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Docência e Formação Cultural

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DOCÊNCIA E FORMAÇÃO CULTURAL – CONFERENCISTAS PROFª DRª LUDMILA THOMÉ (UFRJ) E PROFª DRª TEREZA GONÇALVES (UFRJ).
A educação e o conhecimento têm em si uma natureza alicerçada na realidade social como ponto de partida, em que o conhecimento é uma atividade intelectual, na qual o homem procura refletir sobre o mundo que o cerca. Esse homem que busca nos meios acadêmicos construir sua identidade em uma sociedade plural apresenta cada vez mais uma estreita relação com a sua cultura que sendo rica de significações, ocupa lugar central e decisivo para a construção de identidades pessoais e sociais as quais são alicerçadas e formadas nos diversos contextos sociais com que está envolvido. Muitos fatores concorrem para o tão almejado sucesso educacional seja alcançado, como as adequadas condições de trabalho, a existência de planos de carreira, a valorização salarial e a efetivação de políticas contínuas e integradas de formação dos professores, deixam de ser considerados. A cultura tem um papel central e de grande relevância ao oferecer significados e reflexões para os futuros educadores sobre sua identidade e sobre seus valores locais e a relação destes com os conhecimentos acadêmicos. A influência da cultura no meio acadêmico e, deste modo, na construção da identidade, se desenvolve e se apresenta nos momentos de formação, na sala de aula, na dinâmica das aulas, enquanto sujeitos construtores de seus saberes.
Esses processos de mudanças históricas, sociais e culturais estão transformando a sociedade e interferindo em nossas identidades pessoais, ou seja, está ocorrendo um descolamento de identidades. Tudo o que era correto ontem, hoje já não é mais, juntamente com as exigências que nos cercam. Nesse contexto, a escola é o lugar onde ocorrem choques teóricos e práticos que dizem respeito à questões culturais relacionadas à identidade de cada indivíduo.
As reflexões acerca da cultura do docente tem um papel muito importante, pois é por meio destas que o educador pode ter uma visão mais global dos seus educandos. Desse modo as observações e as análises feitas, enfatizam a influência que a cultura proporciona aos alunos em suas vivências na escola e na construção de suas identidades que a todo o momento são colocadas à prova.
A cultura tem grande influência na formação docente, na construção de suas identidades, o que proporciona uma rede de significados construída na interação com os colegas, no sentido de que a identidade não se relaciona somente a subjetividade de cada um, mas sim está ligado ao contexto no qual estamos inseridos.
LEITURA E ESCRITA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E NO ENSINO FUNDAMENTAL
A criança é entendida como um ser social, pois pertence a uma classe social determinada, relacionando-se em seu contexto de origem por meio da linguagem. Entender a criança como ser social é reconhecê-la como sujeito de direitos, produzida pela cultura, mas também produtora de cultura. Que não recebe influências do meio de forma passiva, mas, ao contrário, reelabora essas influências de forma a construir sua identidade enquanto indivíduo. Portanto, como um ser social, a criança é um ser ativo nas práticas sociais, à medida que interage com o meio, utilizando-se de diversas formas de linguagens, amplia de forma significativa, as suas vivências.
Dessa forma, a autora, construindo uma pedagogia da infância para o século XXI, concebe a criança como ser participante, competente, capaz de contribuir para transformar a ação pedagógica em uma atividade compartilhada, caso sua voz seja ouvida. A criança tem muito a nos contar, o que o faz de forma entusiasmada, seja na roda de conversa, na construção do texto coletivo elaborado a partir da vivência de uma situação interessante, seja por meio do desenho, da leitura de gravuras, das brincadeiras com os colegas. Na verdade, as possibilidades são diversas e variadas, e não precisam ser “permitidas” apenas em tempos previamente estabelecidos para tal, pois, o ideal é que as relações em todos os tempos e espaços sejam dialógicas, cheias de trocas, de questionamentos que levem à curiosidade. Esse pressuposto nos leva a acreditar na superação de uma concepção de criança como alguém incapaz de produzir conhecimento, de participar de forma ativa do processo de ensino e de aprendizagem. Cabe, sim, ao professor, transmitir conhecimentos de forma sistematizada, porém, efetivando práticas que levem as crianças a desenvolverem suas potencialidades.
