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2017 Políticas Educacionais Prof.ª Mônica Maria Baruffi Copyright © UNIASSELVI 2017 Elaboração: Prof.ª Mônica Maria Baruffi Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 379 B295p Baruffi; Mônica Maria Políticas educacionais / Mônica Maria Baruffi: UNIASSELVI, 2017. 200 p. : il. ISBN 978-85-515-0054-5 1.Educação e Estado – Políticas Públicas. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. Impresso por: III Apresentação Caros acadêmicos! A educação brasileira passa por diversas mudanças, as quais são importantes em sua estruturação. Assim, é necessário o estudo e reflexão à luz das políticas governamentais. Neste caderno de estudos, você, acadêmico, visualizará e reconhecerá as mudanças ocorridas até o momento na educação brasileira, a partir da Lei nº 9.394/96, juntamente com a Constituição Federal, ambas importantes no processo político deste país. Essas mudanças marcaram e ainda marcam o cenário federal, estadual e municipal, influenciando nos programas e nas políticas públicas, principalmente na educação, nosso foco neste caderno de estudos. Veremos também a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de maneira dialógica, observando seus artigos e sua funcionalidade. Na primeira unidade, trataremos das Políticas Públicas na Educação, com a Constituição Federal e sua influência na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, reconheceremos o histórico da LDB e sua influência na estrutura educacional em todas as esferas governamentais. Na segunda unidade trazemos a você, a comunicação existente entre globalização e as políticas públicas, falaremos sobre as instituições formadoras do sistema educacional brasileiro, e a organização e gestão escolar coletiva. Na terceira unidade, tratamos da identidade da escola, a organização e gestão frente às políticas públicas, identificaremos as competências do professor na escola e da equipe gestora, reconheceremos as áreas de atuação dos membros da escola e os instrumentos da estruturação política educacional nas escolas. Este caderno tem a finalidade de auxiliar a você, acadêmico, em sua formação e discutir as temáticas referentes às políticas públicas na área educacional. Acreditamos que você poderá reconhecer a importância das políticas educacionais através desta leitura, que para sua formação é essencial! Ótimo estudo! IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! UNI Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos! UNI V VI VII Sumário UNIDADE 1 – AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO ...................................................... 1 TÓPICO 1 – AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO .......................................................... 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 O QUE SÃO POLÍTICAS PÚBLICAS? ............................................................................................ 3 2.1 COMO SE FAZ POLÍTICAS PÚBLICAS? .................................................................................... 7 2.2 A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E A EDUCAÇÃO ..................................................................... 11 3 LIGAÇÃO ENTRE A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO ......................................................................................................................................... 30 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 34 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 36 TÓPICO 2 – A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO DE 1996 ................................. 39 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 39 2 COMO SITUAR-SE SOBRE A LDB ................................................................................................. 39 3 A LDB E SUA ESTRUTURAÇÃO ..................................................................................................... 44 4 BREVE ANÁLISE DOS TÍTULOS DA LDB ................................................................................... 45 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 69 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 71 TÓPICO 3 – A EDUCAÇÃO BRASILEIRA, SUA ORGANIZAÇÃO E RELAÇÃO COM AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS ..................................................................................... 73 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 73 2 PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO – HISTÓRICO ............................................................... 73 3 O PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (2011 – 2020) ............................................................... 77 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 81 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 82 UNIDADE 2 – POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO: INFLUÊNCIAS GLOBAIS .............. 83 TÓPICO 1 – POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO: INFLUÊNCIAS GLOBAIS .................. 85 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 85 2 A GLOBALIZAÇÃO E SUA INFLUÊNCIA NAS POLÍTICAS PÚBLICASEDUCACIONAIS ................................................................................................................................ 85 3 NOVAS REALIDADES SOCIAIS E AS REFORMAS EDUCATIVAS NO BRASIL .............. 91 4 REVOLUÇÃO INFORMACIONAL ................................................................................................. 94 5 NÍVEIS E MODALIDADES DE EDUCAÇÃO E ENSINO .......................................................... 99 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 125 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 126 TÓPICO 2 – AS INSTITUIÇÕES FORMADORAS DO SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO .................................................................................................................... 129 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 129 VIII 2 PROGRAMAS DO FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO ......................................................................................................................................... 129 3 OS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO NACIONAL ................................................................ 132 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 136 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 137 TÓPICO 3 – A ORGANIZAÇÃO E GESTÃO ESCOLAR COLETIVA ........................................ 139 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 139 2 CONCEITUANDO ORGANIZAÇÃO E GESTÃO ....................................................................... 139 3 FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA PÚBLICA ................................................................................... 141 4 OBJETIVOS DA ESCOLA E AS PRÁTICAS DE ORGANIZAÇÃO E GESTÃO ................... 143 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 146 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 147 UNIDADE 3 – A ORGANIZAÇÃO ESCOLAR JUNTO ÀS POLÍTICAS PÚBLICAS .............. 149 TÓPICO 1 – A ORGANIZAÇÃO ESCOLAR JUNTO ÀS POLÍTICAS PÚBLICAS .................. 151 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 151 2 A ORGANIZAÇÃO ESCOLAR: LUGAR DE APRENDIZAGEM ............................................. 151 2.1 PAPEL DO GESTOR ESCOLAR ................................................................................................... 153 2.2 PAPEL DA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA ......................................................................... 155 2.3 PAPEL DO PEDAGOGO ............................................................................................................... 156 2.4 PAPEL DO ALUNO ........................................................................................................................ 157 2.5 COLABORADORES ....................................................................................................................... 157 3 A GESTÃO PARTICIPATIVA E A CULTURA ORGANIZACIONAL NA ESCOLA ............. 158 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 162 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 163 TÓPICO 2 – A APRENDIZAGEM E AS ÁREAS DE ATUAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO E DA GESTÃO ESCOLAR ............................................................................................. 165 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 165 2 AS FUNÇÕES ESSENCIAIS NO SISTEMA DE ORGANIZAÇÃO E DE GESTÃO ESCOLAR .............................................................................................................................................. 165 3 ORGANIZAÇÃO E DESEMPENHO DO CURRÍCULO ............................................................. 170 4 A FORMAÇÃO CONTINUADA ...................................................................................................... 