Buscar

cl_mod2_v1

Prévia do material em texto

Comunicação 
e linguagem
Prof. Me. Leandro Moura
Tópico 2
Objetivo(s) de aprendizagem
• Conhecer a variação linguística;
• Comparar as variações sincrônicas;
• Elaborar hipóteses a partir de exemplos 
práticos;
•	 Refletir	sobre	o	preconceito	linguístico;
• Relembrar a noção de texto.
Comunicação e linguagem
Tópico 
2
2
Neste Tópico:
Introdução ����������������������������������������������������4
Variação linguística ����������������������������������� 5
Variação regional ��������������������������������������10
Variação social �������������������������������������������13
Variação ligada ao meio 
(oral e escrito) ������������������������������������������� 14
Variação de registro 
(formal e informal) ������������������������������������17
O preconceito linguístico ���������������������� 23
Noções de texto ����������������������������������������28
Coesão ���������������������������������������������������������34
Como melhorar a coesão textual �����������������������36
Coerência ����������������������������������������������������38
Considerações finais������������������������������ 44
Síntese ���������������������������������������������������������45
3
INTRODUÇÃO
A utilização adequada de uma língua é tema de dis-
cussão permanente nos mais variados países. De 
uma região a outra, ou de uma pessoa a outra, cada 
um tem uma forma de se expressar, dependente de 
alguns fatores. Além disso, questões vinculadas a 
melhor maneira de se comunicar também podem 
ser levantadas: Como me comunicar melhor? Como 
aproveitar o melhor uso de um idioma?
A forma como nos comunicamos, as palavras que 
utilizamos para nos fazer entender, depende muito 
de onde vivemos, com quem convivemos e como 
nos apropriamos do mundo que nos cerca.
Vamos aprofundar os conhecimentos sobre as rique-
zas da língua portuguesa a nosso favor?
4
Comunicação e linguagem
Tópico 
2
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
Oxe
Cambito
Rango
Xibé
Pila
Lindeiro
Bá
Mina
Figura 1: Expressões de diversas regiões do Brasil.
Vamos fazer uma viagem no tempo? Imagine que 
estamos em outra época da história. As pessoas 
se comportam de uma maneira diferente da qual 
você está acostumado. Você tenta se comunicar 
com algum conhecido pelo telefone. Desista, nin-
guém está usando celular. Por aqui, ainda se lê com 
frequência o jornal impresso. Então, você decide 
comprar um jornal para conhecer o dia a dia daque-
las pessoas, quando, de repente, se depara com o 
seguinte anúncio:
5
Sabão hygienico Capadocia
Quereis manter-se aseiado e prottegido de mo-
lestias da pelle?
Compre o sabão hygienico Capadocia: o ideal 
para elle e para ella.
À venda nas pharmacias!
Se você tivesse recebido essa mensagem pelo celular 
hoje, provavelmente acharia que é um engano. Talvez 
você entendesse algumas palavras, mas saberia que 
esse tipo de escrita não é a mesma que usamos 
atualmente.
Bem, a sociedade mudou bastante com o passar dos 
anos. No século XIX, de onde veio esse anúncio, as 
pessoas tinham costumes completamente diferentes 
dos nossos. Um exemplo disso é que era possível 
vender de tudo nessa época – desde sabonetes, ca-
sas, roupas até escravos! Hoje, essa ideia parece 
absurda, já que os escravos foram libertados, mas 
quando fazemos referência a costumes do século 
XIX, estamos falando de um período histórico de nos-
so país em que o modo de produção era escravista e 
que era comum e aceitável o comércio de escravos 
para realizar todo tipo de trabalho forçado.
Assim como nossas crenças e costumes mudaram, 
nossa forma de expressão – a língua – também mu-
dou. Observe no anúncio que, antigamente, as con-
6
soantes eram duplicadas, como o L de “elle” e “ella”; 
o som da letra f era representado pelas letras ph; 
palavras que muitos desconhecem ou não se usam 
mais com tanta frequência, eram comuns, como 
“aseiado” (que quer dizer asseado ou limpo) e “mo-
lestia” (enfermidade ou doença). Naquela época, a 
língua portuguesa utilizada pelos europeus coloniza-
dores que vieram para o Brasil tinha características 
diferentes da que usamos hoje. Aos poucos, ela foi 
sendo	modificada	pela	cultura,	história	e	crenças	de	
um povo, diferente daquele que nos colonizou, com 
sua própria identidade – o povo brasileiro.
É por isso que dizemos que a nossa língua é viva: 
nela, acontecem transformações motivadas por as-
pectos históricos, sociais, políticos e econômicos que 
determinam a identidade de um povo. É como se a 
língua fosse o código de barras de uma sociedade.
Podcast 1 
As variações linguísticas são um fenômeno comum 
às línguas, pois seus falantes estabelecem relações 
sociais no tempo e no espaço com diferentes pesso-
as, culturas e histórias. O modo de se comunicar se 
transforma	pela	influência	desses	aspectos.
Verifique	o	que	diz	a	autora	Thelma	Guimarães:
“As línguas mudam junto com a sociedade que as uti-
lizam, tanto do ponto de vista diacrônico (ao longo do 
tempo), como sob o ponto de vista sincrônico (em um 
7
https://famonline.instructure.com/files/66867/download?download_frd=1
mesmo momento do tempo). Essas mudanças rece-
bem o nome de variações linguísticas.” (GUIMARÃES, 
T., 2012, p. 24, grifo do autor).
À mudança que ocorreu entre as palavras usadas 
no anúncio antigo e as palavras que usamos hoje, 
chamamos de variação diacrônica ou histórica, pois 
nossa língua evoluiu ao longo da história, do tempo. 
É esse aspecto temporal que explica a mudança do 
pronome você, que antes era utilizado “vossa mercê”, 
passou a ser “vosmecê”, depois “você” e, nos tempos 
de hoje, usamos “vc” para digitar mensagens. Já as 
expressões que mudam em um mesmo momento do 
tempo ou da história, como as gírias, os sotaques, 
os jargões, por exemplo, caracterizam a variação 
sincrônica�
Para	Guimarães	(2013),	a	variação	sincrônica	se	di-
vide em algumas categorias. São as variações:
• Regional;
• Social;
• Do meio (oral e escrito);
• De registro (formal e informal).
