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AUTORES GEORGIOS STYLIANOS HATZIDAKIS JOSÉ ARTHUR FERNANDES BARROS GESTÃO, COMPLIANCE E MARKETING NO ESPORTE GESTÃO, COMPLIANCE E MARKETING NO ESPORTE Conselho Regional de Educação Física da 4a Região – CREF4/SP Conselheiros Ailton Mendes da Silva Antonio Lourival Lourenço Bruno Alessandro Alves Galati Claudio Roberto de Castilho Erica Beatriz Lemes Pimentel Verderi Humberto Aparecido Panzetti João Francisco Rodrigues de Godoy Jose Medalha Luiz Carlos Carnevali Junior Luiz Carlos Delphino de Azevedo Junior Marcelo Vasques Casati Marcio Rogerio da Silva Marco Antonio Olivatto Margareth Anderáos Maria Conceição Aparecida Conti Mário Augusto Charro Miguel de Arruda Nelson Leme da Silva Junior Paulo Rogerio de Oliveira Sabioni Pedro Roberto Pereira de Souza Rialdo Tavares Rodrigo Nuno Peiró Correia Saturno Aprigio de Souza Tadeu Corrêa Valquíria Aparecida de Lima Vlademir Fernandes Wagner Oliveira do Espirito Santo Waldecir Paula Lima GESTÃO, COMPLIANCE E MARKETING NO ESPORTE Georgios Stylianos Hatzidakis José Arthur Fernandes Barros 2019 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Agência Brasileira do ISBN - Bibliotecária Priscila Pena Machado CRB-7/6971 �+�����+DW]LGDNLV��*HRUJLRV�6W\OLDQRV�� *HVW¥R��FRPSOLDQFH�H�PDUNHWLQJ�QR�HVSRUWH���*HRUJLRV�� 6W\OLDQRV�+DW]LGDNLV�H�-RV«�$UWKXU�)HUQDQGHV�%DUURV��ƃƃ�6¥R� 3DXOR���&5()��63���2���� ����S�������FP��ƃƃ��&ROH©¥R�/LWHU£ULD��2�DQRV�GD�� ,QVWDOD©¥R�GR�&5()��63��� � ,QFOXL�ELEOLRJUDILD�� ,6%1������������������� � ���(VSRUWHV���$GPLQLVWUD©¥R�����0DUNHWLQJ�HVSRUWLYR��� ���3ODQHMDPHQWR�HVWUDW«JLFR��,��%DUURV��-RV«�$UWKXU� )HUQDQGHV��,,��7¯WXOR��,,,��6«ULH�� � � &''�����2��� Comissão Especial da Coleção Literária 20 anos da Instalação do CREF4/SP Responsáveis, junto a diretoria do CREF4/SP, pela avaliação, aprovação e revisão técnica dos livros Prof. Dr. Alexandre Janotta Drigo (Presidente) Profa. Ms. Érica Beatriz Lemes Pimentel Verderi Prof. Dr. Miguel de Arruda Editora Malorgio Studio Coordenação editorial Paolo Malorgio Capa Felipe Malorgio Revisão Viviane Rodrigues Imagens de capa Freepik.com Projeto gráfico e diagramação Rodrigo Frazão Copyright © 2019 CREF4/SP Todos os direitos reservados. Conselho Regional de Educação Física da 4a Região - São Paulo Rua Líbero Badaró, 377 - 3o Andar - Edifício Mercantil Finasa Centro - São Paulo/SP - CEP 01009-000 Telefone: (11) 3292-1700 crefsp@crefsp.gov.br www.crefsp.gov.br 5 Sumário Apresentação ..............................................................................................................9 Introdução .................................................................................................................11 Gestão esportiva ......................................................................................................15 Conceitos ............................................................................................................15 Diferenças entre o dirigente esportivo e o gestor esportivo .......................18 Atuação do gestor esportivo ............................................................................22 Gestão de pessoas ...................................................................................................25 Estratégias para gestão de pessoas .................................................................27 Gestão de RH em entidades/organizações esportivas ................................28 Gestão de estrelas ..............................................................................................28 Gestão de voluntariado ....................................................................................28 Liderança ............................................................................................................30 Gestão de conflitos ............................................................................................31 Tomada de decisões ..........................................................................................32 Processo de tomada de decisão .........................................................................33 Diferentes papéis de um dirigente ..................................................................36 Gestão financeira .....................................................................................................39 Definições chave ................................................................................................39 Planejamento ......................................................................................................40 Orçamento ..........................................................................................................41 Implementação e contabilidade ......................................................................44 Avaliação e prestação de contas ......................................................................45 Aspectos legais no esporte ....................................................................................47 Introdução a legislação esportiva ...................................................................47 Legislação sobre clubes ....................................................................................50 Leis gerais do desporto .....................................................................................52 Outras normas que os gestores devem conhecer..........................................53 6 Gestão de entidades de prática do esporte .........................................................55 Clubes e a crise ..................................................................................................61 Tipologia .............................................................................................................66 Gestão dos equipamentos esportivos, infraestrutura e tecnologia ...............79 Histórico .............................................................................................................79 Conceitos ............................................................................................................81 Planejamento de equipamentos esportivos ...................................................81 Formas de gestão de equipamentos esportivos ............................................82 Classificação dos equipamentos esportivos ..................................................82 Atividades inerentes a gestão de equipamentos esportivos .......................84 Gestão e exploração de instalações esportivas e de lazer. ...........................86 Gestão da comunicação ..........................................................................................89 Conceitos ............................................................................................................89 Funções da assessoria de imprensa ................................................................91 Importância da assessoria de imprensa .........................................................91 Divulgação de eventos ......................................................................................92 Mapeamento da imprensa ...............................................................................93 Redes sociais e gestão de crises .......................................................................93 Gestão de marketing no esporte ...........................................................................97 Teorias de marketing geral...............................................................................97 Estratégias de marketing ................................................................................100 Marketing estratégico do esporte - o ambiente ...........................................102 Tendências do marketing ...............................................................................105 O marketing no esporte e do esporte ...........................................................106Ações de marketing esportivo .......................................................................107 Vantagens do marketing esportivo ...............................................................108 Ativação de marcas no esporte ......................................................................109 Problemas do marketing esportivo ..............................................................110 As marcas no esporte (branding) ..................................................................111 Elaboraçao de projetos .........................................................................................115 Tipologia de projetos ......................................................................................116 Planejamento de projetos ...............................................................................116 Planos de projetos............................................................................................117 Etapas do projeto .............................................................................................121 Utilizando o canvas .........................................................................................122 Como elaborar projetos de patrocínio ..........................................................122 Gestão estratégica do esporte ..............................................................................127 Gestão estratégica ............................................................................................127 Proposta de planejamento estratégico..........................................................127 Orientações preliminares ...............................................................................128 Metodologia do planejamento estratégico ..................................................130 Modelos de mapas estratégicos padrão .......................................................137 7 Compliance e governança no esporte ................................................................141 Ética no esporte................................................................................................158 Gestão de eventos esportivos ..............................................................................163 Organizando eventos esportivos ..................................................................163 Fases para organização de eventos esportivos............................................164 Recursos materiais ..........................................................................................166 Recursos humanos ..........................................................................................166 Recursos financeiros .......................................................................................168 Divulgação .......................................................................................................168 Avaliação de eventos esportivos ...................................................................168 Regulamentos de eventos esportivos ...........................................................169 Organização de cerimônias em eventos esportivos ...................................179 Tipologia de eventos esportivos....................................................................181 Sorteios de tabelas em eventos esportivos ...................................................182 Sistemas de disputas de competições esportivas ........................................183 Sistema eliminatórias simples .........................................................................184 Rodízio simples ...............................................................................................191 Rodízio duplo ou turno e returno ...................................................................194 Detalhes na montagem de tabelas ...................................................................195 Ensaios sobre a gestão do esporte ......................................................................197 A pirâmide do esporte e o quadrado do marketing ..................................197 A análise pela matriz BCG ............................................................................198 O esporte como entretenimento ......................................................................204 Referências ..............................................................................................................207 9 Apresentação Esta é a segunda coleção literária que o Conselho Regional de Educação Física da 4ª Região - CREF4/SP lança, dessa vez para comemorar os 20 anos da sua instalação. O fato histórico de referência é a Resolução 011 de 28 de outubro de 1999, publicada pelo CONFEF, que fixou em seis, o número dos primeiros CREFs e, entre eles, o CREF4/SP, com sede na cidade de São Paulo e jurisdição em nosso Estado. Nesse momento, remeto-me à luta que antecedeu essa conquista, e que se iniciou com a “batalha” pela regulamentação de nossa profissão, marcada pela apresentação do Projeto de Lei nº 4.559/84, mas que somente foi efetivada pela Lei 9.696/98, passados 14 anos do movimento inicial no Congresso Nacional. Logo após essa vitória histórica, a próxima contenda foi a de atender aos requisi- tos estabelecidos pelas normas do CONFEF para a abertura de nosso Conselho, que à época exigia o registro de 2 mil profissionais. Com muito orgulho me lem- bro da participação de minha cidade natal - Rio Claro - neste contexto, por meio do trabalho iniciado pelo Prof. José Maria de Camargo Barros, do Departamento de Educação Física da UNESP. Vários professores e egressos dos Cursos se mo- bilizaram para inscreverem-se e buscarem novas inscrições em nossa cidade, tarefa na qual me incluí, tendo número de registro 000200-G/SP. Atualmente o CREF4/SP é o maior Conselho Regional em número de regis- trados, com uma sede que, além de bem estruturada, está bastante acessível aos Profissionais que se direcionam para a capital, estando próximo às estações de metrô São Bento e Anhangabaú. Também conta com a Seccional de Campinas bem aparelhada e atuante em prol da defesa da sociedade e atendimento aos Profissionais de Educação Física. Tudo isso demonstra que esses 20 anos foram de muito trabalho e empenho para a consolidação de nossa profissão, e assim destaco a força de todos os Conselheiros do passado e do presente e dos valo- rosos empregados que ajudaram a construir esta realidade. Por isso insistimos em comemorar, agora os 20 anos do CREF4-SP, ofere- cendo aos Profissionais de Educação Física, aos estudantes, às instituições de formação superior, bibliotecas e à sociedade uma nova Coleção Literária com- posta de 20 obras, uma para cada ano do aniversário. Buscamos permanecer “orientando o exercício profissional, agindo com excelência, justiça e ética”, uma das missões de nosso Conselho. Enquanto Presidente do Conselho Regional de Educação Física da 4ª Região (CREF4/SP) apresento a Coleção Literária em Comemoração aos 20 Anos da Instalação do CREF/SP, composta por livros que procuraram acolher as neces- sidades do campo profissional, atendendo o quesito de diversificação de con- textos e de autores, priorizando temas inéditos em relação ao que vem sendo produzido por este Conselho. O faço na esperança de que os Profissionais de Educação Física leitores dessas obras demostrem o mesmo empenho e amor pela profissão que seus próprios autores dedicaram, oferecendo seu tempo e cedendo os direitos au- torais dessa edição, tanto em relação ao livro físico quanto à versão digital de forma voluntária. Com esse gesto entram em conformidade com os pioneiros do CREF4/SP que assim o fizeram, e de certa forma ainda fazem, afinal não é por acaso que nosso lema atual é: “Somos nós, fortalecendo a profissão!” Parabéns para nós Profissionais de Educação Física do Estado de São Paulo. Nelson Leme da Silva Junior Presidente do CREF4/SP 11 Introdução Após o período dos Megaeventos no Brasil (JogosPanamericanos e Parapanamericanos em 2007, Jogos Mundiais Militares em 2011, Copa das Confederações em 2013, Copa do Mundo de Futebol em 2014, Jogos Olímpicos e Paralímpicos em 2016), a Gestão Esportiva no Brasil teve um grande desen- volvimento, passando a exigir dos Profissionais de Educação Física uma prepa- ração mais profunda e intensa. “A maioria dos cargos de gestão esportiva no País é ocupada por Profissio- nais de Educação Física que obtiveram na prática um desempenho satisfató- rio na função. No entanto, a necessidade de uma maior capacitação sempre é sentida por esses profissionais. A falta de uma formação teórica específica de Gestão, para ser aliada à prática, se faz necessária. Afinal, todos nós so- mos Gestores em nossa formação. Fomos preparados para “dirigir” equipes e “planejar” a preparação física, o treinamento, nossas aulas. Conseguimos “transportar” essa “preparação” para “dirigir” as diversas entidades de ad- ministração e práticas esportivas e planejar o desenvolvimento das nossas entidades.... Tivemos que adaptar toda a Teoria Geral da Administração para nossa realidade” (HATZIDAKIS; MAZZEI & BASTOS, 2012, p. 10). Normalmente o Profissional de Educação Física tem um grande conhe- cimento dos Esportes e das práticas esportivas, em especial em Treinamento Esportivo, adquirido pela sua formação acadêmica e atuação profissional, sendo que os conteúdos específicos de Gestão, normalmente, têm uma car- ga horária reduzida nos cursos de Bacharelado, nos deixando muitas vezes em desvantagem frente aos Profissionais que têm uma formação acadêmica voltada para Gestão com grande carga horária nas disciplinas e conteúdo específico desse segmento. Gestão, compliance e marketing no esporte 12 Dentre os principais conhecimentos que necessitamos de maior aprofunda- mento teórico para melhor desempenho na função de Gestão Esportiva desta- camos os seguintes conhecimentos: • Gestão Estratégica do Esporte: Como elaborar um Planejamento Estraté- gico e implanta os Planos Estratégicos das diversas Entidades de Prática e de Administração Esportiva, definindo metas, objetivos, indicadores e ações de curto, médio e longo prazo. • Governança Corporativa: As transformações da sociedade passaram a exigir mais transparência e implantação de ferramentas de governança corporativa na Entidades Esportivas. • Gestão Básica: Os conceitos básicos de Administração e Gestão, além das competências, habilidades e atitudes que são necessárias para um bom Gestor. • Legislação Esportiva: O bom Gestor Esportivo deve ter o conhecimento básico das Leis, Normas e Regulamentos relacionados ao Esporte e a Gestão Esportiva. • Gestão das Pessoas: Como formar equipes de trabalho competentes, comprometidas e motivadas, processos de liderança e como relacionar- -se com estrelas presentes no esporte. • Gestão dos Equipamentos Esportivos, Infraestrutura e Tecnologia: As particularidades inerentes às diversas modalidades esportivas, hoje com presença fundamental para o desenvolvimento esportivo. • Gestão da Comunicação: A relação com o Jornalismo Esportivo e Redes Sociais, deve ser estudado e incorporado ao conhecimento básico dos novos Gestores Esportivos. • Gestão das Entidades de Prática Esportiva: Particularidades de Clubes, OSCIPS, ONGs, também devem ser estudadas para solução da Gestão de cada um desses segmentos. • Gestão Financeira: O conhecimento de Gestão Financeira Básica com toda a complexidade de Orçamentos e Prestação de Contas, é funda- mental para Profissionais de Educação Física que atuam gestão de entidades. • Gestão de Marketing: Os conhecimentos das teorias de marketing apli- cadas ao segmento esportivo (equipes, atletas, eventos) são imprescin- díveis para o bom desenvolvimento e aproveitamento das diversas mo- dalidades esportivas. • Elaboração de Projetos: É uma ferramenta ainda pouco utilizada na Gestão Esportiva, mas a maioria das atividades de Gestão deveria ser Introdução 13 baseada em apresentação de Projetos, em especial na busca de patrocí- nios das modalidades, equipes, eventos ou atletas. • Gestão de Eventos Esportivos: desvenda as particularidades desse seg- mento, hoje muito complexo frente a concorrência e as exigências de nossa sociedade. Podemos afirmar que com esses conhecimentos básicos o Profissional de Educação Física terá ferramentas suficientes para desenvolver um excelente trabalho na Gestão Esportiva em qualquer Entidade que for atuar. Este livro pretende inserir os Profissionais de Educação Física nas boas prá- ticas da Gestão do Esporte, convidando a todos que necessitam da sua prática a se especializarem. Esperamos ter conseguido produzir uma obra que provoque o leitor a questionar os atuais processos e achar soluções em modelos de gestão do esporte cada vez mais inovadores e tecnológicos. 