Buscar

A Revolução Industrial e a Administração

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

João Batista Vieira Bonome
Mestrando em Administração Pública com 
ênfase em Políticas Sociais pela Fundação João 
Pinheiro. Especialista em Relações de Trabalho e 
Negociações pelo Instituto de Educação Conti-
nuada (IEC) da Pontifícia Universidade Católica 
de Minas Gerais (PUC Minas). Bacharel em Admi-
nistração de Empresas pela PUC Minas.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
A Revolução Industrial 
e a Administração
O que hoje pode ser apresentado como sendo o começo da Revolução 
Industrial iniciou-se pela evolução e pelo desenvolvimento das sociedades 
ocidentais e orientais desde a Idade Antiga, passando pela Idade Média, até 
meados do século XVI, quando ocorreram as grandes descobertas da nave-
gação e o surgimento das primeiras e mais importantes invenções na esfera 
da produção.
Os sistemas de produção, que anteriormente eram considerados eminen-
temente familiares, passaram por diversas fases até chegarem ao sistema de 
produção em escala industrial, como hoje se vê. Mas, mesmo assim, em algu-
mas sociedades, o modelo familiar ainda é empregado.
Contudo, esse fato por si só não pode ser apontado como o acionador 
de modernidade nas empresas. A bem da verdade, o próprio crescimento e 
o desenvolvimento do comércio supõem a necessidade de utilizar métodos 
mais racionais de registro, de contabilização de custos e despesas relativas 
às várias viagens realizadas pelos navegantes e patrocinadas pelos Estados. 
São de 1494, com Lucca Paccioli, os primeiros registros sobre a utilidade de 
métodos de contabilidade de gastos que se tem notícia, pois evidenciavam 
as posições de crédito e de débito, bem como a posição de caixa e os valores 
de inventário que os mercadores possuíam. Desse método surgiu o primeiro 
sistema de partidas dobradas.
Contudo, apesar dessa grande descoberta, até meados do século XX 
praticamente nenhum avanço foi feito no sistema de Paccioli. Mas esse fato 
não pode ser compreendido como uma ação isolada e pouco relevante, pois 
desde a época dos Peruzzis e dos Médici – banqueiros da Itália antiga – todas 
as suas cidades e escritórios bancários foram constituídos para a movimenta-
ção, transferência das contas em partidas dobradas e empréstimos. O grande 
obstáculo para os banqueiros naquela época constituía-se na proibição, pela 
Igreja, de cobrança de juros; mas as necessidades comerciais se sobrepuse-
ram às religiosas e, por volta de 1400, vários Estados definitivamente aboli-
ram essas proibições.
19Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
20
A Revolução Industrial e a Administração
Se no campo da contabilidade a contribuição de Paccioli foi significa-
tiva para imprimir um grau de racionalidade às operações financeiras, por 
outro, James Watt (1736-1819), que ao inventar a máquina a vapor (1776) e 
depois aplicá-la à produção forneceu uma outra concepção acerca do traba-
lho e conseguiu modificar radicalmente, tanto a estrutura comercial quanto 
a estrutura social da época, pois provocou modificações sociais, políticas e 
econômicas que, somadas em um período relativamente menor de tempo, 
foram mais significativas que todas as mudanças ocorridas no milênio ante-
rior. É, portanto, esse período que consideramos como o início da Revolução 
Industrial, que teve seu começo na Inglaterra e logo depois descortinou-se 
por todo o mundo civilizado.
Apresentada dessa maneira, pode-se dividir a Revolução Industrial em 
duas etapas bastante distintas:
aquela que vai de � 1780 até 1860, denominada 1.ª Revolução Indus-
trial ou mesmo Revolução do carvão e do ferro;
aquela que compreende o período de � 1860 até 1914, também chama-
da de 2.ª Revolução Industrial ou Revolução do aço e da eletricidade.
Considerando que a Revolução Industrial tenha se iniciado em 1780, esta 
não adquiriu seu completo vigor antes do século XIX. Até meados dessa 
época ela foi uma ação bem específica, mas com trajetórias em crescente 
aceleração.
