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Modelo Comunicativo e seus Elementos

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Prévia do material em texto

AULA 1 
A publicidade nada mais é do que uma forma de comunicar algo. É por 
isso que, antes de pensar em criar um anúncio, precisamos entender um pouco 
sobre a melhor forma de transmitir uma mensagem e pensar sobre como ela 
será recebida – em que contexto, por quem e qual será a repercussão. Ainda 
mais hoje em dia com a internet, onde geralmente nos comunicamos com uma 
grande quantidade de pessoas em poucos segundos e de forma muito fácil, 
muito diferente de como era antigamente. 
 
Modelo Comunicativo e seus Elementos 
O modelo comunicativo, ou modelo da comunicação humana, surgiu 
na década de 1960 e teve a matemática como modelo. Sim, o modelo que 
serve para pensar na comunicação entre os seres humanos surgiu a partir de 
um modelo que foi desenvolvido em 1948 por Claude Shannon, engenheiro 
elétrico e matemático: 
“Shannon era pesquisador dos laboratórios Bell, ligados à gigante 
norte-americana das comunicações AT&T, e buscava maneiras de tornar mais 
eficientes os telégrafos e aparelhos de telefonia da época. Sua grande 
preocupação era evitar o ruído, isto é, as interferências que prejudicavam a 
perfeita transmissão da mensagem entre um aparelho e outro. (GUIMARÃES, 
2012, p.4)” 
1. Elementos básicos da comunicação: 
Ao ter contato com o modelo desenvolvido por Shannon, Jakobson, 
linguista russo, adaptou esse modelo à comunicação humana e, em vez de 
pensar na comunicação entre aparelhos, resolveu pensar em um modelo que 
explicasse a comunicação entre seres humanos. Faz sentido, não? Afinal, nem 
toda mensagem chega e é compreendida exatamente como a pessoa que 
emitiu gostaria que fosse, não é verdade? Ou seja, existem ruídos na 
comunicação entre seres humanos também. A partir disso, Jakobson definiu 
que toda a comunicação envolve no mínimo 6 elementos, o que chamamos de 
6 elementos básicos da comunicação. Quais são eles? 
Vamos por partes: primeiro, quando falamos em comunicação, parte-
se do pressuposto que ninguém se comunica sozinho, correto? Precisamos, 
portanto, comunicar algo a alguém. A partir desse raciocínio já é possível 
perceber alguns elementos, como: EMISSOR (quem comunica), RECEPTOR 
(quem recebe), e algo (MENSAGEM) que se refere à alguma coisa 
(REFERENTE), por exemplo: carnaval, férias, futebol ou até mesmo sertanejo 
universitário, certo? E essa mensagem deve ser transmitida através de algum 
lugar, por exemplo: telefone, computador, rádio..., ou seja, um CANAL. 
Algumas vezes o canal é apenas o ar através do qual se propaga a sua voz. 
Outro fator importante é que este outro precisa entender a mensagem, ambos 
devem dominar o mesmo CÓDIGO. 
Vale lembrar que a língua portuguesa é o principal código para nos 
comunicarmos aqui no Brasil. 
Observe o esquema a seguir: 
 
Você pode estar se perguntando agora: “todo ato de comunicação 
envolve os 6 elementos?” E a resposta é sim. Talvez você tenha pensado em 
mais uma pergunta: “isso também vale mesmo quando eu me comunico por 
meio de gestos? Sim! Um gesto transmite uma mensagem para alguém. 
O objetivo é que esta pessoa compreenda a mensagem, caso 
contrário você não faria esse gesto, ou seja, o intuito é comunicar. Uma placa 
de trânsito, por exemplo, não fala, mas comunica. Só não comunica se você 
não compreender o código, que, neste caso, são os sinais de trânsito de um 
determinado país. 
Talvez você esteja pensando agora em uma palavra muito importante 
que não consta nesse modelo: feedback ou retorno. Você está certo, ela é 
extremamente importante para saber se houve ou não comunicação, já que 
depende do sentido que o outro atribuiu à mensagem. Mas, pense comigo: o 
autor de um livro sempre tem feedback dos leitores? Você sempre tem 
feedback sobre seu comportamento ou desempenho? Não, né? Ou seja, 
apesar de ser extremamente relevante para o processo da comunicação, como 
nem sempre ele ocorre, Jakobson acabou não considerando esse elemento no 
seu modelo, mas não é por isso que ele deve ser desconsiderado quando 
falamos em comunicação. 
Agora você já sabe quais são os elementos e como surgiu o modelo 
da comunicação humana, mas talvez você ainda não se sinta seguro para 
definir o significado da palavra comunicação. Se você precisasse agora 
escrever o que é comunicação você sabe exatamente o que escreveria? E 
saberia diferenciá-la de informação? 
 