15 Gestão esportiva Conceitos Neste capítulo procuramos entender qual a diferença entre Administração e Gestão. No Portal Educação encontramos as seguintes explicações: “Administração – [Deriva do latim, “administrare”], gerir; ação de adminis- trar; função de administrador; gestão, gerência. Gestão – [Deriva do latim, “gerere”], administrar; ato de gerir; gerência; ad- ministração; administração ou gerência. Administrar é planejar, controlar, dirigir e controlar pessoas para atingir de forma eficiente e eficaz os objetivos de uma organização. Gestão é lançar mão das funções e conhecimentos necessários para, por intermédio de pessoas, atingir os objetivos de uma organização de forma efi- ciente e eficaz. Administração - Concepção técnica racional e Enfoque no Processo ad- ministrativo, Gestão - Concepção gerencial e Processo político-administra- tivo, Administração - Princípios de previsão, organização, comando, coor- denação e controle, Gestão - Princípios de participação, de autonomia e de responsabilidade. Administração significa gerir um bem, zelar por negócios dos que os pos- suem, portanto é a prática de gerir. Então, a administração é vista “[...] como processo de planejar para organizar, dirigir e controlar recursos humanos, materiais, financeiros e informacionais visando à realização de objetivos” (MARTINS, 1999, p.24). Assim, a administração é uma atividade universal, pensada racionalmente, que é desenvolvida com vistas à realização de um objetivo relacionado à orga- nização social em qualquer realidade e, ao mesmo tempo, determinados por uma sociedade. Gestão, compliance e marketing no esporte 16 Enquanto que o termo gestão surgiu da necessidade de um novo conceito de administrar, que expressasse as mudanças que aconteciam dentro da ação administrativa, que superasse a visão tecnicista da administração, que fosse além das tarefas: coordenar, planejar, organizar, dirigir e controlar, que in- corporasse um novo momento social, político e cultural. Um conceito mais in- terdisciplinar, fundamentado na filosofia, sociologia, antropologia e política. Desta forma, por retratar uma visão estratégica mais ampla, mais descen- tralizada, um processo político-administrativo, com as ações mais interligadas e contextualizadas, promovendo condições mais adequadas, tanto materiais, quanto humanas, para promover o sucesso dos processos social, cultural, edu- cacional e político dentro das empresas, aqui, optou-se pelo termo gestão, en- quanto concepção mais democrática, mais participativa, que suscita a colabora- ção dos sujeitos sociais envolvidos no processo”.1 Outras definições: Gerência. [De gerente + -ia2, seg. o padrão analógico.] S. f. 1. Ato ou efeito de gerir. 2. As funções de gerente; gestão, administra- ção. (BUARQUE, 1997); Dirigir. [Do lat. dirigere.] V. t. d. 1. Dar direção a; administrar; ge- rir; governar: dirigir uma empresa; dirigir um país. 2. Dar orien- tação a; comandar, superintender; conduzir: 3. Encaminhar, orientar; (BUARQUE, 1997); Profissão. [Do lat. professione.] S. f. 3. Atividade ou ocupação es- pecializada, e que supõe determinado preparo: a profissãode engenheiro; a profissão de motorista. (BUARQUE, 1997); Profissional. [De profissão + -al1, seg. o padrão erudito.] Adj. 2 g. 1. Respeitante ou pertencente a profissão, ou a certa profissão: ensino profissional; deformação profissional; diversas categorias profissionais pleiteiam revisão de salário. 2. Que exerce uma ati- vidade por profissão ou ofício: fotógrafo profissional; atleta pro- fissional. (BUARQUE, 1997). Planejamento. [De planejar + -mento.] S. m. 1. Ato ou efeito de pla- nejar. 2. Trabalho de preparação para qualquer empreendimento, 1 (https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/gestor-de-conteudo-dife- renca-de-administracao-e-gestao/44042). Gestão esportiva 17 segundo roteiro e métodos determinados; planificação. 3. Processo que leva ao estabelecimento de um conjunto coordenado de ações (pelo governo, pela direção de uma empresa, etc.) visando à con- secução de determinados objetivos. (BUARQUE, 1997); Gestão Profissional: Gerência/Administração/Direção ética e res- ponsável de uma empresa, entidade, órgão ou negócio, que visa cumprir ou superar metas estabelecidas por um Planejamento, sendo efetuada por um Dirigente Profissional remunerado ou não. Hatzidakis (2003 in MAZZEI & BASTOS 2012). Gestão Esportiva: Gerência/Administração/Direção ética e res- ponsável de uma empresa, entidade, órgão ou negócio, ligados a prática esportiva que visa cumprir ou superar metas estabele- cidas por um Planejamento, sendo efetuada por um Dirigente Profissional ou não, remunerado ou não Hatzidakis. (2003 in MAZZEI & BASTOS 2012). Esporte: “Esporte é um fenômeno sociocultural, que envolve a prática voluntária da atividade predominantemente física competitiva com finalidade recreativa ou profissional, ou predominante- mente física não competitiva com finalidade de lazer, colabo- rando para a formação física, intelectual ou psíquica de seus praticantes e espectadores” (HATZIDAKIS, 1999). “Esporte é um fenômeno social e multicultural que envolve a prática de atividades predominantemente físicas, competitivas ou não, praticado com regras, regulamentos e/ou convenções, de forma profissional ou amadora, com finalidade de rendi- mento, condicionamento físico, saúde e /ou lazer, podendo contribuir para a formação física, intelectual, psíquica e ética de seus praticantes, bem como influenciar seus espectadores. É uma ferramenta para o desenvolvimento educacional com possibilidade de inclusão social, como também um produto que atende a indústria do Entretenimento, Saúde e Educação” (CONFEF, 2019 em aprovação). Gestão, compliance e marketing no esporte 18 Diferenças entre o dirigente esportivo e o gestor esportivo É fundamental diferenciar as atividades do Gestor Esportivo e do Dirigente Esportivo. O Gestor Esportivo, normalmente é o profissional contratado para “gerir” uma determinada Entidade ou Setor de uma Entidade Esportiva ou Evento Esportivo ou Carreira de Atleta. Normalmente o Gestor Esportivo é seleciona- do, levando em consideração sua formação e experiência, sendo uma função re- munerada e normalmente subordinada a outro Gestor em posição superior ou a um Dirigente Esportivo ou Conselho de Administração ou Assembleia Geral das Entidades de Administração ou Prática Esportiva ou de Órgãos Públicos de Gestão do Esporte. Já o Dirigente Esportivo, é a pessoa “eleita” por membros, associados, con- selho de administração ou Assembleias Gerais das Entidades de Administração ou Práticas Esportivas, ou também indicados por “padrinhos políticos” para órgãos públicos de Gestão do Esporte, nem sempre com formação, atributos, competência e conhecimentos para desempenhar um bom papel no crescimen- to da Entidade, tendo em vista esse componente político: ele tende a atender interesses do grupo que o elegeram, nem sempre melhores tecnicamente para o crescimento das Entidades. O Dirigente Esportivo, quando é o “Presidente” das Entidades de Prática e Administração Esportiva, acaba sendo o responsável pela palavra final nas decisões, assim sendo o componente “politico” acaba sendo decisivo na Gestão. Daí a necessidade de o Gestor Esportivo contratado ter uma grande capacidade de convencimento e negociação, para efetivamente “tentar” que sejam tomadas sempre as melhores decisões administrativas, baseadas em dados e não em interesses políticos, sendo, no entanto, sabedor que a palavra final sempre será do Presidente. Até 2013, a legislação proibia a remuneração dos Dirigentes Esportivos, sob pena de as entidades perderem os benefícios fiscais que eventualmente tives- sem. A partir desta data com a inclusão do Art. 18-A na Lei 9615/98 (Lei Pelé) a remuneração dos Dirigentes Esportivos passou a ser permitida, conforme o texto abaixo: “Art. 18. Somente serão beneficiadas com isenções fiscais e repas- ses de recursos públicos federais da administração direta e indi- reta, nos termos do inciso II do art. 217 da Constituição Federal, as entidades do Sistema Nacional do Desporto que: Gestão esportiva 19 I - Possuírem viabilidade e autonomia financeiras; II - Apresentarem manifestação favorável do Comitê Olímpico Brasileiro-COB ou do Comitê Paraolímpico Brasileiro, nos casos de suas filiadas e vinculadas; III - atendam aos demais requisitos estabelecidos em lei; IV - Estiverem quites com suas obrigações fiscais e trabalhistas. IV - Estiverem em situação regular com suas obrigações fiscais e trabalhistas; (Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011). V - Demonstrem compatibilidade entre as ações desenvolvidas para a melhoria das respectivas modalidades desportivas e o Plano Nacional do Desporto. (Incluído pela Medida Provisória nº 502, de 2010) V - Demonstrem compatibilidade entre as ações desenvolvidas para a melhoria das respectivas modalidades desportivas e o Plano Nacional do Desporto. (Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011). Parágrafo único. A verificação do cumprimento da exigência