Ainda assim, podemos dividir a 1.ª Revolução Industrial em quatro etapas 
bem distintas:
1.ª fase: é aquela que se iniciou com a mecanização da indústria e da 
agricultura. Esse fato somente foi possível com a invenção da máquina de 
fiar (Hargreaves, 1767), do tear hidráulico (Arkwright, 1769), do tear mecâ-
nico (Cartwright, 1785) e do descaroçador de algodão (Whitney, 1792), pois 
essas foram invenções que possuíam uma imensa superioridade de pro-
dução e rapidamente substituíram a força braçal e a força motriz humana 
ou mesmo a força animal ou a utilização da roda d’água. Um bom exemplo 
de como essas máquinas foram importantes para a constituição do “novo” 
processo produtivo pode ser verificado na produção de algodão: enquanto 
um homem normal conseguia trabalhar cerca de cinco libras de algodão, a 
máquina tinha capacidade suficiente para descaroçar cerca de mil libras do 
mesmo item.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
A Revolução Industrial e a Administração
21
No final do século XIX, o advento da Revolução Industrial e a invenção 
de maquinário específico (em diversos estágios) trouxeram às organizações 
econômicas a possibilidade de terem seu contingente humano aumentado. 
Surgiu, assim, a necessidade de coordenar e, portanto, de administrar não 
somente as atividades numericamente pouco significativas, mas também a 
atividade exercida pela grande maioria da população: o trabalho humano.
A Revolução Industrial, lenta, mas, definitivamente, foi o evento que 
propiciou o início e o desenvolvimento da Administração como ciência, 
baseada apenas na cada vez maior especialização do trabalho humano. 
A par da própria especialização, todas as grandes invenções, num período 
aproximado de duzentos anos, influenciaram, de forma definitiva, o modo 
de vida, a sociedade e os valores sociais. Essas invenções, juntamente com o 
aumento populacional, de um lado, e a demanda de artigos para o consumo 
da população, de outro, fizeram com que cada vez mais fossem buscadas 
formas alternativas de produção para o atendimento de um enorme merca-
do em ascensão.
2.ª fase: é aquela em que a força motriz pôde ser aplicada à produção 
industrial. A partir do momento em que a máquina a vapor começa a ser 
utilizada na produção, inicia-se a transformação de oficina em fábrica. Se-
melhante impacto pôde ser percebido também no sistema de transportes, 
assim como a agricultura e nas comunicações, pois a geração de estoque im-
plica a necessidade de escoamento da produção; esta, por sua vez, só pode-
ria acontecer se houvesse um sistema de distribuição e de contato bastante 
desenvolvido também.
3.ª fase: o desenvolvimento fabril propriamente dito acontece somente 
em uma terceira etapa, pois foi nesse momento que o artesão que produ-
zia uma quantidade reduzida e a sua respectiva oficina desaparecem e dão 
lugar à nova classe social – o operariado – e à usina ou fábrica, criteriosamen-
te estabelecidas através da uma intensa divisão de trabalho. A atividade rural 
entra em declínio e surgem novas fábricas em todos os centros urbanos. 
Inicia-se um movimento de migração humana da área rural para as proximi-
dades das fábricas nascentes, o que ocasiona invariavelmente o aumento da 
população urbana e, com isso, as favelas, a falência das condições sanitárias 
e de saúde e, consequentemente, o aumento da taxa de mortalidade.
Esses fatores definiram o modo pelo qual o artesão se converteu em 
operário, e sua oficina em fábrica, e o mestre desapareceu para dar lugar ao 
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
22
A Revolução Industrial e a Administração
proprietário. Surgiram as novas indústrias exercendo um poder atrativo 
muito grandesobre a população rural, que, abandonando as terras, migrou 
para a cidade, provocando, cada vez mais, o aumento da população urbana. 
Naturalmente, nem todos os artesãos possuíam condições financeiras 
para adquirirem essas novas máquinas e equipamentos para a instalação de 
suas próprias fábricas. Esse contingente, menos privilegiado, viu como única 
saída trabalhar para outros proprietários, vendendo, assim, seu conhecimen-
to e sua experiência. 
