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Tópicos especiais em educação DINAIR DA HORA 1ª Edição Brasília/DF - 2018 Autores Dinair da Hora Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário Organização do Livro Didático....................................................................................................................................... 4 Introdução ............................................................................................................................................................................. 6 Capítulo 1 Formação e competências do pedagogo no contexto atual ......................................................................... 7 Capítulo 2 Pedagogia para além da escola ............................................................................................................................21 Capítulo 3 Pedagogia nos meios de comunicação de massa ..........................................................................................30 Capítulo 4 Pedagogia empresarial: um campo em expansão ..........................................................................................47 Capítulo 5 Pedagogia no terceiro setor ....................................................................................................................................63 Capítulo 6 Planejamento e gestão de projetos socioeducacionais ...............................................................................75 Referências ........................................................................................................................................................................92 4 Organização do Livro Didático Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Cuidado Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. Importante Indicado para ressaltar trechos importantes do texto. Observe a Lei Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem, a fonte primária sobre um determinado assunto. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. 5 ORganIzaçãO DO LIvRO DIDáTICO Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Posicionamento do autor Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. 6 Introdução A disciplina Tópicos Especiais em Educação tem como finalidade mais ampla complementar e aprofundar seus conhecimentos sobre gestão, trazendo novas informações e discutindo outros assuntos que você precisa apreender sobre a ação do pedagogo. Neste Livro Didático trataremos de temas referentes à formação e aos saberes expressos para o pedagogo, anteriormente, definidos pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura – Resolução CNE/CP no 1, de 15 de maio de 2006 e, atualmente, pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continuada – Resolução CNE/CP no 2, de 1o de julho de 2015. As duas diretrizes para o curso de Pedagogia incluem, além dos conhecimentos escolares, os novos campos de atuação que exigem conhecimentos pedagógicos, o que amplia o campo de trabalho do pedagogo. Discutiremos a ação dos pedagogos nas instituições de saúde, nas instituições judiciárias, nos museus e nos meios de comunicação de massa e daremos destaque à pedagogia no campo empresarial e nas organizações não governamentais, chamada de terceiro setor. Como instrumentalização para o trabalho do pedagogo, apresentaremos formas de planejar e gerir projetos socioeducacionais, necessários para atuar em espaços não escolares. Esses conteúdos são necessários para ampliarmos e aprofundarmos nossos saberes e fazeres do profissional pedagogo no contexto atual. Objetivos » Apresentar um breve histórico e analisar as determinações para a formação do pedagogo na educação brasileira, identificando as competências necessárias para o exercício da profissão. » Conhecer as ações do pedagogo em instituições não escolares (hospitais, justiça, museus, meios de comunicação de massa). » Compreender princípios e métodos da pedagogia empresarial, apropriando-se de fundamentos adequados ao trabalho na educação corporativa. » Discutir as concepções e as práticas da ação pedagógica no terceiro setor, identificando atividades executadas pelo pedagogo em organizações não governamentais. » Aplicar os conhecimentos técnicos na elaboração e gestão de projetos sócio-educativos. 7 apresentação Este capítulo, intitulada formação e competências do pedagogo no contexto atual apresenta conteúdos organizados em dois itens. O primeiro item traz uma discussão com base em um breve histórico das diretrizes (2006-2015) para os cursos de formação de professores, particularmente, nosso foco é o curso de Licenciatura em Pedagogia, que expressam os princípios organizativos e as concepções do processo de formação dos pedagogos. No segundo item temos a apresentação dos novos saberes e fazeres para o pedagogo, destacando as competências e habilidades para atuação tanto no campo da docência como na gestão educacional. Durante seus estudos deste capítulo, procure refletir sobre as novas exigências que hoje são postas para a sua futura profissão, focando sua atenção nos destaques apontados, procurando ler os textos indicados, realizando as atividades propostas, tendo como propósito sempre o alcance de uma formação consistente para que sua prática profissional seja qualitativa. Objetivos » Identificar os principais elementos presentes no percurso das discussões das diretrizes curriculares para o curso de Pedagogia. » Reconhecer os novos saberes e fazeres, competências e habilidades para o pedagogo no contexto da educação brasileira. 1 CAPÍTULO FORMaçãO E COMPETÊnCIaS DO PEDagOgO nO COnTEXTO aTUaL 8 CAPÍTULO 1 • FORMaçãO E COMPETÊnCIaS DO PEDagOgO nO COnTEXTO aTUaL apresentação Desde meados da década de 1980 do século XX, os cursos de Pedagogia ministrados no Brasil organizavam-se de duas formas: uma que era de acordo com o modelo tradicional definido pelo Parecer do Conselho Federal de Educação – CFE no 252/1969, que formava profissionais habilitados para exercer a docência das disciplinas pedagógicas nos cursos de Magistério em nível médio e profissionais licenciados conhecidos comoespecialistas, para atuarem nas escolas e nos sistemas de ensino, exercendo as funções de administradores escolares, supervisores e orientadores educacionais e inspetores do ensino. A segunda forma de organização do curso de Pedagogia apresentava um novo modelo, que formava licenciados habilitados para o exercício do magistério nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental e, em alguns casos, na Educação Infantil e para o magistério das disciplinas pedagógicas do nível médio. A implantação desse novo modelo, por diferentes instituições de Ensino Superior, foi acolhida pelo CFE, que autorizou as primeiras experiências e, posteriormente, pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), por meio de Pareceres específicos. De acordo com o Parecer CFE no 252/1969, o curso de pedagogia tinha por finalidade preparar profissionais para o setor da educação, contando com uma parte comum e outra diversificada. A primeira constituída por matérias básicas à formação de qualquer profissional da área e a segunda, já propriamente profissionalizante, correspondendo “desde logo” às necessidades pedagógicas mencionadas na Lei no 5.540/1968. As disciplinas profissionalizantes definidas no art. 30 da Lei no 5.540/1968 e ampliadas pelo Parecer CFE no 252/1969 contaram com as seguintes habilitações, a serem oferecidas em nível de graduação: Magistério das Disciplinas Pedagógicas do Segundo Grau, Orientação Educacional, Administração Escolar, Supervisão Escolar e Inspeção Escolar (...) O curso de Pedagogia reestruturado pelo Parecer CFE no 252/1969, privilegiou o modelo tecnicista de formação de professores e de especialistas, proporcionando a fragmentação do trabalho pedagógico e contribuindo para dividir a formação do pedagogo em habilitações técnicas na graduação. (FONSECA, Dirce Mendes da. Diretrizes curriculares para os cursos de pedagogia. 2006. Disponível em http://www.abmes.org.br/publicacoes/revista_estudos/estud22/est22-04.htm). É importante destacar que esse segundo modo de organização do curso de Pedagogia – formação de professores – tornou-se predominante na década de 1990 sem, contudo, o antigo modelo ter sido extinto. Assim, muitas Instituições de Ensino Superior (IES) agregaram à habilitação para o magistério, uma ou mais habilitações de especialistas, obedecendo parcialmente ao Parecer CFE no 252/1969. Esse predomínio foi uma decorrência natural do entendimento cada vez mais claro da urgência em realizar uma formação em nível superior às novas gerações de professores, 9 FORMaçãO E COMPETÊnCIaS DO PEDagOgO nO COnTEXTO aTUaL • CAPÍTULO 1 como instrumento de aperfeiçoamento profissional e, consequentemente, de melhoria do Ensino Fundamental e da Educação Infantil do país. No processo de consolidação do novo modelo de curso, boa parte das instituições formadoras tem contemplado o atendimento às demandas sociais específicas com a oferta de disciplinas optativas, enriquecimento curricular, cursos de extensão e desenvolvimento de projetos especiais. Nessa última categoria, encontra-se a formação para a docência na Educação de Jovens e Adultos, na Educação Indígena, na Educação para os Portadores de Necessidades Educativas Especiais, entre outras, a partir da capacidade instalada e do desenvolvimento da pesquisa das respectivas áreas nessas instituições. Porém, a maioria das práticas inovadoras que foram adotadas na renovação dos cursos de Pedagogia nos últimos quinze anos foi ignorada pelos reformadores oficiais que instauraram uma nova ordem para a educação do País, no momento da elaboração da nova Lei de Diretrizes e Bases, a LDB no 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Saiba mais LEI No 9.394/1996 – TÍTULO VI Dos Profissionais da Educação Art. 61. A formação de profissionais da educação, de modo a atender aos objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e às características de cada fase do desenvolvimento do educando, terá como fundamentos I – a associação entre teorias e práticas, inclusive mediante a capacitação em serviço; II – aproveitamento da formação e experiências anteriores em instituições de ensino e outras atividades. Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal. Art. 63. Os institutos superiores de educação manterão: I – cursos formadores de profissionais para a educação básica, inclusive o curso normal superior, destinado à formação de docentes para a educação infantil e para as primeiras séries do ensino fundamental; II – programas de formação pedagógica para portadores de diplomas de educação superior que queiram se dedicar à educação básica; III – programas de educação continuada para os profissionais de educação dos diversos níveis. Art. 64. A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional. Art. 65. A formação docente, exceto para a educação superior, incluirá prática de ensino de, no mínimo, trezentas horas. 10 CAPÍTULO 1 • FORMaçãO E COMPETÊnCIaS DO PEDagOgO nO COnTEXTO aTUaL Art. 66. A preparação para o exercício do magistério superior far-se-á em nível de pós-graduação, prioritariamente em programas de mestrado e doutorado. Parágrafo único. O notório saber, reconhecido por universidade com curso de doutorado em área afim, poderá suprir a exigência de título acadêmico. Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério público: I – ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos; II – aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento periódico remunerado para esse fim; III – piso salarial profissional; IV – progressão funcional baseada na titulação ou habilitação, e na avaliação do desempenho; V – período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na carga de trabalho; VI – condições adequadas de trabalho. § 1o A experiência docente é pré-requisito para o exercício profissional de quaisquer outras funções de magistério, nos termos das normas de cada sistema de ensino. Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm. Deve-se destacar, contudo, que muitos desses artigos da Lei original foram alterados posteriormente, por dispositivos legais. Consulte o site Planalto http://www.planalto.gov.br para acesso às alterações. Diante das sucessivas determinações legais que procuravam regulamentar os dispositivos da lei, instituições, entidades de classe e educadores responsáveis pelos cursos de Pedagogia, foram em busca de diálogo com o Conselho Nacional de Educação e com o Ministério de Educação, procurando não apenas tornar claros os dados da realidade dos Cursos, mas, também, explicitar as razões de seu desacordo com os rumos traçados pelas novas políticas governamentais em relação a eles. Os resultados dessa busca revelam-se na Resolução CNE/CP no 1, de 15 de maio de 2006, que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para o Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura. Breve percurso das diretrizes curriculares para a formação do pedagogo As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia (DCN-Pedagogia), expressas nos Pareceres CNE/CP nos 5/2005, 1/2006 e na Resolução CNE/CP no 1/2006, marcaram novo tempo atenção § 2o Para os efeitos do disposto no § 5o do art. 40 e no § 8o do art. 201 da Constituição Federal, são consideradas funções de magistério as exercidas por professores e especialistasem educação no desempenho de atividades educativas, quando exercidas em estabelecimento de educação básica em seus diversos níveis e modalidades, incluídas, além do exercício da docência, as de direção de unidade escolar e as de coordenação e assessoramento pedagógico. 11 FORMaçãO E COMPETÊnCIaS DO PEDagOgO nO COnTEXTO aTUaL • CAPÍTULO 1 e apontaram os novos debates no campo da formação do profissional da Educação no curso de Pedagogia, na intenção de aprofundar e consolidar sempre mais as discussões, as reflexões nesse campo. Esse aprofundamento contribuiu para a compreensão mais clara e precisa dos contornos e das perspectivas que essa formação poderia assumir na organização dos currículos do curso e nas práticas de formação decorrentes dessas diretrizes aprovadas. As DCN-Pedagogia/2006 definiam a sua destinação, sua aplicação e a abrangência da formação a ser desenvolvida nesse curso, quais sejam: a. à formação inicial para o exercício da docência na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental; b. aos cursos de ensino médio de modalidade normal e em cursos de educação profissional; c. à área de serviços e apoio escolar; d. a outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos. A formação assim definida abrange integradamente a docência, a participação da gestão e avaliação de sistemas e instituições de ensino em geral, a elaboração, a execução, o acompanhamento de programas e as atividades educativas (Parecer CNE/CP no 5/2005, p. 6). Assim, concretiza-se um amplo horizonte para a formação e atuação profissional dos pedagogos. Tal perspectiva é reforçada nos arts. 4° e 5° da Resolução CNE/CP no 1/2006, que definiam a finalidade do Curso de Pedagogia e as aptidões requeridas do profissional desse curso: Art. 4o O curso de Licenciatura em Pedagogia destina-se à formação de professores para exercer funções de magistério na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, de Educação Profissional, na área de serviços e apoio escolar e em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos. Parágrafo único. As atividades docentes também compreendem participação na organização e gestão de sistemas e instituições de ensino, englobando: I – planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de tarefas próprias do setor da Educação; II – planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de projetos e experiências educativas não escolares; III – produção e difusão do conhecimento científico-tecnológico do campo educacional, em contextos escolares e não escolares. Fonte: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rcp01_06.pdf. 12 CAPÍTULO 1 • FORMaçãO E COMPETÊnCIaS DO PEDagOgO nO COnTEXTO aTUaL Diante desses dispositivos, define-se, pois, que a formação no curso de Pedagogia deve assegurar a articulação entre a docência, a gestão educacional e a produção do conhecimento na área da educação. Com essa determinação, o legislador afasta a possibilidade de redução do curso a uma formação restrita à docência das séries iniciais do ensino fundamental e aproxima-se, dessa forma, das propostas de diretrizes apresentadas pela Comissão de Especialistas de Pedagogia de 1999. A docência nas DCN-Pedagogia/2006 não é entendida no sentido restrito do ato de ministrar aulas. O sentido da docência é ampliado, uma vez que se articula à ideia de trabalho pedagógico, a ser desenvolvido em espaços escolares e não escolares, assim sintetizado no Parecer CNE/CP no 5/ 2005 (p. 7): Entende-se que a formação do licenciado em pedagogia fundamenta-se no trabalho pedagógico realizado em espaços escolares e não escolares, que tem a docência como base. Nesta perspectiva, a docência é compreendida como ação educativa e processo pedagógico metódico e intencional, construído em relações sociais, étnico-raciais e produtivas, as quais influenciam conceitos, princípios e objetivos da pedagogia. Dessa forma, a docência, tanto em processos educativos escolares como não escolares, não se confunde com a utilização de métodos e técnicas pretensamente pedagógicos, descolados de realidades históricas específicas. Constitui-se na confluência de conhecimentos oriundos de diferentes tradições culturais e das ciências, bem como de valores, posturas e atitudes éticas, de manifestações estéticas, lúdicas, laborais. Fonte: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/pcp05_05.pdf Desse modo, o trabalho docente e a docência implicam uma articulação com o contexto mais amplo, com os processos pedagógicos e os espaços educativos em que se desenvolvem e, ao mesmo tempo, exigem o desenvolvimento da capacidade de reflexão crítica da realidade em que se situam esses processos educativos. Com essa concepção, as práticas educativas definem-se e realizam-se mediadas pelas relações socioculturais, políticas e econômicas do contexto em que se constroem e reconstroem. Além disso tudo, consolida-se cada vez mais o papel da docência no curso de Pedagogia. Assim, a partir do horizonte definido para a formação do profissional da educação no curso de Pedagogia, as Diretrizes Curriculares Nacionais, desde 2006, indicam os pilares que sustentam e os contornos que devem assumir essa formação: A educação do licenciado em pedagogia deve, pois, propiciar, por meio de investigação, reflexão crítica e experiência no planejamento, execução, avaliação de atividades educativas, a aplicação de contribuições de campos de conhecimentos, como o filosófico, o histórico, o antropológico, o ambiental-ecológico, o psicológico, o linguístico, o sociológico, o político, o econômico, o cultural. O propósito dos estudos destes campos é nortear a observação, análise, execução e avaliação do ato docente e de suas repercussões ou não em aprendizagens, bem como orientar práticas de gestão de processos educativos