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Andragogia W B A 0 14 8 _v 1. 2 2/212 Andragogia Autoria: Roberta Rotta Messias de Andrade Como citar este documento: ANDRADE, Roberta Rotta Messias. Andragogia. Valinhos: 2015. Sumário Apresentação da Disciplina 03 Unidade 1: Modelo Andragógico 04 Unidade 2: Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia 30 Unidade 3: Educação do Jovem e do Adulto 60 Unidade 4: Adultos em Processo de Formação Continuada 84 Unidade 5: Estilos de Aprendizagem 104 2/212 Unidade 6: Aprendizagem do Adulto 134 Unidade 7: A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas Implicações 159 Unidade 8: Aprendizagem Autodirigida 183 3/212 Apresentação da Disciplina Você já parou para pensar sobre como você aprende? Seria da mesma forma de quando você era criança na escola? Provavelmente, sua resposta deve ter sido não para as duas perguntas. O motivo disso é que, como adultos, a forma como aprendemos as coisas são diferentes; as relações que fazemos durante o processo de aprendizagem são outras. O motivo disso é que agora, como adultos, temos mais experiências e conhecimentos sobre diversos assuntos, além de termos interesses mais bem definidos. Por estes motivos a aprendizagem do adulto deve ser pensada para adultos. Isso implica que os processos educativos em sala de aula (ou fora dela) sejam pensados nesta perspectiva em termos de conteúdos, metodologias, atividades etc. A disciplina de Andragogia aborda como o adulto aprende e o que podemos fazer para tornar sua aprendizagem mais efetiva no contexto do Ensino Superior. Para isto, serão apresentados os fundamentos da andragogia; os princípios e as concepções de aprendizagem dos adultos; e as práticas pedagógicas andragógicas. A proposta da disciplina é promover a reflexão sobre a aprendizagem do adulto e a atuação do docente no Ensino Superior. 4/212 Unidade 1 Modelo Andragógico Objetivos 1. Conhecer a contextualização histórica do uso do termo Andragogia. 2. Conhecer os principais conceitos. 3. Estudar os pilares do método andragógico. Unidade 1 • Modelo Andragógico5/212 Introdução A palavra andragogia deriva dos termos gregos: andros (homem) + agein (conduzir) + logos (ciência), significando a ciência da educação de adultos, segundo Cavalcanti e Gayo (2004). O termo foi criado justamente em oposição à Pedagogia, que trata da ciência da educação de crianças. O professor Alexander Kapp foi o primeiro a utilizar o termo em 1833, na Alemanha, para tratar de elementos da Teoria da Educação de Platão, apesar de o próprio Platão não o ter utilizado. Naquela época, o autor já defendia que a educação de adultos não poderia ser igual à educação de crianças, pelas características de cada um. O termo caiu no esquecimento e só foi reutilizado novamente em 1921 pelo cientista social alemão Eugen Rosenstock, quando defendeu que a educação de adultos precisaria de professores, métodos e filosofias especiais. Ele acreditava que não bastava que os professores traduzissem a Pedagogia para utilizá- la com adultos, mas que o professor precisaria cooperar com os alunos para ser um “andragogo” (KNOWLES; HOLTON; SWANSON, 2011). Ao longo da década de 1950, diversos autores europeus utilizaram o termo andragogia em seus trabalhos: H. Hanselmann, em 1951, na Suíça; T. T. Have, em 1954, na Holanda; M. Ogrizovic, em 1956, na Iugoslávia; F. Poggeler, em 1957, na Alemanha; além de cursos e programas sobre andragogia nas décadas de 1960 e 1970 encontrados, também, na Alemanha. Unidade 1 • Modelo Andragógico6/212 Foi no início da década de 1970, no entanto, que surgiu o “pai” da Andragogia, o professor americano Malcolm Knowles. Ele é assim considerado pela sua vasta produção sobre o tema, além de ter desenvolvido o conceito base para a educação de adultos. A partir dos seus escritos, a orientação dos educadores de adultos mudou de “educar pessoas” para “ajudar as pessoas a aprenderem”. Portanto, andragogia é a ciência da educação de adultos, considerando suas características e interesses. Knowles desenvolveu o Método Andragógico baseado em seis pilares: 1. Necessidade de saber. 2. Autoconceito do aprendiz. 3. Papel das experiências. 4. Prontidão para aprender. 5. Orientação para a aprendizagem. 6. Motivação. O autor explica que o método andragógico precisa ser revisto em cada situação e não dá conta sozinho das situações de aprendizagem. Ele mesmo, aplicando seu método em diferentes grupos, percebeu duas situações: 1. O modelo andragógico tem como principal característica a flexibilidade. Ele pode e deve ser adaptado para cada situação, seja parcialmente ou completamente adaptado, pois não é uma ideologia, mas um sistema de elementos. Unidade 1 • Modelo Andragógico7/212 2. O ponto de partida e as estratégias a serem utilizadas para a aplicação do modelo devem ser analisados segundo a situação. Cabe ao educador perceber e avaliar a melhor forma de utilizar o modelo andragógico. As críticas a esse modelo defendem, principalmente, que ele não abrange explicitamente resultados como as mudanças sociais dos alunos. De fato, não se pretende que a andragogia lide com objetivos e propósitos da aprendizagem; nem seria possível. A andragogia propõe- se a educar adultos independentemente de um propósito específico, mas sendo aberta a vários, ela pode e deve ser combinada com diferentes teorias de ensino e aprendizagem. A imagem a seguir mostra os seis princípios da andragogia envolvidos no contexto social, individual e situacional, além dos objetivos e propósitos de aprendizagem: Unidade 1 • Modelo Andragógico8/212 Figura 1 – Andragogia na prática Fonte: Knowles, Holton e Swanson (2011, p. 22) Unidade 1 • Modelo Andragógico9/212 1. Necessidade de saber A aprendizagem ocorre quando o que está sendo aprendido faz sentido para o educando, para isso, ele precisa entender o que será aprendido e qual é a relevância desse aprendizado. Tough (1979 apud KNOWLES; HOLTON; SWANSON, 2011) percebeu que adultos despendem uma boa quantidade de energia para investigar os benefícios de aprender determinado assunto e as possíveis dificuldades de não o aprender quando eles decidem aprender alguma coisa. Quando ele conhece a necessidade de saber algo, a tendência é que ele fique “mais aberto” a novos conhecimentos. Além disso, a conscientização do que será aprendido possibilita ao aluno adulto fazer relações com seu dia a dia, auxiliando num maior engajamento à aprendizagem. Em termos práticos, o educador de adultos precisa lançar mão de estratégias para engajar seu aluno e entender a necessidade daquele aprendizado. Essas estratégias podem ser dinâmicas, perguntas, textos, figuras, ou o que o educador achar relevante perante o grupo de aprendizes. Cabe lembrar que conhecer os alunos e sua motivação para a aprendizagem auxilia o professor a escolher estratégias mais adequadas ao grupo. Contextualizar o que será aprendido também é essencial, pois assim os alunos podem relacionar o que será aprendido com seus conhecimentos prévios. Essas Unidade 1 • Modelo Andragógico10/212 relações são de extrema importância para que o conteúdo a ser aprendido faça sentido ao aluno. 2. Autoconceito do aprendiz Uma das maiores características dos adultos é a autonomia, seja de ação ou de pensamento. Lutamos para conquistar essa autonomia desde quando nascemos e quando finalmente a alcançamos não estamos prontos a abrir mão dela para outra pessoa. Quando um professor determina o que o aluno tem que aprender sem que ele participe do processo de aprendizado, ele perde essa autonomia, ou pelo menos tem a sensação disso. Como as emoções são feitas de sensações (COBRA, 2008), elas importam muito no processo de ensino e aprendizagem. Isso quer dizer que o aluno adulto quer ser tratado como adulto, com conhecimentos, experiência, necessidades e vontades. Quando isto não acontece, o aluno adulto pode criar uma certabarreira com aquele professor. Na minha experiência como coordenadora de curso de graduação, precisei, muitas vezes, acalmar os ânimos de alunos por volta dos seus 20 e poucos anos com a fala: “ela nos tratou como crianças!”. Pode-se pensar que pessoas mais maduras não teriam essa reação, mas, em geral, todas as vezes que um professor impõe sua vontade sem levar em consideração os Unidade 1 • Modelo Andragógico11/212 conhecimentos e as experiências prévias, além de interesses e necessidades, o adulto sente-se como uma “criança”. Ao educador, cabe o conhecimento de seus alunos e o entendimento de que eles possuem muitos conhecimentos e muitas experiências em determinadas áreas e que elas precisam ser levadas em conta quando se prepara uma aula para alunos adultos. Impor vontades só porque “eu sou professor” pode tornar a relação professor e aluno desequilibrada. 3. Papel das experiências Quando se reúne em uma sala de aula, ou ambiente virtual, adultos com o objetivo de que eles aprendam algo, se juntam inúmeras experiências profissionais e pessoais. Essas experiências podem ser consideradas a base na qual o novo conhecimento será repousado. Quando um adulto está vendo um determinado conteúdo pela primeira vez, ele relaciona, talvez até de forma inconsciente, com suas experiências prévias àquele momento. Quando esse novo conhecimento é confirmado pela experiência do aprendiz, ele é aceito como verdadeiro e, portanto, aprendido; quando ele não é confirmado, o aprendiz refuta esse novo conhecimento descartando-o. Isso pode ser explicado pela importância que as pessoas atribuem à experiência. Tardif (2002), em seu livro sobre saberes docentes, explica que dentre os quatro Unidade 1 • Modelo Andragógico12/212 tipos de saberes – saberes da formação, saberes disciplinares, saberes curriculares e saberes da experiência – os professores entendem o último como o mais importante. O autor explica que os saberes da experiência “residem totalmente nas certezas subjetivas acumuladas individualmente ao longo da carreira” (p. 52), além de serem os saberes que necessita de todos os outros para ser colocado em prática. Em outras palavras, para que um professor dê uma aula, ele recorre aos quatro tipos de saberes que se confundem entre si para que a prática seja realizada. Talvez por isso ele seja tão importante para os professores. Para engajar e envolver os alunos é essencial que os saberes da experiência de cada aluno sejam valorizados, o que pode ser feito por diferentes estratégias, como: dinâmicas, trabalhos em grupo, apresentação para os outros alunos etc.; o que importa é que essa valorização seja genuína. 