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INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO INTRODUÇÃO Conceito • Colonização bacteriana da urina e infecção das várias estruturas que formam o aparelho urinário, desde a uretra até o parênquima renal ITU • Variedade de síndromes clínicas • Mais comum em crianças, mulheres jovens e idosos • Diagnóstico e tratamento imediato Crianças • Maior risco de adquirir lesões graves • Podem evoluir com hipertensão arterial e IRC com episódios repetidos, acometimento bilateral e associado a alterações como refluxo vesicouretral (RVU) maciço, processos obstrutivos EPIDEMIOLOGIA Sexo • Homens: mais frequente nos extremos da vida • Mulheres: aumento com a idade • Nos jovens: 20 a 30x mais frequentes nas mulheres Bacteriúria assintomática • Mais comum no sexo masculino nos recém- nascidos • Após o 1° ano de vida tornam-se mais frequentes em meninas Pielonefrite Aguda (PNA) no 3° trimestre da gravidez • Prevenção pela triagem e tratamento precoce da bacteriúria assintomática CONCEITO E TERMINOLOGIA NAS ITU Infecção bacteriana • Localização e multiplicação, no trato urinário, de bactérias obtidas na cultura de urina, na grande maioria das vezes com contagem ≥ 105 UFC/ mL de urina Diagnóstico de ITU em mulheres jovens sintomáticas com leucocitúria • Contagem ≥ 102 UFC/ mL Diagnóstico Sociedade Americana de doenças infecciosas (SADI) • Cistite: 103 UFC/ mL • Pielonefrite: 105 UFC/ mL Contagens baixas • Culturas positivas para o Staphylococcus saprophyticus e outras bactérias GRAM + Homens • Índices de contaminação mais baixos • Cistite: 103 UFC/ mL e SADI define: Cistite: 105 UFC/ mL Crescimento menor de bactérias na urocultura 1. Uso de antibacterianos, antecedendo (3 a 4 dias), na vigência ou logo após o término de sua utilização 2. Presença de bactérias com crescimento lento 3. Hiperidratação do paciente 4. Coleta de amostra da urina pouco tempo após uma micção 5. Contaminação da urina com material de limpeza da genitália ou periuretral Manifestações clínicas da ITU relacionadas: • Localização • Agentes etiológicos • Gravidade • Resposta do paciente ITU Sintomática ou assintomática • Dependência da existência ou não de sinais e sintomas clínicos mais ou menos específicos ITU aguda • Diante de um caso sintomático atual ITU recorrente • Diante de outro caso com episódios repetidos (mais de três episódios no intervalo de 1 ano) Pielonefrite aguda • Infecção alta, ou seja, dos rins e da pelve • Cistite: quando localizada na bexiga Síndrome uretral • Não é mais incluída entre as ITU • Faz parte do complexo sindrômico cistite intersticial/ síndrome da bexiga dolorosa, associada à dor pélvica crônica Cura • Urocultura negativa e/ou normalização dos dados da urinálise, durante ou imediatamente após o término do tto Falha no tratamento • Falha na erradicação da bacteriúria durante o tratamento Reinfecção • Ocorre após cura aparente, com cepas diferentes Recidiva • Recorrência da bacteriúria com o mesmo organismo nas 3 semanas após o tratamento durante o qual a urina era estéril Possibilidade de ITU complicada • Cálculos • Doenças císticas, prostatite • Imunossupressão PATOGÊNESE Escherichia coli uropatogênica (ECUP) • Patógeno mais frequentemente isolado nos pacientes com ITU Origem da ITU 1. Colonização com infecção ascendente (mais comum) 2. Disseminação Hematogênica 3. Via linfática FATORES BACTERIANOS Genes das ECUP • Codificam vários fatores de virulência: Adesinas, protectinas, sideróforos e toxinas, também sintetizando substâncias naturais que facilitam a colonização do trato urogenital Bactérias causadoras de infecção do trato urinário • Capacidade de aderis às células do epitélio urinário ou a uromucoide, prevenindo o wash out e permitindo a invasão bacteriana • Aderência associada a existência de fímbrias ou pilli – Bactérias Gram – • Enterobactérias: dispõe de estruturas e substâncias e substâncias flagelares (antígeno H - motilidade), capsulares (antígenos