Comunicação X Informação 
Pense um pouco e tente definir o que é comunicação. Que palavras 
você pensou? Fala, conversa, informação? 
A primeira coisa que devemos fazer ao definir algo é procurar entender 
a origem da palavra. Comunicação... o que o início da palavra te lembra? 
Comun...? COMUM! Comunicação nada mais é do que tornar algo – uma 
mensagem – comum a uma outra pessoa. Tornar algo comum no sentido de 
partilhar, de trocar. É claro que muitas vezes nós compartilharmos algo, 
tentamos nos comunicar, mas não somos compreendidos. Ou será que somos 
e as pessoas apenas discordam do nosso ponto de vista? Então, tudo isso tem 
que ser levado em consideração. Comunicar não significa concordar! 
Comunicação está muito mais relacionada à compreensão, ao entendimento da 
mensagem do que à concordância. Quantas vezes você disse para alguém: “eu 
entendi o que você disse, mas eu não concordo”. Nesse caso, houve 
comunicação? Agora você já é capaz de responder a esta pergunta sozinho. 
É relevante constar aqui que já surgiram estudos falando que mesmo 
as bactérias se comunicam, mas o nosso foco será somente a comunicação 
humana, que depende menos dos instintos, envolve um planejamento maior, 
além de estar em constante evolução. 
Um livro básico, da coleção primeiros passos, se chama “O que é 
comunicação”. Lá o autor, Juan D. Bordenave, deixa claro dois aspectos sobre 
a comunicação, que é importante destacar: 
1. A comunicação se relaciona diretamente com a sociedade: 
“A comunicação não pode ser melhor que sua sociedade nem esta 
melhor que sua comunicação. Cada sociedade tem a comunicação que 
merece.” (p.17) 
2. A comunicação confunde-se com a própria vida: 
“Temos tanta consciência de que comunicamos como de que 
respiramos ou andamos.” (p.19) 
A comunicação, portanto, é necessária para a vida do homem em 
sociedade. É claro que com o passar do tempo nós vamos aperfeiçoando a 
forma através da qual se dá essa comunicação. Hoje nós trabalhamos muito 
melhor com as questões ligadas ao tempo e ao espaço, praticamente já 
superamos essas barreiras para nos comunicarmos, principalmente através da 
internet. 
Mas será que fazemos um bom uso da comunicação? 
Será que compartilhamos mensagens que de fato contribuem para a 
vida do homem social? 
E é a partir dessas perguntas que fica mais fácil, e de certa forma mais 
evidente, a compreensão da diferença entre comunicação e informação. 
A informação, por si só, não necessita de um outro. A informação não 
implica na relação entre pessoas, compreensão, compartilhamento, troca. 
Logo, fica fácil perceber que ela não é tão complexa quanto a comunicação. 
Sobre esse assunto Dominique Wolton escreveu um livro chamado “Informar 
não é comunicar” (2011). Vale ressaltar alguns pontos que o autor destaca em 
sua obra: 
1. Muita informação pode ser prejudicial para a comunicação. O 
aumento da circulação de informações, portanto, não aumenta a comunicação 
e a compreensão. 
2. Os receptores são diferentes uns dos outros e dificilmente estão em 
sintonia com os emissores da informação; e conviver com as diferenças pode 
tornar a comunicação mais difícil e seres cada vez mais intolerantes. 
3. Os receptores, na maior parte das vezes, resistem a informações 
que os incomodam e buscam mostrar o seu modo de ver o mundo, sendo, 
portanto, pouco abertos a escutar o outro. 
4. “A informação tornou-se abundante; a comunicação, uma raridade” 
(2011, p.16). 
O autor não é muito otimista quando aborda o assunto, mas será que 
ele está errado? O que você pensa sobre o assunto? Assista ao telejornal ou 
leia um jornal que provavelmente você irá se deparar com informações que, de 
certa forma,comprovam o pensamento do autor. Se pegarmos como exemplo 
casos de fundamentalismo religioso, fica mais evidente as suas afirmações, 
não é mesmo? 
A frase do autor, a seguir, resume bem o que ele pensa e ajuda-nos a 
refletir sobre a comunicação nos dias atuais: 
“O desafio é menos de compartilhar o que temos em comum do que 
aprender a administrar as diferenças que nos separam, tanto no plano 
individual quanto no coletivo. Portanto, o mais simples tem a ver com as 
tecnologias e mensagens, enquanto o mais complicado tem a ver com os 
homens e as sociedades.” (2011, p.12-13) 
 
Vale a pena dar uma lida na matéria a seguir do G1, publicada em 
2015, e procurar alguns vídeos sobre mukbang. Depois, tente relacionar o 
assunto ao que estamos discutindo nesta disciplina. 
 
