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mensagens de forma indireta, isto é, as mensagens tinham que ser codificadas para serem transmitidas pelo aparelho. Tudo começou em um momento trágico na vida de Samuel Finley Breese Morse, que lançou as fundações para formar os conceitos da telegrafia e o funcionamento de um dos primeiros aparelhos elétricos da história. Por volta de 1825, Morse recebeu de seu pai uma mensagem de que a esposa dele estava muito doente enquanto fazia um trabalho artístico em Nova York, EUA. Um dia após a mensagem, ele recebeu uma carta que detalhava o momento em que a esposa ficou doente e sua morte súbita pouco tempo depois. Com a notícia, Morse abandonou o trabalho e voltou para sua cidade, mas descobriu que sua esposa já havia sido enterrada. Diante da dor e impotência que lhe incomodavam, decidiu dedicar a sua vida a explorar maneiras de conseguir fazer comunicação por longas distâncias. Em 1832, quando retornava para casa em uma viagem de navio, conheceu Charles Thomas Jackson, um cientista de Boston que era especialista em eletromagnetismo. Morse testemunhou vários experimentos eletromagnéticos em que Jackson trabalhava e isso lhe deu inspiração para desenvolver o conceito de um telégrafo de apenas um fio. Morse abandonou seu lado artístico para se dedicar à sua invenção e codificar uma das primeiras linguagens de telegrafia Vocabulário 1. Coulomb (símbolo C): unidade de carga elétrica do Sistema Internacional de Unidades. É aproximadamente o equivalente a 6 242 1018. × cargas de prótons (positivas) ou cargas de elétrons (negativas). 2. Volt (símbolo V): unidade de medida da diferença de potencial elétrico do Sistema Internacional de Unidades. O volt é o potencial de transmissão de energia, em Joules, por carga elétrica, em Coulombs, entre dois pontos distintos do espaço. 3. Ampere (símbolo A): unidade de corrente elétrica do Sistema Internacional de Unidades. Esta unidade é equivalente a um Coulomb de carga elétrica por um segundo. U1 - Introdução às telecomunicações14 do mundo. A patente do telégrafo foi publicada em 20 de junho de 1840, segundo o United States Patent Office. O código Morse se tornou um padrão e foi crucial para comunicação durante conflitos de guerra e até hoje é utilizado por radioamadores. Vários anos antes de a patente de Morse ser publicada, dois cientistas alemães haviam construído a primeira máquina telegráfica do mundo. Em 1833, Carl Friedrich Gauss e Wilhelm Weber tinham uma grande necessidade de se comunicar para coordenar seus estudos sobre geomagnetismo. Assim, eles inventaram um dispositivo Assimile Fonte: elaborada pelo autor. Figura 1.1 | Esquemático simplificado de um telégrafo A Figura 1.1 apresenta o esquemático básico de um sistema de telegrafia que utiliza apenas um fio. O sistema é separado em uma unidade transmissora e uma receptora. A unidade transmissora possui um botão que fecha o circuito e que está ligado a uma bateria. A unidade receptora possui um eletroímã que exerce força sobre uma haste. Sempre que o botão na unidade transmissora é acionado, uma corrente elétrica circula pelo eletroímã, que produz um campo magnético. A haste, por sua vez, possui uma caneta na ponta que marca uma fita de papel sempre que o eletroímã produz campo magnético. A fita sai do equipamento com velocidade constante e, dependendo da velocidade de acionamento do botão de controle na unidade transmissora, a máquina escreve mensagens codificadas em pontos e traços, de acordo com o United States Patent Office (1840). Assimile U1 - Introdução às telecomunicações 15 que era ligado por um cabo de três quilômetros que saía do laboratório de física de Weber até o observatório de Gauss. Este esforço marcou o primeiro uso prático do telégrafo no mundo. Infelizmente, eles não conseguiram financiamento para levar o projeto para frente e sua importância com o tempo desvaneceu. Alguns