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INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS FATORES QUE ALTERAM O EFEITO DAS DROGAS − Relacionados ao paciente • Genética (polimorfismos genéticos, ausência ou presença de alguma enzima envolvida no processo de biotransformação, maior ou menor número de receptores e membrana) • Interação com fármacos • Peso e composição corporal • Crianças: barreira hematoencefálica incompleta, rins e fígado ainda em desenvolvimento → tudo isso pode alterar efeito dos fármacos • Idosos: tem sistema hepático e renal deficiente, tem problemas na adesão ao tratamento, tem maior número de comorbidades, mudança no perfil farmacocinético, e tudo isso pode interferir no efeito dos fármacos • Gravidez: há alterações fisiológicas, hemodiluição, levando à diminuição da albumina sanguínea, aumento do DC e no fluxo sanguíneo renal • Dieta: falta de nutrientes, interação com medicamentos • Fisiologia: flutuações de pH gástrico, plasmático e urinário, alterações do equilíbrio hidroeletrolítico • Patologias: modificação na farmacocinética da droga, modificação da responsividade tecidual (farmacodinâmica) − Relacionados ao fármaco • Propriedades físico-químicos: solubilidade, difusibilidade, estado físico • Via de administração • • Tolerância farmacológica – farmacocinética (etanol), farmacodinâmica (cocaína, bzp), imunobiológicos (toxina botulínica) • Tolerância farmacológica = ocorre quando é necessário aumentar a dose do fármaco para se ter o mesmo efeito que se tinha antes (pode ocorrer com uso continuo/crônico) • Tolerância cruzada = ocorre quando o paciente se torna tolerante ao fármaco X e, consequentemente, fica tolerante ao fármaco Y, mesmo sem nunca ter tomado o Y. Ocorre geralmente nos fármacos que compartilham o mesmo receptor ou enzima na biotransformação − Relacionados à administração concomitante de fármacos • Interação medicamentosa (IM): é quando o efeito de um Fármaco sofre alterações por outros fármacos, alimentos, bebidas ou agentes químicos. • Pode levar à efeitos adversos, aumento ou redução do efeito, perigo caso haja exacerbação do efeito (toxicidade) → álcool e paracetamol, anti- histamínico + sedativo ✓ Benzodiazepínicos e opioides são depressoras do sistema nervoso central, embora atuem em receptores diferentes. Enquanto benzodiazepínicos provocam hiperpolarização neuronal, por reforçarem a ação do neurotransmissor inibitório GABA nos receptores GABAA, os opioides atuam em receptores μ provocando efeitos neuronais que incluem efluxo de potássio e fechamento de canais de cálcio dependentes de voltagem • A perda do efeito pode levar ao não combatimento da doença → como tetraciclinas + leite • Em idosos, há a polifarmácia, maior número de medicamentos que se usa, somado à dificuldade de metabolização e excreção → pode levar a IM AS INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS PODEM SER BENÉFICAS: • Soma de anti-hipertensivos + diuréticos • Uso de amoxicilina + ácido clavulônico • Ao somar medicamentos, pode-se potencializar a ação um do outro, ou trabalhar em diferentes sítios para causar um efeito X desejável, pode-se reduzir as doses dos fármacos usados, etc • Uso de antídotos para contaminações • Por exemplo: a naloxona (antagonista opioide) é usada quando há superdosagem de morfina − As interações que aumentam o efeito podem ser mais maléficas que as que diminuem efeito. O teto para o aumento do efeito é o óbito. − Assim, sobre as interações medicamentosas, há dois tipos: sinergistas e antagonistas → a classificação varia de acordo com o autor − Adição é somar efeitos • Sedação do fármaco X + sedação do fármaco Y = força de sedação do X+Y − Potenciação é potencializar o efeito • Fármaco X + Fármaco Y = fármaco X2 − Nem sempre é possível determinar qual é o efeito sinergista, se é adição ou potenciação − A eliminação do Lítio ocorre por excreção renal. Contudo, com o uso de Aines e a redução na síntese de determinadas prostaglandinas, há redução no fluxo