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AULA 1 A publicidade nada mais é do que uma forma de comunicar algo. É por isso que, antes de pensar em criar um anúncio, precisamos entender um pouco sobre a melhor forma de transmitir uma mensagem e pensar sobre como ela será recebida – em que contexto, por quem e qual será a repercussão. Ainda mais hoje em dia com a internet, onde geralmente nos comunicamos com uma grande quantidade de pessoas em poucos segundos e de forma muito fácil, muito diferente de como era antigamente. Modelo Comunicativo e seus Elementos O modelo comunicativo, ou modelo da comunicação humana, surgiu na década de 1960 e teve a matemática como modelo. Sim, o modelo que serve para pensar na comunicação entre os seres humanos surgiu a partir de um modelo que foi desenvolvido em 1948 por Claude Shannon, engenheiro elétrico e matemático: “Shannon era pesquisador dos laboratórios Bell, ligados à gigante norte-americana das comunicações AT&T, e buscava maneiras de tornar mais eficientes os telégrafos e aparelhos de telefonia da época. Sua grande preocupação era evitar o ruído, isto é, as interferências que prejudicavam a perfeita transmissão da mensagem entre um aparelho e outro. (GUIMARÃES, 2012, p.4)” 1. Elementos básicos da comunicação: Ao ter contato com o modelo desenvolvido por Shannon, Jakobson, linguista russo, adaptou esse modelo à comunicação humana e, em vez de pensar na comunicação entre aparelhos, resolveu pensar em um modelo que explicasse a comunicação entre seres humanos. Faz sentido, não? Afinal, nem toda mensagem chega e é compreendida exatamente como a pessoa que emitiu gostaria que fosse, não é verdade? Ou seja, existem ruídos na comunicação entre seres humanos também. A partir disso, Jakobson definiu que toda a comunicação envolve no mínimo 6 elementos, o que chamamos de 6 elementos básicos da comunicação. Quais são eles? Vamos por partes: primeiro, quando falamos em comunicação, parte- se do pressuposto que ninguém se comunica sozinho, correto? Precisamos, portanto, comunicar algo a alguém. A partir desse raciocínio já é possível perceber alguns elementos, como: EMISSOR (quem comunica), RECEPTOR (quem recebe), e algo (MENSAGEM) que se refere à alguma coisa (REFERENTE), por exemplo: carnaval, férias, futebol ou até mesmo sertanejo universitário, certo? E essa mensagem deve ser transmitida através de algum lugar, por exemplo: telefone, computador, rádio..., ou seja, um CANAL. Algumas vezes o canal é apenas o ar através do qual se propaga a sua voz. Outro fator importante é que este outro precisa entender a mensagem, ambos devem dominar o mesmo CÓDIGO. Vale lembrar que a língua portuguesa é o principal código para nos comunicarmos aqui no Brasil. Observe o esquema a seguir: Você pode estar se perguntando agora: “todo ato de comunicação envolve os 6 elementos?” E a resposta é sim. Talvez você tenha pensado em mais uma pergunta: “isso também vale mesmo quando eu me comunico por meio de gestos? Sim! Um gesto transmite uma mensagem para alguém. O objetivo é que esta pessoa compreenda a mensagem, caso contrário você não faria esse gesto, ou seja, o intuito é comunicar. Uma placa de trânsito, por exemplo, não fala, mas comunica. Só não comunica se você não compreender o código, que, neste caso, são os sinais de trânsito de um determinado país. Talvez você esteja pensando agora em uma palavra muito importante que não consta nesse modelo: feedback ou retorno. Você está certo, ela é extremamente importante para saber se houve ou não comunicação, já que depende do sentido que o outro atribuiu à mensagem. Mas, pense comigo: o autor de um livro sempre tem feedback dos leitores? Você sempre tem feedback sobre seu comportamento ou desempenho? Não, né? Ou seja, apesar de ser extremamente relevante para o processo da comunicação, como nem sempre ele ocorre, Jakobson acabou não considerando esse elemento no seu modelo, mas não é por isso que ele deve ser desconsiderado quando falamos em comunicação. Agora você já sabe quais são os elementos e como surgiu o modelo da comunicação humana, mas talvez você ainda não se sinta