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AN02FREV001/REV 3.0 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 3.0 CURSO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA MÓDULO I Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 3.0 SUMÁRIO MÓDULO I 1 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO MUNDO 1.2 A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL MÓDULO II 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS 2.1 ABORDANDO CONCEITOS 2.2 CARACTERÍSTICAS DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.3 ENSINO E APRENDIZAGEM COM QUALIDADE NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.4 AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM 2.4.1 Características de alguns ambientes virtuais de Aprendizagem 2.5 LEGISLAÇÃO QUE FUNDAMENTA A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA MÓDULO III 3 TECNOLOGIAS UTILIZADAS EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.1 FERRAMENTAS DE APRENDIZAGEM COLABORATIVA NA INTERNET NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM 3.2 POR QUE UTILIZAR UMA FERRAMENTA COLABORATIVA? 3.3 DIDÁTICA NO USO DE FERRAMENTAS DE APRENDIZAGEM COLABORATIVA: PROCESSO E AVALIAÇÃO MÓDULO IV 4 FERRAMENTAS DE APRENDIZAGEM 4.1 BLOG 4.1.1 Quando utilizar um blog? 4.1.2 Como proceder didaticamente com blog? AN02FREV001/REV 3.0 4.2 CHAT 4.2.1 Quando utilizar um chat? 4.2.2 Como proceder didaticamente com chat? 4.3 FÓRUM 4.3.1 Quando utilizar um fórum? 4.3.2 Como proceder didaticamente com fórum? 4.4 WIKI 4.4.1 Quando utilizar um wiki? 4.4.2 Como proceder didaticamente com wiki? 4.5 ALGUNS EXEMPLOS DE PRÁTICAS EDUCATIVAS COLABORATIVAS 4.6 CONHECENDO E EXPLORANDO AS FERRAMENTAS DE APRENDIZAGEM COLABORATIVA NA INTERNET 4.6.1 Blog 4.6.2 Chat 4.6.3 Fórum 4.6.4 Wiki 4.6.5 Alguns sites interessantes MÓDULO V 5 DOCÊNCIA, DISCÊNCIA E TUTORIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 5.1 DOCÊNCIA: O PERFIL DO EDUCADOR 5.2 O ATOR DO PROCESSO: O DISCENTE 5.3 TUTORIA: NOVO PERSONAGEM NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA. 5.4 AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 5.4.1 Instrumentos de avaliação REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AN02FREV001/REV 4.0 5 MÓDULO I 1 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A Educação a Distância no Brasil não é uma prática recente. Existem hoje instituições conceituadas com milhares de alunos a distância, em cursos que utilizam diversas mídias e estruturas (RODRIGUES, 1998). No Brasil, desde a fundação do Instituto Rádio Monitor, em 1939, várias experiências na área de Educação a Distância foram iniciadas. Esses cursos utilizam diferentes mídias e materiais para levar a Educação a Distância aos mais diferentes locais do Brasil, permitindo assim o acesso e a democratização do ensino superior àqueles que por diversos motivos encontram-se impossibilitados de frequentar a universidade diariamente. Partindo do pressuposto de que a formação acadêmica é uma questão de suma importância, a Educação a Distância deve então ser vista como uma estratégia e uma possibilidade democratizadora de acesso à universidade. A humanidade sempre produziu conhecimentos, mas hoje com um expressivo diferencial, o acesso e a rapidez da transmissão dessas informações acontecem em tempo real. E esses são fatores fundamentais que devem ser levados em consideração quando se faz uma análise do processo de conhecimento, informação e educação que a universidade se propõe a oferecer aos seus acadêmicos em cursos a distância. O avanço tecnológico imposto pelo mercado capitalista e as transformações sociais ocorridas em virtude dessas tecnologias e das rápidas transformações do mercado e da sociedade. Tais mudanças certamente forçaram mudanças no modo de vida da população e em consequência essas mudanças também atingiram os sistemas de ensino, que buscam por inovações e novas formas de trabalhar as necessidades educacionais que não podem ser satisfeitas somente pelos sistemas tradicionais de ensino. AN02FREV001/REV 4.0 6 O século XXI pode caracterizar-se por uma particularidade no âmbito educacional: a demanda sem precedentes pelo acesso a educação. Essa demanda deve-se à consciência do