sanguíneo renal. Isso acarreta uma menor taxa de excreção renal de Lítio e o consequente acúmulo tóxico no organismo → sinergismo farmacocinético − A interação entre etanol e metronidazol é outro exemplo de sinergismo farmacocinético. Ao reduzir a capacidade enzimática metabolizadora do etanol, o metronidazol provoca acúmulo de acetaldeído (um subproduto tóxico do etanol) no organismo, causando rubor, náusea, queda de pressão arterial, entre outros efeitos. Esse conjunto de sintomas é conhecido como “efeito dissulfiram”. − Interações farmacocinética: ocorre quando um fármaco altera o efeito do outro por interagir com um dos seus processos farmacocinéticos, como sua absorção, distribuição, excreção e biotransformação. Se a interação levar a uma perda de efeito, será antagonismo, se levar à aumento do efeito, será sinergismo • Ex: contraceptivo + antibiótico → antibiótico diminui o efeito do contraceptivo, a partir da alteração do ciclo êntero-hepático • Etilestradiol e outros estrogênios sintéticos sofrem conjugação hepática para aumento de hidrossolubilidade, facilitando a excreção urinária e fecal. Contudo, bactérias da microbiota intestinal são capazes de desconjugar parte desse fármaco, promovendo reabsorção. Sendo assim, o ciclo entero-hepatico pode aumentar a meia vida de alguns fármacos. Ao se utilizar antibióticos de amplo espectro por longos períodos, pode-se reduzir a microbiota intestinal, levando à redução da ocorrência desse ciclo e, consequentemente, da meia-vida do fármaco21. Nessa situação, dá-se um antagonismo farmacocinético − Interações farmacodinânicas: ocorre quando um fármaco interfere no receptor farmacológico do outro, tendo eles uma competição ou modulação do mesmo receptor farmacológico • Ex: morfina (agonista receptor mi) + naloxona (antagonista receptor mi) − Interação fisiológica, ou funcional ou de efeito: ocorre quando uma interação ocorre em estruturas diferentes, mas os efeitos fisiológicos se anulam • Ex: histamina (alergênico via receptor H1, podendo levar à broncoconstrição) + adrenalina (pode causar broncodilatação via receptor Beta2) → um anula o efeito do outro • Atrovent + berotec → agonista Beta 2 + antagonista muscarínico → potencializa a broncodilatação • a combinação entre Aines e anticoagulantes orais, como Varfarina, pode aumentar o risco de sangramento. Trata-se de um sinergismo fisiológico, uma vez que combina o efeito antiagregante plaquetário dos Aines por inibição da COX-1 com o efeito inibidor de fatores de coagulação da Varfarina, levando ao aumento de efeito anticoagulante final • pode-se observar redução no efeito anti- hipertensivo de Atenolol (antagonista de receptores β) na presença de Aines (inibidores da COX e, consequentemente, redutores da síntese de prostaglandinas)12. Essa redução de efeito caracteriza um antagonismo fisiológico, uma vez que, atuando em diferentes vias, promovem efeitos contrários. − Interação química: aquelas em que ocorrem dentro e fora do organismo, quando o fármaco entra em contato com alguma substância química • Ex: tetraciclina deglutida com leite (reação química de complexação ou reação farmacocinética dependendo do autor) • Ex: vários fármacos misturados juntos dentro do soro fisiológico para administrar ao paciente (incompatibilidade molecular do fármaco in vitro → altera a cor, cheiro, forma precipitado, etc) • Pode formar compostos novos (podendo ser tóxicos) ou podem inativar a droga • Organolépticas – Diminuição ou inativação de fármacos – Formação de novo composto – Aumento de toxicidade • a administração da tetraciclina com sulfato ferroso pode diminuir a biodisponibilidade de ambos os fármacos. Isso ocorre porque, quando administrados em conjunto, eles podem formar complexos químicos que impedem a absorção de ambos. − Sobre as IM, há poucos estudos clínicos sobre as interações, até por uma questão ética, pois pode, provavelmente, ter toxicidadeno paciente teste • Por isso dependemos de bancos de dados, relatos de casos, etc • Muitas