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Qual é o seu mundo? O Universo ao Lado James W. Sire a vida examinada Um catálogo básico de cosmovisões teísmo cristão deísmo naturalismo niilismo existencialismo monismo panteísta oriental a nova era pós-modernismo O U N I V E R S O A O L A D O 16 © 1997 by Jam es W . Sire. O U niverso ao Lado (The U niverse N ext D oor) – InterVarsity Press. Todos os direitos de tradução para a língua portuguesa reservados à Editorial Press (w w w .editorialpress.com .br). N enhum a parte deste livro pode ser reproduzida sob qualquer form a sem autorização expressa dos editores. (...) A batalha para descobrir nossa própria fé, nossa própria cosmovisão, nossas crenças sobre a realida- de é o tema deste livro. Formalmente declarados, os propósitos deste livro são: (1) esboçar as cosmo- visões básicas que estão por trás do modo pelo qual nós, no mundo ocidental, pensamos sobre nós mes- mos, outras pessoas, o mundo natural e Deus ou realidade final; (2) traçar historicamente como es- sas cosmovisões se desenvolveram desde o declínio da cosmovisão teísta, transitando, por sua vez, para o deísmo, o naturalismo, o niilismo, o existencia- lismo, o misticismo oriental e a nova consciência da Nova Era; (3) mostrar como o pós-modernismo provocou uma reviravolta nessas cosmovisões; e (4) encorajar-nos a pensar em termos de cosmovisões, isto é, com consciência não apenas do nosso modo de pensar, mas também do modo de pensar das outras pessoas, para que possamos primeiro enten- der os outros e, então, estabelecer uma comunica- ção eficaz em nossa sociedade pluralista. Trata-se de um grande desafio. Na verdade se parece muito mais com o projeto de uma vida in- teira. Minha esperança é que seja exatamente isto para muitos que lerem este livro e levarem a sério 1 Um mundo de diferenças: introdução I N T R O D U Ç Ã O 17 © 19 97 b y Ja m es W . S ire . O U ni ve rs o ao L ad o (T he U ni ve rs e N ex t D oo r) – In te rV ar si ty P re ss . T od os o s d ire ito s d e tr ad uç ão p ar a a lín gu a po rt ug ue sa re se rv ad os à E di to ria l P re ss (w w w .e di to ria lp re ss .c om .b r) . N en hu m a pa rt e de st e liv ro p od e se r re pr od uz id a so b qu al qu er f or m a se m a ut or iz aç ão e xp re ss a do s ed ito re s. suas implicações. O que está escrito aqui é apenas uma introdu- ção àquilo que pode tornar-se um estilo de vida. Enquanto escrevia este livro, achei particularmente difícil se- parar o que deveria ser incluído e o que poderia ser deixado de lado. Mas, por eu ver o livro inteiro como uma introdução, ten- tei ser rigorosamente sucinto — alcançar o âmago de cada cos- movisão, sugerir seus pontos fortes e fracos, e passar para a pró- xima cosmovisão. Contudo, satisfiz meu próprio interesse in- cluindo, no final do livro, notas textuais e bibliográficas que levarão os leitores, espero, num mergulho mais profundo que os capítulos em si. Aqueles que desejarem, entretanto, conhecer primeiro o que procuro mostrar como âmago da questão, po- dem seguramente ignorá-las. Mas os que desejarem seguir à sua própria maneira (e eles talvez formem uma legião!) podem en- contrar nas notas proveitoso auxílio na sugestão de leituras adi- cionais e questões suplementares para investigação. O QUE É UMA COSMOVISÃO? Apesar de alguns nomes de filósofos como Platão, Aristóteles, Sartre, Camus e Nietzsche aparecerem nestas páginas, este livro não é um trabalho de filosofia acadêmica. E embora nos reme- tamos ao tempo e mais uma vez aos conceitos tornados famo- sos pelo apóstolo Paulo, por