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PALPAÇÃO DO ABDOME Esse método permite o reconhecimento da sensibilidade, do estado da tensão da parede abdominal, assim como da posição e dos caracteres propedêuticos das vísceras abdominais. A palpação deve-se ser feita com paciente decúbito dorsal, usando a técnica de palpação com a mão espalmada, devendo ser assumido outras posições quando necessário. →Objetivo: • Avaliar o estado da parede abdominal; • Explorar a sensibilidade abdominal, provocando ou exarcebando uma dor, relatada ou não pelo paciente na anaminese; • Reconhecer as condições anatômicas das vísceras abdominais e detectar alterações da sua consistência. Em condições normais, não se consegue palpar todos os órgão, como por exemplo, o estomago, duodeno, intestino delgado, pâncreas, vias biliares e peritônio. Por outro lado, em pessoas magras, com parede abdominal relaxada, é possível reconhecer o fígado, rins, aorta abdominal, ceco, colo transverso e sigmoide. A palpação sistêmica compreende em 4 etapas que devem ser seguidas uma após a outra: palpação superficial; palpação profunda; palpação do fígado; palpação do baço e de outros órgãos, além de manobras especiais. →Palpação Superficial A palpação superficial compreende o estudo da parede abdominal e das vísceras que podem alcançar a parede. Ela é responsável por investigar a sensibilidade, resistência, continuidade da parede abdominal, pulsações e reflexos cutâneos neo-abdominal. ✓ Técnica: • Mão espalmada; • Flexão dos dedos ao nível das articulações metacarpo falangeanos; • Comparativa e simétrica; • Realizar de 2 a 3 abalos de no máximo 2cm de profundidade. Deve-se avaliar: ✓ Sensibilidade: deve-se palpar de leve ou apenas roçar a parede abdominal com um objeto pontiagudo. Se a manobra despertar dor é porque existe hiperestesia cutânea. Sendo necessário conhecer os pontos dolorosos. Pontos dolorosos: (áreas na parede abdominal cuja compressão, ao despertar dor, pode indicar comprometimento do órgão ali projetado). Os principais pontos dolorosos são: ponto gástrico, ponto cístico ou biliar, ponto apendicular, ponto esplênicos e pontos ureterais. Ponto Biliar ou cístico: situa-se no ângulo formado pela reborda costal direita e borda externa do músculo reto abdominal. Linha imaginária da espinha ilíaca ântero-superior esquerda até o rebordo costal direito que passe pelo umbigo, encontrando o ponto de cruzamento com a Linha Hemiclavicular Direita. *Sinal de Murphy*: é positivo quando há parada brusca da inspiração durante a compressão do ponto cístico; indica colecistite aguda. Ponto Apendicular (ponto de McBurney): na união do terço lateral com o terço médio da linha que une a cicatriz umbilical à espinha ilíaca ântero- superior), a dor é mais intensa. * Sinal de Blumberg*: D+ no ponto apendicular sugestivo de apendicite. ✓ Espessura: pode levar a um aumento relacionando a edema ou obesidade por exemplo, ou diminuição, que está relacionado a desnutrição, ascite, grandes tumores abdominais e outros. ✓ Temperatura. ✓ Resistência (Tensão): Tensão abdominal é a resistência que oferece a parede anterior do abdome à mão apoiada sobre a mesma. Em condições normais, a parede é de músculo descontraído. ✓ Pulsações. ✓ Continuidade da parede abdominal: deve-se avaliar deslocando-se a mão que palpa por toda a parede e, ao encontrar uma área de menor resistência, tenta-se insinuar uma ou mais polpas digitais naquele local. Desse modo é possível reconhecer diástase e hérnia. (especificado em outro resumo) Hérnia: supra-umbilical, umbilical, inguinal, incisional. Palpação superficial ou parietal: “Mão espalmada sobre o abdome”. → Descompressão brusca dolorosa Compressão em profundidade mínima suficiente para provocar dor, com retirada brusca da mão que palpa, e acentuação da dor. Em caso de dor dízimos que é DB+ sendo indicativo de peritonite em qualquer parte do abdômen. Sinal de Blumberg: dor à descompressão brusca na fossa ilíaca direita - defesa muscular. →Palpação Profunda Por meio da palpação profunda investigam-se órgãos contidos na cavidade abdominal e eventuais “massa palpável (até de 10cm de profundidade)” ou “tumorações”. O encontro de órgãos, massas palpáveis ou tumorações obriga o examinador avaliar as seguintes características: localização, forma e volume, sensibilidade, consistência, mobilidade, pulsação e mobilidade respiratória em órgãos próximos ao diafragma. Órgãos facilmente palpáveis: Borda inferior do fígado, o ceco, o