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O CORTIÇO O romance o Cortiço é uma obra vinculada a estética naturalista no Brasil. Seu autor, Aluísio Azevedo, carregou o texto das principais qualidades desse estilo. É possível notar facilmente o descritivismo, o animalismo, o determinismo, o apego por ambientes coletivos e personagens marginalizados. A obra foi lançada no período de grandes transformações estruturais no Rio de Janeiro e expõe uma capital federal em crescimento desordenado, as vésperas da abolição e proclamação da República. O grande surto migratório que atinge a cidade, no final do século XIX, obrigava as pessoas de classe social baixa e imigrantes, a buscarem a vida nas periferias. Nesse panorama que surge o famoso romance O cortiço. O livro trata basicamente da história de João Romão, português ambicioso, em busca de enriquecimento a qualquer custo. Ele era o dono do cortiço, da vendinha e da pedreira ao lado do cortiço. Criou inúmeras maneiras para conseguir ficar rico e muitas delas eram ilícitas. Vivia com Bertoleza, uma velha escrava que pagava sua liberdade mensalmente. Vizinho ao estabelecimento de João Romão mora, em um sobrado, o rico comerciante Miranda. Ele odeia João Romão e acredita que a estalagem do português desvalorizava a sua propriedade. Miranda tem um casamento infeliz com Estela. Dentro do cortiço vivem moradores de classe social inferior e marginalizados, tais como: desempregados, trabalhadores da pedreira, lavadeiras, imigrantes e subempregados. Uma das marcas do Naturalismo é o Determinismo, teoria científica defendida por Taine, que acredita que o homem é produto do meio social em que habita, por isso a Aluísio Azevedo explora marcas do ambiente em seus personagens. Nesta habitação coletiva, um personagem de grande importância é o português Jerônimo, casado com Piedade e um homem muito responsável. O português acaba seduzido pelos impulsos sensuais da mulata Rita Baiana. Este fato passa ser entendido na obra como uma prova do Determinismo científico que influenciou o autor, visto que o personagem passou por uma transformação deixando seus bons hábitos de aldeão português e adquirindo características de malandro carioca. O uso de teorias científicas para compor a base do texto, caracteriza O cortiço como um romance de tese. A personagem responsável pela transformação de Jerônimo é Rita baiana, uma mulata sensual que é bem popular no cortiço. Inicialmente ela namora o personagem Firmo, o capoeirista, mas depois termina se relacionando com Jerônimo. Outros personagens importantes são Pombinha, Leocádia, Leonie, albino e Leandro. As atitudes inescrupulosas de João Romão levam o cortiço a uma grande mudança. Após um incêndio criminoso iniciado pela personagem Bruxa, as casinhas do cortiço foram todas destruídas, João Romão recebeu um seguro e reconstruiu sua estalagem. Sua propriedade ficou ainda maior e o personagem, mais poderoso. A ascensão social de João Romão o aproxima de Miranda. O desejo do proprietário do cortiço em frequentar festas finas e ser prestigiado socialmente, o faz se interessar por Zulmira. Para que João Romão possa chegar até a filha do Miranda, era necessário eliminar Bertoleza. Então, João Romão denuncia sua amante como escrava fugida e, Bertoleza, não suportando tal traição, comete suicídio. Agora ele tem o caminho livre para concluir mais um obscuro plano de sua escalada social. A obra termina ironicamente, pois João Romão recebe uma medalha de honra por sua luta pela causa abolicionista. Dessa maneira, Azevedo mostra a miopia social, que só enxerga as aparências e não investiga a essência dos fatos. Personagens: - João Romão: dono do cortiço, da vendinha e da pedreira. É um português sem escrúpulos, explora a própria amante – Bertoleza. Busca ascensão social a qualquer custo. - Bertoleza: vive com João Romão, serve a ele na mesa e na cama. É uma escrava que paga mensalmente sua liberdade e termina enganada por João Romão, pois o mesmo oferece a ela uma carta de Alforria falsa. - Miranda: um nobre português que mora ao lado do cortiço. Era casado com Estela e tinha uma filha chamada Zulmira. Carrega um casamento de aparências. - Estela: esposa de Miranda, mãe de Zulmira. É uma mulher adultera. - Zulmira: filha de Estela e de Miranda. Para se aproximar dela e ascender socialmente, João Romão entrega denuncia Bertoleza como escrava fugida. - Jerônimo: português casado com Piedade. Chegou ao cortiço para trabalhar na pedreira de João Romão. É o grande exemplo de determinismo no livro, pois de trabalhador fiel e responsável, acaba se envolvendo com Rita Baiana e deixando de lado os princípios de bom aldeão – “abrasileirando-se”. - Rita Baiana: mulata sedutora, o destaque das rodas de samba do cortiço, tinha um caso com o capoeirista Firmo. É apresentada no livro como a responsável pela transformação de Jerônimo. - Piedade: esposa dedicada de Jerônimo, não conseguiu se adaptar aos hábitos brasileiros. Terminou abandonada por Jerônimo. - Firmo: amante de Rita Baiana, o capoeira, vive no cortiço “Cabeça de gato” e é o chefe dos malandros. - Pombinha: outro exemplo de determinismo presente no livro. É uma moça discreta, recatada e educada, mas depois de se casar e se separar, acaba entregue à prostituição, assumindo as qualidades adquiridas pelo meio em que viveu.
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