escolares e não escolares, além da 13 FORMaçãO E COMPETÊnCIaS DO PEDagOgO nO COnTEXTO aTUaL • CAPÍTULO 1 organização, funcionamento e avaliação de sistemas e de estabelecimentos de ensino. (Parecer CNE/CP no 5/2005, p. 6) Fonte: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/pcp05_05.pdf. O Curso de Pedagogia realiza uma formação que favorece a compreensão da complexidade da escola e de sua organização; que propicia a investigação no campo educacional e, particularmente, da gestão da educação em diferentes níveis e contextos. Dessa forma, a pesquisa, a produção do conhecimento no campo pedagógico e o estudo das ciências que dão suporte à Pedagogia, assim como a própria reflexão sobre a pedagogia como ciência deverão estar presentes no processo formativo a ser desenvolvido nesse curso, juntamente com o estudo a respeito da escola, da prática educativa e da gestão educacional. Essa proposta para a formação do profissional da educação no curso de Pedagogia é abrangente e exige outra concepção da educação, da escola, da pedagogia, da docência, da licenciatura, que coloque a educação, a escola, a pedagogia, a docência, a licenciatura no contexto mais amplo das práticas sociais construídas no processo de vida concreta dos sujeitos sociais, com o fim de garantir o caráter sócio-histórico desses elementos. O Curso de Pedagogia define-se como um curso de licenciatura e, nesse sentido, o mencionado Parecer explicita que a formação para o exercício da docência nas áreas especificadas constitui um de seus pilares. A compreensão do conceito de licenciatura definido nessas DCN-Pedagogia/2006 implica uma sólida formação teórica, tendo como base o estudo das práticas educativas escolares e não escolares e o desenvolvimento do pensamento crítico, reflexivo e assentado na contribuição das diferentes ciências e dos campos de saberes que interpenetram o campo da pedagogia. Para essa sólida formação teórica são exigidas novas formas de se pensar o currículo e sua organização, para além daquelas concepções fragmentadas, restritas a um elenco de disciplinas fechadas em seuscampos de conhecimento. Ao contrário, as DCN-Pedagogia/2006 apontavam para uma organização curricular fundamentada nos princípios de interdisciplinaridade, de contextualização, da democratização, da pertinência e relevância social, da ética e da sensibilidade afetiva e estética. Desse modo, os núcleos que definiam a estrutura do curso de Pedagogia – núcleo de estudos básicos; núcleo de aprofundamento e diversificação de estudos; núcleo de estudos integradores – integram-se e articulam-se ao longo de toda a formação, partindo do diálogo entre os diferentes componentes curriculares, por meio do trabalho coletivo, sustentado no princípio interdisciplinar dos diferentes campos científicos e saberes que informam o campo da pedagogia. A formação para a gestão educacional, como indicada desde as DCN-Pedagogia/2006, traz uma contribuição importante rompendo com visões fragmentadas e fortemente centralizadas da 14 CAPÍTULO 1 • FORMaçãO E COMPETÊnCIaS DO PEDagOgO nO COnTEXTO aTUaL organização escolar e dos sistemas de ensino. Ao se indicar o campo de atuação do licenciado em pedagogia, as DCN-Pedagogia/2006 compreenderam, assim, a gestão educacional: Gestão educacional, entendida numa perspectiva democrática, que integre as diversas atuações e funções do trabalho pedagógico e de processos educativos escolares e não escolares, especialmente no que se refere ao planejamento, à administração, à coordenação, ao acompanhamento, à avaliação de planos e de projetos pedagógicos, bem como análise, formulação, implementação, acompanhamento e avaliação de políticas públicas e institucionais na área de educação. (Parecer CNE/CP no 5/2005, p. 8) Fonte: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/pcp05_05.pdf O art. 64 da Lei no 9.394/1996 enfatiza que a licenciatura em Pedagogia realiza a formação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional, em organizações (escolas e órgãos dos sistemas de ensino) da educação básica e estabelece as condições em que a formação pós-graduada para tal deve ser efetivada. O Parecer CNE/CP n° 3/2006 esclarece de forma mais definitiva as dúvidas sobre a eventual observância do disposto no art. 64 da Lei no 9.394/1996, comentado acima. Desse modo, o Parecer reitera a concepção de que a formação dos profissionais da educação, para funções próprias do magistério e outras, deve ser baseada no princípio da gestão democrática (obrigatória no ensino público, conforme a CF, art. 206, VI; LDB, art. 3o, VIII) e superar aquelas vinculadas ao trabalho em estruturas hierárquicas e burocráticas. Nesse rumo, o Parecer CNE/CP no 5/2005, ao considerar o caráter colegiado da organização escolar, prevê que todos os licenciados possam ter oportunidade de aprofundamento da formação pertinente, ao longo de sua vida profissional. Assim, a interpretação baseada em legislação anterior (Lei no 5.540/1968 e currículos mínimos) que restringia a formação para as funções já mencionadas aos licenciados de pedagogia. Certamente, um desafio que fica para os educadores brasileiros é se articularem para uma intervenção efetiva na definição das orientações que regerão a formação a ser desenvolvida nos cursos de pós-graduação destinados à “formação dos profissionais para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação na educação básica”, de modo que venha a contribuir, igualmente, para o fortalecimento da gestão democrática da educação e da escola e a construção de uma educação pública de qualidade. novos saberes e fazeres para o pedagogo Como vimos no item anterior, as DCN-Pedagogia/2006 determinavam a formação de um novo pedagogo capaz de atuar em variadas dimensões da prática educativa, de forma direta ou indireta, em atividades de organização institucional, de processos de transmissão e assimilação 15 FORMaçãO E COMPETÊnCIaS DO PEDagOgO nO COnTEXTO aTUaL • CAPÍTULO 1 de conhecimentos e modos de ação, tendo como finalidade a realização de objetivos de formação humana previamente definidos. Portanto, a formação dos profissionais da educação deve preocupar-se com a preparação desses profissionais da área educacional demandados pela atual sociedade brasileira, em sua configuração atual, para atuarem na organização e na gestão de todos os segmentos do sistema nacional de ensino. Do mesmo modo, é também imprescindível a formação de estudiosos que se dediquem à produção do conhecimento científico na área educativa, já que a educação também é considerada como um campo científico e que a produção desse conhecimento é requisito que dá base à formação técnica e docente. Assim, a formação do profissional da educação é vista sob uma tríplice dimensão: formar um profissional que possa atuar como docente (licenciado), como gestor (responsável pela organização dos processos educativos) e como pesquisador (voltado para a produção de conhecimento científico em educação). Vale destacar ainda a formação de profissionais da educação para atuar em contextos não escolares. É marcante a consciência atual da importância e da necessidade da intervenção participante e eficaz dos pedagogos no campo das práticas socioculturais, uma vez que processos pedagógicos informais estão sempre presentes nas práticas efetivadas no plano coletivo e comunitário. Desse modo, desde as atividades dos programas de educação popular, voltados aos mais diferentes grupos da população que não tiveram a oportunidade de frequentar a escola formal ou delas foram excluídos, até as propostas de ação pedagógica nas atividades de caráter cultural, realizadas pelos novos e avançados meios de comunicação de massa, passando pelas diversas intervenções dos movimentos sociais, a presença e a participação de profissionais da educação e, em especial, dos pedagogos se fazem necessárias, relevantes e imprescindíveis. A capacitação formal e sistematizada de agentes e lideranças culturais para o exercício de funções pedagógicas nos ambientes não escolares não recebeu, até hoje, a devida atenção, haja vista sua importância como mediadores da ação educativa, necessária e presente no processo informal de construção de uma cultura articulada com uma proposta de formação da cidadania. Compreendemos a Pedagogia como o campo do conhecimento que se ocupa do estudo sistemático da educação – do ato educativo, da prática educativa como componente integrante da atividade humana, como fato da vida social, inerente ao conjunto dos processos sociais e não há sociedade sem práticas educativas. A Pedagogia não se refere apenas às práticas escolares, mas a um imenso conjunto de outras práticas. O campo educativo é bastante vasto, uma vez que a educação ocorre em muitos lugares 16 CAPÍTULO 1 • FORMaçãO E COMPETÊnCIaS DO PEDagOgO nO COnTEXTO aTUaL sob variadas modalidades: na família, no trabalho, na rua, na fábrica, nos meios de comunicação, na política, na escola. Desse modo, não podemos reduzir a educação ao ensino e nem a Pedagogia aos métodos de ensino. Se há uma diversidade de práticas educativas, há, também, várias pedagogias: a pedagogia familiar, a pedagogia sindical, a pedagogia dos meios de comunicação etc., além, é claro, da pedagogia escolar. O pedagogo é o profissional que atua em várias instâncias da prática educativa, direta ou indiretamente ligadas à organização e aos processos de transmissão e assimilação de saberes e modos de ação, tendo em vista objetivos de formação humana previamente definidos em sua contextualização histórica. Os profissionais da educação formados pelo curso de Pedagogia atuarão em vários