Verifique	na	figura	a	seguir,	como	essas	variações	
são divididas:
8
Variação
Linguística
regional
social
do meio
do registro
diacrônica 
ou histórica
sincrônica
Figura 2: Distribuição das classificações da linguística considerando 
o critério temporal.
9
VARIAÇÃO REGIONAL
Tente se lembrar do modo como você fala. Você pro-
nuncia o “r” mais forte? Coloca a língua entre os den-
tes quando fala “tia”? Observe que como você fala é 
característico do lugar em que você nasceu ou mora. 
O Brasil é um país de vasta extensão continental e 
em cada região (ou mesmo dentro da própria região), 
as pessoas falam de modo diferente.
Verifique	esse	exemplo:
Ingridienti:
5 den di ái
3	cuié	di	ói
1	cabêss	di	repôi
1	cuié	di	mastumati
sali a gosto
Mé qui fais?!
Casca u ái, pica u ái e soca o ái cum sali.
Quenta o ói; foga o ái no ói quentinho.
10
Pica	o	repôi	bem	finin,	foga	o	repôi.
Poim a mastumati, mexi ca cuié pra fazê o moi.
Prontim!
Entendeu alguma coisa? Você consegue descobrir 
de onde é o autor dessa receita? Se você respon-
deu	Minas	Gerais,	acertou!	Os	mineiros	costumam	
“encurtar” as palavras, reduzindo suas terminações, 
além de juntarem várias palavras numa só, como 
“mastumati”, que é a junção de “massa de tomate”.
Saiba mais
O modo de falar de algumas regiões (dialetos) 
pode possuir tantas características próprias 
que é possível encontrar dicionários locais, 
como: dicionário de “mineirês”, de “gauchês”, de 
“nordestinês”.
Acesse a reportagem do Jornal Hoje Falares do 
Brasil e veja como pessoas de diferentes regiões 
do país se comunicam: 
Por isso, dizemos que a variação regional é o uso 
que se faz da língua em uma determinada região. 
Podemos encontrar essa variação:
• Na pronúncia das palavras (sotaque): o “r” puxado 
do interior de São Paulo é diferente do “r” carioca;
• No vocabulário: para os gaúchos, a palavra “piá” 
significa	“criança”,	no	Pará,	“égua”	não	é	apenas	a	
11
http://blog.turismodeminas.com.br/dicionario-
de-mineires/
https://www.terra.com.br/noticias/brasil/cidades/dicionario-gaucho/https://www.terra.com.br/diversao/infograficos
/sao-joao/
https://www.youtube.com/watch?v=HwHf
kuRCflc.
https://www.youtube.com/watch?v=HwHf
kuRCflc.
fêmea do cavalo, mas uma expressão usada em 
várias situações, como “poxa vida”;
• Na conjugação de verbos e construção de frases: 
no Nordeste, é comum falawwr “tu visse” (em vez de 
“tu vistes”), assim como a expressão “sei, não” (em 
vez	de	“não	sei”).	(GUIMARÃES,	2012,	p.26)
Podcast 2 
12
https://famonline.instructure.com/files/66866/download?download_frd=1
VARIAÇÃO SOCIAL
A	linguagem	dos	médicos,	dos	surfistas,	dos	tatua-
dores, da internet, dos roqueiros, do futebol. O que 
elas têm em comum? Todas elas têm em comum o 
contato social que seus grupos estabelecem durante 
a comunicação. Algumas formas de variação social 
estão relacionadas a:
Grupos profissionais: o modo de se expressar de um 
grupo	profissional	é	chamado	de	jargão.	Geralmente,	
é usado para facilitar a comunicação entre os pro-
fissionais	de	um	mesmo	setor,	mas	para	quem	é	de	
fora do grupo, o chamado leigo, a comunicação pode 
se tornar um grande empecilho.
Grupos sociais: os	grupos	profissionais	também	
se formam social, mas existem outros tipos de gru-
pos,	como	os	surfistas,	os	jovens,	os	idosos,	os	fãs	
de uma série, os amigos do futebol. Estes grupos 
compartilham escolhas linguísticas em comum, as-
sim como outras características, tais como gostos 
musicais, esportivos.
13
VARIAÇÃO LIGADA 
AO MEIO (ORAL E 
ESCRITO)
Após uma conversa ou apresentação de um trabalho, 
você já teve a impressão de que não falou tudo o que 
precisava ter dito? Que se tivesse feito uma “colinha” 
no papel teria se saído melhor? Esta é uma situação 
pela qual todos podem passar, mas você sabe por 
que isso acontece?
Falar e escrever são ações comunicativas, mas exis-
tem algumas características que as diferenciam. 
Repare que o momento de produção e de recepção 
de um texto é bem diferente nessas situações: nos 
textos orais, esses momentos ocorrem simultanea-
mente – os interlocutores falam e ouvem ao mes-
mo tempo. Contudo, nos textos escritos, há uma 
defasagem temporal entre o momento em que se 
produz	e	se	recebe	uma	mensagem.	(GUIMARÃES,	
2013,	p.	28).
Falar ou escrever: existe uma forma melhor ou pior 
de se expressar? Na verdade, existem vantagens e 
desvantagens ao usarmos um ou outro meio. Na 
comunicação oral, podemos:
• negociar o sentido das palavras:
-	O	que	isso	significa?
14
- Significa que...
• corrigir nossa fala:
- Não importa o que aconteça, eu não vou sair 
daqui – quer dizer, nós não vamos sair!
A comunicação pela oralidade não acontece apenas 
pela linguagem verbal. Nossos gestos, expressões 
faciais, entonação, olhares nos auxiliam durante a 
fala, ou seja, a linguagem não-verbal complementa 
os sentidos durante a comunicação oral. Quando um 
professor pergunta aos alunos se todos entenderam 
sua explicação e alguns deles expressam uma “cara 
de dúvida”, isso indica que o professor precisará es-
clarecer algum ponto da matéria.
