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Políticas Sociais - Família, Criança, Adolescente, Idoso e Pessoa com Deficiência

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Prévia do material em texto

2016
Políticas sociais – 
Família, criança, 
adolescente, idoso e 
Pessoa com deFiciência
Prof.ª Joelma Crista Sandri Bonetti
Prof.ª Neusa Mendonça Franzmann
Copyright © UNIASSELVI 2016
Elaboração:
Prof.ª Joelma Crista Sandri Bonetti
Prof.ª Neusa Mendonça Franzmann
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
360
B712p Bonetti; Joelma Crista Sandri
 Políticas sociais – família, criança, adolescente, idoso e pessoa com
 deficiência/ Joelma Crista Sandri Bonetti; Neusa Mendonça Franzmann:
 UNIASSELVI, 2016.
 185 p. : il.
 
 ISBN 978-85-7830-979-4
 1. Serviço social. 
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci
III
aPresentação
Queridos acadêmicos, estamos iniciando mais uma disciplina. 
Neste caderno de Políticas Sociais - Família, Criança e Adolescentes, Idosos 
e Pessoas com Deficiência, abordaremos de maneira mais breve a questão 
da mulher, todas essas temáticas estão em evidência na atualidade como 
matéria-prima para a intervenção dos assistentes sociais.
Sempre que for identificada qualquer situação que indique 
fragilidades de vínculos ou conflitos familiares, faz-se importante que a rede 
de serviço e atendimento seja acionada para averiguar a situação e assim 
evitar expor os indivíduos a situações de violência. Dependendo da situação 
existem possibilidades de minimizar danos e traçar juntos aos usuários 
estratégias de atendimentos.
Neste caderno abordaremos todos os segmentos que trata o 
planejamento familiar, portanto, aproveite a oportunidade de aprender e 
tirar suas dúvidas, pois esta disciplina lhe proporcionará referências teóricas 
que facilitará a intervenção na prática profissional. 
Na primeira unidade será apresentada a questão da família, 
abordaremos de maneira sucinta o processo histórico e as mudanças 
na concepção social em relação à instituição familiar e a importância 
de cada segmento nessa composição; será abordado o porquê de certos 
comportamentos em relação a atribuições e responsabilidades de cada gênero 
(homem, mulher, filhos e descendentes) e seu comportamento na sociedade.
Na segunda unidade vamos expor de maneira simples e clara a 
questão das mudanças atribuídas às crianças e aos adolescentes, são recentes, 
porém apresentam contradições, sendo que a legislação apesar de descrever 
direitos e deveres familiares e da sociedade, entende que não consegue suprir 
todas as demandas impostas.
Na terceira unidade subdividimos as temáticas referente aos Idosos, 
Pessoas com Deficiência e de maneira mais precisa, a questão da mulher. 
Em relação à questão dos idosos, essa temática vem ganhando 
repercussão devido a projeções nacionais que apontam o crescimento 
em relação ao número de idosos, seja pela melhora na qualidade de vida 
ou no avanço da medicina, é fato que teremos cada vez mais idosos e será 
necessário buscar entender que tipo de atendimento pode ser apresentado e 
desenvolvido para esse grupo em ascensão.
Quando observamos a questão da pessoa com deficiência na 
contemporaneidade, tomamos consciência do quanto essa questão está 
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
abandonada pelas políticas públicas, pois a sociedade passa a ter outro olhar 
quando temos alguém na família que nasce ou adquire alguma deficiência.
Ressaltamos que temos no país uma legislação em relação aos 
direitos da pessoa com deficiência, porém acaba sendo secundário, no que 
diz respeito ao conhecimento, aos profissionais de serviço social cabe o dever 
de orientar, encaminhar e de acompanhar as pessoas com deficiência, pois 
essa negligência não é apenas administrativa ela também pode ser familiar. 
No que diz respeito à questão da mulher, que se apresenta como 
um desafio numa sociedade com traços machista e mulheres submissas, 
o trabalho interdisciplinar se faz necessário, como também é importante 
o apoio da pessoa que vivencia tais conflitos, da família e da rede de 
atendimento, que compreende a situação de vulnerabilidade emocional, 
afetiva, financeira e o tipo de dependência que essa relação estabelece, por 
isso é imprescindível que a intervenção seja efetiva. 
Prof.ª Joelma Crista Sandri Bonetti
Prof.ª Neusa Mendonça Franzmann
NOTA
V
VI
VII
UNIDADE 1 – A EXPRESSÃO FAMÍLIA E SUAS FORMAS MULTIFACETADAS .................. 1
TÓPICO 1 – A FAMÍLIA DE ONTEM E DE HOJE ........................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 A ORIGEM E A HISTORICIDADE DA FAMÍLIA A PARTIR DO PAPEL, E AS 
 FUNÇÕES DESEMPENHADAS ........................................................................................................ 5
3 RECONHECENDO DIFERENTES TIPOS DE FAMÍLIAS ........................................................... 7
4 NOVAS CATEGORIAS DE FAMÍLIA .............................................................................................. 9
5 PRECEITOS DA FAMÍLIA CONTEMPORÂNEA ......................................................................... 9
5.1 O PAPEL DO DIVÓRCIO NAS NOVAS CONFIGURAÇÕES DE FAMÍLIA ......................... 10
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 16
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 17
TÓPICO 2 – A CONSTRUÇÃO DOS PAPÉIS DE GÊNERO NA SOCIEDADE ........................ 19
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 19
2 CONCEITOS DE GÊNERO ................................................................................................................ 20
2.1 RECONHECENDO OS PAPÉIS DE GÊNERO ............................................................................ 21
2.2 COMPREENDENDO A RELAÇÃO HOMEM X MULHER ...................................................... 22
2.2.1 Construção Social do homem na sociedade........................................................................ 23
2.2.2 A construção social da mulher na sociedade ...................................................................... 24
2.2.3 O papel da mulher na atualidade......................................................................................... 25
2.2.4 Construção social dos filhos na sociedade .......................................................................... 27
2.3 COMPREENDENDO NOVAS CONFIGURAÇÕES DE GÊNERO (TRANSGÊNEROS) ...... 29
2.3.1 Travesti ..................................................................................................................................... 31
2.3.2 Homossexual ........................................................................................................................... 32
3 DEFINIÇÃO DE TERMINOLOGIAS UTILIZADAS PARA DESIGNAR TERMOS 
INCLUSIVOS EM RELAÇÃO À TRANSVERSALIDADE ......................................................... 34
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 39
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 40
TÓPICO 3 – A LEGALIDADE DA CONSTITUIÇÃO FAMILIAR ................................................ 43
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 43
2 A COMPREENSÃO DO SERVIÇO SOCIAL QUANTO AOS TIPOS DE FAMÍLIA 
LEGALMENTE CONSTITUÍDOS .................................................................................................... 46
3 POLÍTICAS SOCIAIS PARA AS FAMÍLIAS .................................................................................. 54
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 56
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 60
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 62
sumário
VIII
UNIDADE 2 – A TRAJETÓRIA DAS POLÍTICAS SOCIAIS EM RELAÇÃO AO 
 CONTEXTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE NA SOCIEDADE
 CONTEMPORÂNEA ..............................................................................................................63
TÓPICO 1 – CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ................. 65
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 65
2 EVOLUÇÃO E O CONCEITO DA INFÂNCIA .............................................................................. 66
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 75
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 76
TÓPICO 2 – A LEGISLAÇÃO E A QUESTÃO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE E 
 O PAPEL DAS TRÊS ESFERAS GOVERNAMENTAIS ............................................ 77
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 77
2 A LEGISLAÇÃO E A QUESTÃO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE E O PAPEL 
 DAS TRÊS ESFERAS GOVERNAMENTAIS .................................................................................. 77
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 89
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 90
TÓPICO 3 – ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO NA VIOLÊNCIA CONTRA 
CRIANÇAS E ADOLESCENTES ................................................................................... 91
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 91
2 O PAPEL DA FAMÍLIA ....................................................................................................................... 91
3 GUARDA COMPARTILHADA ......................................................................................................... 93
4 ALIENAÇÃO PARENTAL ................................................................................................................... 95
5 AÇÕES DE ENFRENTAMENTO EM CASO DE SUSPEITA OU CONFORMAÇÃO 
 DA VIOLAÇÃO DE DIREITOS ......................................................................................................... 99
5.1 CONSELHO TUTELAR ................................................................................................................102
6 COMPREENDENDO A VIOLAÇÃO DE DIREITOS .................................................................105
6.1 MEDIDAS PROTETIVAS ..............................................................................................................107
6.2 ADOÇÃO ........................................................................................................................................109
7 CADASTROS EM ÂMBITO NACIONAL, REGIONAL E INTERNACIONAL ....................114
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................115
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................118
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................119
UNIDADE 3 – RECONHECENDO A REALIDADE VIVENCIADA NA 
 CONTEMPORANEIDADE PELOS IDOSOS, PESSOAS COM 
 DEFICIÊNCIA E A MULHER ..................................................................................121
TÓPICO 1 – A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA E A CONTEMPORANEIDADE DOS 
 IDOSOS ...........................................................................................................................123
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................123
2 RECONHECENDO O PAPEL DOS IDOSOS NA SOCIEDADE ..............................................123
3 A CONDIÇÃO DO IDOSO NO BRASIL ......................................................................................125
4 ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO ENVELHECIMENTO .........................................................126
5 A FAMÍLIA E OS IDOSOS ...............................................................................................................131
6 IDOSOS E AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS .............................................................................133
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................134
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................137
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................139
IX
TÓPICO 2 – O PAPEL DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NA SOCIEDADE .....................141
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................141
2 BREVE RELATO SOBRE A HISTÓRIA DA DEFICIÊNCIA .....................................................141
3 INFORMAÇÕES BÁSICAS SOBRE AS DEFICIÊNCIAS ..........................................................146
3.1 DEFICIÊNCIA FÍSICA ..................................................................................................................148
3.2 DEFICIÊNCIA AUDITIVA ...........................................................................................................1503.3 DEFICIÊNCIA VISUAL ................................................................................................................153
3.4 DEFICIÊNCIA INTELECTUAL ...................................................................................................154
3.5 DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA ..........................................................................................................156
4 REFLETINDO SOBRE O ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA ............................159
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................161
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................162
TÓPICO 3 – A QUESTÃO DA MULHER NA ATUALIDADE .....................................................163
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................163
2 O PAPEL DA MULHER NA SOCIEDADE ....................................................................................163
2.1 A MULHER E SUA REPERCUSSÃO SÓCIO-HISTÓRICA ....................................................165
2.2 A MULHER NA CONTEMPORANEIDADE ............................................................................166
3 A MULHER ENTRE AS CONQUISTAS E SEUS DESAFIOS FRENTE À REALIDADE .....167
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................175
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................177
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................179
X
1
UNIDADE 1
A EXPRESSÃO FAMÍLIA E SUAS 
FORMAS MULTIFACETADAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade, você será capaz de:
• identificar as principais configurações de família desde sua origem à 
contemporaneidade; 
• compreender a constituição histórica de gêneros e seu comportamento na 
sociedade;
• conhecer a legislação que norteia a intervenção e a prática profissional do 
assistente social.
