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Laura Mendes Martins Ultrassonografia de Próstata ANATOMIA DA PRÓSTATA Volume normal: 25 ml aos 30 anos e 30-45 ml aos 70 anos; Dividida em 4 regiões: o Zona periférica o Zona central o Zona de transição o Estroma fibromuscular anterior (aglandular) No ultrassom não da pra distinguir bem a zona de transição e a zona central TÉCNICA DO EXAME US é feita nos planos axial/coronal e sagital/longitudinal US pode ser realizada por meio das vias abdominal, transuretral, transperineal pu transretal; US permite uma melhor caracterização do parênquima As técnicas possuem limitações: o ABDOMINAL: Pequenas lesões e discretos aumentos das dimensões ou mesmo glândulas normais, quando houver acentuada repleção vesical, podem ser de difícil avaliação pela via abdominal; o TRANSURETRAL: A abordagem transuretral, utilizando um transdutor semelhante a um cistoscópio, não é usada de rotina por conta de sua natureza invasiva com riscos de laceraçõe, rupturas e infecções o TRANSPERINEAL: Essa via é pouco empregada em virtude da qualidade de imagem muitas vezes ruim por conta da atenuação do feixe acústico acarretada pelo tecido fibromuscular do períneo e pelos artefatos decorrentes da pilificação local; Técnica com melhor visualização é a transretal (ou endoretal) o Os probles devem ser recobertos com preservativo lubrificado com vaselina ou gel sônico o Com o paciente em decúbito lateral esquerdoe as coxas fletidas, realiza-se o exame digital retal para a visualização da próstata, de esfíncter anal e da parede do reto. Com transdutor direcionado posteriormente introduzimos cerca de 8 a 9 cm o No caso de se tratar de transdutor com bolsa de água, somente após o posicionamento de “probe” é que a água deve ser instilada o Sensibilidade relativamente alta, porém é de baixa especificidade para lesões precoces clinicamente significativas, requerendo muitas vezes a associação de biopsias; o Restrições nessa via nos casos de proctite, prostatite bacteriana aguda, fissuras anais, amputação do reto e hemorróidas trombosadas Laura Mendes Martins DOENÇAS BENIGNAS Prostatites: É uma afecção que acomete de 10-14% dos homens de todas as idades. Estimativa que 50% dos homens desenvolverão sintomas de prostatite em algum momento da vida; o AGUDA- A imagem é de uma próstata aumentada, arredondada, globalmente hipoecogênica e em casos mais graves observa-se distensão da bexiga urinária por conta da obstrução aguda Achados por US endorretal: halo hipoecoico ao redor da glândula interna ou da zona periférica; áreas hipoecogênicas locais no interior da próstata de difícil diagnóstico diferencial com outras patologias o CRÔNICA – Dois grupos de sinais: Frequentes: ecos brilhantes e ecos de média intensidade Pouco freqüentes: áreas sonolucentes, cálculos nos ductos, irregularidade capsular, espessamento capsular, irregularidades periuretrais Abcesso prostático: Geralmente em indivíduos entre a quinta e a sexta década de vida, e o principal agente etiológico nessa faixa etária é a E.coli. Um outro grupo etário acometido é o de recém-nascidos. o O aspecto US se resume a uma ou mais áreas hipoecogênicas ou anecogênicas de paredes espessas e irregulares com ou sem septações. O acometimento em geral é extenso e mais frequentemente observado na glândula interna; Lesões Císticas: o Cistos degenerativos com freqüência na HPB e os cistos de retenção o Cistos de ducto ejaculatórios formados em decorrência de processo obstrutivo o Cistos congênitos localização mediana ou próxima à linha média, ficando por vezes difícil diferenciá-los o Os cistos acarretam sintomas obstrutivos ou dor por serem muito grandes ou se infectarem. Nos pacientes sintomáticos a punção de cisto em geral fornecerá grande subsídio para o diagnóstico diferencial pela verificação da existência ou não de espermatozóides no líquido aspirado. Entretanto, a maioria dos cistos são assintomáticos, representando achado de exame, o Algumas vezes, por conta das volumosas dimensões do cisto prostático, não há maneira de se verificar sua posição anatômica. Nesses casos o diagnóstico é inferido pela análise de líquido aspirado. A punção é realizada acoplando-se um guia ao transdutor transretal, através do qual se faz a punção com agulha apropriada. NEOPLASIAS