Barreiras da Comunicação 
Você já teve dificuldades em ser compreendido? Pode ser por “n” 
razões. 
Uma barreira comunicacional é algo que atrapalha ou até mesmo 
impede a comunicação entre duas ou mais pessoas. Acredito que a barreira 
mais fácil de ser lembrada é a falta de conhecimento ou de domínio da língua – 
código utilizado por um determinado povo para se comunicar através da 
linguagem verbal. Se você não entende determinado idioma, você não 
entenderá o código verbal, portanto, não haverá comunicação. 
Algumas vezes até conseguimos nos comunicar e interpretar uma 
mensagem, mesmo sem a compreensão de outro idioma, devido a expressões 
corporais e comportamentos dos demais indivíduos, mas, em geral, é muito 
difícil e nem sempre há uma segurança de que você compreendeu 
corretamente. 
Vamos retomar o início desta aula em que falamos sobre o modelo de 
Jakobson. Para o autor, uma mensagem sobre algum assunto seria transmitida 
de uma pessoa para outra, em determinado código e através de um canal. Mas 
quantas vezes a mensagem é transmitida, chega sem interferências ao 
receptor, mas ele interpreta de uma forma diferente da pretendida pelo 
emissor? Isso pode ser considerado uma barreira? Ou um ruído 
comunicacional? (Sinônimo de barreira, neste caso). Difícil responder a esta 
pergunta, não? Na realidade, os seres humanos, por serem diferentes uns dos 
outros, acabam interpretando as mensagens de uma forma diferente também. 
A interpretação pode até ser considerada uma barreira, mas não tem como ser 
diferente, ou seja, é praticamente impossível evitar essa barreira já que temos 
experiências de vida muito distintas. Pense no mundo, no nosso continente, no 
Brasil, em seus diversos estados, cidades, enfim...a cultura é muito 
diversificada, o estilo de vida, entre outros fatores que influenciam na 
interpretação de mensagens como: idade, sexo, posição no ciclo de vida etc. 
Algumas vezes só o fato de você não gostar muito de alguma pessoa, 
ou não a conhecer, impacta diretamente na mensagem a ser transmitida. A 
falta de interesse também prejudica, já que dificilmente sua escuta será ativa 
quando a mensagem é sobre um assunto que você não se interessa ou já está 
cansado de saber. Ou seja, as barreiras podem ocorrer a todo o momento 
durante um ato de comunicação, fazendo com que esta seja prejudicada ou até 
mesmo impossível de ser estabelecida. 
 
Vale lembrar de algumas barreiras físicas, por exemplo: cair a ligação, 
a televisão fora do ar –, embora isso tenha acontecido cada vez menos na 
contemporaneidade. Mas hoje temos outra barreira ainda mais importante, não 
é mesmo? Pense em algo que você não pode viver sem, quase uma 
necessidade básica. Pensou? Veja se acertei: 
 
É engraçado, mas está se tornando uma realidade, o WiFi se faz 
necessário em restaurantes, salões de beleza, hospitais, enfim, está 
impactando diretamente o varejo e os consumidores e, claro, a comunicação. 
Já conversei com pessoas que deixaram de viajar para um determinado lugar 
porque lá não tinha como se conectar. 
E no que as barreiras comunicacionais impactam diretamente na área 
do profissional de publicidade? Ora, não consegue imaginar? Diretamente em 
duas situações: 
1. Interação entre os funcionários de uma empresa. Pense em uma 
agência de publicidade e seus diversos setores, se não houver comunicação 
entre eles, ou muitas barreiras, o produto final não sairá conforme solicitado e 
algumas vezes até bem diferente disso. 
2. Interação empresa-cliente. Quanto mais precisas as informações 
sobre a necessidade do cliente, mais fácil será para a empresa compreender e 
satisfazê-las. Imagine em uma agência de publicidade se o atendimento diz 
que o cliente quer um fundo azul no anúncio para a criação? Qual o problema? 
Pensou? Isso mesmo! Existem milhares tons de azul. 
 
