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MORDIDAS CRUZADAS ANTERIORES

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- MORDIDAS CRUZADAS ANTERIORES –
A mordida cruzada anterior não é passível de autocorreção. Ela pode estar relacionada a um problema esquelético. Seu diagnóstico e tratamento precoce são fundamentais em pacientes infantis. Dentre os aparelhos que podem ser utilizados para a correção da mordida cruzada anterior, encontra-se a placa superior removível com mola.
A MCA caracteriza-se pelo fato de um ou mais elementos dentários ocuparem posições anormais nos arcos, em sentido lingual ou labial, em relação aos dentes antagonistas. As MC podem ser divididas em anterior e posterior, uni ou bilateral. Dentre os fatores etiológicos, se destacam a deficiência no comprimento da arcada na região anterior, o deslocamento do sucessor permanente devido a traumatismo no antecessor decíduo, bem como a presença de dentes supranumerários. É importante destacar que a MCA pode causar alterações nos tecidos gengivais, como resultado da oclusão traumática (recessão).
O diagnóstico é feito a partir de dados obtidos no exame clínico (exame extrabucal, intrabucal e funcional) e exame radiográfico.
No exame extrabucal, deve-se observar a simetria facial colocando um pedaço de fio dental sobre o plano sagital mediano da face do paciente, para compararmos os lados direito e esquerdo. Observar a relação entre a linha mediana dental e o plano sagital mediano. O perfil do paciente é importante nos casos de mordida cruzada anterior esquelética (perfil côncavo).
No exame intrabucal, deve-se avaliar o nº de dentes envolvidos, se houver apenas um dente, provavelmente o problema é dentário. Quando vários dentes estão envolvidos, a suspeita de problema esquelético é maior. O alinhamento dental determina qual dente está cruzado. Nos casos em que há alinhamento dental e a mordida está cruzada, conclui-se que o problema está na relação entre as bases ósseas nas quais os dentes estão implantados.
No exame funcional, quando o paciente apresenta diferença entre RC e MIH, temos alterações causadas por interferências oclusais que levam ao desvio funcional da mandíbula. Se o desvio for protrusivo, ocorrerá mordida cruzada anterior funcional. Se o desvio for em lateralidade, haverá mordida cruzada posterior funcional.
No exame radiográfico, deve-se verificar a discrepância cefalométrica, a inclinação axial dos incisivos, as assimetrias faciais e as dimensões transversais dos arcos.
Antes de se corrigir a MCA, faz-se necessário verificar se a mesma é sintonia de maloclusão generalizada ou uma irregularidade localizada. Portanto, na correção de MCA, devem ser considerados, dentre outros, os seguintes itens: qual incisivo se encontra em pior posicionamento: o superior ou o inferior; se a MCA envolve apenas o dente ou o posicionamento do dente reflete o relacionamento ântero-posterior dos arcos dentários ou uma displasia de base apical; se o padrão de fechamento da mandíbula da posição de repouso até a oclusão é normal ou ocorre algum deslocamento; se há espaço adequado para o descruzamento e se existe overbite suficiente para manter o dente em posição depois da correção.
O tratamento de MCA é realizado, principalmente, através da lâmina ou espátula lingual, plano inclinado ou placa superior com molas.
CLASSIFICAÇÃO
Mordida cruzada anterior: Dentes anteriores mandibulares estão em posição anterior aos dentes anteriores superiores (“overjet inverso”; “trespasse horizontal negativo”). Ela é geralmente evidenciada durante a fase de dentição mista. As MCA podem ser cruzadas por um ou mais fatores etiológicos, dentre eles: injúria traumática ao incisivo decíduo, retenção prolongada do dente decíduo, dentes supranumerários, perda prematura do dente decíduo, falta de espaço no arco, hábito de morder o lábio superior, posição funcional protrusiva, hereditariedade e paciente com fissura palatina. Quando não são tratados poderão resultar em algumas seqüelas desfavoráveis, como: perda do comprimento do arco; desgaste anormal dos dentes de facetas repulsivas nas superfícies vestibulares dos incisivos superiores; oclusão traumática, a qual pode levar a uma migração apical do ligamento periodontal e perda de osso alveolar, possibilitando o desenvolvimento da maloclusão, pseudo classe III.