campos sociais da educação, em função das novas necessidades e demandas sociais. Tais campos são as escolas e os sistemas escolares; os movimentos sociais; as diversas mídias, incluindo o campo editorial; as áreas da saúde; as empresas; os sindicatos e outros que se fizerem necessários. Nesses campos do exercício profissional, o pedagogo desenvolverá funções de formulação e gestão de políticas educacionais; organização egestão de sistemas de ensino e de escolas; planejamento, coordenação, execução e avaliação de programas e projetos educacionais, relativos às diferentes faixas etárias (crianças, jovens, adultos, terceira idade); formação de professores; assistência pedagógico-didática a professores e alunos; avaliação educacional; pedagogia empresarial; animação cultural; produção e comunicação nas mídias; produção e difusão do conhecimento científico e tecnológico do campo educacional e outros campos da atividade educacional, inclusive os não escolares. Assim, a formação dos pedagogos deve preocupar-se em desenvolver competências e habilidades como: » organização e gestão de todos os segmentos do sistema nacional de ensino; » construção do conhecimento científico na área; » o exercício da docência na educação básica; » elaboração e execução de programas de educação popular; » intervenção pedagógica nas atividades de cunho cultural; » capacidade pedagógica para atuar nos movimentos sociais, nos meios de comunicação de massa, nas empresas, nos hospitais, nos presídios, nos projetos culturais e nos programas comunitários de melhoria da qualidade de vida. 17 FORMaçãO E COMPETÊnCIaS DO PEDagOgO nO COnTEXTO aTUaL • CAPÍTULO 1 Saiba mais PERFIL DO PEDAGOGO O perfil do profissional da Educação que se pretende formar está sintonizado com o projeto futuro, com o educador que irá atuar no terceiro milênio: » um profissional da Educação com ampla visão do trabalho pedagógico em suas várias dimensões, tanto no sistema escolar como em outras instâncias educativas; » um profissional com sólida formação teórica, técnica, científica e pedagógica, compreendendo a multidimensionalidade do processo educativo; » um pedagogo-investigador, cuja aproximação com seu objeto de estudo se dá pela pesquisa, articulando teoria e prática, e capaz de pesquisar, elaborar e reelaborar o conhecimento, aplicando-o em situações concretas; » um profissional comprometido com seu contínuo aperfeiçoamento teórico-prático, com a busca de especialização em seus campos de atuação, considerando as perspectivas e as exigências do mundo do trabalho em processo de transformação; » um profissional compromissado ética e politicamente com o conjunto da população brasileira. COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DESEJADAS Competências » Focalizar a formação do profissional da educação e o papel da pesquisa na formação do pedagogo-pesquisador, do professor reflexivo, que parte das perspectivas de análise de caráter intraescolar centradas em variáveis internas do próprio desenvolvimento profissional, e, que também considera suas dimensões contextuais e político-ideológicas, as inter-relações entre cultura escolar e o universo cultural dos diferentes atores presentes na realidade escolar. » Formar o professor do Ensino Básico: de Educação Infantil (creche e pré-escola); do Ensino Fundamental (quatro séries iniciais) regular e na modalidade de Educação Especial, e do Ensino Normal e com aprofundamento em alfabetização de crianças, jovens e adultos, para atuação formal e na educação não formal e não escolar. » Formar o profissional da Educação para administrar, planejar, supervisionar, inspecionar e orientar, enfim, para atuar na educação formal (escolar) e na educação não formal e não escolar. » Formar o profissional da Educação para atuar no terceiro milênio, numa concepção de educação permanente, de contínuo aperfeiçoamento teórico-prático, de busca de especialização nos campos de atuação, considerando as perspectivas e as exigências do mundo do trabalho, em processo de transformação. Habilidades » Relações humanas, visando à mobilização dos diferentes agentes do processo educativo. » Investigação nos vários campos do conhecimento, refletindo acerca dos valores históricos, sociais, éticos, políticos e culturais. » Criação, recriação, desenvolvimento, seleção e aplicação de metodologias adequadas ao processo de construção do conhecimento. » Seleção, processamento e utilização de novas tecnologias no processo educativo. Fonte: http://www.abmes.org.br 18 CAPÍTULO 1 • FORMaçãO E COMPETÊnCIaS DO PEDagOgO nO COnTEXTO aTUaL As atuais diretrizes, contudo, ampliam seu contexto de organização e instituem as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continuada – Resolução CNE/CP no 2, de 1o de julho de 2015. Dessa forma, o que antes estava separado por duas diretrizes, no caso, uma para as licenciaturas e outra para o curso de Pedagogia, embora sendo também uma licenciatura, passou a ser unificada como a formação de professores que é o grande desafio da formação para atuação na Educação Básica. No entanto, vale destacar o que escreve Dourado (2015, p. 304), como justificativa, a partir de estudos e discussões realizados por diferentes atores que antecederam as atuais diretrizes. Assim afirma: É importante salientar que a formação de profissionais do magistério da educação básica tem se constituído em campo de disputas de concepções, dinâmicas, políticas, currículos. De maneira geral, a despeito das diferentes visões, os estudos e pesquisas, já mencionados, apontam para a necessidade de se repensar a formação desses profissionais. Nessa direção, considerando a legislação em vigor, com especial realce para o PNE, suas metas e estratégias. As metas e estratégias desse plano foram fundamentais, assim como a Lei de Diretrizes e Bases no 9.394/1996 para as discussões sobre a formação de professores. Particularmente, dada a relevância dessa formação, uma vez que grande parte desses professores atua ainda com uma formação sem nível superior. O Resumo Técnico do Censo Escolar da Educação Básica destaca que: Em 2013, havia mais de 2,1 milhões de professores atuando na Educação Básica no Brasil. Dentre vários aspectos levantados no Censo Escolar, destaca-se o nível de formação do docente. Na Tabela 26, se observa a melhoria da proporção de docentes com formação superior. (MEC/Inep/Deed, 2014, p. 36) Fonte: http://download.inep.gov.br/educacao_basica/censo_escolar/resumos_tecnicos/resumo_ tecnico_censo_educacao_basica_2013.pdf Saiba mais Destaca-se aqui o Plano Nacional de Educação 2014-2024: O Plano Nacional de Educação (PNE) determina diretrizes, metas e estratégias para a política educacional dos próximos dez anos (2014/2024). O primeiro grupo são metas estruturantes para a garantia do direito à educação básica com qualidade, e que assim promovam a garantia do acesso, à universalização do ensino obrigatório, e à ampliação das oportunidades educacionais. Um segundo grupo de metas diz respeito especificamente à redução das desigualdades e à valorização da diversidade, caminhos imprescindíveis para a equidade. O terceiro bloco de metas trata da valorização dos profissionais da educação, considerada estratégica para que as metas anteriores sejam atingidas, e o quarto grupo de metas refere-se ao ensino superior. Fonte: http://pne.mec.gov.br/ 19 FORMaçãO E COMPETÊnCIaS DO PEDagOgO nO COnTEXTO aTUaL • CAPÍTULO 1 Vide a seguir a tabela 26 comentada anteriormente: número de Docentes atuando na Educação Básica e Proporção por grau de Formação – Brasil – 2007-2013 Fonte: MEC/Inep/Deed, 2014, p. 36. http://download.inep.gov.br/educacao_basica/censo_escolar/resumos_tecnicos/ resumo_tecnico_censo_educacao_basica_2013.pdf Portanto, a preocupação com a formação de professores permitiu unificar um documento que compreende a formação inicial para os profissionais do magistério para a Educação Básica, em Nível Superior da seguinte maneira: Art. 9o Os cursos de formação inicial para os profissionais do magistério para a Educação Básica, em Nível Superior, compreendem: I – cursos de graduação de licenciatura; II – cursos de formação pedagógica para graduados não licenciados; III – cursos de segunda licenciatura.Dessa forma, podemos observar uma política educacional de formação inicial sendo fortalecida desde 2006 que, no caso do curso de Pedagogia, vem se destacando o papel docente nos diferentes contextos, a gestão escolar e, mais recentemente, a valorização da pesquisa no campo educacional. É justamente em relação à atuação docente ampliada para diferentes contextos que nos interessa nessa disciplina, cujas duas últimas diretrizes (2006 e 2015) destacaram. 