Se a linguagem não-verbal ajuda a comunicação oral 
a ser mais clara – já ouviu falar que nada é melhor 
que uma boa conversa “cara a cara”? – a comunica-
ção escrita, por sua vez, não apresenta a vantagem 
de colocar em contato os polos mais importantes 
da mensagem: seus interlocutores.
Ao escrever um texto, o emissor não sabe exata-
mente como ele será recebido, qual o conhecimento 
do receptor sobre o que está escrito e nem a sua 
condição, disposição e ânimo naquele momento. Do 
outro lado, ao receber a mensagem, o receptor possui 
apenas o recurso da escrita para tentar compreender 
o que o emissor quis dizer – ele não pode contar 
15
com gestos, olhares ou correções para esclarecer 
alguma dúvida.
Entretanto, é justamente por isso – pela falta de sin-
cronia – que a escrita permite que seus interlocutores 
tenham mais tempo para editar seus textos. Isso 
significa	que	eles	podem	pensar	antes	de	escrever,	
planejar sua comunicação, escolher as palavras mais 
adequadas e corrigir seus textos antes de enviá-los. 
Além disso, o tempo da escrita permite que o autor 
pesquise e adicione informações ao seu texto.
Fique atento
Afinal,	por	que	conhecer	a	linguagem	e	seus	ele-
mentos é tão importante para nós? Para nos co-
municarmos com os outros, seja na faculdade, 
no trabalho, em casa ou na rua, utilizamos textos 
orais ou escritos. Quando produzimos um traba-
lho escrito para a faculdade, podemos pesquisar 
informações, planejar a sequência lógica do tex-
to, ler e reler várias vezes, reescrever pontos que 
não	ficaram	muito	claros.	Por	outro	 lado,	numa	
reunião de trabalho, temos apenas nossa memó-
ria, inteligência e menos tempo para recuperar os 
principais assuntos: para ajudar, anote os pontos 
mais importantes que gostaria de discutir na reu-
nião, bem como sugestões e propostas de me-
lhoria para a equipe.
A oralidade e a escrita são produzidas pelos interlo-
cutores em dois tipos de situações: formais e infor-
mais. E é sobre isso que falaremos no próximo item.
16
VARIAÇÃO DE 
REGISTRO (FORMAL 
E INFORMAL)
Leia o exemplo:
Aline foi pedida em namoro por um garoto da escola. 
Ela sempre foi apaixonada por ele. Por isso, o chama 
carinhosamente de crush. Só tem um problema: Aline 
ainda não pediu autorização dos pais para namorar.
Chegando da escola, ao entrar em casa, a garota 
encontra mãe. Com medo, Aline anuncia:
— Ô manhê, quero te contar uma coisa.
A mãe, sentindo cheiro de encrenca no ar, responde: 
— Filha, o que você aprontou?
— Nada, mãe. É coisa boba. Eu só queria te contar 
que estou namorando... – a garota complementa 
apreensiva.
— O quê!? Como assim? Isso é sério? Com quem? – a 
mãe entra em pânico.
— Se acalma, mãe. Ele é o meu crush.
— Aline, já disse que não quero que fale pala-
vrão em casa!
Rindo bastante, Aline esclarece:
17
— Mãe, crush não é palavrão. É a pessoa de quem a 
gente gosta, se apaixona.
—	Agora	ficou	claro!	É	que	na	minha	época,	a	gente	
chamava os garotos bonitos de pão.
— Pão? Fala sério, mãe!
— Falo sim: quero conhecer o tal do crush. Vamos 
organizar um jantar!
— Oba! Valeu, mãe!
Figura 3: https://www.dicionariopopular.com/crush/ . Acesso em: 
01 dez. 2018.
Fique atento
Usamos a palavra Crush quando queremos nos 
referir a alguém que gostamos ou sentimos atra-
18
ção. Do inglês to crush ou, literalmente, “colidir” 
“esmagar”, a gíria é muito usadas nas redes so-
ciais e representa a paixão “esmagadora” que 
sentimos pela outra pessoa.
A situação acima nos mostra que Aline e sua mãe 
fizeram	escolhas	linguísticas	diferentes:	embora	en-
tenda	quase	todas	as	palavras	sem	dificuldade,	a	
mãe de Aline não compreendeu o termo crush, geran-
do um ruído na comunicação. Isso nos revela alguns 
aspectos: a diferença de idade entre Aline e sua mãe, 
a escolha de palavras característica de um grupo, e 
o uso de um tom mais informal durante a conversa. 
Em uma situação formal, por exemplo, Aline precisa 
se expressar de outra forma.
Você diria que ela está errada por se expressar assim?
Veja o que acontece em outra situação, uma entre-
vista de emprego:
Com tantos candidatos
 competentes para a 
vaga, por que eu deveria 
contratá-lo? Vixe... pera aí um minutinho...
Figura 4: Situação de entrevista de emprego, em que o entrevistador 
faz perguntas ao candidato.
19
Será que esse candidato respondeu o que se es-
perava? Qual impressão ele pode ter passado ao 
entrevistador?
Você já deve ter participado de uma entrevista ou 
conhece alguém que passou por isso. Sabemos que 
se trata de uma situação formal de comunicação, 
mas o que isso quer dizer? O que se espera de quem 
está se candidatando a uma vaga de emprego é que 
se expresse com clareza e que evite gírias ou expres-
sões informais, como “vixe” e “pera aí”.
Então, é errado se expressar assim? Não, mas a 
variação informal (ou norma coloquial) da língua é 
considerada menos privilegiada que a variação ou 
norma culta. Por isso, se pensarmos que a entrevis-
ta era uma situação mais formalde comunicação, 
a escolha de palavras do candidato foi inadequada 
para aquele momento.
No exemplo de Aline, ela e a mãe participam de um 
contexto mais informal de comunicação – foi esse 
contexto que permitiu o tom casual adequado para 
a conversa. Claro que, quando estiver entre amigos 
ou com a família, o candidato também poderá usar 
expressões coloquiais, que estarão adequadas a um 
contexto informal.