No diagnóstico diferencial da MCA dentária, a relação molar deve ser cuidadosamente analisada, a qual deverá se encontrar em relação classe I. O cruzamento envolve um ou dois dentes. Um dos fatores etiológicos pode estar presente, como por exemplo, um supranumerário. O perfil do paciente é, geralmente, o mesmo quando a mandíbula esta em repouso, assim como em oclusão cêntrica. O componente determinante para o diagnóstico é a inclinação axial anormal do dente cruzado, caracterizando uma assimetria na arcada dentária.
Antes de iniciarmos o tratamento, devemos considerar a presença de espaço mésiodistal adequado para o posicionamento do elemento dentário, na posição adequada no arco dentário. Quando o espaço for insuficiente, é necessário estar inclusa a recuperação deste espaço para posterior descruzamento.
Mordida cruzada anterior esquelética: Caracteriza-se pela projeção mandibular, retrusão maxilar, ou ambas, por excesso mandibular e por falta de crescimento maxilar. O perfil desses pacientes é côncavo, podendo caracterizar uma tendência familiar.
Mordida cruzada anterior funcional ou pseudo classe III: Têm como fatores etiológicos as interferências funcionais, que podem ser dentárias, provocadas pela respiração bucal ou mesmo pó hábitos de sucção. Caracteriza-se por ligeira protrusão da mandíbula para acomodação. Levando-se a mandíbula em RC, podemos observar a relação de topo de incisivos e a projeção dos molares no plano oclusal em relação de classe I. A má oclusão esquelética classe III, a coroa dos incisivos inferiores são geralmente inclinados para lingual, enquanto que na pseudo classe III, a coroa dos incisivos superiores são geralmente inclinados para a lingual e a coroa dos incisivos inferiores são labialmente inclinados. Examinando o perfil do paciente classe III, tanto em posição de repouso quanto em MI, está presente o prognatismo mandibular. Entretanto, na pseudo classe III, o perfil do paciente apresenta-se normal em repouso, mas em MI, a mandíbula é protruída.
Mordida cruzada anterior dentária: Envolvimento de um dente ou grupo de dentes. A relação molar geralmente encontra-se em classe I. Dentre os fatores etiológicos, podemos citar a retenção prolongada de dentes decíduos ou presença de dentes supranumerários.
Mordida cruzada posterior: Relação vestíbulo-lingual anormal entre os dentes posteriores. As cúspides vestibulares de alguns dentes maxilares posteriores ocluem lingualmente com as cúspides vestibulares dos dentes inferiores. Quando um ou mais dentes superiores estão em mordida cruzada, cúspide vestibular dos dentes superiores ocluindo lingualmente à cúspide vestibular dos dentes inferiores, denomina-se mordida cruzada lingual. Quando as cúspides linguais dos dentes posteriores superiores ocluem completa e vestibularmente às cúspides vestibulares dos dentes infeirores, denomina-se mordida cruzada bucal.
A falha dos dois arcos dentários, em ocluir normalmente na relação transversal, pode ocorrer em virtude de problemas localizados como posição dentária, crescimento alveolar, ou grave discrepância entre a mandíbula e a maxila (esquelético). Pode envolver um ou mais dentes e pode ser uni ou bilateral. As mordidas cruzadas podem ser originárias da dentição e do processo alveolar, do esqueleto crânio-facial, da musculatura temporomandibular ou da combinação de quaisquer destas causas.
Mordida cruzada posterior dental: Os fatores dentais incluem retenção prolongada de dentes decíduos; anomalias na cronologia e, principalmente, seqüência de erupção dos dentes decíduos; discrepância ósseo-dental negativa, resultando na erupção dos dentes em vestíbulo ou línguoversão; e, anomalia de tamanho, número ou forma dos dentes. Mordida cruzada dentária envolve somente a inclinação incorreta de um dente ou vários. As linhas médias coincidem quando os ossos estãoafastados e divergem quando os dentes entram em oclusão. O ponto mais importante para o diagnóstico é a localização da assimetria no arco dentoalveolar.