171 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 175 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 176 TÓPICO 3 – A GESTÃO PARTICIPATIVA CONTINUANDO A CONSTRUÇÃO E PLANEJAMENTO DE UMA ESCOLA DEMOCRÁTICA ....................................... 179 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 179 2 OS MECANISMOS DA ESTRUTURAÇÃO POLÍTICA EDUCACIONAL NA ESCOLA .... 179 2.1 CONSELHOS ESCOLARES ........................................................................................................... 180 2.2 GRÊMIOS ESTUDANTIS ............................................................................................................... 180 2.3 APPs – ASSOCIAÇÃO DE PAIS E PROFESSORES .................................................................... 181 2.4 A AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL DA ESCOLA E DA APRENDIZAGEM ......................... 182 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 184 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 191 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 192 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................ 195 1 UNIDADE 1 AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade, você será capaz de: • conhecer aspectos relacionados ao conceito de políticas públicas e sua fun- cionalidade; • entender o que é a Constituição Federal e sua influência na Lei de Diretri- zes e Bases da Educação; • reconhecer o histórico da LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação; • conhecer o envolvimento entre a LDB e as esferas federal, estadual e mu- nicipal; • entender a LDB e sua organização com as políticas públicas. Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada tópico você encontrará atividades que o ajudarão a refletir e fixar os conteúdos abordados. TÓPICO 1 – AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO TÓPICO 2 – A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO DE 1996 TÓPICO 3 – A EDUCAÇÃO BRASILEIRA, SUA ORGANIZAÇÃO E RELAÇÃO COM AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO 1 INTRODUÇÃO Prezado acadêmico, estamos iniciando o Caderno de Estudos de Políticas Educacionais e queremos, neste tópico, apresentar a você, alguns conceitos relacionados às políticas públicas e qual o seu envolvimento com a educação. Assim, a Constituição Federal também fará parte deste estudo, além de nossa carta magna na educação, a LDB – Lei de Diretrizese Bases da Educação. Afinal, que ligação tem as políticas públicas, a Constituição Federal e a LDB para o trabalho desenvolvido na esfera educacional? É significativa a interação entre elas e cabe a nós, acadêmicos e futuros profissionais da educação, compreendermos esta ligação, a qual determina o bom funcionamento ou não dos projetos desenvolvidos pelas esferas federais, estaduais e municipais. Cabe ressaltar, prezado acadêmico, que você está sendo convidado a analisar, refletir, questionar e construir novas ideias a partir dos conhecimentos que serão apresentados a você a partir deste momento. Vamos à leitura! 2 O QUE SÃO POLÍTICAS PÚBLICAS? Acadêmico, se você fosse perguntado sobre o que são políticas públicas, qual seria sua resposta? Acreditamos que, inicialmente, você pararia e refletiria sobre o tema. É algo natural do ser humano, que ao ser questionado, por alguns segundos ou minutos pare e reflita sobre o que foi perguntado. A esta pergunta pensamos que sua resposta possa estar relacionada a uma visão prática do dia a dia, mas como? Existem outras formas de visualizarmos as políticas públicas? Vejamos! As políticas públicas possuem sua história e conceitos, conforme o Manual de Políticas Públicas: conceitos e práticas do Sebrae, coordenado por Caldas (2008, p. 5): UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO 4 A função que o Estado desempenha em nossa sociedade sofreu inúmeras transformações ao passar do tempo. No século XVIII e XIX, seu principal objetivo era a segurança pública e a defesa externa em caso de ataque inimigo. Entretanto, com o aprofundamento e expansão da democracia, as responsabilidades do Estado se diversificaram. Atualmente, é comum se afirmar que a função do Estado é promover o bem-estar da sociedade. Para tanto, ele necessita desenvolver uma série de ações e atuar diretamente em diferentes áreas, tais como saúde, educação, meio ambiente. Assim, observa-se que o Estado passou e passa por transformações, as quais são acompanhadas por toda a sociedade. Se antes a preocupação encontrava- se direcionada à defesa do território, hoje, além da defesa do território nacional, as preocupações voltam-se também para as áreas da saúde, segurança pública, educação, meio ambiente. Mesmo que saibamos da fragilidade em muitas dessas áreas, o Estado necessita voltar a se organizar e buscar soluções para a fortificação delas, pois a população necessita dessas ações. Desta forma, falar em políticas públicas para alguns é o mesmo que ser utópico, pois elas não surtem efeitos desejáveis. Sim, vivemos uma realidade delicada e repleta de problemas, os quais precisam ser passados a limpo. Mesmo que muitos não acreditem, já se deixaram levar pelo descrédito da política, mesmo assim são necessários movimentos que reformulem todo o sistema em que o Estado se encontra, para assim determinarmos as ações e os programas para a melhoria e estabilidade das áreas de segurança pública, saúde, educação, dentre outras. E como afirma Oscar Wilde em uma de suas célebres frases e utilizada por Mário Luiz Neves de Azevedo (2008, p. 9) na apresentação do livro Políticas Públicas Contemporâneas: “Isto é utópico? Um mapa-múndi que não inclua a Utopia não é digno de consulta”. Neste caderno, a utopia em sua mais elevada significação será utilizada e levará você, acadêmico, a refletir sobre como, por que e para que são utilizadas as políticas públicas e como essas influenciam em nosso cotidiano. Ainda conforme Azevedo (2008, p. 18), “escrever sobre Políticas Públicas é tratar, essencialmente, sobre projetos em construção que dependem da visão de mundo dos seus promotores”. Afinal, o que são essas políticas públicas? Vamos buscar respostas em nosso dia a dia. Em cada momento de nossa vida, em nosso cotidiano, estamos envoltos por regras que determinam nossa maneira de agir, pensar, conviver e determinam o processo de construção econômica, política e social de um país, de nossas vidas e da sociedade num todo. Em muitos momentos estas políticas passam despercebidas, mas elas encontram-se dentro da história da humanidade. Podemos relatar também TÓPICO 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO 5 forte influência na Grécia Antiga, onde a palavra política tem seu berço, onde filósofos como Aristóteles e Platão foram os precursores desta ciência. Cabe, aqui, perguntarmos: política é uma ciência? Sim, a política é uma ciência, a qual “determina quais são as ciências necessárias nas cidades, quais as que cada cidadão deve aprender” (ABBAGNANO, 2000, p. 773). Perante o apresentado na citação, podemos perceber que as políticas são as regras de organização e de convivência necessárias para que uma cidade, um estado e país consigam se desenvolver e viver em harmonia, sendo os governantes os responsáveis pelos caminhos a serem traçados para a melhoria da qualidade de vida da população envolvida. Ao buscarmos respostas referentes ao que é Política Pública, encontramos diversas definições que nos remetem à organização, a estudos voltados às ações a serem empregadas para o bem-estar da sociedade. Como afirma Santos (2012, p. 5): “Políticas públicas são ações geradas na esfera do Estado e que têm como objetivo atingir a sociedade como um todo ou partes dela”. Cabe ressaltar que as políticas públicas são também de nossa responsabilidade, enquanto cidadãos, que buscam melhoria de vida. As políticas públicas terão eficácia, a partir do momento que os cidadãos compreendam como ocorre a criação dessas políticas (ações, programas) nas esferas federais, estaduais e principalmente nas que estão bem próximas de cada um de nós, e que estão sendo desenvolvidas, as municipais. Estas ações também ocorrem dentro e fora de nossas residências, e somos nós, também responsáveis pela sua aplicabilidade, transparência e eficácia. Como? Eu responsável por políticas públicas? Isso não compete somente aos governantes? Sim, compete a eles, mas também a cada cidadão, que possui a responsabilidade de cobrar e de fazer cumprir as leis através de ações. Fica claro que a política, segundo Santos (2012, p. 2), “[...] sempre está ligada ao exercício do poder em sociedade, seja em nível individual, quando se trata das ações de comando, seja em nível coletivo, quando um grupo (ou toda sociedade) exerce o controle das relações de poder em uma sociedade”. De acordo com o mesmo autor, podemos perceber que, independentemente do nível, seja individual ou coletivo, a política está presente e vem acompanhada de outra palavra, que é o poder. O poder é algo que se encontra impregnado dentro de todas as áreas de estruturação profissional ou política. Este poder pode ser compreendido como algo positivo ou negativo. Positivo no sentido de ser