seguro para definir o significado da palavra comunicação. Se você precisasse agora escrever o que é comunicação você sabe exatamente o que escreveria? E saberia diferenciá-la de informação? Comunicação X Informação Pense um pouco e tente definir o que é comunicação. Que palavras você pensou? Fala, conversa, informação? A primeira coisa que devemos fazer ao definir algo é procurar entender a origem da palavra. Comunicação... o que o início da palavra te lembra? Comun...? COMUM! Comunicação nada mais é do que tornar algo – uma mensagem – comum a uma outra pessoa. Tornar algo comum no sentido de partilhar, de trocar. É claro que muitas vezes nós compartilharmos algo, tentamos nos comunicar, mas não somos compreendidos. Ou será que somos e as pessoas apenas discordam do nosso ponto de vista? Então, tudo isso tem que ser levado em consideração. Comunicar não significa concordar! Comunicação está muito mais relacionada à compreensão, ao entendimento da mensagem do que à concordância. Quantas vezes você disse para alguém: “eu entendi o que você disse, mas eu não concordo”. Nesse caso, houve comunicação? Agora você já é capaz de responder a esta pergunta sozinho. É relevante constar aqui que já surgiram estudos falando que mesmo as bactérias se comunicam, mas o nosso foco será somente a comunicação humana, que depende menos dos instintos, envolve um planejamento maior, além de estar em constante evolução. Um livro básico, da coleção primeiros passos, se chama “O que é comunicação”. Lá o autor, Juan D. Bordenave, deixa claro dois aspectos sobre a comunicação, que é importante destacar: 1. A comunicação se relaciona diretamente com a sociedade: “A comunicação não pode ser melhor que sua sociedade nem esta melhor que sua comunicação. Cada sociedade tem a comunicação que merece.” (p.17) 2. A comunicação confunde-se com a própria vida: “Temos tanta consciência de que comunicamos como de que respiramos ou andamos.” (p.19) A comunicação, portanto, é necessária para a vida do homem em sociedade. É claro que com o passar do tempo nós vamos aperfeiçoando a forma através da qual se dá essa comunicação. Hoje nós trabalhamos muito melhor com as questões ligadas ao tempo e ao espaço, praticamente já superamos essas barreiras para nos comunicarmos, principalmente através da internet. Mas será que fazemos um bom uso da comunicação? Será que compartilhamos mensagens que de fato contribuem para a vida do homem social? E é a partir dessas perguntas que fica mais fácil, e de certa forma mais evidente, a compreensão da diferença entre comunicação e informação. A informação, por si só, não necessita de um outro. A informação não implica na relação entre pessoas, compreensão, compartilhamento, troca. Logo, fica fácil perceber que ela não é tão complexa quanto a comunicação. Sobre esse assunto Dominique Wolton escreveu um livro chamado “Informar não é comunicar” (2011). Vale ressaltar alguns pontos que o autor destaca em sua obra: 1. Muita informação pode ser prejudicial para a comunicação. O aumento da circulação de informações, portanto, não aumenta a comunicação e a compreensão. 2. Os receptores são diferentes uns dos outros e dificilmente estão em sintonia com os emissores da informação; e conviver com as diferenças pode tornar a comunicação mais difícil e seres cada vez mais intolerantes. 3. Os receptores, na maior parte das vezes, resistem a informações que os incomodam e buscam mostrar o seu modo de ver o mundo, sendo, portanto, pouco abertos a escutar o outro. 