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Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
INTÉRPRETE DE LÍNGUA 
DE SINAIS BRASILEIRA 
NA SALA DE AULA
Autor: Saulo Xavier de Souza
419
S729i Souza, Saulo Xavier de
 Intérprete de Língua de Sinais Brasileira na sala de aula
 Saulo Xavier de Souza. Indaial : Uniasselvi, 2011. 
 266 p. : il. 
	 	 													 Inclui	bibliografia.	
 ISBN 978-85-7830-461-4
 1. Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Dr. Malcon Tafner
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel
Equipe Multidisciplinar da
Pós-Graduação EAD: Profa. Hiandra B. Götzinger Montibeller
 Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald
 Profa. Jociane Stolf
Revisão de Conteúdo: Profa. Fabiana Schimitt
Revisão Gramatical: Profa. Iara de Oliveira
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci
Copyright © Editora Grupo UNIASSELVI 2011
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial. UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
Sou o responsável pela disciplina da área 
de Interpretação de Língua Brasileira de Sinais 
na sala de aula. Tenho mestrado em Estudos da 
Tradução pela Universidade Federal de Santa Catarina 
(UFSC).	Conheci	a	Libras	em	2002	e	me	profi	ssionalizei	
como intérprete pela Feneis-CE em 2004. Graduei-me 
em	 Jornalismo	 em	 2005	 e	 fui	 certifi	cado	 pelo	 Prolibras	
para tradução e interpretação (2006), bem como para 
o uso e ensino da Libras (2009), ambos de nível 
superior. Defendi minha pesquisa de mestrado sobre 
performances de tradução do Português para a 
Libras em 2010. Tenho experiência com tradução, 
interpretação, dublagem (Libras - Português) e 
comunicação.
Saulo Xavier de Souza
Sumário
APRESENTAÇÃO ........................................................................... 7
CAPÍTULO 1
Reflexões	Conceituais	sobre	Tradução	e	 
Interpretação	em	Língua	de	Sinais ............................................. 9
CAPÍTULO 2
Marcos	Históricos	da	Tradução	e	Interpretação	 
em	Língua	de	Sinais ..................................................................... 41
CAPÍTULO 3
Evolução	da	Atividade	Profissional	de	Interpretação	 
de	Língua	de	Sinais	no	Brasil	 ................................................... 83
CAPÍTULO 4
Quem	é	o	Intérprete	de	Libras? ............................................. 129
CAPÍTULO 5
Ética,	Legislação	e	a	Atividade	de	 
Interpretação	Educacional	 ................................................... 169
CAPÍTULO 6
Técnicas	e	Práticas	de	Interpretação	Educacional ........... 219
APRESENTAÇÃO
Caro(a) pós-graduando(a):
Esta disciplina trata da Interpretação de Língua de Sinais Brasileira em 
termos	 históricos,	 teórico-metodológicos	 e	 práticos,	 definindo-a	 como	 uma	
atividade conectada mais com a instantaneidade dos eventos orais do que com 
conteúdos textuais.
Assim,	 com	 o	 amparo	 de	 recursos	 gráficos	 e	 elementos	 visuais	 inerentes	
à própria língua de sinais, buscamos aliar o embasamento teórico às vivências 
práticas próprias da rotina de trabalho do intérprete para conferir mais solidez à 
formação	desse	profissional	atuante	na	esfera	da	Educação	Inclusiva.
Para fundamentar esse processo, apresentamos a disciplina com base em 
uma subdivisão em seis capítulos, conforme segue a seguir:
Capítulo 01: mediante	 reflexões	 conceituais,	 apresenta	 e	 diferencia	 a	
tradução	da	interpretação	para	que	o	estudante	esteja	apto	a	discutir	científica	e	
teoricamente a interpretação de língua de sinais.
Capítulo 02: aborda	o	panorama	histórico	do	campo	científico	da	Tradução	
para	fomentar	o	reconhecimento	das	filiações	teórica,	científica	e	acadêmica	da	
interpretação de língua de sinais.
Capítulo 03: trata da evolução da atividade de interpretação de Língua 
de Sinais no Brasil, apresentando o contexto histórico e os diferentes graus de 
desenvolvimento	profissional	no	País.