K- resistência fagocitose) e lipopolissacarídeos (antígeno O- antigenicidade) • Contribuem para a virulência bacteriana (Hemolisina, lisando hemácias, aerobactina, quelante de ferro FATORES DO HOSPEDEIRO • Maior prevalência da ITU em relação ao início e maior atividade sexual e uso de espermicidas • Uso pregresso de antibióticos) alteração da microflora vaginal normal- Lactobacilos e estafilococos) • Disfunção miccional, constipação intestinal FATORES GENÉTICOS • Capacidade da proteína de Tamm- Horsfall e de receptores uroteliais celulares de impedir a aderência de E.coli tipo fimbriada • Pacientes não secretores de antígenos do grupo sanguíneo ABO – cistite recorrente • Mulheres e crianças com fenótipo de grupo sanguíneo O1 – pielonefrite recorrente FATORES BIOLÓGICOS • IgA secretória, pH ácido, concentração de ureia, osmolalidade e vários ácidos orgânicos evitam a multiplicação da maioria das bactérias no trato urinário • Anormalidades hormonais e metabólicas, como gravidez, diabete melito e diminuição de estrógenos em pacientes idosas, são fatores para uma maior incidência e recorrência DIAGNÓSTICO EXAMES COMPLEMENTARES Diagnóstico definitivo • Urocultura + em coleta com assepsia rigorosa • Tratamento deve ser iniciado empiricamente com os dados da urinálise e da tira reativa Urina por outros métodos que não do jato médio • Punção suprapúbica ou cateterismo vesical deve ser realizada excepcionalmente Necessidade de obtenção da primeira urina da manhã • Suspeita de contagens bacterianas baixas (Staphylococcus saprophyticus) ou bacteriúria assintomática Paciente assintomática • Urina coletada em qualquer período do dia é satisfatória pra a realização da urinálise e da cultura Tiras reativas • Junto com a urinálise, detecção de vários parâmetros presentes na ITU, como esterase leucocitária, nitrito, proteinúria e hematúria Leucocitúria • Além da ITU, tuberculose renal, nefrite intersticial, rejeição de transplante renal AGENTES ETIOLÓGICOS DAS ITU • E. coli – mais frequente nos pacientes ambulatoriais • Klebisiella • Enterobacter • Proteus • GRAM + → Staphylococcus saprophyticus plasma-coagulase negativo, S. aureus, Enterococcus EXAMES DE LOCALIZAÇÃO • Raramente necessários Exames que detectam imunoglobulinas • Proteínas ou enzimas intracelulares originarias do processo inflamatório dos rins (interstício e túbulos não são utilizados na prática diária Úteis na prática diária • Exames de rápida realização, como proteína C reativa ultrassensível e o hemograma com VHS NORMAS PARA O MANEJO DA ITU 1. Diagnóstico clínico e laboratorial corretos e imediatos 2. Tratamento iniciado com a suspeita clínica e urinálise 3. Evitar a evolução da infecção pra pielonefrite crônica, HÁ e IRC: Diagnóstico precoce, tratamento imediato e seguimento adequado 4. Fatores de risco determinantes da lesão renal ▪ Idade precoce ▪ Tempo de doença ▪ Demora no início da terapêutica ▪ Virulência bacteriana ▪ Susceptibilidade individual ▪ Fatores de risco existentes 5. A escolha do agente antibacteriano deve ser baseada em sua provável eficácia contra as bactérias uropatogênicas, ausência de efeitos colaterais, custo, padrões de sensibilidade locais 6. Preferência aos antimicrobianos de eliminação renal e não utilizar aqueles cuja resistência seja superior a 20% na comunidade 7. Caracterização da cura, adotando, de rotina, no manejo de crianças e adultos com ITU, a realização da urinálise com 24 – 48 h do início do tratamento ▪ Critério de cura: ausência de bacteriúria na urinálise, no dia seguinteao início da terapêutica, sendo a leucocitúria, frequentemente, mais demorada na sua normalização 8. Quando se utiliza a via parenteral, geralmente 24 a 48h após, pode-se mudar para a via oral (VO) com o antibiótico adequado, na dependência da duração da febre ou da melhora clínica do paciente 9. Quando há alterações estruturais ou funcionais ao exame de imagem, o tempo de tratamento pode ser prolongado além dos 3 ou 7 dias geralmente