contida no inciso I é de responsabilidade do INDESP, e das con- tidas nos incisos III e IV, do Ministério Público. Parágrafo único. A verificação do cumprimento das exigências contidas nos incisos I a IV deste artigo será de responsabilidade do INDESP. (Redação dada pela Lei nº 9.981, de 2000) Parágrafo único. A verificação do cumprimento das exigências contidas nos incisos I a V deste artigo será de responsabilidade do Ministério do Esporte. (Redação dada pela Medida Provisória nº 502, de 2010) Parágrafo único. A verificação do cumprimento das exigências contidas nos incisos I a V deste artigo será de responsabilida- de do Ministério do Esporte. (Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011). Art. 18-A. Sem prejuízo do disposto no art. 18, as entidades sem fins lucrativos componentes do Sistema Nacional do Desporto, referidas no parágrafo único do art. 13, somente poderão receber recursos da administração pública federal direta e indireta caso: (Incluído pela Lei nº 12.868, de 2013) (Produção de efeito) I - seu presidente ou dirigente máximo tenham o mandato de até 4 (quatro) anos, permitida 1 (uma) única recondução; (Incluído pela Lei nº 12.868, de 2013) (Produção de efeito) Gestão, compliance e marketing no esporte 20 II - Atendam às disposições previstas nas alíneas “b” a “e” do § 2o e no § 3o do art. 12 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997; (Incluído pela Lei nº 12.868, de 2013) (Produção de efeito) III - destinem integralmente os resultados financeiros à manu- tenção e ao desenvolvimento dos seus objetivos sociais; (Incluído pela Lei nº 12.868, de 2013) (Produção de efeito) IV - sejam transparentes na gestão, inclusive quanto aos dados econômicos e financeiros, contratos, patrocinadores, direitos de imagem, propriedade intelectual e quaisquer outros aspectos de gestão; (Incluído pela Lei nº 12.868, de 2013) (Produção de efeito) V - Garantam a representação da categoria de atletas das res- pectivas modalidades no âmbito dos órgãos e conselhos técni- cos incumbidos da aprovação de regulamentos das competições;(Incluído pela Lei nº 12.868, de 2013) (Produção de efeito) VI - Assegurem a existência e a autonomia do seu conselho fiscal; (Incluído pela Lei nº 12.868, de 2013) (Produção de efeito) VII - estabeleçam em seus estatutos: (Incluído pela Lei nº 12.868, de 2013) (Produção de efeito) a) princípios definidores de gestão democrática; (Incluído pela Lei nº 12.868, de 2013) (Produção de efeito) b) instrumentos de controle social; (Incluído pela Lei nº 12.868, de 2013) (Produção de efeito) c) transparência da gestão da movimentação de recursos; (Incluído pela Lei nº 12.868, de 2013) (Produção de efeito) d) fiscalização interna; (Incluído pela Lei nº 12.868, de 2013) (Produção de efeito) e) alternância no exercício dos cargos de direção; (Incluído pela Lei nº 12.868, de 2013) (Produção de efeito) f) aprovação das prestações de contas anuais por conselho de di- reção, precedida por parecer do conselho fiscal; e (Incluído pela Lei nº 12.868, de 2013) (Produção de efeito) g) participação de atletas nos colegiados de direção e na eleição para os cargos da entidade; e (Incluído pela Lei nº 12.868, de 2013) (Produção de efeito) VIII - garantam a todos os associados e filiados acesso irrestrito aos documentos e informações relativos à prestação de contas, bem como àqueles relacionados à gestão da respectiva entidade Gestão esportiva 21 de administração do desporto, os quais deverão ser publicados na íntegra no sítio eletrônico desta. (Incluído pela Lei nº 12.868, de 2013) (Produção de efeito) § 1o As entidades de prática desportiva estão dispensadas das condições previstas:(Incluído pela Lei nº 12.868, de 2013) (Produção de efeito) I - no inciso V do caput; (Incluído pela Lei nº 12.868, de 2013) (Produção de efeito) II - na alínea “g” do inciso VII do caput; e (Incluído pela Lei nº 12.868, de 2013) (Produção de efeito) II - na alínea “g” do inciso VII do caput, no que se refere à elei- ção para os cargos de direção da entidade; e (Redação dada pela Medida Provisória nº 671, de 2015) II - na alínea g do inciso VII do caput deste artigo, no que se refere à eleição para os cargos de direção da entidade; e (Redação dada pela Lei nº 13.155, de 2015) III - no inciso VIII do caput, quanto aos contratos comerciais celebrados com cláusula de confidencialidade, ressalvadas, neste caso, a competência de fiscalização do conselho fiscal e a obrigação do correto registro contábil de receita e despesa deles decorrente. (Incluído pela Lei nº 12.868, de 2013) (Produção de efeito) § 2o A verificação do cumprimento das exigências contidas nos incisos I a VIII do caput deste artigo será de responsabilidade do Ministério do Esporte. (Incluído pela Lei nº 12.868, de 2013) (Produção de efeito) § 3o Para fins do disposto no inciso I do caput: (Incluído pela Lei nº 12.868, de 2013) (Produção de efeito) I - será respeitado o período de mandato do presidente ou dirigen- te máximo eleitos antes da vigência desta Lei; (Incluído pela Lei nº 12.868, de 2013) (Produção de efeito) II - são inelegíveis o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins até o 2o (segundo) grau ou por adoção. (Incluído pela Lei nº 12.868, de 2013) (Produção de efeito) § 4o A partir do 6o (sexto) mês contado da publicação desta Lei, as entidades referidas no caput deste artigo somente farão jus ao disposto no art. 15 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997, e nos arts. 13 e 14 da Medida Provisória no 2.158-35, de Gestão, compliance e marketing no esporte 22 24 de agosto de 2001, caso cumpram os requisitos dispostos nos incisos I a VIII do caput. (Incluído pela Lei nº 12.868, de 2013) (Produção de efeito) ”. (BRASIL.Lei 9615/98. Art 18 A). No caso de o Dirigente Esportivo não ser remunerado, fica a questão quais motivos o levam a querer ocupar a função. Destacamos alguns: Poder, Status, Prestígio, Relacionamento Social, Intenção de melhorar seu esporte, satisfação pessoal, ego e/ou oportunidades de ganhar dinheiro. Para atingir o cargo, diversas são as formas: ser praticante da modalidade, ser pai de praticante, ser treinador, ser filho de outros dirigentes, ter influência política nas instâncias de eleição, ser político entre outras formas. Assim sendo feito esse breve relato das possibilidades de trabalho do Gestor Esportivo, reiteramos que a competência profissional e o conhecimento são fun- damentais para um bom desempenho e sucesso profissional, no entanto, a ca- pacidade de relacionamento interpessoal com seus superiores, a capacidade de articulação política e adaptabilidade são a base de uma boa Gestão Esportiva. Atuação do gestor esportivo As possibilidades de atuação para o Gestor Esportivo são muito amplas, desde a Gestão de Entidades de Administração do Esporte (Confederações, Federações, Ligas), bem como as Entidades de Prática Esportiva (Clubes e Academias), Órgãos Públicos e Privados de Gestão Esportiva, Organizações não Governamentais (ONGs), Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPS), Gestão de Eventos Esportivos, Gestão de Carreiras, entre outras. O Conselho Federal de Administração (CFA) apresenta competências, habi- lidades e atitudes presentes e necessárias para um bom Administrador: Competências: • identificar problemas, formular e implantar soluções. • desenvolver raciocínio lógico, crítico e analítico sobre a realidade orga- nizacional. • assumir o processo decisório das ações de planejamento, organização, direção e controle. • ser capaz de negociar, mediar e arbitrar conflitos. • elaborar e interpretar cenários. Gestão esportiva 23 Habilidades: • relacionamento interpessoal; • visão do todo; • liderança; • adaptação à transformação; • criatividade e inovação; • atitudes: • comportamento ético; • comprometimento; • profissionalismo; • proatividades; • motivação. O profissional de educação física, durante toda sua carreira no esporte, desenvolve todas as competências e habilidades acima, naturalmente na di- reção técnica de equipes esportivas e nas atividades de docência quando atua nessa área, tendo assim um grande diferencial no mercado de trabalho na Gestão Esportiva. 25 Gestão de pessoas A Gestão de Pessoas e fundamental para qualquer organização. Ter a capa- cidade de recrutamento, seleção, contratação, desenvolvimento e retenção de talentos é garantir o sucesso da Entidades/Organização Esportiva. Atualmente o “capital intelectual” é extremamente valioso e, portanto, deve ser preservado. O conceito de capital intelectual é: “um conjunto de informações que são adquiridas, aprimoradas e transfor- madas em conhecimento pelos indivíduos ao decorrer dos anos. Na linha do tempo, essas informações podem ser modificadas através de treinamentos, experiências, pesquisas, reciclagens e pelo meio ambiente” (https://pt.wiki- pedia.org/wiki/Capital_intelectual). Todas as pessoas possuem um potencial intelectual, seja em grau de co- nhecimento, criatividade, competência e habilidades, que podem ser seme- lhantes ou bem diferentes umas das outras. Esse potencial é desenvolvido com o tempo e começa ainda na infância, tendo influência da cultura local e global, dos pais, familiares, amigos e da sua educação formal, infantil, fundamental e média. O conhecimento é um capital ilimitado que, quanto mais trabalhado, mais se desenvolve, principalmente na era digital em que vivenciamos e por isso, o conhecimento não pode ficar estagnado. Vale ressaltar também que, aquele que obtém o maior capital intelectual consegue se destacar e adquirir um maior valor no mercado. No Esporte devemos traçar estratégias para Gestão de Pessoas na área ad- ministrativa e na área esportiva. Devemos conhecer a evolução na Gestão de Pessoas e também devemos entender o processo de Liderança tanto na área administrativa, quanto na área esportiva. Gestão, compliance e marketing no esporte 26 O conceito de gestão de pessoas ou administração