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Gabriela Santos & Sheila Prates - 93 Cirurgia I PROCESSOS INFECCIOSOS Objetivo geral: demonstrar a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado dos processos infecciosos da cavidade bucal. Formar profissional com senso crítico e qualificado para realizar e discutir o tratamento local e sistêmico dessas infecções. Processos infecciosos: São processos que se originam da invasão dos tecidos por microorganismos ➢ Bactéria: Abcesso dento alveolar ➢ Vírus: Herpes labial recorrente ➢ Fungos: Paracoccidioidemicose - O isolamento de determinado microrganismo não significa que ele seja responsável pela infeção. O exemplo clássico é o isolamento de S. aureus em portadores sadios. -No atual momento, existem pacientes assintomáticos que são portadores do vírus Covid-19, nas fossas nasais ou vias respiratórias anteriores, e não manifestam a doença, mas são vetores transmissores da doença e vírus. Nº de microrganismos X Virulência / Resistência do Hospedeiro ➢ A virulência (capacidade desses microrganismos poderem provocar a doença) dos microrganismos é representada pelo conjunto de forças agressivas contra o hospedeiro, isto é, seu poder invasor e toxígeno. ➢ A resistência do hospedeiro é representada pelo arsenal defensivo de que ele dispõe contra a ação dos microrganismos. - Na dependência de desestabilizar essa relação, teremos um processo infeccioso agudo, grave, moderado ou leve, ou um processo crônico. Mecanismo de defesa do hospedeiro ➢ Defesa local ❖ Barreira anatômica intacta ❖ Microbiota normal ➢ Defesa humoral ❖ Imunoglobulinas ❖ Complemento ➢ Defesa celular ❖ Granulócitos (neutrófilos 90 a 95% ❖ Monócitos ❖ Linfócitos Aqui temos representado, que na dependência desses fatores, podemos ou não ter um processo infeccioso. Nesse caso, onde temos uma defesa local, humoral e celular bastante alta, provavelmente uma virulência baixa e/ou uma quantidade de microrganismos baixo, não temos um processo infeccioso. Caso haja uma quantidade grande de microrganismos e uma resistência baixa, teremos um processo infeccioso agudo, leve ou moderado, ou grave. 1. Atualmente – Há infelizmente, profissionais de saúde ao contrair o vírus estão vindo a óbito por conta do corona vírus, provavelmente com uma condição onde há uma quantidade muito grande de microrganismos onde são expostos, tendo alta virulência e tendo sua resistência afetada, por causa da sua carga de trabalho, que pode, de alguma forma, interferir na sua resposta humoral. Processos Infecciosos na cavidade bucal ➢ Classificação ❖ Maxilar ou Perimaxilar (Graziani 1986) ❖ Agudo ou crônico ❖ Leve, moderada ou severa ➢ Origem ❖ Odontogênica ❖ Complicações traumáticas ❖ Complicações cirúrgicas ❖ Complicações de erupção de terceiros molares ❖ Hematogênica Processos infecciosos Odontogênicos -História natural da progressão das infecções odontogênicas ➢ Origem ❖ Periapical ❖ Periodontal PERIAPICAL ✓ Os processos infecciosos de origem periapical decorrem principalmente de um processo de cárie, que não sendo tratada chega à polpa causando uma necrose. ✓ Os microrganismos que estavam no interior do dente, vão através do canal radicular ao ápice, e lá, vão desenvolver um processo infeccioso periapical. Nesse caso: Havia pus, e a nível de ápice, mostra uma imagem radiolúcida, mostrando um processo de longa duração, pois o ABCESO DENTO ALVEOLAR, com a velocidade com que ele se forma, nós podemos ter manifestação clinica e praticamente não detectarmos manifestação radiológica. Podendo