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, A pr Pla Tema 01 Planejamento: fundamentos e interpretações LEITURAOBRIGATÓRIA Planejamento: fundamentos e interpretações Este tema foi elaborado tendo como base a Parte I, Fundamentos, de seu Livro-Texto, ática do planejamento participativo do autor Danilo Gandin, p. de 13 a 20. O autor trata da importância do planejamento educacional, mas destaca que, ao tratar da escola, refere-se aos demais setores da ação social, ou seja, a política, o sindicalismo, a religião e suas manifestações, e o governo. Para o autor, quando se pensa a relação da escola com a sociedade, são diversos os pensamentos que surgem e estes representam correntes filosóficas, científicas, ideológicas ou simplesmente o senso comum. Tais pensamentos podem ser completos e globalizantes ou restritos, porém, todos possuem verdades que contribuem para explicar a realidade. Ao fundamentar a necessidade de planejamento, principalmente no âmbito educacional, o autor discorre sobre pensamentos que pontuam diferentes visões de educação, escola e sociedade. Uma interpretação ingênua e bastante usual pode ser exemplificada com a afirmação ”boa escolarização produz bons cidadãos, boas pessoas”. Ou seja, boa educação – boa sociedade. “Como não há uma boa educação, não há uma boa sociedade”. Essa corrente expressa o pensamento conservador, em que a boa sociedade é aquela na qual a harmonia prevalece acima de tudo e o conflito não aparece sob forma alguma. 6 LEITURAOBRIGATÓRIA Acreditam que a desigualdade entre as pessoas faz parte da natureza humana. Nessa linha de pensamento, “a pirâmide social não deve ser questionada”, porque é “assim mesmo”. A função da educação é contribuir para que o educando possa ascender nessa pirâmide com o próprio esforço, reforçando a tese de que um bom sistema escolar constrói uma sociedade boa. Uma segunda interpretação da relação escola–sociedade parte de um critério, ou seja, uma finalidade: o desenvolvimento. Nessa linha de pensamento encontram-se os economistas e demais profissionais, que consideram que a “educação é investimento, porque a sociedade cresce, desenvolve-se na proporção direta do investimento em educação”. Dessa forma, a escola é indicada como investimento para a formação de mão de obra, com vistas ao desenvolvimento da sociedade. Para Gandin (2011, p. 14), essas duas correntes, com possibilidades de várias subdivisões, acreditam basicamente que a relação entre a escola e a sociedade é a de que são possíveis transformações sociais a partir de mudanças na escola, que é possível introduzir alterações significativas na escola sem que tais alterações estejam antes na sociedade. A terceira interpretação apresentada pelo autor é completamente oposta no que diz respeito ao entendimento sobre a relação escola–sociedade. Enquanto as duas primeiras sublinham a força da escola, esta terceira diz que a escola é simplesmente uma função da sociedade ou reflexo dessa sociedade em um determinado momento. Tal pensamento nasce da reflexão dos sociólogos, cujo critério é a busca da igualdade social. Os adeptos dessa corrente questionam: “as escolas podem ajudar na igualdade social numa sociedade de desigualdades?”. A resposta encontrada é que nenhum sistema educativo pode ser significativamente diferente, melhor ou pior do que é esta mesma sociedade. Gandin (2011, p. 16) pontua a questão da reprodução, de forma que os processos educacionais podem ser entendidos como reflexos da hierarquia de valores de uma dada sociedade, independente desta ser socialista ou capitalista. Isso vale para outras instituições além da escola e para outros setores além do educativo. Nessa perspectiva, o processo de reprodução pode ser consciente ou não, tendo um discurso diferente de sua prática. Para o autor, as pessoas que trabalham em educação podem ser caracterizadas tendo como critérios o modo como percebem essa situação e a prática que nela realizam. De forma resumida, seguem as características apontadas por Gandin (2011, p. 16): 7 LEITURAOBRIGATÓRIA 1. Os que não se dão conta da incoerência entre o que se diz e o que se faz. Pertencem ao grupo dos conservadores. 2. Os que se dão conta dessa situação, mas que, por comodismo, por interesse, por “boa vontade” ou por convicção, desejam que tudo siga como está. 3. Os que se dão conta dessa prática reprodutiva, estudam-na e querem transformações de maior ou menor envergadura. Para Gandin, do ponto de vista prático e incluindo todas as possibilidades – dos que se dão conta e dos que nem suspeitam que não fazem o que querem –, há três tipos de ações: a) Dos extremos conservadores: para os quais não há distinção entre a realidade desejada e a existente. b) Dos extremos revolucionários: para os quais não há ponto de contato entre a realidade desejada e a realidade existente. c) Dos que querem mudanças a partir do que existe: para os quais a realidade desejada e a realidade existente têm pontos discordantes. Para se pensar no planejamento político-social, as pessoas que se encontram representadas pela alternativa C são as mais propensas a buscar uma ação transformadora, tendo como meio o campo de trabalho em que se atua. Gandin assevera que se trata de uma transformação que envolve o crescimento da consciência crítica. Assim, o grupo, o movimento ou a instituição deve compreender que se encontra, sempre, num processo de reproduzir. Se as pessoas envolvidas não querem viver essa função sem questionamento, é radicalmente importante um posicionamento firme, claro e eficaz de impor a seu trabalho um cunho transformador. Para o autor, a forma de fazer isto é reproduzindo. Mas não se trata de uma reprodução ingênua, com base no senso comum ou na ideologia, mas reproduzindo o que se escolheu, com firmeza da opção crítica, teórica e com metodologias eficazes. Como isso pode ser feito? Gandin afirma que pode ser feito por meio de um processo de planejamento no qual o mais importante seja a tensão, a dialética entre a realidade existente e a realidade desejada. Nessa perspectiva, a possibilidade de transformação em dada sociedade se dá por meio das ideias divergentes e na hierarquia de valores contraditórios. Assim, para Gandin, é possível cultivar o que já está em semente ou em surgimento nessa mesma sociedade, através do processo de reprodução consciente e livre. Entende-se, 8 LEITURAOBRIGATÓRIA por esse processo de reprodução, que a sociedade desejada exige um projeto educativo novo para atingir uma prática transformadora; é um processo de construção cujo caminho perpassa pelo planejamento. Para relacionar a discussão por ele apresentada ao serviço social, reporta-se a Faleiros (2009), que situa sua análise em uma perspectiva de totalidade e essa análise implica a busca de contradições e determinações fundamentais de uma problemática, que em outra perspectiva seria fragmentada. Sendo assim, a atuação profissional, vista sob a ótica da totalidade, coloca-se na mediação entre forças sociais e de forma comprometida com uma delas na solução de problemas. Para Faleiros (2009), Essas forças constituem-se a partir de suas praticas, que, por sua vez, inserem- se e explicam-se pela própria produção do capital e dos homens nesse modo de produção. A produção dos homens e sua reprodução, a produção e reprodução de seus problemas não são isoladas da produção e da reprodução do próprio capital e das relações de dominação que isso implica. (FALEIROS, 2009, p. 88). Ao tratar a relação meio–fim no trabalho social, Faleiros (2009) afirma que a opção objetiva por determinados fins profissionais implica, portanto, sua situação nessa relação de poder e saber dentro do contexto social global, do desenvolvimento do estado e de suas políticas. Nesse sentido, A atividade humana e as relações entreos indivíduos implicam relações de forças e portanto estratégias e táticas [...], o estabelecimento do fim e dos objetivos profissionais supõe uma análise das condições em que se realiza a própria atuação. Entre elas estão os limites institucionais como também os espaços aí disponíveis e as estratégias possíveis. [...] Numa sociedade complexa é preciso determinar, portanto, quais são os interesses em jogo em relação ao problema específico e assim as funções profissionais podem ser teoricamente esclarecidas. (FALEIROS, 2009, P. 89). Considerando o contexto brevemente pontuado, assevera-se que a ação social ou a intervenção profissional do assistente social insere-se em uma sociedade permeada por relações complexas. As problemáticas por ele enfrentadas são polos em torno dos quais há interesses em questão. Nesse sentido, Faleiros afirma que: 9 LEITURAOBRIGATÓRIA A modificação e a transformação dessas problemáticas não depende, portanto, de soluções exclusivamente tecnocráticas, de recursos específicos, mas de transformação ou relações que vão além da simples relação profissional. Essa perspectiva é que pode permitir a renovação do trabalho social. Com isto pode-se superar as visões gerais dos problemas, assim como a submissão ao pragmatismo imediatista e ao oportunismo paternalista. As funções do Serviço Social não se fundam, portanto, numa simples sociologia ou numa historiografia, mas numa análise das forças em presença no desenvolvimento global da sociedade. (FALEIROS, 2009, p. 91). Resumindo, para que o profissional de Serviço Social tenha uma atuação profissional competente, é preciso que traga em sua bagagem o conhecimento histórico da sociedade capitalista, bem como das lutas e das forças que comandam a vida em sociedade, de forma que seu conhecimento técnico tenha respaldo teórico e compromisso com o projeto ético- político da profissão. 