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Questão Social e Serviço Social

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2017
Questão social e
serviço social
Prof.ª Cristiana Montibeller
Copyright © UNIASSELV 2017
Elaboração:
Prof.ª Cristiana Montibeller
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
360
M791q Montibeller, Cristiana
Questão social e serviço social /Cristiana Montibeller. 
Indaial: UNIASSELVI, 2017.
280 p. : il. 
 
ISBN 978-85-515-0077-4
1.Serviço social.
I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
III
apresentação
Caro(a) acadêmico(a)!
Seja muito bem-vindo a esta nova disciplina!
Estamos iniciando os estudos da disciplina Questão Social e Serviço 
Social. A partir deste momento você irá conhecer e compreender vários 
aspectos relacionados à profissão de assistente social no que diz respeito 
ao surgimento da Questão Social e o contexto sócio-histórico no modo de 
produção capitalista, suas múltiplas e complexas expressões contemporâneas 
e as implicações na realidade brasileira. 
Este Caderno de Estudos também abordará as possibilidades e 
alternativas de reversão do agravamento das manifestações e os desafios no 
enfrentamento das expressões multifacetadas da Questão Social na construção 
de uma nova ordem societária.
Esta disciplina pretende fornecer subsídios teórico-metodológicos 
para prepará-lo profissionalmente no sentido da compreensão e análise 
crítica da “questão social” em sua gênese e contemporaneidade, bem como 
na identificação das várias formas em que se manifestam as expressões 
da “questão social“ na sociedade, a fim de que possa construir estratégias 
diversas de enfrentamento das desigualdades sociais e propor a conquista, 
efetivação, garantia e ampliação dos direitos sociais através das políticas 
sociais de inclusão social.
Os conteúdos desta disciplina serão abordados em três unidades, 
sendo que cada uma está subdividida em quatro tópicos de estudos.
Na primeira unidade estudaremos a proteção e a assistência na história 
da humanidade, as primeiras formas de proteção e assistência, bem como 
a contribuição da filosofia e a influência da religião no contexto social e na 
profissão; o surgimento da questão social e seu contexto histórico, os fatores 
históricos, econômicos, políticos, sociais e culturais que contribuíram para 
o surgimento da questão social; significado dos termos: “social” e “questão 
social”, a amplitude da palavra “questão”, o conceito de “questão social” 
para o serviço social, bem como a abrangência da questão social e de suas 
expressões e sobre o termo “a nova questão social”.
Na segunda unidade iremos estudar e aprofundar o termo 
neodesenvolvimento no capitalismo e o acirramento das expressões da 
questão social, o surgimento e desenvolvimento do capitalismo, liberalismo 
e neoliberalismo, a nova institucionalidade brasileira frente às expressões 
sociais, a tipificação nacional de serviços socioassistenciais e a questão social 
como objeto do trabalho profissional do assistente social.
IV
Na última e terceira unidade iremos rediscutir as questões sociais e 
suas expressões na construção de uma nova ordem societária, as situações 
de vulnerabilidade social e de risco social enfatizando as expressões sociais 
da questão social no Brasil, as novas configurações das expressões sociais 
da questão social na realidade brasileira, reconstrução da sociedade pela 
reconstrução e desenvolvimento da cultura e da condição humana do sujeito, 
bem como novos sentidos para a cidadania, a democracia e a educação em 
direitos humanos.
Prontos para começar a estudar, pesquisar, analisar e a compreender o 
significado e a amplitude da questão social?
Então, mãos à obra!
Confie em você! Dedique-se com afinco e amor! Acredite na profissão! 
Bons estudos e sucesso! 
 Profª. Cristiana Montibeller
UNI
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades 
em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o 
material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato 
mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação 
no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir 
a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
V
VI
VII
sumário
UNIDADE 1 – A GÊNESE DA ASSISTÊNCIA E DA QUESTÃO SOCIAL ................................ 1
TÓPICO 1 – A PROTEÇÃO E A ASSISTÊNCIA
NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE ................................................................................................. 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 AS PRIMEIRAS FORMAS DE PROTEÇÃO E ASSISTÊNCIA .................................................. 3
3 A CONTRIBUIÇÃO DA FILOSOFIA E A INFLUÊNCIA DA RELIGIÃO .............................. 6
3.1 A ENCÍCLICA “RERUM NOVARUM” FRENTE À QUESTÃO SOCIAL ............................. 12
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 14
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 17
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 18
TÓPICO 2 – SURGIMENTO DA QUESTÃO SOCIAL
E SEU CONTEXTO HISTÓRICO ........................................................................................................ 19
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 19
2 FATORES HISTÓRICOS ECONÔMICOS, POLÍTICOS,
 SOCIAIS E CULTURAIS QUE CONTRIBUÍRAM PARA O
 SURGIMENTO DA QUESTÃO SOCIAL ....................................................................................... 19
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 35
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 38
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 39
TÓPICO 3 – A CONSTITUIÇÃO DOS TERMOS “SOCIAL”
E “QUESTÃO SOCIAL” ........................................................................................................................ 41
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 41
2 REFLEXÕES SOBRE AAMPLITUDE DA PALAVRA “QUESTÃO” ........................................ 41
3 SIGNIFICADO DOS TERMOS: “SOCIAL” E “QUESTÃO SOCIAL” ..................................... 44
4 O CONCEITO DE “QUESTÃO SOCIAL” PARA O SERVIÇO SOCIAL ................................. 48
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 50
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 54
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 55
TÓPICO 4 – A ABRANGÊNCIA DA QUESTÃO SOCIAL
E SUAS INÚMERAS EXPRESSÕES ................................................................................................... 57
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 57
2 ALGUMAS QUESTÕES SOCIAIS E SUAS EXPRESSÕES SOCIAIS ...................................... 57
3 REFLEXÕES SOBRE O TERMO “A NOVA QUESTÃO SOCIAL” ............................................ 64
RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 68
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 69
UNIDADE 2 – O NEODESENVOLVIMENTO NO CAPITALISMO
E O ACIRRAMENTO DAS EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL .......................................... 71
TÓPICO 1 – O SURGIMENTO E DESENVOLVIMENTO DO
CAPITALISMO, LIBERALISMO E NEOLIBERALISMO .............................................................. 73
VIII
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 73
2 A MUNDIALIZAÇÃO DA ECONOMIA E O ACIRRAMENTO
 DAS EXPRESSÕES SOCIAIS ........................................................................................................... 73
3 A ESTRATÉGIA NEODESENVOLVIMENTISTA
 FRENTE À QUESTÃO SOCIAL ....................................................................................................... 82
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 95
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 98
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 99
TÓPICO 2 – A NOVA INSTITUCIONALIDADE BRASILEIRA
FRENTE ÀS EXPRESSÕES SOCIAIS ................................................................................................. 101
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 101
2 ORIGEM, SIGNIFICADO E ABRANGÊNCIA DAS POLÍTICAS
 PÚBLICAS E DAS POLÍTICAS SOCIAIS ..................................................................................... 101
3 A NOVA INSTITUCIONALIDADE DE PROTEÇÃO SOCIAL NO BRASIL ......................... 114
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 116
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 120
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 121
TÓPICO 3 – A CRIAÇÃO E AMPLIAÇÃO DAS POLÍTICAS
SOCIAIS BRASILEIRAS ....................................................................................................................... 123
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 123
2 A POLÍTICA NACIONAL DE SEGURIDADE SOCIAL ............................................................. 123
3 A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E O SISTEMA
 ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL ............................................................................................... 132
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 142
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 143
TÓPICO 4 – A TIPIFICAÇÃO NACIONAL DE SERVIÇOS
SOCIOASSISTENCIAIS ....................................................................................................................... 145
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 145
2 CARACTERIZAÇÃO DA TIPIFICAÇÃO ...................................................................................... 145
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 154
RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 158
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 159
UNIDADE 3 – REDISCUTINDO AS QUESTÕES SOCIAIS E SUAS EXPRESSÕES NA 
CONSTRUÇÃO DE UMA NOVA ORDEM SOCIETÁRIA ........................................................... 161
TÓPICO 1 – POSSIBILIDADES E ALTERNATIVAS DE REVERSÃO DO
AGRAVAMENTO DAS EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL ................................................. 163
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 163
2 OS DESAFIOS DAS EXPRESSÕES MULTIFACETADAS
 DA QUESTÃO SOCIAL ..................................................................................................................... 163
3 REFLEXÕES SOBRE OS DESAFIOS DE REVERSÃO DO AGRAVAMENTO DAS
 EXPRESSÕES SOCIAIS NO PRIMEIRO, SEGUNDO E TERCEIRO SETOR ........................ 191
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 205
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 206
TÓPICO 2 – REFLEXÕES SOBRE A CONSTRUÇÃO DE UMA
NOVAORDEM SOCIETÁRIA: SINTONIZANDO O SERVIÇO
SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE .......................................................................................... 207
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 207
IX
2 AS ESTRATÉGIAS E O PROJETO PROFISSIONAL DO SERVIÇO
SOCIAL NO ENFRENTANDO DAS EXPRESSÕES SOCIAIS ..................................................... 207
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 219
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 222
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 223
TÓPICO 3 – A DESIGUALDADE SOCIAL E AS CONCEPÇÕES
DOS SISTEMAS DE INDICADORES ............................................................................................... 225
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................225
2 REFLEXÕES SOBRE A DIVERSIDADE E A DESIGUALDADE SOCIAL .............................. 225
3 TIPOS E SIGNIFICADOS DOS SISTEMAS DE
 INDICADORES UTILIZADOS ........................................................................................................ 229
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 238
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 243
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 244
TÓPICO 4 – RECONSTRUÇÃO DA SOCIEDADE PELA REDUÇÃO DAS 
VULNERABILIDADES E REFORÇO À RESILIÊNCIA HUMANA ............................................ 247
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 247
2 OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL DO MILÊNIO
PARA REDUÇÃO DAS VULNERABILIDADES ............................................................................. 247
3 DESENVOLVIMENTO DA CONDIÇÃO E EXISTÊNCIA HUMANA
PARA REFORÇAR A RESILIÊNCIA HUMANA ............................................................................. 252
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 254
RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 257
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 258
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................ 259
X
1
UNIDADE 1
A GÊNESE DA ASSISTÊNCIA E DA 
QUESTÃO SOCIAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade tem por objetivos:
• compreender e analisar de forma crítica a gênese da Questão Social e da 
Assistência do ponto de vista histórico, tendo uma noção do desenvolvi-
mento do sistema de proteção e de seguridade social;
• analisar o cenário contemporâneo, econômico, político, cultural e social 
no sentido de possibilitar o conhecimento sobre as expressões da “questão 
social“, provenientes do sistema capitalista, e assim perceber a “questão 
social“ como resultado das contradições do desenvolvimento do capitalis-
mo;
• verificar e analisar a abrangência da questão social e de suas inúmeras e 
novas expressões sociais.