20 CAPÍTULO 1 • FORMaçãO E COMPETÊnCIaS DO PEDagOgO nO COnTEXTO aTUaL Resumo Vimos neste capítulo: » O Curso de Pedagogia a partir dos meados da década de 1980 era organizado em duas grandes tendências: a primeira tendência formava profissionais licenciados habilitados para o exercício da docência das disciplinas pedagógicas nos cursos de Magistério em nível médio e os profissionais para atuarem junto às escolas e sistemas de ensino: administradores escolares, supervisores e orientadores educacionais e inspetores do ensino. » A segunda formava os licenciados habilitados para o exercício do magistério nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental e, em alguns casos, na Educação Infantil e para o magistério das disciplinas pedagógicas do Nível Médio. » As Diretrizes Curriculares Nacionais definem que o Curso de Pedagogia destina-se à formação para a docência, para a participação da gestão e avaliação de sistemas e instituições de ensino em geral, para a elaboração, a execução, o acompanhamento de programas e as atividades educativas escolares e não escolares. » A partir das Diretrizes Curriculares ampliaram-se campos sociais de trabalho do Pedagogo. Tais campos são as escolas e os sistemas escolares; os movimentos sociais; as diversas mídias, incluindo o campo editorial; as áreas da saúde; as empresas; os sindicatos e outros que se fizerem necessários. » O Pedagogo desenvolverá funções de formulação e gestão de políticas educacionais; organização e gestão de sistemas de ensino e de escolas; planejamento, coordenação, execução e avaliação de programas e projetos educacionais, relativos às diferentes faixas etárias (crianças, jovens, adultos, terceira idade); formação de professores; assistência pedagógico-didática a professores e alunos; avaliação educacional; pedagogia empresarial; animação cultural; produção e comunicação nas mídias; produção e difusão do conhecimento científico e tecnológico do campo educacional e outros campos da atividade educacional, inclusive os não escolares. 21 apresentação Continuando nossa abordagem sobre a gestão educacional, em que damos destaque à Pedagogia e ao pedagogo, seus saberes e seus fazeres, este capítulo, denominada Pedagogia para além da escola discute os espaços educativos diferentes da escola, que necessitam das capacidades, competências e habilidades desse profissional da educação. Os assuntos tratados aqui darão a você a possibilidade de conhecer as diferentes áreas do mercado de trabalho em que nós, pedagogos, podemos trabalhar, colocando à disposição da sociedade nossos conhecimentos e contribuindo cada vez mais para a formação de cidadãos críticos e criativos. Leia e discuta com seus pares os temas apresentados, preste atenção às dicas e aos destaques e faça um bom trabalho! Objetivos » Identificar alguns espaços não escolares em que o pedagogo pode desenvolver sua prática educativa. » Verificar as competências e habilidades que o pedagogo precisa desenvolver para realizar seu trabalho em espaços não escolares. 2CAPÍTULOPEDagOgIa PaRa aLÉM Da ESCOLa 22 CAPÍTULO 2 • PEDagOgIa PaRa aLÉM Da ESCOLa apresentação Pimenta (2001) aponta indicativos para a formação do pedagogo cientista educacional, como um profissional que atue como gestor/pesquisador/coordenador de diversos projetos educativos, dentro e fora da escola: pressupondo sua atuação em atividades de lazer comunitário; em espaços pedagógicos nos hospitais e presídios; na formação de pessoas dentro das empresas; que saiba organizar processos de formação de educadores de ONGs; que possa assessorar atividades pedagógicas; que esteja habilitado à criação e elaboração de brinquedos, materiais de autoestudo, programas de educação a distância; que organize, avalie e desenvolva pesquisas educacionais em diversos contextos sociais; que planeje projetos culturais e afins. Neste capítulo, apresentamos espaços não escolares em que os conhecimentos da Pedagogia são empregados. Pedagogia nas instituições de saúde O espaço do hospital é um centro de referência e tratamento de saúde que, muitas vezes, provoca um ambiente de dor, sofrimento e morte, causando uma forma de ruptura entre crianças e adolescentes com os laços que mantêm com seu cotidiano e com a produção da existência da construção de sua própria aprendizagem. Diante dos problemas de saúde que exigem hospitalização, independente do tempo de internação, por meio de políticas públicas e estudos acadêmicos, verifica-se a necessidade da implantação da Pedagogia Hospitalar. A Pedagogia Hospitalar busca, há anos, sua verdadeira definição e vem se apresentando como um processo educativo não escolar que propõe desafios aos educadores e possibilita a construção de novos conhecimentos e atitudes. Historicamente, a Pedagogia Hospitalar nasceu com a criação das classes hospitalares quando Henri Sellier inaugurou a primeira escola para crianças inadaptadas nos arredores de Paris. Seu exemplo foi seguido na Alemanha, em toda a França, na Europa e nos Estados Unidos, com o objetivo de suprir as dificuldades escolares de crianças tuberculosas. O grande número de crianças e adolescentes atingidos, mutilados e impossibilitados de ir à escola durante a Segunda Guerra Mundial, fez criar um movimento, sobretudo dos médicos, considerado como ação decisiva para a ampliação das escolas em hospital. No Brasil, a legislação reconheceu pelo Estatuto da Criança e do Adolescente Hospitalizado, por meio da Resolução no 41, de outubro e 1995, no item 9, o “Direito de desfrutar de alguma forma de recreação, programas de educação para a saúde, acompanhamento do currículo escolar durante sua permanência hospitalar”. 23 PEDagOgIa PaRa aLÉM Da ESCOLa • CAPÍTULO 2 Em 2002, o Ministério da Educação, por meio de sua Secretaria de Educação Especial, elaborou um documento de estratégias e orientações para o atendimento nas classes hospitalares, assegurando o acesso à Educação Básica. Assim, a legislação brasileira reconhece e garante o direito de crianças e adolescentes hospitalizados ao acompanhamento pedagógico-educacional, estabelecendo que a educação em hospital seja realizada por meio da organização de classes hospitalares, devendo-se assegurar oferta educacional não só aos pequenos pacientes com transtornos do desenvolvimento, mas, também, às crianças e adolescentes em situações de risco, como é o caso da internação hospitalar (FONSECA, 1999). A criança e/ou o adolescente, quando submetido a tratamento de saúde em hospital, por período prolongado, na grande maioria das vezes, desenvolve atraso na escolaridade e quase sempre abandona a escola devido às dificuldades que encontra no seu retorno. O período de internamento também prejudica as atividades sociais da criança, uma vez que no hospital ela fica mais afastada da família, da escola, dos amigos, confinada em espaço limitado e convivendo em um ambiente que não favorece as relações de alegria e relações sociais. Um elemento importante presente no ambiente hospitalar é a ausência de atividade, o que provoca na criança e/ou no adolescente a falta de entusiasmo, de alegria e de ânimo e, consequentemente, dificuldade para recuperar a saúde. Diante desses elementos, o trabalho do pedagogo no hospital é extremamente importante para atender a essas necessidades psicológicas, sociais e pedagógicas da criança, a fim de evitar tantos prejuízos. A Pedagogia Hospitalar divide-se, basicamente em três modalidades: » Classe Hospitalar: quando a atividade pedagógica realiza-seno ambiente hospitalar, para que a criança e/ou o adolescente na condição de internação temporária ou permanente, tem garantido seu vínculo com a escola e/ou favorecendo o ingresso ou retorno ao seu grupo escolar correspondente. Fonte: http://pedagogiahospitalarunb.blogspot.com.br/2013/07/textos-interessantes-sobre-classe.html 24 CAPÍTULO 2 • PEDagOgIa PaRa aLÉM Da ESCOLa » Brinquedoteca: possibilita o desenvolvimento de competências e habilidades para a aprendizagem sobre o mundo, sobre as pessoas, e sobre si mesma. A brinquedoteca é o espaço em que está assegurado à criança o direito de brincar. Fonte: https://www.estudopratico.com.br/primeira-brinquedoteca-do-mundo-surgiu-ha-mais-de-80-anos/. » Recreação Hospitalar: atividade que oferece a oportunidade de a criança brincar, em situações que vão além do contato ou interação com o brinquedo, voltadas para o movimento corporal, a contação de histórias, a dramatização; constitui-se na possibilidade da realização de atividades individuais e/ou grupais que podem ser realizadas em espaço interno ou externo. O trabalho pedagógico no ambiente hospitalar exige um planejamento bastante diversificado, pois as crianças e os adolescentes internados apresentam características bastante diversificadas: têm faixas etárias diferentes, o quadro clínico é variado, a medicação a ser utilizada é diversa, as condições emocionais do processo de internação variam um para outro, a aceitação da doença se manifesta de diversas maneiras, tanto pela família como pelo paciente, o tempo de internação é variável, entre outros aspectos. Todos esses elementos fazem com que a organização do trabalho didático-pedagógico no ambiente hospitalar garanta que as atividades tenham início e fim todos os dias, bem como, atendam às diferentes faixas etárias. Isso significa o planejamento de diversas atividades para cada dia, porque as crianças e os adolescentes podem receber alta a qualquer momento, ou ainda, passarem a usar uma medicação específica e não poderem sair de seus quartos, ou então, realizarem alguma cirurgia e permanecerem nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs), ou mesmo ficarem indispostos por fatores próprios do processo de internação (SAGATIO, 2007). A prática pedagógica nesse locus de atendimento exige dos profissionais da educação maior flexibilidade, haja vista a quantidade de crianças que serão atendidas, e o período que cada uma delas permanecerá internada, assim como às diferentes patologias. Para esse atendimento é preciso flexibilidade na definição e organização das atividades, constituindo-se em um desafio a ser enfrentado. Os pedagogos devem buscar parceria com os familiares, que exercem 25 PEDagOgIa PaRa aLÉM Da ESCOLa • CAPÍTULO 2 importante papel, como figura de apoio e cooperação no sucesso da qualidade do processo ensino-aprendizagem e na qualidade de vida (HAMZE). O trabalho da Pedagogia Hospitalar realiza-se numa dimensão fortemente multiprofissional, portanto, é fundamental o exercício da ética. Todas as manifestações