10 AGORAÉASUAVEZ Instruções: Chegou a hora de você exercitar seu aprendizado por meio das resoluções das questões deste Caderno de Atividades. Essas atividades auxiliarão você no preparo para a avaliação desta disciplina. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido e para o modo de resolução de cada questão. Lembre-se: você pode consultar o Livro-Texto e fazer outras pesquisas relacionadas ao tema. Questão 1: No texto de Danilo Gandin você pode ve- rificar a intenção de fundamentar a neces- sidade de planejamento, principalmente no âmbito educacional. O autor discorre sobre pensamentos que pontuam diferentes vi- sões de educação e sociedade. Uma das visões apresentadas, cuja interpretação é ingênua e bastante usual, pode ser exem- plificada com a afirmação ”boa escolariza- ção produz bons cidadãos, boas pessoas”. Ou seja, boa educação – boa sociedade. “Como não há uma boa educação, não há uma boa sociedade”. Essa corrente ex- pressa o pensamento conservador, em que a boa sociedade é aquela na qual a har- monia prevalece acima de tudo e o confli- to não aparece sob forma alguma. O autor acrescenta ainda que nessa linha de pen- samento, “a pirâmide social não deve ser 11 AGORAÉASUAVEZ questionada”, porque é “assim mesmo”. A função da educação é contribuir para que o educando possa ascender nessa pirâmide com o próprio esforço, reforçando a tese de que um bom sistema escolar constrói uma sociedade boa. Considerando sua visão de mundo e da sociedade, sua vivência como estudante e sua experiência enquanto acadêmico na modalidade a distância, descreva sua opinião sobre a visão conservadora da educação, bem como sobre o futuro da educação e qual o papel do educador na atualidade (mínimo de 15 linhas). Questão 2: A afirmação ”boa escolarização produz bons cidadãos, boas pessoas”, representa uma das visões de educação e sociedade, apresentada por Danilo Gandin. Assinale a alternativa que indica qual é a corrente de pensamento que essa visão expressa: a) Conservador. b) Moderno. c) Desenvolvimentista. d) Transformação social. e) Globalizante. Questão 3: Uma segunda interpretação da relação es- cola–sociedade, na visão de Danilo Gan- din, é feita a partir de um ponto de vista, de um critério, ou seja, uma finalidade: . Assinale a alternativa correta que completa a frase. a) a igualdade. b) o desenvolvimento. c) o crescimento econômico. d) a escolarização. e) o planejamento. Questão 4: Assinale as alternativas com V para verda- deiro e F para falso. De acordo com Faleiros: ( ) A atividade humana e as relações entre os indivíduos implicam relações de forças e, portanto, estratégias e táticas. ( ) O estabelecimento do fim e dos obje- tivos profissionais supõe uma análise das condições em que se realiza a própria atu- ação. ( ) Numa sociedade complexa é preciso determinar, portanto, quais são os interes- ses em jogo em relação ao problema es- pecífico, e assim as funções profissionais podem ser teoricamente esclarecidas. 12 AGORAÉASUAVEZ ( ) Numa sociedade complexa as funções profissionais são teoricamente resolvidas, pois não existem interesses em jogo. a) F, V, V, F. b) V, F, V, V. c) V, V, V, F. d) V, V, F, F. e) V, F, F, F. Questão 5: Em uma segunda interpretação da relação escola–sociedade, apresentada por Dani- lo Gandin, encontram-se os economistas e demais profissionais, que consideram que a “educação é , Questão 6: Gandin (2011, p. 16) pontua a questão da reprodução, de forma que os processos educacionais podem ser entendidos como reflexos da hierarquia de valores de uma dada sociedade, independente desta ser socialista ou capitalista. Isso vale para outras instituições além da escola e para outros setores além do educativo. Nessa perspectiva, o processo de reprodução pode ser consciente ou não, tendo um discurso diferente de sua prática. Para Gandin, as pessoas que trabalham em educação podem ser caracterizadas tendo como critérios o modo como percebem essa situação e a prática que nela realizam. Descreva as características apontadas por porque a cresce, Gandin. desenvolve-se na proporção direta do em educação”. Assinale a alternativa que completa as la- cunas de acordo com o texto. a) desenvolvimento, população, investimento. b) necessária, população, investimento. c) imprescindível, sociedade, investimento. d) o futuro, a população, investimento. e) investimento, sociedade, investimento. Questão 7: Para Gandin, para os grupos, movimentos ou instituições que compreendem que se encontram sempre num processo de reproduzir, torna-se radicalmente importante um posicionamento firme, claro e eficaz de impor a seu trabalho um cunho transformador. Para o autor, a forma de fazer isso é reproduzindo, já que não existe outra alternativa possível. Mas não se trata de uma reprodução ingênua, com base no senso comum ou na ideologia, mas reproduzindo o que se escolheu, com 13 AGORAÉASUAVEZ firmeza da opção crítica, teórica e com metodologias eficazes. Com base no texto, responda como isso pode ser feito? Questão 8: Faleiros (2009) apresenta uma discussão cuja análise situa-se em uma perspectiva de totalidade. A análise sob essa perspectiva implica o quê? Questão 9: A atuação profissional do assistente social, vista sob a ótica da totalidade, coloca-se na mediação entre forças sociais e de forma comprometida com uma delas na solução de problemas. Para Faleiros (2009), como se constituem essas forças? Questão 10: Para Faleiros (2009), a intervenção profissional do assistente social insere-se em uma sociedade permeada por relações complexas. As problemáticas porele enfrentadas são polos em torno dos quais há interesses em questão. Na visão do autor, qual é a perspectiva que pode permitir uma renovação do trabalho social? 14 FINALIZANDO Neste tema, você pôde aprender e refletir sobre os fundamentos do planejamento, as correntes de pensamento que interpretam a relação escola–sociedade, a sociedade existente, o processo de reprodução e as características e as principais ações das pessoas que atuam na educação ou em áreas afins. Viu que é fundamental a conquista de uma visão crítica da realidade para uma prática transformadora e a construção de uma sociedade desejada. Também pode refletir nas relações que envolvem a atuação do assistente social, que atua com as problemáticas oriundas de uma sociedade complexa, e que, segundo Faleiros (2009), “a modificação e a transformação dessas problemáticas não depende de soluções exclusivamente tecnocráticas, de recursos específicos, mas de transformação ou relações que vão além da simples relação profissional. Essa perspectiva é que pode permitir a renovação do trabalho social”. Caro aluno, agora que o conteúdo dessa aula foi concluído, não se esqueça de acessar sua ATPS e verificar a etapa que deverá ser realizada. Bons estudos! 15 GLOSSÁRIO Planejamento: planejamento é um processo contínuo e dinâmico que consiste em um conjunto de ações intencionais, integradas, coordenadas e orientadas para tornar realidade um objetivo futuro, de forma a possibilitar a tomada de decisões antecipadamente. Estratégia: arte de aplicar os meios disponíveis ou explorar condições favoráveis com vista a objetivos específicos. Planejamento estratégico: é uma metodologia gerencial que permite estabelecer a direção a ser seguida pela organização e a definição de meios para se realizar um objetivo. Reprodução social: processo mediante o qual uma sociedade, através de diversos mecanismos, reproduz a sua própria estrutura. Totalidade: perspectiva de trabalho para compreender a realidade nas suas contradições e transformá-las praticamente. Pragmatismo: doutrina segundo a qual as ideias são instrumentos de ação que só valem se produzirem efeitos práticos. 16 GABARITO Questão 1 Resposta: Nesta questão a resposta é livre, pois pretende-se que o aluno relate, considerando seu conhecimento e sua vivência. Questão 2 Resposta: Alternativa A. Justificativa: Ao fundamentar a necessidade de planejamento, principalmente no âmbito educacional, o autor discorre sobre pensamentos que pontuam diferentes visões de educação, escola e sociedade. A interpretação pontuada nesta questão expressa o pensamento conservador, onde a boa sociedade é aquela em que a harmonia prevalece acima de tudo e o conflito não aparece sob forma alguma. Questão 3 Resposta: Alternativa B. Justificativa: A frase completa consta no texto. Segundo o autor, o desenvolvimento é posto como um critério ou finalidade. Nessa linha de pensamento encontram-se os economistas e demais profissionais, que consideram que a “educação é investimento, porque a sociedade cresce, desenvolve-se na proporção direta do investimento em educação”. Questão 4 Resposta: Alternativa C. Justificativa: As frases consideradas verdadeiras constam no texto do autor e estão contempladas também no item Leitura Obrigatória deste caderno. A única frase falsa não consta no texto. 17 GABARITO Questão 5 Resposta: Alternativa E. Justificativa: A questão 5 solicita o preenchimento das lacunas. A frase completa consta no texto do autor e no item Leitura Obrigatória. Questão 6 Resposta: As características apontadas por Gandin são: 1. Os que não se dão conta da incoerência entre o que se diz e o que se faz. Pertencem ao grupo dos conservadores. 