propostos para a cistite e pielonefrites, respectivamente 10. ITU não complicada geralmente não é solicitado cultura de urina para estabelecer o diagnóstico ou para a documentação da cura 11. Acompanhamento do paciente para verificar a ocorrência de recidiva ou recorrência 12. Se a urinálise, realizada como controle na vigência do tratamento empírico, é normal, mas a bactéria é resistente pelo antibiograma ao medicamento prescrito, não há necessidade de troca 13. O uso de analgésicos e antiespasmóticos está indicado nos casos de dor lombar ou suprapúbica incômodas 14. Medidas comportamentais ▪ Aumento da ingesta líquida ▪ Micções frequentes e completas ▪ Regularização dos hábitos intestinais ▪ Evitar banhos de espuma e com adição de produtos químicos ▪ Esvaziamento vesical antes de dormir e após o ato sexual SÍNDROMES CLÍNICAS, QUADRO CLÍNICO E TRATAMENTO CISTITE AGUDA NÃO COMPLICADA NA CRIANÇA Recém-nascidos e lactentes • Sinais e/ou sintomas inespecíficos • Falta de ganho de peso • Irritabilidade • Hipertermia sem foco • Palidez • Anorexia • Apatia • Icterícia em recém- natos Crianças maiores • Disúria • Polaciúria com pequeno volume de urina às micções • Odor forte ou fétido • Desconforto suprapúbico • Dor abdominal, em flanco (por paralisia uretral pela toxina da bactéria Gram – • Infrequentemente hiperemia pouco elevada • Raramente hematúria macroscópica • Por vezes, enurese Tratamento ITU sintomáticas não complicadas do trato urinário inferior • Medicação oral • Preferência por cefalexina, ácido nalidíxico e nitrofurantoína por 3 dias • Alguns autores recomendam, em crianças de até 5 a 6 anos, manter a profilaxia até a realização dos estudos de imagem como a cistouretrografia miccional CISTITE AGUDA NÃO COMPLICADA NA MULHER JOVEM • Sinais e sintomas iguais ao das crianças maiores Mulheres sexualmente ativas – Diagnóstico diferencial • Uretrite por Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoear • Infecções pelo vírus herpes simples • Vulvovaginite por Candida ou Trichomonas vaginalis • Ocorrem alterações locais nas vulvovaginites, com a presença ocasional de secreção vaginal ou uretral • Infecções a vírus não causam leucocitúria, mais intensa na cistite que nas outras condições • Hematúria não glomerular é um dado chamativo nas cistites virais, notadamente naquelas causadas pelo adenovírus Diagnóstico • Nas cistites não complicadas, culturas de urina geralmente não são necessárias • Reservadas para infecções sintomáticas graves ou complicadas e, principalmente, para bactérias pouco comuns, como Pseudomonas Medicação • Nitrofurantoínas • Cefalexina • Ácido nalidíxico • Trimetroprim- sulfameroxazol • 3 dias de tratamento CISTITE AGUDA RECORRENTE EM MULHERES • Aproximadamente 80% dos episódios de cistite recorrente são reinfecções, na maioria das vezes pela mesma bactéria persistindo na microbiota fecal • Tratadas da mesma maneira que os episódios isolados • A decisão de iniciar ou não a profilaxia com antibióticos a longo prazo deve ser uma escolha do paciente com seu médico, levando em consideração o número de recorrências (geralmente, quando há mais de 3 episódios por ano), a morbidade de cada episódio, e eventual impossibilidade de manter atividades normais durante o episódio • Optando-se pelo tratamento profilático, recomenda-se manter inicialmente por 3 a 6 meses • Geralmente a profilaxia é geralmente feita com nitrofurantoína, mas em crianças com cefalexina Crianças com RVU • Nunca é adotado profilaxia em longo prazo Mulheres após a menopausa • Utilização intravaginal de estrógeno tem sido eficaz na diminuição dos episódios de ITU e, também, na normalização da flora original CISTITE INTERSTICIAL/ SÍNDROME DA BEXIGA DOLOROSA/ SÍNDROME URETRAL Cistite intersticial/ síndrome da bexiga dolorosa • Causa comum de doença pélvica crônica • Dor infraumbilical com menos de 6 meses de duração, e grave o suficiente para causar desconforto ou necessitar tratamento • Reação inflamatória da bexiga