direito à educação e a certeza de que sem escolarização não contribuímos com uma sociedade justa e igualitária. Saímos do século da produção e iniciamos o século do conhecimento, século que exige da sociedade uma revisão e reavaliação de posicionamentos, de atitudes e posturas. Exige também maior abertura de espaços educativos para que possa agregar maior número de pessoas possíveis. Prosseguindo nesse pensamento, podemos levantar questionamentos, tais como: As escolas, em seu espaço físico, estão capacitadas para atender a essa demanda? Que escola estaria preparada para atender uma diversidade cultural tão grande? Como a escola pode superar possíveis limitações de tempo, de espaço e a falta de profissionais qualificados? Percebemos então que a escola, na forma que se encontra estruturada hoje, não consegue atender à demanda pela educação que a sociedade necessita. É necessário que se (re) pense em uma nova modalidade de educação, que seja capaz de atender ao grande contingente de pessoas existente, esperando pelo acesso à educação. De tal modo, a Educação a Distância, como modalidade de educação, surge de forma surpreendente nos últimos tempos e alcança os mais diferentes lugares do mundo, em razão do uso das novas tecnologias da informação e da comunicação. A diferença entre a educação presencial e a educação a distância se dá pelo fato de que na modalidade presencial o aluno tem acesso ao conhecimento em um espaço previamente determinado, ou seja, todos os dias na universidade, em um espaço físico determinado. Na modalidade a distância o aluno desenvolve capacidades e habilidades no tempo e no local que lhe são adequados, com mediação de professores e tutores, utilizando-se de variados materiais didáticos, como: cadernos pedagógicos, fitas de vídeo, teleconferências, videoconferências, teleaudiovideoconferências, acompanhamento tutorial, internet, utilização de hipertextos e todas as formas disponíveis dos meios de comunicação. O desafio de educar e educar-se a distância é grande, pois o acadêmico deve desenvolver competências e habilidades inerentes a sua profissão, ser mais AN02FREV001/REV 4.0 7 reflexivo quanto a sua ação e mediação, uma vez que será ele próprio o autor das práticas educativas que serão embasadas nas teorias estudadas. No ensino a distância, o aluno faz uso da teoria para amparar sua prática pedagógica ou então a sua prática será início de uma nova teorização. Todavia, ambas – teoria e prática – deverão estar pautadas nos pilares da reflexão/ação/reflexão. Os cursos superiores buscam por indicadores de qualidade para se firmar no mercado e a educação a distância não é diferente. Viabilizar cursos na modalidade de Educação a Distância no Brasil – onde a diversidade de contextos e experiências malsucedidas na educação criou uma imagem de descrédito e resistência perante as universidades – implica um trabalho cauteloso de pesquisa e avaliação das iniciativas que estão surgindo, na busca da estruturação de modelos que sejam adequados à realidade brasileira e que consolidem a Educação a Distância enquanto prática educativa (RODRIGUES, 1998). A Educação a Distância é caracterizada pela separação do professor e aluno no espaço e no tempo, pelo controle do aprendizado realizadomais intensamente pelo aluno do que pelo instrutor distante, pela comunicação entre professores e alunos sendo mediada por documentos impressos ou alguma forma de tecnologia. O Módulo I apresenta a Educação a Distância no mundo e destaca principalmente sua trajetória no Brasil. O Módulo II traz as características e os conceitos sobre Educação a Distância que vêm sendo utilizadas nas universidades, empresas, iniciativas públicas e privadas como forma de democratização e acesso ao ensino superior. O Módulo III apresenta as principais tecnologias da informação e da comunicação usadas na Educação a Distância. O Módulo IV descreve os objetos utilizados na aprendizagem colaborativa. O Módulo V aborda os principais elementos constituintes desse sistema tutorial, definindo seus papéis e formas de comunicação entre o professor, o tutor e aluno. 