interações são dose dependente também • Fármacos com baixo índice terapêutico (dose toxica muito próxima da dose eficaz) devem ter mais atenção • A mesma interação, não necessariamente, vai acontecer em 2 pacientes diferentes. Podemos ajustar as doses, individualizar as orientações, acompanhar o caso, etc. não precisa deixar de prescrever 2 medicamentos por medo de interação • Lembre-se que medicamentos não são influenciados apenas por outros medicamentos. Faça as orientações corretas ao paciente INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS EM ODONTOLOGIA ANTI- INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAIS − Tratam quadros de dor e inflamação − Os mais usados são: ibuprogeno, AAS, diclofenaco e cetoprofeno ANTIBACTERIANOS − Podem ser bacteriostáticos (inibem o crescimento) ou bactericidas (matam) − Os mais prescritos são: amoxicilina, clindamicina, tetraciclina e metronidazol ANALGÉSICOS OPIOIDES − Controlam a dor moderada e severa e podem ser agentes naturais ou sintéticos ANESTÉSICOS LOCAIS − O mecanismo de ação se dá pela interrupção do estimulo nervoso por meio do bloqueio, reversível, da condutância dos canais de sódio, impedindo a deglagração do potenção de ação e inibindo a sensação de dor COCAÍNA + ÁLCOOL COCAÍNA − A cocaína, quando não associada com álcool, é rapidamente absorvida pelo organismo e os principais produtos de sua biotransformação são a norconaína, ecgonina metil éster e benzoillecgonina. É rapidamente eliminada do organismo, tendo meia-vida em trono de 1-2h. Ademais, pode levar a efeitos anestésicos locais, vasoconstritores, estimulação do sistema nervoso central, bloqueio da captação de catecolaminas, entre outros, com manifestações clínicas como distúrbios de comportamento, agitação, delírio, psicose, taquicardia, taquipneia, hipertensão e hipertermia. − A cocaína apresenta dois mecanismos de ação distintos (Leri et al, 2003): 1. Bloqueio da recaptação de noradrenalina, dopamina e serotonina, nos sistemas nervoso central e periférico; 2. Bloqueio dos canais de sódio voltagem- dependente, produzindo o efeito de anestesia − O bloqueio na recaptação dos neurotransmissores provoca aumento na concentração destes, com consequente exacerbação de seus efeitos fisiológicos − Além disto, sabe-se que as propriedades relacionadas ao mecanismo de recompensa da cocaína e de outras substâncias como anfetamina, etanol, nicotina, opioides, estão associadas à capacidade que estas possuem de aumentar a concentração de dopamina em determinadas regiões cerebrais, como no núcleo accumbens, desencadeando a elevação de humor e excitação sexual apresentados pelos usuários. Observa-se também que os usuários apresentam aumento do estado de vigília, euforia, sensação de bem-estar e autoconfiança elevada − A cocaína é metabolizada nos humanos por duas vias enzimáticas: a principal delas funciona através da hidrolização dos grupamentos ésteres da molécula de cocaína; uma outra via de metabolização, com menor poder de ação, funciona através de processos oxidativos, sendo, no entanto, a principal via responsável pelos efeitos tóxicos da ação da cocaína no organismo. Em tais processos de metabolização, há a produção de vários produtos químicos, sendo os principais os que seguem: benzoilecgonina, norcocaína e benzoilnorcocaína COCAÍNA + ÁLCOOL − Quando associada com álcool, existe a formação de um ativo chamado cocaetileno, que possui ação farmacológica parecida com a da cocaína, mas com meia-vida de aproximadamente 2-5 horas. O cocaetileno possui efeitos similares aos da cocaína, porém com cinética diferente, já que é continuamente produzido enquanto houver etanol no organismo. Logo, demora mais tempo para ser eliminada. Além da maior meia-vida, quando a cocaína é associada com o etanol a concentração máxima de cocaína no sangue aumenta. − Além disso, enquanto houver a produção de cocaetileno, o processo metabólico ao qual a cocaína normalmente é submetida é diminuído, resultando num potencial aumento da concentração