2. Os que se dão conta dessa situação, mas que, por comodismo, por interesse, por “boa vontade” ou por convicção, desejam que tudo siga como está. 3. Os que se dão conta dessa prática reprodutiva, estudam-na e querem transformações de maior ou menor envergadura. Questão 7 Resposta: Gandin afirma que pode ser feito por meio de um processo de planejamento, no qual o mais importante seja a tensão, a dialética entre a realidade existente e a realidade desejada. Nessa perspectiva, a possibilidade de transformação em dada sociedade se dá por meio das ideias divergentes e na hierarquia de valores contraditórios. Assim, para Gandin, é possível cultivar o que já está em semente ou em surgimento nesta mesma sociedade, através do processo de reprodução consciente e livre. Questão 8 Resposta: A análise sob a perspectiva de totalidade implica na busca de contradições e determinações fundamentais de uma problemática, que em outra perspectiva seria fragmentada. Questão 9 Resposta: Essas forças constituem-se a partir de suas práticas, que, por sua vez, inserem- se e explicam-se pela própria produção do capital e dos homens nesse modo de produção. A produção dos homens e sua reprodução, a produção e reprodução de seus problemas não 18 GABARITO são isoladas da produção e da reprodução do próprio capital e das relações de dominação que isso implica. (FALEIROS, 2009, p. 88). Questão 10 Resposta: Segundo Faleiros, a modificação e a transformação dessas problemáticas não dependem de soluções exclusivamente tecnocráticas, de recursos específicos, mas de transformação ou relações que vão além da simples relação profissional. Essa perspectiva é que pode permitir a renovação do trabalho social. Com isso se pode superar as visões gerais dos problemas, assim como a submissão ao pragmatismo imediatista e ao oportunismo paternalista. As funções do serviço social não se fundam, portanto, numa simples sociologia ou numa historiografia, mas numa análise das forças em presença no desenvolvimento global da sociedade. (FALEIROS, 2009, p. 91). e Tema 02 Crise: o planejamento estratégico e participativo como resposta LEITURAOBRIGATÓRIA Crise: o planejamento estratégico e participativo como resposta Este tema aborda os conteúdos situados na Parte I, no capítulo denominado Crise e Respostas: planejamento estratégico, qualidade total e planejamento participativo, páginas 21 a 31 do Livro-Texto. Esta temática vai lhe proporcionar a compreensão das crises que marcaram a humanidade e a crise na contemporaneidade. O autor relaciona as crises com a hierarquia de valores para discorrer sobre as crises econômicas, sociais, de valores e institucionais. Aponta as questões que geram as crises e situa o planejamento como uma das tentativas de resposta a tais questões. Os períodos de crise, alguns calmos e outros que levaram a maiores transformações, exigem a tomada e a retomada de decisões, mudanças, opções e redefinição de rumos – enquanto povo e humanidade. O processo de enfrentamento aos períodos de crise gera a demanda de planejamento. Sempre se ouviu falar em crise, crise econômica, crise mundial, mas qual é o seu entendimento sobre esse assunto? Para compreender a crise na contemporaneidade, faz- se necessário o entendimento de seu conceito. Segundo o dicionário Aurélio, crise pode ser definida como: manifestação repentina de ruptura do equilíbrio. Fase difícil, grave, 6 , LEITURAOBRIGATÓRIA na evolução das coisas, dos acontecimentos, das ideias. Manifestação violenta de um sentimento. Período de instabilidade financeira, política ou social. Para Gandin (2011, p. 21), quem melhor expressou o que seja crise foi Walter Benjamin, quando diz que ela é um momento em que os valores estabelecidos já não resolvem os problemas nem trazem a necessária segurança à caminhada, ao mesmo tempoem que os valores novos não se firmaram ainda suficientemente, não produziram ainda resultados claros e, por isso, não podem trazer nova segurança no caminho. Gandin aponta a hierarquia de valores, uma vez que “mudadas as circunstância de vida do homem, os valores se reorganizam em nova escala. Assim, a participação, por exemplo, passa a estar mais evidente e mais forte para resolver problemas da humanidade do que a ordem”. Dessa forma, o autor afirma que a crise está no fato de que nem todos (instituições, grupos, movimentos) aceitam a mesma hierarquia de valores e que não há, para a humanidade como um todo, uma escala de valores superior a todos e assim, inquestionável. Para o autor, a hierarquia de valores influencia os períodos de crise ou calma. A humanidade tem períodos calmos quando a hierarquia de valores está consolidada, quando o momento é de crescimento e as lutas são localizadas. Outros períodos apresentam transformações mais profundas, fruto de insatisfações e questionamentos mais gerais. Assim, pequenas reformas ou grandes revoluções têm relação com as mudanças na hierarquia de valores e são feitas para preservar ou para recuperar algo considerado absolutamente necessário à condição humana. Gandin discorre sobre a nova crise fazendo referência à crise que ocorreu no Renascimento e aos resultados verificados no século XX. Tais resultados levam a grandes questionamentos, como os apontados pelo autor, que fazem refletir: por que a miséria? Por que as pessoas se sentem presas? Por que a violência? Por que a destruição da natureza? Por que não se consegue fugir da guerra? Por que os bens econômicos são os centrais nessa cultura? Os questionamentos indicam as expressões da questão social e estas são a matéria fundante do trabalho do assistente social. São vários os questionamentos e muitas tentativas de resposta. O autor aponta o planejamento como contribuição a essas tentativas. Aborda as três grandes linhas do planejamento: o gerenciamento da qualidade total, o planejamento estratégico e o planejamento participativo, que se somam ao planejamento operacional consagrado, burocrático, sem perspectiva e ainda muito utilizado. 7 LEITURAOBRIGATÓRIA Para Gandin, as linhas de planejamento estão estreitamente envolvidas com três grandes questões, que são a qualidade, a missão e o poder, de forma que em cada uma dessas questões estão presentes as linhas de planejamento. Dessa forma, cabe destacar cada uma delas, de acordo com o texto do autor. O Gerenciamento da Qualidade Total apresenta um caráter conservador, as mudanças que propõe são para aperfeiçoar o processo de produção (período industrial e pós-industrial). O mundo é um processo econômico. De acordo com o autor, a análise social que daí decorre é a de que a produção econômica atingiu níveis quantitativos suficientes, que as empresas e os países necessitam competitivamente, e que esta competitividade só será eficiente no campo da qualidade. O foco era na produção e no produto. Nos últimos anos verifica-se uma grande mudança, o foco passa a ser a avaliação da qualidade do processo, de forma que o trabalho é que deve ser de qualidade. O foco passa a ser a capacidade humana das pessoas envolvidas nesse processo e aí esse modelo incorpora as ideias de missão e de participação. O autor explicita as características desse modelo, as quais registram-se, de forma resumida: não inclui proposta social ou pedagógica, tem como horizonte o lucro, busca a eficiência, mantém esquemas hierárquicos bem definidos, o poder é paternalista, a participação é limitada, não discute os resultados, as tarefas, resultados e procedimentos são padronizados e não se discutem critérios para a determinação do que seja qualidade. O Planejamento Estratégico contempla a questão da qualidade e da participação. A qualidade é proposta de maneira mais ampla e aberta e a participação fica no nível de decisão. O Planejamento Participativo, enquanto metodologia e/ou processo técnico, abre espaços para a questão política. Valoriza a questão da qualidade, da missão e da participação. Esse modelo de planejamento parte da premissa de que a realidade é injusta e que isto ocorre pela falta de participação em todos os níveis e aspectos da atividade humana. Nesse sentido, a instauração da justiça social e a superação da crise passam pela participação de todos. O autor assevera ainda que esse modelo de planejamento alcançou a integração, na prática, entre planejamento operacional e o estratégico, organizando-se num todo que se constitui no que Paulo Freire chama de processo de ação-reflexão. 