Agostinho, Tomás de Aquino e Cal- vino, mesmo assim, este não é um trabalho acadêmico de teolo- gia. Em especial, é um livro de cosmovisões — de modo mais básico e fundamental do que os estudos formais em filosofia ou teologia.3 Ou, de outro modo, é um livro de universos adapta- dos pelas palavras e conceitos que trabalham em conjunto para propiciar um quadro mais ou menos coerente de referência para todo pensamento e ação.4 Poucas pessoas têm alguma coisa próxima a uma filosofia articulada — pelo menos como demonstrado por grandes filó- sofos. Menos ainda, desconfio, possuem um esquema teológico cuidadosamente construído. Mas todos têm uma cosmovisão. Toda vez que pensamos sobre qualquer coisa — desde um pen- samento casual (Onde deixei meu relógio?) até a mais profunda questão (Quem sou eu?) — estamos operando dentro de um esquema de pensamentos e ações. Na verdade, isto é apenas a hipótese de uma cosmovisão — básica ou simples — que nos permite pensar como um todo. O que é, então, esta coisa chamada cosmovisão que é tão impor- tante para todos nós? Eu nunca ouvi falar de nenhuma. Como poderia ter uma? Esta pode muito bem ser a resposta de muita gente. Um exemplo pode ser encontrado em monsieur Jourdain, persona- gem da peça de Molière, O Burguês Fidalgo, que subitamente des- cobriu que passou quarenta anos de sua vida falando em prosa sem saber o que isso significava. Mas descobrir nossa própria cosmovisão é muito mais precioso. Na verdade, é um passo sig- nificativo na direção da autoconscientização, do autoconheci- mento e do auto-entendimento. Então, o que é uma cosmovisão? Em essência, é um conjunto de pressuposições (hipóteses que podem ser verdadeiras, parcial- mente verdadeiras ou inteiramente falsas) que sustentamos (consciente ou inconscientemente, consistente ou inconsisten- temente) sobre a formação básica do nosso mundo. A primeira coisa que todos nós reconhecemos antes mesmo de começarmos a pensar, é que alguma coisa existe. Em outras palavras, toda cosmovisão admite que alguma coisa existe, ao contrário de que nada existe. Essa hipótese é tão primária que a maioria de nós nem mesmo sabe que a assumiu.5 Nós a toma- mos como muito óbvia para mencioná-la. É claro que alguma coisa existe! Realmente existe. Essa é a questão. Se não a reconhecemos, não chegamos a lugar nenhum. Além disso, como muitos ou- tros “fatos” que nos saltam aos olhos, o significado pode ser tremendo. Neste caso, a apreensão de que alguma coisa existe é o começo da vida consciente — assim como tratamos os dois ramos da Filosofia: Metafísica (o estudo do ser) e Epistemologia (o estudo do conhecimento). O que tão logo descobrimos, contudo, é que, uma vez que reconhecemos que alguma coisa existe, não reconhecemos ne- cessariamente o que alguma coisa é. E aqui é onde as cosmovi- sões começam a divergir. Algumas pessoas admitem (pensando ou não sobre isso) que a única substância básica que existe é a matéria. Para essas pessoas, tudo é em última instância uma coi- I N T R O D U Ç Ã O 19 © 19 97 b y Ja m es W . S ire . O U ni ve rs o ao L ad o (T he U ni ve rs e N ex t D oo r) – In te rV ar si ty P re ss . T od os o s d ire ito s d e tr ad uç ão p ar a a lín gu a po rt ug ue sa re se rv ad os à E di to ria l P re ss (w w w .e di to ria lp re ss .c om .b r) . N en hu m a pa rt e de st e liv ro p od e se r re pr od uz id a so b qu al qu er f or m a se m a ut or iz aç ão e xp re ss a do s ed ito re s. sa. Outros concordam que tudo é em última instância uma coi- sa, mas admitem que essa coisa é Espírito ou Alma ou alguma substância