compreendido como um processo de transformação de uma sociedade, voltada às bem feitorias, à visão de uma sociedade em que todos possuam seus direitos e seus deveres. UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO 6 No aspecto negativo, pode levar o detentor do poder a tornar-se um dominador, sem a preocupação com a qualidade de vida da população. Conforme Santos (2012, p. 2), o termo poder é “capacidade ou propriedade de obrigar alguém a fazer alguma coisa”. O autor ainda expõe que: “Nesse sentido, é importante ressaltar que o poder (em suas mais variadas manifestações) pode ser exercido mediante o uso da coação e/ou da persuasão. Em matéria de política, ambas as opções são tidas como válidas, tudo depende de quem exerce o poder e de como opta por exercê-lo” (SANTOS, 2012, p. 2). Diante do exposto, observa-se que a política possui várias possibilidades, dentre elas nos deparamos com as que nos levam a construir uma sociedade com direitos e deveres bem estruturados, ou a que nos leva a termos uma sociedade totalmente desestruturada e mantida como refém de suas ações. Frente a isso, as políticas públicas são as ações que determinam como, por que e para que servirão. E elas, conforme Marinho (2006, p. 1), são de“responsabilidade do Estado, com base em organismos políticos e entidades da sociedade civil, se estabelece um processo de tomada de decisões que resultam nas normatizações do país, ou seja, nossa Legislação”. Assim, as políticas públicas retratam não só questões acerca da economia, mas do envolvimento de diversos segmentos, contendo condições e possibilidades de desenvolver mecanismos que auxiliem no crescimento e qualidade de vida da população. Cabe ressaltar que as políticas públicas recebem diversas definições, Souza (2006, p. 26) as define como: O campo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, ‘colocar o governo em ação’ e/ou analisar essa ação (variável independente) e, quando necessário, propor mudanças no rumo ou curso dessas ações (variável dependente). A formulação de políticas públicas constitui-se no estágio em que os governos democráticos traduzem seus propósitos e plataformas eleitorais em programas e ações que produzirão resultados ou mudanças no mundo real. Assim, podemos definir políticas públicas como as ações que os governantes utilizam para realizar um governo voltado à melhoria da qualidade de vida da população, da economia, da educação, da segurança pública, enfim, dando ao seu país, estado ou município possibilidades de crescimento. Tendo essas ações e programas voltados a esses segmentos, pode-se perceber que todos, independentemente de nível econômico, terão possibilidades de crescimento e de manutenção da qualidade de vida. Agora surge outra pergunta: como são elaborados os programas, como se faz as políticas públicas? Vamos elucidar essas dúvidas! TÓPICO 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO 7 2.1 COMO SE FAZ POLÍTICAS PÚBLICAS? Seguindo o raciocínio, observamos que as políticas públicas são então as ações, programas desenvolvidos pelos governantes, as quais são prioridade. [...] as Políticas Públicas são a totalidade de ações, metas e planos que os governos (nacionais, estaduais ou municipais) traçam para alcançar o bem-estar da sociedade e o interesse público. É certo que as ações que os dirigentes públicos (os governantes ou os tomadores de decisões) selecionam (suas prioridades) são aquelas que eles entendem serem as demandas ou expectativas da sociedade, ou seja, o bem-estar da sociedade é sempre definido pelo governo e não pela sociedade (CALDAS, 2008, p. 5). Independentemente das participações ou não da sociedade nas ações que envolvem a melhoria do bem-estar da sociedade, enquanto cidadãos necessitamos nos manter atentos e participativos nas ações que os governantes desenvolvem em nosso país, estado e município. Alguns poderão estar incomodados com a apresentação da última parte da citação de Caldas (2008, p. 5): “o bem-estar da sociedade é sempre definido pelo governo e não pela sociedade”. Por que isso ocorre? O autor explica: Isto ocorre porque a sociedade não consegue se expressar de forma integral. Ela faz solicitações (pedidos ou demandas) para os seus representantes (deputados, senadores e vereadores) e estes mobilizam os membros do Poder Executivo, que também foram eleitos (tais como prefeitos, governadores e inclusive o próprio Presidente da República) para que atendam às demandas da população. As demandas da sociedade são apresentadas aos dirigentes públicos por meio de grupos organizados, no que se denomina de Sociedade Civil Organizada (SCO), a qual inclui, conforme apontado acima, sindicatos, entidades de representação empresarial, associação de moradores, associações patronais e ONGs em geral (CALDAS, 2008, p. 5-6). Dessa forma, nós, cidadãos, necessitamos nos organizar em nossa rua, através de associação de bairros, para assim ir em busca de soluções para os problemas que envolvem nossa comunidade. Sabemos das dificuldades financeiras que as instituições governamentais passam, principalmente as municipais, são inúmeras. [...] os recursos para atender a todas as demandas da sociedade e seus diversos grupos (a SCO) são limitados ou escas sos. Como consequência, os bens e serviços públicos desejados pelos diversos indivíduos se transformam em motivo de disputa. Assim, para aumentar as possibilidades de êxito na competição, indivíduos que têm os mesmos objetivos tendem a se unir, formando grupos. Observe, acadêmico, que as palavras de Caldas nos remetem à ideia de competição, embate na possibilidade de busca de resultados que deem à população melhores condições de vida. Ainda ressalta Caldas (2008, p. 6) com relação à questão do embate: UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO 8 Não se deve imaginar que os conflitos e as disputas na socieda de sejam algo necessariamente ruim ou negativo. Os conflitos e as disputas servem como estímulos a mudanças e melhorias na sociedade, se ocorrerem dentro dos limites da lei e desde que não coloquem em risco as instituições. Com isso, podemos determinar que a organização da sociedade civil precisa estar presente na formulação das ações que auxiliem na melhoria de todos os setores que envolvem a sociedade. Já sabemos que as políticas públicas são desenvolvidas a partir do interesse dos governantes e recebidas as ideias da sociedade organizada. Outro fator a ser observado na elaboração das políticas públicas é que nem sempre as ações desenvolvidas ou solicitadas pela sociedade civil organizada são atendidas, e a sociedade necessita buscar ajuda ou apoio em outros grupos organizados para que suas reivindicações sejam aceitas. Em outro momento, pode ocorrer um embate, conforme apresentado anteriormente por Caldas (2008), e isso não deve ser visto como um momento de revolta, mas de busca de soluções. Estes embates ocorrem devido ao que nos apresenta Caldas (2008, p. 6), quando diz que: “as sociedades contemporâneas se caracterizam por sua diver- sidade, tanto em termos de idade, religião, etnia, língua, renda, profissão, como de ideias, valores, interesses e aspirações” e acabam também tendo sua maneira de pensar e agir com relação a determinadas situações. Para alguns, ações como a melhoria da pracinha do bairro não é condizente com os seus interesses e preferem que as melhorias sejam realizadas em outros setores. Para que não ocorram embates mais fervorosos é preciso o diálogo e a organização. Quem são os atores que criam essas Políticas Públicas? Qual é a logística desse processo? No processo de discussão, criação e execução das Políticas Públi cas, encontramos basicamente dois tipos de atores: os ‘estatais’ (oriundos do Governo ou do Estado) e os ‘privados’ (oriundos da Sociedade Civil). Os atores estatais são aqueles que exercem fun ções públicas no Estado, tendo sido eleitos pela sociedade para um cargo por tempo determinado (os políticos), ou atuando de forma permanente, como os servidores públicos (que operam a burocracia) (CALDAS, 2008, p. 8). Cada um desses atores possui uma função determinada. Os atores estatais (os políticos) buscam no período das campanhas políticas apresentar programas e ações que poderão vir a ser desenvolvidas, sendo que as Políticas Públicas são definidas pelo poder legislativo. Entretanto, as propostas das Políticas Públicas partem do Poder Executivo, e é esse Poder que efetivamente as coloca em prática. Cabe aos servidores públicos (a burocracia) oferecer as informa- ções necessárias ao processo de tomada de decisão dos políticos, bem como operacionalizar as Políticas Públicas definidas. Em princípio, a burocracia é politicamente neutra, mas frequente mente age de acordo com interesses pessoais, ajudando ou difi cultando as ações governamentais. Assim, o funcionalismo público compõe um elemento essencial para o bom desempenho das diretrizes adotadas pelo governo (CALDAS, 2008, p. 8). TÓPICO 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO 9 Os atores privados (sociedade civil) são os que não possuem ligação direta com o setor administrativo do Estado. São eles: • A imprensa. • Os centros de pesquisa. • Os grupos de pressão, os grupos de interesse e os lobbies.