Mordida cruzada posterior unilateral funcional: Dentre os fatores etiológicos, podemos citar: distúrbios ou interferências oclusais, insuficiente largura maxilar em relação à mandibular ou fenda palatina. Na maioria dos casos, a mordida cruzada posterior unilateral está associada à posição condilar mandibular assimétrica ou com desvio lateral funcional. Os fatores etiológicos musculares provocam desequilíbrio muscular entre a língua e o bucinador, causando constrição da maxila ou palatoversão dos dentes maxilares. Pode ser causado por alterações funcionais devido a contatos prematuros, respiração bucal, hábitos de sucção do lábio, sucção digital e padrão anormal de fechamento da mandíbula.
A falta de harmonia entre a maxila e a mandíbula geralmente se deve à contração bilateral da maxila. Nestes casos, os músculos deslocam a mandíbula, a fim de adquirir maior contato interoclusal. Colocando-se a mandíbula de forma que as linhas médias superior e inferior coincidam, muitos pacientes que apresentavam mordida cruzada unilateral, agora mostrarão mordida cruzada bilateral devido a contração da maxila.
Na mordida cruzada dental, os dentes deverão ser movimentados. Na mordida cruzada muscular ou funcional, ajustes oclusais como desgastes das interferências dentais, deverão ser realizados, permitindo mudanças no reflexo do posicionamento mandibular.
Mordida cruzada unilateral verdadeira: Associada a hábitos de postura incorretos que proporcionam contração unilateral da maxila. Este tipo de mordida cruzada apresenta linhas medianas superior e inferior coincidentes e não há contatos prematuros de dentes decíduos e desvio funcional da mandíbula em seu padrão de fechamento.
Mordida cruzada esquelética (bilaterais): Incluem alterações no crescimento dos ossos do complexo crânio-facial devido a fatores ambientais, genéticos e/ou pacientes fissurados.
As alterações no crescimento ósseo podem produzir mordidas cruzadas de duas maneiras: crescimento assimétrico ou deficiência de harmonia nas larguras das bases ósseas maxilar e mandibular. O crescimento assimétrico pode ser resultado de padrões de crescimento herdados, de trauma que impede o crescimento normal do lado afetado, ou de deslocamento mandibular funcional de longa data. As mordidas cruzadas esqueléticas, devido ao crescimento ósseo assimétrico, são muito difíceis de serem tratadas.
TRATAMENTO
Mordida cruzada anterior dentária
· Espátula de madeira: só tem sucesso em crianças cooperadoras, apresentando um incisivo em estágio inicial de erupção, com grau mínimo de mordida cruzada e presença de espaço para seu correto posicionamento. Ela deve estar posicionada a 45º atrás do dente deslocado. As vantagens são: baixo custo e rapidez no tratamento. O sucesso e o prognóstico dependem da cooperação da criança e supervisão dos pais. Dura poucos dias, durante alguns minutos, quatro vezes ao dia.
· Coroa de aço inoxidável: Indicado para casos de MCA dentária unitária e consiste na cimentação de uma coroa de aço inoxidável no dente que está em mordida cruzada. A desvantagem é a falta de estética. A correção ocorre em uma ou duas semanas.
· Plano inclinado inferior fixo: Método de preferência para a correção de incisivos centrais cruzados, com sobremordida suficiente para a autocontenção do tratamento. É o mais versátil e de mais fácil confecção. Alguns fatores devem ser considerados para que o plano inclinado seja indicado: a) etiologia da MC é somente dentária; b) espaço suficiente para o movimento labial do dente; c) o dente não pode estar girado; d) a MC não é maior que 1/3 do comprimento da coroa. Confecção do aparelho descrita na pág. 354 do artigo.