1.1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO MUNDO Quando falamos em Educação a Distância nos parece ser um elemento inovador e uma proposta mágica no cenário educacional, porém, a Educação a AN02FREV001/REV 4.0 8 Distância apresenta uma longa história. Nessa trajetória, destacam-se modelos de Educação a Distância que foram marcados pelo sucesso da atividade realizada, bem como pelo fracasso no processo, devido a vários fatores. Sua origem remonta as experiências de educação por correspondência iniciadas no final do século XVIII e com amplo desenvolvimento a partir de meados do século XIX. De acordo com alguns autores, Educação a Distância (EAD) é uma modalidade de ensino tão antiga quanto às primeiras epístolas bíblicas. Segundo Chaves (1999), a Educação a Distância (EAD) é uma modalidade de ensino bastante antiga, sendo uma forma de ensino que ocorre quando o aluno e professor se encontram separados no tempo ou no espaço, entre outros vários fatores também determinantes e decisivos para o sucesso ou fracasso desse modelo de educação. Obviamente, para que possa haver Educação a Distância, é necessária a utilização de alguma tecnologia. A primeira tecnologia que permitiu às pessoas comunicar-se sem estarem face a face foi a escrita. A tecnologia tipográfica, posteriormente, ampliou grandemente o alcance da Educação a Distância. Landim (1997) menciona que as mensagens trocadas pelos cristãos para difundir a palavra de Deus são a origem da comunicação educativa, por intermédio da escrita, com o objetivo de propiciar aprendizagem aos discípulos. De acordo com Chaves (1999, p. 24): A invenção da escrita possibilitou que as pessoas escrevessem o que antes só podiam dizer e, assim, permitiu o surgimento da primeira forma de EAD: o ensino por correspondência. As epístolas do Novo Testamento (destinadas a comunidades inteiras), que possuem nítido caráter didático, são claros exemplos de EAD. Seu alcance, entretanto, foi relativamente limitado – até que foram transformadas em livros. A modalidade de Educação a Distância, impulsionada pelos avanços das novas tecnologias deslanchou em meados do século XX, embora os registros apontem para as cartas de Platão e as Epístolas de São Paulo. A Educação a Distância começou no século XV, quando Johannes Gutenberg, em Mogúncia, Alemanha, inventou a imprensa, com composição de palavras com caracteres móveis. Dessa forma, o livro manual deu lugar ao livro copiado, sendo desnecessário ir às escolas para assistir ao venerando mestre ler, AN02FREV001/REV 4.0 9 na frente de seus discípulos, o raro livro copiado, surgindo assim à possibilidade de a leitura acontecer fora da sala de aula. Para Sartori (2002) e Saraiva (1996), um dos primeiros acontecimentos da Educação a Distância foi o anúncio publicado na Gazeta de Boston. No início do século XVIII, o professor de taquigrafia Cauleb Phillips anunciava que toda pessoa da região, desejosa de aprender a arte da taquigrafia, podia receber em sua casa várias lições semanalmente e ser perfeitamente instruída, como as pessoas que vivem em Boston. Rodrigues (1998) ao fazer referências a vários autores em seu texto diz que dentro da evolução da comunicação baseada na escrita, o marco importante foi a criação, em 1840, na Inglaterra, do Penny Post (Moore e Kearsley, 1996; Mattelart 1994), que entregava correspondência, independente da distância, ao custo de um penny, o equivalente a dez centavos. Landim (1997) também menciona o anúncio da Gazeta de Boston, de 1728, que oferecia material para ensino e tutoria por correspondência. Alves (1994, apud Rodrigues, 1998) considera como a primeira experiência de Educação a Distância um curso de contabilidade na Suécia em 1833. Sartori (2002) ressalta que no final do século XIX, foi criada a divisão de Ensino por Correspondência no Departamento de Extensão da Universidade de Chicago, sendo que já haviam sido capacitados professores de escolas dominicais com a utilização de correspondência. Na mesma época, Hans Hermond, diretor de uma escola que ministrava cursos de línguas e cursos comerciais, publicou o primeiro curso por correspondência, inaugurando o famoso Instituto Hermond, na Suécia. Rodrigues (1998) faz menção aos cursos por correspondência formalmente reconhecidos quando o estado de Nova Iorque autorizou o Chatauqua Institute, em 