causando dor pélvica e bexiga irritável, disfuncional, com urgência miccional e polaciúria, sendo infrequente a incontinência urinária Síndrome uretral • Mesmos sintomas da cistite intersticial • Deve ser diferencia da de inúmeras causas de dor pélvica crônica de causas ginecológicas, urológicas, intestinais, musculoesqueléticas, posturais, dor crônica da parede abdominal, problemas psicológicos, somatizações comportamentais, adição a drogas, abuso físico e sexual, depressão, alterações do sono e dor abdominal (acima do umbigo) Tratamento • Amitriptilina e terapêutica física manual com identificação de pontos dolorosos e utilização de calor ou gelo PIELONEFRITE AGUDA NÃO COMPLICADA EM MULHERES Sinais e sintomas • Podem variar de uma doença discreta à evolução para urossepse • Hipertermia geralmente elevada • Tremores • Apatia • Irritabilidade • Náuseas • Queda do estado geral com fácies tóxica • Dor lombar, uni ou bilateral (Giordano positivo), mesmo com pressão leve • Eventualmente, sinais de infecção baixa, anterior ou posteriormente ao início do episódio de pielonefrite • Mulheres jovens submetidas anteriormente a tratamento em curto prazo ou em pacientes idosos, observam-se sinais e sintomas de ITU baixa, com dor abdominal indefinida, náuses e vômitos Diagnóstico • Sempre solicitar urocultura • US: aumento de tamanho de rim afetado, eventualmente, áreas de aumento de ecogenicidade, configurando nefronia lobar Medicação • Via oral ou parenteral • Quadro clínico discreto a moderado: Cefalexina VO para mulheres e crenças • Manter tratamento por 7-14 duas • Fluoroquinolonas para adultas e gentamicina para crianças devem ser as medicações iniciais, se necessária a medicação parenteral • A associação gentamicina/ ampicilina pode ser utilizada se a suspeita inicial é de infecção por GRAM + CISTITE AGUDA EM ADULTOS SAUDÁVEIS Cistite aguda potencialmente complicados • Diabetes • Gravidez • Sexo masculino (associação com problema renais ou prostáticos) Homens abaixo dos 50 anos • Quadro clínico semelhante ao da mulher jovem com cistite • Excluir uretrite, se suspeitada, pela coloração da secreção com o GRAM ou avaliação da leucocitúria no jato inicial da urina Urocultura e US • Solicitada de rotina e após o tratamento tanto no homem quanto na mulher grávida Tratamento • Mesmas drogas utilizadas na cistite aguda em mulheres • Evitar fluoroquinolonas, em mulheres grávidas, pela sua ação sobre a cartilagem de conjugação do concepto INFECÇÕES COMPLICADAS Sugere infecção complicada • Pacientes com fator de evidente: diabetes, transplante renal, idade avançada, cateteres ou doenças neurológicas • Obstrução funcional ou orgânica, litíase → através do US • Infecção com bactérias produtoras de uréase (Proteus, Providencia, Morganella) deve sugerir lesão calculosa no parênwuima renal ou em outras estruturas do aparelho urinário • Nos pacientes idosos, neurológicos ou com ou com insuficiência renal crônica e dor abdominal ou em flancos, valorizar sintomais inespecíficos, como fadiga e náuseas Tratamento • Mesmas medicaçõesde cistite ou PNA • Período superior aos 3 a 7 dias • Nessas situações, bactérias como o S. aureus são mais comuns, devendo-se estabelecer o regime terapêutico adequado INFECÇÕES ASSOCIADAS A CATETER • Incidência de 3 a 10% de ITU por dia de caracterização • Infecções sintomáticas graves são tratadas com antibióticos de largo espectro, geralmente utilizando o antibiograma e mudança para cateterismo intermitente LESÃO DA MEDULA ESPINHAL • Diagnóstico de ITU problemático: sinais e sintomas inespecíficos • Urinálise deve ser realizada de rotina nos pacientes sintomáticos e assintomáticos • Se existe leucocitúria importante- episódio deve ser tratado • Se apresenta episódios sintomáticos e debilitantes, pode receber profilaxia, por 6 meses • Utilização do antibiograma deve ser otimizada PROSTATITE Diagnóstico de infecção prostática aguda • Febre • Polaciúria • Disúria • Dor perineal ou testicular • Tremores • Dificuldade para urinar • Próstata aumentada e dolorosa Prostatite • Pode causar cálculos • Ocorre em 2 a 10% dos homens • Gram negativos E.coli, Proteus, Klebisiella, P, aeruginosa • Enterococcus, e S aureus Prostatite crônica • História de ITU recorrente com palaciúria e disúria ou sintomas mais especificamente relacionadas a inflamação prostática, com dor perineal, suprapúbica, testicular ou lombar baixa e polaciúria variável ou dificuldade para urinar • Ocasionalmente assintomático Tratamento da prostatite aguda • Geralmente ambulatorial • Fluoroquinolona, por um período de 30 dias, na tentativa de evitar a cronicidade da afecção Tratamento da prostatite crônica • Fluoroquinolonas, por períodos maiores, de até 3 meses • Tratamento profilático em pacientes com ITU recorrente Prostatite não bacteriana • Condição mais comum associada com sintomas intermitentes ou persistentes de prostatite, com maior ocorrência em homens jovens • Ausência de ITU recorrente e de bactérias na secreção obtida da próstata • Confundida com síndrome da dor pélvica crônica • Sintomas exacerbados pela atividade físico ou estresse ABCESSO RENAL Abcessos corticais • Ocorrem por infecção hematogênica, usualmente pelo S. aureus (carbúnculo renal), com foco em outro local do corpo • As fontes mais comuns de infecção são furúnculos, paroníquia ou queimaduras e, menos frequentemente, ossos ou válvulas cardíacas • Mais frequentes em homens • Segunda e terceira década de vida • Torpor, febre e dor lombar ou em hipocôndrio, mas por vezes os sintomas estão ausentes, se o abscesso não se comunica com o sistema coletor, ocorrendo unicamente febre de origem desconhecida Abcessos perirrenais • Apresentação clínica mais insidiosa e não específica • Resultam de obstrução ou de outro fator complicante, disseminação hematogênica ou de infecção contígua Abcessos corticomedulares • Usualmente resultam de ITU ascendente associada a uma anormalidade tal como uropatia obstrutiva ou RVU • Usualmente causada por E. coli e outras enterobactérias Tratamento • Antimicrobianos sem drenagem se o abcesso não é muito grande • Vancomicina opor 7 dias e, após, conversão para droga antiestafilocócica oral NECROSE DE PAPILA Causas • Diabete (50% dos casos) • Uso excessivo de analgésicos • Anemia de células falciformes • Amiloidose renal • Alcoolismo crônico • Obstrução Quadro clínico • Semelhante ao da pielonefrite aguda • Pode ocorrer obstrução uretral, simulando cólica nefrética unilateral, urossepse e insuficiência renal Pielografia retrógrada • Exame de imagem de escolha para o diagnóstico • Achados típicos de irregularidade da porção superior da papila, com fórnice calicial dilatado, contraste intrarrenal e uma papila e crescente, conhecida como sinal do anel Ocorrência de obstrução • Necessidade de retirada do material papilar • Nefrectomia parcial ou total em casos graves Tratamento • Idêntico as PNA, com antibióticos de largo espectro PIELONEFRITE ENFISEMATOSA • Variante da pielonefrite aguda, rara e fulminante • Alta mortalidade • Caracterizada pela presença de tecido renal necrótico contendo gás, ocorrendo quase sempre em pacientes diabéticos Causada • Bactérias formadoras de gás • E.coli, K. pneumoniae • P. aeruginosa • P. mirabilis Sintomas • Início pode ser insidioso • Frequentemente abrupto, com febre, tremores, dor em flanco, com fácies séptica, estando o paciente debilitado Exames • Exame de urina -Leucocitúria • Radiografia de abdômen e US mostram bolsas de gás nos rins • TC diagnostica melhor a formação gasosa Tratamento • Intervenção cirúrgica (rim removido rapidamente ou abcesso drenado) e utilização de antibióticos de largo espectro MALACOPLAQUIA RENAL • Doença granulomatosa crônica • Mais comum em mulheres Caracterizada • Presença de placas amareladas moles ou nódulos infiltrando a bexiga, o parênquima renal ou outras estruturas do rim • Reação inflamatória a uma variedade de infecções, caracterizada elo acúmulo de macrófagos contendo grumos