A Unidade 1 está dividida em três tópicos distintos. Ao final de cada um 
deles você encontrará autoatividades que auxiliarão no seu aprendizado.
TÓPICO 1 – A FAMÍLIA DE ONTEM E DE HOJE
TÓPICO 2 – A CONSTRUÇÃO DOS PAPÉIS DE GÊNERO NA SOCIEDADE
TÓPICO 3 – A LEGALIDADE DA CONSTITUIÇÃO FAMÍLIA
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
A FAMÍLIA DE ONTEM E DE HOJE
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico, quando falamos de família, ampliamos sua conotação 
na medida em que tentamos entender determinados conceitos, sendo que podem 
ter significados diferentes, dependendo da estrutura familiar que se pretende 
compreender.
• O que é uma família de fato? 
• Qual sua função? 
• Família é: um casal com filhos? Ou um casal sem filhos? E os casais homossexuais?
• E irmãos convivendo juntos sem a presença dos pais? 
• O pai e a mãe com a inserção de madrasta e padrasto?
• As avós, avôs, tios, primos, os parentes do atual marido/mulher são da família?
• Existe ex-família?
Neste sentido, é necessário estarmos preparados para compreender 
as novas configurações de famílias existentes na contemporaneidade, acima 
apresentamos alguns exemplos, no entanto estes podem variar de acordo com a 
realidade de cada um.
É possível compreender que família: 
É qualquer grupo em que as pessoas vivem, comem e dormem juntas, 
qualquer que seja a composição, forma ou nome que o grupo possa ter. 
A única coisa importante na definição de família é que este pequeno 
grupo tenha um passado e um futuro comuns, embora estes possam 
ser de curta duração (LYNK, 1978, p. 1).
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) define família 
como o “conjunto de pessoas ligadas por laços de parentesco, dependência 
doméstica ou normas de convivência, residente na mesma unidade domiciliar, ou 
pessoa que mora só em uma unidade domiciliar”. Considera, portanto, família um 
casal ou até uma pessoa que mora só, como “família unipessoal”, privilegiando o 
domicílio comum em sua definição.
UNIDADE 1 | A EXPRESSÃO FAMÍLIA E SUAS FORMAS MULTIFACETADAS
4
FIGURA 1 - NOVAS CONFIGURAÇÕES DE FAMÍLIA
FONTE: Disponível em: <http://www.betaredacao.com.br/estatuto-da-familia-pros-contras-e-
memes/>. Acesso em: 10 fev. 2016.
Logo, todas as pessoas que moram no mesmo espaço, independente de 
laços consanguíneos ou não são consideradas família.
Deste modo, neste tópico iremos desmistificar esta questão!
UNI
Conforme a psicanálise, podemos considerar que a família se apresenta como 
sendo a representante da cultura, a qual passa a cumprir um fantástico papel principal 
na transferência das leis, de conceitos de descendência e de parentesco, de herança e 
de sucesso, que unidas passam a fazer parte de uma instituição que rege os processos 
fundamentais da família.
TÓPICO 1 | A FAMÍLIA DE ONTEM E DE HOJE
5
DICAS
Sugestão de Filme: A Menina de Ouro (conceito de 
família).
Sinopse: Frankie Dunn passou a vida nos ringues, tendo 
agenciado e treinado grandes boxeadores. Frankie 
costuma trabalhar a mesma lição que segue para sua 
vida: com o afastamento de sua filha, Frankie é uma 
pessoa fechada, até que surge uma jovem determinada 
que possui um dom ainda não lapidado para lutar boxe, 
mas ele não aceita treinar mulheres, a jovem decide 
treinar diariamente no ginásio. Ele se vê vencido pela 
determinação de Maggie, Frankie enfim aceita ser seu 
treinador.
2 A ORIGEM E A HISTORICIDADE DA FAMÍLIA A PARTIR DO 
PAPEL, E AS FUNÇÕES DESEMPENHADAS
Durante o processo evolutivo da sociedade a estrutura de família também 
pode ser considerada um ciclo com vários períodos, estes, na verdade são 
complementares, pois apresentam teorias e conceitos que esclarecem a origem e 
a estruturação do grupo familiar.
 Nessa mesma linha, Bruschini e Ridenti (1995) expõe que o termo família 
teve sua origem no latim fâmulos (agregado, doméstico), que era utilizado para 
se referir ao empregado de um senhor, somente anos mais tarde iniciou-se para 
denominar um grupo de pessoas que moram na casa, sendo que obedeciam às 
ordens de um único chefe, geralmente dado aos laços consanguíneos. 
Historicamente, temos relatos que as famílias se organizavam a partir 
de estruturas nômades de forma matriarcal, o conhecimento em relação à 
produtividade da terra era bastante restrito, a alimentação era baseada em 
produtos naturais, obtidos diretamente na natureza. 
A mulher por ser considerada uma procriadora, tinha funções bem 
definidas, com privilégios ou não, dependendo da cultura em que vivia. Na 
espécie humana, a maternidade é seguida de responsabilidades impostas 
principalmente à mulher, porém, na natureza existem animais que os cuidados 
com os descendentes é responsabilidade dos machos. Os animais também 
desenvolvem a ideia de união, por isso existem espécies que vivem em bandos e 
que ajudam no cuidado do grupo como um todo. 
UNIDADE 1 | A EXPRESSÃO FAMÍLIA E SUAS FORMAS MULTIFACETADAS
6
Maria Berenice Dias (2005, p. 1) expõe que, ao longo da história a família 
gozou de um conceito sacralizado por ser considerada a base da sociedade. De 
início, as relações afetivas foram apreendidas pela religião, que as solenizou como 
união divina e abençoada pelos céus.
 
O Estado, não podendo ficar aquém dessa intervenção nas relações 
familiares, buscou estabelecer padrões de estrita moralidade e de conservação 
da ordem social, transformando a família numa instituição matrimonializada. 
Segundo Paulo Nader (2010, p. 3), a família é uma:
Unidade básica da sociedade formada por indivíduos com ancestrais em 
comum ou ligada por laços afetivos. Podendo também ser considerada 
como um conjunto invisível de exigências funcionais que organiza a 
interação dos membros da mesma, considerando-a, igualmente,como 
um sistema, que opera através de padrões transacionais.
Nesse sentido, os que não acompanhassem esse padrão social imposto 
seriam punidos e culpabilizados por menosprezar os preceitos morais da época. 
A estrutura de família não é privilégio da espécie humana, todos os 
animais constituem família, bem como, todos os seres vivos têm um início, uma 
descendência, a qual pode ser definida como categorias. 
Seguindo a lógica da espécie humana, no reino animal também existem 
grupos que assumem os cuidados com os menores, a qual se denomina de família 
extensa, onde parentes ajudam nos cuidados de parentes ou descendentes diretos.
UNI
Segundo Minuchin (1985), a família é um complexo sistema de organização, 
com crenças, valores e práticas desenvolvidas ligadas diretamente às transformações da 
sociedade, em busca da melhor adaptação possível para a sobrevivência de seus membros 
e da instituição como um todo. O sistema familiar muda à medida que a sociedade muda, e 
todos os seus membros podem ser afetados por pressões internas e externas, fazendo que 
ela se modifique com a finalidade de assegurar a continuidade e o crescimento psicossocial 
de seus membros.
TÓPICO 1 | A FAMÍLIA DE ONTEM E DE HOJE
7
3 RECONHECENDO DIFERENTES TIPOS DE FAMÍLIAS
Trabalharemos a expressão família na antiguidade, na qual Gomes (2001) 
nos diz que: “eram apenas indivíduos que pertenciam a um ambiente nuclear, 
heterossexual, monogâmica e patriarcal, [...] dominada pela figura do pai [...] 
sendo o chefe e o gerente daquele núcleo”. 