de comunicação entre pacientes e profissionais das diversas áreas devem ter o sigilo garantido, respeitado o direito de privacidade das informações de cada paciente, bem como a confiança que o paciente deposita nas pessoas com quem se relaciona. O trabalho no ambiente hospitalar é específico e vai além das rotinas médicas, pois, ao mesmo tempo em que a criança e/ou o adolescente sente-se mais confiante no ambiente hospitalar, porque, de alguma maneira, sabe que aquele espaço pode ajudar a melhorar seu quadro clínico, há toda a angústia gerada pela falta do convívio familiar, que passa a obedecer a algumas regras, pelo sentimento de isolamento das relações sociais a que estava habituado fora do hospital, além de que necessita aprender a conviver com pessoas que até então não faziam parte de sua vida. Por isso, a importância da ética durante todo o trabalho pedagógico no processo de hospitalização. Enfim, tudo precisa ser observado quando da organização do trabalho educativo no ambiente hospitalar, desde um planejamento diversificado e flexível até o entrar e o sair da criança e/ ou do adolescente no espaço em que estão sendo desenvolvidas as atividades. Todo esse trabalho precisa estar impregnado pela ética, para que realmente se possa realizar um trabalho didático-pedagógico qualitativo e consistente no ambiente hospitalar. (SAGATIO, 2007) Pedagogia nas instituições judiciárias A violência entre crianças/adolescentes tem crescido grandemente, de modo que, semelhante aos adultos em seus delitos, conscientes, pois, do que querem fazer, e não apenas subprodutos indefesos de uma situação social que os exclui. Não é mais uma questão de cunho exclusivamente político-social, mas jurídico, especialmente no que diz respeito à punição dos infratores. Entende-se que a preocupação dos legisladores em relação à elaboração de medidas socioeducativas recuperativas é explicada pelo fato de a criança/ adolescente ser ainda um indivíduo em processo de construção da personalidade, que por um ou outro motivo, comete delito, mas que ainda pode ser resgatado para uma sociedade justa no futuro, afastando-o da grande possibilidade de continuar na criminalidade (QUEIROGA, 2003). O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) construiu um novo modelo de responsabilização do adolescente infrator, rompendo com a doutrina da situação irregular, promovendo o então “menor”, de mero objeto do processo, para uma nova categoria jurídica, passando-o à condição de sujeito do processo, estabeleceu uma relação de direito e dever, garantindo-lhe a proteção social básica (SARAIVA, 2002). 26 CAPÍTULO 2 • PEDagOgIa PaRa aLÉM Da ESCOLa A proteção social básica dispensada à criança/adolescente em situação de risco pessoal e social (prioritariamente em situação de violência familiar, negligência, exploração sexual, desnutrição, vínculos familiares rompidos ou fragilizados) é garantida, entre outras ações, pelas medidas socioeducativas. O ECA prevê dois grupos distintos de medidas socioeducativas: 1. o grupo das medidas socioeducativas em meio aberto, não privativas de liberdade (advertência, reparação do dano, prestação de serviços à comunidade e liberdade assistida); 2. o grupo das medidas socioeducativas privativas de liberdade (semiliberdade e internação). Em relação ao primeiro grupo de medidas, a plena realização desses programas está vinculada em direta proporção ao grau de comprometimento do Juizado da Infância e Juventude local com sua efetivação. Em relação às medidas socioeducativas que importam em privação de liberdade, a efetivação dos programas de atendimento é de competência do Executivo das Unidades Federadas, relativamente ao primeiro grupo de medidas, os programas são realizados pelos próprios Juizados (excepcionalmente), ou por estes em articulação com o Estado, ou, preferencialmente, com Município ou por organizações não governamentais. (SARAIVA, 2009). O Educador Social, profissional que atua nos campos da educação não formal, na educação de adultos, na inserção social de pessoas com dificuldade de inclusão, bem como em ações socioeducativas. Entre as disciplinas básicas, estão: didática geral, educação permanente, intervenção educativa sobre os problemas fundamentais da desadaptação social, novas tecnologias aplicadas à educação, programas de animação sociocultural, psicologia do desenvolvimento, psicologia social e das organizações, sociologia e antropologia social, teoria e instituições contemporâneas de educação, práticas, entre outras. Na execução das medidas socioeducativas em vista as necessidades pedagógicas, enfatizando-se o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários e o pessoal encarregado da execução, deve ser especializado, preferindo-se educadores, trabalhadores sociais, psicólogos e advogados. Os órgãos encarregados deverão elaborar um Plano Individual de execução da medida socioeducativa, em cada caso, visando ao desenvolvimentopessoal do adolescente, sua reinserção na família e na sociedade, bem como o desenvolvimento das capacidades relativas à responsabilidade e ao respeito pelos direitos e deveres individuais e coletivos. O referido plano será elaborado por equipe interdisciplinar, composta, preferencialmente, por educador, assistente social, psicólogo, advogado e médico. 27 PEDagOgIa PaRa aLÉM Da ESCOLa • CAPÍTULO 2 Em cada centro de cumprimento de medida socioeducativa que importe em privação ou restrição de liberdade, haverá sempre um diretor administrativo e um diretor técnico, com atribuições bem definidas e independência na área das respectivas funções. O ocupante do cargo de diretor de estabelecimento deverá satisfazer os seguintes requisitos: I – ser portador de diploma de Nível Superior de Direito, ou Pedagogia, ou Psicologia, ou Serviço Social, ou Ciências Sociais. Nos centros socioeducativos haverá uma equipe técnica composta, no mínimo, por um educador, um psicólogo e um assistente social, que deverá: » elaborar, em conjunto com o adolescente, o plano Individual da Execução; » informar ao juiz da execução a respeito das dificuldades para o cumprimento do plano, especialmente a falta de colaboração ou o descumprimento de deveres, bem como a falta de cooperação dos encarregados da execução, sejam eles funcionários do centro ou de outras repartições, bem como familiares; » garantir o respeito aos direitos fundamentais dos adolescentes, informando ao juiz da execução qualquer ameaça ou violação desses direitos; » proceder a diligências diretamente junto à família ou por meio dos Conselhos Tutelares do local de residência dos pais ou responsável, visando ao estabelecimento ou restabelecimento dos vínculos familiares e comunitários; » encaminhar relatório fundamentado do juiz da execução, propondo progressão ou regressão da medida e explicitando os esforços no sentido da reintegração sociofamiliar. O profissional encarregado da execução deve ter adequada preparação profissional e experiência no trabalho com adolescentes, e os educadores deverão ter formação pedagógica. Pedagogia nos museus O reconhecimento dos museus como ambientes de aprendizagem é bem recente, os profissionais que nele atuam preocupam-se com o tipo de aprendizagem que podem ali ser desenvolvidas. Trata-se de um ambiente de aprendizagem, cuja possibilidade de diferentes experiências e interações, tanto no plano afetivo quanto cultural, permite explorar novas situações pedagógicas com estruturas diversificadas próprias de um espaço que não é escolar, logo uma estrutura não formal. Contudo, a necessidade de um pedagogo mostra-se fundamentalmente com uma especificidade das práticas pedagógicas para esses espaços. A pedagogia nos museus acompanha os novos projetos educativos que são implementados a cada nova exposição, na medida em que é reconhecida a necessidade de interação entre os visitantes das exposições e os objetos do conhecimento ali expostos. É uma mediação de cunho pedagógico 28 CAPÍTULO 2 • PEDagOgIa PaRa aLÉM Da ESCOLa que torna vivo o conhecimento, por meio da curiosidade e da observação dos visitantes aos objetos do conhecimento. Simonneaux e Jacobi (1997) descrevem as etapas de uma transposição museográfica do saber de referência, o saber científico, para o conhecimento a ser apresentado em uma exposição, um saber pela experiência. Para isso, é importante uma abordagem que se utilize de diferentes linguagens (sensoriais, ilustrativas...) que facilitem a interação dos visitantes e a compreensão da exposição. A interatividade, no entanto, necessita de aproximação e envolvimento, sem os quais pode comprometer o resultado esperado no projeto da exposição, fazendo com que o visitante tenha uma experiência a ser lembrada porque foi vivida e sentida. Dessa forma, a apropriação do conhecimento do(s) objeto(s) em exposição que o visitante manipulou e sentiu, também, permitiu a construção de hipóteses, a subjetividade da experiência e do conhecimento. Muito embora os visitantes já disponham de concepções antecipadas e modelos explicativos, a oportunidade de construir alternativas a estes deve fazer parte do projeto pedagógico relacionado às exposições desde que não sejam desprezadas as formas como os visitantes podem compreender e atribuir sentido àqueles objetos do conhecimento. Atualmente as exposições fazem uso da ciência, contudo, numa abordagem diferenciada por ser social, interativa e cultural. Desse modo, trata-se de uma ciência polêmica, atual, não fixada, tem um movimento social e cultural próprio que convoca os visitantes à reflexão de temas da sociedade contemporânea. (SIMONNEAUX; JACOBI, 1997). A cultura das ruas, dos jornais, da vida adentra os museus e convoca os visitantes aos debates político-sociais, ativamente. Trata-se de tendências pedagógicas da educação, na qual a pedagogia museal se apropria, ainda que por meio de educação não formal, mas que não deixa de valorizar a ciência de maneira autônoma e criativa. Os museus são espaços diferentes da escola, com uma cultura própria. É um espaço social particular que possui ritos próprios, códigos específicos. Nos museus de ciências, por exemplo, a cultura científica em especial irá se manifestar, fazendo parte, nesse local, de uma cultura mais ampla, a cultura museal. Entretanto, faz parte de sua cultura o trabalho pedagógico ali desenvolvido. Pedagógico porque ali são realizadas e ampliadas aprendizagens, há troca de saberes e processos de construção intelectual na relação visitante acervo museológico. 