A Unidade 1 está dividida em quatro tópicos. Ao final de cada um deles você 
terá a oportunidade de ampliar seus conhecimentos realizando as atividades 
propostas.
TÓPICO 1 – A PROTEÇÃO E A ASSISTÊNCIA NA HISTÓRIA DA 
 HUMANIDADE
TÓPICO 2 – SURGIMENTO DA QUESTÃO SOCIAL E SEU CONTEXTO 
 HISTÓRICO
TÓPICO 3 – A CONSTITUIÇÃO DOS TERMOS “SOCIAL” E “QUESTÃO 
 SOCIAL”
TÓPICO 4 – A ABRANGÊNCIA DA QUESTÃO SOCIAL E SUAS INÚMERAS 
 EXPRESSÕES
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
A PROTEÇÃO E A ASSISTÊNCIA NA HISTÓRIA DA 
HUMANIDADE
1 INTRODUÇÃO
Para compreender a Questão Social e seus desdobramentos na sociedade 
e no Serviço Social, se faz necessário conhecer sua gênese, sua história, os marcos 
sociais, suas formas de manifestações ao longo da história, que são diferenciadas, 
conforme os meios de sobrevivência dos povos, civilizações, os modos de vida 
social e cultural, de produção, de economia, de administração política, visto que 
toda ação social consequentemente leva a uma reação, isso tanto na Antiguidade 
quanto até nos dias de hoje.
Assim como as principais leis da física – como, por exemplo, na dinâmica 
dos fluidos –, fazendo uma analogia, na área social também não deixa de ser, pois 
assim como o comportamento de um fluido se move ao longo de um tubo ou 
conduto, o comportamento humano também fluiu e continua fluindo através dos 
sistemas sociopolíticos e econômicos (condutos sociais) que foram instituídos pelos 
próprios homens ao longo da história e continuam sendo alterados, transformados, 
construídos na atualidade.
2 AS PRIMEIRAS FORMAS DE PROTEÇÃO E ASSISTÊNCIA
Antes do desenvolvimento do capitalismo foram desenvolvidas diversas 
práticas de “ajuda”, “proteção” e/ou “assistência” ao próximo, designados na 
época como “necessitados”, “viajantes”, “indigentes”, “doentes”, “desvalidos”, 
“abandonados”, “órfãos”, “carentes”, “pobres”. Assim eram conceituados os que 
estavam em situação diferente e de desvantagem dos demais, e que precisavam de 
alguma forma de ajuda, proteção, apoio ou cura.
UNIDADE 1 | A GÊNESE DA ASSISTÊNCIA E DA QUESTÃO SOCIAL
4
Entende-se por ajuda qualquer tipo de subsídio ou auxílio do ponto de 
vista mais material do que qualquer outro. Nessa perspectiva, o assistencialismo e 
o clientelismo vigoraram por muito tempo e ainda em alguns momentos se fazem 
valer nas ações de pessoas que querem se prevalecer, ou serem bem vistas, que 
esperam um retorno ou vantagem pessoal ou política. 
FIGURA 1 – PRÁTICA CLIENTELISTA
FONTE: Disponível em: <https://www.google.com.br search?q= 
figuras+de+ajuda+ao+proximo&biw>. Acesso em: 5 jan. 2015.
Na história do Serviço Social era comum encontrar as primeiras damas 
(esposas de prefeitos) na administração e à frente de Secretarias, Departamentos 
de Assistência Social, chamados de “Damismo”.
IMPORTANT
E
IMPORTANT
E
Percebe-se que a prática da proteção e da assistência ao outro sempre existiu na 
história da humanidade. Vigorava nas pessoas “mais fortes” um princípio humano de ajuda 
e altruísmo. Assim, sob a ótica da solidariedade caritativa, os “pobres e desvalidos” eram alvo 
de olhares, intenções e ações que foram desenvolvidas e assumindo diversas formas nas 
diferentes sociedades que existiram.
Necessário se faz que a categoria profissional continue na luta pela democracia e 
justiça social, fortalecendo e priorizando as políticas públicas que garantem os direitos sociais 
à população que deles necessitem, direitos necessários a uma vida com dignidade, liberdade, 
respeito e autonomia.
A busca dessa organização política exige a recusa pelo profissional do conservadorismo, do 
assistencialismo e das práticas funcionalistas, como parte de uma construção histórica, humana, 
intencional e criativa, capaz de possibilitar uma reflexão crítica, voltada para a construção do 
pacto democrático no Brasil, com a ampliação da cidadania por meio da implementação de 
políticas sociais de direito (PIANA, 2009, p. 55).
TÓPICO 1 | A PROTEÇÃO E A ASSISTÊNCIA NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE
5
Porém, na história da humanidade, até se chegar na discussão e 
implementação de políticas sociais de direito, muitas coisas ocorreram. Assim, 
quando enfatizamos a existência das diferentes sociedades, vamos recorrer à 
sociologia, visto que na Antiguidade a primeira forma de sociedade que se formou 
pelo contexto da luta pela sobrevivência foi a sociedade de caçadores-coletores, 
onde as pessoas viviam em pequenos bandos espalhados, eram nômades em 
busca de alimentos e água para a própria sobrevivência do grupo. Toda ação era 
de ajuda mútua coletiva em favor do próprio grupo no sentido de manutenção e 
perpetuação.
Aproximadamente por volta do ano 7.000 a. C, surge a sociedade de 
horticultura e de pastoreio. Assim começam a surgir os primeiros produtores 
de alimentos e criadores de animais domésticos. Este tipo de sociedade também 
era chamado de sociedade hortelã ou sociedade pastoril. Como resultado, as 
sociedades hortelãs criaram povoados com populações numerosas e foram se 
adaptando e crescendo, com produção de barcos, cerâmicas, têxteis, entre outrosdiversos produtos (OLIVEIRA, 2002).
Isso na civilização babilônica aproximadamente 2.000 a. C., onde um dos 
primeiros reis babilônicos, Hamurábi (1728-1686 a. C.), cria o primeiro Código de 
Leis – o Código de Hamurábi; na Índia, o Código de Manu estabelecia normas 
morais para regular a conduta e prestar proteção aos necessitados; bem como a 
Lei das XII Tábuas que instituiu a legislação na origem do Direito Romano e na 
constituição da República Romana. 
Na Antiguidade, os primeiros registros na história da proteção social 
surgiram no Oriente Médio com o Código de Hamurábi, na Babilônia, 
século XVIII a. C., e com o Código de Manu, na Índia, século II a. C., que 
continham preceitos de proteção aos trabalhadores e carentes. 
Porém, apesar de se afirmar a existência de direitos aos indivíduos, 
não existiam garantias contra o poder dos governantes. Assim, cabia 
ao cidadão apenas observar as leis (DEZOTTI; MARTA, 2011, p. 433).
Nesse sentido, também existem muitos relatos bíblicos enfatizando no 
Antigo Testamento, em especial no Egito, situações diversas de miséria, pobreza, 
doenças, pestes, entre outras situações de escravidão dos povos, inclusive do povo 
hebreu. Os Dez Mandamentos da Lei de Deus, bem como diversos livros e textos 
sagrados para os povos, tais com a Lei Torá do Judaísmo, a Bíblia do Cristianismo, 
o Alcorão ou Corão do Islamismo, o Dhammapada do Budismo, entre outros, 
UNI
No Oriente Médio, sabe-se que em função de se tentar garantir a ordem e instituir 
regras e normas para serem seguidas por todos, pois não eram mais alguns e tampouco 
pequenos grupos, mas sim, populações numerosas, tem-se registros de códigos em forma de 
leis sociais, que foram criados e instituídos em algumas regiões.