4. Prontidão para aprender A prontidão para aprender relaciona-se com o sentido que o aluno percebe entre o que ele precisa aprender e o seu dia a dia. Isso quer dizer que os alunos adultos têm seu tempo para que os assuntos se tornem mais ou menos interessantes. Unidade 1 • Modelo Andragógico13/212 Knowles, Holton e Swanson (2011, p. 74) explicam que “os adultos ficam prontos para aprender as coisas que têm de saber e para as quais precisam se tornar capazes de realizar a fim de enfrentar as situações da vida real”. Para eles, a prontidão para aprender está ligada à passagem de um estágio de desenvolvimento para o próximo. Os autores utilizam-se de um exemplo bastante esclarecedor: uma garota de 16 anos, via de regra, não vê necessidade em aprender sobre nutrição infantil; ela, a princípio, não estaria “pronta para aprender”. No entanto, se ela estivesse grávida ou tivesse um irmão pequeno, esse assunto possivelmente faria parte do dia a dia dela. Apesar de a prontidão ser, de certa forma, um processo natural, não podemos ficar esperando até que um aluno esteja pronto para determinado conteúdo. O educador de adultos precisa encontrar maneiras de envolver o aluno e induzir essa prontidão; a utilização de exemplos, modelos, exercícios de simulação e outros podem ser de grande valia para o professor. 5. Orientação para a aprendiza- gem Os adultos orientam-se à aprendizagem quando o que deve ser aprendido tem alguma aplicação prática em sua vida. Quando ele não percebe essa relação, há uma tendência de o aluno adulto não Unidade 1 • Modelo Andragógico14/212 considerar aquela uma aprendizagem válida. Um exemplo de como isso é importante no aprendizado são os celulares, em especial os smartphones. Antes do advento desses aparelhos, aprendíamos o número de telefone de diversas pessoas e podíamos recorrer a eles quando quiséssemos sem problemas, apenas acionando nossa memória. Conforme fomos adaptando- nos a eles, deixamos de aprender novos números de telefones, apesar de, muitas vezes, sabermos os números antigos. Isso acontece porque não precisamos mais aprender os números de telefone que nos interessam, pois temos eles na ponta dos dedos no momento que quisermos por meio da agenda do nosso celular. Caso você tenha menos de 28 anos, possivelmente, esse exemplo não fez sentido algum, além de representar o que se quer explicar. Esse “problema” de aprender números de telefones não fez parte da sua vida e, por isso, também, não fez sentido. Um exemplo mais adequado à vida de vocês seria a operação de compartilhar fotos, vídeos, blogs, vlogs e mais inúmeras formas de interação virtual. Se você ainda não sabe como se faz isso, possivelmente você peça a alguém que lhe ensine. Uma vez que seria do seu interesse, sua aprendizagem seria bem mais rápida. Essa diferença entre as necessidades não é uma questão de idade, mas de dia a dia; Unidade 1 • Modelo Andragógico15/212 a orientação ocorre quando se precisa aprender alguma coisa. Knowles, Holton e Swanson (2011, p. 74) explicam que os adultos “assimilam novos conhecimentos, percepções, habilidades, valores e atitudes de maneira mais eficaz quando são apresentados a contextos de aplicação a situações da vida real”. Mais uma vez, o educador não pode ficar esperando que o aluno tenha a necessidade de aprender algo; o professor precisa despertar no aluno essa necessidade pelo aprendizado e para isso vale lançar mão de diferentes estratégias. 6. Motivação A motivação é comumente entendida como um fator externo para que desperte no sujeito vontade de fazer ou de aprender alguma coisa. Sem dúvida, fatores externos, como nota, melhor emprego, salário mais alto, entre outros, auxiliam no processo de aprendizagem. No entanto, são os fatores internos que mais motivam o aluno adulto a aprender: autoestima, status, desejo de ter maior satisfação no trabalho, qualidade de vida etc. Tough (1979 apud KNOWLES; HOLTON; SWANSON, 2011) percebeu que os adultos ditos normais são motivados a se desenvolver e a crescer, porém, essa Unidade 1 • Modelo Andragógico16/212 motivação é normalmente bloqueada por questões de “autoconceito negativo como aluno, falta de acesso a oportunidades ou recursos, limitações de tempo e programas que violam os princípios da aprendizagem de adultos” (p. 75). Para o educador, estar atendo a esses fatores motivacionais podem auxiliar em um melhor aprendizado, além de contribuir para a diminuição da evasão no Ensino Superior. Para saber mais Apesar de Malcolm Knowles ter seus escritos sobre andragogia publicados no início da década de 1970, ele assumiu a diretoria Executiva da Associação Americana da Educação de Adultos (Adult Education Association of the United States of America). O termo andragogia é mais encontrado quando se trata de treinamento de funcionários ou de recursos humanos de empresas, sempre voltado ao desenvolvimento profissional. Também, encontra-se o termo andragogia quando se estuda Educação de Jovens e Adultos. Porém, a andragogia tem sido pouco utilizada na educação formal, em especial no Ensino Superior. Unidade 1 • Modelo Andragógico17/212 Para saber mais Uma boa forma de aprender mais sobre saberes docentes é ler o artigo“Profissionalização dos professores: conhecimentos, saberes e competências necessárias à docência”, de Puentes, Aquino e Neto, publicado em 2009. PUENTES, Roberto Valdez, AQUINO, Orlando Fernandes, NETO, Armindo Quilicci. Profissionalização dos professores: conhecimentos, saberes e competências necessárias à docência. Educar, Curitiba, n. 34. p. 169-184, Curitiba, 2009. Link: <http://www.scielo.br/pdf/er/n34/10.pdf> Link Para conhecer mais sobre a biografia de Malcolm Knowles, acesse o link: <http://infed.org/mobi/ malcolm-knowles-informal-adult-education-self-direction-and-andragogy/> Leia o artigo de Cavalcanti e Gayo sobre andragogia da educação universitária no link: <http://www. wr3ead.com.br/UNICEAD/andragogia_na_educacao_universitaria.pdf> http://www.scielo.br/pdf/er/n34/10.pdf http://infed.org/mobi/malcolm-knowles-informal-adult-education-self-direction-and-andragogy http://infed.org/mobi/malcolm-knowles-informal-adult-education-self-direction-and-andragogy http://www.wr3ead.com.br/UNICEAD/andragogia_na_educacao_universitaria.pdf http://www.wr3ead.com.br/UNICEAD/andragogia_na_educacao_universitaria.pdf Unidade 1 • Modelo Andragógico18/212 Glossário Situações de aprendizagem: momentos organizados pelo educador para que o aluno aprenda. Conhecimentos prévios: conhecimentos adquiridos pelos alunos ao longo de sua vida até aquele momento. Saber docente: saber formado pelo “amálgama, mais ou menos coerente, de saberes oriundos da formação profissional e de saberes disciplinares, curriculares e experienciais” (TARDIF, 2003, p. 36). Questão reflexão ? para 19/212 A reflexão sobre como aprendemos é extremamente importante para nosso autoconhecimento. Uma vez que sabemos quais são os gatilhos que nos auxiliam, podemos ligar ou desligar essa “chavinha”. Assim, pense sobre como você aprende e compare com os seis pilares propostos por Knowles. Verifique se eles coincidem ou são diferentes. 20/212 Considerações Finais (1/2) • O termo andragogia foi cunhado em oposição ao termo pedagogia pelo professor alemão Alexander Kapp. • Foi na década de 1970 que Malcolm Knowles desenvolveu os seis pilares da andragogia: 1. Necessidade de saber – o adulto precisa saber o que será aprendido e porque sua aprendizagem é importante. 2. Autoconceito do aprendiz – a forma como o adulto se percebe deve ser respeitada. 3. Papel das experiências – as experiências dos alunos adultos precisam ser valorizadas. 4. Prontidão para aprender – o aluno adulto precisa estar “pronto para o aprendizado” e cabe ao professor incentivá-lo. 21/212 5. Orientação para aprendizagem – o adulto despende mais energia em assuntos que ele percebe como importante para o seu dia a dia. 6. Motivação – a motivação é um importante fator para a educação de adultos, com destaque para os fatores internos de motivação. Considerações Finais (2/2) Unidade 1 • Modelo Andragógico22/212 Referências CAVALCANTI, Roberto de A.; GAYO, Maria Alice F. da S. Andragogia na Educação Universitária. Conceitos, p. 44-51, jul. 2004. Disponível em: <http://www.wr3ead.com.br/UNICEAD/ andragogia_na_educacao_universitaria.pdf> Acesso em: 02 set. 2015. COBRA, Marcos. Marketing do entretenimento. São Paulo: Editora Senac, 2008. KNOWLES, Malcolm S.; HOLTON, Elwood F.; SWANSON, Richard. Aprendizagem de resultados: uma abordagem prática para aumentar a efetividade da educação corporativa. Tradução: Sabine Alexandra Holler. Rio de Janeiro: Eselvier, 2011. PUENTES, Roberto Valdez; AQUINO, Orlando Fernandes; NETO, Armindo Quilicci. Profissionalização dos professores: conhecimentos, saberes e competências necessárias à docência. Educar, Curitiba, n. 34, p. 169-184, 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ er/n34/10.pdf>. Acesso em: 02 set. 2015. TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2003. http://www.wr3ead.com.br/UNICEAD/andragogia_na_educacao_universitaria.pdf