não-material. Mas não devemos perder-nos em exemplos. Estamos agora interessados na definição de uma cosmovisão. Uma cosmovi- são é composta de um conjunto de pressuposições básicas, mais ou menos consistentes umas com as outras, mais ou menos cons- cientemente elaboradas, mais ou menos verdadeiras. Em geral, não costumam ser questionadas por nós mesmos, raramente ou nunca são mencionadas por nossos amigos, e são apenas lem- bradas quando somos desafiados por um estrangeiro de outro universo ideológico.6 SETE PERGUNTAS BÁSICAS Outra maneira de entender com o que uma cosmovisão se pare- ce, é vê-la, essencialmente, como aqueleconjunto de respostas simples e imediatas que temos na ponta da língua para as sete perguntas seguintes: 1. Qual é a realidade primordial – o que é realmente verdadeiro? A isso, podemos responder: Deus, os deuses ou o cosmo material. 2. Qual é a natureza da realidade externa, isto é, do mundo ao nosso redor? Aqui nossas respostas sinalizam se vemos o mundo como criado ou autônomo, como caótico ou ordenado, como matéria ou espírito; se nossa ênfase é subjetiva e de relacio- namento pessoal com o mundo ou se sua objetividade o se- para de nós. 3. O que é um ser humano? A essa pergunta, podemos respon- der: uma máquina altamente complexa, um deus adormecido, uma pessoa feita à imagem de Deus, um “gorila nu”. 4. O que acontece quando uma pessoa morre? Aqui podemos replicar: com extinção pessoal, ou transformação em estado ele- vado, ou reencarnação, ou partida para uma existência obscura “no outro lado”. 5. Por que é possível conhecer alguma coisa? Respostas simples incluem a idéia de que fomos criados à imagem de um Deus todo-conhecedor, ou essa consciência e racionalidade desenvol- veram-se sob as contingências de sobrevivência através de um longo processo evolutivo. 6. Como sabemos o que é certo e errado? Mais uma vez a respos- ta: ou fomos criados à imagem de um Deus cujo caráter é bom, ou o certo e o errado são determinados somente pela escolha humana ou pelo que nos faz sentir bem, ou as noções simples- mente se desenvolveram sob um ímpeto orientado à sobrevi- vência física ou cultural. 7. Qual o significado da história humana? A isso podemos respon- der: compreender os propósitos de Deus ou deuses, preparar um paraíso na Terra, preparar um povo para uma vida em comunidade com um Deus amoroso e santo, e assim por diante. Dentro de várias cosmovisões básicas, outras questões são levantadas. Por exemplo: Quem está no comando deste mundo — Deus, os seres humanos ou ninguém? Somos seres humanos determinados ou livres? Somos os únicos fabricantes de valo- res? Deus é realmente bom? Deus é pessoal ou impessoal? Deus existe, afinal? Quando propostas nessa seqüência, essas perguntas podem nos deixar atônitos. Ou achamos que as respostas são tão óbvias e ficamos pensando por que alguém nos aborreceria fazendo tais perguntas, ou então perguntamos a nós mesmos como cada uma delas pode ser respondida com algum grau de certeza. Se sentimos que as respostas são óbvias demais para merecer nossa consideração, então possuímos uma cosmovisão, mas não te- mos nenhuma idéia de que muitos outros não a compartilham. Deveríamos perceber que vivemos num mundo pluralista. O que pode nos parecer óbvio talvez seja “uma mentira dos diabos” para nosso vizinho ao lado. Se não reconhecermos isso, certa- mente passaremos por ingênuos ou provincianos e teremos muito que aprender sobre viver no mundo de hoje. Por outro lado, se achamos que nenhuma das perguntas pode ser respon- dida sem sermos desonestos ou cometer suicídio