• As Associações da Sociedade Civil Organizada (SCO). • As entidades de representação empresarial. • Os sindicatos patronais. • Os sindicatos de trabalhadores. • Outras entidades representativas da Sociedade Civil Organiza da (SCO) (CALDAS, 2008, p. 9). Além dos que foram apresentados acima, existem outros atores, como os que fazem parte da área do turismo, da cultura, que também são da área privada e podem fazer parte desse processo. Com o que foi apresentado até o momento, sabemos quem são os atores do processo. Cabe agora determinarmos os caminhos, os estágios ou fases que são necessários seguir para a formulação até a execução das Políticas Públicas. As Políticas Públicas possuem seus estágios, os quais assim se apresentam, segundo Caldas (2008, p. 7): • Primeira fase – Formação da Agenda (Seleção das Priori dades). • Segunda fase – Formulação de Políticas (Apresentação de Soluções ou Alternativas). • Terceira fase – Processo de Tomada de Decisão (Escolha das Ações). • Quarta fase – Implementação (ou Execução das Ações). • Quinta fase – Avaliação. Cabe ressaltar que estas fases possuem uma ligação, elas estão somente apresentadas separadamente para melhor compreensão do processo. Com relação às fases, vamos identificá-las uma a uma e assim você, acadêmico, compreenderá melhor esse processo de criação de novas Políticas Públicas. Segundo Caldas (2008), a primeira fase, determinada como Formação da Agenda, busca organizar e detectar quais são os problemas existentes na sociedade e determinar os valores necessários para a sua elaboração. Caldas (2008, p. 10-11) defende que “tal processo envolve a emergência, o reconhecimento e a definição das questões que serão tratadas e, como consequência, quais serão deixadas de lado”. Na segunda fase, temos a Formulação de Políticas, onde ocorre as possíveis alternativas para solucionar os problemas alavancados. A partir do momento em que uma situação é vista como proble ma e, por isso, se insere na Agenda Governamental, é necessário definir as linhas de ação que serão adotadas para solucioná-lo. Este processo, no entanto, não ocorre de maneira pacífica, uma vez que geralmente alguns grupos considerarão determinadas formas UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO 10 de ação favorável a eles, enquanto outros a considerarão prejudicial, iniciando-se assim um embate político. Esse é o momento em que deve ser definido qual é o objetivo da política, quais serão os programas desenvolvidos e as metas al mejadas, o que significa a rejeição de várias propostas de ação. Certamente essa escolha, além de se preocupar com o posicio namento dos grupos sociais, necessita ser feita ouvindo o corpo técnico da administração pública, inclusive no que se refere aos recursos – materiais, econômicos, técnicos, pessoais, dentre ou tros – disponíveis (CALDAS, 2008, p. 11). Cabe observar que nesta fase é importante uma relação de dialogicidade com todos os setores envolvidos, pois sabendo ouvir as partes envolvidas, no caso os segmentos administrativos e econômicos, conseguir-se-á determinar se estas ações são ou não possíveis de serem levadas adiante. “Outra análise importante se refere aos riscos que cada alternativa traz, desenvolvendo uma forma de compará- las e de medir qual é mais eficaz e eficiente para aten der ao objetivo e aos interesses sociais” (CALDAS, 2008, p. 13). Já na terceira fase temos o Processo de Tomada de Decisões, em que os governantes junto às Políticas Públicas tomam decisões. Segundo Caldas (2008, p. 13): [...] a fase de tomada de decisões pode ser de finida como o momento onde se escolhe alternativas de ação/intervenção em resposta aos problemas definidos na Agenda. É o momento onde se define, por exemplo, os recursos e o prazo temporal de ação da política. As escolhas feitas nesse momento são expressas em leis, decretos, normas, resoluções, dentre ou tros atos da administração pública. Outro passo importante, nessa fase, é se definir como se dará o processo de tomada de decisões, ou seja, qual o procedimento que se deve seguir antes de decidir algo. Primeiramente, de verá se decidir quem participará do processo, se este será aberto ou fechado. Quando Caldas trata da participação ou não no processo de tomada de decisões, ele está apresentando a possibilidade dos governantes de abrirem espaço para a sociedade civil participar ou não. Se for uma participação aberta, os governantes necessitam determinar se haverá consulta dos favorecidos. No caso de se prever tal tipo de consulta (como, por exemplo, no Orçamento Participa tivo), é necessário estabelecer se a decisão será ou não tomada por votação, as regras em torno da mesma, o número de graus (direta ou indireta) que envolverá a consulta que será feita aos eleitores etc. Essa definição é fundamental pelo fato de que dife- rentes formas de decisão podem apresentar diferentes controla dores da Agenda e resultar em decisões diferentes (CALDAS, 2008, p. 14). Na quarta fase temos a Implementação, na qual as ações serão realizadas, é o momento de colocar o projeto em ação. Para isso o setor administrativo passa a executar o projeto. Cabe salientar que durante o processo de execução do projeto podem ocorrer mudanças drásticas, dependendo da postura do poder administrativo. TÓPICO 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO 11 E por último, temos a fase de Avaliação, a qual deve estar em permanente ação, desde o primeiro momento do estágio ou fases da elaboração das Políticas Públicas. A avaliação, em sua estrutura, mostra aos gestores quais as ações que foram bem desenvolvidas e as que deixaram lacunas. Dessa forma, a avaliação acaba sendo uma ferramenta de aprendizado e dando aos administradores respostas das ações ali empregadas. De maneira geral, o processo de avaliação de uma política leva em conta seus impactos e as funções cumpridas pela política. Além disso, busca determinar sua relevância, analisar a efici ência, eficácia e sustentabilidade das ações desenvolvidas, bem como servir como um meio de aprendizado para os atores públicos (CALDAS, 2008, p. 19). Diante do exposto, podemos perceber que as Políticas Públicas serão realmente determinantes e eficazes se ocorrer uma boa administração política. Segundo Caldas (2008, p. 19), ela será uma boa política se cumprir as seguintes funções: • Promover e melhorar os níveis de cooperação entre os atores envolvidos. • Constituir-se num programa factível, isto é, implementável. • Reduzir a incerteza sobre as consequências das escolhas feitas. • Evitar o deslocamento da solução de um problema político por meio da transferência ou adiamento para outra arena, momen to ou grupo. • Ampliar as opções políticas futuras e não presumir valores do minantes e interesses futuros nem predizer a evolução dos conhecimentos. Uma boa política deveria evitar fechar possí veis alternativas de ação. Você deve estar se perguntando: para que eu necessito saber sobre estas questões? A partir do momento que você inicia um processo de reconhecimento das ações que são desenvolvidas e elaboradas pelo sistema governamental, seja ele a nível federal, estadual ou municipal, você poderá compreender e dar sua parcela de participação no processo de construção de novas ações e programas, principalmente no que diz respeito às áreas que são de maior importância para você, sua comunidade e com relação a sua vida profissional. Frente ao exposto, vamos seguir nosso caminho, pois, depois de reconhecermos o que são as Políticas Públicas, sua função e sua elaboração, passaremos a tratar de outro documento em que também foi necessária a participação dos vários segmentos da sociedade civil organizada para sua elaboração. Estamos falando da Constituição Federal. 