http://www.wr3ead.com.br/UNICEAD/andragogia_na_educacao_universitaria.pdf http://www.scielo.br/pdf/er/n34/10.pdf http://www.scielo.br/pdf/er/n34/10.pdf 23/212 1. O surgimento da andragogia ocorreu em 1833 pelo professor alemão Alexander Kapp, mas caiu no esquecimento até 1921, quando Rosensto- ck escreveu sobre a educação de adultos. Para ele, a educação de adultos deveria: a) Ser adaptada da educação de crianças. b) Ter professores especiais que conseguissem adaptar as teorias educacionais infantis para adultos. c) Que os professores estudassem metodologias especiais para serem aplicadas ao aluno adulto. d) Ter professores, metodologias e filosofias especiais aos adultos. e) Ter filosofia especial em que os professores se apoiariam. Questão 1 24/212 2. Malcolm Knowles é considerado o pai da andragogia porque: a) Criou uma metodologia de ensino infalível, especialmente para os adultos. b) Desenvolveu o conceito base sobre a educação de adultos, além de ter uma vasta produção sobre o tema. c) Desenvolveu programas capazes de treinar professores para ensinar adultos. d) Criou o conceito de que educar pessoas adultas necessita de formação especial pela dificuldade que elas têm em aprender. e) Dentre a sua vasta produção sobre o tema, ele adaptou as teorias sobre a aprendizagem infantil aos adultos para que eles pudessem aprender. Questão 2 25/212 3. O modelo andragógico, segundo seu criador, Malcolm Knowles, pode e deve ser adaptado segundo a situação de aprendizagem a partir da aná- lise do educador sobre o ponto de partida e das estratégias a serem utili- zadas. Isso se deve porque: a) Cada aluno possui experiências a saberes diferentes que precisam ser considerados na aprendizagem do adulto. b) Cada aluno possui experiências diferentes que precisam ser valorizadas apesar de o conhecimento não ser tão heterogêneo entre um grupo de alunos adultos. c) A prontidão para a aprendizagem é intrínseca e, por isso, o educador precisa esperar até que o aluno esteja pronto e interessado em aprender. d) O educador precisa motivar o aluno adulto a estar orientado para a aprendizagem, pois, se ele não tiver interesse no assunto, irá aprender sozinho em outro momento. e) O modelo andragógico não considera as mudanças que podem ocorrer no contexto social dos alunos que são naturalmente diferentes. Questão 3 26/212 4. Um dos pilares da andragogia é o papel da experiência. O saber da ex- periência tem papel essencial no processo de aprendizagem porque: a) A experiência de cada pessoa permite que ela aprenda novos conceitos sem filtrá-los. b) A experiência é difícil de ser valorizada, por isso o educador não consegue agregá-la em sua aula e precisa deixar o aluno aprender sozinho. c) Sem ele os alunos não aprendem o que estiver sendo ensinado, por isso o professor deve criar novas experiências. d) É por meio da experiência que o aluno entende e modifica o mundo em que vive. e) A experiência é uma espécie de filtro com o qual o aluno compara toda nova informação. Questão 4 27/212 5. O pilar do modelo andragógico “orientação para aprender” é impor- tante porque: a) Quando um aluno não está prestando atenção ao educador, ele tende a não aprender determinado assunto. b) O professor deve orientar o aluno a uma nova aprendizagem para que ele seja capaz de reproduzi-la posteriormente. c) Caso o aluno adulto não perceba a aplicação prática de um novo aprendizado no seu dia a dia, ele pode deixar de aprendê-lo. d) A orientação é entendida como a forma de o aluno se comportar durante o processo de aprendizagem; sem a devida postura, a aprendizagem não é alcançada. e) O aluno adulto precisa estar pronto para aprender algo novo, independentemente da necessidade daquele conhecimento. Questão 5 28/212 Gabarito 1. Resposta: D. Rosenstock defendia que a educação de adultos deveria ter professores, metodologias e filosofias especiais devido às características diferentes das crianças. 2. Resposta: B. Malcolm Knowles, entre sua vasta produção sobre o tema,desenvolveu o conceito base sobre a educação de adultos que possibilitou a reorientação de educadores de adultos para ajudar os alunos a aprender. 3. Resposta: A. A adaptação do modelo andragógico é necessária porque cada aluno possui experiências a saberes prévias com os quais o educador pode trabalhar para que o aluno mantenha motivação para aprendizagem e um autoconceito positivo como aluno, além de se manter pronto para a aprendizagem. 4. Resposta: E. Toda nova informação que o aluno adulto recebe é comparada à sua experiência pregressa, podendo ser refutada ou acatada como válida, por isso ela pode ser considerada uma espécie de filtro para novas aprendizagens. 29/212 5. Resposta: C. Caso o aluno adulto não perceba a aplicação prática de um novo aprendizado no seu dia a dia, ele pode deixar de aprendê-lo porque ele despende uma boa quantidade de energia e tempo para aprender algo que ele sente necessidade. Gabarito 30/212 Unidade 2 Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia Objetivos 1. Conhecer algumas características de crianças e adultos. 2. Conhecer os pressupostos da Pedagogia, da Andragogia e da Heutagogia. 3. Saber identificar as diferenças entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia. Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia31/212 Introdução Na aula passada, vimos que a Andragogia surgiu em oposição à Pedagogia para tratar da educação de adultos. Sua oposição começa no próprio vocábulo: Paidos (criança) + agein (conduzir) + logos (ciência) = PEDAGOGIA Andros (homem) + agein (conduzir) + logos (ciência) = ANDRAGOGIA Dessa forma, a Pedagogia é a ciência da educação de crianças, enquanto a Andragogia é a ciência da educação de adultos. A diferença entre os dois radicais (paidos e andros) representa a diferença epistemológica entre as duas ciências; cada uma têm pressupostos específicos que dizem respeito ao entendimento de aluno, de educação, ou seja, de concepção. O surgimento da Heutagogia é bem mais recente; os primeiros escritos foram encontrados nos anos 2000. O termo, assim como os outros dois, tem origem grega: Heuta (auto) + agein (conduzir) + logos (ciência) = HEUTAGOGIA Assim, a Heutagogia é a ciência da aprendizagem autodeterminada, ou conduzida, e está bastante relacionada ao advento da tecnologia e da educação a distância. Cada termo tem por base conceitos diferentes, os quais serão vistos a seguir. Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia32/212 1. Pedagogia Considera-se que a Pedagogia tenha surgido na Grécia, pois foi lá que foram encontrados os primeiros pedagogos: escravos que acompanhavam as crianças nas escolas. Apesar de os pedagogos terem aparecido na Grécia, havia o entendimento de que a criança era um mini adulto até meados do século XVIII, quando Jean Jaques Rousseau publicou, em 1762, o livro Emílio ou Da educação. Nele, o autor explica que as crianças possuem necessidades e processos de desenvolvimento diferentes dos adultos, por isso, precisaria de um tratamento adequado que respeitasse suas peculiaridades. O alemão Friederich Fröebel foi um dos primeiros educadores a considerar a importância da infância para o desenvolvimento do homem. Ele dizia que o homem se desenvolve em etapas: infância, meninice, puberdade, mocidade e maturidade. Em cada etapa a educação precisa considerar as características do sujeito, dessa forma a educação para crianças deve proporcionar que a criança floresça. A Pedagogia é pensada para crianças segundo algumas características. Uma delas é que as crianças estão aprendendo sobre o mundo e como estar nele durante o período escolar, por isso, algumas decisões são comumente relegadas ao professor. Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia33/212 A definição do que deve ser aprendido é feita pelo professor a partir dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), definidos pelo Ministério da Educação – MEC. Nesses PCN constam os conteúdos que a sociedade entende como importantes para a formação da criança. Por esse motivo, muitas vezes, aos alunos não fica clara a necessidade de determinado aprendido. Quantas vezes nos perguntamos por que precisávamos aprender equação de segundo grau, por exemplo? Se você não trabalhar com esse conceito no dia a dia, talvez essa resposta ainda nem seja clara até os dias de hoje. O professor entende o aluno como dependente, por isso, ele se torna realmente dependente. De fato, nos primeiros anos, a criança é dependente, mas a questão é que, conforme os anos vão passando, a criança vai deixando de ser dependente à medida que amadurece (KNOWLES, HOLTON, SWANSON, 2011). O autor explica que, conforme a criança vai crescendo e amadurecendo, vai abrindo um gap entre a necessidade e a habilidade de se autodirigir, o que pode gerar frustrações, ressentimentos e resistência ao aprendizado. A experiência da criança ainda está em formação e, muitas vezes, ela acontece na própria escola, por isso, seu papel ainda é menor do que a de um adulto. Knowles, Holton, Swanson (2011) alegam que o aluno fica pronto para aprender a partir da determinação do que o professor Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia34/212 precisa ensinar; não há tempo para esperar a maturidade do aluno. A orientação para a aprendizagem na escola regular é centrada na matéria, com a aquisição de conteúdo especializado, dessa forma, “as experiências de aprendizagem são organizadas de acordo com a lógica do conteúdo especializado” (KNOWLES, HOLTON, SWANSON,, 2011, p. 71). A motivação que a criança tem para aprender é basicamente externa, seja por notas, prêmios, classificação etc. Isso pode acontecer pelo não entendimento por parte da criança da necessidade daquele conhecimento. 