Esse modelo de família tradicionalista refere-se à família formada por 
um grupo de indivíduos com grau de parentesco, uma forma de organização, 
tradicionalmente constituído por um homem e uma mulher, assumindo assim 
uma composição nuclear. A família torna-se responsável no processo de educação, 
exercendo nos filhos influência em seu comportamento, buscando autonomia 
e exercendo o papel de cidadão de direito na sociedade, é nela que os filhos 
experimentam um ambiente de harmonia, afeto e ajuda no desenvolvimento e 
soluções de conflitos, é neste ambiente e relação de confiança e segurança que 
acontece a unidade familiar. 
Gomes (2001) entende que a origem da família parte do ponto de vista 
sociológico de um grupo de pessoas que convivem, se juntam por relações de 
parentesco, no entanto, pode ser considerada também aquelas formadas por 
relações sociais, afinidades, adaptações que mantém um relacionamento cordial 
e respeitoso em determinado grupo. Família pode ser entendida como um grupo 
de pessoas que convivem sob o mesmo teto, e tenham contato. 
Na história da humanidade houve momentos de extrema fragilidade para 
os preceitos atuais da época, o relacionamento sexual entre parentes diretos (pais, 
filhos e irmãos) não era condenado, já que isso beneficiava a preservação dos 
hábitos e costumes do grupo. Com o desenvolvimento da humanidade surgem 
novas categorias de família.
QUADRO 1 - NOVAS CATEGORIAS DE FAMÍLIA
FAMÍLIA 
CONSANGUÍNEA
• Considerada a primeira fase da família, com relações de base 
biológicas, nesse grupo existe um choque de gerações na qual 
os casamentos são realizados entre si, sendo que somente os 
pais e filhos são excluídos dos direitos e deveres do matrimônio, 
os demais ascendentes e descendentes, irmãos e irmãs, primos 
e primas, em primeiro, segundo e restantes graus, são todos, 
submetidos à regra.
• Seguindo essa linha é possível observar que a questão de 
ciúme e incesto é uma criação moral, pois até então essa era 
uma prática natural. Este tipo de família está desaparecendo, 
ainda existem casamentos entre parentes, porém em graus mais 
distantes e com menos frequência, das mudanças ocasionadas 
nesse período e da mistura dos grupos surgem descendentes 
considerados mais fortes, esses denominados de Famílias 
Punaluana.
UNIDADE 1 | A EXPRESSÃO FAMÍLIA E SUAS FORMAS MULTIFACETADAS
8
A FAMÍLIA 
PUNALUANA
• A família punaluana substitui a família consanguínea, na qual 
passa a ver com ressalvas o relacionamento entre parentes, 
seja entre pais e filhos ou entre irmãos. Esse processo foi 
bastante lento, pois influenciou diretamente nos costumes 
de um povo, os casamentos foram sendo desautorizados, do 
maior parentesco para o menor, sendo assim, a descendência 
sempre era determinada pela linhagem feminina, nomeando 
como maternal essa forma de sociedade.
• Esse avanço ilustra o princípio da seleção natural sendo um 
processo que finda com a obrigação de casar por convivência 
familiar. As novas configurações de família misturam as raças, 
havendo possibilidade de casar com outras pessoas do grupo 
sem que tenham vínculo consanguíneo ou até casar com 
pessoas de outros grupos.
• Essas mudanças foram sentidas de forma negativa sem muito 
progresso em todos os povos primitivos, romanos e gregos que 
em algum momento se obrigavam a aceitar novos integrantes 
ao grupo familiar. 
• O casamento entre parentes em linha reta nos últimos tempos 
vem sendo extinto, porém, percebe-se que a prática sexual 
entre outros parceiros se torna comum. 
A FAMÍLIA 
SINDIÁSMICA
• A configuração dessa família baseia-se numa organização de 
grupo, onde destacamos a presença de um marido e demais 
esposas, sendo que uma delas é quem gerencia a relação.
• Para a sociedade, esta prática causa certo desconforto. Os 
preceitos religiosos passam a condenar e considerar a prática 
promíscua em relação às mulheres e arbitrária em relação aos 
homens. Indiferente de quantos filhos o homem tinha com suas 
várias esposas, não podia haver casamento entre os irmãos, 
pois eles tinham pai em comum.
• Neste sistema o homem tem direito à infidelidade e à poligamia, 
enquanto que as mulheres eram submetidas a serem fiéis e 
prestarem serviços conjugais para o marido, qualquer desvio 
de comportamento perante à relação conjugal, a mulher seria 
severamente castigada.
• A evolução da família sobre a proibição do casamento entre 
parentes em linha reta e da união a partir de grupos fortalece 
a ideia de poder do homem sobre a figura da mulher: a mulher 
era escolhida pelo homem a partir de suas características, 
afinidades ou apenas como valor de compra pelos seus pais.
• A poligamia ainda continua com características de poder e 
submissão na figura da mulher, o homem tinha o poder de ter 
várias mulheres, o que fazia com que o número de mulheres 
nas tribos diminuísse, isso causava novos problemas sociais, as 
mulheres de outras tribos acabavam sendo raptadas de forma 
brutal e se tornavam escravas.
• Nesse período houve um aumento significativo nas atividades 
agrícola e pecuária, existem relatos que foi nesse período que 
surgiu a escravidão, e consequentemente, o acúmulo desigual 
de bens, a mulher passa a ser tratada também como posse ou 
até mesmo escrava de seus maridos. 
TÓPICO 1 | A FAMÍLIA DE ONTEM E DE HOJE
9
FAMÍLIA 
MONOGÂMICA
• Essa configuração de família monogâmica se apresenta como 
um tipo de organização familiar pautada no matrimônio, com 
surgimento na origem da civilização, entre suas características 
predomina o homem que detém o poder, tudo está centralizado 
na pessoa masculina, principal objetivo são os filhos, que 
serão os principais herdeiros naturais, o casamento só pode 
ser desfeito pelo homem, nunca pela mulher, os filhos são 
cuidados e recebem afetos do pai e da mãe.
• A família se consolida numa unidade social sólida, onde o papel 
da mulher é considerado proteção e uma posição privilegiada, 
porém, a ideia principal não era a fidelidade, mas sim a questão 
da divisão dos bens entre os descendentes, dando continuidade 
ao poder, essa questão pode ser considerada o início do poder 
do Estado percebido como centralizador na figura de algumas 
pessoas.
FONTE: As autoras
4 NOVAS CATEGORIAS DE FAMÍLIA
Com o passar do tempo, o interesse na formação de famílias diminuiu, 
e quando existe uma formação, quase sempre se configura num perfil atual 
moderno e contemporâneo, com novas formas de pensar agir, conviver e com 
outraforma e jeito de educar. 
O tempo não para e está em constante evolução, podemos até questionar 
se essa evolução e mudanças em torno das novas configurações de famílias vai 
melhorar aquela base de família tradicional deixadas por nossos pais. Temos sim 
que respeitar essa evolução e essas novas configurações, afinal, o importante nesse 
processo é que formamos grupos onde o que impera é o amor, compromisso, 
respeito à transparência, além do cuidado de uns com os outros, buscando a 
felicidade e o bem comum.
5 PRECEITOS DA FAMÍLIA CONTEMPORÂNEA
As novas configurações de família destacam que a principal quebra nesse 
sistema social foi a separação da centralidade entre os preceitos religiosos e a 
diferenciação da função do Estado. Dias (2008, p. 22) nos esclarece que:
O distanciamento entre Estado e Igreja culminou na busca de referenciais 
outros para a mantença das estruturas convencionais. Sem o freio da religião, 
valores outros precisaram ser prestigiados, e a moral e a ética foram convocadas 
como formas de adequação do convívio social. Esses paradigmas começaram a 
ser invocados para tentar conter a evolução dos costumes. [...] A questão pós-
moderna essencial passa a ser a ética.
UNIDADE 1 | A EXPRESSÃO FAMÍLIA E SUAS FORMAS MULTIFACETADAS
10
Nesse cenário surgem as novas configurações de família, não sendo 
apenas pessoas que têm vínculos consanguíneos, mas todas as que por opção 
resolvem se aproximar. Lôbo (2004, p. 2) destaca que “família é o núcleo natural 
e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado”. 
 Schlithler, Ceron e Gonçalves (2014) têm a visão de que a família 
tradicional, composta de um casal heterossexual, com seus descendentes e 
ascendentes, integralmente responsável pela formação e socialização das crianças 
é um modelo que não faliu, mas convive atualmente com vários outros tipos de 
composição familiar. A configuração de família tradicional vem se remodelando 
onde novos membros são incorporados, geralmente a partir das separações, das 
dissoluções dos casais, novos indivíduos se somam à família, gerando novas 
configurações de irmãos, sendo estes ligados pelo pai ou pela mãe.
5.1 O PAPEL DO DIVÓRCIO NAS NOVAS CONFIGURAÇÕES 
DE FAMÍLIA
O casamento, na contemporaneidade, não é mais uma necessidade 
cultural, não apresenta mais a carga de responsabilidades e atribuições impostas 
pela sociedade no passado a qual era adquirido vitaliciamente. Outra maneira 
contemporânea de identificar uma relação similar ao casamento denomina-se 
união estável, além da união homoafetiva que tornam-se cada vez mais comuns 
na sociedade brasileira, ambas adquirem os mesmos direitos que as relações 
estabelecidas a partir do casamento propriamente dito, entre elas: a inserção dos 
nomes nos registros dos filhos, naturais ou adotivos.