2.2 A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E A EDUCAÇÃO A Constituição Federal é a carta magna de um Estado Democrático, nela estão contidas todas as leis que regem o sistema governamental. UNIDADE 1 | AS POLÍTICASPÚBLICAS NA EDUCAÇÃO 12 Conforme Machado e Cunha (2016, p. 23), “a Constituição de um Estado Democrático é a cartilha na qual os cidadãos apreendem os fundamentos e a proteção de seus direitos, a disciplina da atuação e dos limites do Poder Estatal e a função social da comunidade”. Nosso país, o Brasil, possui sua Constituição, por ser um Estado Democrático, e nessa constituição estão elencados todos os segmentos que formam a estrutura governamental. A Constituição Brasileira foi promulgada em 5 de outubro de 1988 “fruto da convocação da Assembleia Nacional Constituinte pela Emenda nº 26, de 17.11.1985, e de sua posterior aprovação por essa mesma Assembleia (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 23). No que diz respeito a sua organização, a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 estava assim composta em sua composição original, conforme Machado e Cunha (2016, p. 23): [...] com 245 artigos em suas Disposições Permanentes (note-se que inúmeros artigos são compostos de vários incisos, parágrafos e alíneas, tais como os arts. 5º, 271, 22, 24, 155, entre outros) e 70 artigos em suas Disposições Transitórias (também com incisos e parágrafos, a exemplo dos arts. 27 e 47). Observa-se que a Constituição Brasileira possui, após seus 21 anos de existência, uma nova roupagem, sendo que: [...] foram aprovadas 62 emendas constitucionais, além de seis emendas de revisão. [...] Enfim, a Constituição em vigor conta agora com 250 artigos na Parte Permanente (alguns artigos ainda acrescidos ao texto com numeração sequencial alfabética – 103-A, 146-A etc.) e 97 artigos no Ato das Disposições Transitórias (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 24). Outro fator importante a ser ressaltado nesta etapa da construção da Constituição Federal são os princípios fundamentais, que cada cidadão brasileiro deve saber e que são a base da Constituição. O vocábulo princípio, do latim principium, traz à mente a noção genérica de início, começo, origem ou causa. Em sentido jurídico, princípio é norma que expressa os valores mais altos da sociedade, de tal forma que, integrado na ordem Constitucional, passa a orientar todas as demais normas e regras do ordenamento jurídico que ela baliza (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 3). Ainda conforme Machado e Cunha (2016, p. 3), “os princípios são os fundamentos com base nos quais serão previstas as regras que tem por finalidade fazê-los efetivos em determinada ordem de disciplina”. Assim, deverão ser seguidas as regras, sob “pena de, não o fazendo, ser considerada inconstitucional, justificando sua exclusão do ordenamento jurídico” (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 3). Caro acadêmico, podemos observar com estes parágrafos iniciais que estamos diante de um documento no qual se estabelece a identidade de um TÓPICO 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO 13 Estado Democrático, que deve ser seguido, conseguindo assim manter a ordem e o progresso de um país. AUTOATIVIDADE Vamos realizar uma parada para reflexão. Você, acadêmico, em algum momento buscou informações sobre como é nossa Constituição? Deixe sua observação nessas poucas linhas. Se a reposta for afirmativa ou se for negativa, deixe sua justificativa. ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ Após este momento de reflexão, e de nos percebermos como cidadãos conscientes de nossos direitos e deveres, para assim podermos realizar as cobranças de mudança em nosso país, em todas as suas esferas, vamos continuar nossos estudos caminhando dentro desse documento maior – que é a Constituição – e verificar que em seus títulos há um que será nosso foco, que é o Título VIII, que se refere à Ordem Social. Neste título encontramos oito capítulos, sendo eles dispostos na seguinte ordem: QUADRO 1 – DISPOSIÇÕES DO TÍTULO VIII – DA ORDEM SOCIAL CAPÍTULO DA ORDEM SOCIAL ARTIGOS Capítulo I Disposições Gerais Art. 193 Capítulo II Da Seguridade Social, composto pelas Seções I, II, III e IV Arts. 194 a 204 Capítulo III Da Educação, da Cultura e do Desporto. Composto por: Seção I – Da Educação Seção II – Da Cultura Seção III – Do Desporto Arts. 205 a 217 Arts. 205 a 214 Arts. 215 a 216 Art. 217 Capítulo IV Da Ciência, Tecnologia e Inovação Arts. 218 a 219 UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO 14 Capítulo V Da Comunicação Social Art. 220 a 224 Capítulo VI Do Meio Ambiente Art. 225 Capítulo VII Da Família, da Criança, do Adolescente, do Jovem e do Idoso Arts. 226 a 230 Capítulo VIII Dos Índios Arts. 231 a 232 FONTE: Organizado pela autora Observando o quadro acima, destacamos o Capítulo III, no qual está exposto na Seção I, o que diz respeito à Educação, nos artigos 205 a 214. Daremos maior ênfase a esta seção, pois é a que se relaciona ao nosso trabalho, com nossas vivências enquanto profissionais da educação. Você, acadêmico de licenciatura, que está buscando construir sua vida profissional, ou que já esteja nesta área e busca novos conhecimentos, é de suma importância perceber-se integrado nestes artigos que serão apresentados nesta unidade. Quando tratamos da Constituição Federal nos deparamos com a Educação, ponto crucial no desenvolvimento de um país. Se buscamos ordem e progresso necessitamos de uma educação que esteja voltada à melhoria da qualidade de vida de seus confederados. Assim, iniciamos com o Artigo 205: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1988). Observa-se, neste artigo, dois dos grandes princípios da Constituição, que são: o direito e o dever. O direito, inicialmente, à educação para todos. Conforme Machado e Cunha (2016, p. 1081): Assim, podemos afirmar que foi atribuído a todo indivíduo brasileiro uma prerrogativa legal de exigir do Estado e da família esse direito. Ousamos afirmar ainda, que esse direito está incorporado ao patrimônio do indivíduo, sem possibilidade de reversão, por força da lei. Desse modo, todos podem exigir do Estado e da família o referido direito, porque o legislador incumbiu-lhes tal dever, ou seja, tal obrigação refere-se à regra imposta por lei. Resumindo: o legislador constituinte incumbiu ao Estado e à família o dever de prestar educação a todos. Caberá ao Estado a complementação da educação recebida em casa pelas pessoas. Cabe ressaltar que a família também é responsável diretamente pela educação das crianças, sendo ela uma parceira do Estado nesse processo. No entanto, observam-se ainda muitas lacunas referentes a essa situação, pois ao referir-se ao dever da família na educação dos filhos, estes em muitos momentos transferem essa responsabilidade somente às escolas (Estado), tornando fragilizado o processo de ensino-aprendizagem. TÓPICO 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO 15 Mesmo diante de algumas lacunas, a Constituição Federal foi e é um documento que apresentou e apresenta grandes avanços na área educacional “e a partir daí novas leis surgem para regulamentar os artigos constitucionais e estabelecer diretrizes para a educação do Brasil” (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1081). Como exemplo, podemos citar a LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº 9.394, de 20.12.1996) e a Lei nº 10.172, que aprovou o PNE – Plano Nacional de Educação, documentos que trataremos com mais proximidade nas próximas páginas e unidades. Ainda tratando das questões relacionadas ao ensino e dever deste pelo Estado e família, vejamoso artigo 206 da Constituição (BRASIL, 1988): Artigo 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV – gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V – valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) VI – gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII – garantia de padrão de qualidade; VIII – piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de trabalhadores considerados profissionais da educação básica e sobre fixação de prazo para a elaboração ou adequação de seus planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) Ressalta-se, neste artigo, caro acadêmico, que a garantia do ensino, a qualidade, a igualdade quanto ao acesso e permanência na escola, a liberdade de aprender, o pluralismo de ideias, gratuidade do ensino público, a gestão e valorização dos profissionais da educação estão garantidos nesses princípios. No que diz respeito à igualdade, Machado e Cunha (2016, p. 1082) afirmam que: A igualdade – um dos fundamentos básicos inerentes à própria noção de República (art., 1º da CF) e, portanto, do estado democrático de Direito, pois não é possível falar em dignidade da pessoa humana sem o respeito à igualdade e à liberdade – tratada neste inciso, vem a ser a relação de paridade, ou uniformidade, a relação de igualdade entre todas as pessoas para que possam usufruir as mesmas condições de ensino. Afinal, quando os homens se propuseram a formar uma república, fizeram-na desde que sob um Estado que outorgasse a si mesmo, por intermédio de uma Constituição, instituições que respeitassem a igualdade, vista como postulado básico à própria formação do regime republicano. UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO 16 CF – Constituição Federal No que diz respeito à “liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber” (BRASIL, 1988), podemos observar que todos possuem o direito e a liberdade de fazer o quiserem. A palavra liberdade, em sentido amplo, vem a ser a ausência de constrangimento alheio, ou seja, é livre o homem que faz aquilo que quer e não o que o outrem determine que faça. O homem, segundo esse princípio, não deve sofrer nenhum tipo de constrangimento social quando estiver aprendendo, ensinando, pesquisando e divulgando o seu pensamento, sua arte e o seu saber (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1083). É importante ressaltar que o princípio da liberdade está relacionado ao princípio da legalidade, estabelecido no inciso II do art. 5º da CF (BRASIL, 1988): Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direto à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; [...] Cabe ressaltar que a liberdade aqui apregoada se trata de perceber que cabe ao cidadão ser livre de realizar ou não determinadas ações sem ser coagido em qualquer