4. “A informação tornou-se abundante; a comunicação, uma raridade” (2011, p.16). O autor não é muito otimista quando aborda o assunto, mas será que ele está errado? O que você pensa sobre o assunto? Assista ao telejornal ou leia um jornal que provavelmente você irá se deparar com informações que, de certa forma,comprovam o pensamento do autor. Se pegarmos como exemplo casos de fundamentalismo religioso, fica mais evidente as suas afirmações, não é mesmo? A frase do autor, a seguir, resume bem o que ele pensa e ajuda-nos a refletir sobre a comunicação nos dias atuais: “O desafio é menos de compartilhar o que temos em comum do que aprender a administrar as diferenças que nos separam, tanto no plano individual quanto no coletivo. Portanto, o mais simples tem a ver com as tecnologias e mensagens, enquanto o mais complicado tem a ver com os homens e as sociedades.” (2011, p.12-13) Vale a pena dar uma lida na matéria a seguir do G1, publicada em 2015, e procurar alguns vídeos sobre mukbang. Depois, tente relacionar o assunto ao que estamos discutindo nesta disciplina. Barreiras da Comunicação Você já teve dificuldades em ser compreendido? Pode ser por “n” razões. Uma barreira comunicacional é algo que atrapalha ou até mesmo impede a comunicação entre duas ou mais pessoas. Acredito que a barreira mais fácil de ser lembrada é a falta de conhecimento ou de domínio da língua – código utilizado por um determinado povo para se comunicar através da linguagem verbal. Se você não entende determinado idioma, você não entenderá o código verbal, portanto, não haverá comunicação. Algumas vezes até conseguimos nos comunicar e interpretar uma mensagem, mesmo sem a compreensão de outro idioma, devido a expressões corporais e comportamentos dos demais indivíduos, mas, em geral, é muito difícil e nem sempre há uma segurança de que você compreendeu corretamente. Vamos retomar o início desta aula em que falamos sobre o modelo de Jakobson. Para o autor, uma mensagem sobre algum assunto seria transmitida de uma pessoa para outra, em determinado código e através de um canal. Mas quantas vezes a mensagem é transmitida, chega sem interferências ao receptor, mas ele interpreta de uma forma diferente da pretendida pelo emissor? Isso pode ser considerado uma barreira? Ou um ruído comunicacional? (Sinônimo de barreira, neste caso). Difícil responder a esta pergunta, não? Na realidade, os seres humanos, por serem diferentes uns dos outros, acabam interpretando as mensagens de uma forma diferente também. A interpretação pode até ser considerada uma barreira, mas não tem como ser diferente, ou seja, é praticamente impossível evitar essa barreira já que temos experiências de vida muito distintas. Pense no mundo, no nosso continente, no Brasil, em seus diversos estados, cidades, enfim...a cultura é muito diversificada, o estilo de vida, entre outros fatores que influenciam na interpretação de mensagens como: idade, sexo, posição no ciclo de vida etc. Algumas vezes só o fato de você não gostar muito de alguma pessoa, ou não a conhecer, impacta diretamente na mensagem a ser transmitida. A falta de interesse também prejudica, já que dificilmente sua escuta será ativa quando a mensagem é sobre um assunto que você não se interessa ou já está cansado de saber. Ou seja, as barreiras podem ocorrer a todo o momento durante um ato de comunicação, fazendo com que esta seja prejudicada ou até mesmo impossível de ser estabelecida. Vale lembrar de algumas barreiras físicas, por exemplo: cair a ligação, a televisão fora do ar –, embora isso tenha acontecido cada vez menos na contemporaneidade. Mas hoje temos outra barreira ainda mais importante, não é mesmo? Pense em algo que você não pode viver sem, quase uma necessidade básica. Pensou? Veja se acertei: É engraçado, mas está se tornando uma realidade, o WiFi se faz necessário em restaurantes, salões de beleza, hospitais, enfim, está impactando diretamente o varejo e os consumidores e, claro, a comunicação. Já conversei com pessoas que deixaram de viajar para um determinado lugar porque lá não tinha como se conectar. E no que as barreiras comunicacionais impactam diretamente na área do profissional de publicidade? Ora, não consegue imaginar? Diretamente em duas situações: 1. Interação entre os funcionários de uma empresa. Pense em uma agência de publicidade e seus diversos setores, se não houver comunicação entre eles, ou muitas barreiras, o produto final não sairá conforme solicitado e algumas vezes até bem diferente disso. 