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Aline Cristina | Medicina veterinária - UFERSA TECIDO CONJUNTIVO O tecido conjuntivo foi assim denominado porque une tecidos, servindo para conexão, sustentação e preenchi- mento. A composição diferenciada da sua matriz ex- tracelular faz com que absorva impactos, resista à tração ou tenha elasticidade. Pode ser especializado em armazenar gordura, que é utilizada na produção de energia ou calor, ou em armazenar íons, como o Ca2+, importante em vários processos metabólicos. Ele é ainda responsável pela defesa do organismo, pela coagulação sanguínea, pela cicatrização e pelo transporte de gases, nutrientes e catabólitos. Diferentemente dos demais tipos de tecidos (epitelial, muscular e nervoso), que são formados principalmente por células, o principal constituinte do tecido conjuntivo é a matriz extracelular. As ma- trizes extracelulares consistem em diferentes com- binações de proteínas fibrosas e substancia funda- mental. Células do tecido conjuntivo As células do tecido conjuntivo propriamente dito são: as células mesenquimais, os fibroblastos, os plasmócitos, os macrófagos, os mastócitos, as células adiposas e os leucócitos. As células do tecido conjuntivo são derivadas das células mesenquimais, que são células-tronco pluripo- tentes. As células mesenquimais têm um aspecto estre- lado ou fusiforme, devido aos prolongamentos. São ca- pazes de se transformar em fibroblastos e em miofi- broblastos, contribuindo para o reparo do tecido. Produ- zem citocinas e fatores de crescimento que influenciam a diferenciação de outras células, como células epiteliais e células musculares Os Fibrobastos sintetizam as proteínas colágeno e elastina, além de glicosaminoglicanos, proteoglicanos e glicoproteínas que farão parte da matriz extracelular. Também estão envolvidas na produção de fatores de crescimento, que controlam a proliferação e a diferenciação celular. São as células mais comuns do tecido conjuntivo. Tecido conjuntivo 2 Aline Cristina | Medicina veterinária - UFERSA Os Macrófagos se derivam das mesmas células percursoras da medula óssea que se dividem produzindo os monócitos, os quais circulam no sangue. Essas células penetram no tecido conjuntivo e amadurecem se transformando em macrófagos. Estão distribuídos na maioria dos órgãos e constituem o sistema fagocitário mononuclear. Os macró- fagos atuam como elementos de defesa. Eles fagocitam restos celu- lares, fragmentos de fibras da ma- triz extracelular, células neoplási- cas (cancerosas), bactérias e ele- mentos inertes que penetram o or- ganismo. Os macrófagos também são células secretoras capazes de produzir uma impressionante vari- edade de substâncias que partici- pam nas funções de defesa e re- paro dos tecidos. Em algumas regiões, os ma- crófagos recebem nomes especiais, por exemplo, células de Kupffer no fígado, micróglia no sistema nervoso central, células de Langerhans na pele, e osteoclastos no tecido ósseo. Os Mastócitos são amplamente distribuídos pelo corpo, porém são particularmente abundantes na derme e nos tratos digestivo e respiratório. O mastócito maduro é uma célula globosa, grande e com citoplasma repleto de grânulos que se coram intensamente. A principal função dos mastócitos é estocar mediadores químicos da resposta inflamatória (como a histamina, que promove aumento da permeabilidade vascular). Os mastócitos também colaboram com as reações imunes e têm um papel fundamental na inflamação, nas reações alérgicas e nas infestações parasitárias. Os Plasmócitos são células grandes e ovoides que contêm um citoplasma basófilo que reflete sua ri- queza em retículo endoplasmático granuloso. São células derivadas dos linfócitos B e responsá- veis pela síntese de anticorpos. São pouco nume- rosos no tecido conjuntivo normal, exceto nos lo- cais sujeitos à penetração de bactérias e proteí- nas estranhas, como a mucosa intestinal. São abundantes nas inflamações crônicas. Os leucócitos são os glóbulos brancos, que migram através da parede de capilares e vênulas pós-capilares, do sangue para os tecidos conjunti- vos, por um processo chamado diapedese. Esse processo aumenta muito durante as invasões lo- cais de microrganismos, uma vez que os leucóci- tos são células especializadas na defesa contra microrganismos agressores. As Células adiposas são células do tecido conjuntivo que se tornaram especializadas no armazena- mento de energia na forma de triglicerídios. 3 Aline Cristina | Medicina veterinária - UFERSA Fibras do Tecido Conjuntivo As fibras de tecido conjuntivo são formadas por proteínas que se polimerizam formando estruturas muito alongadas. Os três tipos principais de fibras do tecido conjuntivo são as colágenas, as reticulares e as elásticas. As fibras colágenas e as fibras reticulares são formadas pela proteína colágeno e as fibras elásticas são compostas principalmente pela proteína elastina. Na realidade existem apenas dois sistemas de fibras: o sistema colágeno, constituído por fibras colágenas e reti- culares, e o sistema elástico, formado pelas fibras elásticas, elaunínicas e oxi- talânicas. O colágeno é o tipo mais abun- dante de proteína do organismo. Nos colágenos tipos l, ll e lll as moléculas de tropocolágeno se agre- gam em subunidades (microfibrilas) que se juntam para formar fibrilas. Nos colágenos do tipo l e do tipo III, essas fibrilas se associam para formar fibras. O colágeno do tipo II, observado na cartilagem, forma fibrilas, mas não forma fibras. O colágeno do tipo IV, en- contrado nas lâminas basais, não forma fibrilas nem fibras. Neste tipo de colágeno as moléculas de tropoco- lágeno se associam de um modo peculiar, formando uma trama complexa que lembra a estrutura de uma "tela de galinheiro''. As fibras colágenas feitas de colágeno tipo I são as fibras mais numerosas no tecido conjuntivo. No estado fresco estas fibras têm cor branca, conferindo esta cor aos tecidos nos quais predominam como as aponeuroses e os tendões. As fibras reticulares são formadas predominantemente por colágeno do tipo III. Elas são extrema- mente finas, são particularmente abundantes em músculo liso, endoneuro e em órgãos hematopoéticos como baço, nódulos linfáticos, medula óssea vermelha. 4 Aline Cristina | Medicina veterinária - UFERSA Tipos de tecidos conjuntivos Tecido conjuntivo propriamente dito Há duas classes de tecidos conjuntivos propriamente ditos: o frouxo e o denso. O tecido conjuntivo frouxo suporta estruturas normalmente sujeitas a pressão e atritos pequenos. É um tecido conjuntivo muito comum que preen- che espaços entre grupos de células musculares, suporta células epiteliais e forma camadas em tomo dos vasos sanguíneos. O tecido conjuntivo frouxo tem uma consistência delicada, é flexível, bem vascularizado e não muito re- sistente a trações. Tecido conjuntivo denso é adaptado para oferecer resistência e prote- ção aos tecidos. É formado pelos mesmos componentes encontrados no te- cido conjuntivo frouxo, entretanto, existem menos células e uma clara predo- minância de fibras colágenas. O tecido conjuntivo denso é menos flexível e mais resistente à tensão que o tecido conjuntivo frouxo. Quando as fibras colágenas são organizadas em feixes sem uma orientação definida, o tecido chama- se denso não modelado. Neste tecido, as fibras formam uma trama tridimensional, o que lhes confere certa resistência às trações exercidas em qualquer direção. Este tipo de tecido é encontrado, por exemplo, na derme profunda da pele. O tecido denso modelado apresenta feixes de co- lágeno paralelos uns aos outros e alinhados com os fi- broblastos. Trata-se de um conjuntivo que formou suas fibras colágenas em resposta às forças de tração exercidas em um determinado sentido. Os tendões representam o exemplo típico de conjuntivo denso modelado. 5 Aline Cristina | Medicinaveterinária - UFERSA Tecido adiposo O tecido adiposo é um tipo especial de conjuntivo no qual se observa predominância de células adiposas (adipó- citos). Essas células podem ser encontradas isoladas ou em pequenos grupos no tecido conjuntivo frouxo, porém a maioria delas forma grandes agregados, constituindo o tecido adiposo distribuído pelo corpo. O tecido adiposo é o maior depósito corporal de energia, sob a forma de triglicerídios. As células hepáticas e o músculo esquelético também acumulam energia, mas sob a forma de glicogênio. Como os depósitos de glicogênio são menores, os grandes depósitos de triglíceridios do tecido adiposo são as princi- pais reservas de energia do organismo. Os triglícerídios são mais eficientes como reserva energética porque for- necem 9,3 kcal/g contra apenas 4,I kcal/g fornecidas pelo glicogênio. Além do