ocorrer tanto em dentes anteriores, e em dentes posteriores. Evolução da doença periodontal ✓ Normalmente a partir do suco gengival ou do ligamento periodontal, se instala a doença periodontal. VIAS DE DRENAGEM DE ABCESSOS DENTO ALVEOLARES IMAGEM 1 -Via trans óssea (A) -Via periodontal (B) -Via canal radicular (C) IMAGEM 2 - Os processos poderão ser drenados intraoralmente ou extraoralmente, na dependência da sua relação com os músculos. - No caso do musculo bucinador, se for abaixo do musculo, pode drenar por via extraoral ou por via intraoral, podendo ser ou por vestibular ou por lingual. (1, 2 e 3) - Podem drenar via canal radicular (4) -Podem drenar via periodontal (5) - Na dependência da anatomia (cavidade nasal e seio maxilar) (6 e 7) Processos infecciosos – Manifestações Clinicas ➢ Locais ✓ Dor ✓ Rubor ✓ Tumefação ✓ Calor ✓ Desaparecimento de sulcos ✓ Salivação abundante ✓ Hálito fétido ✓ Trismo ✓ Nódulos linfáticos engurgitados (palpáveis) ✓ Dente abalado, dolorido ou pode ter sido extraído ➢ Sistêmicos ✓ Mal estar geral ✓ Febre (cefaleia) ✓ Aumento da frequência cardíaca e respiratória ✓ História de calafrios, suor, anorexia FEBRE A febre é apenas um sintoma que constitui a reação dos mecanismos de defesa do organismo. Assim sendo, a escolha do tratamento está diretamente associada à doença de base e à temperatura corporal. ATENÇÃO: Infecção não é a única causa de febre. Distúrbios inflamatórios envolvendo articulações, tecido conjuntivo ou vasos sanguíneos (artrite reumatoide, lúpus eritematoso) podem resultar em febre. o RELAÇÃO FEBRE E ANTIBIÓTICO: Infecção por bactérias, por exemplo, podem exigir a prescrição de antibióticos, medicamento absolutamente ineficaz quando o agente da infecção é um vírus. No caso do sarampo, é uma doença causada por uma bactéria, porém administra-se antibiótico, pois, o sarampo é uma das doenças que mais debilita o organismo. Então, o antibiótico é indicado para combater as infecções bacterianas que virão através da baixa resistência apresentada pelo paciente. A elevação de temperatura corporal: • inibe o crescimento de diversos microrganismos que crescem dentro de uma variação relativamente estreita de temperatura. • estimula a atividade fagocitária dos leucócitos e a produção de anticorpos, atestado pelo aumento das gamaglobulinas. A temperatura axilar normal é 36,5ºC pela manhã e 37,2ºC a tarde, sendo a temperatura bucal aproximadamente 0,5ºC maior que a axilar. A temperatura corporal, em situações de normalidade, sofre variação rítmica diária com amplitude de 1ºC a 1,5ºC, atingindo o valor mais elevado entre 18 e 23 horas e o mais baixo durante o sono, entre 4 e 6 horas da manhã. -Temperatura corporal: 36º-36,9ºC -Estado febril: 37º-37,5ºC (Não devem ser combatidas -Febre baixa: 37,6º-38ºC mecanismo de devesa orgânica) -Febre moderada: 38,1º-39ºC Deve ser combatida -Febre alta: acima de 39,1ºC Quando estamos com febre: • O mecanismo basal aumenta 13% a 15% a cada grau acima de 37ºC, requerendo mais oxigênio e calorias para os tecidos. • Pode se afirmar que a frequência cardíaca se eleva aproximadamente 10 batimentos a cada 0,56 graus de elevação de temperatura corporal. Elevação da temperatura corporal • Aumento da frequência cardíaca • Aumento da frequência respiratória • Aumento do metabolismo Aumenta a perda de líquidos através dos pulmões e da pele ATENÇÃO: Frequência cardíaca superior a 100 batimentos por minuto (normal: 60 – 80 bpm) pode significar infecção grave que exigirá tratamento imediato mais