Com a evolução da sociedade, as pessoas passaram a compreender 
que as uniões que apresentam desconforto e as afinidades que os uniam foram 
diminuindo, as pessoas optaram pela separação, porém, isso só acontece a partir 
da Lei 6.515/77, a qual instituiu a separação judicial e o divórcio.
A separação judicial, também conhecida como desquite, é parte do 
ordenamento civil-constitucional, nominada como extinção da sociedade conjugal, 
no entanto, essa modalidade impede as partes envolvidas de estabelecerem novos 
casamentos. Assim, vê-se que separação judicial, nos dizeres da professora Maria 
Helena Diniz, (2008, p. 12) é “motivo de dissolução da sociedade conjugal, não 
irrompendo o vínculo matrimonial, de maneira que nenhum dos consortes poderá 
convolar novas núpcias. [...]. A separação judicial é uma medida preparatória da 
ação do divórcio”. 
Geralmente os relacionamentos envolvem expectativas, cumplicidade e 
planos futuros, passam por várias etapas, conflitos de opinião e superação. O 
relacionamento incorpora várias características, como paixão, amor, afinidade, 
centralidade, segurança, entre outros, ou seja, incorpora de forma equilibrada 
hábitos e costumes diferentes.
TÓPICO 1 | A FAMÍLIA DE ONTEM E DE HOJE
11
A partir do momento que o relacionamento apresenta instabilidade e o 
casal opta pela separação, nos deparamos com três momentos específicos: o antes, 
o durante e o após. 
Segundo Abreo (1998), na pós-modernidade, a família se caracteriza 
pela diminuição do número de casamentos, e há uma tendência no aumento do 
número de divórcios. Hoje, as pessoas estão se casando menos e se separando 
mais, ao mesmo tempo em que aumenta o número de pessoas que mantêm um 
relacionamento conjugal sem vínculos formais.
As separações seguem, geralmente, uma linha ligada à afinidade, 
dificuldade de organização financeira, desemprego, rotina, problemas de saúde 
ou incapacidade de um dos cônjuges, falta de afinidade individual ou coletiva 
com a chegada ou perda dos filhos ou membros extensos (sogros, sogras etc.). 
Porém, as separações são situações que causam desconforto no ambiente familiar, 
não apenas ao casal, mas também aos filhos e parentes próximos, já que ligações 
são diminuídas ou cerceadas por completo, as quais causam outras dificuldades, 
principalmente no caso de filhos com condutas agressivas e acusações, poucas 
são as separações que ocorrem de maneira consensual sem danos a terceiros. 
 
A separação ocorre quando o casal não visualiza mais nenhuma 
possibilidade para superar a situação, sendo assim as pessoas, mesmo separadas, 
ainda têm uma expectativa de encontrar alguém que proporcione a formação de 
uma família. 
As pessoas traçam metas conjugais, profissionais e financeiras, as 
separações destroem de certa forma um caminho até então seguro, iniciam com 
o dilema da guarda dos filhos, separação de bens e a necessidade de traçar novas 
expectativas.
Cerveny (2006) afirma que as separações e os divórcios podem ser de 
diferentes maneiras e constituem um dos momentos de maior desorganização 
num sistema familiar. As pessoas que se separam e possuem filhos, todo processo 
de separação se torna mais doloroso e com maior conflito. Geralmente, num 
clima tenso e desfavorável, onde as famílias buscam auxílio de consultórios e/
ou judiciário.
As separações de casais envolvem todos os integrantes da família, de 
maneira que os pequenos necessitam do apoio, de cuidado e também no amparo 
financeiro, como moradia e alimentação por períodos muitas vezes longos, às 
vezes até os filhos se tornarem adultos. A necessidade de novas organizações após 
o processo de separação se faz necessária, assim como a presença de profissional 
capacitado e de todo auxílio possível da rede social.
Para Ferreira (2004), o fato de a família desorganizar-se momentaneamente 
não significa que ficará destruída ou seriamente prejudicada. A separação 
também pode representar desafio e oportunidade para o crescimento pessoal 
UNIDADE 1 | A EXPRESSÃO FAMÍLIA E SUAS FORMAS MULTIFACETADAS
12
de seus elementos. Muitos relacionamentos considerados falidos se mantêm a 
partir da presença de filhos pequenos, a qual se justifica a partir da necessidade 
do cuidado, já que um dos envolvidos será privado do convívio diário com os 
filhos, porém, estes tendem a se diluírem com o tempo e a separação se torna a 
única solução. 
Pesquisas comprovam que crianças que vivem com os pais em ambientes 
conflituosos e agressivos são menos felizes que crianças que convivem com pais 
separados, mas bem resolvidos. 
Após 1977, com a regulamentação do divórcio, que instituiu na sociedade 
o fim do vínculo matrimonial, as pessoas tornam-se novamente livres, para se caso 
desejarem constituir novos relacionamentos, com ou sem vínculos matrimoniais. 
O divórcio é a dissolução de um casamento válido, ou seja, extinção 
do vínculo matrimonial, que se opera mediante sentença judicial, 
habilitando as pessoas a convolar novas núpcias. [...]. O divórcio é 
uma permissão jurídica à disposição dos consortes, logo, nenhum 
efeito terá cláusula, colocada em pacto antenupcial, em que os 
cônjuges assumam o compromisso de jamais se divorciarem(DINIZ, 
2008, p. 35).
Com essa nova modalidade é possível perceber que a ideia do direito da 
família no Brasil sempre esteve vinculada a preceitos tradicionalistas. Desde a 
época do início do catolicismo existia a ideia e o consentimento do divórcio em 
certos casos. 
A Lei do Divórcio possibilitou menos conflitos sociais e culturais, como a 
igualdade jurídica entre as partes. Abrindo novas possibilidades de desenvolver 
e elaborar todas as legislações para a formalização da união e para as possíveis 
dissoluções, sob a mesma óptica, e de fortalecimento de vínculos na família. 
Sendo assim, a proteção da família é direito personalíssimo que merece todos e 
quaisquer tipos de proteção, pois o casamento se desfaz, mas o vínculo entre as 
partes é eterno, quando existe filhos esses são de responsabilidade de ambos.
A separação judicial coloca fim ao relacionamento conjugal, ela poderá 
ocorrer por recíproco consentimento dos envolvidos, ou não, pode ser consensual 
ou de forma litigiosa. No caso de separação judicial consensual, é uma adesão 
voluntária, que põe fim ao relacionamento conjugal (art. 1.574 do Código Civil 
de 2002), na qual o juiz homologará o ato bilateral, um acordo de vontades à sua 
dissolução, por um meio contrário ao de sua origem. Nesse caso, a intervenção 
do juiz é puramente administrativa. Essa modalidade precisa atender os quesitos 
básicos para ser executável conforme dispõe o art. 1.574 do Código Civil, ter 
adquirido matrimônio há mais de um ano anterior ao pedido de separação. Caso 
o pedido seja formalizado por uma das partes, mas comprovada incapacidade, 
poderá ser nomeado um curador para realizar os trâmites legais conforme o 
disposto no art. 3º, §1° da Lei 6.515/77 e no art. 1.576, do Código Civil. 
TÓPICO 1 | A FAMÍLIA DE ONTEM E DE HOJE
13
Os cônjuges poderão divergir de certas opiniões, porém deverão levar 
em consideração os menores danos financeiros e afetivos dos descendentes, bem 
como a regulamentação de convivência familiar e comunitária. 
No caso de separação na modalidade de litígio pode ser solicitada a 
qualquer tempo por um dos envolvidos, ela ocorre de três maneiras:
QUADRO 2 - MANEIRAS DE SEPARAÇÃO NA MODALIDADE DE LITÍGIO
SEPARAÇÃO 
SANÇÃO
• A separação sanção é justificada pela conduta julgada inadequada 
de um dos cônjuges. 
SEPARAÇÃO 
FALÊNCIA
• A separação falência, quando a separação já é consumada há 
mais de um ano, essa modalidade é percebida com a separação 
consensual a qual comprava o insucesso da vida conjugal.
SEPARAÇÃO 
REMÉDIO
• Separação remédio, esta modalidade compreende a aquisição por 
um dos cônjuges de uma “doença mental grave”, surgida após 
o casamento e que passados dois anos, é tida como incurável ou 
com pouca probabilidade de cura.
FONTE: As autoras
No caso de separação na modalidade litigiosa existe a possibilidade de 
um dos cônjuges fazer o pedido de separação, quando entender que o outro 
cometeu grave violação no casamento impossibilitando a vida em comum. 
Nesse caso também é possível representação através de curador quando existir a 
impossibilidade por uma das partes.
A modalidade litigiosa se baseia na culpa ou na ruptura da vida em 
comum. Essas situações podem ser entendidas a partir do art. 1.573 do CCB, e 
devem ser analisadas pelo juiz. Nestes termos, dispõe o referido diploma legal 
que pode caracterizar a impossibilidade da comunhão da vida a ocorrência de 
algum dos seguintes motivos:
I – Adultério.
II – Tentativa de morte.