É muito importante buscar compreender o motivo da existência de 
determinadas barreiras comunicacionais para tentar superá-las e, em alguns 
casos, evitá-las quando forem prejudiciais. Os estereótipos, por exemplo, 
podem ser tanto prejudiciais quanto benéficos para a comunicação, assunto 
que iremos abordar ainda nesta disciplina. Só devemos cuidar para não julgar 
algumas mensagens nem as pessoas que as emitem de forma prévia. O intuito 
sempre deve ser o de favorecer a comunicação. 
Uma das formas de evitar problemas comunicacionais e superar as 
barreiras é a redundância, ou seja, se retomarmos o assunto, com o intuito de 
checar se a pessoa de fato compreendeu a mensagem. Falar por meio de 
múltiplas linguagens pode facilitar também, por exemplo, um vídeo, um áudio, 
um desenho, explicação oral, enfim... 
 
Codificação e Decodificação, Estudos de Recepção 
Uma simples expressão pode carregar uma longa história, sabia? 
Vejamos! 
O texto “Codificação/decodificação” (em inglês: Encoding/decoding) 
ficou muito conhecido na área da comunicação. Ele foi escrito por Stuart Hall, 
um dos autores mais conhecidos integrante dos Estudos Culturais Britânicos, 
principalmente na década de 1970. Seu objetivo nesse texto era refletir sobre a 
possibilidade de interpretação dos seres humanos frente a mensagens 
midiáticas, mais especificamente à televisão – hegemônica na época no que se 
refere a meios de comunicação de massa. 
O autor destaca que: 
[...] em um momento “determinado”, a estrutura emprega um código e 
produz uma “mensagem”; em outro momento determinado, a “mensagem” 
desemboca na estrutura das práticas sociais pela via de sua decodificação. 
(HALL, 2003, p.390) 
Dessa forma, ele identifica os momentos distintos da 
codificação/produção de uma mensagem e a sua recepção. Passa a não ser 
mais importante apenas compreender o que fazem os meios com as pessoas, 
mas também o que as pessoas fazem com os meios e também o motivo de 
ambos. 
O autor destaca a assimetria entre os códigos de codificação e 
decodificação, relacionando-a diretamente com os interlocutores envolvidos: 
“Os graus de simetria – ou seja, os graus de “compreensão” e “má-
compreensão” na troca comunicativa – dependem dos graus de 
simetria/assimetria (relações de equivalência) estabelecidos entre as posições 
das “personificações” – codificador-produtor e decodificador-receptor. [...] O 
que são chamados de “distorções” ou “mal-entendidos” surgem precisamente 
da falta de equivalência entre os dois lados na troca comunicativa. (2003, 
p.391-392).” 
A grande preocupação dos produtores é justamente a compreensão da 
mensagem e a audiência. Caso os receptores não captem o sentido pretendido 
pela produção, instaura-se um problema. O que eles gostariam é que os 
telespectadores decodificassem e interpretassem a mensagem de acordo com 
o sentido dominante – o sentido dado pela produção. É claro que algum tipo de 
reciprocidade entre codificação e decodificação existe, mas “essa 
correspondência’ não é dada, mas construída. Não é ‘natural’, mas produto de 
uma articulação entre dois momentos distintos” (2003, p.399). 
A partir de suas observações, Hall identifica três possibilidades 
distintas de decodificação de um discurso televisivo: 
 