8 LEITURAOBRIGATÓRIA Segundo Faleiros (2009, pp. 98-99), Paulo Freire insistiu, em todos os seus trabalhos, que, O ponto de partida para a conscientização compreende dois aspectos fundamentais: a problematização e o diálogo. Para problematizar, o autor destaca a necessidade de vincular a reflexão à ação para evitar-se o verbalismo (palavras sem ação) e o ativismo (ação sem reflexão). Esses dois aspectos da conscientização interpretam-se e se situam numa concepção mais ampla, a da ação libertadora, oposta à manipulação, à conquista, à invasão cultural, à divisão. Essa ação supõe a colaboração, a união, a organização, a síntese do intelectual com as classes subalternas. (FREIRE, 1970 apud FALEIROS, 2009, PP.98-99). A obra de Paulo Freire merece leitura e reflexão, pois teve grande influencia no serviço social, nas lutas da categoria e no agir profissional dos assistentes sociais. Gandin alerta que não se pode perder de vista, em nenhum momento, que o planejamento é uma discussão sobre metodologia e sobre instrumentos: estuda e indica processos para se chegar a resultados. Para o autor, a grande conquista deste século será a participação. Um aspecto crucial da crise é o poder, quem tem poder quer reorganizar a sociedade para que se restabeleça a ordem e a tranquilidade, e nesse processo as estruturas sociais se transformam e levam o poder para outros setores, consolidando as mudanças. Ao finalizar esta leitura, podem surgir os seguintes questionamentos: mas qual a relação da crise com o serviço social? Estes conteúdos – crise, planejamentos, processos – não são mais apropriados para um curso de administração? Esse contexto é pertinente à maioria dos cursos. O entendimento da crise vai além do serviço social e abrange todas as esferas da sociedade em uma tentativa de racionalização dos processos de melhoria social. A administração dos serviços públicos diz respeito a toda a sociedade e pressupõe a participação de todos, de profissionais de várias áreas, inclusive do assistente social. O trabalho social requer planejamento, organização, teoria e método. Nesse sentido, a temática é fundamental para o serviço social, que tem na questão social a matéria-prima de seu trabalho, e como princípio a construção de uma sociedade mais democrática e justa. 9 AGORAÉASUAVEZ Questão 1: Considerando o tema desta disciplina, e em específico desta aula, faça uma refle- xão sobre sua trajetória pessoal no que se Questão 2: Para Gandin (2011) quem melhor expres- sou o que é crise foi Walter Benjamin, quando diz que “ela é um momento em que refere à sua formação e sua vida profissio- os estabelecidos já não nal. Nessa trajetória você fez uso do pla- nejamento para direcionar e atingir resulta- dos? Caso tenha enfrentado momentos de crise na vida pessoal ou profissional, que estratégias usou para enfrentá-los? Faça resolvem os problemas nem trazem a ne- cessária , ao mesmo tempo em que os não se firmaram ainda suficientemen- te, não produziram ainda resultados cla- ros e, por isso, não podem trazer nova um relato em até 15 linhas. no caminho”. 11 AGORAÉASUAVEZAssinale a alternativa que completa corre- tamente as lacunas de acordo com o texto. a) resposta, direção, resultados, crise. b) resultados, direção, problemas, direção. c) valores, segurança, valores, direção. d) valores, segurança à caminhada, valores novos, segurança. e) valores, direção a caminhada, valores, segurança. Questão 3: Para Gandin, a humanidade tem períodos de crise e outros de calma. De acordo com o autor, o que influencia esses períodos? a) As insatisfações. b) O crescimento econômico. c) A hierarquia de valores. d) A crise econômica. e) Reformas sociais. Questão 4: No texto o autor aborda as três grandes li- nhas do planejamento. I. O gerenciamento da qualidade total. II. O planejamento financeiro. III. O planejamento estratégico. IV. O Planejamento participativo. V. O planejamento econômico. Estão corretas as afirmativas: a) I, II, III, IV, V. b) I, III, IV. c) II, III, IV. d) I, II, III, V. e) I, III, V. Questão 5: Para Gandin, as linhas de planejamento estão estreitamente envolvidas com três grandes questões. Assinale a alternativa que apresenta as questões, de acordo com o texto. a) A qualidade, a visão e o compromisso. b) A qualidade, a efetividade e a eficácia. c) A qualidade, a missão e o poder. d) A hierarquia de valores, resultado e poder. e) A relação de poder, a visão e a hierarquia de valores. 12 AGORAÉASUAVEZ Questão 6: Descreva as principais características do modelo de planejamento denominado o Gerenciamento da Qualidade Total. Questão 7: De acordo com o texto, apresente quais os pontos que diferem o planejamento participativo do planejamento estratégico. Questão 8: Ao tratar do Planejamento Participativo, Gandin assevera que esse modelo de planejamento visa à participação de todos como estratégia para superação da crise e organiza-se num todo que se constitui no que Paulo Freire chama de processo de ação-reflexão. Discorra sobre esse processo, considerando a visão de Paulo Freire. Questão 9: De acordo com o texto, Gandin aponta o planejamento como uma estratégia de superação da crise. Relacione essa temática ao serviço social. Questão 10: Considerando como subsídio o artigo: O mercado de trabalho do assistente social e a crise mundial do capitalismo no século XXI: desafios contemporâneos para a intervenção profissional, indicado como leitura complementar, descreva quais os desafios postos aos assistentes sociais neste contexto de crise. 13 FINALIZANDO Neste tema você aprendeu o conceito de crise, as linhas de planejamento, suas características. Viu ainda que o autor aponta o planejamento e a participação de todos como estratégia de superação da crise. Ao refletir sobre o contexto apresentado pelo autor, pôde entender a relação deste com todas as esferas da sociedade, bem como com o serviço social. Caro aluno, agora que o conteúdo dessa aula foi concluído, não se esqueça de acessar sua ATPS e verificar a etapa que deverá ser realizada. Bons estudos! GLOSSÁRIO Hierarquia de valores: organização segundo vários graus de poder e subordinação. Crise econômica: momentos nos quais uma sociedade passa por ajustes e problemas estruturais na sua produção e distribuição das riquezas. Crise de valores: uma constante na história da humanidade. Momentos em que os valores antigos são questionados e substituídos. GABARITO Questão 1 Resposta: Essa questão é livre. Seu objetivo é levar o aluno a refletir sobre a importância do planejamento em todas as instâncias da vida. Questão 2 Resposta: Alternativa D. Justificativa: a questão 2 solicita o preenchimento das lacunas. A frase completa consta no texto do autor e no item leitura obrigatória. 15 GABARITO Questão 3 Resposta: Alternativa C. Justificativa: para o autor, a hierarquia de valores influencia os períodos de crise ou calma. A humanidade tem períodos calmos quando a hierarquia de valores está consolidada, quando o momento é de crescimento e as lutas são localizadas. Outros períodos apresentam transformações mais profundas, fruto de insatisfações e questionamentos mais gerais. Assim, pequenas reformas ou grandes revoluções têm relação com as mudanças na hierarquia de valores e são feitas para preservar ou para recuperar algo considerado absolutamente necessário à condição humana. Questão 4 Resposta: Alternativa B. Justificativa: o autor aborda as três grandes linhas do planejamento, que são: o gerenciamento da qualidade total, o planejamento estratégico e o planejamento participativo. No item leitura obrigatória deste caderno essas três linhas são destacadas e detalhadas, de acordo com o texto do autor. Questão 5 Resposta: Alternativa C. Justificativa: para Gandin, as linhas de planejamento estão estreitamente envolvidas com três grandes questões, que são a qualidade, a missão e o poder, de forma que em cada uma das questões estão presentes as linhas de planejamento. Questão 6 Resposta: Segundo o autor, este modelo apresenta um caráter conservador. O foco é na produção e no produto. Após grandes mudanças verificadas nos últimos anos, o foco passa a ser a avaliação da qualidade do processo, de forma que o trabalho é que deve ser de qualidade e o foco passa a ser a capacidade humana das pessoas envolvidas nesse processo. Esse modelo incorpora as ideias de missão e de participação. Para o autor, as características desse modelo têm como horizonte o lucro, buscam a eficiência, mantêm esquemas hierárquicos bem definidos, o poder é paternalista, a participação é limitada, não discute os resultados, as tarefas, resultados e procedimentos são padronizados e não se discutem critérios para a determinação do que seja qualidade. 16 GABARITO Questão 7 Resposta: O Planejamento Estratégico contempla a questão da qualidade e da participação. A qualidade é proposta de maneira mais ampla e aberta e a participação fica no nível de decisão. Já o Planejamento Participativo abre espaços para a questão política e valoriza a questão da qualidade, da missão e da participação. A principal diferença entre os modelos é que o planejamento participativo parte da premissa de que a realidade é injusta e que isto ocorre pela falta de participação em todos os níveis e aspectos da atividade humana, e que a superação da crise e a instauração da justiça social passam pela participação de todos. Questão 8 Resposta: Conforme registrado no texto, segundo Faleiros (2009, pp. 98-99), Paulo Freire afirma que o ponto de partida para a conscientização compreende dois aspectos fundamentais: a problematização e o diálogo. Para problematizar, o autor destaca a necessidade de vincular a reflexão à ação para evitar-se o verbalismo (palavras sem ação) e o ativismo (ação sem reflexão). Esses dois aspectos da conscientização interpretam-se e se situam numa concepção mais ampla, a da ação libertadora, oposta à manipulação, à conquista, à invasão cultural, à divisão. Essa ação supõe a colaboração, a união, a organização, a síntese do intelectual com as classes subalternas. (FREIRE, 1970 apud FALEIROS, 2009, PP.98-99). Questão 9 Resposta: Essa temática influencia todas as profissões e esferas do trabalho, inclusive o serviço social, que atua na perspectiva da conscientização, participação e defesa de direitos, independentemente se o assistente social atua na esfera pública ou privada. O trabalho social ou a intervenção profissional do assistente social, em todas as áreas de atuação, requer planejamento, organização, teoria e método. Nesse sentido, a temática é fundamental para o serviço social, que tem na questão social a matéria-primade seu trabalho, e como princípio a construção de uma sociedade mais democrática e justa. Questão 10 Resposta: Resposta livre partindo do conteúdo do texto indicado. 