UNIDADE 1 | A GÊNESE DA ASSISTÊNCIA E DA QUESTÃO SOCIAL
6
também foram criados e tinham como propósito instituir leis, códigos, regras de 
conduta, proteção, libertação, salvação, cura, perdão, caridade, sendo que até os 
dias atuais se fazem valer sob o ponto de vista religioso ou como filosofia de vida 
(GAARDER, 2000).
No Egito, Grécia e Roma, no período da Antiguidade já havia registros de 
ações assistenciais de ajuda e auxílio, com distribuição de alimentos, em especial 
trigo, aos necessitados. 
3 A CONTRIBUIÇÃO DA FILOSOFIA E A INFLUÊNCIA DA 
RELIGIÃO
Sabe-se também que, para o mundo ocidental, as primeiras tentativas 
de estudo, questionamento, análise e compreensão a respeito da sociedade, das 
relações sociais, das formas de interação humana (ser, pensar e fazer a sociedade) 
foram influenciadas na antiguidade pela filosofia grega. 
A base das ciências do mundo ocidental emergiu a partir do mundo greco-
romano com a observação dos primeiros filósofos sociais – Sócrates, Platão e 
Aristóteles –, que começaram a questionar e refletir temas primordiais, tais como 
conceitos de ética, moral, verdade, direito, governo, justiça, política, democracia, 
felicidade, melancolia, entre outros diversos assuntos de interesse da polis, das 
cidades-estados.
Sócrates (470-399 a.C) de Atenas foi considerado o homem mais sábio e o 
filósofo mais importante da sua época. Para ele, o saber fundamental é o saber a 
respeito do homem, por isso até hoje conhecemos sua frase máxima: Conhece-te 
a ti mesmo. Assim, a maior virtude que o homem pode ter é o conhecimento (é 
necessário conhecer para agir retamente) e o maior vício é a ignorância. Sócrates 
dedicou-se à reflexão e discussão da Filosofia Humanista.
IMPORTANT
E
Interessante saber é que, desde a Antiguidade, os filósofos se preocupavam 
também com temas, tópicos de estudo, análise e discussões referente à sociedade em que 
viviam. Temas eram discutidos, tais como democracia, política, justiça, verdade, pois existiam 
na polis daquela época situações antidemocráticas, de corrupção, de injustiças, de mentiras, 
ou seja, manifestações ruins ou erradas que estavam merecendo ser discutidas na sociedade, 
no sentido de propiciar mudanças, transformações.
TÓPICO 1 | A PROTEÇÃO E A ASSISTÊNCIA NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE
7
FIGURA 2 – FILÓSOFO SÓCRATES
FONTE: Disponível em: <https://www.google.com.br/
search?q=imagem+do+filosofo+socrates>. Acesso em: 7 jan. 2015.
O termo democracia era muito discutido na época pelos filósofos. Sócrates, 
crítico da democracia de sua época, questionava de forma aguda como poderia 
numa democracia não existir a participação plena de todos, como poderiam existir 
escravos, por que estrangeiros e mulheres não podiam participar da vida política? 
Assim, era contra a democracia ateniense e não acreditava na mitologia grega. 
Dessa forma, foi condenado à morte por sua racionalidade, criticidade e por 
defender suas ideias. Preferiu a morte do que a recusa pelos seus princípios.
 
Segundo Kim (2011, p.14), 
O tipo de pergunta que Sócrates fez aos cidadãos de Atenas buscou 
chegar ao cerne do que eles realmente acreditavam que eram certos 
conceitos. Sócrates fazia perguntas aparentemente simples – como “O 
que é justiça?” ou “O que é beleza?” [...] Em discussão desse gênero, 
Sócrates desafiou preceitos sobre a maneira como vivemos e sobre as 
coisas que consideramos importantes.
Na filosofia grega existia uma preocupação com a essência das coisas, 
sair da superficialidade era necessário para uma mente autêntica e crítica. Assim, 
vamos perceber a necessidade da filosofia na profissão, pois precisamos ir além 
das aparências e considerar o que realmente é importante.
UNI
Assim, na antiguidade podemos perceber que a escravidão, a exclusão, a 
discriminação, a desvalorização da mulher e estrangeiros eram consideradas 
pelos filósofos consequências da falta de uma autêntica democracia, ou seja, traduzindo: eram 
formas de manifestações da Questão Social = Política da época, o que demonstrava certa 
irracionalidade e incoerência por parte dos legisladores, governantes.
UNIDADE 1 | A GÊNESE DA ASSISTÊNCIA E DA QUESTÃO SOCIAL
8
No caso atual, exemplos de manifestações sociais da Questão Social 
Política, ou até mesmo da economia, podem ser visualizados. Assim podemos 
identificar a corrupção, a pobreza. Seguindo a análise de pensamento de Montaño 
(2012), a pobreza é uma expressão da “questão social”, é uma manifestação atual 
no capitalismo, da relação de exploração entre capital e trabalho; o pauperismo é 
atualmente resultado, manifestação, expressão do capitalismo em sua forma de 
exploração e acumulação privada de capital.
 
Aqui a Questão Social discutida está relacionada ao tema ECONOMIA 
ou até conjuntamente ao tópico POLÍTICA, pois ambos contribuem para a 
disseminação e aumento da desigualdade e pobreza. E assim, poderíamos 
prosseguir com inúmeras e outras reflexões que abordam a questão social e suas 
expressivas manifestações. Por analogia e comparações da antiguidade e da 
sociedade contemporânea, poderíamos descrever e citar diversas situações que 
nos serviriam como base de fundamentação e raciocínio.
Retornando ao pensar a filosofia, os filósofos tinham como compromisso 
propor normas para que o ser humano vivesse numa sociedade ideal. As bases 
para as ciências sociais foram dadas através dos séculos, desde a Antiguidade, por 
pensadores que estiveram ligados à máquina administrativa da cidade-estado ou 
que estudaram sua constituição e funcionamento. 
Os séculos V e IV a. C. foram os séculos em que Atenas viveu seu 
apogeu econômico, político e cultural. Nas palavras do historiador 
grego Heródoto, “O Século de Ouro” do governante Péricles, que após 
a vitória nas Guerras Médicas contra os Persas de Dario I e Xerxes, 
investiu todos os recursos adquiridos de outras cidades (com a Liga 
de Delos) na valorização de sua cultura. Aconteceu nesse período 
a exaltação dos valores dos atenienses através de construções de 
palácios e monumentos; no incentivo de produções artísticas, literárias, 
históricas e filosóficas tentandodemonstrar o auge de sua cultura e 
civilização alcançada com a consolidação do regime democrático. Do 
ponto de vista da produção do conhecimento desse período, destacam-
se três filósofos: Sócrates, Platão e Aristóteles. Todos eles viveram em 
Atenas, pelo menos durante o período central de sua produção, e todos 
eles têm uma obra que influenciou não apenas o momento histórico 
que viveram, mas também o próprio desenvolvimento da Filosofia e 
da Ciência. A preocupação desses filósofos era trazer para o centro de 
suas indagações o HOMEM, como ser capaz de produzir conhecimento 
através do desenvolvimento de sua Moral. Acreditavam, portanto, 
que o Conhecimento – a Filosofia – tinha uma função social, e por isso, 
consistia na formação de cidadãos como tarefa indispensável para a 
transformação da sociedade (RODRIGUES, 2014).
Porém, além da filosofia, também as religiões foram sendo criadas e 
influenciaram e muito o comportamento humano nas diversas sociedades. 
A necessidade de orientar a vida é fundamental para os seres humanos e era 
uma preocupação dos povos antigos, que percebiam que não precisavam apenas 
de comida e bebida, de calor, compreensão e contatos físicos, mas, essencialmente, 
descobrir a origem da humanidade. 
TÓPICO 1 | A PROTEÇÃO E A ASSISTÊNCIA NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE
9
Referente ao pensamento cristão, as relações sociais ocupavam um lugar 
considerável no ensinamento dos profetas do Antigo Testamento. E por incrível 
que pareça, é na amplitude da temática da justiça que foi elaborado o pensamento 
religioso e social dos profetas. Assim, era a justiça um assunto (tema, objeto, tópico, 
contexto, matéria), ou melhor dizendo, uma “questão social” de grande importância. 
“É em torno do tema da justiça que está elaborado o pensamento religioso e social 
dos profetas. [...] É um tema religioso, mas é também, e indissoluvelmente, um 
tema social.” (BIGO, 1969, p. 21).
O termo justiça era considerado no sentido do direito, fazer justiça, 
ser justo. Assim, a noção de justiça e de direito era foco de interesse, análise e 
discussão, pois se percebia, já naquela época, as manifestações da falta de justiça 
principalmente aos pequenos, órfãos, viúvas, estrangeiros, indigentes, doentes, 
que eram excluídos pelos que possuíam além de suas necessidades e não faziam 
justiça, melhor enfatizando, não dividiam, mas sim acumulavam mais e mais para si.