· Plano inclinado em resina acrílica: A resina acrílica deve cobrir os seis dentes Antero-inferiores, mas não deve ser permitido contato com os tecidos gengivais ou tecidos palatais opostos. O plano inclinado deve ser contornado e polido num ângulo de 45º graus com o longo eixo dos incisivos inferiores. O movimento de deslocamento incisal é feito pela pressão exercida no dente durante o fechamento da boca. Só deve tocar no acrílico ou nos dentes cruzados, os demais serão aliviados. A cada sessão, o plano deverá ser desgastado. Só removê-lo após descruzar totalmente e obtido o trespasse incisal positivo. A grande desvantagem dessa técnica é a possibilidade de abertura da mordida pelo uso maior que duas ou três semanas. A força aplicada e a quantidade exata de movimento vestibular do dente cruzado é incontrolável.
· Aparelho removível com molas digitais: Indicados quando temos dois dentes em MC e boa retenção posterior. São indicados também para recuperar algum espaço perdido na região do dente cruzado, quando é preciso corrigir giroversões nos dentes anteriores, quando se tem problemas periodontais nos dentes inferiores que impossibilita o uso do plano inclinado e nos casos em que necessita-se de um aparelho de contenção.
Este aparelho consta de uma placa superior de acrílico, com grampos de retenção posteriores, grampo de hawley anterior e mola na região do dente ou dentes a serem descruzados. Estas molas tem a função de pressionar os dentes em sentido labial até encostarem no arco de Hawley, que também tem a função de servir de guia. Este aparelho deve ser utilizado 24h por dia, inclusive nas refeições, sendo este removido apenas para higienização.
· Aparelho fixo: O dente cruzado é tracionado em direção vestibular pelo alinhamento e nivelamento através do arco metálico. Uma das vantagens é que o aparelho é fixo e não pode ser removido, e possui um melhor controle da força e direção nos dentes deslocados. Na maioria dos tratamentos para a correção desta maloclusão, a contenção poderá ser a própria oclusão e o prognóstico é bastante favorável.
Mordida cruzada anterior funcional: A MCA funcional ou falsa (pseudo) classe III é caracterizada pela protusão mandibular funcional, causada por uma interferência na trajetória do fechamento mandibular. Esta interferência é, usualmente, devida a contatos prematuros durante a oclusão cêntrica, levando a criança a adotar uma postura mandibular desviada por acomodação. Outro fator etiológico é o hábito de sucção de chupetas. No diagnóstico de pseudo classe III, deve-se levar a mandíbula em relação cêntrica, na qual podemos observar uma relação de topo a topo dos incisivos e a projeção dos molares no plano oclusal em relação classe I. O perfil do paciente se apresentará prognata quando em oclusão cêntrica, melhorando à medida que a mandíbula vai da relação de contato oclusal à posição de repouso. Diversos tipos de tratamentos podem ser realizados, dependendo da idade, do grau de cooperação e do fator etiológico envolvido. A correção da pseudo classe III pode se dar pela simples remoção dos contatos prematuros, pelos desgastes das faces incisais dos incisivos superiores e inferiores nos casos de dentição decídua e mista. Quando na dentição permanente, o problema já é esquelético, com isso o tratamento se torna mais complexo requerendo um tempo maior e prognóstico não tão favorável. O tratamento mais indicado são aparelhos ortopédicos funcionais (aparelho progênico modificado de Bimler, podendo ser associado a molas digitais ou torno de expansão. Utiliza-se uma mentoneira para guiar a mandíbula para uma posição mais verdadeira. As MCA funcionais não tratadas devidamente poderão levar a um crescimento adverso da mandíbula e maxila, uma tensão excessiva nas articulações, uma interferência na função normal muscular, mastigação e fala, ou desenvolvimento da maloclusão de classe III verdadeira. As MCA deverão ser tratadas o mais precocemente possível.
