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da nossa sociedade acreditam que as pessoas podem ser motivadas apenas pelo incentivo de vantagens materiais, ou seja, através de recompensas, e que não reagirão aos apelos da solidariedade e do sacrifício. Portanto, com exceções dos tempos de guerra, estes apelos raramente são feitos, e as hipóteses de observar os possíveis resultados perdem-se por completo. Apenas uma estrutura socioeconômica e um quadro da natureza humana radicalmente diferentes poderiam mostrar outra maneira de influenciar positivamente as pessoas. REFERÊNCIA: FROMM, Erich. Ter ou ser? Disponível em: <http://dhnet.org.br/direitos/filosofia/erich_fromm_ter_ser.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2015. 98 RESUMO DO TÓPICO 1 No Tópico 1, da Unidade 2, do Caderno de Estudos, estudamos a mundialização da economia, o processo de globalização para a manutenção, o desenvolvimento do capitalismo e o acirramento das expressões da questão social. Foram abordados os seguintes temas: • Constatamos que o agravamento e acirramento das múltiplas expressões da questão social não proliferam ao acaso, mas emergem do processo de desenvolvimento e crescimento desenfreado do capitalismo na contemporaneidade e a mundialização da economia. • Discutimos que a característica fundamental da chamada globalização tem duplo movimento, de concentração de renda e de riqueza, e está por sua vez diretamente ligado à centralização do poder de controle empresarial, de um pequeno grupo de gigantes corporativos, especificamente de corporações financeiras. • Analisamos e percebemos que, além da pobreza, da exclusão e da desigualdade social já existente, existem novas configurações sociais, novas formas de exclusão e novos excluídos sociais, não se configurando apenas em trabalhadores ou desempregados, mas essencialmente uma marginalização e exclusão de pessoas e grupos específicos excluídos socialmente. • Citamos inúmeras e novas expressões sociais contemporâneas e discutimos que o Serviço Social enquanto uma profissão atribuída de um conjunto teórico- metodológico, técnico-operativo e ético-político, não pode deixar de aprofundar cada vez mais o tema da complexidade, no atual contexto da mundialização da economia. • Discutiu-se a necessidade de que os profissionais precisam ter o sentido de perceber, analisar, constatar e compreender a realidade social, para assim poder enfrentar as inúmeras e multifacetadas expressões da questão social, contribuindo assim para a construção de um projeto de igualdade e justiça social. • Conhecemos a estratégia atual da política nacional frente à questão social no cenário contemporâneo, chamada de neodesenvolvimentista. 99 AUTOATIVIDADE A mundialização da economia, o processo de globalização para manutenção e desenvolvimento do capitalismo e o acirramento das expressões da questão social são fatos evidentes e inevitáveis nas sociedades contemporâneas, inclusive na realidade brasileira. Nesse sentido: 1 O que você compreendeu sobre o acirramento das expressões da questão social? Que acirramento é esse? ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ 2 Qual é a diferença entre os termos liberalismo e neoliberalismo? ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ 100 101 TÓPICO 2 A NOVA INSTITUCIONALIDADE BRASILEIRA FRENTE ÀS EXPRESSÕES SOCIAIS UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Neste tópico estudaremos a nova institucionalidade brasileira frente às novas expressões sociais, ou seja, aprofundaremos o significado e a abrangência das políticas sociais e as políticas públicas do Estado brasileiro. Abordaremos a história das políticas sociais de forma abrangente, procurando demonstrar a evolução histórica da política social. Assim, devido a diversas mudanças e transformações ocorridas na sociedade, vamos analisar e compreender a relação entre o Estado e a sociedade frente à questão social no que diz respeito aos padrões de proteção social. Analisaremos a necessidade e a função das políticas públicas, principalmente das políticas sociais e o desenvolvimento dos sistemas de proteção social no que diz respeito à ampliação das políticas sociais brasileiras em sua nova institucionalidade, especificamente, a de assistência social. 2 ORIGEM, SIGNIFICADO E ABRANGÊNCIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E DAS POLÍTICAS SOCIAIS Podemos perceber que a evolução da política social é formada a partir dos momentos históricos nos diversos contextos socioculturais, sociopolíticos e econômicos, assim sempre existiram articulações, interações e relações entre o Estado e a sociedade, algumas vezes de forma amena e, muitas vezes, de forma antagônica e conflituosa. Referindo-se à Antiguidade, com a queda do Império Romano, um novo modo de produção se instituiu e dominou a Europa no período medieval, que era caracterizado como feudalismo. Era o novo sistema oficial da época, tendo um novo império que se tornou absoluto e incontestável por um longo período sob o comando dogmático da Igreja Católica Apostólica Romana. Assim, no que diz respeito à proteção ou algo relevante no plano dos direitos humanos, pouco se efetivou, a não ser algumas ações filantrópicas e caritativas. A ideia de direitos humanos há muito tempo já existia na Europa, porém costuma-se afirmar que foi com o Rei John Landless, da Inglaterra, e sua 102 UNIDADE 2 | O NEODESENVOLVIMENTO NO CAPITALISMO E O ACIRRAMENTO DAS EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL Magna Carta (Great Charter, 1215), que surgiu o embrião do que seriam os Direitos Humanos. Não que esse documento tratasse especificamente disso, mas havia menções à liberdade da Igreja em relação ao Estado (embora de maneira nenhuma consagrasse a tolerância religiosa) e à igualdade do cidadão perante a lei. Com efeito, o parágrafo 39 declarava: “Nenhum homem livre poderá ser preso, detido, privado de seus bens, posto fora da lei ou exilado sem julgamento de seus pares ou por disposição da lei”. (BRAYNER; LONGO; PEREIRA, 2014). Podemos enfatizar que no decorrer da história, algumas declarações e constituições foram instituídas no período de 1776 a 1789, com o intuito de garantir alguns direitos humanos essenciais, como, por exemplo, a Declaração de Direitos de Virgínia, a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, a Constituição Norte-Americana, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão e a Constituição Francesa. A Declaração de Virgínia, feita em 16/06/1776, proclamou o direito à vida, à liberdade e à propriedade. Outros direitos humanos foram expressos na declaração, como o princípio da legalidade, a liberdade de imprensa e a liberdade religiosa. A Declaração de Independência dos Estados Unidos, de 04/07/1776, teve como tônica preponderante a limitação do poder estatal e a valorização da liberdade individual, É um documento de inestimável valor histórico, que influenciou mesmo a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (França, 1789) e inspirou e serviu de exemplo às outras colônias do continente americano. A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão foi promulgada em 26/08/1789 e a Constituição Francesa de 03/09/1791 foi a primeira a conter uma enumeração dos direitos individuais e suas garantias. Porém, a doutrina política contida nessas declarações achava-se estreitamente ligada ao processo econômico e às suas consequências sociais. Não obstante, já estava em curso o processo inexorável de difusão das declarações de direitos pelo continente europeu, através das diversas constituições escritas que começaram a surgir a partir