papel energético, o tecido adiposo tem outras funções. Locali- zado sob a pele, modela a superfície, sendo em parte responsável pelas dife- renças de contorno entre os corpos da mulher e do homem. Forma também coxins absorventes de choques, principalmente na planta dos pés e na palma das mãos. Como as gorduras são más condutoras de calor, o tecido adiposo contribui para o isolamento térmico do organismo. Além disso, preenche espa- ços entre outros tecidos e auxilia a manter determinados órgãos em suas posições normais. Há duas variedades de tecido adiposo, uma delas é o tecido adiposo comum, amarelo ou unilocular, cujas células, quando completamente desenvolvidas, contêm apenas uma gotícula de gordura que ocupa quase todo o citoplasma, e a outra é o tecido adiposo pardo, ou multilocular, formado por células que con- têm numerosas gotículas lipídicas e muitas mitocôndrias. 6 Aline Cristina | Medicina veterinária - UFERSA Tecido adiposo unilocular A cor do tecido unilocular varia entre o branco e o amarelo-escuro, dependendo da dieta. Essa colora- ção deve-se principalmente ao acúmulo de carotenos dissolvidos nas gotículas de gordura. Praticamente todo o tecido adiposo encontrado em humanos adultos é do tipo unilocular; seu acúmulo em determinados locais é influenciado pelo sexo e pela idade do indivíduo. Esse tecido forma o panículo adiposo, camada disposta sob a pele, e que é de espessura uniforme por todo o corpo do recém- nascido. Com a idade, o panículo adiposo tende a desaparecer de certas áreas, desenvolvendo-se em outras. As células adiposas uniloculares são grandes e esféricas, com núcleo periférico e achatado, apresentando grande espaço no citoplasma. Possuem septos de conjuntivo, que contêm vasos e nervos. A vascularização do tecido adiposo é muito abundante quando se considera a pequena quantidade de citoplasma funcio- nante. O tecido adiposo unilocular é também um órgão secretor. Sintetiza várias moléculas como a leptina, que são transportadas pelo sangue. Essa molécula participa da regulação da quantidade de tecido adiposo no corpo e da ingestão de alimentos. A leptina atua principalmente no hipotálamo, diminuindo a ingestão de alimentos e aumentando o gasto de energia. As células adiposas uniloculares se originam no embrião, a partir de células derivadas do mesênquima, os lipoblas- tos. Essas células são parecidas com os fibroblastos, porém logo acumulam gordura no seu citoplasma. As gotículas lipídicas são inicialmente separadas umas das outras, porém muitas se fundem, formando a gotícula única característica da célula adiposa unilocular. 7 Aline Cristina | Medicina veterinária - UFERSA Tecido adiposo multilocular O tecido multilocular é também chamado de tecido adiposo pardo, por sua cor característica. Essa cor se deve à vascularização abundante e às numerosas mitocôndrias encontradas em suas células. Ao contrário do tecido unilocular, que é encontrado por quase todo o corpo, o tecido pardo é de distribuição limitada, localizando-se em áreas determinadas. Esse tecido é abundante em animais que hibernam. No feto humano e no recém-nascido, o tecido adiposo multilocular apresenta localização bem determinada. Como esse tecido não cresce, sua quantidade no adulto é extremamente reduzida. As células do tecido adiposo multilocular são menores do que as do tecido adi- poso unilocular e têm forma poligonal. O citoplasma é carregado de gotículas lipídicas de vários tamanhos e contém numerosas mitocôndrias. O tecido adiposo multilocular é especializado na produção de calor, tendo pa- pel importante nos mamíferos que hibernam. Na espécie humana, a quantidade desse tecido só é significativa no recém-nascido, tendo função auxiliar na termorregulação. Ao ser estimulado pela liberação de norepinefrina nas terminações nervosas abundantes em torno das suas células, o tecido adiposo multilocular acelera a lipólise e a oxidação dos ácidos graxos. A oxidação dos ácidos graxos produz calor e não ATP, como a dos tecidos em geral, porque as mitocôndrias do tecido multilocular apresentam, nas suas membranas internas, uma proteína transmembrana cha- mada termogenina ou UCP l. O calor aquece o sangue contido na extensa rede capilar do tecido multilocular e é distribu- ído por todo o corpo, aquecendo diversos órgãos.
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