29 PEDagOgIa PaRa aLÉM Da ESCOLa • CAPÍTULO 2 Saiba mais A exposição de museus pode ser considerada uma unidade pedagógica, em que se dá a relação entre mediador-saber-público. Para estudar essa relação é importante o aprofundamento numa “pedagogia de museu”, procurando a compreensão do sistema didático existente nesse espaço. Nesse sentido, considera-se que a exposição é o local em que se expressa o processo de didatização/musealização do saber sábio nos museus. Além disso, estudar a construção do discurso expositivo, entendido como um tipo de discurso pedagógico implica entender processos de re-contextualização que ocorrem nesses espaços. (BERNSTEIN, 1996, apud MARANDINO, 2013, p. 2) Resumo Vimos até agora: » O pedagogo é um profissional que atua como gestor/pesquisador/coordenador dentro e fora da escola. » Sua atuação pressupõe: atividades de lazer comunitário, nos espaços pedagógicos, tais como os hospitais e presídios; formação de pessoas nas empresas; organização de processos de formação de educadores de ONGs. » O pedagogo está apto a formar nos indivíduos hábitos necessários à nova organização social, que tem apenas na competição seu elemento privilegiado em face das novas exigências do mundo do trabalho, trazendo seus conhecimentos para a compreensão crítica do mundo, seja nos hospitais, nas instituições judiciárias ou nos museus. 30 apresentação Continuando nossa abordagem sobre a gestão educacional, no qual damos destaque à Pedagogia e ao pedagogo, este capítulo trata especificamente da Pedagogia nos meios de comunicação de massa que se tornou um importante instrumento educacional, a depender das capacidades, competências e habilidades da atuação desse profissional da Educação. Alguns exemplos em destaque neste capítulo mostram as possibilidades educativas, cujo pedagogo tem um papel fundamental com seus conhecimentos para a formação de cidadãos críticos e criativos. Leia e, também, pesquise sobre outros exemplos de projetos, tanto aqueles bem-sucedidos como não, a fim de estabelecer uma visão crítica sobre a atuação docente e seus resultados em espaços não escolares. Objetivos » Identificar o papel dos meios de comunicação de massa como instrumentos educativos, mesmo não se tratando de um espaço escolar. » Reconhecer a importância das parcerias entre empresas e sistemas de jornal, rádio e TV para viabilizar projetoseducativos inovadores e criativos. 3 CAPÍTULO PEDagOgIa nOS MEIOS DE COMUnICaçãO DE MaSSa 31 PEDagOgIa nOS MEIOS DE COMUnICaçãO DE MaSSa • CAPÍTULO 3 apresentação Na atualidade discute-se muito sobre a educação ultrapassando os muros da escola e, ao mesmo tempo, o mundo invadindo a sala de aula de diferentes formas. Pensando nisso, é relevante conhecermos experiências que se articulam dentro e fora da escola, cujo pedagogo tem um papel fundamental com seus conhecimentos e reflexões sobre importantes temas que perpassam esse universo de transição no qual crianças, adolescentes e adultos participam e recebem influência. Trata-se de situações de aprendizado, cujas atividades pedagógicas podem ser assessoradas pelo pedagogo nos diferentes meios de comunicação, tais como, TV, rádio, internet, tornando mais pedagógicas campanhas sociais educativas sobre violência, drogas, AIDS, dengue, por exemplo. Televisão A TV se transformou em um bem de primeira necessidade. Ela é encontrada nas casas mais ricas e nas mais simples, nas escolas, nos salões de festa, bares e restaurantes, e por meio dela temos acesso às mais diferentes informações, das mais diversas qualidades. A TV é um meio de comunicação, de produção e transmissão de imagens e sons, informação, publicidade e divertimento. Num caso como no outro, o certo é que a televisão é parte integrante e fundamental de complexos processos de veiculação e de produção de significações, de sentidos, os quais por sua vez estão relacionados a modos de ser, a modos de pensar, a modos de conhecer o mundo, de se relacionar com a vida. (FISCHER, 2003) Fischer (2003) afirma que a televisão é instrumento privilegiado de realização de aprendizagens diversas; aprendemos com ela formas de olhar e tratar nosso próprio corpo, modos de estabelecer e de compreender diferenças: diferenças de gênero, diferenças políticas, econômicas, étnicas, sociais, geracionais (aprendemos modos de agir, modos de ser de crianças, de negros, de pobres ou ricos, e assim por diante). Desse modo, é fundamental refletir e discutir sobre o quanto nós, professores, ainda sabemos muito pouco a respeito das profundas transformações que têm ocorrido nos modos de aprender dos mais jovens. O que é para eles ter ou buscar informação? De que modo suas preferências estão sendo formadas? O que buscam ver na TV, o que veem e o que dizem do que veem? Que sons lhes são familiares, aprendidos na mídia? O que lhes dá prazer nas imagens midiáticas? (FISCHER, 2003). 32 CAPÍTULO 3 • PEDagOgIa nOS MEIOS DE COMUnICaçãO DE MaSSa Saiba mais Essas são algumas perguntas cujas respostas não separam “forma” de “conteúdo”. Elas indicam que os recursos utilizados na elaboração de um programa ou mesmo um comercial e todas as estratégias de divulgação desses produtos, comunicam algo, participam da defesa de um ponto de vista, de uma ideia e, portanto realizam uma ação pedagógica. As famílias, diante da televisão realizam escolhas que estão determinadas por valores, posições políticas, éticas, estéticas. Compreendem, como afirma Almeida (1994), que o acesso a informação em imagem-som propõe uma maneira de inteligibilidade, sabedoria e conhecimento que nos leva a acordar algo adormecido em nosso cérebro para entendermos o mundo atual, não só pelo conhecimento fonético-silábico das nossas línguas, mas pelas imagens-sons também. Fonte: http://www.tvebrasil.com.brt/salto/boletins2003/dtel/index.htm Assim, a televisão é importante para o desenvolvimento de projetos de sala de aula, possibilitando ao aluno novas formas de aprender, articulando as diferentes linguagens e representações do conhecimento, embora não seja suficiente para que seu uso pedagógico seja efetivo. A integração das mídias nos diferentes processos pedagógicos e de conteúdos de diferentes áreas do conhecimento, bem como o trabalho em grupo, favorece o desenvolvimento de competências, cada vez mais necessárias na sociedade atual. (ALMEIDA E PRADO, 2003). Assim, os pedagogos, antes de condenar a TV como um meio de comunicação que aliena, precisam aprender sua linguagem e procurar desenvolver a ação pedagógica na organização dos programas que são veiculados. Veja o exemplo de um projeto desenvolvido pelo Canal Futura e veja como nós, pedagogos, temos muito que fazer na televisão. Projeto educativo em espaços não escolares Exemplo 1: Educação nos trilhos O programa Educação nos trilhos transforma a ferrovia num veículo de educação, estimulador de ações de cidadania. Criado em 2000 em parceria com a Fundação Vale do Rio Doce, o Educação nos Trilhos é um projeto socioeducativo que acontece nas estações e nos trens de passageiros da Companhia Vale do Rio Doce. Utilizando a programação do Canal Futura associada a ações de mobilização, o projeto contribui para a melhoria da qualidade de vida dos usuários e das comunidades ao longo das ferrovias. Por ano, são beneficiadas cerca de 500 mil pessoas que circulam pelas Estradas de Ferro Carajás (PA e MA) e Vitória a Minas (ES e MG). O projeto divide-se em duas etapas, Estação Conhecimento e Teletrem. » Estação Conhecimento: nas estações, antes da chegada e partida do trem, são exibidos vídeos com programas do Canal Futura e são realizadas atividades pedagógicas, sociais e de entretenimento com orientação de mobilizadores comunitários, que levam os 33 PEDagOgIa nOS MEIOS DE COMUnICaçãO DE MaSSa • CAPÍTULO 3 participantes a aprender brincando. São promovidos debates, oficinas temáticas (educação para a cidadania, educação ambiental, saúde etc.) e eventos, envolvendo os viajantes e acompanhantes. As Estações Conhecimento funcionam diariamente na Estrada de Ferro Carajás, que liga a capital do Maranhão ao sul do Pará (estações de São Luís, Santa Inês, Açailândia, Marabá e Parauapebas), e na Estrada de Ferro Vitória – Minas, que liga os estados do Espírito Santo e Minas Gerais (estações de Cariacica, Baixo Gandu, Aimorés, Governador Valadares e Belo Horizonte). » Teletrem: durante a viagem são transmitidos os programas do Canal Futura. Uma faixa de programação especial é produzida mensalmente e veiculada dentro dos trens. Os programas são selecionados de acordo com pesquisas que ajudam a definir as necessidades e demandas dos usuários do trem. Assim, os programas abordam conteúdos curriculares de Educação Básica, questões e serviços relacionados