Outros, ainda, uniram-se, promovendo associações de pequenas oficinas, 
que se transformaram em grandes oficinas mecanizadas e que acabaram se 
transformando em fábricas.
4.ª fase: se na etapa anterior a aplicação da força motriz à indústria nas-
cente acarretou, mesmo que indiretamente, um desenvolvimento nos meios 
de comunicação e de transporte, nessa etapa é que se percebe como esse 
impacto se firmou. Fulton (1807), com a navegação a vapor, e Stephenson 
(1825), com a locomotiva a vapor foram responsáveis por essa fabulosa al-
teração, pois suas criações fizeram surgir tanto nos Estados Unidos quanto 
na Inglaterra as estradas de ferro e a possibilidade de utilizar os rios para o 
transporte de mercadorias mesmo com a corrente em desfavor. Além disso, 
Morse (1835) e Bell (1876) demonstraram em suas invenções que as comu-
nicações poderiam ser facilitadas, criando o telégrafo e o telefone, respecti-
vamente, além da própria criação do selo postal ainda na Inglaterra. Dessa 
feita começam a surgir os primeiros contornos de um jamais visto desenvol-
vimento industrial, político, tecnológico e econômico, em que essas transfor-
mações acarretam profundas mudanças em uma velocidade significativa e 
gradativamente maior. 
E é justamente através da análise dessas quatro etapas que começamos a 
notar o aumento do controle capitalista em praticamente todos os diversos 
ramos de atividade econômica existentes na época.
Entretanto, somente a partir de 1860, conforme relatado anteriormente, 
é que a Revolução Industrial inicia uma nova etapa, denominada 2.ª Revo-
lução Industrial. Esse fenômeno foi acionado pelo somatório de três ocor-
rências relevantes:
nova perspectiva para a fabricação do aço, ocorrida em 1856; �
o aperfeiçoamento do dínamo (1873); �
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
A Revolução Industrial e a Administração
23
a invenção de Daimler – o motor de combustão interna, também em �
1873.
Como características principais dessa 2.ª Revolução Industrial podemos 
citar:
o ferro subtituindo ao aço, enquanto insumo industrial básico; �
a utilização de derivados de petróleo como fonte de energia, em detri- �
mento ao vapor e à eletricidade;
surgimento de maquinário automático e profunda especialização do �
trabalho;
o crescente e inequívoco domínio da indústria pela ciência; �
radicais transformações nos meios de transporte e nas comunicações, �
ampliação e melhorias nas vias férreas; o surgimento do automóvel 
(Daimler e Benz, 1880, na Alemanha); aperfeiçoamento do pneumáti-
co (Dunlop, 1888) início da produção do Ford “T” (Ford, 1908) e a pri-
meira experiência mais significativa com o avião (Dumont, 1906);
o surgimento de novas formas de organização capitalista – a criação �
do denominado capitalismo financeiro que se sobrepôs às firmas de 
sócios solidários, formato típico de organização comercial, e que o ca-
pital provinha dos lucros auferidos (capitalismo industrial), e que to-
mavam parte ativa na direção dos negócios. Essa nova forma de orga-
nização capitalista tem quatro características principais:
a chegada de investimentos bancários e de instituições financeiras a. 
e de crédito no segmento industrial, tendo como clássico exemplo 
o caso da formação da United States Steel Corporation, em 1901, 
pela J. P. Morgan & Co.;
 o processo de acumulação de capital provenientes de trustes e das b. 
fusões de empresas;
a clara dicotomia existente entre a propriedade particular e a dire-c. 
ção das empresas;
o desenvolvimento das denominadas d. holding companies, isto é, de 
grandes corporações multinacionais nas mais variadas áreas de ne-
gócios.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
24
A Revolução Industrial e a Administração
a industrialização se expande até a Europa Central e Oriental, chegan- �
do ao Extremo Oriente.