 
Exemplos podem ser descritos, conforme diversos relatos bíblicos, pois os 
ricos tinham mesa abundante, roupas finas e luxuosas, ouro, prata e honras não 
merecidas, propriedades diversas, não pagavam seus assalariados justamente, o 
lucro dos impostos, acumulação e uso dos bens além das necessidades, riquezas 
injustas advindas de administrações desleais, entre outras diversas descrições nos 
textos do Antigo e do Novo Testamento.
Sobre essa postura e visão dos profetas, Bigo (1969, p. 24) descreve 
claramente: 
Assim, os profetas já atribuem à justiça uma dimensão que nós não mais 
lhe ousamos dar. A justiça, para eles, não é primeiramente o direito 
daqueles que têm, é, antes de tudo, o direito daqueles que não têm, o 
direito do membro da comunidade quando se encontra em necessidade. 
É nessa perspectiva que se situam as numerosas advertências dos 
profetas àqueles que vivem em demasia fartura. O luxo é, literalmente, 
uma injúria à pobreza, porque retira àquele que nada tem para dar 
àquele que já tem. Há um ensinamento dos profetas sobre o supérfluo, 
[...]. A avidez dos açambarcadores, daqueles que juntam “casa sobre 
casa, campo sobre campo”, é impiedosamente fustigada.
Podemos chegar claramente à conclusão de que, se não existia justiça, 
com certeza existiam inúmeras manifestações, expressões desta “questão social”, 
sendo uma delas a pobreza, outras, a desigualdade, a miséria, a doença e assim 
UNI
Quem somos? Para onde vamos? Por que estamos vivos e como melhorar a vida 
no grupo, no povoado, na cidade, na polis, na metrópole? Assim, muitos questionamentos 
surgiram sobre a existência de tudo, inclusive da vida e da morte. Essas indagações existenciais 
formaram a base de todas as religiões no mundo.
UNIDADE 1 | A GÊNESE DA ASSISTÊNCIA E DA QUESTÃO SOCIAL
10
consequentemente. Conforme Bigo (1969, p. 36), “Os sermões dos profetas aos 
ricos giravam sempre em torno do tema da justiça, os de Cristo giravam em torno 
do tema da pobreza.” Interessante perceber que os sermões de Cristo se baseavam 
não na “questão social”, mas nas consequências da falta da justiça, ou seja, no 
conjunto das diversas expressões da sociedade injusta da época, proveniente da 
avareza, ganância e soberba dos ricos.
A religião se expandiu por toda a Europa com a queda do Império Romano 
no ano 400, aproximadamente. A Igreja Católica Apostólica Romana foi o grande 
poder que emergiu das cinzas do Império Romano, em torno do qual se ergueu o 
mundo medieval, que foi caracterizado como a Idade das Trevas. A Santa Inquisição, 
criada em 1232, espalhou medo e terror por toda a Europa, através do Tribunal do 
Santo Ofício (que era uma paranoica luta contra o demônio e as heresias), como 
também as Cruzadas, guerras santas em que a Europa cristã combateu os “mouros 
infiéis”: os islâmicos (COSTA, 1997).
A partir da Idade Média, na Europa, foram criadas as confrarias, que eram 
caracterizadas como grupos, irmandades, congregações ou associações religiosas, 
formadas por leigos do catolicismo que desenvolviam ações com caráter caritativo, 
filantrópico e cultos religiosos. 
FIGURA 3 - IRMANDADES, CONGREGAÇÕES DE AJUDA
FONTE: Disponível em: <https://www.google.com.br/search?q=igreja 
+na+idade+media+e+os+pobres&tbm>. Acesso em: 5 jan. 2015.
Nessa época eram comuns ações assistencialistas ou clientelistas, como 
doações, práticas em forma de favor, boa vontade com fundamento em princípios 
cristãos. “A ética cristã – como a filosofia cristã em geral – parte de um conjunto de 
verdades reveladas a respeito de Deus, das relações do homem com o seu Criador 
e do modo de vida prático que o homem deve seguir para obter a salvação no 
outro mundo.” (VÁZQUEZ,1996, p. 243). 
Sob a perspectiva da ética cristã, a ideologia religiosa da época priorizava 
que toda ação pessoal deveria estar voltada para e com Deus, sob uma nova forma 
TÓPICO 1 | A PROTEÇÃO E A ASSISTÊNCIA NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE
11
de participação social onde o teocentrismo fazia valer uma ação transcendental, 
direcionada a favor da própria salvação.
Contudo, a ética cristã tende a regular o comportamento dos homens 
com vistas a outro mundo (a uma ordem sobrenatural), colocando o seu 
fim ou valor supremo fora do homem, isto é, em Deus. Disto decorre 
que, para ela, a vida moral alcança a sua plena realização somente 
quando o homem se eleva a esta ordem sobrenatural. (VÁZQUEZ, 1996, 
p. 245).
Segundo a ética cristã, Deus exigia obediência sem precedentes, bem 
como sujeição a seus mandamentos. Assim, no cristianismo, o ser humano é e 
o que deve fazer, antes de tudo em relação a Deus, tendo como valores a fé, a 
esperança e a caridade para a obtenção da salvação eterna. Assim, também os “Dez 
Mandamentos” e a própria Bíblia foram uma forma de tentar garantir a ordem e 
instituir regras e normas para todos, no sentido de mando e doutrina indiscutível, 
vindo a se tornar uma constituição que está presente, de uma forma ou outra, até 
hoje nas mentes e nas ações das pessoas no mundo ocidental. 
Segundo Carvalho (2006, p. 15), “Na Idade Média, a forte influência do 
Cristianismo, através da doutrina da fraternidade, incentivou a prática assistencial, 
com a difusão das confrarias que apoiavam as viúvas, os órfãos, os velhos e os 
doentes”. Esta concepção medieval pensava que a causa da miséria era um 
problema do pecado da humanidade, de desobediência a Deus, castigo individual, 
e em muitos casos visto como castigo coletivo, sefalando em pragas e pestes.
Nessa época, a Ásia foi atormentada por secas, enchentes e terremotos 
que provocaram uma fome sem precedentes, a Europa sofreu com as mudanças 
climáticas com perdas irreparáveis de sucessivas colheitas, tendo como consequência 
a fome generalizada que espalhou doenças e o desespero nas comunidades 
superpovoadas. Não bastando, uma epidemia entre 1346 e 1352 assolou todo o 
continente e chegou a matar mais de um terço da população europeia, conhecida 
como a peste negra, que provocou a maior onda de mortandade no mundo 
(GUSMÃO JR., 2014).
Durante a Idade Média começaram a surgir, a partir dos mosteiros 
e conventos, instituições asilares, destinadas mais a cuidar dos doentes e 
proporcionar-lhes conforto e ajuda, sobretudo no período de doença em fase 
terminal, pois não se sabia como curá-los. 
UNI
No século XIV, de 1301 ao ano de 1400, a única explicação possível para a série 
de golpes devastadores que abalaram todo o mundo era vista como ira de Deus frente à 
desobediência e aos pecados dos homens.
UNIDADE 1 | A GÊNESE DA ASSISTÊNCIA E DA QUESTÃO SOCIAL
12
Com o aparato e influência da civilização judaico-cristã, a ajuda toma a 
expressão de caridade e a filantropia ao próximo. Assim, com a intenção de 
juntar práticas de auxílio e apoio aos aflitos, doentes e pobres, diversos grupos 
filantrópicos e religiosos começaram a se organizar, dando origem às diversas 
instituições de caridade sob ordem e fundamento da Igreja Católica (SPOSATI et 
al., 2007).
O doente, o inválido, o indigente, o pobre, na visão cristã, passou a ser um 
indivíduo digno de compaixão e auxílio. A prática da caridade era de conforto e 
acolhimento. Assim, com o passar dos tempos, a concepção de doença, pobreza, 
miséria, castigo, entre outros termos, típicos da Europa nos séculos XVI a XIX – 
aproximadamente entre 1501 a 1801 –, inicia e desenvolve-se fundamentalmente a 
partir da organização de ações filantrópicas. 
Assim, a miséria, a pobreza e todas as manifestações delas não eram 
consideradas como resultado da dominação e exploração absolutista do clero da 
época, no período feudal, mas como fenômenos autônomos e de responsabilidade 
individual ou coletiva dos setores por elas atingidos. 
Começa‑se a se pensar então a “questão social”, a miséria, a pobreza, e 
todas as manifestações delas, não como resultado da exploração econômica, 
mas como fenômenos autônomos e de responsabilidade individual ou coletiva 
dos setores por elas atingidos. A “questão social”, portanto, passa a ser 
concebida como “questões” isoladas, e ainda como fenômenos naturais 
ou produzidos pelo comportamento dos sujeitos que os padecem 
(MONTAÑO, 2012, p. 272). 
Durante longo período da história, especificamente durante a Idade Média, 
não se discutia a “questão social”, muito menos suas expressões na sociedade da 
época, e a assistência ficava relegada ao campo da filantropia e da caridade. Dessa 
forma, as iniciativas de apoio e amparo aos chamados “pobres” eram realizadas 
de forma caridosa e piedosa pela Igreja, por paróquias, pelos grupos religiosos 
ancorados nos postulados da fé cristã.