agressivo. Sintomas frequentemente associados à febre • Sensação de frio ou calor • Cefaleia • Mialgia • Artralgia • Fraqueza geral A cefaleia que frequentemente acompanha a infecção, geralmente é associada à febre, e é considerada como resultado do estiramento de estruturas sensitivas que circundam as artérias intracranianasdilatadas. ATENÇÃO: Pacientes jovens têm febre alta mesmo durante infecções triviais, enquanto os mais velhos podem ter pequenas alterações de temperatura mesmo em infecções severas. – Goldberg & Topazian 1997 Pacientes com sinais vitais normais com pequena elevação de temperatura frequentemente apresentam infecção leve, que pode ser rapidamente tratada. Pacientes com sinais vitais alterados, com elevação de temperatura, do pulso e da frequência respiratória, frequentemente apresentam infecção severa e devem ser considerados como tendo problemas potenciais. Processos infecciosos – Diagnóstico ➢ Diagnóstico clínico ➢ Diagnóstico microbiológico* (Nem sempre é realizado) ➢ Diagnostico topográfico ➢ Conhecimento da história natural da doença MICROBIOLÓGICO Cultura - O diagnostico microbiológico é realizado por meio do exame de cultura dos microrganismos. Antibiograma - Após o exame de cultura realiza-se o antibiograma, que é um teste de laboratório para determinação da sensibilidade de microrganismos a determinados antibióticos. O antibiograma representa um estado dinâmico e indica hábitos de antibioticoterapia seguidos em certa época, em certa área geográfica. (Solé-Vernin & Uthida Tanaka, 1969) ATENÇÃO: O diagnóstico microbiológico em infecções na cavidade bucal nem sempre é realizado, pois tais infecções são provocadas por um grupo altamente previsível de bactérias. Os microrganismos envolvidos nas infecções odontogênicas estão relacionadas à placa dental, cárie dental e, posteriormente, à polpa dental. AGENTE INFECTANTE Os estreptococos como grupo são os microrganismos mais frequentemente encontrados nas infecções da cavidade bucal. Ajuda a distribuir e dissipar o calor corporal Relatos de calafrios recorrentes são comuns em abcessos e bacteremia. As bactérias envolvidas em mais de 90% das infecções odontogênicas são estreptococos aeróbios e anaeróbios, peptoestreptococos, prevotella e fusobactérias. CARACTERÍSTICA MICROBIOLÓGICA DAS INFECÇÕES ODONTOGÊNICAS • 60% aeróbios e anaeróbios • 35% unicamente anaeróbios • 5% unicamente aeróbios ESTABELECIMENTO DE CONDIÇÕES DE ANAEROBIOSE ➢ Bactérias aeróbias e anaeróbias facultativas consomem o oxigênio presente e dessa forma os microrganismos anaeróbios estritos podem sobreviver e multiplicar-se. ➢ Interrupção de fluxo sanguíneo provoca a privação de oxigênio que favorece a infeção anaeróbia. Deve-se suspeitar de infecção anaeróbia nas seguintes situações ➢ Material purulento fétido ➢ Cultura bacteriana negativa após 24 a 48 horas – pode representar microrganismos anaeróbios ➢ Presença de tecido necrótico, gangrena e formação de pseudomembranas Diagnóstico microbiológico – Indicações para realização de cultura e antibiograma ➢ Infecção que se dissemina rapidamente ➢ Infecção que não responde ao tratamento convencional ➢ Infecção recidivante ➢ Comprometimento das defesas orgânicas TRATAMENTO AMBULATORIAL DOS PROCESSOS DA CAVIDADE BUCAL “O processo infeccioso não pode ser resolvido com fórmulas simples, cada paciente e cada processo infeccioso é um caso particular que necessita ser observado” – Centeno 1968 O princípio básico do tratamento de processos infecciosos odontogênicos é executar a drenagem cirúrgica