III – Sevícia ou injúria grave.
IV – Abandono voluntário do lar conjugal, durante um ano contínuo.
V – Condenação por crime infamante.
VI – Conduta desonrosa. 
 
Existindo a comprovação dos fatos que impeçam a continuidade da 
relação, o juiz tende a analisar o contexto e compreender que deveres matrimoniais 
foram descumpridos, ele ajuíza a situação. Entre os casos mais comuns de 
descumprimento dos deveres é possível destacar: infidelidade recíproca, 
coabitação no domicílio conjugal, mútua assistência, respeito e consideração 
mútuos, sustento, guarda e educação dos filhos e infrações entre outros deveres. 
UNIDADE 1 | A EXPRESSÃO FAMÍLIA E SUAS FORMAS MULTIFACETADAS
14
O cônjuge que pede a separação tem a possibilidade de pedir a pensão alimentícia 
e cuidados pessoais e necessidades médicas decorrentes.
O processo de separação adquiriu novas modalidades a partir da Lei nº 
11.441 de 2007, quando foi incorporada a ideia de separação extrajudicial ou 
administrativa que possibilita aos cônjuges optarem pela via administrativa para 
realizarem o processo de separação. 
 A modalidade de separação extrajudicial surgiu por meio da Lei 
11.441 de 4 de janeiro de 2007, que alterou a Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 
1973, Código de Processo Civil (CPC), dando aos cônjuges a possibilidade da 
realização da separação por via extrajudicial. É reconhecida como uma escritura 
pública, aparada em cartório na presença de um tabelião. Entretanto, essa nova 
modalidade de separação é facultativa, conforme podemos perceber em leitura do 
art. 1.124-A do CPC que diz: “A separação e o divórcio consensual, não havendo 
filhos menores ou incapazes do casal e observados os requisitos legais quanto aos 
prazos, poderão ser realizados por escritura pública [...]”.
Essa possibilidade dá agilidade ao processo de separação a partir das 
escrituras públicas, segundo o art. 215 do CCB deve acompanhar os seguintes 
critérios:
I – data e local de sua realização;
II – reconhecimento da identidade e capacidade das partes e de quantos 
haja comparecido ao ato, por si, como representantes, intervenientes 
ou testemunhas;
III – nome, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e residência 
das partes e demais compareceu, com a indicação, quando necessário, 
do regime de bens do casamento, nome do outro cônjuge e filiação;
IV – manifestação clara da vontade das partes e dos intervenientes;
V – referência ao cumprimento das exigências legais e fiscais inerentes 
à legitimidade do ato;
VI – declaração de ter sido lida na presença das partes e demais 
comparecestes, ou de que todos a leram;
VII – assinatura das partes e dos demais comparecestes, bem como a 
do tabelião ou seu substituto legal, encerrando o ato.
 A separação extrajudicial não pode ser realizada caso haja filhos menores 
e/ou incapazes, conforme disposto no art. 1.124-A do CPC:
Separação consensual e o divórcio consensual, não havendo filhos 
menores ou incapazes do casal e observados os requisitos legais quanto 
aos prazos, poderão ser realizados por escritura pública, confirmado na 
Resolução 35 do CNJ: As partes devem declarar ao tabelião, no ato da 
lavratura da escritura, que não têm filhos comuns ou, havendo, que são 
absolutamente capazes, indicando seus nomes e as datas de nascimento.
É uma modalidade consensual, voluntária, que deve obrigatoriamente 
respeitar os quesitos mínimos de escritura pública a qual deve constar declaração 
das partes de que estão cientes das consequências da separação e do divórcio, 
firmes no propósito de pôr fim à sociedade conjugal ou ao vínculo matrimonial, 
respectivamente, sem hesitação, com recusa de reconciliação.
TÓPICO 1 | A FAMÍLIA DE ONTEM E DE HOJE
15
Os cônjuges deverão ser acompanhados por advogado, que assim como 
na separação judicial consensual poderá ser único ao casal, ou diferente, cada 
qual com seu procurador, é o que determina o § 2º, do art. 1.224-A do CPC, bem 
como o art. 36 da Resolução do CNJ.
A separação devolve aos cônjuges a possibilidade de tomar suas próprias 
decisões, sem ter que informar a ninguém, porém esse período também pode ser 
visualizado como solitário e propício ao desenvolvimento de necessidade que 
envolva a intervenção profissional de fortalecimento de vínculos e superação de 
situação de violação de direitos, já que envolve todo um contexto familiar.
DICAS
Assista ao filme: À PROCURA DA FELICIDADE 
Sinopse: Chris Gardner (Will Smith) é um pai de família 
com problemas financeiros. Apesar de todas as tentativasde manter a família unida, Linda, sua esposa, decide partir. 
Chris agora é pai solteiro e precisa cuidar de Christopher 
(Jaden Smith), seu filho de apenas 5 anos. Ele tenta usar sua 
habilidade como vendedor para conseguir um emprego 
melhor, que lhe dê um salário mais digno, mantendo a 
esperança de que dias melhores virão.
DICAS
Para aprofundamento dos temas deste tópico, 
sugerimos que você leia o seguinte livro: Serviço Social Com 
Famílias
A intervenção profissional com famílias é um tema que tem 
sido abordado e debatido pelo Serviço Social desde as suas 
origens, garantindo à profissão uma inserção estratégica no 
cenário contemporâneo da política social. Este livro reúne 
o trabalho de assistentes sociais, docentes e investigadores, 
dando-se enfoque à intervenção sistémica e à intervenção 
individualizada e com famílias, com vários exemplos de 
intervenções neste domínio. Evidencia-se, igualmente, a 
intervenção em situações de acontecimentos adversos 
de saúde, com crianças em idade escolar, pessoas LGBT, 
imigrantes e famílias de idosos. Procura-se, ainda, relevar 
o conhecimento que é produzido noutros contextos 
societários, como é o caso do Brasil, com a participação de 
várias autoras que se têm destacado nesta área.
16
Neste tópico vimos que:
• O termo família teve sua origem no latim fâmulos (agregado, doméstico), que 
era utilizado para se referir ao empregado de um senhor, somente anos mais 
tarde passou a ser denominado como um grupo de pessoas que moram na 
mesma casa. 
• O conceito atual de família é entendido como qualquer grupo em que as pessoas 
vivem, comem e dormem juntas, qualquer que seja a composição, forma ou 
nome que o grupo possa ter, portanto, todas as pessoas que moram no mesmo 
espaço, independente de laços consanguíneos ou não, são consideradas família.
• O Estado buscou estabelecer padrões de moralidade e de conservação da 
ordem social, transformando a família numa instituição matrimonializada, os 
que não seguissem esse padrão social imposto, seriam punidos.
• Na história da humanidade houve momentos de extrema fragilidade para os 
preceitos atuais da época, sobre o relacionamento entre parentes diretos.
• Na família consanguínea os casamentos são realizados entre parentes.
• Na família punaluana os casamentos entre parentes passam a ser vistos com 
ressalva, os casamentos foram sendo desautorizados do maior parentesco para 
o menor, sendo assim, a descendência sempre era determinada pela linhagem 
feminina.
• A família sindiásmica baseia-se numa organização de grupo, onde destacamos 
a presença de um marido e demais esposas.
• A Família monogâmica é pautada no matrimônio, seu principal objetivo são os 
filhos.
• A partir da Lei 6.515/77 as pessoas passam a ter oportunidade de optarem pela 
separação.
RESUMO DO TÓPICO 1
17
Preste bastante atenção nas autoatividades sugeridas, elas facilitarão 
a assimilação dos conteúdos, bem como sua compreensão em relação aos 
assuntos propostos nesse tópico.
Como a configuração da família vem acompanhando a evolução da 
sociedade, novas configurações podem ser identificadas. Nessa linha, associe a 
primeira e a segunda coluna de forma a identificar características importantes 
de cada família.
AUTOATIVIDADE
1 Família 
consanguínea 
2 Família 
punaluana
3 Família 
sindiásmica
4 Família 
monogâmica
( ) O incesto e a troca de casais era uma prática natural.
( ) As pessoas eram obrigadas a casar por conveniência familiar.
( ) Parentes próximos, como irmãos e primos, podem estabelecer 
matrimônio. 
( ) Essa modalidade passa a ver com ressalvas o relacionamento 
entre parentes.
( ) A descendência sempre era determinada pela linhagem 
feminina.
( ) Os casamentos foram sendo desautorizados, do maior 
parentesco para o menor.
( ) Misturam as raças, havendo possibilidade de casar com 
pessoas de outros grupos.
( ) Um marido e demais esposas.
( ) Não podia haver casamento entre os irmãos, pois eles tinham 
pai em comum.
( ) Neste sistema o homem tem direito à infidelidade e à 
poligamia.
( ) Fortalece a ideia de superioridade masculina sobre as 
mulheres.
( ) Foi nesse período que surgiu a escravidão.
( ) O casamento só poderia ser desfeito pelo homem, nunca pela 
mulher.
( ) Configuração familiar pautada no matrimônio.
( ) Fase de fortalecimento do Estado sobre a sociedade.
18
19
TÓPICO 2
A CONSTRUÇÃO DOS PAPÉIS DE GÊNERO NA SOCIEDADE
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Para compreender o processo de desenvolvimento dos seres humanos e a 
função de cada gênero na sociedade, é importante conhecer os principais fatores 
de desenvolvimento da sociedade e os pontos mais relevantes da história. 