bacterianos calcificados, conhecidos como corpos de Michelis- Gutmann Diagnóstico • Exame histológico Vesical • Associada com ITU por Gram-Negativos, com uma longa história de episódios recorrentes Localização renal • Dor em flanco, anemia, febre, insuficiência renal se o processo é bilateral Suspeita Diagnóstica • Rim aumentado, com diminuição funcional, presença de massa ou hidronefrose, com leucocitúria, hematúria e bacteriúria na urinálise TC • Rins aumentados de volume com áreas de hipocaptação Tratamento • Fluoquinolona • Nefrectomia – doença renal unilateral PIELONEFRITE XANTOGRANULOMATOSA • Forma grava e rara de infecção renal crônica associada com obstrução do trato urinário • Afeta predominantemente mulheres Sintomas • Ocorrem períodos prolongados de febre, anorexia, mal-estar, perda de peso e dor unilateral presente em flanco, e, ocasionalmente massa palpável Patogênese • Infecção complicando a obstrução e levando a isquemia, destruição tecidual e acúmulo de depósitos lipídicos, com características células espumosas Diagnóstico diferencial • Abcessos intrarrenais ou periféricos • Tuberculose • Carcinoma renal Urinálise • Leucocitúria • Hematúria • Bacteriúria US e radiografia • Cálculo e cálices dilatados cercados por parênquima hipoecoico espessado e rim aumentado de tamanho Tratamento • Antibiótico de largo espectro • Nefrectomia parcial ou total CISTOS RENAIS INFECTADOS • Complicação de ITU ascendente e recidivante • História de ITU recorrente, com sintomas urinários baixos US • Coleção fluida, com ecos em seu interior Diagnóstico confirmado • Aspiração com agulha fina e cultura do fluido TC • Área localizada de atenuação reduzida que não aumenta após o contraste EV Tratamento • Aspiração de secreção purulenta BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA Prevalência • Aumenta com a idade • Acima dos 65 anos aumenta acentuadamente, sobretudo em homens, decorrente da maior frequência de uropatia obstrutiva pelo aumento da próstata, instrumentação urinária, perda da atividade bactericida do líquido prostático e pela ocorrência, em ambos os sexos, de dificuldade de esvaziamento da bexiga pela diminuição da atividade muscular do soalho pélvico, incontinência fecal e períodos prolongados de imobilidade Tratamento • Mulheres grávidas • Bacteriúria assintomática associada a leucocitúria intensa • ITU com recorrência múltiplos • Pós-operatório de transplante renal • Antes de cirurgia urológica com possibilidade de sangramento,• procedimentos cirúrgicos com sondagem vesical, por períodos curtos • Na sequência de remoção de cateter de memória ACOMPANHAMENTO DO PACIENTE Seguimento • Urinálise • Tiras reativas Primeira evidência de cura • Ausência de bacteriúria OUTROS PROCEDIMENTOS DIAGNÓSTICOS Avaliação urológica • Fatores de risco relacionados a processos obstrutivos, orgânicos ou funcionais, presença de litíase Investigar com imagem qualquer criança no seu primeiro episódio de ITU • Sequelas de HAS, nefropatia crônica, insuficiência renal terminal • Infecção superajuntada, advindas de processos obstrutivos, como válvula de uretra posterior, estenose de junção pielo ou vesicouretral, RVU maciço, por vezes associado a displasia renal ou episódios recorrentes de pielonefrite aguda com diagnóstico e tratamento retardados US • Deve iniciar a avaliação urológica por imagem • Pode identificar com segurança processos obstrutivos funcionais (refluxo vesicouretral maciço, megaureter congênito) ou orgânicos (estenose de junção pielo ou vesicouretral, válvula de uretra posterior, urolitíase, tamanho da próstata, hidronefrose), abcesso perinéfrico e renal ou outras anomalias, como tumor vesical COMPLICAÇÕES TARDIAS • Hipertensão arterial e insuficiência renal crônica, em pacientes pediátricos acompanhados em longo prazo, até a vida adulta, portadores de RVU maciço (graus IV e V, bilateral) ou processos obstrutivos, como válvula de uretra posterior
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