Mordida cruzada anterior esquelética: Cruzamentos dentais de origem esquelética são caracterizados por uma projeção mandibular, retrusão maxilar, ou ambas, uma por excesso e outra por falta de crescimento. No diagnóstico, devemos observar as posições mandibulares, tanto em oclusãocêntrica como em relação cêntrica. O tratamento poderá incluir até cirurgia ortognática em época oportuna. Nestes casos, os aparelhos utilizados são a máscara facial ou aparelho de tração reversa. A classe III verdadeira torna-se progressivamente pior quando não é tratada, pois o padrão de crescimento ósseo é o fator determinante. Em casos mais extremos, o único recurso é a combinação da cirurgia ortognática com a ortodontia. A aparelhagem empregada inclui torno para a disjunção, mentoneira, dispositivos para tração reversa, progênico modificado com ou sem torno de expansão, quadri-helix em alguns casos, podendo terminar com a complementação de aparelhos fixos. O prognóstico não é muito favorável. Além do tempo excessivo de tratamento, precisamos ficar atentos quanto ao crescimento na fase da puberdade.
Mordida cruzada posterior: Os problemas transversais, como as mordidas cruzadas, são os primeiros a serem corrigidos, pois são os primeiros a cessarem o crescimento, podendo causar deficiências ósseas irreversíveis ao paciente. A necessidade de tratamento para as MCP se faz necessária pois: ela não é autocorrigível, os pré-molares irrompem na mesma relação de mordida cruzada dos molares decíduos não tratados, crianças que não são tratadas precocemente apresentam posição anormal de pré-molares e molares permanentes.
A correção das MCP deve ser realizada antes do surto máximo de crescimento puberal que ocorre por volta dos 10-11 anos nas meninas e 12-13 nos meninos.
Mordida cruzada posterior dentária unitária: O dente superior poderá estar em palatoversão, enquanto que o inferior estará em vestibuloversão. Nestes casos, ambos devem ser corrigidos. É muito importante verificar a quantidade de espaço existente para a movimentação dentária.
 Os elásticos cruzados simples são efetivos para molares em mordida cruzada quando ambos os dentes estão fora de posição e há espaço adequado para eles.
 O tempo de utilização dos elásticos cruzados varia de um a quatro meses.
 Caso a MC dentária unitária seja devido a inclinação axial incorreta de somente um único dente, utilizamos um aparelho removível com mola. A mola poderá ser em “S” ou “helicoidal dupla”, sendo que a primeira exerce maior pressão sobre o dente, pois apresenta menor quantidade de fio para dissipação das forças.
 Após a correção da MC dental, o aparelho deve ser utilizado de forma passiva por um período adicional de três a seis meses.
Mordida cruzada posterior funcional X contração dentoalveolar: Casos de mordida cruzada funcional apresentam melhor prognóstico que as contrações dento-alveolares. Se as linhas médias coincidirem quando o paciente oclui em sua posição habitual, geralmente há adaptação muscular mínima e o caso é puramente de estreitamento do arco alveolar superior. Se não, o cruzamento da mordida ocorrem em função da adaptação muscular à procura de maior intercuspidação dental durante o fechamento.
 Em casos de contração dento-alveolar bilateral da maxila, o aparelho removível com parafuso expansor bilateral, Quad-helix, ou arco em “w” são os mais indicados.
 O aparelho removível com parafuso expansor bilateral move dentes e remodela o processo alveolar. O parafuso expansor deverá ser ativado duas vezes por semana até a correção da mordida cruzada e após esse período, utilizado como contenção por um período de seis a doze meses. É indicado somente para correções nas dentições decíduas e mistas. A confecção dos aparelhos está descrita na pág. 358.
 Em casos de contração unilateral verdadeira da maxila estão indicados os expansores removíveis unilaterais, o Quad-helix e o arco em “W” modificados.
Mordida cruzada posterior esquelética: Estes casos se apresentam de duas maneiras: maxila relativamente estreita e largura maxilar excessiva com estreitamento mandibular. Freqüentemente, as linhas médias coincidem, porém os dentes posteriores não ocluem corretamente. A eficiência mastigatória é baixa e não há relação oclusal definida.
 O aparelho disjuntor de Haas é o mais indicado para casos de contração maxilar esquelética. É um aparelho de ancoragem dento-muco suportada.