e remover a causa da infecção. Objetivos do tratamento do processo infeccioso ➢ Aliviar a dor ➢ Restauração da função ➢ Preservação das estruturas orgânicas vitais ➢ Prevenção de recidivas ➢ Limitação do período de invalidez TRATAMENTO DOS PROCESSOS INFECCIOSOS LOCAL ❖ Localização do processo: ✓ O calor úmido ✓ Emprego de emolientes Tendem à acelerar as alterações metabólicas e a ação dos mecanismos de defesa local, assim como apressar a resolução e a localização do processo. ❖ Drenagem cirúrgica: A drenagem cirúrgica do pus promove a redução na tensão dos tecidos, o que diminui a sintomatologia dolorosa, melhora o suprimento sanguíneo no local e favorece a chegada das defesas do hospedeiro à área. ATENÇÃO: Infecções anaeróbias não se estabelecem em tecidos sadios que são bem oxigenados. Por isso, fazer drenagem em processos infecciosos agudos, possibilita oxigenação da área. ❖ Eliminação do agente causal ✓ Tratamento endodôntico ✓ Extração dental: Oportunidade da intervenção Deve ser avaliada a temperatura do paciente. Em caso de envolvimento do estado geral com febre superior a 38ºC, algumas precauções devem ser tomadas previamente à intervenção. Recomenda-se: • Administrar imediatamente terapêutica antibiótica • Instituir suporte dietético adequado (Proteinoterapia) • Administrar analgésicos não antipiréticos (para não mascarar) • Instituir bochechos com soluções anti-septicas mornas • Aumentar o consumo de líquidos SISTÊMICO Visa proporcionar conforto, controlar a infecção e favorecer o aumento da resistência orgânica do paciente • Repouso • Suporte dietético • Aumento do consumo de líquidos • Uso de analgésicos e antibióticos ESCALA DE OPÇÕES DE ANTIBIÓTICOS ** Em algumas situações pode ser utilizado penicilina + metronidazol EFEITOS TERAPÊUTICOS DA ANTIBIOTICOTERAPIA ✓ Diminuição da febre (após 8 horas) ✓ Melhora de estado geral ✓ Desaparecimentos de adenopatias ✓ Desaparecimento dos sinais locais de infecção AVALIAÇÃO DO TRATAMENTO ➢ Na maioria das situações, 48 horas após o início do tratamento há redução apreciável da dor e do edema ➢ Durante os curativos outros parâmetros como febre, trismo e sensações subjetivas de melhora devem ser avaliadas FALHAS NO TRATAMENTO 1. Tratamento cirúrgico inadequado (drenagem cirúrgica realizada incorretamente) 2. Comprometimento das defesas do hospedeiro 3. Presença de corpo estranho na ferida (pedaço de dreno) 4. Falta de medidas complementares 5. Problemas relacionados à antibioticoterapia a) Diagnóstico microbiológico errado (microrganismos não são sensíveis ao medicamento) b) Seleção incorreta do antibiótico c) Falta de colaboração do paciente d) O antibiótico não alcança o local (pus -membrana) e) Posologia deficiente ATENÇÃO: Situações clínicas em que não se emprega antibióticos ▪ Abcessos crônicos bem localizados ▪ Alveolite seca ▪ Pericoronarite moderada Essa terapêutica deve ser mantida por 7 a 10 dias. O tratamento cirúrgico será instituído somente após 24 horas sem febre. Em caso de ausência de febre, prescrever a terapêutica sugerida e, se possível, instituir o tratamento cirúrgico recomendado OPÇÃO ANTIBIÓTICO 1º PENICILINA ** 2º ERITROMICINA 3º CLINDAMICINA Critérios para encaminhamento ao Cirurgião Buco-Maxilo-Facial ✓ Dificuldade de respirar ✓ Dificuldade de deglutir ✓ Desidratação ✓ Trismo moderado a grave ✓ Edema severo ✓ Temperatura superior a 38ºC ✓ Grave mal estar ✓ Comprometimento das defesas do hospedeiro ✓ Falha no tratamento inicial TRATAMENTO AMBULATORIAL ▪ Relembrando: o princípio básico do