Você sabe por que isso acontece? De acordo com 
Guimarães:
20
Nenhum de nós usa o idioma da mesma maneira o 
tempo todo. Independentemente de sermos mais ou 
menos escolarizados, de morarmos nessa ou naquela 
região, de sermos jovens ou velhos, homens ou mulhe-
res, surfistas ou roqueiros, todos nós mudamos nossa 
maneira de falar e escrever conforme o grau de formali-
dade da situação comunicativa. (GUIMARÃES, T., 2013, 
p.30, grifo do autor).
Dessa forma, a variação formal é o conjunto de re-
gras e combinações que obedece ou se aproxima 
da gramática normativa – são as chamadas regras 
gramaticais� São aquelas regras que você aprendeu 
na escola. Por ser mais valorizada socialmente, esta 
variação é usada em contextos de maior prestígio, 
como	discursos	políticos,	acadêmicos,	profissionais,	
jornalísticos, jurídicos etc.
Já a variação informal é o conjunto de usos linguís-
ticos organizados e combinados de uma maneira 
conhecida pelos integrantes de um grupo e que faz 
sentido para eles� Nesta variação, pronomes, verbos, 
acentuação,	ortografia,	concordância	de	palavras	
podem ser muito diferentes da variação formal. Em 
uma situação informal, quando você escolher dizer 
“E aí, tudo bem?”, ao invés de “Olá, como vai?”, é 
provável	que	o	interlocutor	entenda	sem	dificuldade	
que você quer saber como ele está.
Você deve estar se perguntando: com tantos modos 
de falar, existe um melhor ou pior que o outro?
21
Fique atento
Não existem formas melhores ou piores de se fa-
lar, mas modos diferentes que usamos para co-
municar algo. Esses modos podem ser adequa-
dos ou inadequados, mas isso vai depender da 
situação em que a comunicação acontece.
Olhando à primeira vista, parece uma questão sim-
ples, não é? Então, olhe mais de perto: mesmo em 
situações informais, você já ouviu frases como “ela 
não sabe falar direito” ou “ele maltrata a língua por-
tuguesa”? Vamos pensar um pouco sobre isso: se a 
língua de um povo é a sua identidade – como estuda-
mos antes – como pode ser considerada um “erro”?
22
O PRECONCEITO 
LINGUÍSTICO
Além de conhecer nossa própria cultura, ao entrar-
mos em contato com diferentes variedades linguís-
ticas, conhecê-las também pode ser uma forma de 
combater o preconceito. É isso mesmo! Você deve 
estar pensando: “já ouvi falar de outros tipos de 
preconceito, como o preconceito contra mulheres, 
nordestinos, negros, homossexuais, mas contra a 
língua? Ainda não!”
O preconceito linguístico é a discriminação de uma 
pessoa pelo seu modo de se expressar, socialmente 
considerado incorreto ou inferior, se comparado à 
língua que segue as regras gramaticais. Como diz 
o linguista Marcos Bagno, “Nós somos a língua que 
falamos”.	(BAGNO,	2003,	p.	17).	Em	outras	palavras,	
como todo preconceito, quando discriminamos al-
guém pelo seu modo de se expressar, não julgamos 
a língua em si, mas os aspectos socioculturais e eco-
nômicos de quem a fala – qual a sua origem, como 
se veste, onde estudou, qual seu nível de renda etc. 
Você já deve ter ouvido comentários pejorativos so-
bre a fala de quem mora no interior, por exemplo. 
Fatos como esse acontecem com mais frequência 
do que imaginamos porque, na maioria das vezes, 
são vistos como piadas ou brincadeiras, mas não 
como manifestações de preconceito.
23
A	língua	não	é	homogênea,	pois,	como	verificamos	
antes, ela é formada pela diversidade de falares 
que carregam histórias de vida, cultura e valores 
de um povo. Sendo assim, quando as pessoas se 
manifestam por meio da língua, elas mostram seus 
valores culturais, a forma como vivem e a sua pró-
pria história.
Por mais que você corra, irmão 
Pra sua guerra vão nem se lixar 
Esse é o xis da questão
Já viu eles chorar pela cor do orixá?
E os camburão o que são?
Negreiros a retraficar
Favela ainda é senzala, Jão!
Bomba relógio prestes a estourar
EMICIDA. Boa esperança. Disponível em https://www.letras.mus.
br/emicida/boa-esperanca/	Acesso	em	9	dez.	2018.
A música do rapper Emicida apresenta expressões 
linguísticas coloquiais como “pra”, “se lixar”, “eles 
chorar”, “os camburão”, “Jão”, mesmo assim, entende-
mos seu objetivo: falar sobre as marcas do racismo 
deixadas pela escravidão e sentidas até hoje, como 
encontramos no trecho “Favela ainda é senzala, Jão!”. 
A linguagem informal e as gírias são algumas das 
marcas linguísticas que compõem o universo das 
24
letras de rap e que caracterizam, entre outros as-
pectos, o discurso das comunidades. Essas marcas 
representam a realidade de grupos (em sua maioria, 
menos favorecidos socialmente), suas experiências 
e a forma como se comunicam. O rap, assim como 
o funk, são estilos musicais com vasta presença da 
oralidade e apelo popular, mas que sofrem precon-
ceito linguístico e, em função disso, artístico.
Saiba mais
Quer conhecer um pouco mais sobre a história 
do rap?
Se a música fosse escrita de outra forma, além de 
comprometer a sonoridade das palavras, talvez não 
causasse a mesma intensidade em seus ouvintes, 
por não retratar a realidade de um problema social 
considerando o discurso de quem o enfrenta.