Partindo, portanto, dessas concepções de criança como sujeito social e ativo no seu desenvolvimento, a Educação Infantil é compreendida como espaço e tempo de educação e de cuidado, sendo estes aspectos indissociáveis no atendimento às crianças. Isto é, as práticas de educação necessitam constituir-se também como práticas de cuidado e, da mesma forma, ao cuidar, educa-se. Por exemplo, no momento do banho, através de brincadeiras, as crianças serem levadas a explorar os cheiros dos produtos, a nomear tanto estes produtos como as partes do seu corpo, etc. Agindo assim, essa prática que poderia ser meramente de cuidado 35 passa a ter também um viés educativo. Nesse sentido, é importante que tais instituições constituam-se como promotoras do bem-estar e do desenvolvimento integral das crianças, proporcionando-lhes um ambiente enriquecedor e desafiador, que atenda às necessidades infantis e aposte em suas potencialidades.
Quando observamos algumas crianças que frequentam a escola de Ensino Fundamental, percebemos a negação do princípio de concebê-las como capazes em muitos momentos. Alguns professores alfabetizadores diante de suas concepções teóricas estão metaforicamente, ‘matando’ as crianças, isto é, estão impossibilitando o aprender de modo ilimitado no que se refere ao uso da linguagem escrita, deixando de criar, aquilo que seria parte fundamental de sua ação didática, a criação de situações promotoras do desenvolvimento infantil diante das máximas possibilidades humanas. É fato que todo o conhecimento e tecnologia desenvolvidos pelas gerações anteriores estão disponíveis na cultura.
Na capacidade que a criança tem de aprender com o outro, vemos a importância do adulto mais experiente na apropriação da leitura e da escrita. No entanto, já ocorreram diversas e/ou algumas incoerências nas salas de alfabetização. Muitos professores apresentam práticas equivocadas no que se refere ao ensino da linguagem escrita, pois priorizam atividades de treino das letras, cópias, enfatizam os aspectos técnicos da escrita, a relação grafema-fonema, em exercícios propostos que são mecânicos e artificiais. Essa perspectiva aniquila em muitas crianças o desejo de se expressar por meio da linguagem escrita, elas não conseguem ver sentido no que estão fazendo e não sentem necessidade de escrever e nem de ler. Este contexto revela que temos um longo caminho a percorrer nas escolas para que nossos alunos se apropriem de um melhor nível de desempenho linguístico. Um dos caminhos que se apresenta é envolver desde cedo e cada vez mais as crianças no universo da cultura escrita, estas podem adquirir experiências culturais com práticas de leitura e de escrita. Estes sujeitos constroem, portanto, gradativamente noções cada vez mais complexas a respeito do que é ler e escrever.
Neste processo a educação é importante pela possibilidade de expandir o uso da palavra. No processo educativo temos disponibilizado o conhecimento construído pela humanidade ao longo da história para que cada indivíduo se aproprie dele. Não há limites para poder pensar com os diversos termos da língua. Sempre há a necessidade diante de um ato comunicativo, de fazer a escolha destas palavras. Cada indivíduo pode usar, articular, suprimir, organizar, utilizando-as como suas, porque apropriou-se deste conhecimento. Pensamos que a escola deve ser esse espaço que gera o desejo de expressão, um lugar onde aprendemos a usar as palavras. Na função de professores, é preciso gerar essa necessidade de leitura e escrita nas crianças. A apropriação da cultura escrita acontece como um processo e precisamos ajudaras nossas crianças da melhor forma possível.

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