Capítulo 04: traz aspectos teóricos e metodológicos da interpretação para a 
Libras	para	que	o	estudante	consiga	compreender	as	especificidades	teóricas	e	
metodológicas dessa atividade.
Capítulo 05: descreve	implicações	éticas	e	legais	da	presença	do	intérprete	
de	 Libras	 no	 espaço	 educacional	 de	 surdos	 para	 refletir	 sobre	 competências	
profissionais,	o	que	fazer,	o	que	não	fazer,	etc.
Capítulo 06: encoraja	 associações	 diretas	 de	 conteúdos	 linguísticos	
e	 discursivos	 da	 interpretação	 de	 língua	 de	 sinais	 com	 situações	 práticas	
vivenciadas	em	sala	para	melhorar	o	desempenho	profissional.
Dessa forma, neste caderno de estudo, você ainda terá acesso a referências 
básicas e complementares que podem ser úteis no decorrer do curso, como 
também a atividades pensadas para sua melhor apreensão do conteúdo abordado. 
Bom estudo!
Saulo Xavier de Souza
Professor-autor
CAPÍTULO 1
Reflexões	Conceituais	sobre	
Tradução	e	Interpretação	
em	Língua	de	Sinais
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Apresentar e diferenciar a tradução e a interpretação mediante revisão 
conceitual.
 Discutir a teoria da atividade de interpretação de língua de sinais.
10
Intérprete de língua de sinais brasileira na sala de aula
11
REFLEXÕES CONCEITUAIS SOBRE TRADUÇÃO E 
INTERPRETAÇÃO EM LÍNGUA DE SINAISCapítulo 1
ContextualiZação
Como	ponto	de	partida	de	nosso	caderno	de	estudos,	trazemos	uma	refl	exão	
conceitual sobre a tradução e a interpretação, diferenciando-as como atividades 
profi	ssionais,	segundo	autores	dos	Estudos	da	Tradução.	Para	isso,	apresentamos	
o	 conceito	 de	 tradução	 adotado	 por	 Costa	 (2005)	 e	 utilizamos	 a	 classifi	cação	
dos tipos de tradução segundo Jakobson (2002). Em seguida, apresentamos o 
conceito de tradução para língua de sinais com base em Quadros e Souza (2008), 
Segala (2010) e Souza (2010). A seguir, com base em teóricos como Shuttleworth 
e	 Cowie	 (1997)	 e	 Pöchhacker	 (2004),	 identifi	camos	 o	 conceito	 e	 pontuamos	
alguns tipos de interpretação.
Logo após, comentamos a diferença entre estes dois procedimentos, 
conforme	 Pöchhacker	 (2004)	 e	 Gile	 (1998).	 Por	 fi	m,	 trazemos	 o	 conceito	
de interpretação para língua de sinais com base em Cokely (1992) e Isham 
(1998),	 dentre	 outros	 autores	 da	 área.	 Refl	etir	 conceitualmente	 sobre	 a	 tarefa	
de interpretar é relevante para a formação do intérprete de Libras, pois tem se 
tornado	 imprescindível	 que	 os	 profi	ssionais	 intérpretes	 saibam	das	 implicações	
teóricas	de	sua	atividade,	tanto	para	discutirem	e	refl	etirem	criticamente	sobre	sua	
atuação	quanto	para	identifi	carem	o	lugar	acadêmico	da	profi	ssão.
Conceito	e	Tipos	de	Tradução
Quando	vamos	ao	cinema	e	assistimos	a	um	fi	lme	com	legenda,	estamos	nos	
deparando	com	o	quê?	Com	um	objeto	prático	de	tradução.	Quando	estamos	no	
Brasil e lemos uma obra literária estrangeira disponível na íntegra em nossa língua 
portuguesa também estamos tendo contato com algo que é fruto de uma tradução. 
Mas,	a	tradução	pode	ser	defi	nida?	O	que	pode	signifi	car	o	ato	
de	traduzir?
Diante da pluralidade de referências, adotamos, neste caderno de estudo, 
um conceito de que a tradução consiste em uma nova produção textual, vinculada 
a uma produção textual anterior, mas em um novo contexto, em uma nova língua. 