Quer dizer que podemos usar expressões informais 
em qualquer situação? Não, pois assim como usa-
mos roupas diferentes para cada ocasião, devemos 
usar nossa linguagem adaptando-a às diferentes 
situações comunicativas. A norma culta é a varia-
ção exigida em situações formais de comunicação: 
para que você consiga se comunicar com clareza 
em todos os contextos, é essencial que você saiba 
adequar seu discurso a eles�
Já pensou se você escrevesse um e-mail ao seu 
chefe da mesma forma como fala? A nossa fala 
25
https://super.abril.com.br/cultura/a-historia-
do-hip-hop-yo/
tem pausas, entonações, hesitações, repetições e 
autocorreções que só fazem sentido na dinâmica 
da própria fala, no acordo que estabelecemos com 
o outro. A escrita é uma espécie de “versão editada” 
da comunicação, pois, quando escrevemos, podemos 
escolher palavras, ler o texto, corrigi-lo antes de en-
viar,	enfim,	usar	os	mais	variados	recursos	que	vão	
tornar nosso discurso mais claro para o outro.
Saiba mais
A língua falada é uma rica fonte de cultura de um 
povo. Acesse o vídeo do professor Ataliba de Cas-
tilho para conhecer suas múltiplas possibilidades.
Precisamos adaptar nossa comunicação ao contexto 
e a quem recebe nossa mensagem, não como forma 
de superioridade, mas de estabelecer contato com 
pessoas, histórias e culturas distintas.
Como um fator que colabora para a exclusão social, 
o preconceito linguístico deve ser combatido – co-
meçando pelo respeito ao modo de falar do outro 
e, por consequência, à sua cultura e modo de vida.
Fique atento
Ser um bom comunicador envolve não só o co-
nhecimento das regras gramaticais, mas da for-
ma como nos relacionamos com os outros.
26
https://www.youtube.com/watch?v=NxQm
BBgPrp8 
https://www.youtube.com/watch?v=NxQm
BBgPrp8 
Bom, como observamos, a linguagem é muito di-
nâmica, mas você sabe como ela se manifesta? 
Convido você a desvendar esse mistério em nosso 
próximo tópico.
27
NOÇÕES DE TEXTO
Diariamente, todos nós precisamos lidar com textos. 
Assistir	a	um	filme,	escrever	um	e-mail,	enviar	uma	
mensagem, dar um recado, fazer uma lista: o tempo 
todo estamos produzindo ou recebendo diferentes 
tipos de texto.
Mas o que é um texto? Você já parou para pensar, 
de	fato,	nisso?	Costumamos	definir	o	texto	como	
um conjunto de frases feito para ser lido. Será que 
é isso mesmo? Vamos fazer um exercício: leia as 
frases abaixo separadamente:
A casa é de madeira.
Eu moro com minha família numa casa.
No	final	deste	ano,	viajareicom	minha	família	
para	Minas	Gerais.
Minha	avó	mora	em	Minas	Gerais.
Ao ler as frases separadamente, você deve ter com-
preendido o que elas querem dizer, mas observe que, 
quando lidas juntas, elas não fazem sentido, ou seja, 
elas não se complementam, não constituem uma 
unidade. Podemos dizer que continuam sendo ape-
nas frases soltas e não um texto.
28
Então, já sabemos que um texto não é só um conjun-
to	de	frases,	mas	o	que,	afinal,	é	o	texto?	Imagine	que	
você está vendo sua série de TV favorita quando, de 
repente, a palavra MADEIRA aparece na tela, sozinha, 
à	frente	de	um	fundo	preto.	Pode	ser	que	você	fique	
intrigado ou, simplesmente, não dê importância.
Agora, imagine que você está no meio de um tempo-
ral, procurando um lugar para se abrigar, quando ouve 
um grito: “MADEEEEEIRAAAAA!”. Se você pretende se 
salvar, com certeza vai sair correndo. Isso acontece 
porque, nessa situação, você interpreta que o grito 
é um sinal de alerta.
Esse exemplo nos leva a algumas conclusões sobre 
os textos:
• que eles não são apenas palavras escritas, também 
podem ser orais – como um grito ou uma conversa;
• que eles precisam fazer sentido, serem entendidos 
por quem os recebe.
Bom, considerando o que sabemos até aqui,
[...] o texto pode ser concebido como resultado par-
cial de nossa atividade comunicativa, que compreende 
processos, operações e estratégias que têm lugar na 
mente humana, e que são postos em ação em situações 
concretas de interação social. (KOCH, 2011, p. 26)
Como	verificamos	anteriormente,	a	comunicação	
é um processo de interação entre seus participan-
tes. Dessa forma, o texto é a materialização deste 
29
contato, ou seja, a expressão linguística produzida 
por indivíduos em uma situação comunicativa� O 
bom funcionamento das condições dessa situação – 
emissor, receptor, mensagem, código, canal e contex-
to – é fundamental, tanto para a produção do texto, 
quanto para a sua compreensão.
Observe a obra a seguir:
Figura 5: Obra Cinco Moças de Guaratinguetá. | Fonte: In: 
ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São 
30
Paulo: Itaú Cultural, 2018.Disponível em: <http://enciclopedia.
itaucultural.org.br/obra2592/cinco-mocas-de-guaratingue-
ta>. Acesso em: 09 de Dez. 2018. Verbete da Enciclopédia. 
ISBN: 978-85-7979-060-7
A	obra	“Cinco	moças	de	Guaratinguetá”	é	de	Di	
Cavalcanti, um renomado artista brasileiro, que viveu 
entre	1897	e	1976.	Junto	com	outros	reconhecidos	
artistas, como Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e 
Graça	Aranha,	contribuiu	para	o	movimento	modernis-
ta	e	para	a	Semana	de	Arte	Moderna	de	1922.	Você	
diria que esta pintura pode ser considerada um texto?
Sabemos que o código pode ser verbal e não-verbal. 
Quer dizer que, assim como as palavras, as imagens, 
os sons, os gestos também podem ser textos, como 
a	fotografia,	a	pintura,	os	desenhos,	um	vídeo	em	
LIBRAS, uma mensagem em braile. Existem textos 
que mesclam os dois recursos, verbal e não-ver-
bal:	filmes,	histórias	em	quadrinhos,	propagandas,	
diálogos. 
Fique atento
O mais importante na comunicação é que o tex-
to poder ser interpretado e compreendido por um 
determinado grupo.