3.1 A ENCÍCLICA “RERUM NOVARUM” FRENTE À QUESTÃO 
SOCIAL
Na Idade Média houve pouca evolução nas declarações de direitos humanos 
e sociais, as que surgiram não eram universais e se restringiam a determinados 
grupos. Encontramos o Decreto de Afonso IX, nas Cortes de Leon, de 1188, e a 
Magna Carta de João II, em 1215, na Inglaterra. Foi um período histórico muito 
complexo e difícil, frente a muitos interesses, conflitos, guerras, revoluções, 
doenças, sofrimentos. Assim, através do fortalecimento do cristianismo, nasceu 
a ideia de solidariedade que fez surgir sistemas de mútua ajuda e seguridade. 
Porém, foi com o Estado Absolutista que houve a primeira lei que versou sobre a 
assistência social, que ficou conhecida como Law of Poor (Lei dos Pobres) ou Poor 
TÓPICO 1 | A PROTEÇÃO E A ASSISTÊNCIA NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE
13
Relief Act (ação de assistência aos pobres) em 1601, na Inglaterra, durante o reinado 
da rainha Isabel (DEZOTTI; MARTA, 2011). 
A partir daí as autoridades começaram, a passos lentos, a se preocupar com 
a proteção social, procurando dar auxílio nos casos de enfermidades, invalidez e 
desemprego, tendo como princípio a responsabilidade do Estado pela assistência 
pública, surgindo a obrigatoriedade de contribuições para fins sociais.
Diante de toda essa realidade, consequentemente a Igreja se viu na 
obrigatoriedade de pensar com afinco a “questão social”. Então, em 1891, a Igreja 
Católica oficializou, por meio do Papa Leão XIII, a publicação da Encíclica "Rerum 
Novarum", apresentando ao mundo católico os fundamentos e as diretrizes da 
Doutrina Social da Igreja, enfatizando sua postura frente aos graves problemas 
sociais que dominavam as sociedades europeias naquele período.
A Igreja Católica, a partir da Encíclica, priorizou um discurso e intervenção 
doutrinária na ação política, com a elaboração de diretrizes gerais de compreensão 
dos problemas sociais da época, que estavam eclodindo por efeito do fenômeno 
industrial na Europa. No entanto, suas diretrizes oscilavam entre a influência 
marxista a favor do socialismo e a proposta liberal do sistema capitalista com 
amplitude de reforma social.
Foi aproximadamente nesse período, quando o Serviço Social transitava 
para sua profissionalização, que surgiram duas encíclicas papais, uma que foi a 
Rerum Novarum, divulgada por Leão XIII a 15 de maio de 1891, e a outra, chamada 
Quadragésimo Anno, divulgada por Pio XI a 15 de maio de 1931, diante do fervor do 
capitalismo e da crise econômica no mundo.
Sabemos que, no Brasil, o Serviço Social foi criado em 1936, a partir das 
iniciativas dos grandes líderes da Igreja Católica, inspirados na Doutrina Social da 
Igreja então enriquecida por uma nova Encíclica Social: a "Quadragésimo Ano", 
redigida pelo Papa Pio XI e publicada no dia 15 de maio de 1931, em comemoração 
aos 40 anos da Rerum Novarum. 
Assim, a profissão do Serviço Social foi se desenvolvendo e crescendo 
permeada pela prática da "Ação Social Católica", sob a liderança da Igreja, sendo 
que até o início dos anos 60 recebeu forte influência que está permeada até os 
dias atuais (CONSELHO REGIONAL DE SERVIÇO SOCIAL – CRESS/SC – 12ª 
REGIÃO, 2014).
Mas o fato de sabermos que o dia "15 de maio" é uma homenagem à 
publicação da "Rerum Novarum" – documento que embalou a profissão 
em berço e lhe sustentou a vida – não esgota o assunto em pauta. Quem 
determinou que assim o fosse? É uma data comemorada apenas por 
assistentes sociais brasileiros? Essas são algumas perguntas que na 
literatura encontrada, bem como nos contatos estabelecidos na fase 
preparatória desse artigo, não responderam a estas indagações. Cabe, 
portanto, aos assistentes sociais interessados na história profissional, que 
se embrenhem pelos caminhos da pesquisa em busca dessas respostas 
UNIDADE 1 | A GÊNESE DA ASSISTÊNCIA E DA QUESTÃO SOCIAL
14
e de outras relativas ao tema. Cabe a nós, assistentes sociais, conhecer 
o passado e construir a memória da nossa profissão (CONSELHO 
REGIONAL DE SERVIÇO SOCIAL – CRESS/SC – 12ª REGIÃO, 2014).
Interessante averiguarmos o quanto a profissão teve a influência do 
catolicismo, por isso é um grande desafio mudar aspectos culturais. No entanto, 
com qualificação e competência podemos mostrar que trabalhar na área social não 
é algo tão simples assim, ter boa vontade ou espírito solidário não é profissão.
Utilizam-se ainda muitos termos ligados à história e à religião, como 
ajuda, caridade, auxílio, doação, entre outros, assim confundem-se muito os 
termos ligados ao Serviço Social, aos Serviços Sociais, à Assistência Social. Para 
esclarecer, vejamos o quadro a seguir, que enfatiza com teor e objetividade diversas 
especificações referentes à abrangênciae compreensão da profissão. 
LEITURA COMPLEMENTAR
Myrian Veras Baptista
A QUESTÃO SOCIAL COMO UM DESAFIO 
HISTÓRICO DO SERVIÇO SOCIAL
Assumo como ponto de partida para essa minha reflexão a ideia de que, 
na estrutura do serviço social brasileiro como profissão, sempre esteve presente 
o desafio do enfrentamento das expressões da questão social gestadas pelo 
capitalismo, o que fez com que seus profissionais parametrassem suas intervenções 
na relação capital-trabalho. 
Evaldo A. Vieira tem sobre esse aspecto uma posição assemelhada à que 
eu expresso aqui. É dele a consideração seguinte: a questão social foi uma base sólida 
na constituição e consolidação do serviço social, uma vez que tem sido sempre seu eixo 
de reflexão e a expressão de sua particularidade2. Helena Iraci Junqueira, uma das 
pioneiras da profissão, esclarece em depoimento (1983:16) que o serviço social 
originou-se de um movimento dentro da Igreja [Católica] […] de uma prática concreta, 
de uma posição de vanguarda […] voltando-se para a formação de profissionais para a 
UNI
O Serviço Social tem sua história vinculada com ações de caridade e benevolência, 
por isso ainda nos dias de hoje a profissão passa pelo desafio de esclarecer as interpretações 
equivocadas, que ainda não abrangem a clareza do real significado contemporâneo da 
terminologia ligada à profissão.
TÓPICO 1 | A PROTEÇÃO E A ASSISTÊNCIA NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE
15
atuação sobre os problemas sociais que se colocavam na época. Ele começou com ímpeto 
de renovação, de estudo, de posicionamento avançado para a época. Em outro momento, 
em depoimento (LIMA, 1982:75), H. I. Junqueira situa as razões de sua escolha do 
serviço social como profissão: […] eu estava engajada no movimento de Ação Católica. 
Esse movimento, em São Paulo, despertara, desde o início, um sentido profundamente social 
nos seus membros […] Tínhamos uma grande preocupação pela justiça social. […] quando 
tive conhecimento da fundação da Escola de Serviço Social, me empolguei com a ideia de 
que poderia ter uma profissão que iria servir à implantação da justiça social. 
O serviço social brasileiro foi gestado na esteira de um movimento 
internacional, articulado e comandado pela Igreja Católica, que tinha por objetivo 
sedimentar uma proposta política que se configurara através de encíclicas papais as 
quais estruturaram uma doutrina social que se tornou conhecida como a Doutrina 
Social da Igreja. 
A Doutrina Social da Igreja estabelecia as bases para a operacionalização 
de uma alternativa para o enfrentamento da questão social – “nem o liberalismo, 
nem o individualismo, nem o comunismo, o humanismo cristão”, Rerum Novarum 
de Leão XIII, publicada em 15 de maio de 1891, e Quadragésimo Ano de Pio XI, de 
15 de maio de 1931.
Hoje, o espaço privilegiado da ação profissional continua sendo o do 
enfrentamento das manifestações da questão social – naturalmente, a partir de 
outros paradigmas –, principalmente aquelas que expressam a relação pobreza-
sociedade, na medida em que essa pobreza se gesta, se nutre e se amplia nas 
defasagens sofridas pelos polos menos favorecidos da relação capital/trabalho. 
[…] Esse quadro, posto por H. I. Junqueira, expressa uma realidade na 
qual se pode depreender processos econômicos e sociopolíticos que compõem 
as condições objetivas para que o serviço social se constitua como profissão: a 
sociedade e o Estado viam-se cada vez mais desafiados a enfrentar as questões 
sociais construindo respostas ao nível de políticas sociais e de serviços, a uma 
crescente gama de situações que exigiam profissionais preparados para seu 
planejamento e execução, e os assistentes sociais foram investidos como um dos 
agentes executores das políticas sociais (NETTO, 2001:74-75).