de recursos humanos é uma associação de habilidades e métodos, políticas, técnicas e práticas defini- das, como objetivo de administrar os comportamentos internos e potenciali- zar o capital humano nas organizações. A Gestão de Pessoas ocorre através da participação, capacitação, envolvimento e desenvolvimento de colaborado- res de uma empresa e a área tem a função de humanizar as empresas. Muitas vezes, a gestão de pessoas é confundida com o setor de Recursos Humanos, porém RH/DP é a técnica e os mecanismos que o profissional utiliza, e ges- tão de pessoas tem como objetivo a valorização dos profissionais. As pessoas constituem o capital intelectual da organização. As organizações bem-suce- didas se deram conta disso e tratam seus colaboradores como parceiros do negócio e não mais como simples empregados contratados. O Gestor desportivo deve organizar a Gestão de Pessoas de sua Organização/Entidade, desenvolvendo e implementando estratégias para o Setor de Recursos Humanos. Isso inclui a formulação de regras e regulamentos para a boa gestão de pessoas; Ainda é importante reconhecer as competências dos Gestores em especial de Academias. “As competências de gestão podem ser classificadas nas categorias de conhe- cimentos, habilidades e atitudes e os resultados da pesquisa nos remeteram aos indicadores destas três categorias sendo sete relativas a Conhecimentos (Gestão de Pessoas, Finanças, Vendas, Conhecimento técnico sobre as várias áreas da academia, Marketing, Conhecimentos administrativos, Planejamen- to), nove relativas a Habilidades (Liderança, Relacionamento Interpessoal, Compor o Mix de Marketing, Visão Sistêmica, Saber Delegar, Temperança, Mediação, Gestão Participativa, Estratégia) e dezesseis relativas a Atitudes (Foco no Cliente, Gerência, Busca do Conhecimento, Empatia, Presteza, Pla- nejar, Foco nos Resultados, Orientar-se pela Missão e Valores Institucionais, Visão, Postura Profissional, Capacidade de reestruturar o trabalho, Admi- nistrar, Inovar, Atender Pessoas, Otimizar capacidade instalada, Promover a academia)” (MELLO & SILVA, 2013). Também identificar os princípios e as ações para atrair, recrutar e motivar pessoas, implementando políticas de desenvolvimento por meio da formação dessas pessoas, sempre tendo em mente em desenvolver as competências para uma gestão eficaz das pessoas; Gestão de pessoas 27 Estratégias para gestão de pessoas Alguns pontos sempre devem ser observados dentro das estratégias para a Gestão de Pessoas. Descrevemos abaixo os principais: a) Contratar os profissionais certos - Ter um processo de recrutamento e seleção para realmente contratar as pessoas certas para as funções e car- gos certos, que terá como consequência maior eficácia e eficiência no desempenho individual e coletivo. b) Falar para as pessoas de sua entidade/organização sobre suas expecta- tivas - O processo de comunicação claro, direto e constante, em ambos os sentidos, facilita a gestão de pessoas para que elas tenham uma clara visão de suas expectativas e necessidades das funções e atividades a serem desempenhadas para atingir determinados objetivos. c) Fornecer a sua equipe todos os recursos necessários - A disponibilidade de recursos necessários para realização das tarefas solicitadas, é um re- quisito importante para o bom desempenho das equipes. d) Criar oportunidades para que as pessoas de sua entidade/organização fazerem o seu melhor - Criar situações e oportunidades para que os membros de sua equipe de trabalho possam utilizar o máximo do seu potencial, tende a alavancar e agilizar sua entidade/organização. e) Reconhecer o trabalho das pessoas de sua entidade/organização - O re- conhecimento profissional, de desempenho ou realização de tarefas é a melhor forma de incentivar e aumentar o empenho das pessoas bem como propiciar um ambiente de trabalho positivo. f) Fazer da sua entidade/organização um “grande lugar” para se trabalhar - O clima organizacional é muito relevante para o bom desempenho das pessoas. g) Dar voz às pessoas de sua entidade/organização bem como dar feedba- ck às pessoas de sua entidade/organização - Novamente o processo de comunicação é citado. Reiteramos que o processo de comunicação claro, direto e constante e todos nas organizações devem ter a oportunidade de expressar suas opiniões e dar sugestões sobre temas relevantes da organização, bem como o feedback constante entre as partes. h) Compartilhar com as pessoas de sua entidade/organização o que o tra- balho delas tem de mais importante - Valorizar o trabalho de todos em especial destacando a importância das realizações para organização é sempre ponto positivo na entidade/organização. Gestão, compliance e marketing no esporte 28 Gestão de RH em entidades/organizações esportivas A Gestão de Recursos Humanos em Entidades/Organizações Esportivas é o meio para otimizar as atividades dos membros, de forma a atingir a sua missão e as suas metas. Nas Entidades/Organizações Esportivas, a maioria das pessoas são voluntárias, com poucos ou nenhum pessoal contratado. Isso gera o desafio de garantir pessoas comprometidas, consistentes e motivadas. As Entidades/Organizações Esportivas devem formalizar a situação de suas pessoas: eleitos, voluntários ou contratados. Adequar as pessoas existentes para organizar as atividades necessárias (habilidades) ao período de tempo pelo qual essas atividades são necessárias (disponibilidade). O desafio é fazer com que a sua Entidade/Organização se beneficie das pessoas competentes e disponíveis. Gestão de estrelas A Gestão de Estrelas/Astros do Esporte é o grande desafio do Gestor Esportivo. Como gerencias o “ego” dos atletas e treinadores de alto-nível. Entende-se por estrelas/astros do esporte, aqueles esportistas ou treinadores que se destacam dos demais, seja pela sua competência técnica, seja pela im- portância que tem para a equipe, seja pelo salário. Quando essas “estrelas” tem atitudes de superioridade em relação aos demais membros da equipe, acabam sendo um grande desafio ao Gestor, em especial porque não tem peças de reposição. O Gestor não tem como simplesmente “demitir” e substituir a “estrela”. Assim sendo a habilidade de relacionamento, a capacidade de convencimento deve ser utilizada para não prejudicar o trabalho de toda a equipe. O Gestor deve conhecer as posturas, atitudes e personalidade da “estrela”, antes mesmo de contratá-la para compor sua equipe, tendo ciência das conse- quências positivas e negativas que ela poderá trazer para sua equipe. Gestão de voluntariado Nos primórdios do esporte no Brasil, todos os Dirigentes e organizadores de eventos esportivos eram voluntários. Com a modernização e a entrada de recur- sos financeiros, cada vez mais o “voluntariado” no esporte, foi sendo esquecido. No entanto, com a redução dos investimentos no esporte, se faz necessário resgatar o voluntariado para manter o desenvolvimento esportivo no país. Gestão de pessoas 29 Segundo definição das Nações Unidas, “voluntário é o jovem ou o adulto que, devido a seu interesse pessoal e ao seu espírito cívico, dedica parte do seu tempo, sem remuneração alguma, a diversas formas de atividades, organiza- das ou não, de bem-estar social, ou outros campos...”. O esporte é uma atividade que necessita de voluntários em diversos de suas atividades, sendo que serve de aprendizado e experiência profissional para os jovens nas mais diversas áreas. Desenvolver um programa de voluntariado, oferecendo treinamento e be- nefícios indiretos (certificados, uniformes, etc.), cria oportunidade de aprovei- tamento de mão-de-obra ávida por conhecimento, experiência e futuras possi- bilidades de profissionalização, além de engajados, participantes e conscientes. Os voluntários podem atuar em diversos segmentos da Gestão Esportiva, em especial nos Eventos Esportivos. No entanto um ponto fundamental é o conhecimento da legislação brasilei- ra para o voluntariado, evitando assim demandas trabalhistas. Abaixo transcrevemos a lei do serviço voluntário: “LEI Nº 9.608, DE 18 DE FEVEREIRO DE 1998 Dispõesobre o serviço voluntário e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1o Considera-se serviço voluntário, para os fins desta Lei, a atividade não remunerada prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza ou a instituição privada de fins não lucrativos que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência à pessoa.(Redação dada pela Lei nº 13.297, de 2016) Parágrafo único. O serviço voluntário não gera vínculo empregatí- cio, nem obrigação de natureza trabalhista previdenciária ou afim. Art. 2º O serviço voluntário será exercido mediante a celebra- ção de termo de adesão entre a entidade, pública ou privada, e o prestador do serviço voluntário, dele devendo constar o objeto e as condições de seu exercício. Art. 3º O prestador do serviço voluntário poderá ser ressarcido pelas despesas que comprovadamente realizar no desempenho das atividades voluntárias. Parágrafo único. As despesas a serem ressarcidas deverão estar ex- pressamente autorizadas pela entidade a que for prestado o serviço voluntário”... Gestão, compliance e marketing no esporte 30 Liderança Nas Entidades/Organizações esportivas a Liderança é ponto chave para o crescimento e desenvolvimento dos Esportes. Ter conhecimento das principais características da Liderança é fundamental para atingir os objetivos. Grandes Líderes podem atuar para o bem como Martin Luther King Jr., defensor dos di- reitos civis, Mahatma Gandhi, Abraham Lincoln, Nelson Mandela, Madre Tereza de Calcutá entre outros, mas infelizmente Grandes Líderes podem atuar para o mal, levando ao desastre seus liderados, tais como Hitler e Mussolini entre outros. Definimos Líder como “é todo indivíduo que, graças à sua personalidade, dirige um grupo social, com a participação espontânea dos seus membros”. Ser Líder é muito diferente de ser um Chefe. Presidentes, diretores, professores, gerentes, entre