tratamento de processos infecciosos é executar a drenagem cirúrgica e remover a causa da infecção. PROCESSOS INFECCIOSOS DA CAVIDADE BUCAL ➢ Pericoronarite ➢ Abcesso dento alveolar ➢ Abcesso periodontal ➢ Abcesso subperiosteal PERICORONARITE Infecção que ocorre nos tecidos que recobrem um dente geralmente semi-incluso ➢ Afeta cerca de 10% dos 3º molares inferiores ➢ Estão mais associados a dentes semi incluso em posição vertical ➢ Clinicamente: observa-se um tecido gengival que recobre parcialmente a coroa do dente em questão ➢ É a condição patológica mais frequentemente associada ao terceiro molar inferior ➢ Aproximadamente 10% dos terceiros molares inferiores extraídos apresentam pericoronarite INCIDÊNCIA ▪ Idade: maior prevalência entre 18 e 28 anos ▪ Dentes envolvidos: terceiros molares inferiores FATORES PREDISPONENTES ✓ Posição dental (mais frequenteem dentes em posição vertical, com a coroa no nível do segundo molar, ou acima dele) ✓ Irritação traumática ✓ Inflamação (do tecido que recobre a coroa parcialmente irrompida) ✓ Diminuição da vitalidade tecidual ✓ Opérculo gengival favorecendo a proliferação bacteriana ✓ Umidade ✓ Temperatura constante ✓ Proteção (estagnação) ✓ Alimento ✓ Obscuridade ✓ Anaerobiose FATORES COADJUVANTES ✓ Stress físico ou emocional ✓ Diminuição do fluxo salivar ✓ Aumento da virulência e/ou diminuição da resistência Stress ✓ Passanezi et al. (1983) estudando pericoronarite relataram que em 30% dos casos avaliados havia relatos de alguma forma de stress físico ou emocional ✓ Nitzan et al. (1985) observaram que 66% dos pacientes com pericoronarite relataram stress emocional pretendendo as manifestações da doença RISCOS DE PERICORONARITE Dentes com maior risco para pericoronarite aguda são os 3º molares inferiores verticais totalmente irrompidos, que estão em contato com o 2º molar ou estão acima do plano oclusal e parcialmente encapsulados por tecidos moles ou duros (Leone et al. 1986) THE MANDIBULAR THIRD MOLAR POSITION AS A PREDICTIVE CRITERIA FOR RICK FOR PERICORONATITIS: A RETROSPECTIVE STUDY Halverson, Anderson – 1992: os autores concluíram que na população estudada, o risco para pericoronarite parece aumentar com a maior angulação vertical e com a posição mais alta do dente durante a erupção. Posição do 3º molar ➢ Posição vertical: 67% ➢ Posição disto angular: 14% ➢ Posição meio angular: 12% ➢ Outras posições: 7% Pericoronarite- Dados bacteriológicos Estudos avaliando a microbiota presente na pericoronarite mostram predominância de estreptococos viridans e estafilococo saireis coagulase positivo ou tem descrito uma microbiota normal na área da infecção A presença de espiroquetas e fusobacterias em pericoronarite pode estar relacionado ao estado da higiene bucal, uma vez que esses microrganismos são frequentemente encontrados em tecidos bucais que não tem sido mantido limpos O fato de espiroquetas e fusobactérias não habitarem a cavidade bucal antes da adolescência, pode explicar a rara ocorrência de pericoronarite durante a erupção de dentes decíduos Classificação da pericoronarite ➢ Aguda ➢ Sub aguda ➢ Crônica Características clínicas da pericoronarite ✓ Dente parcialmente erupcionado ou semi-incluso ✓ Colonização de bactérias entre a coroa do dente e a gengiva que recobre, devido ao acúmulo de alimentos ✓ Sulco profundo entre a coroa do dente e a gengiva ✓ Dificuldade de higienização do local em questão, ou higiene deficiente ✓ Trauma dos tecidos moles que recobrem, ainda que parcialmente, a coroa do dente ou provocado pelo dente