situação. Esta situação nos remete à posição do professor em sala de aula, ao ensinar é preciso que ele tenha liberdade de pensamento: [...] para desenvolver modelos pedagógicos os quais se adaptem às necessidades de seus alunos, ou, até mesmo, ter liberdade para reconhecer que muitas vezes ensinar é levar o aluno a aprender por si só, como é o caso do professor orientador, ou maiêutico, para relembrarmos Sócrates (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1083). Ainda cabe ressaltar que o professor possui a responsabilidade de buscar o conhecimento e instigar a pesquisa, conseguindo assim o aprimoramento dos trabalhos desenvolvidos na escola com os alunos. Transformando as aulas em momentos de criatividade, descoberta e de instigar a curiosidade do aluno. Para tanto o professor necessita ter vontade e competência pedagógica. Com relação ao pluralismo de ideias, de concepções pedagógicas e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino (BRASIL, 1988), podemos compreender que vivemos rodeados por diversas maneiras de ver, NOTA TÓPICO 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO 17 ouvir, pensar, dando possibilidades infinitas de construirmos e conhecermos novas culturas e elaborarmos novos pensamentos. O respeito às diferenças nos leva a compreender que a educação não pode ser vista de maneira homogênea, dentro de uma sala de aula estão presentes diversas culturas, ninguém é igual a ninguém. E aí é que reside a beleza da construção do ensino. Conforme este inciso, que trata do pluralismo de ideias, Machado e Cunha (2016, p. 1084) afirmam que: Os seres que formam o mundo são diversos, individuais, diferentes, múltiplos, heterogêneos e, assim sendo, jamais poderão ser considerados dentro de uma realidade absoluta. As pessoas pensam de maneiras diferentes. O ensino não pode ser pautado em ideias homogêneas, em concepções pedagógicas únicas e absolutas, pois estaríamos diante de um empobrecimento cultural e intelectual. Ademais, ao professor é preciso liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar seu pensamento para que lhe seja possível a criação de estratégias pedagógicas as quais se amoldem às necessidades dos alunos. Acreditamos que você, acadêmico, tenha percebido que a presença da liberdade leva tanto as instituições públicas como privadas a construir dentro das escolas o respeito às ideias do outro e a noção também de igualdade. Assim, conseguimos construir os valores de democracia social que são representados pelo pluralismo de ideias e pelas concepções pedagógicas (MACHADO; CUNHA, 2016). No inciso IV do art. 206, que trata da gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais, podemos compreender que o Estado está proibido de realizar qualquer cobrança de valores relacionados à oferta da educação escolar básica. Ressaltamos que a escola pública é uma instituição que todo e qualquer indivíduo poderá se matricular independentemente de classe social, religião ou raça. Estas instituições são mantidas pelo Poder Público “por intermédio da gestão de recursos públicos” (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1084). As escolas públicas são escolas pagas com os impostos cobrados da população, mas não são privadas, isto é, não visam ao lucro, mas a atender uma demanda social. O direito ao ensino público e gratuito não foi afastado daqueles que podem pagar pela prestação de serviços educacionais, pois se de outra forma ocorresse seria discriminação, mas aqueles que podem pagar pelo ensino têm recebido uma educação de melhor qualidade, já que o Estado tem se afastado de sua obrigação de empreender ações capazes de ampliar tanto o oferecimento como a qualidade da educação escolar, nos termos constitucionalmente estabelecidos (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1084-1085). Caro acadêmico, vamos tratar agora de outro inciso de relevante significado a cada um de nós, estamos falando do inciso V, que trata “da valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas” (BRASIL, 1988). Conforme consta na Constituição Federal, esteinciso foi modificado na data de 19 de dezembro de 2006, através da Emenda Constitucional nº 53. UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO 18 Esta nova redação, dentre outras já ocorridas, “demonstra que o legislador não sabe como valorizar o profissional do ensino” (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1085). A nova redação do inciso substitui a expressão ‘profissionais do ensino’ por ‘profissionais da educação’, que possui um sentido mais amplo, já que não só trata do magistério, mas de todos os profissionais de educação escolar pública. O novo texto também prevê que a valorização se aplica aos profissionais do ensino privado, mesmo que as garantias especificadas não os alcancem. Além disso, pela leitura do inciso sob comento, todos esses profissionais deverão contar com remuneração condigna aos objetivos de sua profissão, bem como condições adequadas de trabalho (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1085). Ressalta-se, ainda, que cada estado da federação possui sua legislação relativa aos profissionais do magistério, mas que devem ser respeitadas todas as leis previstas na Constituição Federal. No que tange ao inciso VI, que trata da “gestão democrática do ensino público, na forma da lei” (BRASIL, 1988), este inciso tem o objetivo de demonstrar a cada cidadão que o conceito de democracia implica “um processo de convivência social em que o poder emana do povo e é por ele exercido direta ou indiretamente em seu próprio proveito” (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1085). O princípio democrático é aquele que assegura aos cidadãos o pleno direito de participação nas tomadas de decisão, e essas noções devem ser difundidas no ensino público e permear o cotidiano dos educandos. A adoção desse princípio pode significar a introdução de eleições diretas para reitores e todas as demais autoridades universitárias, assim como a participação paritária de estudantes, funcionários e professores em órgãos colegiados, configurando a participação de todos na questão educacional (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1085). Cabe ressaltar ainda que, conforme apresentado anteriormente, cada estado, em sua organização, pode apresentar em sua proposta curricular elementos que configurem a possibilidade de existirem eleições diretas para diretor das unidades escolares, dando assim, maior abertura democrática no espaço escolar. Continuando nosso estudo, chegamos ao inciso VIII, que trata do “piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal” (BRASIL, 1988). Este inciso também foi acrescentado pela Ementa Constitucional nº 53, de 19 de dezembro de 2006. Este inciso tem o intuito de diminuir as desigualdades salariais dos profissionais da educação existentes entre os estados da federação. Conforme Machado e Cunha (2016, p. 1086), “este novo inciso, em verdade, quer assegurar o caráter nacional do piso salarial dos profissionais da educação. Tal previsão, que pelo caráter peremptório do texto, revela ser um princípio e demonstra uma conquista dos profissionais da educação”. TÓPICO 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO 19 Chegamos ao parágrafo único do art. 206, no qual “a lei disporá sobre as categorias de trabalhadores considerados profissionais da educação básica e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou adequação de seus planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios” (BRASIL, 1988). Este parágrafo foi acrescentado pela Emenda Constitucional nº 53, de 19 de dezembro de 2006, e conforme Machado e Cunha (2016, p. 1087), “este parágrafo deve ser regulamentado por lei federal e prevê as categorias de trabalhadores profissionais que atuam na educação básica e a definição dos valores de seus pisos salariais e de seus respectivos planos de carreira”. Quando tratamos dos planos de carreira, é necessário compreender que eles “são um instrumento de gestão que objetiva o desenvolvimento dos profissionais da educação das instituições de ensino vinculadas ao MEC – são fundamentais para que a atividade educacional não se torne apenas um ganho avulso ou uma tarefa ocasional” (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1087). Ainda tratando da Seção I, vamos nos ater ao artigo 207, que assim trata: “Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático-pedagógica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão aos princípios de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão” (BRASIL, 1988). Neste artigo apresentam-se questões relativas à autonomia, palavra que denota a liberdade de trabalho em todos os âmbitos universitários. Cabe aqui uma ressalva, antes da Constituição de 1988, as universidades, em nosso país: [...] surgiram por iniciativa do poder do Estado e por muito tempo estiveram sob sua ingerência, principalmente durante a Ditadura Militar de 1964 ao início dos anos 1970, para atender objetivos estratégicos dos militares, o que nos faz concluir que as universidades eram muito mais estatais que públicas, já que nesse período