cólon transverso e o sigmóide. →Técnicas de palpação: 1. Método bimanual: a) Ambas as mãos ativas: ▪ Mãos separadas para avaliar a resistência da parede. ▪ Mãos unidas obliquamente: ▪ Unem-se as polpas digitais das duas mãos formando um ângulo de 45º entre elas e, levantando um pouco os indicadores. b) Duas mãos ativas e separadas: usada para avaliar e comparar resistência da parede abdominal. c) Duas mãos ativas e unidas obliquamente: Unem-se as polpas digitais das duas mãos formando um ângulo de 45º entre elas, e levantando um pouco os indicadores. d) Uma mão ativa e a outra passiva: ▪ Mão passiva: apoio, sustentação ou pressão. ▪ Mão ativa: palpação. Mão Passiva: ▪ Relaxar a parede abdominal. ▪ Apóia sobre a superfície abdominal, a pouca distância da ativa e faz pressão com a base da mão e/ou com a face palmar e dedos ▪ Criar um apoio resistente (mão de sustentação) para a mão ativa poder palpar. ▪ Favorece a penetração da mão ativa. ▪ Pode ser colocada sobre a ativa. Mão passiva cria apoio resistente (mão de sustentação) para a mão ativa poder palpar. 2. MÉTODO MONO-MANUAL ▪ Exige maior experiência. ▪ A mão pode assumir três posições diferentes para a palpação: ✓ posição em garra ✓ empregando o bordo radial ✓ empregando a borda ulnar → Manobras próprias para cada órgão Deve-se analisar: forma, tamanho, consistência, superfície, mobilidade. ▪ Palpação do Fígado: para se palpar o fígado, o paciente deve-se estar a principio em decúbito dorsal, relaxando tanto quanto possível a parede abdominal. Palpação deve ser realizada na altura da LMC. ▪ Borda hepática anterior ultrapassa em até 2 cm o rebordo costal, na altura da LMC. ▪ Borda hepática anterior: fina e macia. ▪ Superfície hepática é lisa. ▪ Indolor à palpação. ▪ Nas crianças e recém-nascidos: a borda anterior ultrapassa bastante o rebordo costal. Refluxo hepatojugular: compressão abdominal durante 1 minuto (maior volume de sangue drenado da área esplâncnica até o átrio direito) → Turgescência das veias jugulares externas Deve-se avaliar: Técnica: Manobra de Mathieu – Cardarelli Manobra de Lemos Torres Mão espalmada ➔ Manobra de Mathieu – Cardarelli ▪ Paciente em decúbito dorsal. ▪ Médico em pé, à direita do paciente, voltando o dorso para a cabeça do paciente. ▪ Mãos paralelas, oblíquas e em “garra”. ▪ Pesquisar desde a região inguinal direita a borda hepática . ▪ Durante a expiração as mãos penetram no abdome. ▪ Durante a inspiração elas ficam paradas. → Manobra de Lemos Torres ▪ Paciente em decúbito dorsal. ▪ Médico à direita, em pé , voltado para o paciente. ▪ A mão esquerda do médico é colocada na região posterior, fazendo pressão no ângulo costo-lombar, elevando a borda inferior do fígado, de fora para dentro, favorecendo o deslocamento inspiratório do órgão. ▪ A mão direita espalmada palpa desde a região inguinal direita, de modo que as bordas radiais das 3ª falanges do indicador e do médio se contraponham ao movimento inspiratório do fígado, exercendo pressão de baixo para cima. ▪ Palpação do Baço : Só é palpável quando o seu volume estiver aumentado em duas ou três vezes. Procede da mesma maneira como foi descrito a palpação do fígado,sendo a região examinada o quadrante superior esquerdo.Técnicas: • Mathieu-Cardarelli: Em decúbito dorsal ou em posição de Shuster. • Bimanual: Em decúbito dorsal ou em posição de Shuster. Esplenomegalia: Aumento em aspecto de “vírgula”. Aumento do baço, que normalmente não é percutível, mas em tamanho aumentado torna-se percutível, mas nem sempre é palpável. Logo é essencial realizar a percussão adequada no espaço de Traube e não confia apenas na palpação. →Órgãos que só são palpados em condições patológicas: • Vesícula biliar • Flexuras do cólon • Delgado • Baço →Vesícula Biliar: é palpável apenas em condições patológicas, sendo necessário que ocorra alteração na consistência de suas paredes, como em caso de câncer vesicular por exemplo. Sinal de Murphy: indicativo de colecistite (quando o paciente suspende a inspiração por dor à compressão do rebordo costal direito). → Pâncreas: propedêutica limitadíssima. Sinal de Cullen: equimose periumbilical por hemorragia peritoneal (pancreatite aguda grave). Sinal de Grey Turner: equimose nos flancos (mesmas causas de Cullen). →Ascite: acumulo de liquido na cavidade abdominal, sendo que sua causa mais comum PE a cirrose. A percussão é o método mais seguro para o seu reconhecimento. Como guia deve-se: ▪ Inspeção ▪ Percussão ✓ Teste da macicez móvel (0,3 a 1L) ✓ Semicírculo