2. Andragogia Na aula anterior, tratamos dos conceitos da andragogia e, agora, vamos retomar alguns conceitos em contraposição à Pedagogia. Como já sabido, a Andragogia surgiu em oposição à Pedagogia; até Alexander Kapp cunhar o termo, se pensava apenas na aprendizagem de crianças, mas o adulto tem concepções diferentes que precisam ser entendidas. O adulto se relaciona com a educação de forma diferente, então, é preciso entender de que adulto se está falando. Oliveira (1998, p. 8) define o adulto como “indivíduo maduro o suficiente para assumir as responsabilidades por seus atos diante da sociedade”. O autor ainda Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia35/212 apresenta 14 princípios que contribuem com a educação de adultos: Princípio 1 – o adulto é dotado de consciência ingênua e de consciência crítica e sua postura proativa ou reativa está diretamente ligada ao tipo de consciência predominante. Princípio 2 – o compartilhamento de experiências é fundamental para o adulto. Princípio 3 – a relação educacional é baseada na interação entre o professor e o aluno em um ambiente de liberdade em que haja aprendizagem mútua. Princípio 4 – a chave para a motivação de um adulto é a negociação sobre seu interesse em participar de aprendizagem. Princípio 5 – a aprendizagem é o centro das atividades do aluno adulto. Princípio 6 – a decisão do que será aprendido precisa ser decidido pelo aluno adulto por ele ser o agente de sua aprendizagem. Princípio 7 – o processo de aprendizagem implica a aquisição de conhecimentos, habilidades e atitudes (CHA). Princípio 8 – a ordem do processo de aprendizagem do adulto é: sensibilização (motivação), pesquisa (estudo), discussão (esclarecimento), experimentação (prática), conclusão (convergência) e compartilhamento (sedimentação). Princípio 9 – o melhor elemento motivador do adulto é a experiência, por isso, o Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia36/212 ambiente de aprendizagem deve permitir liberdade e incentivar que os alunos possam falar de suas histórias, ideias, opiniões,compreensões e conclusões. Princípio 10 – a essência do relacionamento educacional entre adultos é o diálogo. Princípio 11 – os assuntos devem ser discutidos e vivenciados, pois a práxis educacional se baseia na reflexão e ação. Princípio 12 – “quem tem capacidade de ensinar o adulto é apenas Deus que conhece o íntimo da pessoa e suas reais necessidades. Portanto se você não é Deus, não se atreva a desempenhar esse papel!” (OLIVEIRA, 1998, p. 12). Princípio 13 – um professor tradicional faz com que o adulto se sinta inferiorizado e, portanto, dificulta a aprendizagem. Princípio 14 – a educação bancária pode causar uma relação negativa do adulto com a aprendizagem caso ele se sinta oprimido frente ao professor. Esses princípios colaboram para o entendimento sobre como os pilares da andragogia podem ser aplicados nos ambientes de aprendizagem. Enquanto na Pedagogia a definição do que será aprendido e quais estratégias serão utilizadas, na andragogia, o adulto não tem apenas a necessidade de saber o que e como será aprendido, mas, muitas vezes, tem de negociá-los. Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia37/212 Em relação ao autoconceito, o adulto entende que ele é capaz de assumir as responsabilidades de suas escolhas. Isso quer dizer que ele precisa se sentir independente e livre para poder escolher. A experiência é o principal filtro pelo qual a nova informação passa para ser considerada relevante e, consequentemente, ser aprendida. Essa ideia é corroborada pelos princípios 2 e 4, que mostram o quanto a experiência é importante para o aluno adulto. Uma vez que o aluno adulto esteja pronto para aprender, ele tem maior clareza de sua necessidade de aprendizagem e, assim, consegue dialogar e decidir o que será aprendido e quais são as melhores estratégias para isso. A motivação pode estar no assunto, na forma como o professor o aborda, na relação entre aluno e professor, assim como na aplicabilidade dos novos conceitos no dia a dia do adulto. Assim, na Andragogia, o papel do professor é de um companheiro que entende e orienta o aluno adulto ao aprendizado de forma colaborativa. 3. Heutagogia Se a Andragogia surgiu em oposição à Pedagogia, pode-se dizer que a Heutagogia surgiu como uma “evolução natural” da Andragogia, segundo Stewart Hase e Chris Kenyon (2000), criadores do termo. Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia38/212 Eles explicam que a Andragogia foi uma imensa evolução no processo de ensino e aprendizagem de adultos, pois passou a considerar características e necessidades específicas dos adultos negligenciadas até então. No entanto, ela ainda tem o professor como centro da ação de aprendizagem, assim como a Pedagogia, e não consideraria as questões sociais modernas, como a quantidade de informação e a rapidez com que ela se torna de conhecimento público. Na Heutagogia, entende-se que o aprendiz seja capaz de determinar o que ele aprenderá em função do desenvolvimento de capacidades. Assim, uma pessoa capaz: sabe como aprender, é criativa, tem alto grau de eficácia, é confiante em mobilizar suas competências e trabalha bem com outras pessoas (STEPHENSON; WEIL, 1992 apud HASE; KENYON, 2000). Hase e Kenyon (2000) afirmam que a Heutagogia se posiciona num mundo atual e dinâmico, em que: • a informação está disponível rapidamente e em grande quantidade; • as mudanças são tão rápidas que a formação do aprendiz da maneira como conhecemos está se tornando inadequada; • os conhecimento baseados em disciplinas não estão dando conta da preparação para a vida e para o trabalho; Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia39/212 • a aprendizagem está cada vez mais alinhada ao que se faz; • exigência de práticas flexíveis de aprendizagem em função das estruturas modernas; • necessidade de rápida aprendizagem. Parte do fundamento da Heutagogia baseia-se nos escritos de Rogers sobre a aprendizagem centrada no aluno. O autor entende que: toda pessoa possui o desejo natural de aprender e tende a realizá-lo; não se pode ensinar outra pessoa, apenas facilitar a aprendizagem; todo aluno tem uma certa resistência à aprendizagem significativa, pois ela modifica o eu (self), mas ele aprende quando a resistência é pequena e ele se percebe envolvido no processo. Outra teoria que contribui para a Heutagogia é a conceituação de aprendizagem de laço duplo, de Argyris e Schön (1996 apud HASE; KENYON, 2000). Esse conceito utiliza-se da reflexão e do questionamento do que os autores chamam de “variáveis governantes” dos indivíduos, que podem ser entendidas como: “teorias em uso”, valores e suposições mobilizadas para resolver um problema ou uma situação. O esquema a seguir ajuda a entender o laço duplo. Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia40/212 Quando temos uma situação, mobilizamos uma série de variáveis governantes para determinar nossas ações esperando resolvê-las já prevendo uma determinada consequência. Quando o resultado não é o esperado, revemos nossas ações e tentamos novamente. Esse processo é chamado por Argyris e Schön por laço simples. Mas se essa revisão sobre nossas ações nos faz refletir e questionar nossas variáveis governantes (“teorias em uso”, valores e suposições), o processo é chamado de laço duplo. Esse questionamento das variáveis governantes permite a alteração do que sabemos, ou seja, aprendemos algo novo já relacionado com nosso conhecimento prévio e necessidades. Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia41/212 A Heutagogia é o estudo da aprendizagem autodirigida e não da autoaprendizagem. Dessa forma, é preciso distinguir esses dois entendimentos: enquanto a autoaprendizagem é a forma de aprender Link Para conhecer mais sobre as variáveis governantes e a teoria de laço duplo, leia o artigo “Desenvolvimento de competências gerenciais para a tomada de decisão através da abordagem da aprendizagem na ação”, de Elvira M. V. Lantelme, Ercília H. Hirota e Carlos T. Disponível em: <http://www. infohab.org.br/entac2014/2002/Artigos/ ENTAC2002_1535_1544.pdf> por si só, a aprendizagem autodirigida é o processo em que o aprendiz (com ou sem ajuda) toma a iniciativa sua formação a partir da análise e percepção de suas necessidades de aprendizagem. O professor, nesta perspectiva, tem a função de partilhar o conhecimento a fim de possibilitar que o aprendiz seja autônomo e possa fazer suas próprias escolhas no que se refere à aprendizagem. Assim, a Heutagogia exige do aprendiz grande envolvimento no processo de aprendizagem e um alto grau de reflexão. O quadro a seguir compara algumas ideias de Pedagogia, Andragogia e Heutagogia: http://www.infohab.org.br/entac2014/2002/Artigos/ENTAC2002_1535_1544.pdf http://www.infohab.org.br/entac2014/2002/Artigos/ENTAC2002_1535_1544.pdf http://www.infohab.org.br/entac2014/2002/Artigos/ENTAC2002_1535_1544.pdf Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia42/212 Quadro 1: Características de aprendizagem segundo a Pedagogia, a Andragogia e a Heutagogia Características da aprendizagem Pedagogia Andragogia Heutagogia Relação professor/aluno Professor é o centro das ações, decide o que ensinar, como ensinar e avalia a aprendizagem. A aprendizagem é centrada no aluno, na independência e na autogestão da aprendizagem. O aluno é um agente de sua formação, o professor é um organizador e facilitador da participação. Razões da aprendizagem Crianças e adolescentes devem aprender o que a sociedade espera que saibam, seguindo um currículo padronizado. As pessoas aprendem o que precisam saber (aprendizagem para a aplicação prática na vida diária). Razões alicerçadas na vontade do aluno, seus objetivos e necessidades. O discente sabe por que precisa aprender. Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia eHeutagogia43/212 Características da aprendizagem Pedagogia Andragogia Heutagogia Motivação A motivação para a aprendizagem é fundamentalmente resultado de estímulos externos ao aluno, como notas, classificações escolares e apreciações do professor. Os adultos são sensíveis a estímulos externos (notas etc.), mas são os fatores de ordem interna que os motivam para a aprendizagem (satisfação, autoestima, qualidade de vida, dentre outros). Busca a autonomia pessoal/profissional por isto está motivado a aprender de forma mais autônoma. Experiência do aluno O ensino é didático, padronizado e a experiência do aluno tem pouco valor. A experiência é uma fonte rica de aprendizagem, pela discussão e solução de problemas feita em grupo. Reorganização das experiências cotidianas, que envolve a ação, a reflexão na ação, a reflexão sobre a reflexão na ação. Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia44/212 Características da aprendizagem Pedagogia Andragogia Heutagogia Orientação da aprendizagem Aprendizagem por assunto ou matéria. Aprendizagem baseada em problemas, exigindo ampla gama de conhecimentos para se chegar à solução. Mistura pedagogia com Andragogia, adaptados aos interesses/necessidades individuais do aluno. Vontade de aprender A finalidade é obter o êxito e progredir em termos escolares. Os adultos estão dispostos a iniciar um processo de aprendizagem desde que compreendam sua utilidade para enfrentar problemas reais da vida pessoal e profissional. Alunos mais disciplinados com o aprender se comprometem com o estudo a distância na busca dos objetivos. Fonte: CAVALCANTI, R. A. Andragogia: a aprendizagem nos adultos. Revista de Clínica Cirúrgica da Paraíba, n. 6, ano 4, jul. 1999. Disponível em: <http://pt.slideshare.net/Vicentana/andragogia-a-aprendizagem-nos-adultos> Acesso em: 10 set. 2015. Olhando a “evolução” dos conceitos entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia, nota-se que a linha mestra dos três conceitos é a autonomia do aprendiz. Na Pedagogia, pelas caraterísticas http://pt.slideshare.net/Vicentana/andragogia-a-aprendizagem-nos-adultos> Acesso em: 10 set. 2015 Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia45/212 da própria criança, o aprendiz é conduzido totalmente ao aprendizado, já na Andragogia essa condução é mais livre, mas ainda assim com a orientação externa do professor; talvez se possa dizer que há uma autonomia relativa. Agora, na Heutagogia, a condução da aprendizagem é feita pelo próprio aprendiz com a ajuda do professor; a autonomia do aprendiz neste caso é total. Para saber mais Epistemologia é o estudo da origem, da estrutura, dos métodos e da validade do conhecimento; também é conhecida como teoria do conhecimento. Fröebel entendia a criança era como uma semente que precisa receber cuidados periódicos para crescer de forma saudável, criando para isso o primeiro jardim de infância. Até hoje, a educação de crianças sofre grande influência deste educador. Além de Fröebel, outros educadores também desenvolveram teorias e espaços voltados para as características das crianças, como Maria Montessori. Para conhecer mais sobre os educadores acesse o link: <https:// novaescola.org.br/conteudo/96/friedrich-froebel-o-formador-das-criancas-pequenas> https://novaescola.org.br/conteudo/96/friedrich-froebel-o-formador-das-criancas-pequenas https://novaescola.org.br/conteudo/96/friedrich-froebel-o-formador-das-criancas-pequenas Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia46/212 Para saber mais A ação docente é realizada segundo a abordagem de ensino. Além da abordagem tradicional, têm-se as abordagens: comportamentalista, humanista, cognitivista e sociocultural. Além da Pedagogia, da Andragogia e da Heutagogia, já se encontram outros conceitos: Paragogia e Cybergogia. Saiba o que eles são no link: <http://www.desafiosdaeducacao.com.br/quatro- conceitos-vao-moldar-educacao/> Você sabia que, em 2001, uma única edição no jornal New York Times continha mais informação do que uma pessoa receberia durante toda sua vida na Inglaterra do século XVIII? (VEJA, 2001, p. 63). <http://veja.abril.com.br/acervo/home.aspx> http://www.desafiosdaeducacao.com.br/quatro-conceitos-vao-moldar-educacao/ http://www.desafiosdaeducacao.com.br/quatro-conceitos-vao-moldar-educacao/ http://veja.abril.com.br/acervo/home.aspx Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia47/212 Link Para ler mais sobre as características do adulto, leia Oliveira (1998) no link a seguir: <http://www. diocese-braga.pt/catequese/sim/biblioteca/publicacoes_online/200/ANDRAGOGIA.pdf> http://www.diocese-braga.pt/catequese/sim/biblioteca/publicacoes_online/200/ANDRAGOGIA.pdf http://www.diocese-braga.pt/catequese/sim/biblioteca/publicacoes_online/200/ANDRAGOGIA.pdf Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia48/212 Glossário Diferença epistemológica: diferenças na origem e nos conceitos dos conhecimentos. Professor tradicional: relaciona-se com a concepção de ensino do professor. Autonomia: na Educação, é entendida como a capacidade de organizar por si seus estudos, administrando seu tempo de dedicação e escolhendo as fontes de informação disponíveis. Questão reflexão ? para 49/212 Como você organizaria o aprendizado de seus alunos na sua área de conhecimento sob a perspectiva da Pedagogia, da Andragogia e da Heutagogia? 50/212 Considerações Finais (1/2) A Pedagogia trata da educação de crianças que eram entendidas como mini adultos até o século XVIII, quando Rousseau alertou para as necessidades de desenvolvimento e de cuidados específicos da criança. O professor tem papéis diferentes na Pedagogia e na Andragogia; na primeira, ele toma todas as decisões acerca da aprendizagem dos alunos, enquanto que na segunda o professor é um parceiro do aluno adulto. Para uma boa relação entre professor e aluno adulto é preciso prestar atenção aos 14 princípios do adulto propostos por Oliveira (1998). A Heutagogia é o estudo da aprendizagem autoconduzida e como tal pressupõe autonomia do aprendiz. 51/212 A Heutagogia está amparada em, basicamente, dois conceitos: a aprendizagem centrada no aluno de Rogers e a aprendizagem de laço duplo de Argyris e Schön. O aprendiz, na Heutagogia, precisa ter um alto grau de envolvimento e de reflexão. Considerações Finais (2/2) Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia52/212 Referências CAVALCANTI, R. A. Andragogia: a aprendizagem nos adultos. Revista de Clínica Cirúrgica da Paraíba, n. 6, ano 4, jul. 1999. Disponível em: <http://pt.slideshare.net/Vicentana/andragogia-a- aprendizagem-nos-adultos> Acesso em: 10 set. 2015. HASE, S. and KENYON, C. (2000). From andragogy to heutagogy. Ultibase, RMIT. Disponível em: <http://ultibase.rmit.edu.au/Articles/dec00/hase2.htm> Acesso em: 10/09/2015. KNOWLES, Malcolm S.; HOLTON, Elwood F.; SWANSON, Richard. Aprendizagem de resultados: uma abordagem prática para aumentar a efetividade da educação corporativa. Tradução: Sabine Alexandra Holler. Rio de Janeiro: Eselvier, 2011. MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986. OLIVEIRA, Ari Batista de. Andragogia? Evolução histórica. 1998. Disponível em: <http://www. diocese-braga.pt/catequese/sim/biblioteca/publicacoes_online>. Acesso em: 10 set. 2015. http://pt.slideshare.net/Vicentana/andragogia-a-aprendizagem-nos-adultos> Acesso em: 10 set. 2015 http://pt.slideshare.net/Vicentana/andragogia-a-aprendizagem-nos-adultos> Acesso em: 10 set. 2015 http://ultibase.rmit.edu.au/Articles/dec00/hase2.htm http://www.diocese-braga.pt/catequese/sim/biblioteca/publicacoes_online http://www.diocese-braga.pt/catequese/sim/biblioteca/publicacoes_online 53/212 1. Na Pedagogia, o papel do professor é decisivo no que tange à escolha do conteúdo e das estratégias utilizadas porele. Assim, é correto afirmar que: a) A partir dos Parâmetros Curriculares Nacionais o professor decide, junto aos alunos, quais assuntos precisam ser aprendidos por eles. b) Os alunos sempre entendem a importância do aprendizado porque ela fica clara com a explicação do professor. c) As crianças estão sempre prontas para aprender algum conteúdo na escola, afinal, é para isso que elas estão ali. d) A orientação para a aprendizagem das crianças é natural e ela consegue entender a relação entre os conteúdos determinados pelo professor. e) Os conteúdos determinados pelo professor, junto às estratégias de ensino, são aprovados previamente pelo que a sociedade entende que é importante aprender. Questão 1 54/212 2. O educador de crianças precisa se adaptar ao desenvolvimento infantil porque: a) As ideias das crianças variam de acordo com o entendimento que elas têm do que será aprendido. b) A cada faixa etária a criança necessita de cuidados especiais e o professor deve dar conta desse cuidado. c) A criança vai se tornando independente conforme vai amadurecendo ao longo dos anos. d) Os conteúdos definidos pelo professor são tratados pelos alunos segundo o entendimento da importância. e) Elas mudam muito rapidamente e com isso mudam suas necessidades e vontades, fazendo com que os conteúdos tenham de ser adaptados. Questão 2 55/212 3. Dentre os princípios propostos por Oliveira (1998), o terceiro diz que “a relação educacional é baseada na interação entre o professor e o aluno em um ambiente de liberdade em que haja aprendizagem mútua”. Isso quer dizer que: a) O professor é parceiro do aluno, promovendo a interação entre os alunos para que haja trocas de experiências e opiniões em que ele também aprende. b) O professor é parceiro do aluno e cria situações de aprendizagem em que os alunos tenham a sensação de que ele está aprendendo, mas o conhecimento do professor é suficiente àquele momento. c) O professor interage com os alunos de forma que eles troquem impressões e experiências em um ambiente completamente controlado pelo educador. d) A relação educacional necessita de experiências e conhecimentos