1883, a conferir diplomas por meio deste método. Alves (1994, apud Rodrigues, 1998) menciona a Illinois Wesleyan University como a primeira Universidade Aberta no mundo, tendo iniciado, em 1874, cursos por correspondência. Landim (1997, apud Rodrigues, 1998) considera que a primeira instituição a fornecer cursos por correspondência foi a Sociedade de Línguas Modernas, em Berlim, que, em 1856, iniciou cursos de francês por correspondência. AN02FREV001/REV 4.0 10 Em 1938, na cidade de Vitória, no Canadá, realizou-se a Primeira Conferência Internacional sobre Educação por Correspondência e mais países foram adotando a Educação a Distância, os quais abrigam culturas diferentes e sistemas políticos diferentes, como: África do Sul e Canadá, em 1946; Japão, em 1951; Bélgica, em 1959; Índia, em 1962; França, em 1963, Espanha, em 1968; Inglaterra, em 1969; Venezuela e Costa Rica, em 1977. Nesses países, os cursos superiores a distância tornaram-se bastante populares. Os programas e cursos adotados nessas universidades foram decisivos para validar a Educação a Distância, dando-lhes credibilidade e aceitabilidade. Sartori (2002) destaca a importância das universidades que oferecem cursos a distância. Ressalta que foi a partir de 1969, com a criação da pioneira Universidade Aberta (Open University) na Inglaterra, que teve como objetivo principal a democratização da educação, que ocorreu a significativa expansão dessa modalidade de educação. Mesmo que possa haver divergências quanto à primeira instituição e ao primeiro curso a distância, a bibliografia é unânime quanto à importância da Open University da Inglaterra, criada em 1969 como um marco e um modelo de sucesso, que tem atuação destacada até hoje. A novidade foi o uso integrado de material impresso, rádio e Televisão (por meio de um acordo com a BBC) e de contato pessoal. Por meio de centros de atendimento espalhados no país, o fato dos alunos não necessitarem apresentar certificado de formação escolar anterior (ter 21 anos é suficiente para ingressar na universidade) e o alto nível dos cursos (RODRIGUES, 1998, p.29). A seguir serão destacadas algumas das maiores e mais tradicionais instituições que têm programas de Educação a Distância nos três últimos séculos. Os dados a seguir são de autoria de Rodrigues (1998) e Sartori (2002). Como destaca Rodrigues (1998, p. 30): A análise de algumas das maiores e mais tradicionais universidades que têm programas de Educação a Distância contribui para um referencial teórico e operacional, onde estão apresentadas num panorama para destacar as várias formas possíveis de atuação emdiferentes contextos. O contato com outras experiências permite a visão de procedimentos e técnicas que, com certeza, criam atalhos e indicam caminhos que podem ser considerados quanto à viabilidade de implantação no Brasil. AN02FREV001/REV 4.0 11 1856: em Berlim foi criada a Sociedade de Línguas Modernas, que ensina Francês por correspondência. 1892: Penn State University - USA. Uma das Universidades pioneiras em cursos a distância, tendo iniciado o primeiro curso por correspondência em 1892. Hoje, a Universidade oferece cursos com e sem créditos, especialmente modelados para EAD com o objetivo de ajudar as pessoas a aprender sem interromper suas agendas de trabalho, compromissos de família, responsabilidades na comunidade ou outros interesses educacionais. As metodologias de educação a distância incluem aprendizado independente e aberto; teleconferências; televisão interativa; programas internacionais e de pesquisas especialmente contratados. A Penn State sedia o CREAD - Inter-American Distance Education Network, um consórcio de mais de sessenta universidades e outras organizações no Canadá, Estados Unidos, México e América do Sul. 1910: professores rurais do curso primário começam a receber material de educação secundária pelo correio, em Vitória, Austrália; Nasce o centro Nacional de Ensino a Distância na França (CNED). A rádio Sorbonne transmite aulas de matérias literárias da Faculdade de Letras e Ciências Humanas de PARIS. 1951: A Universidade de Sudafrica dedica-se exclusivamente a desenvolver cursos a distância. 