Vamos voltar à pintura de Di Cavalcanti: e agora, você 
a considera um texto? Ainda que não conheçamos o 
contexto	histórico	da	época,	as	influências	e	o	estilo	
do autor, percebemos que a obra retrata uma situa-
31
ção cotidiana de um grupo de mulheres. Chegamos 
a essa conclusão porque a pintura pode ser interpre-
tada e entendida a partir do seu sentido.
O que leva um texto a fazer sentido? Observe 
o exemplo:
Figura 6: http://www.putsgrilo.com.br/humor/fotos-de-placas-engra-
cadas-e-erradas-do-brasil. Acesso em: 21 de jan. 2019.
Quando não entendemos o que um texto quer dizer, 
dizemos que ele “não faz sentido”, não é mesmo? É o 
caso dessa placa: a ordem é para jogar lixo no “lixei-
ro”,	ou	seja,	no	profissional	que	trabalha	recolhendo	
o lixo. Isso seria um ato de agressividade!
A falta de relação entre as palavras gerou um texto 
desconexo, sem coesão. A frase correta seria “Jogue 
32
http://www.putsgrilo.com.br/humor/fotos-de-placas-engracadas-e-erradas-do-brasil
http://www.putsgrilo.com.br/humor/fotos-de-placas-engracadas-e-erradas-do-brasil
lixo na lixeira”, ou seja, no local adequado para des-
carte do lixo.
Mesmo quando postamos algo nas redes sociais ou 
enviamos uma mensagem pelo celular, para que um 
texto faça sentido, alguns fatores são importantes, 
como a coesão e a coerência.
33
COESÃO
Júlio não tem carro. Ele é azul.
A frase parece estranha para você? Se Júlio não pos-
sui carro, como ele seria azul? Observe que a segun-
da oração não retoma o item “carro” da primeira, ou 
seja, não estabelece relação com ela. Nesse caso, 
faltou coesão, prejudicando o entendimento da frase.
Para	Fávero	(2009),	a	coesão	refere-se	“às	relações	
de sentido que se estabelecem entre os enuncia-
dos que compõem o texto; assim, a interpretação 
de um elemento depende da interpretação do outro.” 
(FÁVERO,	2009,	p.9).	A coesão é o elo que permite 
conectarmos as ideias dentro de um texto�
Um texto coeso é aquele que possui um encadeamen-
to adequado de ideias. De acordo com Fávero, isso 
acontece no nível microtextual, ou seja, no nível das 
palavras	(FÁVERO,	2009,	p.	10).	Por	meio	da	coesão	
ligamos palavras, orações, frases, parágrafos numa 
sequência lógica que atua na construção do texto.
As palavras que unem as partes de um texto são 
chamadas elementos coesivos. Se imaginarmos que 
o texto é um muro, os elementos coesivos são o 
cimento que liga um bloco a outro.
Os elementos coesivos servem para retomar, refe-
renciar,	substituir	ou	confirmar	informações	de	um	
texto. São eles:
34
• pronomes;
• terminações verbais;
• advérbios;
• locuções adverbiais;
• preposições;
• conjunções
• sinônimos.
Exemplo:
As reportagens jornalísticas prezam pelo bom voca-
bulário e pelo uso correto das normas gramaticais. 
Por outro lado, os sites com notícias falsas ou men-
sagens divulgadas pelo WhatsApp tendem a apresentar 
uma escrita fora do padrão, com erros de português 
ou quantidade exagerada de adjetivos. “Os manuais 
sérios dos grandes jornais orientam o jornalista a não 
adjetivar quando fizer uma reportagem”, explica Tai. “Se 
você está diante de um site de notícias falsas, já tem 
adjetivo no título. Existe uma linguagem que é muito 
particular do jornalista que não é utilizada em um site 
de notícia falsa.”
Senso crítico é arma para combater ‘fake news’. Por 
Marina Dayrell, Matheus Riga e Pedro Ramos. Jornal 
Estadão. Disponível em: http://infograficos.estadao.
com.br/focas/politico-em-construcao/materia/senso-
-critico-e-arma-para-combater-fake-news 9 dez. 2018. 
Acesso em: 10 dez. 2018. (grifos nossos).
A falta dos elementos coesivos em destaque poderia 
prejudicar o entendimento do texto. Por isso, quan-
do produzimos um texto com elementos coesivos 
35
adequados, facilitamos sua compreensão. E como 
se faz isso? Fique de olho nessas dicas!
Como melhorar a coesão textual
1� Use conjunções coordenativas: com elas você 
poderá	explicar,	confirmar,	contrapor	ou	concluir	uma	
ideia. Estas estratégias tornam o texto mais articu-
lado e interessante.
Exemplos de cada tipo de conjunção:
Aditivas: e, nem, também, bem como, não só... 
mas também;
Alternativas: ou, ou...ou, já...já, ora...ora, quer...quer, 
seja...seja;
Adversativas: mas, porém, contudo, todavia, entre-
tanto, no entanto;
Explicativas: que, porque, pois, isto é, pois (antes 
do verbo);
Conclusivas: logo, pois, portanto, assim, por isso, 
por conseguinte, por consequência, pois (depois 
do verbo).
2� Use palavras sinônimas: ao utilizar termos di-
ferentes	que	possuem	o	mesmo	significado,	você	
evita	que	o	texto	fique	repetitivo	e	se	torne	cansativo.	
36
Para aumentar seu repertório de palavras, você pode 
utilizar o dicionário de sinônimos.
Exemplos:
Prédio = edifício
Casa = residência/lar
Conhecimento = saber
Finalidade = objetivo
3� Escolha palavras simples: o usode termos com-
plicados	pode	dificultar	a	compreensão	do	seu	texto.	
Isso	não	significa	que	seu	texto	deva	ser	superficial.	
O rebuscamento linguístico não é sinônimo de co-
municação eficiente.	Para	adotar	termos	especifi-
camente técnicos ou acadêmicos, observe se este 
uso	cabe	no	contexto.	Do	contrário,	simplifique	–	
menos pode ser mais.
É importante que conheçamos outro mecanismo 
importante para a elaboração e compreensão de 
textos: a coerência. Você já deve ter presenciado seu 
professor do ensino fundamental ou médio dizendo: 
Falta coerência! Vamos relembrar?