às áreas de saúde, trabalho, direitos do cidadão, ecologia e patrimônio cultural, além de assuntos relacionados à realidade local e que deem aos espectadores uma visão mais abrangente do mundo. Além dos programas de arquivo do Canal Futura, também são produzidos conteúdos específicos, que vão desde interprogramas com dicas úteis aos passageiros, a partir do cotidiano das viagens no trem, a documentários abordando aspectos culturais regionais. Esses programas são gravados na região e têm objetivo de promover a identificação do público. O Teletrem funciona diariamente, durante todas as viagens do trem de passageiros da Estrada de Ferro Carajás e está em implantação na Estrada de Ferro Vitória – Minas, com previsão para inaugurar no primeiro semestre de 2006. O Educação nos Trilhos é monitorado por pesquisas que ajudam a promover melhorias no projeto, aperfeiçoar e criar novas ações de programação e atividades nas Estações Conhecimento, além de medir os resultados do projeto. O projeto vem contribuindo para mudanças qualitativas e conquista da autoestima dos participantes, que se sentem valorizados com a iniciativa. Verificam-se também melhorias (mudanças) nos hábitos dos usuários em relação à limpeza e conservação do trem e das estações, com redução do vandalismo. » Exemplos de atividades realizadas no contexto do projeto: › atividades educativas, culturais, sociais e de entretenimento; › brinquedoteca, videoteca nas Estações de Conhecimento, nos embarques e desembarques do trem; 34 CAPÍTULO 3 • PEDagOgIa nOS MEIOS DE COMUnICaçãO DE MaSSa › valorização de gruposculturais locais por meio de atividades temáticas realizadas nas Estações Conhecimento; › atividades de mobilização dentro do trem em datas comemorativas; › mobilização mensal das comunidades por meio do Portões Abertos. » Conteúdos que o projeto aborda e provocam maior interesse no público: › alimentação; › prevenção de DSTs /AIDS; › educação/respeito com as pessoas; › cultura regional; › preservação do meio ambiente; › comportamento adequado nos trens; › higiene; › educação dos filhos; › coleta seletiva de lixo; › plantação e criação de animais. (Fonte: http://www.futura.org.br.data) Exemplo 2: Programa jornal escola O papel do educador/agente de leitura A eficácia do trabalho pedagógico com o jornal depende, na maior parte, da competência e criatividade dos professores, bibliotecários e outros profissionais que se envolvem. O programa de Jornal e Educação é desenvolvido principalmente pelo trabalho do professor. Porém, nada impede que ocorra em uma escola, independentemente do trabalho em sala de aula. Um bibliotecário dinâmico poderá centralizar as atividades na biblioteca. Um diretor ou coordenador pedagógico poderá montar um cantinho da leitura em algum lugar, facilitando o acesso dos alunos, e de mais interessados da comunidade, aos jornais e criando estratégias para motivá-los. A preparação do professor é feita por meio de encontros, palestras, oficinas, cursos nas dependências do jornal, nos órgãos de educação, Secretarias Municipais de Educação, Diretorias de Ensino e nas próprias unidades escolares, geralmente nos horários destinados a reuniões pedagógicas. A 35 PEDagOgIa nOS MEIOS DE COMUnICaçãO DE MaSSa • CAPÍTULO 3 orientação é feita também por meio de material pedagógico preparado para esse fim e publicações no próprio jornal e no site. No início das atividades e no decorrer do ano são realizadas reuniões de coordenadores, encontros de educadores, seminários, oficinas e outros eventos. A participação dos professores nessas ocasiões, embora seja facultativa, é de grande importância para que haja troca de experiências, estímulo para o trabalho, apresentação de novas propostas e replanejamentos de aspectos que não estejam funcionando bem. Retorno para o professor: a utilização do jornal possibilita a atualização do professor, mantendo-o sintonizado com o momento atual e ampliando sua bagagem cultural e seu engajamento social. Com o jornal, o educador se liberta da rotinização e suas aulas podem ser mais agradáveis e interessantes. Com isso, cresce o professor e o trabalho se torna menos árduo e mais motivador. Com a troca de experiências e a publicação das mais interessantes o profissional sente seu trabalho valorizado e tem mais motivação. No programa Jornal-Escola há a integração de professores de diversas redes de ensino, pública e particular, ONGs de diversas cidades, o que proporciona oportunidade de interação entre os docentes. Metodologia Quantas questões desafiantes estão aí a checar a prática escolar! Vivendo na época da quarta onda, do poder da informação, o mínimo que a escola pode fazer é começar a explorar os recursos que o jornal oferece, por ser de fácil acesso e não exigir tecnologia sofisticada, como ocorre com os recursos informatizados. O programa Jornal e Educação leva às escolas não só os exemplares, mas, também, orientação aos educadores quanto à metodologia adequada para maior produtividade e qualidade do trabalho. O jornal não é livro didático. O jornal é fonte de informação. Se for didatizado, servindo apenas para explorar conteúdos curriculares prefixados e estanques, não atenderá ao principal objetivo do programa Jornal e Educação, que é o incentivo à leitura e formação de leitores críticos e conscientes. A valorização da informação, a abordagem multidisciplinar que cada professor pode encaminhar a priorização das atividades orais e de discussão, como ocorre na vida cotidiana, são alguns itens a serem observados. Educação integral Com a utilização do jornal, o foco se desloca do conteúdo curricular abstrato para a realidade palpável. Os conteúdos curriculares servem para ajudar a compreender a realidade objetiva ou pessoal, na análise dos fatos noticiados. A prática escolar passa a focalizar as situações reais da vida cotidiana e o professor tem oportunidades imperdíveis de transpor os objetivos meramente 36 CAPÍTULO 3 • PEDagOgIa nOS MEIOS DE COMUnICaçãO DE MaSSa intelectuais e investir na alfabetização emocional, relacionamento humano, ética, cidadania, educação de valores e tantos outros aspectos necessários para a educação integral, centrada no ser e na realidade. O jornal e os PCNs O Jornal-Escola tem sido um divulgador e incentivador dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Os professores têm sido orientados sobre as vantagens que o jornal oferece para atender as propostas dos PCNs e aprendido o como fazer através das oficinas que são programadas pelo Jornal-Escola e solicitadas nos órgãos de ensino e unidades escolares. Os temas transversais poderão ser amplamente explorados com a utilização de matérias jornalísticas. Poderão ser confeccionados álbuns ou pastas de matérias sobre Ética, Saúde, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural, Trabalho e Consumo. O educador perspicaz ficará atento às matérias que proporcionem uma rica reflexão de ética e que deem margem à orientação sexual. Comentários de novelas ou filmes podem ser ponto de partida para reflexões sobre comportamento, atitudes e valores. Áreas de conhecimento Os textos jornalísticos poderão ser o elo entre o conteúdo disciplinar e a realidade cotidiana. Os PCNs falam da importância dos textos do mundo na aprendizagem. E o jornal é um amplo espectro de textos do mundo pela diversidade de assuntos e pela variedade de estrutura de textos que apresenta. Multidisciplinaridade e integração de disciplinas Antes, quase que só os professores de língua portuguesa usavam o jornal. O programa Jornal-Escola incentiva o uso do jornal em todas as disciplinas e facilita a integração entre elas, principalmente, em se tratando de temas transversais. Sempre que possível, fazer a integração das diversas disciplinas, em torno dos temas/situações que estejam em evidência ou que o professor considerar importantes. Sempre haverá no jornal uma possibilidade de levar o aluno a discutir e participar de sua realidade, quer do ponto de vista social ou pessoal. Aplicabilidade Um dos gargalos mais estranguladores do ensino é a desconexão entre a teoria e a prática. O jornal possibilita o vínculo do conteúdo curricular aos fatos cotidianos e aos problemas sociais apontados no noticiário. Os princípios de Matemática, Geografia, Física, Biologia, entre outras 37 PEDagOgIa nOS MEIOS DE COMUnICaçãO DE MaSSa • CAPÍTULO 3 áreas, vão ser utilizados para analisar a realidade, entendê-la e buscar soluções para os problemas encontrados. Priorização da leitura O professor usará livremente o jornal em suas aulas conforme julgar adequado. Porém, é bom que se leve em conta que o mais importante é a leitura, o despertar da curiosidade do aluno, fazendo com que ele se familiarize com o jornal e sinta prazer em manuseá-lo, ao mesmo tempo em que vai tomando consciência da importância que representa o material informativo nele contido. Deve-se tomar cuidado para que o jornal não seja utilizado de forma enfadonha. As atividades devem ser criativas e agradáveis, mesmo quando o jornal for utilizado como material de apoio às diversas disciplinas curriculares e em análises críticas de maior profundidade. Trabalhando com recortes É de grande utilidade e valor educativo a elaboração da hemeroteca da escola, com a participação de alunos, professores, responsáveis pela biblioteca e voluntários. O aluno deverá ser habituado, sempre que for utilizar recortes, a indicar o nome do jornal, data e página. É algo simples, mas que, se não for respeitado constantemente, não forma o hábito. Atividades que podem ser feitas com
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