de Skoda (1-3L) ✓ Teste da onda líquida ( Piparote – Peteleco) (>3L) ▪ Palpação pelo rechaço http://pt.wikipedia.org/wiki/Colecistite →Sinais Propedêuticos Sinal de Murphy: é positivo quando há parada brusca da inspiração durante a compressão do ponto cístico; indica colecistite aguda. Sinal de Blumberg: Manobra da descompressão súbita. Dor à descompressão abdominal; indica irritação peritoneal. Sinal de Cullen: equimose periumbilical por hemorragia peritoneal (pancreatite aguda grave). Sinal de Grey Turner: equimose nos flancos (mesmas causas de Cullen). Sinal de Jobert: desaparecimento da macicez e aparecimento de timpanismo na região de projeção do fígado. É observado no pneumoperitôn eo (perfuração de vísc eras ocas, p. ex., estômago). Sinal de Giordano: dor à punho percussão na região lombar; indica acometimento renal (positivo em litíase, pielonefrite aguda). Sinal de Torres-Homem: percussão dígito-digital intensamente dolorosa, localizada e circunscrita. Característico de abscesso hepático. Descompressão brusca: ✓ Se alterado “DB+” → irritação peritoneal / peritonite ✓ Causas: infecciosas/inflamatórias →Caso Clinico 1: ▪ Id: R.S.S., 51 anos, sexo masculino, morador de Jacarepaguá, segurança, em relacionamento estável, pai de 3 filhos ▪ QD: “dor forte no abdome há 4 horas” ▪ HPMA: relata dor difusa intensa no abdome, de instalação súbita, iniciada no mesmo dia. ▪ ISDA: episódios de epigastralgia em queimação de longa data ▪ HS: admite ser etilista crônico “pesado” ▪ Ectoscopia: fácies de sofrimento, hipocorado +/4+, acianótico, anictérico, afebril ▪ Abdome: rigidez muscular com irritação peritoneal difusa (abdome em tábua), peristalse presente porém bastante diminuída; DB+; timpanismo à percussão hepática ▪ Exs.laboratoriais: Ht 46,8%; Hb 15,7; 14000 leucócitos com 28% bastões; 227000 plaquetas; amilase 97; cr 0,9; gli 165; lipase 8; Na 139; K 4,2; U 38. ▪ Pneumoperitônio: presença de ar na cavidade abdominal, geralmente devido à perfuração de víscera oca. ▪ Cirurgia: ✓ HD: abdome agudo perfurativo ✓ LAPAROTOMIA EXPLORADORA ✓ Moderada quantidade de líquido livre em toda a cavidade (extravasamento de conteúdo gástrico), com pouca fibrina, sem pus. ✓ Pequena úlcera duodenal (1,0 cm de diâmetro), de aspecto recente, bordas lisas. ▪ Paciente geralmente encontra-se quieto, com fácies de sofrimento, segurando o abdômen com as mãos e com o tronco ligeiramente fletido ▪ À palpação o abdômen encontra-se rígido e com defesa difusa, mais proeminente no epigástrio. O clássico “abdômen em tábua” é típico após algumas horas de perfuração. ▪ Sinal de Jobert: timpanismo à percussão hepática (raro, porém, patognomônico de perfuração de víscera oca). →Caso Clinico 2 ▪ ID: B.P.N, 42 anos, masc., solteiro, branco, natural do Rio de Janeiro, auxiliar de enfermagem. ▪ QD: icterícia há 15 dias ▪ HPMA: Paciente refere quadro de dor em queimação no epigástrio e hipocôndrio D há 5 anos que piora com a alimentação e melhora com uso de analgésicos, Buscopan e Omeprazol. Nega vômitos, emagrecimento ou hemorragias. ▪ HPMA: Teve novo episódio de dor há 20 dias e 3 dias após iniciou quadro progressivo de pele amarelada, urina escura e fezes esbranquiçadas. Procurou médico no posto que tratou o quadro como hepatite (sic). Refere febre diária há 1 semana com calafrios, mal estar importante e fraqueza. ▪ ISDA: sem comorbidades. ▪ AP: Tabagista ½ maço/dia por 27 anos, etilismo social. Reside em casa com boas condições de higiene. ▪ AF: Mãe faleceu por câncer de mama, pai saudável, 4 irmãos saudáveis. ▪ EXAME FÍSICO o MEG, corado, hidratado, acianótico ,ictérico 2+/4+, toxemiado, taquipneico, 38,5 graus o PA = 100/60 FC = 120 bpm o ACV: RCR 2T sem sopros. o AR: MV+ S/RA o ABDOME: flácido , dor no andar superior do abdome à palpação, DB negativo, sem massas, fígado a 5 cm do RCD, RHA diminuídos o MMII: sem edemas, pulsos + ▪ Exames laboratoriais ▪ AP:100% TP:27s TGO= 800 TGP= 900 ▪ LEUC:27.600 (desvio p/ metamiel.) ▪ Ht:36% Hb:11.7 ▪ Prot Tot:7.6 ALB:4.1 BT:28.4 BD:18.3 ▪ FA:412 Gama-GT:280 ▪ US abdominal: colelitíase com dilatação das vias biliares intra e extra hepáticas ▪ TC: s/ massas ou adenomegalias ▪ EDA: Papila proeminente sugestiva de obstrução por cálculo, saída intermitente de secreção purulenta ▪ Colangite bacteriana + Hepatite transinfecciosa ▪ Tratamento: o Drenagem da via biliar de urgência ▪ CPRE ou cirúrgico o Cirurgia ▪ Aguardar melhora do quadro infeccioso
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