37
COERÊNCIA
Quando um texto não faz sentido para nós, costuma-
mos dizer que ele é incoerente. Isso acontece porque 
a coerência faz com que um texto tenha sentido para 
quem o recebe.
Se a coesão ocorre no nível microtextual da articula-
ção de elementos gramaticais, a coerência se mani-
festa de maneira mais global, no nível macrotextual, 
da relação lógica entre as ideias de um texto.
Fique atento
A coerência não se relaciona apenas com o que 
está dentro do texto, mas também com o que é 
externo a ele. Ela está ligada aos interlocutores 
e às condições em que a situação comunicativa 
acontece, ou seja, ao contexto.
Observe a tirinha:
Figura 7: https://tirasarmandinho.tumblr.com. Acesso em: 9 
dez. 2018.
38
Você notou alguma incoerência? As palavras podem 
ter	diferentes	significados	para	as	pessoas,	principal-
mente para as crianças que, em fase de aprendizado, 
compreendem	os	significados	de	modo	bastante	
literal (ao pé da letra). É o que acontece na tirinha de 
Armandinho: a expressão “educação vem de casa” 
é	popularmente	usada	em	seu	sentido	figurado,	ou	
seja, que a educação também se constrói no am-
biente familiar. Como o garoto relacionou “casa” 
a um objeto da realidade, para ele, quem mora em 
apartamento deve enfrentar sérios problemas com 
a Educação.
Para que um texto seja coerente, existem fatores 
que devem ser levados em conta. Koch e Travaglia 
(2010)	apontam	os	conhecimentos	necessários	para	
a construção da coerência textual, dos quais desta-
camos alguns:
• Linguístico: conhecer as palavras e a estrutura 
sintática empregadas num texto;
• De mundo: conhecimento que adquirimos durante 
a vida, com as experiências que vivenciamos;
• Compartilhado: para que um texto seja compreen-
dido, os interlocutores precisam ter algum conheci-
mento em comum. Quanto maior for este percentual, 
menor a necessidade de esclarecimentos;
• Inferências: são os acréscimos de informações 
que o receptor faz no texto. De acordo com o co-
nhecimento que adquiriu das experiências de vida, o 
receptor deduz elementos que não estão explícitos 
39
no texto, isto é, preenche suas lacunas textuais. É o 
mesmo que “ler nas entrelinhas”.
• Fatores de contextualização: elementos que dão 
pistas sobre uma determinada situação comuni-
cativa. O nome do autor, a data, o local de publica-
ção, uma assinatura, um carimbo ou qualquer outro 
elemento	gráfico	ajudam	a	identificar	o	contexto	
de produção da mensagem. Expressões como “era 
uma vez”, “há muito tempo” também facilitam a in-
terpretação do texto.
• Situacionalidade: a situação em que um texto cir-
cula interfere em seu sentido. Em outras palavras, a 
relação entre um texto e seu contexto de produção é 
chamada de situacionalidade. Se alguém lhe disser 
que a bola acertou onde a coruja dorme, quer dizer 
que alguém chutou a bola no ângulo entre a trave 
e o travessão do gol, sem chance de defesa para o 
goleiro. Perceba que o sentido desta expressão está 
diretamente ligado ao contexto do futebol. Sem esta 
relação, a expressão seria incoerente.
Observe	os	exemplos	a	seguir	e	tente	identificar	a	
incoerência existente:
1� “Anote aí: banana, maçã, morango, uva. Acho 
que já temos tudo para o churrasco!”
Como assim? Nosso conhecimento de mundo nos 
permite supor que, com esses ingredientes, seria 
feita uma bela salada de frutas, mas um churrasco?
40
2� Quando os convidar para o jantar, não se es-
queça de que eles são vegetarianos. Nosso último 
jantar	foi	um	fiasco!	
O que será que aconteceu? A frase não deixa claro, 
mas, em princípio, os convidados não apreciam um 
cardápio carnívoro. Além disso, parece que, no jantar 
anterior,	um	dos	anfitriões	serviu	carne	e	acabou	
cometendo um deslize. Para chegar a essas conclu-
sões, precisamos fazer inferências, ou seja, deduzir 
fatos que não aparecem no texto. Só assim é possível 
entender completamente o seu sentido.
Figura 8: https://catracalivre.com.br/entretenimento/as-31-noticias-
-mais-engracadas-e-confusas-do-jornalismo-brasileiro/ Acesso 9 
dez. 2018.
Bom, se não for um ataque de zumbis, diríamos que a 
frase em destaque não faz sentido. Embora a tecno-
41
logia tenha avançado bastante, ainda não é possível 
encontrar mortos andando por aí.
Depois de tudo o que aprendemos sobre a importân-
cia da coerência na produção textual, como fazer para 
que nossos textos sejam claros e tenham sentido?
Dicas para produzir textos mais coerentes:
Desenhe seu texto antes de produzi-lo� Isso mes-
mo! – antes de começar a escrever, faça um mapa 
mental	onde	possa	identificar	o	que	você	pretende	
falar no texto, qual o seu público-alvo e o objetivo 
da sua história.
Podcast 3 
Organize suas ideias� Para que um texto tenha coe-
rência,	ele	precisa	ter	começo,	meio	e	fim.	Você	pode	
pensar	na	ideia	geral	do	texto	e,	depois,	ir	definindo	
melhor a cada parágrafo.
Não caia em contradição� Para construir um texto 
coerente, você precisa mostrar que suas ideias se 
complementam. Quando isso não acontece, temos 
uma	incoerência.	É	como	afirmar	a	importância	da	
igualdade entre homens e mulheres no mercado de 
trabalho, mas defender o pagamento desigual de 
salário entre eles.
Tenha empatia� Se coloque no lugar de quem vai 
receber seu texto e se pergunte: estas informações 
estão	suficientemente	claras?	Tudo	o	que	precisarei	
42
https://famonline.instructure.com/files/66865/download?download_frd=1
deduzir faz parte das minhas experiências de vida? 
Existem pistas necessárias que me permitem chegar 
até a conclusão esperada?