do educador a fim de promover interação entre os alunos. e) Ter um ambiente de liberdade significa que cada aluno decide o que ele deve aprender e o professor apenas orienta essa aprendizagem. Questão 3 56/212 4. A Heutagogia é o estudo da aprendizagem autoconduzida e como tal pressupõe autonomia do aprendiz, com grande desenvolvimento e alto grau de reflexão. Assim, sobre a aprendizagem, pode-se dizer que: a) A aprendizagem no mundo moderno está desorientada e sem objetivos claros, por isso a Heutagogia apresenta-se como uma tábua de salvação para educadores e alunos. b) O processo de aprendizagem do aluno precisa que ele tenha bastante conhecimento prévio sobre o assunto para que tenha capacidade de escolher corretamente o que deve ser aprendido. c) O aprendiz, na Heutagogia, tem a liberdade de escolher o que será aprendido, mas a forma como esse aprendizado será tratado em sala de aula é prerrogativa do professor. d) A aprendizagem autodirigida permite que o aluno se envolva mais com o processo a partir do momento em que ele pode pensar sobre o que e como aprender. e) Pela quantidade de informação disponível nos dias de hoje, o aprendiz consegue aprender o conteúdo sozinho. Questão 4 57/212 5. Os conceitos-base da Heutagogia são a aprendizagem centrada no aluno e a aprendizagem de laço duplo. Sobre esses conceitos é correto afirmar: a) A aprendizagem centrada no aluno baseia-se em colocar o aluno num ponto central do processo e permite que ele aprenda por observação de um ponto privilegiado. b) O aluno adulto precisa se envolver no processo de aprendizagem para que ela ocorra, por isso a aprendizagem centrada no aluno permite que ele estabeleça o que será ensinado pelo professor. c) O conceito de laço duplo pressupõe que o aprendizado modifique as variáveis governantes pela reflexão e pelo questionamento. d) As variáveis governantes permitem que o aprendiz se mantenha centrado enquanto outros conceitos vão sendo modificados com a aprendizagem. e) A aprendizagem de laço duplo tem esse nome porque o aprendiz revê seus conceitos duas vezes. Questão 5 58/212 Gabarito 1. Resposta: E. Os conteúdos que precisam ser aprendidos pelas crianças são definidos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, que são determinados pelo Ministério da Educação e, portanto, socialmente aprovados. 2. Resposta: C. Conforme a criança vai crescendo, ela também vai amadurecendo e se tornando cada vez mais independente, de ação e de pensamento, por isso o professor precisa se adaptar às novas necessidades e interesses. 3. Resposta: A. A promoção da interação e da troca de experiências entre alunos e professor acontece quando os alunos percebem o professor como parceiro que lhe auxilia a aprender. 4. Resposta: D. A aprendizagem autodirigida pressupõe a decisão do que e como será aprendido, para decidir isso o aluno precisa se envolver intimamente e conhecer suas necessidades, limitações e desejos. 59/212 Gabarito 5. Resposta: C. A base do aprendizado por laço duplo é o questionamento e a reflexão das variáveis governantes, ou seja, teorias em uso, valores, suposições. 60/212 Unidade 3 Educação do Jovem e do Adulto Objetivos 1. Estudar o conceito e os pressupostos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) 2. Conhecer a Educação de Jovens e Adultos (EJA) no contexto brasileiro. 3. Conhecer a metodologia de alfabetização de adultos de Paulo Freire. Unidade 3 • Educação do Jovem e do Adulto61/212 Introdução A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino destinada a jovens e adultos, que abrange todos os níveis da Educação Básica, criada com o objetivo de minimizar as desigualdades de formação educacional, segundo a LDBEN 9.394/96. A necessidade de promoção da educação aos adultos é pensada desde a década de 1930, mas foi na década seguinte, em 1940, que a EJA foi entendida como uma Para saber mais Outras modalidades de ensino definidas na LDB/96 são: Educação Profissional ou Técnica, Educação Especial e Educação a Distância (EaD). política pública de acesso à escolarização para adultos que não haviam terminado a Educação Básica. Nas décadas seguintes, foram criados diversos programas governamentais com o objetivo de promover, de maneira ampla, formação escolar para pessoas excluídas da escola e, consequentemente, aumentar o nível de escolaridade da população brasileira. Nesse período o governo assumiu a responsabilidade por essa modalidade de educação, o que possibilitou a distribuição de fundos públicos para a manutenção de programas educacionais. Na década de 1960, o Ministério da Educação (MEC) organizou o Programa Nacional de Alfabetização de Adultos, que utilizou as ideias e orientações de Paulo Unidade 3 • Educação do Jovem e do Adulto62/212 Freire. Dentre essas orientações estava a ideia de que a educação de adultos nessa modalidade deveria ser crítica, voltada à transformação social, ao diálogo e ao entendimento do papel de protagonista dos educandos. Porém, durante o governo militar, essa e outras ações acabaram por desaparecer parcial ou completamente em função das ações repressivas, pois as iniciativas existentes estavam relacionadas às ideias de Paulo Freire, para quem a educação é essencialmente política e libertadora. Em 1969, o governo criou o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral), que funcionou até a metade da década de 1980 por meio de comissões municipais por todo o Brasil. Apesar de as comissões serem descentralizadas, a orientação, supervisão pedagógica e produção de material didático tinham um rígido controle central. A ideia do Mobral era o de alfabetizar enquanto o analfabetismo não fosse erradicado, mas, na década de 1970, ele teve de diversificar sua atuação e passou a oferecer uma condensaçãodo curso primário, o que possibilitou o desenvolvimento mais organizado da Educação de Jovens a Adultos (DI PIERRO; JOIA; RIBEIRO, 2001). A estrutura restante do Mobral tornou- se Fundação Educar, que passou a apoiar iniciativas estaduais, municipais e da organização civil, que incorporaram educadores ligados à experiência da Unidade 3 • Educação do Jovem e do Adulto63/212 educação popular, até então realizadas prioritariamente na educação não formal. A Fundação Educar foi extinta na década de 1990, não houve nenhum programa governamental de Educação de Jovens e Adultos até 1996, quando foi criado o Programa Alfabetização Solidária (PAS), que lembravam as campanhas das décadas de 1940 e 1950. Em 1998, foi criado o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), que visava à educação de adultos em áreas de assentamento. Mais tarde, no ano de 2003, foi criado o Programa Brasil Alfabetizado, que enfatizava o trabalho voluntário; em 2004, o programa foi reformulado e revisado. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDBEN/96), em seu artigo 37, define que a Educação de Jovens e Adultos é destinada a pessoas que não tiveram acesso ao Ensino Fundamental e Médio, ou não conseguiram completá-los em idade própria; o acesso aos cursos é oferecido de forma gratuita e flexível para que o aluno possa concluir seus estudos. A EJA foi criada visando a alunos jovens a adultos que não tiveram oportunidade de concluir sua formação básica. De maneira geral, são alunos trabalhadores que deixaram a escola por motivos de ingresso no mercado de trabalho ou alta defasagem educacional. Em 2011, havia no Brasil quase 12,9 milhões de analfabetos entre pessoas com Unidade 3 • Educação do Jovem e do Adulto64/212 15 anos ou mais, o que representava 8,6% da população, segundo o 11º Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos da UNESCO (2014). No mesmo ano, dados do INEP mostravam que 56,2 milhões de pessoas com mais de 18 anos não frequentavam a escola ou não tinham completado o Ensino Fundamental (REVISTA NOVA ESCOLA, 2014). Apesar da grande quantidade de pessoas que poderiam ser atendidas pela EJA, o Censo tem mostrado que as matrículas estão caindo ao longo dos anos. Em 2013, ainda segundo a Revista Nova Escola (2014), havia aproximadamente 3,7 milhões de pessoas matriculadas na EJA, enquanto que em 2007 esse número era de quase 5 milhões. O que explicaria, então, essa queda de 25% em matrículas na EJA, segundo a Revista, seriam quatro pontos, combinados ou de maneira individual: excesso de trabalho e problemas familiares que prejudicam os estudos; escolas distantes da moradia ou do trabalho; ausência de exigência de escolarização nos empregos disponíveis; e aprendizado que não tem relação com a vida do aluno. Link Para ler a reportagem completa acesse: <https://novaescola.org.br/conteudo/2882/ por-que-jovens-de-15-a-17-anos-estao- na-eja> https://novaescola.org.br/conteudo/2882/por-que-jovens-de-15-a-17-anos-estao-na-eja https://novaescola.org.br/conteudo/2882/por-que-jovens-de-15-a-17-anos-estao-na-eja https://novaescola.org.br/conteudo/2882/por-que-jovens-de-15-a-17-anos-estao-na-eja Unidade 3 • Educação do Jovem e do Adulto65/212 A distância entre o que é ensinado e a aplicação na vida do aluno também é um dos motivos pelo qual ele larga a escola no período regular. Um dos grandes nomes da Educação de Jovens e Adultos é Paulo Freire. Ele foi um dos primeiros educadores a trazer a realidade do educando para a sala de aula com o objetivo de alfabetizá-los. Uma característica da EJA é a flexibilidade. A LDB/96 prevê que a educação formal esteja disponível gratuitamente e de forma apropriada, considerando as características dos alunos, sua condição de vida e de trabalho e seus interesses. Por isso, a oferta da modalidade de EJA tem uma grande variedade de possibilidades: ensino presencial ou a distância, cursos seriados ou modulares, material didático em módulos, avaliação em módulos ou por disciplinas. Di Pierro, Joia e Ribeiro (2001, p. 62) escrevem que: As iniciativas de educação a distância dominantes são as que se realizam por televisão, em regime de livre recepção ou (muito raramente) recepção organizada, em telepostos que combinam reprodução de programas em vídeo, uso de materiais didáticos impressos e acompanhamento de monitor. Unidade 3 • Educação do Jovem e do Adulto66/212 O grande diferencial da EJA é a aceleração dos estudos, já que se leva, ao mínimo, a metade de tempo prevista para a conclusão de um grau de ensino. No que tange ao controle do Ministério da Educação (MEC), os cursos de EJA que oferecem o Ensino Fundamental I deram continuidade aos programas de alfabetização e acabaram por terem mais liberdade, tanto do local de oferta (igrejas, escolas, centros comunitários etc.) quanto da duração. Di Pierro, Joia e Ribeiro (2001) alegam que essa liberdade deve ter ocorrido porque esses programas não representavam o término da Educação Básica, no entanto, os programas de Ensino Fundamental II tiveram que se submeter à regulação mais rígida. 