17 . Tema 03 Questões Básicas sobre Planejamento LEITURAOBRIGATÓRIA Questões Básicas sobre Planejamento Este tema foi elaborado com base nas páginas 32 a 42 de seu Livro-Texto. Aborda os itens O planejamento e suas questões básicas e Planejamento e Administração: a busca dos meios no rumo dos fins Seu objetivo é oportunizar a discussão sobre as dimensões dadas ao planejamento, os pontos básicos do planejamento participativo, bem como proporcionar o entendimento do que seja o planejamento político e o planejamento operacional e sua aplicabilidade geral, mas sempre com a preocupação de relacionar a especificidade do serviço social. Ao tratar o planejamento e suas questões básicas, Gandin (2009, p. 32) aponta duas dimensões dadas à inteligência da prática de um grupo ou uma instituição que, ao se arraigarem, se tornam eficazes. São elas: a) Os conteúdos que o grupo ou a instituição é capaz de conceber e operacionalizar, isto é, o conjunto de opções, de valores, de conhecimentos que constituem, para o conjunto de pessoas envolvidas, a dialética entre o horizonte e o “aqui e agora”. 8 . LEITURAOBRIGATÓRIA b) A organização ea dinâmica de relações desses conteúdos, sustentadas por metodologias, procedimentos. Modelos e técnicas de busca da coerência entre o discurso e a prática. Para o autor, o planejamento entra no processo pela segunda dimensão indicada, cuja tarefa básica é organizar um esquema ou modelo de plano. Nesse esquema, é necessário definir os aspectos a considerar, o significado de cada parte e assim o modelo ou esquema do plano. Nessa linha de pensamento, Gandin (2009, p. 33) considera os seguintes aspectos e significados: a) Realidade global existente – aponta como o grupo percebe a realidade global em seus problemas, desafios e esperanças e indica o marco situacional b) Realidade global desejada – expressa a utopia social, o “para que direção se movem” do grupo. Expõe as opções e ideais em relação ao campo da ação e a instituição (grupo ou movimento) e fundamenta essas opções em teoria, indicando assim o marco doutrinal c) Realidade desejada do campo de ação e da instituição em processo de planejamento – expressa a utopia instrumental do grupo. Expõe as opções ou ideias em relação ao campo de ação e à instituição e fundamenta essas opções em teoria, indicando assim o marco operativo . d) Realidade institucional existente – indica a realidade e a prática específica da instituição (grupo ou movimento) que se está planejando. Esse aspecto não se inclui no plano, mas se torna necessário conhecê-lo para elaborar o diagnóstico. Nessa perspectiva, o autor aponta que o confronto entre os aspectos C e D expressa o juízo que o grupo faz da sua realidade, em confronto com o ideal traçado para seu fazer. Desse julgamento (avaliação) ficam claras as necessidades da instituição e se leva ao diagnóstico de necessidades. e) Transformações propostas para a realidade institucional existente no período do plano – expressa quatro propostas: ações, comportamentos, atitudes, normas e atividades permanentes para modificar a realidade existente, com vistas a diminuir a diferença entre C e D. Essas propostas indicam a necessidade de programação e, assim, a definição de objetivos, políticas estratégicas, determinações gerais e atividades permanentes. Após a demonstração do modelo de planejamento, o autor apresenta ainda um esquema que trata os pontos básicos do planejamento participativo, cujo foco principal é demonstrar que as instituições existem para “agir” no mundo, na sociedade e na história. Esse agir pode ser improvisado e sem direção ou planejado, com direção e de forma participativa, ou seja, 9 . LEITURAOBRIGATÓRIA a partir das decisões de todas as pessoas comprometidas com a ação da instituição. Dessa forma, Gandin finaliza esse tópico pontuando as funções do planejamento, que é tornar a “ação” clara, precisa, eficiente, orgânica, direcionada e transformadora. Ao tratar do tema Planejamento e Administração, o autor aponta as principais questões que surgem na mente das pessoas ao pensar nesse tema: como fazer? Com que fazer? Indica que raras vezes se questiona o “o que fazer”, “para que fazer” e “para quem se está fazendo”. Segundo Gandin, todas são questões de planejamento e importantes, assim, devem ser colocadas em uma hierarquia que possibilite a distinção dos níveis em que o planejamento se produz. Também é preciso clareza da questão da participação e do poder, bem como da função da administração em cada um deles. Nessa perspectiva, o autor aponta dois níveis de planejamento: o político e o operacional. Para que o entendimento de ambos seja garantido, tendo em vista sua interdependência, detalham-se cada um deles, de acordo com o texto do autor. Planejamento operacional – esse nível trata dos meios, aborda o “como” e o “com que”, incluindo a pormenorização do “o que”. A ênfase está nas técnicas, instrumentos, busca da eficiência, limita-se ao curto prazo e tem no projeto, e por vezes no programa, a expressão maior. Esse tipo de planejamento serve à manutenção, à melhoria de uma estrutura tida como boa e possível de aperfeiçoamento, sobressai em época de calmaria ou quando se pensa que se está num mundo bem estruturado. Planejamento político – este é o planejamento do “para quem”, do “para quê”, incluindo o “o que” mais abrangente. Trata dos fins, é globalizante, dá ênfase à criatividade, às abordagens gerais, a busca da eficácia, realiza-se no médio e no longo prazo e tem o plano como expressão maior. Gandin (2009, p. 37) afirma que o planejamento político nutre-se na ideologia, na filosofia, nas ciências, enquanto o operacional baseia-se na técnica. O primeiro (político) busca estabelecer o rumo, firmar a missão da instituição, do grupo ou do movimento que está em planejamento; o segundo (operacional) busca encaminhar o fazer, para a realização, a vivência de tal rumo e tal missão. Sendo assim, o planejamento operacional requer pessoas preparadas para sua condução, enquanto no planejamento político o administrador deve participar como qualquer outro para que no centro desse tipo de planejamento esteja o povo. Esse entendimento é fundamental para a atuação profissional do assistente social, que tem como foco de seu trabalho a 10 LEITURAOBRIGATÓRIA participação social, mas é ímpar o entendimento de que esse foco é também posto a outras categorias profissionais, o que exige do profissional uma ação teoricamente embasada e a visão de totalidade da realidade a ser trabalhada. Com visão crítica e propositiva, torna-se possível elaborar respostas mais qualificadas, considerando tanto a perspectiva do planejamento operacional quanto do sociopolítico, bem como planejar, sistematizar e avaliar as ações ou as intervenções sociais. 11 AGORAÉASUAVEZ Questão 1: Após pontuar o planejamento e suas ques- tões básicas, o autor apresenta ainda um esquema que trata os pontos básicos do planejamento participativo, cujo foco prin- cipal é demonstrar que as instituições exis- tem para “agir” no mundo, na sociedade e na história. Esse agir pode ser improvisado e sem direção ou planejado, com direção e de forma participativa, ou seja, a partir das decisões de todas as pessoas comprometi- das com a ação da instituição. Gandin fina- liza esse tópico pontuando as funções do planejamento, que é tornar a “ação” clara, precisa, eficiente, orgânica, direcionada e transformadora. Considerando o exposto e seus conheci- mentos prévios, relacione o texto ao “agir” profissional do assistente social. Mínimode 10 linhas. Questão 2: De acordo com Avancini e Cordeiro, (arti- go indicado em Links Importantes), o pla- nejamento é uma ferramenta gerencial que proporciona a sensibilidade para identifi- car, ao longo do tempo, ações necessárias ao enfrentamento de estrangulamentos e desafios institucionais que devem ser ven- cidos. Esses desafios não se colocam ape- nas para organizações com fins lucrativos, mas também para as organizações não go- vernamentais, sem fins lucrativos; ou seja, qualquer organização – seja ela pública ou privada, com ou sem fins lucrativos – ne- cessita ter uma visão clara dos objetivos e estratégias a que se propõe. Diante disto, as organizações do terceiro setor precisam profissionalizar-se, tendo a consciência e a clareza do que pretendem realizar, en- quanto projeto coletivo percebido por to- dos, conferindo coerência ao exercício das escolhas, fundamentalmente para a integri- dade e sucesso do empreendimento. Assinale as alternativas utilizando verda- deiro (V) e falso (F), de acordo com o texto. ( ) O planejamento é uma ferramenta gerencial que pode ser utilizada por qual- quer organização, sejam elas públicas e/ ou privadas, com ou sem fins lucrativos. ( ) Por meio do planejamento as orga- nizações podem identificar as necessida- des e desafios que precisam ser venci- dos. ( ) As organizações necessitam ter uma visão clara dos objetivos e estratégias a que se propõem. ( ) As organizações do terceiro setor não precisam de planejamento para sua profissionalização. Assinale a alternativa que apresenta a se- quência correta: a) V, V, V, V. 13 AGORAÉASUAVEZ b) V, F, V, F. c) V, V, F, F. d) V, V, V, F. e) F, V, V, V. Questão 3: O planejamento pressupõe dois níveis fun- damentais. Quais são eles? a) O político e o participativo. b) O