2. Interação empresa-cliente. Quanto mais precisas as informações sobre a necessidade do cliente, mais fácil será para a empresa compreender e satisfazê-las. Imagine em uma agência de publicidade se o atendimento diz que o cliente quer um fundo azul no anúncio para a criação? Qual o problema? Pensou? Isso mesmo! Existem milhares tons de azul. É muito importante buscar compreender o motivo da existência de determinadas barreiras comunicacionais para tentar superá-las e, em alguns casos, evitá-las quando forem prejudiciais. Os estereótipos, por exemplo, podem ser tanto prejudiciais quanto benéficos para a comunicação, assunto que iremos abordar ainda nesta disciplina. Só devemos cuidar para não julgar algumas mensagens nem as pessoas que as emitem de forma prévia. O intuito sempre deve ser o de favorecer a comunicação. Uma das formas de evitar problemas comunicacionais e superar as barreiras é a redundância, ou seja, se retomarmos o assunto, com o intuito de checar se a pessoa de fato compreendeu a mensagem. Falar por meio de múltiplas linguagens pode facilitar também, por exemplo, um vídeo, um áudio, um desenho, explicação oral, enfim... Codificação e Decodificação, Estudos de Recepção Uma simples expressão pode carregar uma longa história, sabia? Vejamos! O texto “Codificação/decodificação” (em inglês: Encoding/decoding) ficou muito conhecido na área da comunicação. Ele foi escrito por Stuart Hall, um dos autores mais conhecidos integrante dos Estudos Culturais Britânicos, principalmente na década de 1970. Seu objetivo nesse texto era refletir sobre a possibilidade de interpretação dos seres humanos frente a mensagens midiáticas, mais especificamente à televisão – hegemônica na época no que se refere a meios de comunicação de massa. O autor destaca que: [...] em um momento “determinado”, a estrutura emprega um código e produz uma “mensagem”; em outro momento determinado, a “mensagem” desemboca na estrutura das práticas sociais pela via de sua decodificação. (HALL, 2003, p.390) Dessa forma, ele identifica os momentos distintos da codificação/produção de uma mensagem e a sua recepção. Passa a não ser mais importante apenas compreender o que fazem os meios com as pessoas, mas também o que as pessoas fazem com os meios e também o motivo de ambos. O autor destaca a assimetria entre os códigos de codificação e decodificação, relacionando-a diretamente com os interlocutores envolvidos: “Os graus de simetria – ou seja, os graus de “compreensão” e “má- compreensão” na troca comunicativa – dependem dos graus de simetria/assimetria (relações de equivalência) estabelecidos entre as posições das “personificações” – codificador-produtor e decodificador-receptor. [...] O que são chamados de “distorções” ou “mal-entendidos” surgem precisamente da falta de equivalência entre os dois lados na troca comunicativa. (2003, p.391-392).” A grande preocupação dos produtores é justamente a compreensão da mensagem e a audiência. Caso os receptores não captem o sentido pretendido pela produção, instaura-se um problema. O que eles gostariam é que os telespectadores decodificassem e interpretassem a mensagem de acordo com o sentido dominante – o sentido dado pela produção. É claro que algum tipo de reciprocidade entre codificação e decodificação existe, mas “essa correspondência’ não é dada, mas construída. Não é ‘natural’, mas produto de uma articulação entre dois momentos distintos” (2003, p.399). A partir de suas observações, Hall identifica três possibilidades distintas de decodificação de um discurso televisivo: Vale ressaltar que nos três casos parte-se do pressuposto que houve comunicação, ou seja, o receptor da mensagem compreendeuo que o emissor transmitiu. A distinção é que ele pode tanto concordar, negociar ou se opor ao sentido emitido, podendo, portanto, interpretar de formas diferentes. Isso ocorre com relação a mensagens midiáticas, mas também em relações interpessoais. Na realidade, pode ocorrer em qualquer ato de comunicação, embora o autor tenha feito referência diretamente ao discurso televisivo. Em alguns casos é possível saber de que forma o receptor interpretou a mensagem, mas nem sempre isso é possível, ou seja, nem sempre o feedback é dado ao emissor, conforme já falamos há pouco. A audiência, por exemplo, é uma forma de feedback, embora, sozinha, não possa informar o motivo