da cocaína que não foi convertia em cocaetileno. • O etanol desvia a rota de biotransformação normal da cocaína, produzindo um subproduto nomeado cocaetileno e, enquanto estiver ocorrendo a sua produção, a cocaína segue aumentando sua concentração máxima no sangue INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS − um antagonismo fisiológico em relação aos efeitos contrários do álcool e da cocaína no SNC; − um sinergismo fisiológico em relação aos efeitos diuréticos do álcool e da cocaína; um sinergismo farmacodinâmico de adição entre a cocaína e o cocaetileno − Ou seja, caso ocorra a associação de cocaína e álcool, além da formação de um novo composto, o cocaetileno, que demora mais tempo para ser eliminado, a concentração máxima da cocaína ainda será maior, já que sua biotransformação é reduzida, logo seus efeitos serão potencializados podendo gerar prejuízos ainda maiores. esse é um caso no qual ocorre um sinergismo de potenciação farmacocinético, pois há uma interferência nos mecanismos farmacocinéticos do metabolismo da cocaína em caso de associação com o álcool, e essa interferência aumenta a concentração da cocaína, e logo sua ação, em potência. CONSEQUÊNCIA − ETANOL: O etanol inibe o hormônio antidiurético (ADH) , o que aumenta a diurese, enquanto que a cocaína age no Sistema simpático que atua no relaxamento da bexiga e contribui para o fato de ir tantas vezes ao banheiro. Seria como um ´´sinergismo`` desse efeito, no caso a diurese. • O aumento da diurese diminui o volume de água do sangue e, consequentemente, pode levar a um aumento da concentração da cocaína circulante. A desidratação provocada pelo álcool pode influenciar no aumento do efeito da cocaína por estar mais concentrada − CORAÇÃO: efeitos cardiotóxicos severos, pois o cocaetileno, além de ser um bloqueador dos canais de sódio mais potente que a cocaína, bloqueia também os canais de cálcio, e assim aumenta com maior intensidade a frequência cardíaca e a demanda de oxigênio pelo miocárdio, então, dessa associação há grande mortalidade por infarto do miocárdio. − INFARTO: Cocaína + álcool levam à aumento da pressão arterial, aumento da FC, aumento da coagulação, podendo levar á trombos que podem obstruir coronárias e levar á infartos − EFEITOS TERATÓGENOS DA COCAÍNA+ALCOOL: estudos comprovaram que o uso de cocaína+álcool na gestação pode levar á: aborto espontâneo, natimorto, nascimento prematuro, baixo peso de nascimento, atrasos no desenvolvimento, como problemas com aprendizado, atenção, emoções e desenvolvimento físico e mental. A maior parte desses efeitos é causado pela cocaetileno. Claro que esses efeitos dependem da quantidade e do tempo de uso das drogas. Não há níveis seguros para uso dessas substancias na gravidez. − EUFORIA: O Cocaetileno bloqueia a recaptação de dopamina na fenda sináptica, e isso é uma das formas da cocaína causar a euforia. − ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL: Além disso, a combinação dessas drogas pode ser neurotóxica. Essa associação pode causar danos ao SNC devido à sua ação vasoconstritora (efeitos simpatomiméticos), favorecimento da agregação plaquetária, podendo levar à trombose vascular cerebral, facilitando a ocorrência de AVE, pois há aumento da produção de tromboxano também. − ARRITIMIA: a cocaína e álcool já são agentes que podem promover arritimias por si só. Quando cocaína+etanol são misturados, o potencial arritmiogênico (a palavra estava em inglês, não sei se traduzi correto, mas dá pra entender kk) aumenta muito. Além disso, a combinação dessas drogas pode aumentar o internavlo QT (referente ao eletro), propiciando a ocorrência das arritmias. − EUFORIA: O cocaetileno aumenta os níveis de dopamina e serotonina no cérebro, além de bloquear sua recaptação. Isso aumenta efeitos estimulantes como: impulsividade,comportamento violento, ansiedade. https://www.youtube.com/watch?v=5qap5aO4i9A https://www.youtube.com/watch?v=5qap5aO4i9A
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