Todas essas grandes modificações decorrentes da 2.ª Revolução Industrial 
conseguiram causar um forte impacto sobre a maneira pela qual os antigos 
artesãos desenvolviam sua produção. Da antiga e tranquila produção artesa-
nal, em que os trabalhadores se organizavam em corporações de ofício que 
eram regidas por estatutos, todos se conheciam, e o aprendiz, para chegar à 
condição de mestre, precisava produzir tal como os demais “irmãos” de ofício, 
que eram as autoridades da corporação; o trabalhador passou rapidamente 
para o regime da produção feita através de máquinas, dentro de grandes 
fábricas. Não houve uma sutil e gradual adaptação entre as duas situações 
sociais, mas uma rápida mudança de situação, acionada por dois aspectos:
a transposição da aptidão do artesão para a máquina, esta produzindo 1. 
com maior intensidade, maior quantidade e melhor qualidade, o que 
acarretou uma redução nos custos da produção;
a mudança da força do animal ou do ser humano pela maior potência 2. 
da máquina (inicialmente a vapor e posteriormente a motor), fato este 
que permitiu maior produção e economia.
Os donos das oficinas, que não possuíam condições financeiras favorá-
veis que lhes permitissem adquirir máquinas e, portanto, intensificar a sua 
produção, foram praticamente obrigados, por conta da concorrência, a tra-
balhar para outros donos de oficinas que possuíam o maquinário necessário. 
Essa maquinização das oficinas – rápida e intensa – acarretou numa série de 
fusões das pequenas oficinas que passaram a integrar outras maiores; por 
sua vez, estas, aos poucos, foram crescendo e constituíram-se em fábricas.
Percebe-se que esse crescimento acelerou devido à redução de custos re-
lacionados à produção, fato este que proporcionou o surgimento de preços 
mais competitivos, o que indiretamente ampliou ainda mais o mercado con-
sumidor. Daí surge um determinado aumento na demanda de produtos e, ao 
invés do que se esperava naquela ocasião, o maquinário industrial não con-
seguiu substituir completamente o homem; atuou somente oferecendo-lhe 
melhores condições de produção. A substituição que ocorreu pode ser 
considerada parcial, pois ocorreu somente naquelas tarefas em que a au-
tomatização aconteceria realmente e/ou quando fosse o caso de acelerar a 
produção pela repetição. Pela vertente interna foi esse efeito dominó que 
foi notado. Já pela vertente externa, com o mesmo aumento dos mercados 
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
A Revolução Industrial e a Administração
25
citados anteriormente, decorrente da popularização dos preços, as fábricas 
sentiram a necessidade de exigir grandes contingentes humanos. Esse fato 
por si só foi o bastante para que se aumentasse a necessidade de volume e 
de qualidade dos recursos humanos. Toda essa mecanização levou à divisão 
do trabalho e à simplificação das operações, pois fez com que os ofícios tra-
dicionais pudessem ser substituídos por tarefas semiautomatizadas e repeti-
tivas, que eram executadas com facilidade por indivíduos com absolutamen-
te nenhuma qualificação e com grande simplicidade de controle. A oficina, 
ou seja, a unidade doméstica de produção, o artesanato em família, tudo isso 
desapareceu com a rápida e brutal competição, com uma variedade de ope-
rários e de máquinas nas fábricas. A fábrica, por sua vez, concentrava-se e 
realizava fusões das antigas e pequenas oficinas;saciada pelo fenômeno da 
competição, uma imensa quantidade de operários passou a trabalhar junta, 
durante extensas jornadas diárias de trabalho, em condições ambientais pe-
rigosas e insalubres, provocando acidentes e doenças em geral. Todas essas 
ações imprimem uma característica significativa ao crescimento industrial 
que ocorre de maneira improvisada e totalmente amparada no empirismo, 
pois o cenário era totalmente novo e desconhecido. Concomitante a esses 
fatos ocorria uma migração de mão de obra dos campos agrícolas para os 
centros industriais, impactando sobre as cidades um processo de intensa 
urbanização, sem nenhum planejamento ou qualquer tipo de outra orien-
tação. Todos esses aspectos apontam para a confirmação que quanto mais 
o capitalismo se consolida, mais cresce o volume de uma nova classe social: 
o proletariado.