12
Intérprete de língua de sinais brasileira na sala de aula
Isso quer dizer que, segundo esta orientação teórica, o ato de 
traduzir	um	texto,	signifi	ca	re-textualizá-lo.
Para isso, convém descrevermos brevemente o procedimento. Veja só! 
Quando escrevemos um texto em uma determinada língua, na verdade, segundo 
Koch e Travaglia (2000), por exemplo, estamos textualizandonossas ideias, ou 
seja, formatando-as como um texto a partir do uso adequado de recursos tanto de 
coerência quanto de coesão. 
Assim, quando traduzimos, tomamos todo esse conjunto de ideias 
textualizadas em uma determinada língua, ou língua de partida, e as re-
textualizamos em outra língua, ou língua de chegada. 
Dessa forma, ao compreendermos a tradução como re-
textualização, temos que um texto traduzido se relaciona, no mínimo, 
ao conteúdo ideacional do texto de partida, textualizado anteriormente 
em outra língua. (QUADROS; VASCONCELLOS, 2008). Por isso, 
a importância de compreendermos um texto como um conjunto de 
ideias articuladas e reunidas com sentido a partir do uso adequado de 
recursos de coesão e coerência. 
Essa noção acerca do conteúdo ideacional de um texto é trazida por Quadros 
e	Vasconcellos	(2008)	sob	uma	infl	uência	teórica	de	vertente	linguística,	sistêmica	
e funcional. Porém, nossa intenção aqui não é aprofundar essas abordagens 
teóricas, pois essa relação com o conteúdo ideacional na re-textualização já 
foi abordada, por exemplo, por Coulthard (1987,1992) e trabalhada por Costa 
(1992, 2005), um estudioso brasileiro da área de Estudos da Tradução. Então, 
acreditamos que caminharmos com base no trabalho desses autores já é o 
bastante para conceituarmos o ato de traduzir.
Assim, considerando-se a proposta de conceituar a tradução como re-
textualização a partir de Costa (2005), reiteramos que:
TRADUÇÃO é uma nova produção textual, vinculada a uma 
produção textual anterior, mas em um novo contexto, em uma nova 
língua.
Quando 
traduzimos, 
tomamos todo esse 
conjunto de ideias 
textualizadas em 
uma determinada 
língua, ou língua 
de partida, e as 
re-textualizamos 
em outra língua, ou 
língua de chegada.
13
REFLEXÕES CONCEITUAIS SOBRE TRADUÇÃO E 
INTERPRETAÇÃO EM LÍNGUA DE SINAISCapítulo 1
Por	sua	vez,	Costa	(2005,	p.30)	afi	rma	que,	ao	contrário	do	escritor	do	texto	
original, o tradutor é “aquele tipo especial de escritor que cria o texto, não a partir 
do seu próprio ideacional, mas a partir de outro texto.” 
No entanto, o tradutor possui uma diferença que, de acordo com Costa (2005), 
reside no fato de que o tradutor não é limitado apenas pela gramática, pelos 
padrões	lexicais	de	sua	língua	materna	e	pela	sua	habilidade	como	textualizador,	
mas,	como	profi	ssional,	sofre	também	restrições	impostas	pelo	texto	preexistente,	
pelo seu tom e conteúdo, com os quais ele pode não estar de acordo, e impostas 
pela organização textual, ainda que em outro código.
Ademais, Costa (2005) pontua que o procedimento tradutório é mais 
bem compreendido quando conseguimos reconhecer dois momentos 
textuais, os quais ele chama de – o eminentemente ideacional e o de 
re-escritura – e também quando conseguimos apreender os problemas 
que lhes são inerentes.
Além	 disso,	 Costa	 (2005,	 p.32)	 afi	rma	 que,	 pela	 tradução,	 “um	
texto adquire sua expansão máxima, já que ele transcende os estreitos 
limites linguísticos no qual foi concebido.” Por outro lado, essa expansão 
mencionada	pode	também	signifi	car	um	momento	crítico,	já	que,	nesse	
estágio do texto re-textualizado, podem surgir questionamentos como: 
o	que	lemos	na	tradução	é	o	mesmo	que	contém	no	original?	E,	se	for,	
é	até	que	ponto?