político e o conservador. c) O situacional e o doutrinal. d) O político e o operacional. e) O doutrinal e o operativo. Questão 4: Complete as lacunas de acordo com o tex- to do autor: a) Desejada, instituição, ideias, instituição, teoria, marco operativo. b) Existente, instituição, desafios, realidade, teoria, marco doutrinal. c) Existente, instituição, desafios, realidade, teoria, marco operativo. d) Desejada, instituição, ideias, realidade, teoria, marco situacional. e) Desejada, realidade, ideias, instituição, teoria, marco doutrinal. Questão 5: No texto, Gandin aborda o planejamento político. Esse nível de planejamento é re- presentado por: I. Trata dos fins. II. Busca a eficácia. III. Dá ênfase as técnicas. IV. Limita-se ao curto prazo. A Realidade do campo V. É globalizante. de ação e da em processo de planejamento – expressa a utopia ins- trumental do grupo. Expõe as opções ou em relação ao campo de ação e a e fundamenta essas opções em , indicando assim o . Estão corretas as afirmativas: a) I, II, III, IV, V. b) I, III, IV. c) II, III, IV. d) I, II, III, V. e) I, II, V. 14 AGORAÉASUAVEZ Questão 6: De acordo com Gandin (2011), as transformações propostas para a realidade institucional existente no período do plano expressam quatro propostas, sendo elas: ações, comportamentos, atitudes, normas e atividades permanentes para modificar a realidade existente, com vistas a diminuir a diferença entre a realidade desejada do campo de ação e a realidade institucional existente. Essas propostas indicam a necessidade de quê? Questão 7: Considerando o texto do autor, complete a frase: Gandin, afirma que “o planejamento político nutre-se Busca estabelecer o . Questão 8: Ao tratar do tema Planejamento e Adminis- tração, o autor aponta as principais ques- tões que surgem na mente das pessoas ao pensar nisso, que são: como fazer? Com que fazer? Indica que raras vezes se ques- tiona o “o que fazer”, “para que fazer” e “para quem se está fazendo”. Aponta ainda que todas são questões de planejamento e importantes, assim, devem ser colocadas em uma hierarquia que possibilite a distin- ção dos níveis em que o planejamento se produz. Nessa perspectiva, o autor aponta dois ní- veis de planejamento: o político e o opera- cional. Segundo o autor, quais são as questões (perguntas) que representam os níveis de planejamento operacional e político? Questão 9: Qual a importância de planejar e avaliar as ações profissionais, definir objetivos e me- tas para o assistente social? Questão 10: Vasconcelos (2011, pp. 230/231), ao apre- sentar os dados de uma pesquisa de campo realizada pela autora com assistentes soci- ais que atuam na rede municipal de saúde do Rio de Janeiro, revela que mais de 30% dos entrevistados não têm projeto de trabalho es- crito. Revelou também que são raros os as- sistentes sociais que apontam a necessidade de se ter acesso/conhecimento a respeito da própria política de saúde, do processo de municipalização, da estrutura da unidade na preparação do espaço para se trabalhar. O mesmo acontece com os dados relacionados aos usuários. A maioria dos assistentes so- ciais que afirmam ter projeto por escrito, ao 15 AGORAÉASUAVEZ se manifestar sobre as questões importantes a serem consideradas no planejamento do trabalho profissional, relativas aos usuários, faz comentários sobre o atendimento real- izado, não apontando os dados necessários ao planejamento. Alguns declaram explicita- mente que não utilizam dados sobre a popu- lação, na medida em que não planejam suas ações. Considerando o exposto, responda: Qual sua opinião sobre o resultado da pes- quisa apresentada por Vasconcelos? Você acha que é um caso isolado ou essa é a realidade da maioria dos assistentes soci- ais? Em sua opinião, quais as vantagens que o planejamento das ações e um projeto de tra- balho escrito podem proporcionar aos pro- fissionais e aos usuários do serviço social, tendo como parâmetro a rede municipal de saúde? 16 FINALIZANDO Neste tema você aprendeu questões básicas e importantes sobre o planejamento. Os aspectos que devem ser considerados, o significado de cada um deles e os modelos. Aprendeu também as principais questões que surgem quando se pensa em planejamento e os níveis de planejamento denominados pelo autor de operacional e político. O operacional trata dos meios e o político trata dos fins, mas pode perceber que ambos contribuem na busca dos meios no rumo dos fins. Por meio dos textos complementares e das questões, foi possível correlacionar o planejamento ao serviço social e refletir sua sobre sua importância. Caro aluno, agora que o conteúdo dessa aula foi concluído, não se esqueça de acessar sua ATPS e verificar a etapa que deverá ser realizada. Bons estudos! GLOSSÁRIO Eficácia: relação entre os resultados obtidos e os objetivos pretendidos. Marco: sinal de demarcação que se põe nos limites territoriais, assinala um local ou um acontecimento. Marco situacional: demarca uma dada realidade. Marco doutrinal: demarca uma doutrina, uma opção teórica. Marco operativo: demarca algo produzido, realizado. Utopia: ideia de civilização ideal, imaginária, fantástica. Refere-se a uma cidade ou mundo, no presente ou futuro. GABARITO Questão 1 Resposta: Gabarito: resposta livre, o objetivo da questão é verificar os conhecimentos prévios e suscitar uma reflexão sobre o tema. Questão 2 Resposta: Alternativa D. Justificativa: de acordo com o enunciado da questão, apenas a última alternativa é falsa, uma vez que o texto aponta a necessidade de profissionalização do terceiro setor. 18 GABARITO Questão 3 Resposta: Alternativa D. Justificativa:os níveis de planejamento abordados no texto do autor são o político e o operacional. Questão 4 Resposta: Alternativa A. Justificativa: o texto completo encontra-se no item Leitura Obrigatória. Questão 5 Resposta: Alternativa E. Justificativa: está correta a letra e, pois conforme demonstra o autor, o planejamento operacional é quem dá ênfase as técnicas e limita-se ao curto prazo. Questão 6 Resposta: programação, e assim a definição de objetivos, políticas estratégicas, determinações gerais e atividades permanentes. Questão 7 Resposta: Gandin (2009, p. 37) afirma que “o planejamento político nutre-se na ideologia, na filosofia, nas ciências, enquanto o operacional baseia-se na técnica. O primeiro (político) busca estabelecer o rumo, firmar a missão da instituição, do grupo ou do movimento que está em planejamento”. Questão 8 Resposta: planejamento operacional – aborda o “como” e o “com que”, incluindo a pormenorização do “o que”. Planejamento político – este é o planejamento do “para quem”, do “para quê”, incluindo o “o que” mais abrangente. 19 GABARITO Questão 9 Resposta: Resposta livre. O objetivo da questão é suscitar uma discussão sobre o planejamento profissional, que é fundamental para todas as profissões, inclusive para o serviço social. Questão 10 Resposta: Resposta livre. Vantagens do planejamento de ações que podem ser citadas: conhecer o perfil socioeconômico dos usuários, o perfil epidemiológico, as determinações das doenças, as condições de vida, de trabalho, estilo de vida, demandas dos usuários, entre outros, como subsídio ao planejamento de ações e das intervenções sociais. 20 . Tema 04 Planejamento, Administração e Realidade LEITURAOBRIGATÓRIA Planejamento, Administração e Realidade Este tema, Planejamento, Administração e Realidade, foi elaborado com base nas páginas de 39 a 52 de seu Livro-Texto, do autor Danilo Gandin. O tema desta aula aborda os itens do texto: Planejamento e realidade; A ação do médico esclarece o planejamento e O escoteiro inteligente Tem como objetivo compreender o significado de uma prática transformadora em uma dada realidade. Para esclarecer o planejamento, o autor aponta como exemplo a ação do médico e o caráter científico do planejamento, e utiliza ainda, como comparação, o agir de um escoteiro inteligente. Para que você possa relacionar o texto do autor ao serviço social, será utilizado o trabalho de Myrian Veras Batista, que aborda o planejamento social. Você já aprendeu muito sobre planejamento, suas dimensões, níveis, mas é fundamental um aprofundamento com vistas à apreensão da realidade e do planejamento na área social. 