Releia seu texto e/ou peça para outra pessoa ler� 
Quando escrevemos um texto, podemos ter algumas 
dificuldades	iniciais	para	organizar	nossas	ideias.	A	
releitura nos permite substituir informações, acres-
centar novas ideias, excluir os excessos, dar mais 
equilíbrio à produção textual. Aproveite o exercí-
cio para rever com atenção aspectos gramaticais, 
ortográficos.
Lembre-se: antes de entregar seu texto a alguém, 
verifique	se	tudo	o	que	você	pretendia	dizer	está	nele!	
Ao ter esses cuidados e criando o hábito de leitura 
e escrita, seus textos ganharão um novo formato.
Saiba mais
Veja como fazer um mapa mental. Ele é impor-
tante e ajudará no planejamento que antecede a 
escrita.
43
https://www.youtube.com/watch?v=m1qW0w
PJV1M
CONSIDERAÇÕES 
FINAIS
Os	desafios	de	se	utilizar	a	língua	portuguesa	de	for-
ma assertiva perpassam os conhecimentos sobre a 
própria língua como instrumento vivo, que se molda 
no decorrer dos anos, na composição da sociedade, 
que é construída no social.
Espera-se que ao conhecer as variações da língua 
portuguesa, as noções de textos e seus espaços de 
interação, os preconceitos são extintos, dando lugar a 
espaços que permitem a construção de novas ideias, 
ampliando repertórios éticos e estéticos.
44
Discriminação pelo 
modo de expressão
Diversidade 
da Língua
Noções
Textuais
Coerência
Coesão
Preconceito
Linguístico
Variação
Linguística
Regional
Social
Oral e Escrita
Registro
Elo entre 
ideias
Elementos
coesivos
Uso de 
coesão textual
Definição 
de texto
Código verbal
e não-verbal
Articulação de 
elementos 
gramaticais
Conhecimentos 
para construção
 textual
Síntese
Referências 
Bibliográficas 
& Consultadas
BAGNO,	Marcos.	A norma oculta: Língua & po-
der na sociedade brasileira. São Paulo: Parábola 
Editorial,	2003.
FÁVERO, L. Lopes. Coesão e coerência textuais.	11.	
ed.	–	São	Paulo:	Ática,	2009.
GUIMARÃES,	Thelmade	Carvalho.	Comunicação e 
linguagem.	São	Paulo:	Pearson,	2012.	(Disponível	em	
Biblioteca	Virtual.	Acesso	em	13	de	outubro	de	2018.)
KOCH,	 Ingedore.	Grunfeld	Villaça.	O texto e a 
construção dos sentidos.	10.	ed.	–	São	Paulo:	
Contexto,	2011.
KOCH,	Ingedore.	Grunfeld	Villaça.	Desvendando os 
segredos do texto.	7.	ed.	–	São	Paulo:	Cortez,	2011.
KOCH,	 Ingedore.	Grunfeld	Villaça.	O texto e a 
construção dos sentidos.	10.	ed.	–	São	Paulo:	
Contexto,	2011.
KOCH,	Ingedore;	TRAVAGLIA,	L.	A coerência textual. 
18.	Ed.	–	São	Paulo:	Contexto,	2010.
AZEVEDO, Roberta. Português básico [recurso ele-
trônico].	Porto	Alegre:	Penso,	2015.	e-PUB.	[Minha	
Biblioteca].	Acesso	em:	8	ago.	2019.
BAGNO,	Marcos.	A norma oculta: Língua & po-
der na sociedade brasileira. São Paulo: Parábola 
Editorial,	2003.		
FÁVERO, L. Lopes. Coesão e coerência textuais.	11.	
ed.	–	São	Paulo:	Ática,	2009.
GUIMARÃES,	Thelma	de	Carvalho.	Comunicação e 
linguagem.	São	Paulo:	Pearson,	2012.	[Biblioteca	
Virtual].	Acesso	em:	8	ago.	2019.
KOCH, Ingedore Villaça. A coesão textual.	22.	ed.	São	
Paulo:	Contexto,	2010.	[Biblioteca	Virtual].	Acesso	
em:	8	ago.	2019.
KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Escrever 
e argumentar�	São	Paulo:	Contexto,	2016.	[Biblioteca	
Virtual].	Acesso	em:	8	ago.	2019.
KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler 
e compreender: os sentidos do texto. São Paulo: 
Contexto,	2010.	[Biblioteca	Virtual].	Acesso	em:	8	
ago.	2019.
KOCH,	Ingedore.	Grunfeld	Villaça.	Desvendando os 
segredos do texto.	7.	ed.	–	São	Paulo:	Cortez,	2011.
KOCH,	 Ingedore.	Grunfeld	Villaça.	O texto e a 
construção dos sentidos.	10.	ed.	–	São	Paulo:	
Contexto,	2011.
KOCH,	Ingedore;	TRAVAGLIA,	L.	A coerência textual� 
18.	Ed.	–	São	Paulo:	Contexto,	2010.
MARCHIORI, Marlene (org.). Linguagem e discurso. 
São	Paulo:	Difusão	Editora,	2017.	[Biblioteca	Virtual].	
Acesso	em:	8	ago.	2019.
MEDEIROS, João Bosco; TOMASI, Carolina. Como 
escrever textos: gêneros e sequências textuais. São 
Paulo:	Atlas,	2017.	[Minha	Biblioteca].	Acesso	em:	8	
ago.	2019.
TERRA, Ernani. Linguagem, língua, fala. São Paulo: 
Scipione,	2008.	[Biblioteca	Virtual].	Acesso	em:	8	
ago.	2019.
	_Hlk532173733
	_Hlk532173824
	_Hlk532173853
	Introdução
	Variação linguística
	Variação regional
	Variação social
	Variação ligada ao meio (oral e escrito)
	Variação de registro (formal e informal)
	O preconceito linguístico
	Noções de texto
	Coesão
	Como melhorar a coesão textual
	Coerência
	Considerações finais
	Síntese
	bt_foward 8: 
	Page 1: 
	bt_foward 11: 
	bt_foward 10: 
	Page 46: 
	Page 47: 
	Page 48:

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes