeitos ao controle de quali-
dade da época.
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(b)
Figura 2.9 - (a) Prato e (b) jarros cerâmicos chineses.
Atualmente os carros de luxo têm em seu motor, por exemplo, a inscrição do nome do enge-
nheiro que o fabricou. Na China Antiga, durante a Dinastia Tang (618 d.C.–907 d.C.), a venda de
armamentos de guerra somente ocorria se seguisse padrões estipulados pelos governantes e se eles
tivessem o nome dos trabalhadores inseridos na própria peça. As punições nessa época não eram
multas, mas castigos físicos.
Já na Dinastia Ming (1368 d.C.–1644 d.C.), as punições tinham foco nos artigos e utensílios de
baixa qualidade (produtos descartáveis) e para aqueles que tecessem seda abaixo das especificações.
A Figura 2.10 apresenta armamentos de guerra e roupa feita de seda.
31Qualidade nas Edificações do Mundo Antigo
A Muralha da China, também chamada de “Grande Muralha”, oi ormada por diversas mura-
lhas construídas no decorrer de várias dinastias chinesas, iniciando-se a construção em 220 a.C. e
concluindo-se no século XV, durante a Dinastia Ming, um total de quase 2 mil anos.
A �m de se proteger de invasões dos povos ao norte, os chineses começaram a erguer muros, o
que ocorreu antes da uni�cação do império. Com a uni�cação dos sete reinos em um país, o impera-
dor Qin Shihuang (259–210 a.C.), da Dinastia Chin, procedeu à uni�cação da muralha, com o apro-
 veitamento de outras orti�cações existentes. Medindo cerca de 3.000 km de extensão naquela época,
oi gradativamente ampliada nas dinastias seguintes. Diversos segmentos desta obra oram construí-
dos com tijolos, tendo-se alcançado um alto nível de tecnologia.
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(a) (b)
Figura 2.10 - (a) Cavaleiro com armamentos e (b) bailarina com antasia em seda.
Houve uma reconstrução durante os séculos XV e XIX, concluída com 2.400 km que cru-
zam parte do país de leste a oeste, atravessando planícies e montanhas. Sua parte mais estreita tem
40 cm de espessura e a mais larga mede 6 metros, com altura de 7 metros. Em toda a sua história, a
muralha só oi medida em 1700, por ordem do imperador Kangxi, (quando se contaram aproxima-
damente 8.000 km) e em 2006 (ocasião em que oram registrados 21.196,18 km).
Como a muralha oi construída com materiais disponíveis em cada região, ela conta com par-
tes eitas de pedra e outras revestidas de tijolos. As construções realizadas tinham garantia de um
ano; caso houvesse danos durante esse período, eram aplicadas punições aos o�ciais e artesãos res-
ponsáveis pelo trabalho, sendo reeito o trabalho sem qualquer ônus para o Estado. A Figura 2.11
apresenta trecho superior da Muralha e per�l da Muralha.
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Figura 2.11 - (a) Trecho superior da Muralha da China e (b) per�l da Muralha.
33Qualidade nas Edificações do Mundo Antigo
Madeira e tijolo são perecíveis e os chineses cuidaram muito pouco de seus monumentos, ao
contrário dos japoneses. Tudo o que caía em ruínas era requentemente abandonado, até que osse
necessário e �nanceiramente possível construir uma edi�cação com nova planta. Assim, oram raras
as obras de tempos antigos mantidas nos dias atuais.
A estrutura de madeira dessas construções conheceu progresso durante a Dinastia Ming;
houve amadurecimento das artes decorativas e oram utilizados tijolos para a construção de casas
populares.
A Figura 2.12 apresenta uma edi�cação pertencente à China antiga.
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Figura 2.12 - Edi�cação chinesa antiga.
A pedra é um dos materiais antigos mais utilizados. As técnicas de sua obtenção e de sua uti-
lização eram conhecidas pelas civilizações antigas. Rochas coloridas e de texturas exclusivas eram
consideradas como material nobre. A sua utilização ocorria em partes ou em todos os templos,
monumentos e obras de arte. O mármore era muito cobiçado pelos imperadores em arcadas de jane-
las, por exemplo.
