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Ponto XIII – Mireille Delmas-Marty e a Tese do Direito Mudial Mirreille Delmas-Marty Obras de Direito Comparado da Autora • DELMAS-MARTY, Mireille. Três Desafios para um Direito Mundial. Trad. Fauzi Hassan Choukr. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2003. • Mireille Delmas-Marty (1941) é uma professora do College de France, e membra da Academia de Ciência Política e Moral. Vinculada ao Comitê de Especialistas da União Europeia no Projeto “Corpus Iuris”. • Ideias principais por ela mesma: “Partindo dos direitos do homem, eu empreendi uma pesquisa sobre a mundialização do direito, não apenas em escala europeia ou ocidental, mas de forma mais ampla, tendo em conta os sistemas jurídicos mais distantes, como o direito chinês ou aqueles dos países islâmicos, entre eles o Egito, Irã, Senegal ou Tunísia”. • “Desde os primeiros contatos apareceu a necessidade de não dissociar os direitos humanos dos direitos econômicos, e tão isto é verdadeiro que, e tão isto é verdadeiro que, se os direitos humanos aparecem como nossa bussola, a economia é o verdadeiro motor da mundialização. Fala-se doravante de ‘globalização econômica’, marcando assim mais claramente, ainda, a distinção entre o universalismo que se liga aos valores ainda que ele seja de mercados”. • “O projeto deste livro foi meditado. Entre o sonho de um direito único, talvez ideal mas, tópico, e o tormento de uma monarquia universal marcando a hegemonia de uma cultura, de uma nação, de uma religião ou de uma economia sobre todas as outras, entrevê-se a possibilidade de conceber um direito pluralista, construído sob sucessivos ajustes, ao final de debates nos quais a razão aparece menos como o fundamento filosófico do que como instrumento de justificação e diálogo”. • “O sonho kantiano de az perpétua não desapareceu totalmente. Ele renasce sob a urgência e num ambiente mais trágico. Como se ele tivesse que conhecer mais uma vez o sofrimento e o horror extremos, para que desta regressão surgisse a possibilidade de um direito universal”. • “...na medida em que o direito corre o risco de se mundializar em algumas décadas sob a influência da economia mais potente que, inevitavelmente, imporá suas escolhas culturais, sob o perigo do ‘choque de civilizações’ já anunciado”. • “Do lado da economia, e mais precisamente do direito econômico, trata-se, com efeito, de globalização, caso seja entendida como a difusão espacial em escala global; mas se trata com mais frequência de uma difusão unilateral e, portanto, uniformizadora e não pluralista. Daí o risco evidente de uma mundialização hegemônica que não exprima nada além do que a lei do mais forte”. • Questões postas pela autora à reflexão; a) Num planeta preso às tensões advindas das desigualdades econômicas crescentes e pleno de particularidades nacionais e regionais que põem em discussão a universalidade dos direitos humanos é, na prática, possível? b) Ela é juridicamente racional, a dizer, passível de ser pensada como um conjunto ordenado segundo a razão jurídica, na medida em que a proliferação anárquica das normas e a perturbação dos contextos dão sobretudo a imagem de uma inquietante desordem normativa? c) Por fim, a mundialização do direito é eticamente desejável, na medida em que o respeito aos valores democráticos não é de forma alguma garantido pelo presente funcionamento das instituições internacionais?
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