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MOTTA, Márcia Maria Menendes A Primeira Grande Guerra

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MOTTA, Márcia Maria Menendes. A Primeira Grande Guerra. In.: REIS FILHO, Daniel Aarão; FERREIRA, Jorge Luiz; ZENHA, Celeste. O século XX: o tempo das certezas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. (p. 231-251)
“Em sua, o desenvolvimento do capitalismo empurrou o mundo inevitavelmente em direção a uma rivalidade entre os Estados, à expansão imperialista, ao conflito e à guerra.” (p 233).
“A aceleração do crescimento econômico inglês se beneficiava da existência de um amplo e consolidado mercado interno. Alem disso, havia um importante comércio ultramarino, sendo a Inglaterra considerada como “a senhora dos mares”. Tal comércio era favorecido pelo papel de seu governo no processo da conquista de mercados através da guerra e da colonização.” (p. 233)
 “Assim, ameaçada pelo crescimento econômico das outras potencias, a Inglaterra tinha – naquela época – equipamentos e tecnologias obsoletos em comparação, principalmente, com a forte industria alemã.” (p. 234).
“Sem romper as estruturas políticas mais arcaicas da sociedade, o Estado alemão apoiava-se no poder dos grandes proprietários de terra e impulsionava sua industrialização, que tinha como característica uma forte associação entre a industria e os bancos. O estimulo à construção de estradas de ferro ajudou a consolidar o mercado interno, ao mesmo tempo que fortaleceu sua industrialização.” (p. 234).
“Assim, ao contrario das industrias têxteis inglesas, os franceses, desde o inicio, concentraram suas industrias nos produtos de qualidade, aproveitando o fato de que a cultura francesa era, aquela época, sinônimo de beleza e bom gosto. Com o auxilio do Estado e com o apoio do capital inglês, foram construídas estradas de ferro que permitiam a consolidação do mercado nacional, encorajando o investimento na industria em larga escala.” (p. 235).
“A descoberta de novas fontes de energia, de novos remédios e de novas tecnologias fortalecia a crença na inesgotável capacidade humana de inventar, de criar novos produtos, dando a ilusão de que estava vivendo um período áureo da humanidade. Era a Belle Époque, conhecida pelo seu otimismo, pela certeza de uma estabilidade e paz duradouras.” (p. 236)
“Um período de “Paz Armada”, pois, alem das novas armas, foi adotado, em quase todos os países, o serviço militar obrigatório. A obrigação do jovem em prestar serviço militar tinha por si só efeitos sociais bastante significativos, pois fazia crescer a influencia do exercito na sociedade e na política de seus países.” (p. 236).
“De certa forma, a idéia de que a guerra seria curta e rápida estava de acordo com a crença na superioridade de um país em relação ao outro. Com a industrialização, fortaleceu-se o nacionalismo do países, o que significou a construção e generalização de um conjunto de tradições que procuravam convencer a população de cada país de sua importância e superioridade na história mundial. O passado de cada nação era contado de forma a mostrar sua força e a união de seu povo. Desdobrava-se do nacionalismo a idéia de um inimigo externo (outra nação), encarado como o responsável pelos problemas vividos pelo país.” (p. 236).
 “Como um efeito domino, o sistema de alianças transformaria um conflito regional na Primeira Guerra Mundial. Colocaram-se de um lado, e num primeiro momento, França, Inglaterra e Rússia; de outro, a Alemanha e a Áustria-Hungria.” (p. 238).
“Na frente ocidental ocorreu, ainda no ano de 1914, uma das principais batalhas da Primeira Guerra – a Batalha do Marne. A sua importância resume-se no fato de que ela consagrou a derrota do plano alemão e o surgimento da guerra de trincheiras. Ali, ambos os adversários iriam sentir os efeitos da guerra que dominaria a frente ocidental em quase todo o período do conflito. O domínio da artilharia e a incapacidade de vencer decisivamente o inimigo dariam um caráter estático à guerra, sem a possibilidade de avanço real de nenhuma das partes envolvidas. De temporárias as trincheiras passaram a ser então definitivas.” (p. 239).
“O ano de 1917 seria decisivo para as forças aliadas. Em janeiro, a Alemanha proclamou o completo bloqueio da Grã-Bretanha e da França, e todas as potências neutras foram avisadas para que retirassem seus navios e vapores dos mares britânicos O bloqueio alemão, que significava na prática o afundamento indiscriminado de qualquer navio estrangeiro, acabou por impor a entrada dos Estados Unidos na guerra.” (p. 240).
“Após a saída da Rússia, os alemães ampliaram seus esforços na frei ocidental para dar fim ao conflito e conseguirem afinal a vitória. Os meses finais de 1917 foram bastante problemáticos para os aliados, pois parecia impossível romper a linha germânica e avançar. Além disso, tanto a Áustria: como a Alemanha lançaram uma grande ofensiva no norte da Itália.” (p. 241)
“As dificuldades das forças aliadas foram aos poucos sendo sanadas com os reforços americanos, cujos exércitos começaram a desembarcar na França. No entanto, durante os meses de abril e maio de 1918, os alemães ainda castigaram bastante as nações da Entente, mas isso teve um preço exército alemão estava também esgotado.” (p. 241)
“Em 18 de novembro de 1918, após quatro longos anos de conflitos, mortes e sofrimentos para ambos os lados, o Estado alemão assinou o armistício. Para o povo alemão, porém, o reconhecimento da derrota significou a aceitação de um tratado marcado por humilhações ao povo e à nação alemã. A primeira Guerra Mundial terminara com a condenação de um único país visto como responsável pelo conflito. Mas sabemos que ela expressou de forma cruel a competição das potências e a crença na superioridade de um em detrimento de outra.” (p. 241).