outros, dirigem, chefiam entidades, mas nem sempre são líde- res. No quadro abaixo podemos diferenciar as duas possibilidades: O CHEFE O LÍDER Manda Orienta Diz: Eu Diz: Nós Diz: Vá Diz: Vamos Procura culpado Assume a Responsabilidade Fiscaliza Confia Desmoraliza Acompanha São importantes para um Líder: • Experiência • Capacidade Técnica • Cargo • Qualidades pessoais • Estilo Os Líderes têm as seguintes características: • Conhecer suas capacidades; • Conhecer as características do grupo que lidera; • Ser flexível, adaptando-se às situações; • Saber ceder espaço para outros; Gestão de pessoas 31 • Reconhecer o esforço do grupo; • Influenciar o grupo; • Delegar tarefas e motivar o grupo; • Identificar problemas; • Desenvolver planejamento e estratégias; • Formar futuros líderes. Os Líderes devem seguir alguns “Mandamentos” para ser respeitado e conquistar seus liderados. São eles: • Respeitar os membros do grupo acreditando em suas possibilidades. • Confiar no grupo, mais que em si mesmo. • Evitar críticas em público, dando exemplo em vez de criticar. • Evitar dar ordens, procurando a cooperação. • Designar funções e tarefas, levando em consideração os interesses e ap- tidões dos membros do grupo. • Não assumir a responsabilidades de outros, mesmo achado que faria melhor. • Consultar os membros do grupo. • Explicar ao grupo suas atitudes. • Ser imparcial nas decisões do grupo. Gestão de conflitos Gestão de conflitos entre pessoas e equipes são habituais em qualquer or- ganização. Pessoas e equipes competem por recursos financeiros, equipamen- tos e inclusive clientes. Gerenciar conflitos eventualmente dentro da organização pode ocorrer eventualmente, lembrando que os conflitos nem sempre são negativos. Um conflito pode motivar a equipe a se unir para enfrentar concorrentes. Antes de intervir em um conflito, o gestor deve analisar a situação para decidir se é realmente necessária à sua intervenção, e se tem a personalidade adequada para essa intervenção ou se deve atribuir a intervenção à outra pes- soa, com perfil mais adequado a resolver o conflito. Tomada a decisão de intervir, é importante definir a estratégia para tratar o conflito. Isto implica nos seguintes aspectos: • Identificar o problema, as pessoas envolvidas no conflito, sua origem e os problemas acarreta; Gestão, compliance e marketing no esporte 32 • Examinar as relações dos envolvidos e os demais membros da equipe: dessa maneira podemos identificar outras pessoas que podem ajudar a solucionar o problema; • Identificar os problemas e suas consequências negativas: perda de tem- po, desmotivador, criação de ambiente negativo; • Aproximar as pessoas afetadas pelo conflito, trabalhando em conjunto para encontrar a solução do conflito; • Aplicar a solução e avaliar as consequências até a solução definitiva dos conflitos. Tratar de conflitos não é uma tarefa muito agradável, mas não enfrentar o problema pode gerar consequências muito negativas. A melhor estratégia é prever o surgimento dos conflitos e desenvolver estratégias para preveni-los. Tomada de decisões Nos processos de Gestão em Clubes Esportivos Metropolitanos da cidade de São Paulo é sempre preocupante os resultados e dificuldades da Gestão, já que o Gestor Principal, vem de uma eleição e, por conseguinte, não ne- cessariamente é um profissional da área de Gestão do Esporte e quiçá da Administração de Empresas, e ainda, muitas vezes, não tem tempo para de- dicação integral ao cargo. Um dos problemas que afeta diretamente esse tipo de gestão política é que nenhum processo administrativo profissional consistente sobrevive à quan- tidade de Diretores, Conselheiros, Sócios Responsáveis, criando múltiplas demandas políticas, técnicas, pessoais ou de interesse de pequenos grupos diariamente. Um exemplo desta falta de proporção entre diretores amadores e gerentes profissionais de um Clube pode ser comprovada quando Cruz Júnior, Carvalho e Laurindo (2005), que elaboraram seu método de pesquisa sobre Clubes, e ao reunir o grupo de trabalho constataram a seguinte formação: O grupo de trabalho no clube era constituído de todos os 12 gerentes, além de 10 supervisores e 9 coordenadores ligados aos gerentes. No que concerne aos diretores do clube, foram consultados 20, dos quais 5 se envolveram mais ativamente no processo de redefinição da estrutura. Ressalta-se que existem mais diretores do que gerentes. Enquanto os gerentes são funcionários não associados que possuem a visão de fornecedor, os diretores são associados Gestão de pessoas 33 não remunerados para a função, que, além de serem consumidores, também representam os interesses dos demais associados na gestão do clube. (CRUZ JÚNIOR; CARVALHO; LAURINDO, 2005, p. 432). Os gestores remunerados, por conta do excesso de demandas individuais de sua “Diretoria”, por vezes não conseguem atender aos problemas diários da entidade de maneira ordenada, competente e profissional com foco nas ne- cessidades dos consumidores, que neste caso específico são a comunidade de associados / usuários do Clube, e assim, atingirem seus objetivos primários de auto sustentação no cargo. Processo de tomada de decisão é papel comum a um dirigente profissional tomar decisões utilizando re- gras simples que compõem um processo que alimentará sua decisão, sejam elas decisões programadas ou decisões não programadas no seu dia a dia, confor- me sugerido por McDaniel e Gitman (2010). As tomadas de decisões corretas no processo de gestão é outro aspecto consi- derado crucial para o desenvolvimento das organizações, conforme destaca Yu: Decidir, tomar uma decisão; escolher, optar; palavras que traduzem o senti- do de assumir um curso de ação e obter resultados já esperados. É o domínio que executivos, gestores, profissionais, professores, estudantes e pessoas co- 5. Acompanhamento para saber se o problema foi resolvido. 4. Transformação do Plano em Ação. 3. Seleção de um ou mais alernativas.2. Identificação de soluções possíveis. 1. Definição de Problema. Gestão, compliance e marketing no esporte 34 muns almejam alcançar na carreira. Não obstante todo esse interesse prático, somado à riqueza de vários estudos sobre fenômeno humano em todo o pla- neta, há pouca literatura de maior alcance ao público brasileiro e que se afaste de posturas doutrinárias, buscando apresentar a Teoria e a Prática da Decisão em toda a plenitude e a complexidade que os últimos 50 anos de pesquisa permitiram desvendar. [...] (YU, 2011). Os processos envolvidos nas tomadas de decisão podem ser sintetizados em um quadro geral de tomadas de decisão nas organizações Yu (2011). Tomada de decisão nas Organizações – Início Decisão versus implementação Complexidade e incerteza Decisão como um processo Qualidade do Processo Principais formas de estruturas Processo decisório nas diferentes estruturas Históricas Prescritiva Descritiva Integrada Decisões em administração Decisão e Estrutura Organizacional Abordagens Início Descritiva Heurística e Vieses Intuição Decisões Políticas Influência no processo decisório Disponibilidade Representatividade Excesso de confiança Ancoragem Tratamento de informação (ou incerteza) Maldição confirmação e do conhecimento Procrastinação Egocentrismo Escalada do comprometimento Conhecimento Tácito Decisão naturalista Decisão política versus racional Elementos da decisão política Quando é prejudicial e quando é benéfica Poder e interesses Coalizões Tomada de decisão nas Organizações – Descritiva Gestão de pessoas 35 Prescritiva Estrutura da Decisão Método de Análise de Decisão Sistema de apoio a Decisão Enquadramento do Problema Identificação dos Objetivos Desenvolvimento de alternativas Representação gráfica do problema Dinâmica de grupo Escolha da melhor ferramenta Em condições de certeza Em condições de incerteza Multiobjetivos Complexidade de dinâmica Sistema de informação e organizações Principais técnicas e ferramentas Interação com o ser humano Tomada de decisão nas Organizações – Prescritiva Prática Gerencial Decisão Estratégica Negociações Complecidade e classificação Formulação inicial Geração de alternativas Avaliação de soluções e autorizações Relação com o planejamento estratégico Gestão do processo Decisão no contexto de negociação Elementos da decisão e táticas Uso de agentes externos Vieses cognitivos Selecionando uma estratégia Tomada de decisão nas Organizações – Prática Gerencial Os dirigentes, e pode-se estabelecer que o exemplo é também apropriado ao dirigente de um Clube, podem assumir papéis diferentes quando da tomada de decisão, imaginando que eles são os responsáveis pelo planejamento, orga- nização, liderança e controle das atividades da organização. Espera-se que este dirigente saiba desempenhar um conjunto de expectati- vas comportamentais oriundos do cargo que ocupa. Ao analisarmos a Quadro 6, proposta por McDaniel e Gitman (2010), podemos obter meios de analisar o papel mais apropriado ao dirigente amador de um Clube Esportivo, colocan- do neste Dirigente um destes papeis: Papel que envolve informações, Papel Interpessoal ou Papel de tomador de decisões. Gestão, compliance e marketing no esporte 36 Os diversos papéis que os dirigentes desempenham em uma Organização Papel Descrição Exemplo Papéis que envolvem informação Monitor Busca e agrupa informações relevantes para a Organização Conhecer restrições legais aplicáveis à tecnologia de um novo produto Disseminador Provê informações às áreas da empresa que as necessitam Proporcionar dados atuais de produção aos operários da linha de montagem Porta-voz Trensmite informações a pessoas de fora da Organização Papéis Interpessoais Principal Executivo Representa a companhia sob o aspecto simbólico Cortar a fita na cerimônia de inauguração de um novo prédio Líder Orienta e motiva os empregados para o cumprimento das metas organizacionais Ajudar os subordinados a fixarem metas de desempenho mensais Contato Age com um intermediário entre as pessoas dentro e fora da organização Representar a divisão de vendas e varejo da companhia em uma reunião de vendas geral Papéis de um tomador de decisões Papéis Empreendedor Busca novas oportunidades e da início a mudanças Implantar um novo processo de produção usando uma nova tecnologia Disturbance Handler Atua em eventos e crises inesperados Lidar com uma situação de crise, como um incêndio Alocador de Recursos Designa o uso de recursos financeiros, humanos e de outras categorias Aprovar os fundos necessários para a aquisição de equipamentos de informática e contratação de pessoal Negociador Representa a companha em processos de negociação Participação em negociações salarias com representantes sindicais Diferentes papéis de um dirigente Espera-se do Dirigente, que dentre o desempenho de suas funções, ele con- siga alocar corretamente seus recursos de maneira coerente afim de executar seus planos. A organização depende do desenvolvimento de uma estrutura capaz de atender às demandas e para tanto deve-se pensar nas pessoas, po- sições, departamentos e as atividades no âmbito das empresas. Para isso, ele deve dispor de elementos estruturais para tornar eficiente e eficaz os processos de trabalho conforme sugerido por McDaniel e Gitman (2010): Gestão de pessoas 37 • “dividindo as tarefas (divisão do trabalho); • agrupando funções e empregados (departamentalização); • atribuindo autoridade e responsabilidade (delegação)”. Como esse processo de “Tomada de Decisão” é um dos mais importantes dentro de uma organização, os modelos de Estruturas Organizacionais mais complexos podem auxiliar no processo de formação de equipes mais eficien- tes e eficazes. A observação de Clubes com estas estruturas poderá significar um passo no entendimento entre a fronteira amador-profissional. 39 Gestão financeira A Gestão Financeira é fundamental para a Gestão Esportiva. A definição de um Planejamento Financeiro, Orçamento, Execução e Prestação de Contas são fundamentais para governança da Entidades/institui- ção esportivas. Toda entidade/instituição deve planejar suas receitas e despe- sas, após o planejamento detalhado deve ser elaborado o orçamento que con- templa todo o planejamento. A seguir deve executar rigorosamente o que foi orçado e finalmente de apresentar a prestação de contas de forma clara e trans- parente aos seus membros, associados e público interessado. Função e responsabilidade: É função e responsabilidade do Gestor garantir que uma Entidade/ Instituição seja solvente; além disso deve preocupar-se em fazer crescer os ativos da Entidade/Instituição e atingir um equilíbrio adequado do fluxo de caixa anual da organização. A boa gestão financeira é de responsabilidade de toda Entidade/Instituição. No entanto, a responsabilidade última está nas mãos do tesoureiro e do staff financeiro. Definições chave A Gestão Financeira pode ser definida como o monitoramento e a divul- gação do fluxo de caixa e forma prudente e em conformidade com a Lei. É o processo pelo qual se planeja, orça, implemente e reporta suas atividades de forma regular. É um componente do Planejamento Estratégico. Gerir os fundos de forma transparente, eficiente e eficaz é essencial para garantir receitas contínuas e crescimento para sua Entidade/Instituição Um dos principais passos para uma boa gestão financeira é ter uma clara compreensão do que está sendo dito, quando as finanças estão sendo avaliadas. Gestão, compliance e marketing no esporte 40 Ativos/Bens: Valores que a entidade/instituição possui ou de que usufrui, podem ser bens correntes, que pertencem à organização por um curto período, como dinheiro, ou bens fixos ou de longo prazo, como uma propriedade que possui por muito tempo. Passivos: Bens que são de propriedades alheia; os passivos se referem às dívidas da Entidade/Instituição. Podem ser passivos correntes, a serem pagos em um curto espaçode tempo, como o dinheiro devido para pagamento de passagens, ou passivos de longo prazo, como uma hipoteca. Despesas gerais: Custos necessários para a manutenção diária da Entidade/ Instituição. Essas despesas não são específicas de um serviço ou projeto e in- cluem gastos como aluguel/energia elétrica. Excedente ou superávit: Excesso de receitas sobre as despesas. Déficit: Excesso de despesas sobre as receitas. Liquidez: O montante de dinheiro de acesso imediato para pagar as contas. Reservas: O volume de fundos disponíveis em determinado momento, mas que não estão sendo utilizados. Balanço: Uma demonstração de todos os ativos e passivos da Entidade/ Instituição. É um retrato instantâneo da posição financeira em um dado momento. Demonstrativo de resultados do exercício: Um registro das receitas e despesas geradas em um determinado período. Essas contas mostram se a Entidade/Instituição possui um excedente ou um déficit. Despesas de Capital: Despesas com a aquisição ou incremento de ati- vos/bens fixos, como compra de equipamentos, construções e ampliações de um prédio. Ciclo de Gestão Financeira: O ciclo de gestão financeira pode ser dividido em nível macro em quatro etapas: Planejamento Orçamento Implementação e contabilidade Avaliação e Prestação de Contas Planejamento O Planejamento bem-sucedido é essencial para visão, missão e objetivos estejam definidos para a realização de qualquer tipo de gasto, já que eles irão lhe mostrar onde deve alocar os seus fundos. Gestão financeira 41 Se a entidade/instituição apresenta problemas, não se antecipe em concluir que sua causa é de natureza financeira. O problema financeiro pode ser sintoma de uma governança mais difícil ou de questões filosóficas. No entanto, uma vez que o poder é indissociável do dinheiro, boas práticas financeiras podem ajudar a manter boas estruturas de poder e melhorar a governança. Nem sempre a solução é aumentar as receitas sem um plano financeiro para sua utilização. Planejamento Financeiro é o processo que ajuda a desenvolver estratégias para assumir o controle das finanças de sua Entidade/Instituição de forma a atingir seus objetivos; fazer o balanço da situação financeira e determinar suas metas e objetivos. Orçamento O orçamento é o processo pelo qual uma Entidade/Instituição define a dis- tribuição de gastos com seus programas e serviços para um dado período ou projeto. Inclui o planejamento como um precedente intrínseco. Orçamentos eficazes apenas podem ser estabelecidos depois que o plane- jamento financeiro tenha determinado os limites e o tipo de gastos que irão ocorrer dentro de sua Entidade/Instituição. Uma vez que o orçamento esteja estabelecido, é fundamental que seja seguido. Por essa razão, é necessária a comunicação constante na Entidade/ Instituição, especialmente o tesoureiro, e outros funcionários como os gestores de projeto e os auditores. O orçamento é provavelmente a ferramenta mais importante que uma Entidade/Instituição pode ter. Ele fornece um plano não apenas para operações de negócios de longo prazo, mas também para operações diárias. Ele ajuda a pro- jetar as metas e transmite o quanto quer gastar e um cronograma destes gastos. O orçamento dá uma ideia imediata do grau de racionalidade do planeja- mento da Entidade, porque a definição do orçamento fornece aos investidores mais detalhes sobre os recursos que serão gastos. Permite que verifiquem se a organização distribuí os gastos adequadamente. Os orçamentos não envolvem apenas despesas; eles devem conter também aspectos de receitas das Entidades/Instituições: • Taxas de filiação; • Inscrições em competições; • Venda de ingressos; Gestão, compliance e marketing no esporte 42 • Receitas publicitárias; • Direitos de Transmissão. A elaboração de um orçamento é um processo relativamente simples: Dinheiro que entra x Dinheiro que está sendo gasto. • As fontes de receitas, ou valores que entram, incluindo contribuições em benefícios (bens e mercadorias). • Custos de serviços prestados; • Custo gerais, incluindo salários, locações, etc. • Quaisquer outros custos, como investimento em equipamentos, manu- tenção, benefícios adicionais de funcionários e impostos sobre a folha de pagamento. Após determinar as receitas e despesas, você pode desenvolver um orça- mento definindo as áreas onde as receitas serão despendidas. Ao calcular as despesas, não esquecer de considera inflação ou aumento de custos, como rea- juste salariais e de locações. Na elaboração do orçamento evitar: • Despender recursos sem um orçamento; • Lançar iniciativa para as quais não a previsão orçamentária; • Realocar recursos orçamentários de uma área para outra, já que isso denota fala de controle financeiro. • Pedir mais recursos aos financiadores porque não fez estimativa correta; • Multiplicar encargos para buscar receitas adicionais junto a mais de um financiador para um mesmo item orçamentário (mesma despesa de dois financiadores); • Incluir valores excessivos por itens de orçamento classificados como di- versos/outros; • Despesas gerais muito elevadas, o que inclui salários ou aluguéis exces- sivamente altos. Compondo um orçamento: As despesas orçamentárias são monitoradas com relatórios regulares sobre as diferenças entre os valores orçados e os reais. Essas diferenças são normal- mente chamadas de desvios orçamentários e são classificados como favoráveis ou desfavoráveis. A análise ajuda a: Gestão financeira 43 1. Identificar com rapidez se tudo está correndo como esperado. 2. Identificar onde há necessidade de ações em vista do desempenho. 3. Reavaliar planos, políticas e decisões em vista do desempenho. 4. Revisar os orçamentos, se necessário. 5. Planejar e coordenar o uso de recursos. 