antagonista (maxilar) ou pra própria mastigação Sinais e sintomas da pericoronarite ➢ Edema e dor na área do opérculo gengival ➢ Exsudação entre a coroa dental e o opérculo gengival ➢ Dificuldade de mastigação e deglutição ➢ Mau hálito ➢ Trismo (dificuldade de abrir a boca - envolvimento muscular) ➢ Dor irradiada para o ouvido, assoalho bucal e/ou garganta ➢ Pode haver sangramento gengiva Manifestações clínicas e sistêmicas ➢ Febre ➢ Calafrios ➢ Mal estar ➢ Nódulos linfáticos endurecidos e dolorosos TRATAMENTO DA PERICORONARITE ➢ O tratamento da pericoronarite em fase aguda consiste inicialmente em reverter o processo para uma fase crônica, procedendo a seguir o tratamento definitivo LOCAL ✓ Limpeza mecânica do espaço sob o opérculo (curetagem leve) e irrigação com peróxido de hidrogênio a 3% ✓ Drenagem na presença de ponto de flutuação (se necessário) ✓ Irrigação com solução de digluconato de clorexidina a 0,12% ou cloreto de cetilpiridínio a 50% ✓ Verificar dente antagonista ✓ Confeccionar placa anterior ✓ Desgastar cúspides ✓ Extração do dente antagonista ✓ Irrigação com solução fisiológica aquecida ✓ Bochechos frequentes com solução salina ou anti sépticos (solução de digluconato de clorexidina a 012% ou cloreto de cetilpiridinio 50%) Se a pericoronarite é bem definida, a curetagem, irrigação e drenagem, na maioria dos casos, levam à resolução de todos os sintomas e sinais presentes em alguns dias (2 ou 3 dias). SISTÊMICOS ✓ Analgésicos ✓ Antibióticos (?) ➢ Casos que não respondem à terapia mecânica ➢ Casos severos com manifestações sistêmicas (febre acima de 38ºC) ➢ Casos disseminados ANTIBIOTICOTERAPIA- PERICORONARITE ➢ 1ª opção: amoxicilina (500mg – 6/6h) associada ou não ao metronidazol (250 a 400mg) ➢ 2ª opção: clindamicina (600mg) Encaminhar o paciente ao CTBMF ➢ Em caso de trismo com abertura bucal limitará a 20mm ➢ Febre superior a 38ºC ➢ Edema facial ➢ Dor severa ➢ Mal estar geral severo TRATAMENTO DENTAL Deve ser realizado quando a pericoronarite estiver na fase crônica ou sub aguda ➢ Conservador Ulotomia ou ulectomia -Ausência de indicação de extração dental - Dentes contíguos com prognóstico desfavorável ➢ Radical Extração do 3º molar * -Dente incluso ou semi incluso -Falta de espaço -Acidentes infecciosos frequentes * A extração deve ser feita sob cobertura antibiótica ABCESSO DENTO ALVEOLAR Conceito: é o acúmulo de exsudato em uma cavidade criada nos tecidos pela desintegração tecidual ➢ Fase inicial ➢ Fase em evolução ➢ FASE EVOLUÍDA ABCESSO DENTO ALVEOLAR AGUDO CARACTERÍSTICAS DA FASE EVOLUÍDA ➢ Radiograficamente pode ou não ser observada área de rarefação óssea apical (devido à velocidade em que ele se formou) ➢ Sintomatologia dolorida encontra-se atenuada ➢ Há edema mole com ponto de flutuação RADIOGRAFIA Imagem radiolúcida não bem definida no ápice dental! Não há limite bem definido embora possa verificar uma diferenciação óssea Nessa imagem: evolução lenta, reabsorção apical ABCESSO DENTO ALVEOLAR – DADOS BACTERIOLÓGICOS Naves e Rocha Barros (1991) avaliando a microbiota de 74 amostras de abcessos dento alveolares isolaram ➢ Estreptococos em 47% (87,3% eram do grupo viridans) ➢ Peptostreptococos anaeróbicos em 9,5% ➢ Estafilococos 24,6% ➢ Enterococos 23,9% Goumans et al (1997) investigaram a microbiota de abcessos periapicais. As infecções foram puramente aeróbias em 6% dos casos, puramente anaeróbias em 17% e mistas em 75%. Entre os microrganismos anaeróbios, predominaram os do grupo Bacterióides (38,5%), Peptostreptococucus spp (24,6%), Peptococcus