Existiam artesãos com grande habilidade na conecção de esculturas que eram anexadas às
edi�cações e aos monumentos. A Figura 2.13 apresenta a imagem de um dragão esculpido em rocha.
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Figura 2.13 - Dragão esculpido em rocha.
A Dinastia Sui (581 d.C.–618d.C.) cravou a sua marca da história chinesa com a construção
da Cidade de Shang-Na, construída com a utilização de cerca de 2 milhões de trabalhadores civis.
Além de sua beleza arquitetônica dierenciada, a extensão de uma área de 84 quilômetros quadrados
é um destaque. A inovação urbanística residia nas grandes avenidas na direções norte-sul e leste-
-oeste, com ormação de grandes quadras divididas por 108 alamedas.
A ligação do povo chinês com a natureza se materializou com a construção de rios e canais.
Além da prática de pesca artesanal em grande escala, esses sistemas aquaviários eram utilizados nos
sistemas de abastecimento de água potável, nos sistemas de drenagem e como vias de transporte.
A rápida construção perante os padrões existentes (nove meses) somente oi possível graças
ao extraordinário planejamento. Outros atores que também
podem ser atribuídos a esse sucesso são:
» detalhamento do projeto (uso de escala 1:100 nos
projetos);
» controle rígido da qualidade da construção;
» gestão detalhada as atividades.
2.4 Qualidade no Império Romano
Os romanos utilizaram os conhecimentos arquitetônicos desenvolvidos pelos gregos para
cobrir os diversos campos da engenharia civil. A Figura 2.14 apresenta o mapa da expansão do
Império Romano. Muitas tecnologias construtivas e controles da qualidade oram adquiridos em
cada uma das nações conquistadas.
A qualidade era uma preocupação dos
governantes de grandes impérios da Anti-
guidade, sendo colocada em prática por
meio de decretos governamentais.
35Qualidade nas Edificações do Mundo Antigo
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Figura 2.14 - Mapa da expansão do Império Romano.
O Panteão romano é o principal prédio romano e o único ediício da Antiguidade Clássica que
se encontra em pereito estado de conservação. Esse é apenas um exemplo das grandes construções
romanas que demandaram um grande volume de mão de obra (sem quali�cação). Isso realmente era
um problema. Por isso, oi necessário desenvolver métodos simpli�cados e de ácil entendimento de
construção. Essas grandes realizações somente ocorreram porque existiu um incremento no número
de supervisores e oram criados procedimentos de inspeção para acompanhar a orça de trabalho
não quali�cada. Muitos historiadores relatam que nessa época oram criadas associações de artesãos
e de sindicatos de trabalhadores quali�cados.
A Figura 2.15 apresenta a achada do Panteão romano e a vista interna onde ocorre a incidên-
cia de luz solar através de uma abertura circular vazada, sem echamento.
36 Qualidade na Construção Civil
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Figura 2.15 - Panteão romano: (a) achada e (b) vista interna.
37Qualidade nas Edificações do Mundo Antigo
A argamassa romana era obtida misturando-se terra vulcânica (pozolana) com cal. Existiam
descrições bastante precisas dos materiais a empregar (e que variavam de acordo com as regiões),
assim como as dosagens e a maneira conveniente de se proceder à sua mistura. A argamassa pronta
recebia pedra britada, alcançando-se a conormação desejada por meio de ormas de madeira. Utili-
zava-se o mesmo processo para a construção dos arcos e das cúpulas.
Eles privilegiavam a estrutura de tijolo com enchimento de concreto, que não exigia tanta pre-
cisão quanto às técnicas de corte de pedra. O assentamento de placas de mármore travertino por
pedreiros quali�cados servia para “esconder” deeitos de construção da etapa construtiva anterior.
Utilizava-se muito o travertino, uma pedra de superície granulosa e, portanto, com excelente rugo-
sidade para seu assentamento com argamassa.
