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MÓDULO 03 - TEXTO 02

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Soberania Alimentar
 Soberania alimentar contempla o direito e a autonomia dos povos decidirem o que
produzir e consumir, ou seja, de definirem suas próprias políticas e estratégias
sustentáveis de produção, distribuição e consumo de alimentos que garantam o direito à
alimentação para toda a população com base na pequena e na média produção,
respeitando suas próprias culturas e a diversidade de modos camponeses, pesqueiros e
indígenas de produção, de comercialização e de gestão dos espaços rurais e seus
territórios, nos quais a mulher desempenha um papel fundamental.  Essa visão é
defendida na Declaração Final do Fórum Mundial de Soberania Alimentar, assinada pela
Via Campesina, em 2001. É importante destacar que esse documento deixa claro que o
conceito de soberania alimentar foi uma resposta à luta dos movimentos sociais
camponeses frente às políticas agrícolas neoliberais na década de 1990 na busca pelo
desenvolvimento da agricultura voltada para o fornecimento de alimentos saudáveis e
diversificados para toda a população.
“Se o campo não planta, a cidade não janta!”
 A Soberania Alimentar: reivindica a propriedade coletiva da terra, das sementes, de
fontes de água e dos conhecimentos associados à produção dos alimentos; fomenta o
acesso ao crédito e à tecnologia por meio de políticas sociais; defende a autonomia
nacional da gestão de terras e recursos naturais (água, biodiversidade, fonte de energia,
minérios); e propõe o controle comunitário desses recursos. Nesse contexto, a soberania
alimentar é apresentada como uma alternativa aos problemas sociais e ambientais
causados pelo neoliberalismo nos sistemas alimentares.
 
A S o b e r a n i a A l i m e n t a r e o D i r e i t o H u m a n o à A l i m e n t a ç ã o e N u t r i ç ã o
A d e q u a d a s
01CURSO DE EXTENSÃO DIÁLOGOS SOBRE SOBERANIA E SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL:
DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O FORTALECIMENTO DO SISAN NOS MUNICÍPIOS
MÓDULO 03 - TEXTO 02
Vamos pensar, de maneira resumida, a relação entre o Direito
Humano à Alimentação e Nutrição Adequadas (DHANA) e a
Soberania Alimentar?
O DHANA envolve a disponibilidade, a adequação, os acessos físico e econômico, de
modo estável, aos alimentos, respeitando a dignidade humana e empoderando os
cidadãos brasileiros.
Para que haja a garantia ao direito dos povos definirem suas próprias políticas e
estratégias de produção, distribuição e consumo de alimentos, atendendo a cada
cultura e região, defende-se, então, a Soberania Alimentar.
Na intenção de transformar estes conceitos e ideias do DHANA e da Soberania
Alimentar em ações concretas, torna-se fundamental a construção da Política de
Segurança Alimentar e Nutricional, articulando os diversos setores e âmbitos da
sociedade civil e do governo.
Direito Humano à Alimentação e Nutrição Adequadas
 No módulo anterior nós apresentamos alguns aspectos sobre a relação do ser
humano com comida e explicamos que a alimentação é um direito humano reconhecido
internacionalmente. Você saberia dizer com clareza que alimentação é esta que está
incluída na categoria de direitos humanos? Qualquer alimentação é suficiente para o
cumprimento do Direito Humano à Alimentação e Nutrição Adequadas? Que
características a alimentação precisa ter para que seja concretizado o DHANA?
 
 
 