houve um êxodo de profissionais do ensino por razões de perseguição política, principalmente dos que quiseram manter autonomia de sua cátedra (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1087). Mesmo depois desse caminho percorrido pelas universidades, após a Ditadura Militar, com a Constituição de 1988 se definiu a autonomia universitária, mas as universidades continuam compondo-se como uma extensão administrativa do poder estatal “posto que a natureza pública dos seus serviços exige alguma forma de controle e avaliação por parte do Estado e da sociedade mesmo que isso não signifique ingerência” (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1087). No que tange à autonomia didático-científica, administrativa e patrimonial, Machado e Cunha (2016, p. 1087, grifos do original) afirmam que: A autonomia didático-pedagógica de que trata o artigo vem a ser a liberdade que as universidades devem ter de definir currículos; abrir e fechar cursos, tanto de graduação como de pós-graduação e de extensão; e definir suas linhas prioritárias e mecanismos de financiamento da UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO 20 pesquisa, de acordo com as regras internas. Portanto, diz respeito à possibilidade de as universidades conduzirem sem restrições as atividades de ensino e aprendizado. Quanto à autonomia administrativa, as universidades poderão se organizar internamente, da maneira que melhor lhes convier, com estatutos próprios e, também, organização de planos de carreira para o magistério público nas universidades federais (art. 206, V, da CF), enfim, trata-se da possibilidade de autogovernar-se. Já em relação à autonomia de gestão financeira e patrimonial, refere- se à dotação orçamentária e à plena liberdade de remanejamento de recursos. A autonomia patrimonial está vinculada à ideia de constituição de patrimônio próprio, liberdade para obtenção de rendas de vários tipos e utilização de tais recursos da forma que convier às universidades. O encaminhamento da autonomia universitária deve se dar com base na indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, já que esses três itens se complementam. Diante do exposto, podemos determinar que as universidades, mesmo possuindo sua autonomia, devem se manter ligadas ao MEC – Ministério da Educação, e à Constituição Federal, como também à LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação, a qual será estudada na próxima unidade. Mesmo possuindo autonomia, toda e qualquer autarquia pública necessita do controle e da avaliação de seus serviços, da sociedade e do Estado. Dá-se, ainda, às universidades o direito de admitir professores, técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei, apresentado no parágrafo 1º, o qual foi acrescentado pela Ementa Constitucional nº 11, de 30 de abril de 1996. Neste parágrafo ainda se encontra atrelado o parágrafo 2º que prevê também a pesquisa científica e tecnológica federais (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1088). Caro acadêmico, você talvez venha a se questionar: para que eu precisosaber destes artigos, parágrafos e incisos? Independentemente de sua licenciatura, necessita sim ter o conhecimento das leis, as quais regem nosso trabalho e vida profissional. Nada é demais. E saber das leis demonstra que estamos cada vez mais preparados para caminhar neste espaço chamado educação. Passaremos a tratar do artigo 208, onde se encontram os deveres que o Estado possui com a educação escolar pública. Dedicaremos uma atenção especial a este artigo, pois trata de questões relativas à obrigatoriedade e gratuidade da educação básica. Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: I – educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; II – progressiva universalização do ensino médio gratuito; III – atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; IV – educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade; TÓPICO 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO 21 V – acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; VI – oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando; VII – atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde (BRASIL, 1988). Observa-se que nesse artigo se encontra o conteúdo relativo aos deveres do Estado para com a população brasileira, que é de prestar educação escolar pública de qualidade e gratuita. Quando tratamos da educação básica estamos nos referindo ao nível de ensino que abrange os primeiros anos de educação formal, que corresponde ao direito de todos os brasileiros à formação comum necessária ao exercício de cidadania e a sua qualificação para o trabalho e a continuidade de seus estudos. Outro fator a ser ressaltado é que para existir este movimento possuímos dois documentos principais que abarcam a educação básica, que são: a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, Lei nº 9.394 de 20.12.1996, e o Plano Nacional de Educação – PNE, Lei nº 10.172/2001, ambos regidos pela Constituição da República Federativa do Brasil. Conforme Abrão (2016, p. 1089): De acordo com a Classificação Internacional Normatizadora da Educação (International Standard Classification of Education – Isced), a educação básica inclui: (1) a educação primária, ou seja, o primeiro estágio da educação básica, correspondente à aprendizagem básica da leitura, da escrita e das operações matemáticas simples; e (2) o ensino secundário inferior, isto é, o segundo estágio do processo de escolarização, correspondente à consolidação da leitura e da escrita e às aprendizagens básicas na área da língua materna, história e compreensão do meio social e natural envolvente. No que diz respeito a questões relativas ao sistema educativo brasileiro e de países em desenvolvimento, Abrão (2016, p. 1089) apresenta que: “Alguns sistemas educativos, em particular os de países em desenvolvimento, incluem na educação básica a educação pré-escolar e os programas de ensino de segunda oportunidade destinada à alfabetização de adultos”. Neste caso encontramos a EJA (Educação de Jovens e Adultos), programa que auxilia na alfabetização de jovens e adultos em nosso país. Podemos ainda dizer que o Plano Nacional de Educação – PNE desenvolvido no Brasil, contempla como educação básica a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. Abrão (2016, p. 1089) ressalta que: [...] a educação Infantil compreende a faixa etária de 0 a 6 anos, porém, em nosso país há tratamento diferenciado entre as faixas etárias de 0 a 3 anos e de 4 a 6 anos para a pré-escola; além disso as creches deverão adotar objetivos educacionais, transformando-se em instituições de educação, segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais emanadas do Conselho Nacional de Educação. Essa determinação segue a melhor pedagogia, pois é nessa idade, precisamente, que os estímulos educativos UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO 22 têm maior poder de influência sobre a formação da personalidade e o desenvolvimento da criança. Trata-se de um tempo que não pode ser descurado ou mal orientado. Frente ao exposto, podemos perceber que para o PNE, este tema é sua “menina dos olhos”, pois a formação da criança ocorre desde os primeiros momentos de sua vida, e quando entra na educação formal, os profissionais da educação devem organizar-se determinando objetivos que auxiliem no desenvolvimento global da criança, possibilitando uma sequência educativa de qualidade. É importante saber, caro acadêmico, que a Emenda Constitucional nº 59/2009 estabeleceu em relação à educação básica duas diretrizes, assim apresentadas por Abrão (2016, p. 1089): “ [...] é dever do Estado prestá-la; e é obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria”. Cabe ressaltar que os estrangeiros, como os brasileiros, possuem o direito à gratuidade na educação básica, que estejam na idade própria (7 a 14 anos). Os pais ou responsáveis pelas crianças poderão exigir isso do Estado, pois a educação básica é obrigatória, independente também da idade. No que diz respeito ao inciso II, que trata da progressiva universalização do ensino médio gratuito, podemos determinar que este dá a possibilidade de continuidade dos estudos de maneira gratuita aos adolescentes. Conforme Abrão (2016, p. 1090): [...] atendendo o princípio estabelecido no art. 206, I, do texto Maior, o qual prevê ‘a igualdade de condições ao acesso e permanência na escola’. Entretanto, estabeleceu o constituinte com tal inciso que o Estado não deve ficar inerte em relação ao prosseguimento do ensino dos educandos [...] e deverá construir escolas e oferecer condições necessárias para atender o maior número possível de educandos no ensino médio, sempre considerando a realidade de cada ente federado. Já no inciso III, se apresenta como dever do Estado o “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino” (BRASIL, 1988). Ressaltamos que mesmo possuindo todos estes direitos com as leis, cabe ao estado dar condições tanto pedagógicas como físicas para que os profissionais da educação e as crianças a serem atendidas possuam condições dignas de trabalho e de permanência nos