Vale ressaltar que nos três casos parte-se do pressuposto que houve 
comunicação, ou seja, o receptor da mensagem compreendeuo que o emissor 
transmitiu. A distinção é que ele pode tanto concordar, negociar ou se opor ao 
sentido emitido, podendo, portanto, interpretar de formas diferentes. Isso ocorre 
com relação a mensagens midiáticas, mas também em relações interpessoais. 
Na realidade, pode ocorrer em qualquer ato de comunicação, embora o autor 
tenha feito referência diretamente ao discurso televisivo. 
Em alguns casos é possível saber de que forma o receptor interpretou 
a mensagem, mas nem sempre isso é possível, ou seja, nem sempre o 
feedback é dado ao emissor, conforme já falamos há pouco. A audiência, por 
exemplo, é uma forma de feedback, embora, sozinha, não possa informar o 
motivo do sucesso ou do fracasso. Nesse caso, seriam necessárias outras 
pesquisas complementares. 
Leia o artigo a seguir: “Stuart Hall e o modelo ‘encoding and decoding’: 
por uma compreensão plural da recepção” (resumo): 
A pesquisa de recepção pode ser considerada um marco nos estudos 
de comunicação, sobretudo a partir da obra de Stuart Hall. A discussão se 
acentuou, sobretudo, a partir dos anos 70, com a publicação do texto 
“Encoding and decoding in television discourse”, de Hall, ao apresentar três 
categorias da semiologia articuladas à noção marxista de ideologia (leituras 
preferenciais, negociadas e de oposição). Diante desta problemática, este 
ensaio procura discutir essas três categorias típico-ideais como um avanço nos 
estudos culturais e de mídia, apontando para a análise da cultura resultando de 
um processo (tentativa) de dominação e resistência, mas nunca de total 
submissão. 
 
Máximas Conversacionais e Leis do Discurso 
O nome deste tema sugere algo mais difícil de ser aprendido do que o 
conteúdo propriamente dito. Na realidade, máximas conversacionais e leis do 
discurso são sinônimos. O que ocorre é que o americano Paul Grice chama de 
máximas e os franceses, como Dominique Maingueneau, costumam chamar de 
leis do discurso. Mas qual a ideia de ambas? Em poucas palavras elas tratam 
sobre como tornar a comunicação mais eficaz, levando em consideração 
saberes adquiridos principalmente a partir do convívio social. 
 
Segundo Grice, o princípio que rege a comunicação humana é o 
princípio da cooperação: “[...] quando duas ou mais pessoas se propõem 
interagir verbalmente, elas normalmente irão cooperar para que a interlocução 
transcorra de maneira adequada” (KOCH, 2008, p.27). Cada máxima busca 
mostrar o que seria adequado, veja a seguir o que significa cada uma delas, 
com base no livro “A inter-ação pela linguagem”, de Ingedore Villaça Koch 
(2008, p.27): 
1. Máxima da quantidade: falar o necessário, nem muito nem pouco. 
2. Máxima da qualidade: falar a verdade e somente quando se tem 
evidência adequada sobre o assunto. 
3. Máxima da relação ou relevância: falar o que é relevante ao 
contexto. 
4. Máxima do modo: ser claro, evitar discursos prolixos e obscuros. 
Parece interessante, mas o que ocorre no dia a dia é que muitas vezes 
infringimos essas máximas, assim como os discursos publicitários o fazem! 
Algumas vezes nem percebemos que estamos infringindo, mas muitas delas 
fazemos com um propósito e o significado pode estar implícito na mensagem e 
só é compreendido quando a interpretação leva em consideração o contexto. 
 
O que conseguimos analisar desse discurso? Qual máxima a filha não 
respeitou? A da quantidade, afinal de contas, não respondeu ao que a mãe 
perguntou, certo? Mas, por outro lado, a mãe também perguntou muitas coisas 
e também transgrediu a mesma máxima. E a relevância? Será que a resposta 
da menina foi relevante? Ajudou na comunicação? 
Além de nos ajudar a pensar sobre as máximas, esse discurso 
também nos ajuda a pensar sobre papéis sociais e familiares estereotipados de 
mãe e de adolescente, em que pergunta e resposta são até mesmo um pouco 
previsíveis. 
E as leis do discurso? As leis diferem muito pouco das máximas, o 
sentido é praticamente o mesmo. Abaixo segue uma breve explicação de cada 
uma delas: 
1. Lei da pertinência: a mensagem deve ser adequada ao contexto, ser 
de interesse do receptor ou destinatário. 
2. Lei da sinceridade: só afirmar algo que possa garantir ser 
verdadeiro, falar algo que saiba que possa ser cumprido, não falar “apenas por 
falar” e muito menos mentir. 
3. Lei da informatividade: trazer informações novas ao receptor. 
4. Lei da exaustividade: trazer a informação máxima que sabe sobre o 
assunto, ou seja, não omitir o que é importante e não dar informação demais 
quando não é relevante. 
5. Lei da modalidade: ser claro e objetivo. 
Você deve ter percebido que elas são muito semelhantes às máximas, 
e que é possível não as respeitar e que muitas vezes fazemos isso de 
propósito. Para se aprofundar e ler exemplos de cada uma delas, você pode ler 
o capítulo As Leis do Discurso do livro “Análise de Textos de Comunicação” de 
Dominique Maingueneau (2008). A citação a seguir resume bem a ideia dos 
autores, tanto ao formular as máximas quanto as leis do discurso: 
“[...] o simples fato de entrar num processo de comunicação verbal 
implica que se respeitem as regras do jogo. Isso não se faz por intermédio de 
um contrato explícito, mas por um acordo tácito, inseparável da atividade 
verbal. Entra em ação um saber mutuamente conhecido: cada um postula que 
seu parceiro aceita as regras e espera que o outro as respeite. Essas regras 
não são obrigatórias e inconscientes como as da sintaxe e da morfologia, são 
convenções tácitas.” (MAINGUENEAU, 2008, p. 31) 
A ideia é que a comunicação se torna mais fácil e faz mais sentido 
quando conseguimos nos comunicar levando essas máximas e leis em 
consideração. Só que a comunicação humana é tão complexa, que elas 
acabam deixando de lado os implícitos, as metáforas, as ironias, as piadas, os 
poemas, enfim... Elas são importantes, em geral devemos considerá-las, mas 
há muitos casos em que obedecê-las perderia o sentido, como o exemplo do 
anúncio a seguir: 
 