1958: University of Wisconsin – EUA. A University of Wisconsin iniciou seu programa de Educação a Distância em 1958. Gerencia uma rede com pontos de videoconferência e sites com teleaudioconferência no estado. A Cooperativa de Extensão desenvolve programas educacionais especialmente modelados para as necessidades locais e baseados no conhecimento e pesquisa da universidade. 1962: a Universidade de Dehli cria um departamento de Estudos por correspondência. 1963: inicia-se, na França, o ensino universitário, por rádio, em cinco faculdades de letras. 1971: Canadá, Athabasca University – a Universidade iniciou seu programa de educação a Distância em 1971 e sua missão, formulada em 1985, apresenta como objetivo a remoção das barreiras que tradicionalmente restringem o acesso e o sucesso em estudos de nível universitário e aumentar a igualdade de AN02FREV001/REV 4.0 12 oportunidades de educação para todos os seus cidadãos adultos, independente da sua localização geográfica e currículo acadêmico anterior. Em comum com todas as Universidades, Athabasca University tem comprometimento com excelência em ensino, pesquisa e auxílio financeiro aos alunos e na prestação de serviços ao público em geral. 1971: Open University, Inglaterra. A Open University é possivelmente a maior e mais tradicional instituição de Educação a Distância do Ocidente. Em 1971, os primeiros 24.000 estudantes ingressaram em diversos cursos. Em 1996, mais de 150.000 alunos matricularam-se em cursos de graduação e pós-graduação da universidade. Foram vendidos mais de 50.000 pacotes de materiais de aprendizado. 1972: cria-se em Madri, Espanha, a Universidade Nacional de Educación a Distância (UNED). Canadá inicia uso de satélites de telecomunicações só para educação. 1974: cria-se a Universidade Aberta de Israel. 1974: Fernuniversität, Hagen, Alemanha. A universidade iniciou seus trabalhos em 1974 e funciona igual às demais instituições alemãs em termos de estrutura, pessoal, pesquisa, currículo, critérios de admissão e avaliação dos alunos. 1979: cria-se o Instituto Português de Ensino a Distância, cujo objetivo é lecionar cursos superiores para os professores. 1979: Rádio e Television Universities, China. A Rede Nacional de Rádio e Television Universities (RTVU) foi criada em 1979 para atender à crescente e urgente demanda por pessoas qualificadas em educação de adultos que o sistema convencional não conseguia satisfazer. 1983: implanta-se a Associação Sueca de Educação a Distância. 1984: The Open University of the Netherlands, Holanda. A Universidade Aberta da Holanda iniciou suas atividades em 1984. O governo holandês criou uma instituição independente com o objetivo de tornar acessível a educação científica para todas as pessoas com os interesses e capacidades compatíveis, para as pessoas que não podem ou não querem frequentar cursos regulares porque elas não têm a formação acadêmica adequada ou porque não dispõe do tempo necessário. Assim, a Open University se dirige a dois grupos principais: os que necessitam de uma "segunda chance" e os que preferem uma "segunda alternativa". AN02FREV001/REV 4.0 13 1987: Indira Gandhi National Open University, Índia (IGNOU). A programação acadêmica da IGNOU começou em 1987 com o objetivo de prover oportunidades de educação superior a grandes segmentos da população, incluindo os grupos em desvantagem educacional (mulheres, deficientes físicos e pessoas com baixa renda), promover o conceito de Educação a Distância e prover educação de alta qualidade a nível universitário. 1988: o Instituto Português de Ensino a Distância origina a Universidade Aberta de Portugal. 2000: cria-se a Universidade Virtual Euromediterrânea. Para Volpato (2005, p. 2): A sistematização da Educação a Distância deu-se com a necessidade de treinamento dos recrutas durante a II Guerra Mundial, quando o método foi aplicado tanto para a recuperação social dos vencidos egressos desta guerra, quanto para o desenvolvimento de novas capacidades profissionais para uma população oriunda do êxodo rural. Porém, a Educação a Distância não ficou restrita ao momento pós-guerra. Foi amplamente utilizada por diversos países, independentemente do seu poder econômico ou detenção de tecnologia, tendo sempre como escopo a minimização de seus problemas sociais. Atualmente, mais de 80 países atendem milhares de pessoas, com sistemas de ensino a distância em todos os níveis, em sistemas formais e não formais. A Educação a Distância no mundo protagonizou um dos papéis mais distintos no setor educacional, o acesso e a democratização universal do ensino para as pessoas que por diversos motivos não conseguiram terminar ou quem sabe começar um curso, seja ele superior, técnico profissionalizante ou do ensino fundamental. 