Partimos da teoria que a evolução da espécie humana é constante e, 
portanto, não há como precisar o momento exato de sua existência, bem como seu 
processo evolutivo foi de forma lenta e gradual, se deriva das necessidades, seus 
movimentos e seu desenvolvimento intelectual foi gerado pela situação, ou seja, 
ele começou a produzir instrumentos, que facilitariam sua vida, a qual foram se 
ajustando conforme as circunstâncias e as funções que lhe foram atribuídas, essa 
fase é reconhecida como Homo Habilis.
Neste período, os homens viviam em cavernas e os afazeres do dia 
a dia passavam por transformação e desenvolvendo novas funções, que se 
transformaram em instrumentos de trabalho, como por exemplo: ossos, dentes 
de animais, chifres, pedaço de madeira etc. 
Os instrumentos de pedra representam a maior variedade catalogada e 
identificada, devido à sua resistência, sendo estes gradualmente aperfeiçoados 
pelo homem. Esse período é reconhecido como paleolítico, pelo meio de técnicas 
de corte de pedra, reconhecido também como período da pedra lascada, sendo 
estas transformadas em ferramentas que auxiliavam nas atividades cotidianas. 
A descoberta do fogo caracteriza um novo período, o do Homo Erectus, 
nessa fase a energia propicia a melhora da qualidade de vida. O fogo passa a 
iluminar e aquecer as noites, e transformar a naturalidade dos alimentos que 
passam a ser cozidos ou assados, melhorando a digestão e o gosto; os instrumentos 
se aperfeiçoaram cada vez mais. 
Historicamente o homem é reconhecido enquanto ser dominante e a 
mulher enquanto submissa, responsável pela criação dos descendentes.
UNIDADE 1 | A EXPRESSÃO FAMÍLIA E SUAS FORMAS MULTIFACETADAS
20
2 CONCEITOS DE GÊNERO
Na contemporaneidade vivemos em relação ao gênero, uma constante 
ressignificação de influências em relação ao sexo masculino e feminino, ou seja, 
gênero está sempre em constante mudança, não é estático e sim mutável.
Conforme Scott (1995), quando se referencia “gênero”, sobre a diferença 
dos sexos, ele não se remete apenas a ideias, mas também a instituições, a 
estruturas, a práticas cotidianas, ou seja, a todo processo que constitui as relações 
sociais. O discurso é um instrumento de organização do mundo, ele constrói o 
sentido desta realidade. 
A diferença sexual não é a causa originária, ela é mais uma estrutura social 
móvel, instável, que deve ser analisada em seus diferentes contextos históricos.
 Conforme a autora Joan Scott (1995), o gênero é um elemento constitutivo 
de relações sociais baseado nas diferenças percebidas entre os sexos, e o 
gênero é uma forma primeira de significar as relações de poder. As mudanças 
na organização das relações sociais correspondem sempre à mudança nas 
representações de poder, mas a direção da mudança não segue necessariamente 
um sentido único. Como elemento constitutivo das relações sociais fundadas 
sobre diferenças percebidas entre os sexos.
O ser humano não pode ser pensado de forma individual. É a partir das 
relações, mesmo que seja entre dois indivíduos, para manutenção da rede social, 
que se baseia a relação social, é importante que este agregado seja respaldado 
pelas regras sociais. 
Joan Scott (1995), em definição da categoria gênero, ensina-nos que o 
gênero é uma categoria historicamente determinada que não apenasse constrói 
sobre a diferença de sexos, mas, sobretudo, uma categoria que serve para “dar 
sentido” a esta diferença. 
O gênero é uma classe onde se pode pensar e refletir as relações sociais, 
que de certa maneira contribuem no envolvimento da figura do homem e da 
mulher, que vem através da história nos discursos sobre a diferença sexual.
Françoise Héritier (1996), em sua coletânea sobre o pensamento da 
diferença sexual, insiste sobre o fato de que o gênero se constrói na relação 
homem/mulher, uma vez que não existe indivíduo isolado, independente de 
regras e de representações sociais.
TÓPICO 2 | A CONSTRUÇÃO DOS PAPÉIS DE GÊNERO NA SOCIEDADE
21
DICAS
Gênero e Serviço Social - Desafio de Uma Abordagem 
Crítica
Este livro vem atender a uma demanda há muito presente 
no campo da produção de conhecimentos em serviço 
social, trata de uma questão amplamente presente 
entre nós, mas não tão aprofundada como gostaríamos: 
as desigualdades sociais entre homens e mulheres, 
conhecidas no debate teórico e político como relações de 
gênero.
2.1 RECONHECENDO OS PAPÉIS DE GÊNERO
Em qualquer cultura o papel de gênero está relacionado ao sexo biológico, 
ou seja, o que nasce fêmea ou macho, compreende-se que dependendo da cultura 
tempo e espaço os papéis se modificam de uma cultura para outra. 
Na contemporaneidade vivemos ainda padrões de papéis femininos 
e masculinos, quando nasce um bebê se for menino já tudo será relacionado 
conforme seu gênero, menino tudo azul, brinquedos serão todos relacionados 
ao seu gênero; se for menina igualmente, tudo será relacionado ao gênero, 
construindo assim em sua vida diária sua identidade, masculina e feminina, 
padrões em papéis rígidos. 
Conforme os estudos antropológicos sobre a questão de gênero a qual 
tem como objetivo pesquisar as diversas diferenças culturais no processo da 
humanidade, demonstra que os papéis de gênero se mostram com uma grande 
diversidade de um lugar para o outro, de uma cultura para outra cultura.
Você sabe o que é a identidade de gênero?
A identidade de gênero se constitui no processo individual da identidade 
da pessoa na sociedade, no contexto da família mesmo antes de nascer, quando 
ao saber se será menino ou menina, inicia-se sua identificação de gênero.
UNIDADE 1 | A EXPRESSÃO FAMÍLIA E SUAS FORMAS MULTIFACETADAS
22
Para Stoller (1978), todo indivíduo tem um núcleo de identidade de gênero, 
que é um conjunto de convicções pelas quais se considera socialmente o que é 
masculino ou feminino. Este núcleo não se modifica ao longo da vida psíquica de 
cada sujeito, mas podemos associar novos papéis a esta "massa de convicções". 
Este núcleo de nossa identidade de gênero se constrói em nossa socialização a 
partir do momento da rotulação do bebê como menina ou menino. Contudo, 
podemos dizer que identidade de gênero se classifica como um grupo que está na 
sociedade com o objetivo de pertencer e refletir sobre seu pertencimento no tempo 
e espaço, envolvida na cultura determinada e considerando que a sexualidade 
passa ter uma importância no sentido de se referir na prática ao sentimento 
relacionado à atividade sexual da pessoa.
2.2 COMPREENDENDO A RELAÇÃO HOMEM X MULHER
Durante o processo histórico é possível perceber muitas diferenças na 
relação homem e mulher, essas diferenças vão além dos fatores biológicos, elas 
existem no âmbito social, político, econômico e sexual. 
A instituição do matrimônio, nos primórdios, dava-se pelas ações políticas 
de favorecimentos que estabeleciam contatos a partir da realização das mesmas, e 
alguns casos como estratégias para manter o poder.
Na visão de Alves e Pintanguy (1991, p. 11) “o papel da mulher na 
Grécia antiga ocupava posição paralela à do escravo, sendo sua exclusividade 
a realização dos trabalhos manuais, a ocupação dos tempos livres era 
desvalorizada pelos homens”.
 “O tema dos papéis familiares e suas funções é também central para 
a compreensão e o trabalho com famílias. Os adultos, sejam eles o pai, a mãe, 
as avós, os tios ou quaisquer outras pessoas que convivam como famílias, têm 
responsabilidade em relação às crianças” (SCHLITHLER; CERON; GONÇALVES, 
2014, p. 51).
No período entre a I e a II Guerra Mundial inicia-se a ruptura no modelo de 
família tradicionalista, existente até então (papai, mamãe e filhinhos). A ascensão 
ao mercado de trabalho foi um dos grandes divisores, quando os filhos passaram a 
receber salários em troca de mão de obra, e todo salário era repassado aos patriarcas, 
com o tempo e a evolução eram repassados apenas parte desses valores. 
Grande parte das mulheres ter ingressado no mercado de trabalho 
gerou importantes transformações na dinâmica familiar. Muitas das 
funções antes cumpridas exclusivamente pela mãe passaram a serem 
divididas com creches, escolas, cuidadores profissionais e também 
com os pais. Até recentemente, era comum que as avós assumissem os 
cuidados com os netos enquanto a mãe trabalhava. Hoje, muitas avós 
também trabalham, ou têm atividades que as impedem de ter esse 
compromisso (SCHLITHLER; CERON; GONÇALVES, 2014, p. 47). 
TÓPICO 2 | A CONSTRUÇÃO DOS PAPÉIS DE GÊNERO NA SOCIEDADE
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 A mulher passa também a abandonar as características de submissa e 
imposição do casamento indesejado, tendo direito a fazer suas escolhas quanto a 
ter ou não um marido.
Quando falamos de família, logo temos que pensar na ação biológica 
direta, sendo que todos são concebidos da mesma maneira. No entanto, todo 
ser humano, após o nascimento, é passível, através da inteligência, a estabelecer 
contatos sociais com pessoas, nesse caso, é possível afirmar que somos educados 
a partir dos preceitos morais e valores de nossos descendentes, nossas famílias.