Para reafirmar essa situação basta esclarecer que as primeiras tensões entre 
a classe operária e os proprietários de indústrias não tardaram a aparecer. 
A raiz de tudo isso foi iniciada quando as transações comerciais aumenta-
ram e, por consequência, a demanda de mão de obra nas usinas siderúrgicas, 
nas minas e nas fábricas cresceu de forma pouco sutil. Assim, os proprie-
tários começaram a ter que enfrentar novos problemas relacionados à ge-
rência, fosse improvisando as decisões e, portanto, pelejando com os erros 
administrativos decorrentes, fosse através da utilização de uma discreta e re-
cente tecnologia. É claro que esses erros em vários momentos eram supridos 
pela mínima remuneração dos trabalhadores, cujos salários eram realmente 
muito baixos. Sabendo sobre o baixo padrão de vida, sobre a promiscuida-
de com que os trabalhadores conviviam nas fábricas e dos imensos riscos 
de ocorrência de graves acidentes, e também sabendo que o longo período 
de trabalho realizado conjuntamente facultou uma interação mais estreita 
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
26
A Revolução Industrial e a Administração
entre os trabalhadores e, portanto, a crescente conscientização acerca da 
precariedade das condições de vida, de trabalho e da intensa exploração por 
uma classe social economicamente melhor favorecida é que se justifica essa 
situação apresentada. Nesse sentido, os próprios Estados iniciam um proces-
so de intervenção sobre alguns aspectos desse relacionamento tão apartado 
entre operários e fábricas, daí sugerindo algumas leis trabalhistas. Por volta 
de 1802, o governo inglês sanciona uma lei destacando a importância em 
se preservar a saúde dos trabalhadores, especialmente aqueles das indús-
trias têxteis. Nesse caso, quem fiscalizava o cumprimento dessa lei eram os 
pastores protestantes e os juízes do local, de forma voluntariosa. De forma 
natural e espontânea, outras leis começaram a ser impostas vagarosamente, 
na medida em que os problemas surgiram e se agravaram.
Nesse cenário que apresenta os mais diversos elementos, tais como a 
crescente legislação, que procura defender e proteger a saúde e a integrida-
de física do trabalhador e, consequentemente, da coletividade, a construção 
e funcionamento das máquinas, e a nova tecnologia dos processos de pro-
dução, a área administrativa e a gestão das empresas industriais passam a 
ser consideradas a principal e permanente preocupação dos capitalistas. E, 
sob esse aspecto, a prática cotidiana e racional foi ajudando gradualmente 
a selecionar ideias e métodos empíricos. Em pouco tempo notava-se que, 
ao invés de ter que orientar pequenos grupos de aprendizes e artesãos di-
rigidos por mestres habilitados, os gestores precisavam saber como dirigir 
batalhões de operários da nova classe proletária que se criou. Percebia-se 
também que, ao invés de ter que dominar a utilização de instrumentos rudi-
mentares de trabalho manual, o problema era relativo à operação de máqui-
nas, cuja complexidade era significativamente maior.