 Os efeitos ortopédicos da expansão rápida da maxila justificam sua indicação para as atresias esqueléticas do arco superior, com vantagens indiscutíveis para a oclusão e, ocasionalmente, com notória melhora na capacidade respiratória.
 O parafuso expansor, elemento ativo do aparelho, imerge na porção acrílica exatamente sobre a rafe palatina, no centro sagital da estrutura metálica, unindo as duas partes do aparelho.
 O procedimento clínico de expansão rápida ou disjunção da maxila inclui uma fase ativa, que pode concentrar forças laterais excessivas, que irá abrir a sutura palatina mediana ou outra passiva de contenção. A fase ativa inicia-se após a cimentação do aparelho com ¼ de volta, repetidas 4 vezes, com intervalos de 15 minutos entre cada ativação. Nos dias seguintes, serão realizadas duas ativações diárias, ¼ de volta durante o dia e outro ¼ de volta a noite. O paciente deverá ter retornos semanais no consultório odontológico para controle do caso.
 A ativação do disjuntor de Hass será interrompida quando houver sobrecorreção da mordida cruzada, ou seja, as cúspides palatinas dos dentes superiores deverão estar ocluindo com as cúspides vestibulares dos dentes inferiores. A sobrecorreção é imprescindível, pois além da esperada recidiva dento-alveolar, ocorre recidiva óssea após o tratamento.
 A fase de contenção é por um período de no mínimo 3 meses, enquanto se processa a reorganização da sutura maxilar e as forças residuais são dissipadas.
 A expansão rápida da maxila promove efeitos ortopédicos (ósseos), ortodônticos (dentais) e alterações cefalométricas em norma lateral e frontal.
 Após um período de 5 anos, as distâncias intermolares apresentam recidiva em 45% da distância inicial (pós-contenção). Isso se deve à ação da musculatura facial sobre os dentes. Dessa forma, recomenda-se a sobrecorreção de aproximadamente 3mm, isto é, a cúspide palatina do molar superior deve estar em contato com a cúspide vestibular do molar inferior, com a finalidade de compensar essa possível recidiva.
 A abertura de diastema entre os incisivos centrais superiores representa, também, um efeito ortodôntico característico das expansões.
 Após e concomitantemente a esses efeitos ortodônticos procede-se as alterações ortopédicas. As telerradiografias laterais demonstram que há deslocamento anterior e inferior da maxila com a disjunção.
 O aparelho de Hyrax é indicado para a contenção de MCP esquelética, pois promove a expansão rápida da maxila e abertura da sutura palatina mediana. Sua estrutura é parecida com a do aparelho disjuntor de Haas, porém não apresenta o suporte mucoso deste, sendo somente um aparelho dento-suportado.
FORÇA ORTODÔNTICA x FORÇA ORTOPÉDICA
As forças ortodônticas promovidas pelos aparelhos expansores removíveis são de baixa instensidade. As forças ortopédicas, mais intensas, se destinam a provocar mudanças do tipo esqueléticas, como é o caso do aparelho disjuntor de Haas.
... Consequências:
MCA: Desgaste excessivo no esmalte da superfície labial dos incisivos superiores, excessiva abrasão incisal envolvendo tanto os incisivos superiores quanto os inferiores, inflamação com possível destruição do periodonto labial dos incisivos inferiores, deslocamento acentuado para labial dos incisivos inferiores envolvidos na mordida cruzada e distúrbios na ATM podem surgir com o passar do tempo.
MCP: Migração dos dentes vizinhos fechando o espaço do dente cruzado, devido à perda de contato proximal; prejuízo na fonação e deglutição, pois a língua não dispondo de espaço para seu posicionamento normal, se projeta contra os dentes anteriores; assimetrias faciais causadas por mordidas cruzadas funcionais posteriores quando não tratadas até a fase de dentição mista, evidenciada pela falta de coincidência das linhas medianas dentárias. Muitas vezes, estas assimetrias são irreparáveis, ocorrendo danos à ATM devido ao desequilíbrio oclusal.CASO CLÍNICO 1
Paciente do sexo feminino, 11 anos, apresentou-se à faculdade sendo relatado
Pelos seus pais que a mesma era portadora de problemas gengivais e de oclusão. 