Na contemporaneidade podemos destacar que muitas teorias sem relação 
à concepção de família se apresenta a partir de cada gênero dentro da união, a qual 
passa por transformação à medida que as famílias assumem novas configurações.
2.2.1 Construção Social do homem na sociedade
Pensar a figura masculina dentro da instituição família é fácil, já que 
esta é reconhecida como o chefe do grupo ou clã. É possível observar alguns 
comportamentos como:
• Na antiguidade era o único provedor do lar.
• Quem dava a palavra final em casa.
Aos homens cabiam as responsabilidades externas na busca do sustento 
ou a partir da produção agrícola e pecuária de subsistência, sendo a eles negada 
qualquer responsabilidade em relação aos afazeres domésticos ou aos cuidados 
com os filhos.
As atividades domésticas precisavam estar sempre organizadas e as 
refeições prontas e servidas quando os homens retornavam para suas casas, a ele 
era atribuído o direito de comer o melhor pedaço de carne.
Outra questão que dava poder aos homens era a força, já que esses eram 
considerados como únicos capazes de combater o outro através da força e do uso 
de armas. Aos homens também cabia a responsabilidade de defender a sua honra 
e de sua família, mesmo que isso necessitasse a utilização da força bruta e até 
mesmo o ceifamento de vidas. 
Outro aspecto importante que ainda observamos na contemporaneidade, 
nas casas de algumas famílias mais tradicionalistas, o lugar de maior destaque na 
mesa de refeições ainda pertence aos homens e estes não aceitam ceder o espaço 
para ninguém, esse condicionamento é ainda uma ação histórica que identifica 
quem é o líder do grupo. 
UNIDADE 1 | A EXPRESSÃO FAMÍLIA E SUAS FORMAS MULTIFACETADAS
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Quando se fala na questão macho, nos reportamos para a ideia de força, 
agilidade, a partir dessa descrição e na visão de Preuschoff (2006, p. 15, grifo nosso) 
“os pais cercam de mais cuidados as filhas menores do que os filhos menores. Isso 
por ser atribuído ao homem menos sensibilidade, e devem aprender a serem mais 
fortes e resistentes desde pequenos”. 
2.2.2 A construção social da mulher na sociedade
A mulher, por ser considerada incapaz intelectualmente, era excluída do 
mundo intelectual, deveria estar sempre bem apresentável, impecavelmente bemarrumada e nas conversas ser agradável e demonstrar obediência à superioridade 
imposta pelo homem. 
Outro fator importante que merece destaque: a forma primitiva de 
casamentos múltiplos acontecia na linha de parentesco, que se denominava 
pela descendência feminina de matriarcal. Porém, com o desenvolvimento da 
agricultura e da pecuária, essa ideia de superioridade foi superada, retomando 
para os homens a ideia de poder. Iniciou-se a cobrança sobre as mulheres de 
maneira mais severa, a virgindade e a fidelidade eram os principais princípios 
matrimoniais, caso a mulher descumprisse essas premissas, era excluída e abolida 
cruelmente do grupo. 
Quando se trata das questões naturais muitos estudiosos atribuem à 
sensibilidade feminina a domesticação de animais, já os homens atribuíam aos 
animais a ideia de alimento e substância a suas famílias. 
Nas comunidades primitivas, as mulheres viviam em habitações coletivas, 
juntamente com outras famílias, tanto que os artesanatos no período neolítico 
tinham muitas semelhanças com a estrutura de indústrias domésticas, pois todas 
as mulheres que moravam juntas contribuíam de alguma maneira nos trabalhos.
Geralmente os trabalhos eram coletivos e os resultados beneficiavam 
a todos os membros. Nessa fase a mulher era considerada responsável por 
garantir a continuidade do grupo a partir das práticas usuais da poligamia e 
da endogamia (casamentos entre parentes). Essa prática pode ser considerada 
um resultado das condições de organização social e econômica da sociedade 
naquele determinado período. 
Com o desenvolvimento das atividades agrícolas e pecuárias as famílias 
utilizavam a mão de obra dos filhos para realizar as tarefas consideradas 
essenciais, as atividades eram designadas desde a infância, o que incutiu a ideia 
de mais filhos mais mão de obra.
Um exemplo bem típico da submissão feminina foi a Roma antiga, uma 
instituição denominada pater-famílias a qual determinava que o homem era o 
detentor do poder sobre as mulheres, crianças e subalternos (os empregados). 
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Por serem poucos os espaços de liberdade que a mulher tinha, destacamos 
a Gália e Germânia que ocupavam espaços idênticos ao dos homens, onde elas 
também participavam das batalhas e realizam trabalho braçal de maneira paritária 
à dos homens.
Partindo para a Idade Média, as mulheres viúvas assumiam a 
responsabilidade nas oficinas, todavia tinham seu trabalho desvalorizado em 
relação ao trabalho realizado por outros homens, mesmo tendo qualidades 
superiores, recebiam remuneração inferior aos homens. Pensando nas 
formalidades sociais da época as mulheres precisavam estar devidamente 
impecáveis, apresentáveis e ter certo grau de educação de formação, no entanto 
ainda eram minorias no âmbito educacional. As mulheres nesse período tinham 
expectativas de um casamento para a felicidade. Por isso, desde cedo, as mulheres 
eram educadas e ensinadas a terem habilidades manuais. 
A mulher tem papel fundamental na constituição da sociedade. Ela passa 
a ser reconhecida como fundamental no processo de ampliação de sua espécie, 
pois foi a partir de sua condição de criadora, fixadora e transmissora de costumes 
às novas gerações, que se fixaram e difundiram hábitos culturais.
2.2.3 O papel da mulher na atualidade
Na contemporaneidade as mulheres vêm acompanhando o sistema 
capitalista, que vem se empoderando, buscando igualdade de oportunidade 
junto aos homens, no entanto a ideia de menos capacidade ainda é presente, 
desqualifica e inferioriza o trabalho feminino. 
O empoderamento, a autonomia feminina, a visibilidade das mulheres, 
seja nas relações sociais ou de trabalho, coloca em crise não apenas a identidade 
masculina, baseada no patriarcalismo, como também envolve uma complexidade 
de novas relações entre homens e mulheres, filhos e enteados, que multiplicam 
as possibilidades de identificação dos filhos com o feminino e o masculino, não 
mais composto apenas pela figura do pai ou da mãe, uma vez que agora temos 
a figura cada vez mais recorrente dos novos companheiros dos pais (FÉRES - 
CARNEIRO, 2003).
A partir dos anos 60 a mulher passa a ter liberdade em relação a escolher 
a concepção, se quer ou não ter um filho, com o anticoncepcional, a mulher passa 
a ter controle sobre a quantidade de filhos que quer ter.
 No passado, a mulher apenas procriava a partir da vontade do 
companheiro, pois quanto mais filhos tivessem mais auxiliavam nas atividades 
ligadas à agricultura, pois era sinônimo de “mais braços” para a lavoura, para a 
terra, esse modelo contribuiu para diminuir o número de membros das famílias.
UNIDADE 1 | A EXPRESSÃO FAMÍLIA E SUAS FORMAS MULTIFACETADAS
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A mulher, na atualidade, acompanha a lógica do mercado, ela vem se 
tornando cada vez mais multifuncional, já que no mesmo espaço de tempo 
ela concilia muitas funções sociais: de mulher, esposa, filha, mãe, doméstica, 
cozinheira, além de estar cada vez mais presente no mercado de trabalho. 
Rompeu-se assim a ideia de incapacidade e de procriação que se atribuía 
à mulher no passado, era considerada tecnicamente menos capaz que os 
homens. Uma expressão popularmente utilizada para diferenciar homem de 
mulher é: “o homem age pela razão e a mulher pela emoção”, essa expressão 
caracteriza a mulher como um ser frágil, incapaz de se defender. No entanto, 
essa ideia vem sendo desarticulada, pois as mulheres estão cada vez mais 
ocupando seu espaço no mercado de trabalho, em cargos de gestão, na política 
vêm conquistando lugares de destaque, contudo, a margem salarial muitas 
vezes é inferior à dos homens.
Outro fator determinante na vida das mulheres é a regulamentação do 
divórcio através da publicação da Lei nº 6.515 de 26 de dezembro de 1977, que ficou 
conhecida como Lei do Divórcio na 9° emenda constitucional; também contribuiu 
para o aparecimento de diversas configurações de família na contemporaneidade, 
temos que frisar que isto não significa o fim da concepção de família, mas sim sua 
reestruturação no contexto da sociedade. 
Segundo Sílvio Rodrigues (2004), o advento do divórcio no país representou 
significativo avanço social, haja visto o aumento das relações concubinárias. 
De tal forma o legislador possibilitou a dissolução do vínculo conjugal, e, por 
conseguinte, proporcionou felicidade aos cidadãos que não desejavam a mantença 
da sociedade conjugal.
 É fato que as separações resultam de opiniões contrárias e dificuldades de 
convivência entre as partes, mas também sabemos que em nossa sociedade ainda 
existem preconceitos em relação à separação. É importante compreender que 
existem fatores diferentes para homens e mulheres quando se fala em separação, 
contudo precisamos ter claro que não poderemos generalizar todas as situações.