espaços escolares. Independentemente de ser escola pública ou privada, a educação precisa ser desenvolvida e as crianças muito bem recebidas, conseguindo assim, avanços educacionais. Conforme a Constituição, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, o Conselho Nacional de Educação por meio do parecer CNE/CEB nº 17/2001 e da Resolução CNE/CEB nº 2/2001, ditou aos sistemas de ensino, seja ele privado ou público, a responsabilidade de matricular todas as crianças com necessidades educacionais especiais. TÓPICO 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO 23 Em seu art. 5º, essa Resolução prescreveu o conteúdo da expressão ‘educando com necessidades educacionais especiais’, como sendo os alunos que, durante o processo educacional apresentarem: I – dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo de desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das atividades curriculares, compreendidas em dois grupos: a) aquele não vinculado a uma causa orgânica específica; b) aqueles relacionados a condições, disfunções, limitações ou deficiências; II – dificuldades de comunicação e sinalização de linguagens e códigos aplicáveis; III – altas habilidades/ superdotação, grande facilidade de aprendizagem que os leve a dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes (ABRÃO, 2016, p.1091). O educando possui o direito de se matricular e frequentar a escola, independentemente de ser pública ou privada, e sempre lembrando da necessidade de a escola possuir uma estrutura adequada para o receber, e perceber que independentemente de seu problema, é importante a sua permanência e convívio saudável na escola. Cabe ressaltar que o entendimento, com relação ao “educando com necessidades educacionais especiais”, como se apresenta no art. 5º, trata não só dos educandos com dificuldades físicas ou intelectuais elevadas, mas sim, de todos que de uma maneira ou outra possuem alguma dificuldade educativa de compreensão ou socialização. O inciso IV trata da garantia de educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade, observamos que ocorreu uma nova redação, ficando assim, apresentada nas palavras de Abrão (2016, p. 1091): O texto deste inciso, alterado pela EC n. 53/2006, incorpora a educação infantil como dever do Estado brasileiro. A prescrição sob comentário, em verdade, adéqua seu texto da Lei n. 11.274/2006 – que alterou alguns dispositivos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação -, já que inclui as crianças de seis anos de idade no ensino fundamental obrigatório com duração de nove anos. EC – Emenda Constitucional Com relação a esse inciso, podemos perceber que as crianças que completam seis anos no ano letivo deverão ser matriculadas no Ensino Fundamental, dando continuidade ao processo educacional voltado à alfabetização e letramento. NOTA UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO 24 FIGURA 1 – ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO FONTE: Disponível em: <http://neuropsicopedagogianasaladeaula. blogspot.com.br/2012/04/o-processo-de-alfabetizacao-na-historia. html>. Acesso em: 19 set. 2016. Caro acadêmico, ao tratarmos do assunto alfabetização e letramento, indagamos: o que é alfabetização e letramento? São sinônimos? Vamos refletir sobre isso, pois é de extrema importância buscarmos esse entendimento. Quando falamos em alfabetização e letramento, estamos tratando do que nos é apresentado no PNAIC – Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. FIGURA 2 – CONCEITO DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO FONTE: Disponível em: <http://pt.slideshare.net/CamilaRibeiro35/alfabetizaao-e- letramento-pnaic>. Acesso em: 25 jul. 2016. Podemos perceber que o alfabetizar e letrar se confundem, estão interligados, de acordo com Magda Soares (1998, p. 47): “Alfabetizar e letrar são duas ações distintas, mas são inseparáveis, ao contrário, o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja: ensinar a ler e escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, de modo que o indivíduo se tornasse, ao mesmo tempo alfabetizado e letrado”. TÓPICO 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO 25 O slide da figura anterior e os demais que o compõe, são de Camila Ribeiro, pedagoga da Prefeitura Municipal de Araucária, e se encontram na íntegra no link: <http:// pt.slideshare.net/CamilaRibeiro35/alfabetizaao-e-letramento-pnaic>. Acesso em: 25 jul. 2016. Com este entendimento sobre alfabetização e letramento, podemos perceber que todo educando necessita dos profissionais da educação comprometidos e que o Estado dê a estes profissionais condições de aprimoramento e entendimento. No que diz respeito ao inciso “V – acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um”; e ao inciso “VI – oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando” (BRASIL, 1988); observamos que a cada indivíduo é dado o direito de participar ou acessar a universidade, a pesquisa, que muito se fala na atualidade, como uma das necessidades mais presentes na esfera educacional e das criações artísticas. Conforme Abrão (2016, p. 1091-1092): “[...] tal direito será conferido àqueles que demonstram capacidade de acordo com os mecanismos de aferição que lhes forem impostos”. Já o inciso VI, apresentado acima, denota que o Estado tem o dever de criar ações que atendam à igualdade de condições para o acesso e permanência do educando na escola, “oferecendo a ele o ensino noturno regular adequado as suas condições, já que, normalmente, os cursos noturnos são procurados por pessoas com mais idade, as quais trabalham durante o dia e necessitam estudar à noite” (ABRÃO, 2016, p. 1092). E, por último, o inciso VII, que trata do “atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde”. Este inciso trata do que anteriormente comentamos, de nada adianta mantermos os educandos em sala de aula, lhes dando o direito à matrícula, gratuidade do ensino, se não lhes são dadas condições físicas e pedagógicas para tanto. Como assim? Da seguinte forma, conforme nos prescreve Abrão (2016, p. 1092): Esse preceito constitucional é de suma importância, pois não basta garantir o direito ao ensino público gratuito, porque por si só ele não se efetiva. São necessários programas suplementares para que seja possível manter um estudante na escola. Diante da miserabilidade de parcela significativa da população brasileira, os programas de oferta de material escolar, transporte, saúde e alimentação não podem se dissociar do direito à educação, porque se de outra forma ocorresse, este último não se realizaria. DICAS UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO 26 A autora ainda nos apresenta de maneira bem clara: Um aluno com fome não consegue assimilar as lições de seu professor, sem saúde, não consegue estudar, sem transporte não chega à escola e sem material não acompanha a lição. Desse modo, para que o ensino seja ministrado, não basta o princípio da igualdade de condições ao acesso e permanência na escola, o Estado deverá ser chamado a dar condições concretas e efetivas para viabilizar esse princípio. Para tanto, o constituinte atribui ao estado o dever de promover ações, e, todas as etapas da educação básica, para garantir de forma suplementar o material didático-escolar, o transporte, a alimentação e a assistência à saúde dos educandos. Mas deixemos bem claro que a atuação do Estado, por meio de programas para promoção dessas ações, é suplementar, pois deverá atingir somente os educandos que não tenham condições de se autossustentar (ABRÃO, 2016, p. 1092). Nas próximas unidades trataremos dos programas que o Estado promove para auxiliar no desenvolvimento e melhoria da vida educacional dos educandos. Caro acadêmico, parece um pouco cansativo este processo de estudo, mas saiba que é necessário para sua formação, enquanto profissional da educação. Desta forma, vamos dar continuidade, agora apresentando outro artigo. “Art. 209 – O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições” (BRASIL, 1988): I – cumprimento das normas gerais da educação nacional: as escolas privadas poderão exercer o ensino, mas deverão seguir as regras previstas nos documentos oficiais como a LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação, o PNE – Plano Nacional de Educação, dentre outros documentos relacionados à educação. II – autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público: quanto ao direito de abertura de escolas privadas, cabe e é dado o direito ao Poder Público de sancionar, liberar, autorizar a abertura destas instituições privadas e verificar se elas atendem ao que é prerrogativa de melhoria na qualidade educacional dos educandos. Cabe também ao Poder Público realizar avaliações, em que ele “poderá revogar a autorização caso verifique que atitudes contrárias ao interesse social, como ensino de baixa qualidade e preços de mensalidades extorsivos, estão sendo praticados” (ABRÃO, 2016, p. 1095). O artigo 210, trata de uma temática de extrema importância, que assim se apresenta: “Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais
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