1. Paulo Freire e EJA Paulo Freire foi o educador brasileiro de maior notoriedade mundial. Ele nasceu em 1921, em uma família de classe média em Recife; perdeu seu pai quando tinha 13 anos e passou a ter dificuldades econômicas. Formou-se em Direito, mas atuou profissionalmente no magistério; em 1963, foi preso e exilado, quando foi para o Chile e publicou sua obra mais emblemática: Pedagogia do Oprimido. Retornando ao Brasil, ingressou na vida universitária, tornou-se Secretário de Educação de São Paulo; foi nomeado doutor honoris causa em 28 universidades em vários países e teve sua obra traduzida em mais de 20 anos. Morreu em 1997 de enfarte. Unidade 3 • Educação do Jovem e do Adulto67/212 Para Paulo Freire, o objetivo da educação era conscientizar o educando para que ele pudesse se libertar de sua condição de oprimido; para Freire, a escola deveria formar criticidade no aluno e não continuar com a educação elitista e bancária, em que os professores depositavam seu conhecimento no aluno que acumularia esse conhecimento. Freire entedia que a educação deveria ser essencialmente política. Foi nesse contexto que ele desenvolveu um método de alfabetização de adultos, com o qual ensinou 300 pessoas a ler e escrever em 45 dias. Seu método consiste, basicamente, em relacionar a imagem ao som e à palavra. Ele percebeu isso, segundo sua viúva Ana Maria Araújo Freire (2006), com seu filho de dois anos; ele vira uma placa de Nescau na rua e começou a cantarolar a música da propaganda associando a palavra da placa com o alimento que ele consumia. A partir desse fato ele começou a refletir sobre a lógica do que acontecera Para saber mais Paulo Freire, a partir da alfabetização desse grupo, foi responsável pelo Plano Nacional de Alfabetização, que previa 20 mil núcleos espalhados pelo Brasil, com a preparação de educadores. Unidade 3 • Educação do Jovem e do Adulto68/212 e elaborou um caminho cognitivo-epistemológico, chamado de método Paulo Freire de alfabetização. Ele primeiro testou seu método com sua então empregada doméstica, conhecida como mãe, de aproximadamente 50 anos. Em seu livro “Educação como prática da liberdade”, Paulo Freire propõe a aplicação de seu método em cinco fases, conforme esquema a seguir: A primeira fase é o “levantamento do universo vocabular dos alunos”. O objetivo desta fase é conhecer o grupo com o qual se trabalhará, conhecendo o grupo e estreitando a relação entre professor e aluno de maneira informal e carregada de emoções e sentimentos; essa aproximação permitirá maior interação entre professor e aluno, o que auxilia a aprendizagem. Nesse processo, o educador precisa também anotar as palavras utilizadas pelo grupo de Unidade 3 • Educação do Jovem e do Adulto69/212 alunos e identificar as palavras-chave, ou geradoras,que precisam sugerir situações cotidianas e significativas dos alunos. Esta etapa talvez seja a mais importante, pois é partir dela que todo o trabalho de alfabetização será feito a partir da realidade do aluno. A segunda etapa é a “escolha das palavras selecionadas do universo vocabular pesquisado”. Essa escolha não é aleatória, ela deve ser pensada por três critérios: riqueza fonética; dificuldades fonéticas em uma sequência gradativa de dificuldade; uso da palavra de forma que ela seja utilizada em uma determinada realidade social, cultural, política etc. A terceira etapa é a “criação de situações existenciais”. Neste momento, o educador precisa escolher situações típicas e desafiadoras do grupo de alunos para levar à sala de aula. Essas situações precisam ser carregadas de elementos que serão discutidos e decodificados pelo grupo com a ajuda do educador. Neste momento, o educador tem a chance de proporcionar aos educandos reflexão sobre a sua realidade. Na quarta fase, “elaboração de fichas- roteiro”, o educador precisa organizar fichas que o auxiliarão a promover o debate com seus alunos. Essas fichas devem servir de base, mas não podem ser rígidas para que o educador não corra o risco de cercear o pensamento do aluno. A quinta a última fase é a “elaboração de fichas para a decomposição das Unidade 3 • Educação do Jovem e do Adulto70/212 famílias fonéticas”. A partir dos vocábulos geradores, retirados da realidade do aluno, o educador deve utilizar slides, cartazes, fotografias, ou seja, diferentes materiais. Apesar do seu método de alfabetização, Paulo Freire pensava a educação como um todo e dizia que um professor engajado em uma prática transformadora procura desmistificar e questionar a realidade e levar seu aluno a refletir sobre sua condição para que consiga transformar sua realidade. Dessa forma, o professor procura criar em seus alunos condições para que a consciência ingênua seja superada e que se possa perceber as contradições da sociedade e dos grupos em que vivem. Link Conheça os relatos da primeira turma formada por Paulo Freire sobre suas aulas: <http://g1.globo.com/rn/rio-grande- do-norte/noticia/2013/04/1-turma-do- metodo-paulo-freire-se-emociona-ao- lembrar-das-aulas.html> Conheça o Instituto Paulo Freire: <http://www. paulofreire.org/> http://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/2013/04/1-turma-do-metodo-paulo-freire-se-emociona-ao-lembrar-das-aulas.html http://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/2013/04/1-turma-do-metodo-paulo-freire-se-emociona-ao-lembrar-das-aulas.html http://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/2013/04/1-turma-do-metodo-paulo-freire-se-emociona-ao-lembrar-das-aulas.html http://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/2013/04/1-turma-do-metodo-paulo-freire-se-emociona-ao-lembrar-das-aulas.html http://www.paulofreire.org/ http://www.paulofreire.org/ Unidade 3 • Educação do Jovem e do Adulto71/212 Para saber mais As ideias de Paulo Freire foram de grande influência para a abordagem de ensino sociocultural, em que se entende que a educação precisa formar educandos críticos a ponto de poderem modificar sua realidade. Para saber mais sobre esta abordagem de ensino, leia o livro de Maria da Graça Nicoletti Mizukami, intitulado “Ensino: as abordagens do processo”, publicado pela Editora EPU em 1986. Unidade 3 • Educação do Jovem e do Adulto72/212 Glossário INEP: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira, órgão do Ministério da Educação. Famílias fonéticas: são os fonemas gerados pela mesma consoante com as diferentes vogais: ta, te, ti, to, tu. Nível de ensino: o artigo 21, da LDB/96, define que os níveis de ensino são compostos de Educação Básica, formada pela Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, e de Educação Superior. Questão reflexão ? para 73/212 A partir do que você já estudou sobre a Andragogia, faça uma relação das fases da alfabetização propostas por Paulo Freire com os pilares da Andragogia. 74/212 Considerações Finais (1/2) Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade da Educação Básica, cujo objetivo é proporcionar formação escolar a pessoas com idade a partir de 15 anos que não conseguiram estudar no tempo regular. No Brasil, foram criadas várias campanhas e programas para incentivar a alfabetização de adultos. Os programas de EJA são divididos em Ensino Fundamental I, Ensino Fundamental II e Ensino Médio. O maior representante de educadores de adultos no Brasil foi Paulo Freire, que desenvolveu uma metodologia de alfabetização de adultos a partir da realidade dos educandos. A metodologia de Freire consiste, basicamente, em relacionar imagem e som com situações do dia a dia do aluno. 75/212 Paulo Freire defendia que a educação é essencialmente política e objetiva formar criticidade no aluno para que ele possa se libertar da sua condição de oprimido. Considerações Finais (2/2) Unidade 3 • Educação do Jovem e do Adulto76/212 Referências FREIRE, Ana Maria Araújo. Paulo Freire, uma história de vida. Indaiatuba: Villa das Letras Editora, 2006. FREIRE. Paulo. Educação como Prática da Liberdade. 34. edição. São Paulo: Paz e Terra, 2011. FREIRE. Paulo. Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 2005. DI PIERRO, Maria Clara; JOIA, Orlando; RIBEIRO, Vera Masagão. Visões da educação de jovens e adultos no Brasil. Cad. CEDES, Campinas, v. 21, n. 55, p. 58-77, nov. 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-32622001000300005&lng=en& nrm=iso> Acesso em: 12 set. 2015. REVISTA NOVA ESCOLA. Por que o número de alunos da EJA está caindo? 9 de abril de 2014. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/blogs/eja/2014/04/09/por-que-o-numero-de- alunos-da-eja-esta-caindo/> Acesso em: 12 set. 2015. STRELHOW, Thyeles. Breve história sobre a educação de jovens e adultos no Brasil. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n. 38, p. 49-59, jun.2010. Disponível em: <http://uab.ufac. br/moodle/pluginfile.php/14242/mod_resource/content/1/Caejadis%20-%20Texto%201%20 (Breve%20histu00F3ria%20da%20EJA%20no%20Brasil).pdf> Acesso em: 12 set. 2015. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-32622001000300005&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-32622001000300005&lng=en&nrm=iso http://revistaescola.abril.com.br/blogs/eja/2014/04/09/por-que-o-numero-de-alunos-da-eja-esta-caindo/ http://revistaescola.abril.com.br/blogs/eja/2014/04/09/por-que-o-numero-de-alunos-da-eja-esta-caindo/ http://uab.ufac.br/moodle/pluginfile.php/14242/mod_resource/content/1/Caejadis - Texto 1 (Breve histu00F3ria da EJA no Brasil).pdf http://uab.ufac.br/moodle/pluginfile.php/14242/mod_resource/content/1/Caejadis - Texto 1 (Breve histu00F3ria da EJA no Brasil).pdf http://uab.ufac.br/moodle/pluginfile.php/14242/mod_resource/content/1/Caejadis - Texto 1 (Breve histu00F3ria da EJA no Brasil).pdf Unidade 3 • Educação do Jovem e do Adulto77/212 UNESCO. Teaching and Learning: Achieving quality for all. 11º Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos da UNESCO. 2014. Disponível em: <http://unesdoc.unesco. org/images/0022/002256/225660e.pdf> Acesso em: 12 set. 2015. http://unesdoc.unesco.org/images/0022/002256/225660e.pdf http://unesdoc.unesco.org/images/0022/002256/225660e.pdf 78/212 1. Sobre a Educação de Jovens e Adultos é correto afirmar que: a) A preocupação com a alfabetização de adultos é relativamente nova, data da década de 1940 e teve grande avanço no país, apesar de o governo não incentivar nenhuma ação nesse sentido. b) Houve um período no Brasil em que a alfabetização de adultos não era prioridade e o governo se absteve de qualquer incentivo que pudesse mudar essa situação. c) O início do programa de EJA ocorreu em função da necessidade de alfabetização de adultos. d) O programa de EJA com maior sucesso foi o Mobral, em que os alunos tinham conteúdos de ciências, matemática,português, entre outros, desde seu início na década de 1970. e) A preocupação com a alfabetização de adultos no Brasil teve início na década de 1940 e erradicou o analfabetismo no país em 2013. Questão 1 79/212 2. O número de pessoas matriculadas em programas de EJA tem diminuído ao longo dos anos. Uma possível explicação sobre isso poderia ser: a) A escola é chata e, com isso, os alunos saem sem que tenham terminado seus estudos. b) Ainda que os empregos exijam alto grau de escolaridade, os adultos não conseguem estudar e por isso há muitos desempregados. c) As matrículas na EJA caíram porque a quantidade de alunos que precisam dessa modalidade de ensino diminuiu devido ao sucesso dos programas do governo. d) Apesar de as escolas serem geograficamente perto das casas dos estudantes, eles não conseguem chegar lá por causa da situação do transporte público. e) Os alunos adultos não conseguem estudar porque eles precisam trabalhar e não têm tempo de estudar, além de as escolas, muitas vezes, situarem-se distantes da residência do educando. Questão 2 80/212 3. Assinale a questão mais adequada aos preceitos freirianos sobre educa- ção: a) A educação é política e deve ser utilizada para que o aluno adulto alcance sua autonomia. b) A política envolvida na educação de adultos tem apenas o objetivo de permitir que melhore de vida, sem considerar a sociedade em que ele vive. c) O aluno adulto precisa conhecer conteúdos da educação formal que não seria possível se não fosse aprendido na escola. d) Apenas o professor tem o conhecimento suficiente para instruir os alunos, crianças e adultos. e) A educação política proporcionada pela educação tem o objetivo de inserir o aluno o processo eleitoral. Questão 3 81/212 4. O processo de alfabetização criado por Paulo Freire parte do cotidiano do alunado. Sobre as fases desse processo é correto afirmar que: a) A fase de levantamento do universo vocabular dos alunos é determinada pela pesquisa sistemática da vida dos alunos a fim de conhecer sua realidade. b) A etapa de escolha das palavras selecionadas do universo vocabular pesquisado deve ser criteriosa e precisa levar em conta questões de fonética, seu uso e a possibilidade de utilizá-las para proporcionar reflexão sobre a realidade. c) A criação de situações existenciais consiste em escolher momentos da vida do educador que possa ser utilizada em sala de aula. d) A elaboração de fichas-roteiro é a organização das situações existenciais que auxiliarão o debate em sala; uma vez elaborada a ficha, não pode ser modificada. e) A quinta fase é a elaboração de fichas para a decomposição das famílias fonéticas em que o educador separa os vocábulos e faz os alunos repetir várias vezes para memorizá-los. Questão 4 82/212 5. A metodologia de alfabetização de adultos desenvolvida por Paulo Freire tem relação com alguns pilares da Andragogia. Assinale a questão correta. a) A metodologia de Freire permite que o aluno entenda a necessidade daquele saber e se envolva mais no processo de aprendizagem, podendo, assim, melhorar de vida e de amigos. b) O autoconceito do aprendiz analfabeto é alto e ele não precisa de nenhum estímulo para aprender. c) Ao partir das experiências dos alunos, Paulo Freire consegue articular a alfabetização com o dia a dia do aluno, possibilitando a prontidão do aluno em aprender. d) A aplicação prática do que será aprendido ficaria mais clara se Paulo Freire partisse da experiência dos alunos para ensinar. e) A motivação do aprendiz para a aprendizagem está centrada justamente no incentivo do professor. Questão 5 83/212 Gabarito 1. Resposta: C. O início do programa de EJA se deu em função da alfabetização de adultos, mas durante a década de 1970 o Mobral precisou expandir sua atuação a fim de sobreviver como programa. 2. Resposta: E. Um dos possíveis motivos que impedem os alunos adultos de continuar estudando é que o tempo disponível para estudo após as obrigações profissionais é pequeno. 3. Resposta: A. A educação, para Paulo Freire, é essencialmente política e deve proporcionar a emancipação do educando. 4. Resposta: B. A etapa de escolha das palavras selecionadas do universo vocabular pesquisado deve levar em consideração as possibilidades de seguir com o questionamento da realidade dos alunos a fim de proporcionar reflexão, além de possibilitar a alfabetização. 5. Resposta: C. Ao partir das experiências dos alunos, Paulo Freire consegue articular a alfabetização com o dia a dia do aluno, possibilitando a prontidão do aluno em aprender, a motivação e a orientação para a aprendizagem. 84/212 Unidade 4 Adultos em Processo de Formação Continuada Objetivos 1. Pensar sobre a formação continuada como um processo vital para o desenvolvimento profissional. 2. Conhecer as principais ideias sobre educação continuada e suas possibilidades. 3. Refletir sobre possibilidades de atuação na educação continuada. Unidade 4 • Adultos em Processo de Formação Continuada85/212 Introdução Os tempos de hoje mudam tão rapidamente que temos cada vez mais a sensação de que estamos defasados, seja em relação às novas informações que surgem a cada dia, seja em relação às tarefas que temos de executar. De fato, a cada dia aparecem novas ideias, conceitos, teorias, técnicas etc. A necessidade de manter-se atualizado diante de tantas novidades é urgente; e cada vez mais difícil também. Não só pela quantidade de informação que se tem disponível, mas também pelas diferentes possibilidades, de artigos a cursos, passando por livros, congressos, entre outros. Essa necessidade de atualização constante sempre foi real, mas, nos dias de hoje, ela se torna mais do que fundamental. Uma maneira de se manter sempre atualizado é por meio da formação continuada. Pensar em formação, de maneira ampla, significa pensar em desenvolvimento, que pressupõe continuidade. Pode-se dizer que a formação continuada é uma formação constante ao longo da vida. Quando se pensa em formação, costumeiramente, se pensa em um curso específico para uma profissão: no Ensino Superior, seria a graduação; na Educação Profissional, seria o curso técnico. A esse primeiro “treino” para uma profissão chamamos de formação inicial. São sobre os conhecimentos adquiridos nela que os novos, adquiridos na formação continuada, serão alicerçados. Unidade 4 • Adultos em Processo de Formação Continuada86/212 Assim, formação continuada é entendida como a formação após essa primeira etapa, como a pós-graduação, normalmente ligada à nossa atuação profissional. Fazer um curso de pós-graduação ligado à sua área de conhecimento é uma maneira formal de educação. O importante em uma formação continuada é que haja intencionalidade por parte do educando em aprender, o que está diretamente relacionado a alguns pilares da Andragogia que vimos até o momento: necessidade de saber, prontidão para aprender, orientação para aprendizagem e motivação. No entanto, a intencionalidade da aprendizagem sozinha não garante o sucesso de uma formação continuada; se não tivermos meio de colocar em prática o que foi aprendido, esse novo conhecimento tenderá a cair no esquecimento. Quantas vezes, em nossas profissões, vimos alguma coisa que nos chamou a atenção, como uma nova técnica, conceito ou instrumento, e não quando retornamos para o dia a dia não conseguimos colocá-la em prática e ela caiu no esquecimento? Quando eu trabalhava com formação de cozinheiros, muitos vinham até a Instituição, aprendiam diversas técnicas e possibilidades, mas quando retornavam aos seus restaurantes nada mudava. Os escritos de Christov (2003) sobre formação continuada de professores podem nos ajudar a pensar nos motivos pelos quais esse novo conhecimento não contribuía o Unidade 4 • Adultos em Processo de Formação Continuada87/212 quanto se esperava. Ela diz que, para que o sucesso de um programa de formação continuada ocorra,
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