[...] Em São Paulo, o movimento que tinha por proposta a expansão política 
da Doutrina Social da Igreja se apoiou estrategicamente em um tripé cujas bases 
eram configuradas por: 
1) um partido político, o Partido Democrata Cristão, cuja presidência foi assumida, 
via eleição, pelos integrantes do movimento. Nesse partido, muitos assistentes 
sociais militaram politicamente, aceitando e disputando cargos políticos. O PDC 
teve, por muitos anos, como secretário geral, José Pinheiro Cortez; e Helena 
Iracy Junqueira foi, pelo partido, a primeira vereadora mulher da cidade de 
São Paulo e foi também Secretária da Educação no município, nos anos 50, na 
administração PDC. 
UNIDADE 1 | A GÊNESE DA ASSISTÊNCIA E DA QUESTÃO SOCIAL
16
2) a mobilização do laicato católico através da organização da Ação Social Católica, 
cuja responsabilidade de implantação em São Paulo fora assumida pelo CEAS 
– Centro de Estudos e Ação Social – a partir de 1934. A Ação Social Católica 
destacava a responsabilidade social do cristão, superando a vivência religiosa mais 
individual (VICINI, 1990:24) e atuava através de grupos organizados como a Liga 
Feminina de Ação Católica, a Juventude Operária Católica-JOC, a Juventude 
Agrícola Católica – JAC, a Juventude Estudantil Católica (secundarista) – JEC, 
a Juventude Independente Católica – JIC, a Juventude Universitária Católica – 
JUC. 
3) e a implementação de espaços de formação e de disseminação de ideias e 
da doutrina, de preparação de uma elite intelectual católica, configurados 
principalmente pelas Universidades Católicas. Não por acaso, em São Paulo, 
foi o CEAS a entidade fundadora e mantenedora da primeira Escola de Serviço 
Social. 
Consonante com as propostas da Doutrina Social da Igreja, o objeto da 
formação e da intervenção profissional dos assistentes sociais nesse período era 
também o objeto que preocupava a Igreja e a Ação Social Católica: a questão social, 
tal como vinha se expressando na sociedade brasileira e, no caso de São Paulo, 
paulista. Em decorrência, a profissão de serviço social se constituiria num dos aspectos 
concretos da ação social (Albertina Ferreira Ramos – 1940 - apud Yasbek, 1980:40) e 
o curso de serviço social, além de se voltar para a disseminação de conhecimentos 
e de técnicas para uma ação mais eficaz no enfrentamento dos problemas sociais, 
dedicava-se também à formação social de dirigentes, integrantes da ação política 
do laicato católico (LIMA, 1982:45). 
FONTE: BAPTISTA, Myrian Veras. A questão social como um desafio histórico do serviço social. 
2009. Disponível em: <http://www.jurassicos.com.br/leao_XIII/arquivos/surgimento_servico_
social.pdf>. Acesso em: 5 jan. 2015.
17
Neste primeiro tópico ampliamos nossos conhecimentos e estudamos 
um pouco mais sobre a gênese da questão social, assim enfatizamos vários itens:
• Verificamos as características da proteção e da assistência na história da 
humanidade e percebemos que mesmo antes do desenvolvimento do capitalismo 
foram desenvolvidas diversas práticas de “ajuda”, “proteção” e/ou “assistência” 
ao próximo.
• Analisamos a influência da filosofia para o mundo ocidental, sendo que as 
primeiras tentativas de estudo, questionamento, análise e compreensão a 
respeito da sociedade, das relações sociais, foram influenciadas na Antiguidade 
pela filosofia, especificamente pela filosofia grega.
• Verificamos que durante longo período da história, especificamente durante a 
Idade Média, não se discutia a “questão social”, muito menos suas expressões na 
sociedade, e a assistência ficava relegada ao campo da filantropia e da caridade.
• Constatamos a influência da religião católica na sociedade e especificamente 
no serviço social, como, por exemplo no Brasil, o Serviço Social foi criado em 
1936, a partir das iniciativas dos grandes líderes da Igreja Católica, inspirados 
na Doutrina Social da Igreja. 
• Analisamos que a profissão do Serviço Social foi se desenvolvendo e crescendo 
permeada pela prática da “Ação Social Católica”, sendo que até o início dos anos 
60 recebeu forte influência no sentido de tercaráter caritativo e assistencialista, 
práticas severamente combatidas na atualidade.
RESUMO DO TÓPICO 1
18
1 Conforme o estudo desta primeira unidade, descreva como foram 
desenvolvidas na Antiguidade as práticas de assistência ao outro.
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2 Que influência teve a religião na consolidação da prática da assistência no 
contexto social, especificamente na Europa e América Latina?
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AUTOATIVIDADE
19
TÓPICO 2
SURGIMENTO DA QUESTÃO SOCIAL E SEU CONTEXTO 
HISTÓRICO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Iremos aprofundar nesta unidade os fatores históricos econômicos, 
políticos, sociais e culturais que contribuíram para o surgimento da questão 
social, especificamente, durante o período de transição da Idade Média para a 
Idade Moderna, tais como, movimentos intelectuais como o Renascimento e o 
Iluminismo, que contribuíram para a concretização da Revolução Francesa.
Abordaremos também o surgimento e desenvolvimento do capitalismo, 
bem como os significados do liberalismo e do neoliberalismo enquanto doutrinas 
de política econômica a favor das ideias e avanços industriais e capitalistas.
2 FATORES HISTÓRICOS ECONÔMICOS, POLÍTICOS, 
SOCIAIS E CULTURAIS QUE CONTRIBUÍRAM PARA O 
SURGIMENTO DA QUESTÃO SOCIAL
A questão social está intrinsecamente vinculada com a história do surgimento 
e desenvolvimento do capitalismo, visto o desenrolar dos acontecimentos que 
mudaram o curso da história da humanidade. Por isso precisamos conhecer o 
passado para compreender e refletir sobre aspectos do cenário contemporâneo 
mundial e da nossa própria realidade. 
A transição da Idade Média para a Idade Moderna foi um período muito 
conturbado e difícil em todos os sentidos, pois foi um período de transição entre 
a mentalidade medieval para a mentalidade moderna racional, com profundas 
transformações sob o ponto de vista histórico econômico, político, social e cultural. 
Ao invés de termos o mundo explicado pela fé (por verdades reveladas), 
passa-se a ter um mundo explicado pela razão, pela ciência experimental; do 
teocentrismo passa-se para a perspectiva do antropocentrismo, focando não mais 
na fundamentação da teologia e do poder do absolutismo, mas essencialmente na 
racionalidade científica, onde o homem dotado de certeza e razão torna-se o centro 
do mundo.
UNIDADE 1 | A GÊNESE DA ASSISTÊNCIA E DA QUESTÃO SOCIAL
20
Nesse período de transição obtivemos a primeira noção de movimento 
social, o RENASCIMENTO – desenvolvimento do Humanismo nos séculos XV e 
XVI, que foi caracterizado como um movimento intelectual de desenvolvimento 
artístico, literário e científico. Desse modo, renasce novamente a filosofia e há um 
grande passo às pesquisas científicas, até então proibidas na Idade Média. As 
manifestações deste movimento tiveram maior repercussão na França, contra as 
injustiças sociais, intolerância religiosa e privilégios do absolutismo.
FIGURA 4 – REPRESENTAÇÃO DO PERÍODO MODERNO
FONTE: Disponível em: <https://www.google.com.br/search?q=antropocentrismo&bi 
w=>. Acesso em: 5 jan. 2015.
 Assim também surgiu o ILUMINISMO, que significou uma corrente 
de pensamento dominante no período aproximado de 1700 a 1800, período 
caracterizado como Século das Luzes. Era um movimento que representava uma 
visão de mundo da burguesia intelectual da época na Europa, que estimulava a 
luta da razão e do progresso contra a superstição e a teologia. Essa corrente de 
pensamento inspirou os ideais da Revolução Francesa em 1789, que teve como 
lema: Liberdade, Fraternidade e Igualdade, pois denunciava erros e vícios do 
Antigo Regime feudal e absoluto, efetivando a derrubada da monarquia absoluta.
UNI
O teocentrismo é uma concepção que enfatiza Deus no centro de todas as 
coisas, desse modo, o homem e o que deve fazer definem-se essencialmente em 
relação a Deus (VÁZQUEZ, 2000).
TÓPICO 2 | SURGIMENTO DA QUESTÃO SOCIAL E SEU CONTEXTO HISTÓRICO
21
Hampson (1996, p. 375) descreve que:
Mais que um movimento, o Iluminismo foi um modo de pensar. Falando 
de maneira geral, foi uma consequência da “revolução científica” no final 
do século XVII, que havia transformado a concepção que a maior parte 
das pessoas instruídas tinha a respeito do mundo por elas habitado. [...] 
A compreensão, pelo Homem, de si mesmo e da sociedade só podia 
ser alcançada pelos métodos científicos da observação e dedução, que 
lhe permitiam captar princípios que governavam o comportamento da 
matéria. 
O francês Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) tornou-se o iluminista mais 
radical, precursor do socialismo, defendia um Estado democrático, voltado para o 
bem comum e a vontade geral. 