spp (13,9%) e Fusobacterium spp (4,1%) Bottino & Rocha Barros (1998) avaliando a distribuição de microrganismos gram positivos e negativos em 105 casos de abcessos dento alveolares agudos, obtiveram microrganismos gram positivos em 79,2% dos casos e negativos em 17,7% TRATAMENTO DO ABCESSO DENTO ALVEOLAR NA FASE EVOLUÍDA LOCAL ✓ Drenagem cirúrgica • determinação do ponto de flutuação • incisão (ponto mais baixo, com 1 ou 2 cm) • divulsão (pinça ou tesoura de ponta redonda) • colocação do dreno VERIFICAÇÃO DO EDEMA MOLE E DO PONTO DE FLUTUAÇÃO O ponto de flutuação e do edema mola é feito através da palpação bidigital A maneira correta de incisão, é realizada de dentro para fora VIAS DE DRENAGEM INTRABUCAL ✓ Via trans-óssea ✓ Via canal ✓ Via periodontal SISTÊMICOS ✓ Analgésicos ✓ Bochechos com anti- sépticos ✓ Antibióticos TÉCNICA DE INCISÃO A maneira correta de incisão, é realizada de dentro para fora e NÃO de fora para dentro Da forma correta há dor, mas é menos intensa do que na forma errada!! DIVULSÃO PARA COLOCAÇÃO DO DRENO É realizado 2 incisões, passando através delas, o dreno que é fixado por sutura ou por outro meio ABCESSO PERIODONTAL Conceito: coleção purulenta que se forma nos tecidos periodontais, principalmente, na presença de bolsa periodontal, sendo rara a sua ocorrênciana ausência de bolsa Na ausência de bolsa periodontal, esse abcesso aparece em decorrência de trauma direto ou devido à perfuração lateral da raiz dental DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL – abcesso dento alveolar x abcesso periodontal • Aspecto clínico (dento alveolar: edema no ápice dental; abcesso periodontal: edema ao nível do terço médio da raiz) • Sintomatologia dolorosa (abcesso periodontal: evidente quando se faz sondagem ou bate com o cabo do espelho no dente; abcesso dento alveolar: não tem) • Vitalidade pulpar (há no abcesso periodontal; ausente no abcesso dento alveolar, que estão com a popa necrosada) • Aspecto radiográfico (abcesso dento alveolar área radiolúcida na região periapical do dente; abcesso periodontal imagem radiolúcida no terço médio da raiz) • Via de drenagem (abcesso dento alveolar, frequentemente é Via canal; abcesso periodontal é através do próprio ligamento periodontal) CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS ✓ Elevação ovóide de gengiva vizinha à superfície lateral da raiz dental ✓ Gengiva encontra-se edemaciado, avermelhada, lisa e brilhante ✓ Pode haver exsudação ✓ O dente encontra -se vital ✓ Pode haver mobilidade dental ✓ Elevação do dente no alvéolo ✓ Pode haver linfadenite ✓ Febre e mal estar geral ✓ A consistência e o contorno da gengiva na zona edemaciado variam ✓ A dor é pulsátil e irradiada ✓ Há sensibilidade à percussão, à palpação e à mordida ✓ Radiograficamente a lesão é para apical e não periapical ✓ A drenagem ocorre por via periodontal LESÃO ENDOPERIODONTAL ABCESSO SUBPERIOSTEAL O abcesso subperiosteal pode ocorrer semanas após um processo de reparo aparentemente sem problemas da extração de um terceiro molar inferior CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS ✓ Dor localizado moderada ou severa ✓ Tumefação endurecida no tecido muco periosteal (1º molar inferior) ✓ História de extração dental recente (geralmente terceiro molar inferior) TRATAMENTO LOCAL ✓ Drenagem do processo após o aparecimento de ponto de flutuação SISTÊMICO ✓ Analgésicos ✓ Bochechos com soluções anti-sépticas ✓ Antibiótico em caso de envolvimento sistêmico
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