BENIGNAS DA PRÓSTATA HPB (Hiperplasia Prostática Benigna) o É definida histologicamente como proliferação de células epiteliais e de músculo liso na zona de transição da próstata. É um processo relacionado ao envelhecimento. o É incomum antes dos 40 anos; Laura Mendes Martins o No toque retal detecta-se próstata de dimensões aumentadas, podendo cursar com aumento de PSA; o Pode ocorrer obstrução vesical e até hidronefrose; o Tratamento: de terapia farmacológica até procedimentos cirúrgicos Opta-se por ressecção transuretral nas próstatas menores do que 80 gramas. Já nas próstatas maiores, a melhor opção é a prostatectomia aberta; o Avaliação inicial por meio da USG suprapúbica com bexiga cheia; o O tamanho da próstata é calculado por meio da fórmula da elipse prolata (altura x largura x comprimento x 0,52 ), próstata normal mede cerca de 20-40 gramas; o Medir a protusão intravesical da próstata Maior que 1 cm não respondem bem ao tratamento com bloqueadores alta-adrenérgicos, sendo preferível o tratamento cirúrgico; No US há aumento da glândula central eu fica relativamente hipoecoica em relação a zona periférica; DOENÇAS MALIGNAS Câncer de Próstata o Surge em 70% dos casos na zona periférica e em 20-30% na zona de transição; o É a neoplasia não cutânea mais comum do homem e a 2° maior causa de morte relacionada ao câncer na população masculina. o 1 a cada 6 homens vão desenvolver essa doença, porém uma pequena proporção será letal; o Risco de morte de 3%, a maioria vai a óbito de outras causas que a doença causou (sobretudo cardiovascular) o Fatores de risco principais: idade, etnia (principalmente a raça negra) e história familiar; o Rastreamento: toque retal e níveis do PSA no sangue; o O estadiamento avalia o grau de envolvimento da glândula pela lesão e a disseminação do tumor; o As lesões que infiltram pequenas partes da glândula e não tem extensão extraprostática apresentam melhor sucesso terapêutico o Lesões com disseminação linfonodal ou metastática apresentam os piores resultados; o A disseminação pode ser: Local: vesículas seminais, bexiga e reto; Linfática: drenagem primária para cadeia ilíaca interna e depois para cadeia retroperitoneais. Linfonodos regionais são linfonodos da pelve verdadeira, abaixo da bifurcação das artérias ilíacas comuns; Hematogênica: duas rotas de disseminação Plexo venoso vertebral, relacionado a metástases ósseas osteoblásticas (principlamente para o sacro e coluna lombar; Laura Mendes Martins Veia cava, geralmente disseminação mais tardia para os pulmões, pleura, fígado e etc. o Esquemas de estratificação de risco foram desenvolvidos baseados nos níveis de PSA, escore de Gleason e estadiamento. Estão associados ao risco de recorrência e mortalidade relacionadas ao câncer de próstata após prostatectomia radical, radioterapia e braquioterapia. o A escolha do tratamento depende da estratificação de risco e do estadiamento do tumor; o Principais opções de tratamento: Vigilância Ativa: O objetivo é evitar o sobretratamento em pacientes com doença de baixo risco, sem renunciar ao tratamento curativo. O paciente é submetido a testes periódicos para verificar se há mudança das características da doença. Em caso positivo, o tratamento curativo é instituído. Prostatectomia radical: ressecação completa da glândula prostática e das vesículas seminais com tecido periprostático suficiente para se obter margem negativa. Frequentementeé realizada linfadenectomia pélvica bilateral. O objetivo é erradicar a doença preservando a continência e se possível a potência do individuo. Radioterapia externa (intensidade modulada guiada por imagem) Radioterapia interna (braquiterapia) o A avaliação US da próstata é extremamente limitada, pois o método apresenta baixa acurácia no diagnóstico e no estadiamento do tumor. o Em alguns casos, a neoplasia pode ser caracterizada como nódulo hipoecogênico (60-70%); no entanto, existem lesões hiperecoicas e isoecoisas, estas últimas indistinguíveis do parênquima circunjacente. A USG transretal deve ser utilizada para guiar a biópsia prostática. O procedimento é realizado de forma sistêmica dividindo-se a próstata em sextantes. Retiram-se no mínimo 12 fragmentos com enfoque principal nas porções laterais e apicais da zona periférica. Alguns