 
A realização de uma alimentação adequada que incorpore os
aspectos nutricionais necessários está relacionada ao cumprimento
de um direito humano básico, com a garantia ao acesso permanente e
regular, de forma socialmente justa, a uma prática alimentar
adequada aos aspectos biológicos e sociais dos indivíduos, de acordo
com o ciclo de vida e as necessidades alimentares especiais, pautada
nas referências. Deve atender aos princípios da variedade, do
equilíbrio, da moderação, do prazer (sabor), às dimensões de gênero e
etnia, e às formas de produção ambientalmente sustentáveis, livres de
contaminantes físicos, químicos, biológicos e de organismos
geneticamente modificados.
02CURSO DE EXTENSÃO DIÁLOGOS SOBRE SOBERANIA E SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL:
DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O FORTALECIMENTO DO SISAN NOS MUNICÍPIOS
MÓDULO 03 - TEXTO 02
Titular é aquele que tem o direito de ter acesso ao serviço correspondente ao direito
em questão. Portanto, somos nós, indivíduos ou comunidades, tod@s ou qualquer
grupo social, cidadã e/ou cidadão brasileiro que tem o direito à alimentação e à
nutrição adequadas, independente de qualquer condição.
Portador de deveres é o responsável por garantir a concretização do direito dos
titulares. Os portadores são as instituições, órgãos e agentes públicos (servidores
públicos) que representam os setores governamentais em suas diferentes esferas de
atuação (União, Estados e Municípios).
Adotar medidas para assegurar o direito fundamental de todos estarem livres da
Fome (garantia de acesso); 
Adotar medidas para realizar progressivamente o DHANA (garantia da qualidade
alimentar); 
Adotar todas as medidas sem qualquer discriminação de raça, sexo, idioma, religião,
opinião política, origem, situação econômica, ou qualquer outra; 
Cooperar internacionalmente com os países.
Alimentação e Nutrição Adequadas
'
 Para o cumprimento do DHANA os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário têm
papéis específicos no que se refere ao uso dos recursos públicos e estes papéis incluem
as funções de planejar, gerenciar, utilizar, fiscalizar e avaliar. E se pensarmos no sentido
amplo do DHANA, as responsabilidades e obrigações envolvem os entes governamentais
nos três níveis (federal, estadual e municipal) e, também, diferentes atores sociais
(pessoas, famílias, comunidades, organizações não governamentais, dentre outros). 
 Em síntese, toda vez que se define um direito humano se estabelecem o titular de
direito e o portador de deveres. Vamos entender quem são eles:
 De acordo com os artigos 2º e 11º do Pacto Internacional dos Direitos Econômicos,
Sociais e Culturais- PIDESC (2000), para o cumprimento do DHANA os governos têm o
dever (ou a obrigação) de: 
03CURSO DE EXTENSÃO DIÁLOGOS SOBRE SOBERANIA E SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL:
DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O FORTALECIMENTO DO SISAN NOS MUNICÍPIOS
MÓDULO 03 - TEXTO 02
Respeito às características de
cada grupo, comunidade,
estado, município e/ou
localidade
Respeito aos aspectos sociais,
ambientais, biológicos e culturais
que contribuam para a saúde das
pessoas
Consideração de questões
políticas e éticas necessárias para
a valorização da dignidade
humana
Respeitar, de modo que as medidas não provoquem ou não influenciem privações
para alimentação em grupos, comunidades ou populações;
Proteger, impedindo ações de terceiros (indivíduos, grupos, empresas, etc) que
possam gerar privações para alimentação ou violar o DHANA de grupos, comunidades
ou populações; 
Promover, criando condições para a garantia do acesso à alimentação e nutrição
adequadas;
Prover, diretamente o acesso aos alimentos para grupos, comunidades ou
populações que estão incapazes de obtê-los por conta própria, temporariamente ou
até que o façam, livrando-os das situações de fome.
Os entes governamentais devem assumir compromissos para a realização dos
direitos humanos; 
Os entes governamentais devem estabelecer e divulgar claramente, indicando aos
setores e seus agentes públicos responsáveis quais as atribuições e obrigações para a
realização dos direitos humanos;
Quais as dimensões para realizar os deveres? 
 As dimensões podem ser compreendidas como camadas, como uma cebola que tem
partes internas e conjuntamente formam um todo forte e estruturado. Sendo assim,
todas as dimensões têm o mesmo valor e importância para o cumprimento do DHANA.
Os titulares de direito, por sua vez, precisam saber disso para sentirem-se empoderados
(merecedores deste direito) e, sem qualquer tipo de desconforto, exigirem que todas as
dimensões sejam realizadas. 
 Os desafios e obstáculos para o cumprimento do DHANA e demais direitos humanos
no Brasil são inúmerose bastante complexos. A realização dos Direitos Humanos requer
mudanças estruturais tanto do ponto de vista econômico quanto social e cultural. Estas
mudanças precisam estar refletidas na legislação, na regulamentação e na
operacionalização das leis e normas existentes, nos processos, nas formas de planejar e
executar políticas, programas e ações públicas e, sobretudo, na cultura institucional que
rege as atribuições e ações dos entes governamentais e seus agentes públicos.
 Para que os deveres (obrigações) legais sejam respeitados e cumpridos, a ABRANDH
(2013) explica que para desenvolver uma cultura de direitos é preciso construir
competências a partir dos seguintes passos:
MÓDULO 03 - TEXTO 02
CURSO DE EXTENSÃO DIÁLOGOS SOBRE SOBERANIA E SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL:
DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O FORTALECIMENTO DO SISAN NOS MUNICÍPIOS
04
Devem ser criadas condições (infra-estrutura dos serviços e equipamentos públicos)
para que os agentes públicos cumpram seus deveres/obrigações;
Deve haver mecanismos legais para que os agentes públicos cumpram seus
deveres/obrigações e sejam responsabilizados por violações do DHAA.
 Para que se realize uma transformação no interior da sociedade e na estrutura
governamental como um todo (incluindo os poderes legislativo, judiciário e executivo), é
preciso que o povo tenha conhecimento sobre seus direitos e deveres
(responsabilidades)¹, sobre a Política de SAN e sobre os mecanismos para exigir o
cumprimento das funções e obrigações dos governos e seus agentes públicos.
Referência Bibliográfica
ABRANDH. Ação Brasileira para Nutrição e Direitos Humanos. O Direito Humano à
Alimentação Adequada e o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional.Brasília: ABRANDH, 2013.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde. Brasília:
Ministério da Saúde, 2007.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
Atenção Básica. Diretrizes para o cuidado das pessoas com doenças crônicas nas redes
de atenção à saúde e nas linhas de cuidado prioritárias. Brasília : Ministério da Saúde,
2013.
MULTIPLICASSAN. Material de apoio utilizado na primeira turma do curso com base no
caderno metodológico para formação de multplicadores em SAN/DHAAS, 2018.RAIS.
Caderno metodológico para formação de multiplicadores em SAN/DHAAS, 2016.
__________________________________
¹Na Política de Saúde em nosso país existe um conceito muito importante e que também é incorporado na área de segurança alimentar e
nutricional. Trata-se do Autocuidado. O entendimento é que profissionais da saúde e de outras áreas estimulem e orientem os usuários dos
serviços públicos para que realizem as ações ligadas ao autocuidado na direção da construção de autonomia dos sujeitos.  A atitude de
autocuidado tem como objetivo desenvolver estilos e práticas de vida mais saudáveis, de maneira que as pessoas tenham a consciência sobre as
suas condições de saúde e sobre como os seus comportamentos influenciam o estado de saúde, desenvolvendo o senso de
autorresponsabilidade sobre a própria saúde, com apoio de familiares e amigos
CURSO DE EXTENSÃO DIÁLOGOS SOBRE SOBERANIA E SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL:
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