Surge na época uma doutrina política e econômica designada como 
Liberalismo. Seu principal teórico foi o economista escocês Adam Smith (1723-
1790), que criticava a intervenção estatal na economia e idealizava uma economia 
dirigida pelo jogo livre da oferta e da procura, chamado de laissez-faire (deixai fazer), 
como se existisse algo invisível que iria conduzir da melhor forma a economia e a 
sociedade. O trabalho nesta concepção era considerado como a verdadeira riqueza 
das nações e o sistema econômico deveria ser dirigido pela livre iniciativa dos 
empreendedores, burgueses, capitalistas.
A ação racional, portanto, significava conformidade a um sistema que era 
moralmente autolegitimado. A “mão invisível” da Providência garantia 
que a busca individual de um autointeresse iluminista conduziria 
sempre ao bem-estar da sociedade como um todo. [...] Durante a 
segunda metade do século XVIII, o Iluminismo foi contestado por uma 
repulsa ao que era visto como uma concepção mecanicista do universo, 
uma negação das verdades da percepção e da emoção e uma fuga ao 
conflito entre inclinação e dever. Jean-Jacques Rousseau, em particular, 
embora partilhasse alguns dos pressupostos do Iluminismo, baseou 
sua teoria na soberania popular e um conceito de regeneração moral do 
indivíduo pela sociedade que tirava o seu dinamismo da consciência e 
de uma moralidade intuitiva. [...] Os homens que se viram no controle 
da França em 1789, em sua esmagadora maioria, partilhavam dos seus 
pressupostos (HAMPSON, 1996, p. 376).
Interessante ressaltar que a sociedade racional dos iluministas revelou na 
sociedade burguesa uma profunda irracionalidade, pois começava a germinar 
um tipo de dominação e exploração por parte dos burgos da época. Assim, foi 
UNI
Surge na época uma sociedade racional, porém com uma sociedade burguesa 
ambiciosa, onde a exploração e dominação eram cada vez mais evidentes, 
transparecendo novamente a desigualdade e a exclusão social. Assim, com o novo sistema 
econômico desenvolveu-se também uma nova sociedade, urbana e industrial, com suas 
consequências inevitáveis.
UNIDADE 1 | A GÊNESE DA ASSISTÊNCIA E DA QUESTÃO SOCIAL
22
se consolidando e crescendo um tipo de grupo social que estava enriquecendo, 
a burguesia, grupoque foi se consolidando com o crescimento do capitalismo, 
sendo considerada mais tarde como classe social burguesa. 
A Europa passava por imensas transformações, a começar pela Revolução 
Francesa, e depois pela Revolução Industrial, que mudaram o curso da história, 
principalmente para o absolutismo e poderio da Igreja, visto que os princípios 
iluministas se proliferavam pela luta da razão e do progresso contra a superstição 
e a teologia, bem como com o fim do feudalismo. 
A Revolução Francesa, ao romper com um sistema político de privilégios 
e protagonizar a instauração de uma sociedade de indivíduos, assume, 
desde o século XVIII, com a Declaração dos Direitos do Homem e do 
Cidadão, a tarefa de encaminhamento de uma política social, que foi 
tornando a caridade e a assistência clerical cada vez mais aleatória. A 
esta época, o frágil equilíbrio necessário para tornar a solidariedade 
eficaz, entre a riqueza e a pobreza, entre a generosidade e o sofrimento, 
se torna a cada dia mais difícil e ilusório (IVO, 2012, p. 72). 
FIGURA 5 – IMAGEM DA REVOLUÇÃO FRANCESA
FONTE: Disponível em: <https://www.google.com.br/search?q=SOCIAL>. Acesso 
em: 6 jan. 2015.
UNI
No século XVIII ocorreram duas grandes revoluções na Europa, a Revolução 
Francesa e a Revolução Industrial. Influenciadas pelos princípios iluministas 
e da substituição das ferramentas pelas máquinas, ajudaram a consolidar a globalização do 
capitalismo, bem como as teorias econômicas liberalistas (RAMALHO, 2012).
TÓPICO 2 | SURGIMENTO DA QUESTÃO SOCIAL E SEU CONTEXTO HISTÓRICO
23
Segundo Carlebach (1996, p. 405), “A Revolução Francesa visava reestruturar 
toda a sociedade, em todos os níveis, no espírito das novas noções de igualdade 
social defendidas pelo Iluminismo”. 
A Revolução Industrial teve início na Inglaterra, emergindo 
aproximadamente em 1775 e se espalhando por toda a Europa. Concomitantemente 
com o crescimento econômico, crescia também um número exorbitante de homens, 
mulheres e crianças em situações desumanas e degradantes. 
Era um retrocesso social, tendo em vista as condições desumanas a que os 
trabalhadores eram submetidos em toda a Europa, assim foi se caracterizando o 
Estado Liberal com intervenção mínima do poder político e estatal na sociedade 
da época. 
Desenvolviam-se as teorias econômicas liberalistas que ajudaram a 
consolidar o progresso capitalista e, consequentemente, fizeram emergir os 
problemas sociais (atualmente designados como expressões da questão social) 
oriundos destas profundas transformações, tais como pauperismo, carências, 
mendicância, desvios de conduta, desemprego, péssimas condições de trabalho, 
entre outras consequentes manifestações. 
FIGURA 6 – TRABALHADORES DAS INDÚSTRIAS INGLESAS
FONTE: Disponível em: <https://www.google.com.br/
search?q=revolução+industrial&biw>. Acesso em: 5 jan. 2015.
UNI
A REVOLUÇÃO FRANCESA (chamada de Revolução Gloriosa) se caracterizou 
como um movimento social revolucionário de caráter liberal e burguês a favor do liberalismo, 
nacionalismo e socialismo, provocando a derrubada da monarquia absoluta.
UNIDADE 1 | A GÊNESE DA ASSISTÊNCIA E DA QUESTÃO SOCIAL
24
Em 1848, na Europa, ocorreram diversas revoluções, manifestações 
populares, revoltas diversas em vários países. Vários movimentos de trabalhadores 
começaram a eclodir, pois começaram a negar a manutenção do poder burguês, 
a criticar a crise econômica, a exigir melhores condições sociais, econômicas e 
políticas a favor da democracia e cidadania. 
Originalmente, o termo “primavera dos povos” está associado às 
revoluções ocorridas na Europa central e oriental em 1848. A grande 
onda de reivindicações iniciada nesse ano, que tinha em sua agenda 
política a extensão do direito de voto e a ampliação de direitos das 
minorias nacionais, foi uma resposta à política continental de restauração 
que conduziu as decisões internas dos Estados europeus após a derrota 
napoleônica. Incapazes de absorver as mudanças propostas pelo 
ideário liberal/burguês e mesmo de processar a incorporação dos novos 
grupos sociais surgidos das transformações sociais da industrialização 
crescente, os Estados monárquicos europeus viram eclodir diversas 
revoluções (PARADA, 2011).
Esse conjunto de revoluções foi chamado de Primavera dos Povos, tinha 
caráter liberal, democrático, nacionalista e, apesar de sua breve duração, recebe 
importância significativa no estudo da questão social, por ter sido a primeira 
revolução do proletariado.
 
Na França, com intuito de apaziguar o contexto de revoltas, o governo 
francês procura remediar como podia. Referindo-se aos debates de 1848, 
Rosanvallon (1998, p. 120) descreve:
Em 26 de fevereiro de 1848, um cartaz com um novo decreto foi exposto 
nos muros da capital: “O governo provisório da República Francesa se 
compromete a prover a existência do trabalhador pelo trabalho, que 
será garantido a todos os cidadãos” [...] Reunindo inicialmente alguns 
milhares de homens, chegavam a quase 100.000 beneficiados [...] A 
experiência foi um insucesso monstruoso, [...].
Protestos e reivindicações emergiram na França e se proliferaram por toda 
a Europa. Resultado consequente da transformação de uma sociedade agrária para 
uma industrial, fez emergir um contingente de operários sem garantias de trabalho 
e direitos sociais, bem como milhares de desempregados em situação de miséria.
Com o desenvolvimento ocorre a passagem da manufatura para 
mecanização, criação de duas novas classes sociais antagônicas: burguesia e 
proletariado, ou empresários e trabalhadores. Surgem as primeiras manifestações 
UNI
Interessante ressaltar que as revoluções estão associadas ao termo radicalismo, 
as mudanças radicais fundamentais geralmente estão interligadas com o sistema social e suas 
conjunturas, sistemas de poder da política, da economia.
TÓPICO 2 | SURGIMENTO DA QUESTÃO SOCIAL E SEU CONTEXTO HISTÓRICO
25
de revolta na Europa, dando origem aos sindicatos a partir de 1833. Começa-se a 
produção de consumo.
A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL se caracterizou como um processo histórico 
de transformação econômica e social, através do qual um novo modo de produção 
capitalista passa a dominar a sociedade: produção em escala para o mercado 
mundial, uso intensivo de máquinas, concentração de operários – trabalhadores – 
e a divisão social do trabalho. 
FIGURA 7 – CONFIGURAÇÕES DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
FONTE: Disponível em: <https://www.google.com.br/search?q=revolução+industrial 
&biw=1366&bih~>. Acesso em: 5 jan. 2015.