Se por um lado a própria administração das empresas sofria por conta 
das mudanças internas e externas ocorridas, por outro lado os trabalhado-
res iniciam um processo de alienação decorrente desses mesmos fatores, ou 
seja, os produtos passaram a ser feitos através de operações parciais suces-
sivas, sendo que cada uma destas era entregue a um determinado grupo de 
operários especializados em tarefas específicas, e que desconheciam quase 
sempre as outras operações, ignorando até a finalidade da peça ou da tarefa 
que estavam executando. Essa nova situação fez com que se apagasse da 
mente do operário aquilo que podemos considerar como parte mais con-
tundente da sua trajetória social, isto é, a sensação de estar produzindo e, 
porque não, contribuindo para o bem-estar de toda sociedade. Nesse mesmo 
momento, o capitalista distancia-se de seus operários e passa a considerá-los 
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
A Revolução Industrial e a Administração
27
como uma enorme massa anônima. Em contrapartida, e ao mesmo tempo, 
certos grupos sociais, que se relacionavam com significativa periodicidade 
nas empresas, passam a ocasionar alguns problemas sociais e reivindicativos, 
concorrendo paralelamente com outros problemas relativos ao rendimen-
to da tarefa laboral e de outros que dizem respeito às rápidas e adequadas 
soluções para os equipamentos que os funcionários necessitavam. Nesses 
termos, pode-se apontar como a principal preocupação dos empresários a 
melhoria dos aspectos mecânicos e tecnológicos da produção, pois através 
desse modelo é que se conseguiria produzir quantidades maiores de produ-
tos melhores e com um menor custo. Tanto a gestão do pessoal quanto a co-
ordenação do esforço produtivo eram aspectos de pouca ou quase nenhu-
ma importância. Muito embora a Revolução Industrial possa ter provocado 
profundas modificações, tanto na estrutura empresarial quanto na econô-
mica da época, não foi ela somente que conseguiu influenciar diretamente 
a elaboração de princípios de administração das empresas até então utili-
zados. Os gestores simplesmente deixaram como podiam ou mesmo como 
sabiam as demandas oriundas de uma economia em franca expansão e ex-
tremamente carente de especialização. É por isso que alguns empresários 
tinham como base de suas decisões os modelos de organizações militares 
ou eclesiásticas bem-sucedidas nos séculos anteriores.
Finalizando, e para não esquecer, usar, com intuito capitalista, as máqui-
nas do sistema fabril, implica em: 
ajustamento e complementaridade de ritmos rígidos; �
estabelecimento de normas de comportamento estritas; �
amplitude de interdependência mútua. �
Todos esses fatores anteriormente descritos e relacionados apontam ine-
quivocadamente para a busca do capitalista, ou seja, para a denominada ra-
cionalização do trabalho. O ritmo de produção que a máquina impõe, como 
imprescindível para desvelar o caráter cooperativo do trabalho, sugere a ne-
cessidade de uma regulação social. Entretanto, essa busca faz com que do 
uso capitalista das máquinas surja uma direção autoritária, como também 
uma regulamentação administrativa sobre o operário, sempre procurando 
extorquir a mais-valia através de membros do quadro administrativo, sejam 
eles executivos, diretores, supervisores, capatazes. Isto é, em síntese, os pa-
trões conseguem transformar uma simples regulamentação social em seu 
código autoritário. É, portanto, através da direção autoritária que o capita-
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
28
A Revolução Industrial e a Administração
lista consegue controlar o comportamento do operário, delineando as ga-
rantias da cooperação. Dito dessa maneira, as funções diretivas passam a ser 
consideradas normas de controle e de repressão.
Para a nascente ciência da Administração,a consequência principal disso 
tudo é que tanto a empresa moderna quanto a própria organização, tomada 
enquanto processo administrativo, originaram-se da Revolução Industrial, 
devido a certo número de fatores, dos quais os mais importantes são:
o rompimento das estruturas corporativas da Idade Média; �
o avanço tecnológico, seja das novas formas de energia, seja da aplica- �
ção de progressos científicos à produção;
a substituição do trabalho artesanal pelo trabalho de tipo industrial. �
Ampliando seus conhecimentos
Verifique a seguir as principais fases da história das fábricas e os respecti-
vos acontecimentos que marcaram a evolução capitalista até os dias de hoje.
Fase artesanal
Fase transição do artesanato 
à industrialização
Antiguidade - 1780 1780-1860
Artesanato das pequenas oficinas.
Mão de obra intensiva e não qualificada na 
agricultura.
Sistema feudal.
Sobrevivência e trocas.
Mecanização das oficinas.
Carvão e ferro como fontes de energia.
Aparecimento da máquina de fiar.
Tear hidráulico.
Tear mecânico.
Máquina a vapor – aplicação na produção.
Aparecimento do sistema fabril.
Desenvolvimento dos transportes.
Não há problemas de gerência. Aparecem os primeiros problemas de ge-
rência.
Coordenação do trabalho.
Novos processos de produção.
Ambiente estável. Ambiente estável.
Inexistência de qualquer pressuposto sobre 
administração.