intelectual, já adotamos uma espécie de cosmovisão — uma forma de ceticis- mo que em sua mais extrema expressão nos leva ao niilismo. O fato é que não podemos evitar assumir algumas respostas para tais questões. Adotaremos uma ou outra posição. A recusa em assumir uma cosmovisão explícita já é em si uma cosmovi- são ou, pelo menos, uma posição filosófica. Em resumo, fomos apanhados. Contanto que vivamos, viveremos uma vida exami- I N T R O D U Ç Ã O 21 © 19 97 b y Ja m es W . S ire . O U ni ve rs o ao L ad o (T he U ni ve rs e N ex t D oo r) – In te rV ar si ty P re ss . T od os o s d ire ito s d e tr ad uç ão p ar a a lín gu a po rt ug ue sa re se rv ad os à E di to ria l P re ss (w w w .e di to ria lp re ss .c om .b r) . N en hu m a pa rt e de st e liv ro p od e se r re pr od uz id a so b qu al qu er f or m a se m a ut or iz aç ão e xp re ss a do s ed ito re s. nada ou não. A hipótese deste livro é que uma vida examinada é melhor. (...) Há muitos universos conceituais e verbais. Alguns pairam à nossa volta por um longo tempo; outros estão apenas se for- mando. Qual é o seu universo? Quais são os universos que o rodeiam? 1. Introdução: um mundo de diferença · O que é uma cosmovisão? · Sete perguntas básicas 2. Um universo carregado com a grandeza de Deus: teísmo cristão · Teísmo cris- tão básico · A grandeza de Deus 3. O universo mecânico: deísmo · Deísmo básico · Um componente instável 4. O silêncio do espaço finito: naturalismo · Naturalismo básico · Naturalismo na prática: humanismo secular · Naturalismo na prática: marxismo · A persistência do naturalismo 5. Marco zero: niilismo · A primeira ponte: necessidade e acaso · A segunda ponte: a grande nuvem do desconhecido · A terceira ponte: ser e dever · A perda de significa- do · Tensões internas no niilismo 6. Além do niilismo: existencialismo · Existencialismo ateísta básico · Um santo sem Deus · Muito além do niilismo · Existencialismo teísta básico · A persistência do existencialismo 7. Jornada para o Oriente: monisto panteísta oriental · Monismo panteísta orien- tal básico · A difença zen · Oriente e Ocidente: um problema de comunicação 8. Um universo separado: a nova era · A transformação radical da natureza humana · O alcance panorâmico do pensamento da Nova Era · Relacinamento com outras cosmovisões · Os dogmas básicos da nova consciência · Rachaduras na nova consciên- cia 9. O horizonte perdido: pós-modernismo · O problema da definição · A primeira coisa: ser para conhecer · A primeira coisa: conhecer para significar · A morte da verdade · Linguagem como poder · A morte do eu substancial · Sendo bons sem Deus · A vanguarda da cultura · O alcance panorâmico do pós-modernismo · Pós-modernis- mo: uma crítica · Além do pós-modernismo 10. A vida examinada: conclusão · Escolhendo uma cosmovisão · O teísmo cristão revisto Notas e Bibliografia Índice de nomes Sobre o Autor: Dr. James W. Sire é editor sênior da InterVarsity Press e palestrante muito requisitado em colégios e universidades dos Estados Unidos e Europa. Ele é autor também dos livros Scripture Twisting, Discipleship of the Mind, Why Should Anyone Believe Anthing at All? e Habits of the Mind – Intelectual Life as a Christian Calling (a ser lançado por esta editora). Conteúdo: O Universo ao Lado James W. Sire 296 páginas 14x21cm brochura R$ 28,00 Lançamento: Agosto 2001 Reserve já seu exemplar: www.editorialpress.com.br epress@terra.com.br Rua Santa Flora, 80 cjto. 4 São Paulo, SP 01549040 Tel/Fax: 6160-0738/6168-2791 www.editorialpress.com.br
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