Surge então efetivamente o capitalismo, um novo sistema econômico e 
social de mercado, um tipo de economia e de sociedade que se caracteriza pela 
propriedade privada (individual ou coletiva) dos meios de produção, trabalho 
assalariado e acumulação de capital (riqueza), se baseando no controle, previsão 
e exploração de oportunidades de mercado para efeito do lucro, bem como de 
recursos técnicos e naturais disponíveis.
UNI
Podemos analisar o capitalismo sob duas perspectivas, uma sob a análise do 
perspectivismo liberal e a outra sob a análise do perspectivismo marxista, duas 
concepções totalmente distintas referentes à concepção do capital, do sistema de produção e 
reprodução capitalista, da sociedade e de suas manifestações presenciais e futuras.
UNIDADE 1 | A GÊNESE DA ASSISTÊNCIA E DA QUESTÃO SOCIAL
26
Para os liberais da época, a propriedade privada assegurava a melhor 
distribuição possível dos recursos. Assim, o mercado assegurava uma satisfação 
em função de sua dotação e criação de bens e serviços, e a distribuição dos recursos 
podia resultar pelo simples jogo do mercado, que, por si só, beneficiava a todos e 
sem interferência do Estado na economia, mas com uma intervenção flexível ou 
mínima através de suas políticas de bem-estar. 
O lucro é justificado no capitalismo pelasua própria natureza, assim como 
a justa remuneração e iniciativa dos empresários, que se empenham em melhorar 
o capital técnico, investem seus recursos em novos recursos e na produção, 
descobrem novas ideias e procuram pô-las em prática para que o desenvolvimento 
e o crescimento econômico se efetivem cada vez mais em sua plenitude (GÉLÉDAN; 
BRÉMOND, 1988).
Sabe-se que o processo de industrialização e o avanço desenfreado do 
capitalismo desencadearam inúmeras consequências na área social, evidências e 
expressões negligenciadas e omitidas pelos liberalistas, visto apenas visualizarem 
o bem-estar econômico da sociedade – seu crescimento e desenvolvimento do 
ponto de vista da economia –, deixando à deriva o desenvolvimento social e as 
consequências desastrosas do sistema capitalista. 
A questão social e suas expressões, na época designada como problemas 
ou disfunções sociais, para os liberais estavam dissociadas da questão econômica. 
Assim, percebiam e consideravam todos os problemas sociais como desvios de 
conduta que estavam vinculados e relacionados com a cultura, a moral, a religião, 
a família, a própria pessoa. Dessa forma, a pobreza era relacionada a causas 
individuais e psicológicas, pensava-se o pauperismo como mendicância e como 
crime, e assim a repressão se instituía como forma de tentar harmonizar a sociedade 
da época.
 [...] a partir de 1834, existem algumas características e problemas dessa 
concepção de “questão social”, pobreza e tratamentos:
a. A “questão social” é separada dos seus fundamentos econômicos 
(a contradição capital/trabalho, baseada na relação de exploração do 
trabalho pelo capital, que encontra na indústria moderna seu ápice) 
e políticos (as lutas de classes). É considerada a “questão social” 
durkheimianamente como problemas sociais, cujas causas estariam 
vinculadas a questões culturais, morais e comportamentais dos próprios 
indivíduos que os padecem.
b. A pobreza é atribuída a causas individuais e psicológicas, jamais a 
aspectos estruturais do sistema social.
c. O enfrentamento, seja a pobreza considerada como carência ou 
déficit (onde a resposta são ações filantrópicas e beneficência social). 
Ou seja, ela entendida como mendicância e vadiagem (onde a resposta 
é a criminalização da pobreza, enfrentada com repressão/reclusão), 
sempre remete à consideração de que as causas da “questão social” e da 
pobreza encontram-se no próprio indivíduo. Trata-se das manifestações 
da “questão social” no espaço de quem os padece, no interior dos limites 
do indivíduo, e não como questão do sistema social. 
Essa é a perspectiva pós-1835, século XIX — que, a partir da 
constituição do proletariado como sujeito e de suas lutas desenvolvidas 
particularmente entre 1830-48, pensa o pauperismo como mendicância 
TÓPICO 2 | SURGIMENTO DA QUESTÃO SOCIAL E SEU CONTEXTO HISTÓRICO
27
e como crime, tratando assim dela com repressão (MONTÃNO, 2012, 
p. 274).
As inúmeras consequências se evidenciavam com o aumento da pobreza 
e da exclusão social, das desigualdades sociais, da expansão de situações de risco 
social, aumento de situações de vulnerabilidade social, precarização do trabalho, 
baixo salário, diminuição de postos de trabalho, trabalho infantil, crescimento 
excessivo de imigrações e migrações, explorações diversas.
Bottomore (1996, p. 59) especificou o capitalismo como um:
Tipo de economia e de sociedade que, em sua forma desenvolvida, surgiu 
a partir da Revolução Industrial do século XVIII na Europa Ocidental, 
o capitalismo foi posteriormente conceituado de variadas maneiras por 
economistas, historiadores e sociólogos (a palavra em si mesma só veio 
a ser amplamente utilizada no final do século XIX, particularmente por 
pensadores marxistas). Marx (O Capital, 1867, vol. 1) definiu-a como 
uma “sociedade produtora de mercadorias”, na qual os principais meios 
de produção estão nas mãos de uma classe particular, a BURGUESIA, 
e a força de trabalho também se torna uma mercadoria que é comprada 
e vendida. Essa concepção foi elaborada no quadro da teoria de Marx 
sobre a história – sua “interpretação econômica” – e o capitalismo 
encarado como o mais recente estágio em um novo processo de evolução 
dos modos de produção e formas de sociedade humanos. Seus aspectos 
característicos, segundo Marx, eram a capacidade de autoexpansão 
através da acumulação incessante (a centralização e a concentração de 
capital), a revolução contínua dos métodos de produção (fortemente 
enfatizada em O manifesto comunista), intimamente ligada ao avanço 
da ciência e da tecnologia como uma força produtiva de importância 
maior, e ainda o caráter cíclico de seu processo de desenvolvimento, 
marcado por fases de prosperidade e depressão, e também uma divisão 
mais claramente articulada, ao lado de crescente conflito entre as duas 
classes mais importantes (ver CLASSE) – a burguesia e o proletariado 
(ver CLASSE OPERÁRIA).
Quando a classe proletária explorada começa a questionar a realidade 
social e o sistema econômico vigente, sua consciência crítica e de classe social faz 
surgir e proliferar inúmeros movimentos sociais, revoluções sociais. Dessa forma, 
os problemas sociais foram politizados, obrigando o Estado a efetivar e garantir os 
direitos sociais, ou seja, os problemas sociais foram transformados e considerados 
como expressões sociais da questão social e não mais como resultados do 
comportamento individual e das instituições sociais.
UNI
Porém, a questão social, mesmo com o desenvolvimento e crescimento do 
capitalismo, era considerada alvo de preocupação, pois os “problemas sociais” não 
deixavam de existir, mas cresciam em diferentes formas e números, sendo alvo de estudo por 
diversos pensadores. 
UNIDADE 1 | A GÊNESE DA ASSISTÊNCIA E DA QUESTÃO SOCIAL
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FIGURA 8 – MOVIMENTOS SOCIAIS 
FONTE: Disponível em: <https://www.google.com.br/search?q=movimentos+sociais&b 
iw>. Acesso em: 5 jan. 2015.
Os problemas sociais ou disfunções sociais foram politizados pela classe 
trabalhadora, foram transformados em expressões sociais, em manifestações 
multifacetadas da questão social. Assim, constatamos que a questão social e 
suas expressões eram designadas, caracterizadas, conceituadas como: problemas 
ou disfunções sociais, pois não eram tratadas sob o ponto de vista estrutural da 
sociedade capitalista.
Porém, essa politização e questionamento da classe trabalhadora não 
ocorreram de forma pacífica, lenta e amigável durante a história, tanto é que as 
transformações que estavam ocorrendo impulsionaram muitos estudiosos a 
se debruçarem cientificamente sobre os estudos sociais e, através de pesquisas, 
mostrassem evidências comparadas e comprovadas da sociedade. Assim, por 
necessidade, é que a sociologia se caracterizou como uma ciência. 
A partir da substituição das ferramentas pelas máquinas, da energia 
humana pela energia motriz e do modo de produção doméstico pelo sistema fabril, 
se iniciou o processo de industrialização em escala mundial. Consequentemente, 
o capitalismo começou a emergir e foi alvo de atenção de diversos economistas e 
sociólogos. 
IMPORTANT
E
Podemos entender o significado de expressões ou manifestações multifacetadas 
da questão social como aquelas que se apresentam na sociedade com várias facetas, muitas 
faces, múltiplas aparências, características ou atributos.
TÓPICO 2 | SURGIMENTO DA QUESTÃO SOCIAL E SEU CONTEXTO HISTÓRICO
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Alguns teóricos e profissionais estavam preocupados em organizar o 
processo de produção para obtenção do crescimento do próprio capital, e outros, 
em analisar os resultados de tal sistema, seu modo de funcionamento e suas 
consequências. Assim, seguindo as descrições feitas por Oliveira (2002), podemos 
relatar alguns dos grandes mestres das ciências sociais, que analisaram a sociedade 
de sua época:
QUADRO 1 – OS PENSADORES CLÁSSICOS DA

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