Inexistência, ainda, de pressupostos siste-
matizados sobre administração.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
A Revolução Industrial e a Administração
29
Fase do desenvolvimento industrial Fase do gigantismo industrial
1860-1914 1914-1945
Materiais expoentes são o aço e a eletrici-
dade.
Substituição do ferro pelo aço como mate-
rial industrial.
Vapor substituído pela eletricidade e pe-
los derivados de petróleo como fontes de 
energia.
Desenvolvimento da maquinaria.
Motor a explosão e motor elétrico.
Modificações substanciais nos transportes.
Aparecimento do automóvel e do avião.
Nas comunicações (telégrafo, telefone e ci-
nema).
Surgem os grandes bancos e instituições 
financeiras.
Espetacular ampliação dos mercados.
Empresas passam por processos de buro-
cratização.
Organização e tecnologia avançados para 
fins bélicos.
Grande Depressão de 1929.
Empresas atingem proporções enormes.
Empresas de âmbito internacional e multi-
nacional.
Desenvolvimento ainda maior dos trans-
portes e da comunicação.
O mundo fica cada vez menor.
Ambiente ainda estável. Ambiente reativo (menos estável).
Primeiras teorias da Administração.
Ênfase nas tarefas.
Administração científica.
Além das teorias que enfocaram as tarefas 
surgem aquelas com ênfase na estrutura e 
nas pessoas.
Aparecem as teorias do comportamento 
humano.
Teorias que enfocam a estrutura organiza-
cional.
Fase moderna Fase da incerteza
1945-1980 Após 1980
Nítida separação entre países desenvolvi-
dos, subdesenvolvidos e em desenvolvi-
mento.
O desenvolvimento tecnológico é surpre-
endente.
Surgimento de novos materiais e novas 
fontes de energia.
Novas maravilhas aparecem e são produzi-
das dentro das organizações.
Choques do petróleo.
Carregada de desafios, dificuldades, ame-
aças, coações, contingências, restrições e 
toda sorte de adversidades para as empre-
sas.
Escassez de recursos.
Dificuldade de colocação de produtos e 
serviços no mercado.
Ações dos concorrentes.
Mundo global.
Terceira Revolução Industrial: informática.
A maneira tradicional de administrar já não 
encontra sustentação.
Ambiente instável/incerteza. Ambiente completamente incerto.
(M
AX
IM
IA
N
O
, A
nt
on
io
 C
és
ar
 A
m
ar
u.
 In
tr
od
uç
ão
 à
 A
dm
in
is
tr
aç
ão
. S
ão
 P
au
lo
: A
tla
s, 
20
04
. A
da
pt
ad
o.
) Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto Normal 
Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto 
Normal Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto Normal 
Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto 
Normal Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto.
Tabela – Título tabela título tabela título tabela título tabela título 
tabela título tabela título tabela
Cabeçalho Cabeçalho 
Texto tabela Texto tabela Texto tabela Texto tabela Texto tabela Texto 
tabela Texto tabela Texto tabela Texto tabela Texto tabela 
Texto tabela Texto tabela Texto tabela Texto tabela Texto 
tabela Texto tabela Texto tabela
Texto tabela Texto tabela Texto tabela Texto tabela Texto tabela Texto 
tabela Texto tabela Texto tabela Texto tabela Texto tabela 
Texto tabela Texto tabela Texto tabela Texto tabela Texto 
tabela Texto tabela Texto tabela 
Texto tabela Texto tabela Texto tabela Texto tabela Texto tabela 
Texto tabela Texto tabela Texto tabela Texto tabela Texto tabela Texto 
tabela Texto tabela Texto tabela Texto tabela Texto tabela 
Texto tabela Texto tabela Texto tabela 
Texto tabela Texto tabela Texto tabela Texto tabela Texto tabela Texto 
tabela Texto tabela Texto tabela Texto tabela 
Título terciário
Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto Normal 
Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto 
Normal Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto Normal 
Texto Normal Texto Normal Texto
Título quaternário
Normal Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto 
Normal Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto Normal 
Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto 
Normal Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto Normal 
Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto 
Normal Normal Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto 
Normal Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto Normal 
Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto Normal Texto
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
30
A Revolução Industrial e a Administração
Fase moderna Fase da incerteza
1945-1980 Após 1980
Novas ênfases aparecem nas teorias da Admi-
nistração.