1.2 A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL A Educação a Distância brasileira é uma novidade que causa dúvidas quanto a sua eficiência, conforme nos alerta Sartori (2002), ao afirmar que desde a fase de implantação até o momento, algumas iniciativas de Educação a Distância tiveram sucesso e outras não. Embora não haja, ainda, uma tradição dessa AN02FREV001/REV 4.0 14 modalidade educativa, ela já se fez presente no processo educacional brasileiro, em instituições públicas e privadas. No Brasil, o início da Educação a Distância não está associado ao material impresso, e sim ao rádio. Sartori (2002) aponta a fundação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, em 1923, por Roquete Pinto, como o marco inicial da Educação a Distância que tinha como objetivo utilizar o rádio como forma de ampliação do acesso à educação, ou “transmitindo programas de literatura, radiotelegrafia e telefonia, de línguas, de literatura infantil e outros de interesse comunitário” (ALVES, 1994, p. 25). A emissora foi doada ao Ministério da Educação e Saúde em 1936, e no ano seguinte foi criado o Serviço de Radiodifusão Educativa do Ministério da Educação (ALVES, 1994). Para Volpato (2005) a Educação a Distância no Brasil surgiu por volta do ano de 1936, com a criação do Instituto Rádio Monitor, seguida das experiências do Instituto Universal Brasileiro, a partir de 1941. Destaca ainda que, na década de 50, outras instituições motivadaspela necessidade de democratizar o saber e tomando como realidade às dimensões continentais brasileiras, passou a fazer uso do ensino a distância via correspondência. Para Alves (1994, p. 27): Inexistem registros precisos acerca da criação da Educação a Distância no Brasil. Tem-se como marco histórico a implantação das “Escolas Internacionais” em 1904, representando organizações norte-americanas. Entretanto, o Jornal do Brasil, que iniciou suas atividades em 1891, registra na primeira edição da seção de classificados, anúncio oferecendo profissionalização por correspondência (datilógrafo), o que faz com que se afirme que já se buscavam alternativas para a melhoria da educação brasileira, e coloca dúvidas sobre o verdadeiro momento inicial da Educação a Distância. Alves (1994, p. 29) ressalta que a crise na educação nacional já era notada na época, buscando-se desde então opções para a mudança do status quo. Transcreveu a citação contida no relatório de 1906, do Dr. Joaquim José Seabra, Ministro da Justiça e Negócios Interiores (que abrangia a Educação), ao Presidente da República. Textualmente, assim manifestava o titular da pasta: “O ensino chegou (no Brasil) a um estado de anarquia e descrédito que, ou faz-se a sua reforma radical, ou preferível será aboli-lo de vez”. AN02FREV001/REV 4.0 15 A educação a distância começou, portanto, em um momento bastante conturbado da educação brasileira, tendo sua instituição em 1936, com a criação do Instituto Rádio Técnico Monitor, com programas dirigidos ao ramo da eletrônica (RODRIGUES, 1998). Em 1939, a Marinha e o Exército brasileiros utilizavam a Educação a Distância para preparar e admitir oficiais na Escola de Comando do Estado Maior, utilizando basicamente material impresso, via correspondência (SARTORI, 2002). Em 1941, foi criado o Instituto Universal Brasileiro dedicado à formação profissional de nível elementar e médio utilizando material impresso – instituído como entidade livre, com sede em São Paulo e filiais no Rio de Janeiro (SARTORI, 2002). Em 1943, Alves (1994) destaca que a Igreja Adventista lançou, no Brasil, programas radiofônicos pela Escola Rádio-Postal de “A Voz da Profecia”, com a finalidade de oferecer aos ouvintes cursos bíblicos por correspondência. Em 1946, tem início às atividades do SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - que desenvolveu no Rio de Janeiro e em São Paulo, a Universidade do Ar, que em 1950 já atingia 318 localidades e 80 alunos; em 1973, iniciou os cursos por correspondência, seguindo o modelo da Universidade de Wisconsin - USA (ALVES, 1994). Rodrigues (1998) aponta a Diocese de Natal, no Rio Grande do Norte como criadora das escolas radiofônicas que deram origem ao Movimento de Educação de Base – MEB, em 1959, e coloca entre as experiências de destaque em Educação a Distância não formal no Brasil. Rodrigues (1998) cita Nunes (1992) quando o mesmo diz que a preocupação básica do Movimento de Educação de Base - MEB era alfabetizar e apoiar os primeiros passos da educação de milhares de jovens e adultos, principalmente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. O projeto foi desmantelado pela ação do governo pós 1964. De acordo com Sartori (2002) na década de 60, foi criado o Programa Nacional de Teleducação (Prontel) no Ministério da Educação e Cultura, sendo responsável por coordenar e apoiar a Educação a Distância no país, sendo substituída pela Secretaria de Aplicação Tecnológica (SEAT), extinta posteriormente. AN02FREV001/REV 4.0 16 Em 1962, foi fundada, em São Paulo, a Ocidental School, de origem americana, sendo atuante no campo da eletrônica. Possuía, em 1980, alunos no Brasil e em Portugal (ALVES, 1994). Na área de educação pública, o IBAM – Instituto Brasileiro de Administração Municipal – iniciou suas atividades em EAD em 1967, utilizando a metodologia de ensino por correspondência (ALVES, 1994). Em 1970, surge o Projeto Minerva irradiando cursos de Capacitação Ginasial e Madureza Ginasial, produzidos pela Fundação Padre Landell de Moura - FEPLAM e pela Fundação Padre Anchieta. Foi um programa implementado como possível solução para os problemas do desenvolvimento econômico, social e político que o país atravessava. Tinha como cenário um período de crescimento econômico, conhecido como o milagre brasileiro, em que a ênfase na educação era preparar mão de obra para atender a esse desenvolvimento e à competição internacional. Esse projeto foi mantido até o início dos anos 80, apesar das severas críticas e do baixo índice de aprovação – 77% dos inscritos não conseguiu obter o diploma (RODRIGUES, 1998). A história da Educação a Distância no Brasil registra também que, nas décadas de 60 a 80, novas entidades foram criadas com fins de desenvolvimento da educação por correspondência, sendo que algumas já estão desativadas. Um levantamento feito com apoio do Ministério da Educação, em fins dos anos 70, apontava a existência de 31 estabelecimentos de ensino, utilizando-se da metodologia de EaD, distribuídos em grande parte nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro (ALVES, 1994). Podemos destacar as seguintes unidades educacionais: Associação Mens Sana, com cursos a partir de 1967; Centro de Ensino Técnico de Brasília, em 1968; Cursos Guanabara de Ensino Livre, em 1969; Instituto Cosmos, em 1970; Centro de Socialização, em 1972; Instituto de Pesquisas Avançadas em Educação, em 1973; Universidade de Brasília, em 1973; Centro de Estudos de Pessoal do Exército Brasileiro, em 1974; Universal Center, em 1974; AN02FREV001/REV 4.0 17 Fundação Centro de Desenvolvimento de Recursos Humanos, vinculado ao Governo do Estado do Rio de Janeiro, em 1975; Cursos de Auxiliares de Clínica e de Cirurgia, em 1975; Instituto de Radiodifusão da Bahia, em 1975; Empresa Brasileira de Telecomunicações - EMBRATEL, em 1976; Banco Itaú, em 1977; Associação Brasileira de Tecnologia Educacional - ABT, em 1980; Centro Educacional de Niterói, em 1980; Banco do Brasil, em 1981; Universidade Federal do Maranhão, em 1981; Colégio Anglo-Americano, em 1981; Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior, em 1982; Escola de Administração Fazendária, em 1985; Projeto Rondon, em 1986. Sartori (2002) destaca a importância do projeto LOGUS II, desenvolvido nas décadas de 70 e 80, habilitando mais de 60 mil professores em todo o Brasil especificamente em Santa Catarina. Destinava-se à habilitação de professores leigos para atuarem nas séries iniciais do ensino fundamental. Posteriormente