A possibilidade de tomar decisões sobre o próprio corpo empoderou as 
mulheres, concedendo a elas o poder de decidir sobre a quantidade de filhos que 
desejam ter, hoje, elas pensam no planejamento familiar como uma estratégia 
de ingresso e permanência no mercado de trabalho, contudo vem à tona uma 
situação mascarada pela sociedade: a questão da violência psicológica, física 
e sexual que muitas mulheres sofrem de seus companheiros e familiares. 
É possível afirmar que homens e mulheres têm comportamentos e atitudes 
diferentes neste aspecto.
Conforme Eliene Percilia (2016), a psicologia popular estabeleceu uma 
diferença crucial entre os sexos: os homens são mais rápidos no raciocínio 
matemático e espacial, já as mulheres são melhores com as palavras. Essa ideia 
se baseia em estatísticas, onde a média das mulheres é ligeiramente melhor que a 
dos homens em raciocínio verbal.
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A questão da opressão da mulher na sociedade é resultado das exigências 
materiais e práticas da propriedade privada e dos meios de produção, na qual a 
mulher se tornou objeto do homem, sendo que o homem, em alguns casos, age de 
maneirairracional a partir da opressão psicológica, física e sexual.
2.2.4 Construção social dos filhos na sociedade
As relações estabelecidas no contexto familiar determinam efeitos pessoais 
e sociais no ordenamento jurídico, tais como o poder familiar e seus atributos em 
relação ao direito e dever de alimentos e visitas, entre outros.
A família é considerada a instituição responsável por promover a educação 
dos cidadãos e influenciar o comportamento dos mesmos no meio social. O papel 
da família no desenvolvimento de cada indivíduo é de fundamental importância. 
É no seio familiar que são transmitidos os valores morais e sociais que servirão 
de base para o processo de socialização da criança, bem como as tradições e os 
costumes perpetuados através de gerações.
O ambiente familiar, o lar, é um local onde deve existir harmonia, afeto, 
proteção e todo o tipo de apoio necessário na resolução de conflitos ou problemas 
de algum dos membros. As relações de confiança, segurança, conforto e bem-
estar proporcionam a unidade familiar.
As famílias visualizam nos filhos maiores ganhos financeiros, afinal eram 
mais braços para trabalhar. Com o início da industrialização, a produção familiar 
doméstica perdeu espaço, os filhos migraram para o trabalho assalariado, nos 
maiores centros, mas ainda entregavam sua renda aos pais, para sustento da casa.
As crianças eram submetidas ao trabalho infantil logo nos primeiros anos 
de vida, eram obrigadas a se adaptar nos espaços de trabalho, muitas das crianças 
foram submetidas a graves acidentes, em alguns casos causando a amputação de 
membros, principalmente os superiores, eram violentadas de forma psicológica, 
física, e muitas vezes sexualmente, já que a elas não lhe era conferido nenhum 
direito, pois estas eram tratadas como mercadoria e posse da família. 
A criança vinha para legitimar a função social do pai e da mãe na sociedade, 
era considerada uma ação natural e necessária para selar a união, assim como 
contribuir no amparo na velhice. 
Na contemporaneidade, trabalha-se muito a questão da responsabilidade 
e do planejamento familiar, não apenas a questão biológica, mas as 
responsabilidades que um filho demanda, sendo este considerado um ser 
em desenvolvimento com necessidades específicas. Os filhos são escolhas 
individuais ou conjugais dos pais, os quais assumem a função afetiva e 
sentimental que se amplia para toda a família.
UNIDADE 1 | A EXPRESSÃO FAMÍLIA E SUAS FORMAS MULTIFACETADAS
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Hoje, a formação dos filhos envolve, muito mais diretamente do que 
antes, a escola, os meios de comunicação e a sociedade globalizada. O 
divórcio, as mudanças no papel da mulher e as novas tecnologias vêm 
impondo modificações em toda a sociedade. As separações e os casais 
recompostos são mais frequentes, e muitas famílias são constituídas 
de pai, mãe, os filhos de uniões anteriores e mais os filhos em comum 
(SCHLITHLER; CERON; GONÇALVES, 2014, p. 1).
Ao nos referirmos à expressão filhos, é importante compreender a 
importância no ambiente familiar e social, sua dimensão, função e razões 
plausíveis para sua existência.
Nesse sentido, podemos caracterizar que os filhos são representados a 
partir de três frentes.
• Função Afetiva: à medida que realizam trocas de afeto com os pais e familiares.
• Função Simbólica: estes sendo resultado de uma expressão de amor entre os 
pais.
• Função Produtiva: participação na esfera doméstica ou profissional.
DIMENSÕES DO LUGAR DA CRIANÇA, FUNÇÃO DOS FILHOS E RAZÕES 
PARA SEREM TÃO IMPORTANTES
Dimensões Funções Razões
AFETIVAS • Morais e Sociais 
• Fonte de alegria na vida.
• Amor que dura para toda vida.
• Amor para os demais parentes. 
• Sinal de amor entre os pais.
INSTRUMENTAL
• Produtiva
• Solidariedade material 
• Solidariedade emocional 
• Ajuda em casa e no trabalho.
• Apoio na velhice.
• Possível amparo financeiro.
ESTATUTÁRIA
• Identidade 
• Aquisição de Autoridade 
• Mobilidade Social
• Linhagem
• Realização plena enquanto mulher.
• Alguém que lhe tem respeito.
• Sonhos não realizados e projetados 
nos filhos.
• Continuidade da família.
EXPRESSIVA 
• Papel 
• Sociabilidade lúdica
• Socializadora 
• O cuidado necessário com eles.
• Possibilidade de se divertir com 
eles.
• Possibilidade de aprender coisas 
novas.
FONTE: Disponível em: <http://www.tjdft.jus.br/cidadaos/infancia-e-juventude/publicacoes/
colecao/situacaoRisco.pdf>. Acesso em: 9 mar. 2016.
TÓPICO 2 | A CONSTRUÇÃO DOS PAPÉIS DE GÊNERO NA SOCIEDADE
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A partir do exposto é possível observar que os filhos são compreendidos 
na sociedade a partir de várias vertentes, divididas entre afetivas, simbólicas e 
produtivas, sendo que essas características são utilizadas de maneira individual 
ou associadas, dependendo do contexto social que se pretende identificar.
2.3 COMPREENDENDO NOVAS CONFIGURAÇÕES DE 
GÊNERO (TRANSGÊNEROS)
Todas as pessoas possuem características individuais e características 
comuns a toda a humanidade. O local onde nascemos contribui para o 
desenvolvimento de hábitos e costumes diferenciados, o que caracteriza a 
diversidade humana.
Desde o nascimento somos estimulados para adquirir comportamentos 
considerados adequados para viver em sociedade, tanto o homem quanto a 
mulher terão características de acordo com sua personalidade, uns com maior 
sensibilidade outros com menor, a mulher, em geral, com sensibilidades mais 
transparentes, o homem com características mais fortes e suas sensibilidades 
menores, mais rudes. 
As diferenças entre homens e mulheres são construídas na sociedade 
influenciadas a partir do convívio social. Sendo que fatores biológicos, como os 
órgãos genitais, passam a ser considerados a principal diferença entre homem e 
mulher. Passaremos a compreender que essa também é uma construção social.
Para abordarmos o assunto de transgêneros, é necessário entender que 
“sexo é biológico, gênero é social” (JESUS, 2012, p. 6). E o gênero vai além do 
sexo, o que importa, na definição do que é ser homem ou mulher, não são os 
cromossomos ou a conformação genital, mas a autopercepção e a forma como a 
pessoa se expressa socialmente. 
Na contemporaneidade, existe uma inversão de papéis, sendo que não 
são os cromossomos ou os níveis hormonais que identificam o gênero: ele pode 
ser identificado a partir de suas próprias ideias, sendo estes travestis, transexuais 
os conhecidos como transgênero e os homossexuais.
Transgênero é uma terminologia que vem ganhando força no Brasil, pois 
passa a reconhecer a diversidade de forma de viver o gênero. Jesus (2012, p. 7) 
nos esclarece essa vivencia de gênero como: “1. Identidade (o que caracteriza 
transexuais e travestis); ou como 2. Funcionalidade (representado por crossdressers, 
drag queens, drag kings e transformistas) ”.
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UNI
TRANSGÊNERO é uma nova denominação para os termos: queer e andrógino.
O preconceito, “juízo” preconcebido presente na cultura em forma 
de discriminação que se manifesta em relação a outras pessoas, demonstra 
que na sociedade ainda temos pessoas que não conseguiram romper com o 
conservadorismo, causando um desconforto às pessoas que assumem essa 
transgeneralidade, essa terminologia chama-se de “transfobia”.
A transexualidade não é uma perversão sexual, e sim uma escolha por 
uma identidade, que pode surgir em todas as fases da vida, podendo ou não 
ser assumida. Existe a possibilidade, com os avanços da medicina, de mudar as 
características fisiológicas a partir de procedimentos cirúrgicos. 
A transexualidade se apresenta em várias teorias, porém, nenhuma delas é 
comprovável, a que mais se adapta busca entender que é uma mistura de questões 
biológicas e sociais que resulta em assumir uma nova identidade. Buscamos a 
compreensão de Jesus (2012, p. 8) quando nos esclarece que “mulher transexual é 
toda pessoa que reivindica o reconhecimento como mulher. E homem transexual 
é toda pessoa que reivindica o reconhecimento como homem”.
É importante

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