“As perdas humanas representaram o fim do sonho de um mundo de paz por parte daqueles que, em nome de seus países, haviam assumido a responsabilidade de defendê-los. Eram, em sua grande maioria, jovens soldados e, por conta disso, suas mortes representavam a perda de parte da população economicamente ativa, ou seja, de pessoas capazes de exercerem várias atividades profissionais. Na Inglaterra, por exemplo, um quarto dos alunos das importantes universidades de Oxford e Cambridge com menos de 25 anos morreu em combate.” (p. 242).
 “No princípio, a construção de trincheiras era vista como uma medida temporária e tinha como finalidade ser um bom campo de tiro para as armas portáteis. No entanto, elas se tornaram o palco principal da guerra, na medida em que nenhum dos dois lados conseguia avançar. Milhões de homens ficavam une diante dos outros nos parapeitos das trincheiras em barricadas feitas com sacos de areia, Ali, conviviam diariamente com ratos e piolhos - agentes transmissores de infinitas doenças. Sem auxílio médico, morriam muitas vezes em razão de enfermidades. A guerra de trincheiras impedia ainda a remoção dos cadáveres abandonados, o que só agravava o estado geral da degradação e dor. A guerra de trincheiras trazia também graves conseqüências psicológicas para aqueles que sobreviviam ao caos. Nas palavras de um famoso historiador, o combatente estava a todo instante sujeito a uma tensão nervosa e o abastecimento não chegava, os bombardeios martelavam as posições de destruir as redes, as trincheiras e os abrigos, os obuses de grosso calibre abriam enormes buracos, que transformavam o terreno num campo de crateras que a chuva convertia em lamaçal.” (p. 243).
 “Entretanto, para piorar ainda mais a vida dos soldados, os exércitos em conflito experimentaram novas tecnologias para a morte. Empregado pela primeira vez pelos alemães na primavera de 1915, o gás fazia aumentar as baixas em ambos os lados.” (p. 244).
 “Para aqueles que haviam acreditado um dia na superioridade inquestionável de seu país e de seu povo e apostado numa vitória rápida, a fome trazia a certeza de que a guerra não mais se limitava aos campos de batalha Ela tornava-se presente no cotidiano de todas as pessoas e apresentava-se viva através da fome, como a forma cruel de uma técnica de massacre.” (p. 246).
 “Após tomarem o poder, os bolchevistas tinham que resolver uma questãofundamental, pois, para salvar a revolução, eles tinham que fazer a paz - desejo expresso por soldados, camponeses e operários.” (p. 246).
 “A realidade, porém, foi outra. Ao contrário dos desejos dos bolchevistas, a Alemanha voltou a combater e os soldados alemães defenderam sua pátria e não foram sensíveis aos apoios do operariado russo. A força do nacionalismo em muito maior do que o desejo de união de todos os operários. Sem saída, o novo Estado da Rússia aceitou o Tratado de Brest-Utovsk, que foi, sem sombra de dúvida, uma paz humilhante.” (p. 246).
 “Para o presidente americano, existia um princípio que norteava os seus quatorze pontos: era o princípio de justiça para todos os povos e nacionalidades, e o direito de cada um a viver em iguais condições de liberdade e segurança, uns com os outros, fossem eles fortes ou fracos.” (p. 248).
 “Em suma, a proposta do presidente dos Estados Unidos não agradou aos franceses e ingleses. Para aqueles que haviam lutado durante longos quatro era preciso mais do que intenções para assegurar uma paz definitiva no continente europeu. Para eles, era preciso impedir, a todo custo, que a Alemanha pudesse voltar a ameaçar os vencedores. Era preciso ainda desarmar aquele país e obrigá-lo a reparar os sofrimentos das populações das nações aliadas.” (p. 248).
 “Conhecido pelo nome de Tratado de Versalhes para os aliados e "Ditado de Versalhes" para os alemães, os termos da paz eram profundamente cruéis para com a Alemanha.” (p. 248).
 “Como podemos ver, a humilhação imposta à Alemanha representava o fim de sua soberania sobre o seu território.” (p. 249).
 “A Primeira Guerra Mundial terminara, mas não cessaram ali os seus efeitos. As conseqüências demográficas evidenciavam uma sensação de envelhecimento da Europa e a desorganização da família. Do ponto de vista econômico, a destruição das riquezas, o problema da reconversão para uma economia de paz e os empréstimos dos Estados Unidos alimentaram a inflação e, com ela, a fome, a miséria e a desesperança.” (p. 250).
 “Com a Grande Guerra, o sonho deu lugar ao pesadelo, o otimismo ao pessimismo e a razão cedeu lugar à violência. Após quatro longos anos de conflito, os ex-combatentes voltaram para as suas casas, mas não encontraram mais a mesma sociedade pela qual haviam lutado. O aumento da miséria e das incertezas fazia fortalecer a crença de que a violência era a melhor saída. Se a paz dera lugar a uma guerra, como reconhecê-la novamente?” (p. 250).
 “Os anos posteriores à Primeira Guerra Mundial iriam mostrar que ela não terminara. As rivalidades continuaram, o desejo de revanche também. A Segunda Guerra não tardaria a acontecer.” (p. 251).

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