A máxima do modo ou a lei da modalidade não foram respeitadas, 
afinal Joel Santana não foi claro nem objetivo na propaganda, mas eu só vou 
entender isso caso relacione com um contexto maior. 
Koch (2008, p.28) destaca que: 
[...] é fácil perceber que essa teoria [das máximas] não dá conta de 
toda a “malícia” e manipulação tão presentes na interação verbal humana: 
estamos constantemente “jogando”, “blefando”, simulando, ironizando, fazendo 
alusões e criando subentendidos, fenômenos nem sempre explicáveis apenas 
com base nas “máximas” griceanas. 
E isso é bastante verificado na publicidade, um exemplo é o visto 
anteriormente. 
 
CONTINUANDO... 
Durante algum tempo a embalagem do produto Colgate Total 12 falava 
sobre 12 problemas bucais que a pasta dental ajudava a evitar, mas, na 
realidade, ela mencionava alguns itens muito parecidos, como: cárie e cárie 
nas raízes, além disso, colocava alguns outros itens como problemas, sendo 
que na realidade eram formas de prevenção, como: previne as bactérias da 
língua e protege a gengiva. 
 
Hoje, a marca já não fala mais em 12 problemas bucais, mas, sim, em 
benefícios mais importantes para o consumidor, ou seja, no que a pasta ajuda. 
Além disso, o número 12 agora é associado apenas a 12 horas de 
proteção, o que é mais difícil contestar. 
Conseguiu relacionar essa curiosidade com a teoria das máximas e 
das leis? E com o significado da palavra comunicação? 
Agora que você já estudou bastante sobre o assunto está na hora de 
“colocar a mão na massa”. Procure anúncios publicitários que transgridam as 
leis do discurso e procure justificar o motivo. A atividade proposta no “Trocando 
Ideias” pode te ajudar nessa análise. 
Chegamos ao final desta aula, vejamos se você é capaz de responder 
às seguintes perguntas: 
1. Quando e como surgiu o modelo comunicativo? 
2. Quais são os seis elementos da comunicação? 
3. O que é comunicação? 
4. Qual a diferença entre comunicação e informação? 
5. Cite alguns exemplos de barreiras comunicacionais. 
6. Quais são as 3 formasde decodificar um discurso televisivo, 
segundo Hall? Explique cada uma delas. 
7. Quais são as máximas conversacionais e as leis do discurso? 
8. Que relação podemos fazer entre as máximas e as leis com a 
publicidade? 
O objetivo é que você compreenda a complexidade da comunicação, 
desde elaborar uma mensagem à interpretação dela. E lembrar que 
comunicação sempre envolve no mínimo duas pessoas e que precisamos, 
portanto, saber nos relacionar com os outros para estabelecer uma 
comunicação mais eficaz, reforçando sempre que o outro não precisa 
concordar com a mensagem, afinal, somos todos humanos com experiências 
de vida diferentes, não é mesmo? E compreender isso é extremamente 
relevante para a publicidade, afinal, ela é produzida e interpretada por seres 
humanos e muitas vezes o que uma pessoa adora, outra pode detestar. É por 
isso que é importante estabelecer o público-alvo a fim de diminuir as 
divergências de pensamento, comportamento, opinião... e, assim, facilitar a 
venda.

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