foi substituído pelo Programa de Valorização do Magistério, sendo que o mesmo está praticamente desativado. No início dos anos 70, o número de analfabetos no Brasil foi um obstáculo à modernização do país, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. O governo optou pela adoção das primeiras experiências de educação por satélite, baseado no relatório Advanced System for Comunications and Education in National Development - ASCEND, idealizado pela Stanford University, que preconizava a eficácia de um protótipo de sistema total de utilização do audiovisual com a finalidade de educação primária (RODRIGUES, 1998). Em 1974, surge o projeto SACI que atendia às quatro primeiras séries do primeiro grau. O projeto foi interrompido em 1977-1978 sob o pretexto oficial de que seria demasiado dispendioso comprar outro satélite; colocando em evidência às contradições nas diferentes instâncias do Estado brasileiro entre as estratégias em matéria de telecomunicações, educação e política científicas (RODRIGUES, 1998). AN02FREV001/REV 4.0 18 Em 1974, a Fundação de Teleducação do Ceará - FUNTELC, também conhecida como Televisão Educativa - TVE do Ceará, desenvolve ensino regular de quinta a oitava série e, em 1993, tinha 102.170 alunos matriculadosem 150 municípios (ALVES, 1994). Em 1978, a Fundação Padre Anchieta (TV Cultura) e a Fundação Roberto Marinho lançaram o Telecurso Segundo Grau, utilizando programas de TV e material impresso vendido em bancas de jornal, para preparar os alunos para o exame supletivo. Em 1995, foi lançado o Telecurso 2000, nos mesmos moldes (ALVES, 1994). Em 1991, foi lançado o programa Um Salto para o Futuro, uma parceria do Governo Federal, das Secretarias Estaduais de Educação e da Fundação Roquette Pinto dirigido à formação de professores e veiculado por meio de emissoras de televisão educativas. Esse programa vem crescendo e aprimorando o atendimento aos professores, aumentando o número de telepostos organizados pelas Secretarias de Educação dos Estados, contando com orientadores de aprendizagem nos telepostos. Esses orientadores assumem o papel de tutores do curso (SARTORI, 2002). O MEC, por meio da Secretaria de Educação a Distância, oferece o curso Proformação, que presenta como objetivo habilitar professores em nível de ensino médio. Mas e a Educação Superior? Em que momento da história brasileira a Educação Superior a Distância surgiu? Na década de 70, uma das primeiras experiências com Educação Superior a Distância ocorreu na Universidade de Brasília, que ofereceu cursos na área de ciências políticas. Porém, somente no final da década seguinte foram credenciadas as primeiras universidades brasileiras para desenvolver cursos superiores de graduação, na modalidade a distância: Em 1988, a Escola do Futuro-USP: um laboratório interdisciplinar de pesquisa da Universidade de São Paulo, que iniciou seus trabalhos e teve como meta investigar tecnologias emergentes de comunicação e suas aplicações educacionais (RODRIGUES, 1998). Em 1995, a Universidade Federal de Santa Catarina estruturou o Laboratório de Ensino a Distância no Programa de Pós-Graduação em Engenharia AN02FREV001/REV 4.0 19 de Produção. Os cursos são customizados e permitem atender às necessidades de diversas clientelas (RODRIGUES, 1998). Em 1999, a Universidade Federal do Pará – UFP. Em 1999, a Universidade Federal do Paraná. Em 2000, a Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC. Em 2001, a Universidade Federal do Mato Grosso – UFMT. A Educação a Distância tem avançado de forma gradativa e muitas foram às experiências observadas. No cenário internacional adquiriu com o passar dos tempos qualidade e credibilidade para a sua expansão. No Brasil, a Educação a Distância, principalmente com relação ao ensino superior, ainda é vista com resistência e descrédito, sendo motivada pela forte concorrência com as instituições privadas de ensino. Por ser uma modalidade que irá atender à grande massa populacional, necessita passar por ajustes que deem condições de transitar de forma normal pela sociedade, de ser aceita como uma modalidade inovadora e democratizadora do ensino e da educação. FIM DO MÓDULO I
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