do sucesso ou do fracasso. Nesse caso, seriam necessárias outras pesquisas complementares. Leia o artigo a seguir: “Stuart Hall e o modelo ‘encoding and decoding’: por uma compreensão plural da recepção” (resumo): A pesquisa de recepção pode ser considerada um marco nos estudos de comunicação, sobretudo a partir da obra de Stuart Hall. A discussão se acentuou, sobretudo, a partir dos anos 70, com a publicação do texto “Encoding and decoding in television discourse”, de Hall, ao apresentar três categorias da semiologia articuladas à noção marxista de ideologia (leituras preferenciais, negociadas e de oposição). Diante desta problemática, este ensaio procura discutir essas três categorias típico-ideais como um avanço nos estudos culturais e de mídia, apontando para a análise da cultura resultando de um processo (tentativa) de dominação e resistência, mas nunca de total submissão. Máximas Conversacionais e Leis do Discurso O nome deste tema sugere algo mais difícil de ser aprendido do que o conteúdo propriamente dito. Na realidade, máximas conversacionais e leis do discurso são sinônimos. O que ocorre é que o americano Paul Grice chama de máximas e os franceses, como Dominique Maingueneau, costumam chamar de leis do discurso. Mas qual a ideia de ambas? Em poucas palavras elas tratam sobre como tornar a comunicação mais eficaz, levando em consideração saberes adquiridos principalmente a partir do convívio social. Segundo Grice, o princípio que rege a comunicação humana é o princípio da cooperação: “[...] quando duas ou mais pessoas se propõem interagir verbalmente, elas normalmente irão cooperar para que a interlocução transcorra de maneira adequada” (KOCH, 2008, p.27). Cada máxima busca mostrar o que seria adequado, veja a seguir o que significa cada uma delas, com base no livro “A inter-ação pela linguagem”, de Ingedore Villaça Koch (2008, p.27): 1. Máxima da quantidade: falar o necessário, nem muito nem pouco. 2. Máxima da qualidade: falar a verdade e somente quando se tem evidência adequada sobre o assunto. 3. Máxima da relação ou relevância: falar o que é relevante ao contexto. 4. Máxima do modo: ser claro, evitar discursos prolixos e obscuros. Parece interessante, mas o que ocorre no dia a dia é que muitas vezes infringimos essas máximas, assim como os discursos publicitários o fazem! Algumas vezes nem percebemos que estamos infringindo, mas muitas delas fazemos com um propósito e o significado pode estar implícito na mensagem e só é compreendido quando a interpretação leva em consideração o contexto. O que conseguimos analisar desse discurso? Qual máxima a filha não respeitou? A da quantidade, afinal de contas, não respondeu ao que a mãe perguntou, certo? Mas, por outro lado, a mãe também perguntou muitas coisas e também transgrediu a mesma máxima. E a relevância? Será que a resposta da menina foi relevante? Ajudou na comunicação? Além de nos ajudar a pensar sobre as máximas, esse discurso também nos ajuda a pensar sobre papéis sociais e familiares estereotipados de mãe e de adolescente, em que pergunta e resposta são até mesmo um pouco previsíveis. E as leis do discurso? As leis diferem muito pouco das máximas, o sentido é praticamente o mesmo. Abaixo segue uma breve explicação de cada uma delas: 1. Lei da pertinência: a mensagem deve ser adequada ao contexto, ser de interesse do receptor ou destinatário. 2. Lei da sinceridade: só afirmar algo que possa garantir ser verdadeiro, falar algo que saiba que possa ser cumprido, não falar “apenas por falar” e muito menos mentir. 3. Lei da informatividade: trazer informações novas ao receptor. 4. Lei da exaustividade: trazer a informação máxima que sabe sobre o assunto, ou seja, não omitir o que é importante e não dar informação demais quando não é relevante. 