A Figura 2.16 apresenta uma placa de mármore travertino, que é uma rocha calcária natural.
Em seu processo de ormação, ela sore a ação de água doce subterrânea, responsável pela criação
dos espaços ocos, tão característicos desse material. Por que artistas e construtores tornaram esse
material tão cobiçado? Podem ser listadas as seguintes propriedades: diversidade de padrões, quali-
dades estéticas e durabilidade.
A definição da qualidade no mundo antigo é cultural, pois recebe influência dos objetivos dos governantes e das condi-
ções de mão de obra, materiais e tecnologias existentes.
Fique de olho!
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Figura 2.16 - Mármore travertino.
38 Qualidade na Construção Civil
No telhado de sua residência, talvez exista a cobertura realizada com telhas de barro chamadas
de telha romana. Esse tipo de cobertura inspirou-se no modelo grego. Ela chegou até os nossos dias
porque apresenta as seguintes características: baixa impermeabilidade; baixa rugosidade, ou seja,
ser lisa para permitir um rápido vazamento da água; dureza apropriada; e ter a resistência mecâ-
nica necessária para suportar o peso de agentes atmoséricos como a chuva. A Figura 2.17 apresenta
telhas antigas de edi�cações romanas.
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Figura 2.17 - Telhas romanas eitas à mão.
Os romanos herdaram dos povos conquistados as suas técnicas construtivas. Os enícios con-
tribuíram com as técnicas aplicadas na construção de portos e aróis em todo o Mediterrâneo. A
construção de aróis é classi�cada como obra de grande porte, na qual o problema mais grave era o
do levantamento de cargas pesadas, eetuado por guindastes de roldanas. Esses equipamentos so�sti-
cados para a época e de grandes dimensões tinham como onte de energia a orça ísica dos escravos.
O maior e mais famoso símbolo do Império Romano foi o Coliseu. Ele era um enorme anfiteatro reservado para as lutas
entre gladiadores, ou entre eles e animais selvagens. Sua construção foi iniciada em 72 d.C. por ordem do imperador
Flávio Vespasiano, sucessor do imperador Nero. Tinha uma altura de 48,5 metros e uma forma elíptica com 189 metros
no maior eixo e 156 metros no menor eixo. Sua arena tinha 85 metros por 53 metros. Suas arquibancadas foram cons-
truídas a partir de 3 metros do solo e tinha capacidade para mais de 50 mil pessoas. Em sua construção, foram utiliza-
dos 100 mil metros cúbicos de mármore travertino, principalmente no revestimento da fachada exterior, além de tijolos
de barro, blocos de tufa (pedra vulcânica) e concreto.
Para ler mais sobre o coliseu, acesse: <http://www.sogeografia.com.br/Conteudos/Lugares/?pg=3> e
<http://discoverybrasil.uol.com.br/guia_roma/entretenimento/coliseu/index.shtml.>
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39Qualidade nas Edificações do Mundo Antigo
Quais dimensões tinham essas edi�cações? O arol de Bolonha, com 60 metros, e o de Alexandria,
com seus 87 metros, �guravam entre os mais altos. E quais eram as suas utilizações? Assinalavam as
zonas perigosas e atraíam os marinheiros para a segurança dos portos. A luminosidade dos aróis
provinha da queima de madeira de árvores resinosas.
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Figura 2.18 - Farol de sinalização marítima.
Os romanos antigos eram um povo objetivo, com mentalidade aberta e receptiva. O que era considerado bom dos povos
conquistados era copiado e adaptado às suas necessidades.
Como consequência dessa mentalidade, surgiu uma forte indústria da construção, com legislação específica para regular
alguns aspectos construtivos e algumas normas de serviços obrigatórios para a mão de obra (similares às do serviço militar).
Eles estabeleceram também regulamentações específicas para o controle da qualidade dos materiais, dentre elas a obri-
gatoriedade, a partir do séc. II a.C., do uso de marcas nas unidades de alvenaria (tijolos e blocos

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