fragmentos adicionais devem ser retirados se existirem áreas suspeitas identificados pela USG. DOPPLER O colorido é importante adjuvante à USTR Na zona periférica normal, o sinal Doppler é baixo ou nenhum; O uso de Doppler no diagnostico de carcinoma da próstata se baseia no fato de que nos tumores malignos prostáticos são encontrados maior número de vasos, principalmente vasos de pequeno calibre, e maior fluxo sanguíneo; Laura Mendes Martins O fluxo aumentado ao Doppler nos carcinomas prostáticos está relacionado a maiores escores de Gleason, maior incidência de invasão das vesículas seminais e maior incidência de recidivas; além disso, o aumento de fluxo na cápsula prostática está associado a tumores em estágios mais avançados. Esses dados podem ajudar na escolha do tratamento. BIÓPSIAS Usando-se a US como ferramenta auxiliar, pode-se biopsiar quaisquer áreas prostáticas, vesículas seminais e massas pélvicas, além de se obterem amostras de fluidos intracísticos por aspiração para avaliação bacteriológica e de seus componentes na investigação de infertilidade e de abcessos; O estudo US e a biopsia transretal são realizados com o paciente em decúbito lateral esquerdo, com os membros inferiores em posição genupeitoral. O transdutor preferido é o tipo “end fire” de alta freqüência, que permite a realização de cortes em todos os planos; Preconiza-se, atualmente uma biopsia inicial com 12 fragmentos, dando especial atenção aos aspectos laterais da próstata. A biópsia da próstata por via transretal é vantajosa por permitir a visualização do percurso da agulha, sendo um procedimento rápido, bem tolerado pelos pacientes; o Cuidados: como a utilização da antibioticoterapia profilática adequada, sendo que pacientes em regime de anticoagulação devem descontinuar a terapia, por tempo que varia de acordo com o tipo da droga utilizada; o Dois métodos analgésicos: bloqueio periprostático e a sedação leve; A biópsia guiada por US endorretal não é um procedimento isento de riscos. Portanto, é possível ter complicações hemorrágicas (sangramento no esperma, fezes e urina) e complicações infecciosas no trato urinário. ASPECTOS ULTRASSONOGRÁFICOS DA LOJA PROSTÁTICA APÓS PROSTATECTOMIA RADICAL O PSA é particularmente sensível para detectar a recorrência do carcinoma após prostatectomia radical. Contudo, níveis séricos aumentados de AS não diferenciam se a recorrência é sistêmica (metástases) ou local (na fossa prostática) O ultrassom transretal, quando usado em conjunto com níveis anormais de PSA e/ou lesão palpável após a cirurgia, pode delinear a doença local. No entanto, é necessário repetir a biópsia caso a inicial tenha sido negativa para o tumor. Os achados ultrassonográficos de recorrência tumoral logo após a prostatectomia radical podem ser: o Detecção da massa hipoecoica, discernível da cicatriz fibrosa ao redor, na anastomose vesicouretral, ou na região perianastomótica o Áreas de espessamento assimétrico do colo vesical ou na região perianastomótica; o Interrupção da ecogenicidade retroanastomótica no plano gorduroso A recorrência local ou o tumor residual tem localização preferencialmente posterior ou posterolateral à anastomose vesicouretral, por conta da maior freqüência de origem do carcinoma na zona periférica Laura Mendes Martins ASPECTOS ULTRASSONOGRÁFICOS DA PRÓSTATA IRRADIADA Varias alterações podem ocorrer na próstata irradiada: o Alterações no tamanho da próstata: esta se torna menor, porém o decréscimo no volume total da próstata não é bom indicador do prognóstico. Medidas do tumor primário seriam mais fidedignas, porém ainda não existem métodos precisos para a realização desse propósito. Lesões maiores que 5mm de diâmetro, persistindo por dois meses após radioterapia, são especialmente suspeitas de malignidade. Se houver proctite associada à radioterapia, poderá existir aumento transitório da próstata. o A radioterapia raramente produz foco hipoecoico no tecido prostático não maligno: algumas vezes, a próstata trna-se menos ecogênica após a radioterapia, possivelmente porque as ondas sonoras são atenuadas pelo tecido localizado entre a próstata e o reto, espessado, como resultado da fibrose pós-radioterapia; o Persistência do caráter hipoecoico da lesão: constitui critério ultrassonográfico para carcinoma