6. Prever potenciais problemas. O Orçamento e o controle orçamentário podem ser ferramentas eficazes de gestão. A chave para torná-los eficazes é garantir que todos os gestores relevantes estão envolvidos no processo e que a quantidade certa de informação é apre- sentada, com o nível adequado de detalhamento e no tempo próprio. Tipos de Orçamentos: • Orçamento Anual • Orçamento de projetos • Orçamentos de capital. • Aplicação de Recursos Os recursos para o esporte podem ser aplicados em: • Programas e Projetos de Fomento; • Manutenção da Entidade; • Formação de Recursos Humanos; • Preparação Técnica; • Manutenção de Atletas; • Organização e Participação em Eventos Esportivos. Para que um orçamento chegue a sua maturidade, é necessário que os responsáveis pela sua gestão acompanhem o seu fluxo mês a mês, anotando as dificuldades e as necessidades de alocação de recursos, ou de uso das reservas financeiras para cobertura de necessidades prementes que escapa- ram do planejamento. Este período pode chegar a cinco anos de observações para se atingir a maturidade. Caso o orçamento não seja seguido com um nível de observação eficaz esse período pode ser muito maior. Gestão, compliance e marketing no esporte 44 Implementação e contabilidade Além de seguir à risca os valores orçados, a apresentação contábil utiliza o seguinte: • Escrituração: consiste em efetuar, de forma sistematizada, os registros das ocorrências que influenciam a evolução patrimonial. A escrituração, portanto, é realizada levando em consideração a ordem cronológica de todos os acontecimentos. A técnica contábil da escrituração é baseada em documentos comprobatórios, ou seja, todos os acontecimentos a se- rem escriturados devem corresponder a um documento legalizado que comprove a sua veracidade. • Demonstrações contábeis: consiste em apresentar todos os registros efetuados em uma forma condensada, que apresente os resultados atingidos pela empresa em um determinado período. Os fatos registra- dos devem constar em demonstrações expositivas, que, segundo a lei 6.404/76, são denominadas demonstrações financeiras. • Auditoria: técnica que busca ratificar a exatidão dos registros já efetuados e apresentados nas demonstraçõescontábeis. Consiste em um exame pormenorizado de todos os dados escriturados pela contabilidade, verificando se todos foram efetuados seguindo os princípios fundamentais da contabilidade. Essa técnica pode ser aplicada de duas formas distintas: auditoria interna e auditoria externa. • Análise de balanço: levando em consideração que as demonstrações contábeis representam dados sistematizados, que apresentam de forma sintética os resultados da empresa, nem sempre os usuários têm condi- ções de interpretá-los. Assim, cabe à própria contabilidade decompor, comparar e interpretar os demonstrativos contábeis, com a finalidade de fornecer informações mais ágeis para os usuários. Gestão financeira 45 Avaliação e prestação de contas Importante que todas as despesas sejam devidamente justificadas, median- te apresentação de comprovantes legais, devidamente conferidos. Todas as empresas devem ter o CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) relativo ao serviço ou produto fornecido do qual ela está autoriza- da a fazer legalmente. Temos um exemplo prático disso: Em determinado evento de corrida de rua, foi apresentada na prestação de contas, uma nota fiscal e recibo de pagamento de locação de grades. No entanto após auditoria constatou-se que a empresa que emitiu a nota, não tinha no seu CNAE a locação de equipamentos. Tratava-se de uma empresa de venda de materiais de construção, sendo o valor “glosado” e os valores devolvidos. Assim sendo é fundamental sempre, verificar o CNAE de todos os forne- cedores, sendo que as notas fiscais da prestação de serviço ou venda somente podem ser referentes a atividades previstas em seu CNAE. 47 Aspectos legais no esporte Introdução a legislação esportiva Antes de entramos no assunto, fica aqui nossa homenagem ao Prof. Dr. Manoel José Gomes Tubino (1939 - 2008) autor de um dos livros base deste ca- pítulo (500 anos de Legislação Esportiva Brasileira: do Brasil Colônia ao Início do Século XXI - Editora Shape, Rio de Janeiro - 2002) e que foi um dos princi- pais Profissionais da Gestão do Esporte do Brasil. Em um resumo rápido sobre a legislação esportiva brasileira, podemos nos deparar com uma curta história de Leis que foram promulgadas e que efetiva- mente fizeram diferença na prática das instituições: Decreto Lei 3.199 de 14 de abril de 1941 - A precursora das Leis, Estabelece as bases de organização dos desportos em todo o país (no seu status não cons- ta a sua revogação expressa). Um dos pontos que devemos considerar como um dos mais importantes foi o da Criação e organização do CND, Conselho Nacional de Desportos que regulou a criação da maioria das Instituições Esportivas do País e que até 1993, quando foi descontinuado pela Lei Zico, ele- vou todos os esportes do País a praticamente o seu passo atual. Lei 6.251 de 08 de outubro de 1975, revogada pela Lei Zico. Decreto 80.228 de 25 de agosto de 1977, revogado pela Lei Zico. Lei “Zico” 8.672 de 6 de julho de 1993, revogada pela Lei Pelé. Lei “Pelé” 9.615 de 24 de março de 1998 - Ainda em vigor, já recebeu di- versas alterações no seu texto principal: Medida Provisória nº 1.926, de 1999; Decreto nº 3.659, de 2000; Medida Provisória nº 39, de 2002; Decreto nº 4.201, de 2002; Lei nº 12.867 e Lei 12.868, de 2013 e que atualmente, com mais de 20 anos, já demonstra a necessidade de sua substituição por uma 5ª Lei geral do esporte. É fato que a Câmera dos Deputados Federais prefere não mexer em vespeiros, já que a Lei Pelé é a atual reguladora do mercado do Futebol Gestão, compliance e marketing no esporte 48 Profissional e isso só poderá criar diversos problemas e discussões, só que em contrapartida as modalidades olímpicas, sofrem com a falta de atualiza- ção de sua legislação. Não é objetivo deste capítulo procurar identificar todas as demais Leis que poderíamos chamar de satélites ao esporte, ou seja, que de uma maneira ou ou- tra influenciam as ações atuais, mas levantar as principais e que determinaram os destinos do esporte no País. É fato que em nossa última Lei que «Institui normas gerais sobre desporto e dá outras providências», que foi a Lei Pelé, fez em 2019, 21 anos em vigor. Sua última alteração foi para regulamentar a profissão de árbitro de futebol e dar outras providências há quase 6 anos atrás. Aos de boa memória, a Lei Pelé foi promulgada com o pensamento de resolver dois grandes problemas no Brasil: Regulamentar o passe dos joga- dores de Futebol profissional e de criar uma nova possibilidade de financia- mento para as atividades esportivas que foi a retorno do jogo por meio das casas de bingo. Sim, houveram progressos, mas falta um órgão regulador das entidades esportivas no País. O sistema esportivo brasileiro está complexo demais, na po- lítica formal, recentemente rebaixado para Secretaria de Esporte do Ministério da Cidadania, mantém Secretarias de Governo Estaduais (nem sempre exclu- sivas, mas na maioria com os menores orçamentos do estado) e Secretarias Municipais de Esporte (na maioria das vezes não são só de esporte, muitas englobam Educação, Cultura, Turismo e Esporte, e com os mesmos problemas orçamentários). Já que vivemos em um país com todas as liberdades, não há ne- nhuma hierarquia entre todos eles. Os programas esportivos são sugestionados obedecendo as possibilidades de financiamento. Sobre os Comitês, temos três: Comitê Olímpico do Brasil (COB), Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e o recém Comitê Brasileiro de Clubes (CBC) que congregam grande parte das entidades esportivas brasileiras, sem que haja qualquer hierarquia entre eles, sendo que os seus componentes: o sistema Confederativo e Federativo e os Clubes obedecem também às possibilidades de financiamento oferecida por cada um deles. Cabe uma observação neste ponto, o esporte, principalmente o olímpico, hoje está nas mãos das parcas verbas advindas dos governos em suas três ins- tâncias, e das loterias, pela Lei Agnelo / Piva. Mesmo que as Confederações, Federações, Ligas e Entidades de Prática Esportiva tenham suas receitas pró- prias, o sistema está muito dependente de verbas governamentais, deixando assim de ser independente e tornando o esporte amador brasileiro muito instá- vel e sem previsão futura. Aspectos legais no esporte 49 A Lei ainda possibilita que em cada Município existam os seus próprios sis- temas esportivos, e formalmente não é de nosso conhecimento alguma cidade que adotou esta prática, nem mesmo de algum estado que resolveu criar seu próprio sistema. Ou seja, o dinheiro é quem manda, e ser o principal gestor destas entida- des transfere um poder muito grande sobre os caminhos do esporte. O fato é que na prática, reunindo um grupo de abnegados competido- res de alguma modalidade esportiva, criando um estatuto que respeite as normas do novo código civil brasileiro, podemos fundar uma Confederação Brasileira. Depois de alguns anos de existência pode se requerer oficialmente a participação na Lei de Incentivo junto ao Secretaria Nacional de Esportes em igual proporção com alguma outra Confederação Brasileira que tem suas ligações Técnicas com as respectivas Federações Internacionais e que detém o status de “oficiais”. Vamos lembrar que sediamos uma Copa do Mundo e tivemos que criar uma Lei às pressas para oficializar diversas ações entre elas a de oficializar a CBF como a única responsável pelo Futebol Profissional no Brasil e com ligações oficiais com a FIFA. Lei 12.663 de 5 de junho de 2012. (Dispõe sobre as medidas relativas à Copa das Confederações FIFA 2013, à Copa do Mundo FIFA 2014 [...]) Podemos observar que neste mundo de liberdades no Brasil é que nas atividades mais sérias que o país desenvolve existem as agências regulado- ras que tomam contam da seriedade dos processos, determinam regras e regulamentos, e fiscalizam o mercado, desprezando-se os espaços que são dados nestes órgãos à corrupção e imaginando que elas cumprem 100% com seu papel. Possivelmente seja o momento de o
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