26 LEITURAOBRIGATÓRIA Para Gandin (2011), o planejamento deve ser visto sob a perspectiva dialética, com vistas a uma prática transformadora. Para os que pensam sob essa perspectiva, isso representa a recuperação da dialética entre o “dever ser” e o “ser”, entre o pensar e o agir, entre a teoria e a prática. Para o autor, a concepção de planejamento que se firma e que tem sentido é aquela que o considera uma metodologia científica para construir a realidade. O que lhe vem à mente quando se fala em realidade? De acordo com informações obtidas no site da Wikipédia, Realidade significa, em uso comum “tudo o que existe”. Em sentido mais livre, o termo inclui tudo o que é, seja ou não perceptível, acessível ou entendido pela ciência, filosofia ou qualquer outro sistema de análise. Em senso comum, realidade significa o ajuste que se faz entre a imagem e a ideia da coisa, entre verdade e verossimilhança. O problema da realidade é matéria presente em todas as ciências, e, com particular importância, nas ciências que têm como objeto de estudo o próprio homem: a antropologia cultural e todas as que nela estão implicadas – a filosofia, a psicologia, e muitas outras, além das técnicas e das artes visuais. Na interpretação ou representação do real, (verdade subjetiva ou crença), a realidade está sujeita ao campo das escolhas, isto é, determina-se parte do que se considera ser um fato, ato ou uma possibilidade, algo adquirido a partir dos sentidos e do conhecimento adquirido. (Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/ Realidade>. Acesso em: 02 jan. 2014). Para Gandin (2011, p. 40), a realidade pode ser concebida como: • Global, incluindo todo o complexo sócio–econômico–cultural (totalidade). • Do campo de ação do grupo ou da instituição que planeja (restrita). • Do grupo ou da instituição, realidade restrita e específica do processo planejado. O autor apresenta a realidade sob outro ângulo de visão: • Existente (conjunto de seres, ideias, símbolos, relações – tempo determinado). • Desejada (pelo conjunto que compõe a realidade existente – para ser horizonte, ser rumo ideal). A concepção de realidade apresentada pelo autor demonstra um esquema interligado entre a realidade existente e a realidade desejada. Indica que o planejamento se exerce sobre a “realidade institucional existente” e é esta realidade que a prática pode construir 27 http://pt.wikipedia.org/wiki/Realidade http://pt.wikipedia.org/wiki/Realidade LEITURAOBRIGATÓRIA ou transformar. Para Gandin (2011), o planejamento é, justamente, a inteligência que dá eficácia a esse processo, e exemplifica usando a escola, cuja realidade é lugar e fruto da construção social. Outro exemplo apresentado pelo autor visando explicar o planejamento é comparar o processo de planejamento com o trabalho de um médico. Seu intuito é ressaltar que o planejamento é um processo científico e, como tal, exige método. Nessa perspectiva, o autor afirma que uma pessoa procura um médico quando tem problemas ou quando tem esperanças, ou seja, quer prevenir problemas. Essa afirmação também serve as instituições, grupos ou pessoas que têm problemas ou que têm esperanças. Segundo o autor, o médico vai analisar a situação do paciente, considerando a situação global, ou seja, situando o problema apresentado pelo paciente em sua realidade, seu contexto de vida, de mundo para então realizar um diagnóstico. Em medicina, um diagnóstico é a comparação entre a realidade do paciente e o que é ideal para aquela determinada idade, resultando em um juízo sobre as condições de saúde do paciente. Para chegar a esse resultado o médico necessita ter teoria, conhecer a realidade do paciente e fazer um julgamento, e somente a partir daí o médico estabelece as necessidades e programa o tratamento, bem como o acompanhamento e a avaliação. Assim, o diagnóstico, do qual decorrem as necessidades, é o centro do trabalho do médico ou de outro qualquer processo de planejamento e é assim concebido, o centro do processo científico. Desse processo resulta a “proposta de ação” e esta, quando científica e tecnicamente engendrada, produz ações, atitudes e normas que, satisfazendo as necessidades, transformam a prática, ou seja, a realidade. Outro exemplo utilizado pelo autor para exemplificar o planejamento científico é o caso de um escoteiro inteligente, que perdido em uma floresta, sozinho, precisa planejar seu retorno ao acampamento. Para isso, precisa compreender sua situação, sua realidade, a distância até o acampamento e somente a partir daí pode estabelecer um rumo, definir um caminho e um tempo para chegar ao seu destino. Com suas ações programadas, suas atitudes o levam aonde quer chegar. O planejamento na área social não foge dos exemplos apresentados. Nele também é fundamental planejar, analisar a realidade, o contexto, o caminho a ser percorrido e as ações que envolvem esse processo, ou seja, a definição das providências, a execução, o controle, a avaliação e a redefinição da ação. Ao tratar da racionalidadedo planejamento, Baptista (2010) assevera que: 28 LEITURAOBRIGATÓRIA O termo “planejamento”, na perspectiva lógico-racional, refere-se ao processo permanente e metódico de abordagem racional e científica de questões que se colocam no mundo social. Enquanto processo permanente, supõe ação contínua sobre um conjunto dinâmico de situações em um determinado momento histórico. Como processo metódico de abordagem racional e científica, supõe uma sequência de atos decisórios, ordenados em momentos definidos e baseados em conhecimentos teóricos, científicos e técnicos. (BAPISTA, 2010, p. 13). Segundo Ferreira (1965) apud Baptista (2010, p.15), o planejamento se organiza por operações complexas e interligadas, que se relacionam em um processo dinâmico e contínuo. Esse processo exige reflexão, decisão, ação e retomada da reflexão. A análise desse processo leva a identificar, nessa dimensão de racionalidade, a dimensão político- decisória que dá suporte ético-político à ação técnico-administrativa. Diante do exposto, infere-se que a ação do profissional de serviço social deve partir de uma análise profunda da realidade em que se insere como profissional, visando sua compreensão enquanto totalidade. Essa visão oportuniza ao profissional identificar e delimitar seu objeto de ação e, assim, direcionar sua intervenção profissional, num processo de construção e reconstrução, em função da dinâmica da realidade social. 29 AGORAÉASUAVEZ Questão 1: Segundo Ferreira (1965) apud Baptista (2010, p.15), o planejamento se organiza por operações complexas e interligadas, que se relacionam em um processo di- nâmico e contínuo. Esse processo exige reflexão, decisão, ação e retomada da reflexão. A análise deste processo leva a identificar, nessa dimensão de racionalida- de, a dimensão político-decisória que dá suporte ético-político à ação técnico-admi- nistrativa. De acordo com o enunciado da questão, descreva com suas palavras, (mínimo de 10 linhas) qual seu entendimento a respei- to da dimensão político-decisória que dá suporte ético-político à ação técnico-admi- nistrativa. Questão 2: O planejamento é uma ferramenta geren- cial que pode ser utilizada por qualquer or- ganização, sejam elas públicas e ou priva- das, com ou sem fins lucrativos. Por meio do planejamento, as organizações podem identificar as necessidades e definir estra- tégias de ação para construir ou transfor- mar essa realidade. Assinale as alternativas utilizando verda- deiro (V) e falso (F), de acordo com o texto. ( ) O planejamento é uma ferramenta ge- rencial que pode ser utilizada por qualquer organização e não exige o uso de referen- cial teórico ou método. ( ) Por meio do planejamento, as organi- zações podem identificar as necessidades e desafios que precisam ser vencidos. ( ) As organizações necessitam ter uma visão clara dos objetivos e estratégias a que se propõem. ( ) O planejamento pode ser utilizado por uma pessoa, um grupo ou uma instituição/ organização. Assinale a alternativa que apresenta a se- quência correta: a) V, V, V, V. b) V, F, V, F. c) V, V, F, F. d) V, V, V, F. e) F, V, V, V. Questão 3: Complete a frase de acordo com o texto. Para Gandin (2011), a concepção de rea- lidade demonstra um esquema interligado entre a realidade existente e a realidade desejada. Indica que o planejamento se exerce sobre a “realidade institucional exis- tente” e . 31 AGORAÉASUAVEZ Questão 4: Ao tratar da racionalidade do planejamento, Baptista (2010) assevera que o termo “pla- nejamento”, na perspectiva lógico-racional, refere-se ao processo permanente e metó- dico de abordagem racional e científica de questões que se colocam no mundo social. Esse processo supõe: I. Ação contínua. II. Situa-se em determinado momento his- tórico. III. Uma sequência de atos decisórios e não necessariamente ordenados. IV. Os atos são baseados em conheci- mentos teóricos, científicos e técnicos. V. Não exige uma abordagem racional e científica. Estão corretas as afirmativas: a) I, II, III, IV, V. b) I, II, IV. c) II, III, IV. d) I, II, III, V. e) I, II, V. Questão 5: Segundo Ferreira (1965) apud Baptista (2010, p. 15), o planejamento se organiza por operações complexas e interligadas, que se relacionam em um processo dinâ- mico e contínuo, que são: Assinale a alternativa correta. a) Reflexão, decisão, ação e retomada da reflexão. b) Investigação, reflexão, ação. c) Sistematização, organização e programação. d) Objetivos, metas e planos. e) Reflexão, decisão e programação. Questão 6: Gandin aborda o planejamento e a realida- de. Descreva como a realidade pode ser concebida, de acordo com o texto do autor. Questão 7: Para explicar o planejamento, o autor com- para o processo de planejamento com o trabalho de um médico. Seu intuito é res- saltar que o planejamento é um processo científico e, como tal, exige método. Na perspectiva do autor, uma pessoa procura um médico quando tem problemas e quan- do tem esperanças e quer prevenir proble- mas. De acordo com o texto do autor, descreva o trabalho do médico e faça um comparativo com o planejamento de uma instituição. 