persistente na próstata irradiada. Áreas que mostram melhor resposta à radioterapia tendem a se tornar isoecoicas. A hipoecogenicidade persistente tmambém pode ser secundária à fibrose do estroma e não a tumor residual. O ultrassom não diferencia o tecido maligno do cicatricial. A biópsia é necessária para esclarecimento diagnóstico. ELASTOGRAFIA A elastografia da próstata atua como adjuvante à ultrassonografia; Com USTR tem como finalidade a identificação de tecido com maior dureza (neoplasia maligna é mais dura que o tecido normal); Existem duas modalidades: o Strain (cerca de 12 anos de uso) o Shear wave (cerca de 5 anos de uso) Indicações: o Caracterização de uma área suspeita vista previamente por um método de imagem – USG, USG Doppler, RMM o Caracterização de área não previamente vista pelos métodos de imagem; guiar biópsia para áreas suspeitas. Apesar de suas limitações e artefatos particulares, ambas as técnicas são sujeitas às mesmas limitações intrínsecas ao método: o Nem todos os cânceres são suros o Nem todas as lesões duras são cânceres. STRAIN o Strain significa deformação. Tecidos mais moles sofrem maior deformação que tecidos duros quando uma compressão é aplicada. Essa técnica consiste na análise da deformação do tecido numa região, induzida por uma compressão mecânica (transdutor). Em USTR essa compressão é feita na parede do reto adjancente a zona periférica prostática. Pode-se usar um balão com água entre o probe e o reto para homogeneizar a deformação obtida com a compressão. É feita uma comparação eespecular do tecido Laura Mendes Martins antes e após a compressão num mapa colorido chamado de elastograma. A dureza do tecido é estimada pela visualização das diferenças de deformação entre as regiões adjacentes. Portanto, não é disponível uma elasticidade quantitativa. o Metodologia do exame: Compressões e descompressões produzidas pelo probe transretal. Estuda-se toda glândula em cortes transversais à procura de áreas suspeitas (mais duras). Áreas com maior dureza aparecem em azul no mapa de cores; Áreas mais moles em vermelho; Áreas hipoecoicas que são marcadas em azul na elastografia são altamente suspeitas. o Limitações e artefatos particulares: Dificuldade de se fazer uma compressão uniforme por toda a glândula; Operador dependente; Nível de treinamento; Treinamento e o balão de água reduzem tais. SHEAR WAVE: o Não requer compressão para termos o elastograma. o Combina o uso de 2 diferentes ondas ultrassônicas: Shear Wave: informações sobre a dureza do tecido Onda ultrassônica:informações de resolução espacial; o Oferece um mapa quantitativo em tempo real das propriedades viscoelásticas dos tecidos mediados em kilo-Pascal ou em metros/segundo. o Princípios básicos: Uma shear wave é induzida pelo probe transretal por meio da parede do reto usando a força de radiação acústica de um emissor ultrassônico. o A propagação é captada pela imagem da próstata em alto frame rate; o A dureza do tecido é derivada da velocidade de propagação da shear wave; o O método permite a medida da dureza da próstata em valores absolutos; o Metodologia do exame: É importante evitar pressão na glândula prostática com o transdutor. A glândula inteira é escaneada à procura de áreas suspeitas, sobretudo no plano transversal, usando parâmetros otimizados (Máxima penetração e parâmetros de elasticidade entre 70 a 90 kPa). Tecidos mais duros marcados em vermelho; Tecidos mais moles são marcados em azul. Áreas hipoecoicas e marcadas em vermelho são altamente suspeitas. Em pacientes jovens, sem doenças prostáticas, a glândula inteira aparece com valores de elasticidade em torno de 30 kPa. E Em casos de Hpb, A ZP remanescente é homogênea e macia, enquanto a glândula inteira heterogênea e nodular se torna mais dura, sobretudo se houver macrocalcificações; Laura Mendes Martins Nódulos benignos na zona periférica (ZP) são macios, com elasticidade <35 kPa Nódulos malignos na ZP são duros, com elaticidade >35 kPa o Limitações e artefatos particulares: Artefatos da pressão causados pelo transdutor; Intervalo para estabilizar os sinais de cada plano de aquisição; Atenuação do sinal em próstatas grandes, fazendo a avaliação das zonas anteriores ser difícil ou impossível.
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