5. Lei da modalidade: ser claro e objetivo. Você deve ter percebido que elas são muito semelhantes às máximas, e que é possível não as respeitar e que muitas vezes fazemos isso de propósito. Para se aprofundar e ler exemplos de cada uma delas, você pode ler o capítulo As Leis do Discurso do livro “Análise de Textos de Comunicação” de Dominique Maingueneau (2008). A citação a seguir resume bem a ideia dos autores, tanto ao formular as máximas quanto as leis do discurso: “[...] o simples fato de entrar num processo de comunicação verbal implica que se respeitem as regras do jogo. Isso não se faz por intermédio de um contrato explícito, mas por um acordo tácito, inseparável da atividade verbal. Entra em ação um saber mutuamente conhecido: cada um postula que seu parceiro aceita as regras e espera que o outro as respeite. Essas regras não são obrigatórias e inconscientes como as da sintaxe e da morfologia, são convenções tácitas.” (MAINGUENEAU, 2008, p. 31) A ideia é que a comunicação se torna mais fácil e faz mais sentido quando conseguimos nos comunicar levando essas máximas e leis em consideração. Só que a comunicação humana é tão complexa, que elas acabam deixando de lado os implícitos, as metáforas, as ironias, as piadas, os poemas, enfim... Elas são importantes, em geral devemos considerá-las, mas há muitos casos em que obedecê-las perderia o sentido, como o exemplo do anúncio a seguir: A máxima do modo ou a lei da modalidade não foram respeitadas, afinal Joel Santana não foi claro nem objetivo na propaganda, mas eu só vou entender isso caso relacione com um contexto maior. Koch (2008, p.28) destaca que: [...] é fácil perceber que essa teoria [das máximas] não dá conta de toda a “malícia” e manipulação tão presentes na interação verbal humana: estamos constantemente “jogando”, “blefando”, simulando, ironizando, fazendo alusões e criando subentendidos, fenômenos nem sempre explicáveis apenas com base nas “máximas” griceanas. E isso é bastante verificado na publicidade, um exemplo é o visto anteriormente. CONTINUANDO... Durante algum tempo a embalagem do produto Colgate Total 12 falava sobre 12 problemas bucais que a pasta dental ajudava a evitar, mas, na realidade, ela mencionava alguns itens muito parecidos, como: cárie e cárie nas raízes, além disso, colocava alguns outros itens como problemas, sendo que na realidade eram formas de prevenção, como: previne as bactérias da língua e protege a gengiva. Hoje, a marca já não fala mais em 12 problemas bucais, mas, sim, em benefícios mais importantes para o consumidor, ou seja, no que a pasta ajuda. Além disso, o número 12 agora é associado apenas a 12 horas de proteção, o que é mais difícil contestar. Conseguiu relacionar essa curiosidade com a teoria das máximas e das leis? E com o significado da palavra comunicação? Agora que você já estudou bastante sobre o assunto está na hora de “colocar a mão na massa”. Procure anúncios publicitários que transgridam as leis do discurso e procure justificar o motivo. A atividade proposta no “Trocando Ideias” pode te ajudar nessa análise. Chegamos ao final desta aula, vejamos se você é capaz de responder às seguintes perguntas: 1. Quando e como surgiu o modelo comunicativo? 2. Quais são os seis elementos da comunicação? 3. O que é comunicação? 4. Qual a diferença entre comunicação e informação? 5. Cite alguns exemplos de barreiras comunicacionais. 6. Quais são as 3 formasde decodificar um discurso televisivo, segundo Hall? Explique cada uma delas. 7. Quais são as máximas conversacionais e as leis do discurso? 8. Que relação podemos fazer entre as máximas e as leis com a publicidade? O objetivo é que você compreenda a complexidade da comunicação, desde elaborar uma mensagem à interpretação dela. E lembrar que comunicação sempre envolve no mínimo duas pessoas e que precisamos, portanto, saber nos relacionar com os outros para estabelecer uma comunicação mais eficaz, reforçando sempre que o outro não precisa concordar com a mensagem, afinal, somos todos humanos com experiências de vida diferentes, não é mesmo? E compreender isso é extremamente relevante para a publicidade, afinal, ela é produzida e interpretada por seres humanos e muitas vezes o que uma pessoa adora, outra pode detestar. É por isso que é importante estabelecer o público-alvo a fim de diminuir as divergências de pensamento, comportamento, opinião... e, assim, facilitar a venda.
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