32 AGORAÉASUAVEZ Questão 8: Vasconcelos (2010, p. 17) afirma que: a di- mensão política do planejamento decorre do fato de que ele é um processo contínuo de tomadas de decisões, inscritas nas rela- ções de poder, o que caracteriza ou envol- ve uma função política. Você acha que essa afirmação é compre- endida pelos profissionais de serviço social em sua prática cotidiana? Questão 9: Para Mioto e Nogueira, na área da saúde o planejamento é utilizado de forma am- pla e em distintos espaços e dimensões. De acordo com o texto das autoras, Siste- matização, Planejamento e Avaliação das Ações dos Assistentes Sociais no Campo da Saúde, indicado como leitura comple- mentar, descreva esses espaços e dimen- sões. Questão 10: As ações profissionais do assistente social no campo da saúde, assim como em ou- tros, não ocorrem de forma isolada, mas se articulam em eixos/processos à medida que se diferenciam ou se aproximam entre si e, particularmente na saúde, integram o processo coletivo do trabalho em saúde. A organização abrange os fatores de ordem política, econômica e social que condicio- nam o direito a ter acesso aos bens e ser- viços necessários para se garantir a saúde, bem como exige uma consciência sanitá- ria que se traduz em ações operativas na concretização do direito. Nessa perspec- tiva, a construção da integralidade e da participação social em saúde, pelo serviço social, está atrelada a três processos bá- sicos, dialeticamente articulados, a saber: os processos político-organizativos, os processos de planejamento e gestão e aos processos socioassistenciais. A in- tegração entre esses três processos permi- te estabelecer o trânsito tanto entre os dife- rentes níveis de atenção em saúde, quanto entre as necessidades individuais e coleti- vas, à medida que as ações profissionais estão, direta ou indiretamente, presentes em todos os níveis de atenção e de gestão. Considerando o enunciado da questão, sua bagagem teórica, seu conhecimen- to/visão sobre a atuação dos assisten- tes sociais na área de saúde, responda: a) Você considera que as ações profis- sionais do assistente social no campo da saúde são conduzidas por uma consciên- cia sanitária que se traduz em ações ope- rativas na concretização do direito? b) Você considera que os assistentes so- ciais que atuam na saúde conduzem seu agir profissional na perspectiva da cons- trução da integralidade e da participação social em saúde?33 FINALIZANDO Neste tema você aprendeu um conteúdo importante sobre planejamento e realidade. Como a realidade pode ser concebida, bem como o significado e a importância de uma prática transformadora em uma dada realidade, ou seja, conduzir o planejamento sob a perspectiva dialética. Os exemplos apontados pelo autor (processo de trabalho do médico e do escoteiro) contribuíram para que você tenha um entendimento do que seja um planejamento científico. Também aprendeu que o planejamento social exige conhecimento da realidade como norte da intervenção social. Caro aluno, agora que o conteúdo dessa aula foi concluído, não se esqueça de acessar sua ATPS e verificar a etapa que deverá ser realizada. Bons estudos! GLOSSÁRIO Dialética: a arte do diálogo e da discussão. É considerada como o modo de pensar as contradições da realidade, o modo de compreender a realidade como essencialmente contraditória e em transformação. Diagnóstico: para a medicina, é o conhecimento ou determinação de uma doença pelos seus sintomas, sinais e ou exames diversos. Para o planejamento, é um juízo sobre a realidade em estudo. Racionalidade: método de observar ou julgar as coisas baseado unicamente na razão (e não em dogmas e tradições). Doutrina que privilegia a razão como fonte do conhecimento. Objeto de ação: alvo, objetivo. Matéria, assunto de interesse de estudo. Motivo de uma ação. GABARITO Questão 1 Resposta: resposta livre, o objetivo da questão é verificar os conhecimentos prévios e suscitar uma reflexão sobre o tema. Questão 2 Resposta: Alternativa E. Justificativa: De acordo com o enunciado da questão, apenas a primeira alternativa é falsa. Os itens da questão foram trabalhados no texto do autor. 35 GABARITO Questão 3 Resposta: é esta realidade que a prática pode construir ou transformar. Justificativa: a frase completa encontra-se no item Leitura Obrigatória. Questão 4 Resposta: Alternativa B. segundo Baptista, enquanto processo permanente, supõe ação contínua sobre um conjunto dinâmico de situações em um determinado momento histórico. Como processo metódico de abordagem racional e científica, supõe uma sequência de atos decisórios, ordenados em momentos definidos e baseados em conhecimentos teóricos, científicos e técnicos. (BAPISTA, 2010, p. 13). Justificativa: A letra b representa a alternativa correta. O texto apresenta a citação completa da autora em Leitura Obrigatória. Questão 5 Resposta: Alternativa A. Justificativa: a letra a representa a alternativa correta e está de acordo com a citação registrada neste Caderno em Leitura Obrigatória. Questão 6 Resposta: de acordo com o texto do autor, a realidade pode ser concebida como: global, incluindo todo o complexo sócio–econômico–cultural (totalidade); do campo de ação do grupo ou da instituição que planeja (restrita); do grupo ou da instituição, realidade restrita e específica do processo planejado. Questão 7 Resposta: segundo o autor, o médico vai analisar a situação do paciente, considerando a situação global, ou seja, situando o problema apresentado pelo paciente em sua realidade, seu contexto de vida, de mundo para então realizar um diagnóstico, do qual decorrem as necessidades que devem ser tratadas, acompanhadas e avaliadas. Desse processo resulta a “proposta de ação” ou tratamento, para atender a necessidade do paciente ou resolver o problema do paciente. 36 GABARITO Para uma instituição o processo não é diferente. Também passa uma investigação da realidade, um diagnóstico, uma proposta de ação, acompanhamento, avaliação e necessita de referencial teórico, tanto quanto o trabalho do médico. Questão 8 Resposta: resposta livre. Tradicionalmente, ao se tratar de planejamento, a ênfase era dada aos seus aspectos técnicos e operativos, o que pode ainda levar à conduta da maioria dos profissionais, sem atentar para as relações de poder, o jogo de vontades políticas entre os envolvidos, bem como as pressões que envolvem os diferentes sujeitos. Questão 9 Resposta: a saber – para formalizar as políticas de saúde, dar organicidade aos sistemas de saúde, na dimensão gerencial e tecno-assistencial para implantação do SUS, para a delimitação dos sistemas locais de saúde, para a gestão do sistema de saúde suplementar, no planejamento em saúde, selecionando as prioridades e a partir do reconhecimento das necessidades de saúde – organizar as demandas em saúde, prever a cobertura dos serviços de saúde, favorecer a gerência e a gestão em saúde, fornecendo as ferramentas para a avaliação de programas, de serviços e de cuidados em saúde e previsão de custos e alocação de recursos. Questão 10 Resposta: A resposta é livre. Sugere-se que se faça a leitura do artigo de Mioto e Nogueira: Sistematização, Planejamento e Avaliação das Ações dos Assistentes Sociais no Campo da Saúde, indicado como leitura complementar, para lhe auxiliar na resposta desta questão. 37 Tema 05 O Planejamento como Processo Político e a Questão da Participação LEITURAOBRIGATÓRIA O Planejamento como Processo Político e a Questão da Participação O tema desta aula aborda a questão da participação, ou seja, o planejamento participativo. Este tema será trabalhado com base nas páginas de 53 a 60 de seu Livro- Texto, do autor Danilo Gandin. Inicialmente, vai detalhar as principais diferenças entre os dois níveis de planejamento, estratégico (político-social) e operacional, e também os níveis de participação. Com vistas a relacionar o texto do autor ao serviço social, buscou-se respaldo em Myrian Veras Batista, que aborda o planejamento social. Gandin retoma a discussão dos níveis de planejamento afirmando que os dois têm igual importância no processo de construção de uma realidade e devem interligar-se, para aproximar a realidade que se tem da realidade que se pensou. Nessa perspectiva, aplica- se ao planejamento o processo de reflexão-ação. Para maior clareza e registro do exposto, explicitam-se as principais diferenças em formato de quadro. 6 LEITURAOBRIGATÓRIA Quadro 5.1. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO (POLÍTICO-SOCIAL) PLANEJAMENTO OPERACIONAL Responde as perguntas “para que” e “para quem”, e também “o que” Responde as perguntas “como” e “com que” e também “o que”. Trata do médio e longo prazo Fixa-se no médio e curto prazo Fundamentalmente define os fins Trata prioritariamente dos meios Busca conceber visões globalizantes Aborda cada aspecto isoladamente Dá ênfase à criatividade Dá ênfase à técnica, aos instrumentos Busca a eficácia Esforça-se pela eficiência Tem o plano e programa como expressão maior O programa e o projeto são sua expressão Serve a transformação Busca manter tudo funcionando É recomendado nas épocas de crise Sobressai nas épocas de rumo claro É uma tarefa de todo o povo É, sobretudo, tarefa de administradores Propõe, especialmente, o futuro Dá ênfase ao presente (momento da execução) Trabalha centrando-se nas necessidades Preocupa-se com os problemas Mais atento à elaboração e à avaliação Sua face essencial e a execução Fonte: GANDIN, D. A prática do planejamento participativo. 2011, p.55 Diante do exposto, verifica-se a necessidade de buscar a visão de planejamento posta ao serviço social, como processo técnico-político, uma vez que a dimensão política insere- se nas relações de poder e envolve uma função política. Atuar nessa dimensão exige apreensão do planejamento na perspectiva estratégica, ou seja, busca caminhos criativos para atender demandas reais e factíveis, atuando em meio às relações de poder como 7 LEITURAOBRIGATÓRIA resposta aos interesses e objetivos sociais. O profissional que busca nortear sua ação sob
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