Ao exame clínico, constatou-se a MCA envolvendo os elementos 11, 12 e 22, com 
repercussões severas para o 41, que apresentava recessão gengival e discreta mobilidade.
 Ao se realizar a análise da dentição mista de Moyers, verificou-se uma discrepância severa (-9,5mm) no arco superior, sendo os responsáveis e a paciente, orientados para, posteriormente à atuação do odontopediatra, procurarem o tratamento ortodôntico necessário para a resolução dos problemas oclusais. Contudo, de imediato, objetivando melhorar a saúde gengival do elemento 41 bem como evitar alterações esqueléticas, foi confeccionada uma placa superior removível, contendo grampo de Hawley (fio 0,8mm), dois grampos interproximais entre os 1º prés e 2º molares decíduos, dois grampos de retenção vestibular dos elementos 16 e 26 construídos com fio 0,7mm, e uma mola digital para promover a inclinação para vestibular do elemento 11, confeccionada com fio 0,6mm. A ativação da mola foi feita uma única vez, uma semana após a colocação do aparelho. Decorridas 3 semanas, verificou-se o correto alinhamento do dente 11 e a melhora no quadro de recessão gengival do elemento 41.
CASO CLÍNICO 2
Paciente do sexo feminino, 8 anos, procurou a faculdade queixando-se de problemas
ortodônticos. Ao exame clínico, constatou-se a presença de MCA afetando o 22. Durante 
a anamnese, foi relatado pelos pais que a paciente portava o hábito de onicofagia. 
Observou-se que o hemiarco esquerdo estava mais freqüentemente envolvido com 
o hábito, particularmente os incisivos laterais que eram utilizados como elementos 
cortantes das unhas. Uma vez que não havia espaço para o descruzamento do 22, inicialmente foi realizado um “slice” na face mesial do 63 com o auxílio de broca diamantada 3070. Optou-se pela colocação de placa com mola, arco de hawley, quatro grampos interproximais e dois circulares, confeccionados com fio 0,8mm. A mola foi construída com fio 0,6mm e foi recoberta com resina acrílica com a finalidade de evitar-se movimentos em direção incisal durante a ativação, fato que prejudicaria a ação da mesma. A mola foi ativada quinzenalmente, de encontro ao “stop” de resina, e, após 4 semanas, verificou-se a correção da MCA, estando o incisivo lateral superior esquerdo corretamente posicionado no arco.
DISCUSSÃO
A MCA deve ser tratada o mais precocemente possível, objetivando a prevenção de alterações esqueléticas. No caso 1, com relação à recessão gengival associada a MCA, ressaltam que, se tal maloclusão não foi corrigida, pode comprometer a integridade do periodonto da face vestibular dos incisivos inferiores, ao se corrigir o alinhamento do incisivo central superior direito da paciente, houve a melhora da saúde gengival do elemento 41, sendo visível a regressão da recessão gengival.
No caso 2, evidenciou-se a relação entre a onicofagia e a presença de MCA.
A escolha, nos casos relatados, recaiu na utilização da placa superior removível com molas para correção da MCA, uma vez que esse dispositivo tem como principais indicações casos em que é necessário movimentar um ou mais dentes, particularmente os incisivos laterais cruzados, e casos em que há previsão da necessidade de contenção. 
Em se tratando do tempo necessário para a correção da MCA, o resultado desejado é visto após 30 dias.
É importante destacar que aqueles que se dispõe a corrigir a MCA devem conhecer os fatores etiológicos dessa maloclusão, além de supervisionar a cronologia e a erupção dental. Em acréscimo, faz-se necessário possuir conhecimentos integrados de oclusão, análise da dentição decídua e mista, crescimento ósseo e cefalometria, com vistas a fazer um correto diagnóstico diferencial antes de optar pelo tratamento.

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