Tecnologia e Ambiente.
Teorias da Contingência.
Teorias dos Sistemas.
Novos enfoques sobre administração.
Ênfase no ambiente.
Teoria da Contingência.
Teoria dos Sistemas.
Novas formas de gerir e organizar a produ-
ção.
Atividades de aplicação
1. Desenvolva um pequeno texto (no máximo 30 linhas) acerca da Revo-
lução Industrial, explicando por que esse movimento foi crucial para o 
desenvolvimento da ciência da Administração.
2. Quais são as principais consequências sociais decorrentes do planeja-
mento e do controle da produção desenvolvidos nas recém-nascidas 
fábricas? Explique.
3. O que significa a racionalização do trabalho? Por que a compreensão 
desse termo é tão importante para a Administração?
Referências
BATEMAN, Thomas S.; SNELL, Scott A. Administração: competindo em uma nova 
era. 5. ed. São Paulo: Irwin, 2002.
BERNARDES, Cyro. Sociologia Aplicada à Administração. São Paulo: Atlas, 
1989.
CERTO, Samuel C. Administração Moderna. 9. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2003.
CHIAVENATO, Idalberto. Administração de Empresas: uma abordagem contin-
gencial. 3. ed. São Paulo: Makron Books, 1991.
DAFT, Richard L. Administração. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999.
FAVA, Rubens. Caminhos da Administração. São Paulo: Pioneira, 2002.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
A Revolução Industrial e a Administração
31
HAMPTON, David R. Administração Contemporânea. 3. ed. rev. São Paulo: 
McGraw Hill, 1998.
HANDY, Charles. A Era da Transformação: atransformação no mundo das orga-
nizações. São Paulo: Makron Books, 1998.
KAUFMANN, Luiz. Passaporte para o Ano 2000. São Paulo: McGraw-Hill: Makron 
Books, 1991.
LACOMBE, Francisco J. M.; HEILBORN, Gilberto L. J. Administração: princípios e 
tendências. São Paulo: Saraiva 2003.
MAXIMIANO, Antonio César Amaru. Teoria Geral da Administração. 3. ed. São 
Paulo: Atlas, 1999.
ROBBINS, Stephen P. Administração: mudanças e perspectivas. São Paulo: Sarai-
va, 2000.
Gabarito
1. Nesse pequeno texto o aluno deverá propor uma articulação entre as 
descobertas realizadas no período da Revolução Industrial (e os seus res-
pectivos períodos) com o surgimento das firmas e, subsequentemente, 
com a necessidade em se planejar e organizar a crescente produção e a 
gestão de estoques decorrente desse aumento de produção.
2. Os patrões passam a ser vistos como elementos pertencentes a um 
nível hierárquico mais alto, distintamente dos demais trabalhadores 
– entenda-se operários, – isto é, há uma ruptura entre o administrar e 
o realizar as tarefas da produção. Dessa maneira, os proprietários dos 
meios de produção passam a ver os operários como uma massa anôni-
ma de elementos que servem somente para trabalhar, reforçando uma 
divisão de classes que influencia e sofre influência da sociedade à qual 
pertencem.
3. Racionalizar o trabalho significa, de forma genérica, pensar nos meios 
para atingir os fins (objetivos) desejados. Para a Administração, conhe-
cer e aplicar esse termo é tão importante quanto estabelecer objetivos 
estratégicos a serem alcançados, pois somente através da racionaliza-
ção do trabalho é que o homem conseguiu ampliar a produção, re-
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
32
A Revolução Industrial e a Administração
gular e garantir o funcionamento da empresa, efetuar seus pagamen-
tos e passar a demandar uma quantidade maior de conhecimentos 
administrativos. A racionalização, uma vez utilizada em determinada 
atividade, impacta positivamente sobre suas consequências, pois faz 
prevalecer o uso da razão e do pensamento antes mesmo da intuição 
ou percepção. Racionalizar significa a utilização de meios eficientes e 
eficazes de trabalho.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br

Outros materiais