anos após a invenção de Gauss e Weber, os ingleses William Cooke e o professor Charles Wheatstone se interessaram pelo tema da telegrafia. Em 1936, Cooke estava fascinado por telegrafia e contava com a colaboração de Wheatstone, lembrando que Morse já trabalhava com o assunto há tempos. A vantagem de Cooke era possuir riquezas que financiaram seus projetos e, com isso, ele conseguiu montar um pequeno telégrafo elétrico em apenas três semanas. Cooke conseguiu lançar uma versão comercial do equipamento antes de Morse, mesmo tendo se interessado pelo assunto depois. Ao comparar os projetos de Morse e Cooke, nota- -se uma característica de construção do telégrafo muito importante que culmina no aumento significativo da distância entre estações de telegrafia. Cooke percebeu que era bem mais eficiente interligar vários circuitos intermediários utilizando baterias pequenas do que ligar apenas um circuito longo utilizando uma bateria grande. Cooke e Wheatstone formaram uma parceria e patentearam na Inglaterra o telégrafo elétrico em maio de 1837. Por um tempo, Morse também encontrou problemas para levar sinais telegráficos a grandes distâncias. Ele contou com a ajuda do Prof. Leonard Gale, da Universidade de Nova York, para introduzir circuitos intermediários ao longo da linha de telegrafia, sendo assim capaz de alcançar distâncias de até 16 km, de acordo com Coe (2006). Voltamos então ao expresso pônei para descobrir o que aconteceu com a companhia após a chegada do telégrafo. Durante seu curto tempo de operação, o expresso pônei entregou aproximadamente 35 mil cartas entre o leste e o oeste norte-americano. Embora a companhia tenha provado de forma notável que a rota rápida de entrega de cartas era viável, seus fundadores não conseguiram formalizar um contrato para entregar cartas pela rota St. Joseph, Missouri até Sacramento, Califórnia. O contrato foi cedido para outra companhia de serviços de carruagens favorecida por congressistas do sul. Pouco tempo depois da cessão do contrato, houve o começo da Guerra Civil Americana, que causou o cessar de operações naquela rota. Assim, o expresso pônei pôde operar de forma limitada até 26 de U1 - Introdução às telecomunicações16 outubro de 1861, quando anunciou seu fechamento dois dias após o começo da implantação do telégrafo transcontinental para cruzar o mapa norte-americano de leste a oeste. O segredo para transmitir mensagens em códigos por longas distâncias havia sido revelado, mas o desejo de transmitir a voz humana por longa distâncias ainda era latente. Com o surgimento muitos anos antes do telégrafo, o conceito de telefone não era algo novo. Um dispositivo mecânico-acústico conseguia transportar voz humana por canudos ou barbantes esticados. Um exemplo clássico conhecido era o de uma brincadeira de crianças em que se construía um telefone utilizando copos, botões de camisa e um barbante esticado. O barbante preso pelo botão no fundo do copo vibrava quando a pessoa falava. Assim, a vibração se propagava pelo fio esticado e fazia vibrar o fundo do copo da parte oposta da linha. Este sistema tinha utilização limitada devido à sua pobre eficiência e pouco alcance. Isso mudaria com os conhecimentos que estavam sendo desenvolvidos partir dos estudos sobre eletricidade e eletromagnetismo. Assim, observando a possibilidade de o telefone funcionar com eletricidade, pesquisadores competiram ao longo da história para conseguir publicar a primeira patente deste tipo de máquina revolucionária. Alexander Graham Bell é o mais famoso a ser apontado como responsável pela invenção do telefone, mas há controvérsias com relação a outros autores que também disputam pela autoria do invento. Elisha Gray, por exemplo, foi motivo de embargo à autoria de Bell devido à similaridade entre as duas patentes. Bell, para a fortuna dele, conseguiu defender sua posição de autor da primeira patente do telefone garantindo-lhe