Quadros	e	Vasconcellos	(2008)	reiteram	que	a	defi	nição	das	características	
textuais	de	um	conteúdo	a	ser	traduzido	é	informada	pelas	dimensões,	fruto	das	
escolhas	de	signifi	cados	e	da	confi	guração	textual	da	tradução.
Atividade de Estudos: 
1) Com base no que temos apresentado até agora sobre tradução, 
faça uma pesquisa em uma biblioteca universitária de sua região, 
sondando em vários livros como outros autores conceituam a 
tradução e compare com o conceito de Costa (2005). 
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Costa (2005) 
pontua que o 
procedimento 
tradutório é mais 
bem compreendido 
quando 
conseguimos 
reconhecer 
dois momentos 
textuais, os quais 
ele chama de – o 
eminentemente 
ideacional e o de 
re-escritura.
14
Intérprete de língua de sinais brasileira na sala de aula
De posse do conceito de tradução como re-textualização, que, segundo Costa 
(2005), ajuda-nos a entender que a tradução acontece “de texto para textos”, 
vamos agora à apresentação dos tipos de tradução. Faremos isso conforme o 
texto “On Linguistics Aspects of Translation”, do teórico Roman Jakobson, que faz 
parte da obra “The Translation Studies Reader”, editada por um teórico da área de 
Estudos da Tradução chamado Lawrence Venuti.
Para Jakobson (2000), há três tipos de tradução:
1) A tradução intralingual, ou reformulação, consiste na interpretação dos signos 
verbais por meio de outros signos da mesma língua.
2) A tradução interlingual, ou tradução propriamente dita, consiste na 
interpretação dos signos verbais por meio de alguma outra língua.
3) A tradução intersemiótica, ou transmutação, consiste na interpretação dos 
signos verbais por meio de sistemas de signos não-verbais.
Conforme Guerini (2008), a tradução intralingual engloba o texto 
de partida, o leitor-textualizador e o texto de chegada e, Jakobson 
(2000,	p.115)	afi	rma	que	“a	tradução	intralingual	de	uma	palavra	utiliza	
outra palavra, mais ou menos sinônima, ou recorre a um circunlóquio. 
Entretanto, via de regra, quem diz sinonímia não diz equivalência 
completa	 [...].”	 Um	 exemplo	 disso	 é	 o	 livro	 Harry	 Potter,	 que	 foi	
redigido no Inglês Britânico e traduzido para o Inglês Americano. Os 
dois produtos são em Inglês, mas o segundo constitui uma tradução 
intralingual do primeiro. Vejam os títulos do primeiro volume: Harry Potter and the 
Philosopher’s Stone	(no	Inglês	Britânico)	X	Harry Potter and the Sorcerer’s Stone 
(no Inglês Americano). 
Na sequência, em relação à tradução interlingual, Guerini (2008) 
comenta que a tradução interlingual engloba texto de partida, o tradutor e 
o texto de chegada. Segundo ela, é o tradutor, através de uma operação 
em que atua simultaneamente como leitor, intérprete e textualizador, que 
produz o texto de chegada em um segundo código a partir da leitura e 
interpretação do texto de partida em um primeiro código. Um exemplo 
disso é a tradução para o português de livros escritos em holandês.
Nesse sentido, Jakobson defende que: 
no nível da tradução interlingual, não há comumente 
equivalência completa entre as unidades de código, ao 
passo	que	as	mensagens	podem	servir	 como	 interpretações	
adequadas das unidades de código ou mensagens 
Guerini (2008), 
a tradução 
intralingual engloba 
o texto de partida, o 
leitor-textualizador 
e o texto de 
chegada.
Guerini (2008) 
comenta que 
a tradução 
interlingual engloba 
texto de partida, o 
tradutor e o texto 
de chegada.
15
REFLEXÕES CONCEITUAIS SOBRE TRADUÇÃO E 
INTERPRETAÇÃO EM LÍNGUA DE SINAISCapítulo 1
estrangeiras [...]. Mais freqüentemente, entretanto, ao traduzir 
de uma língua para outra, substituem-se mensagens em uma 
das línguas, não por unidades de códigos separadas, mas por 
mensagens inteiras de outra língua. Tal tradução é uma forma 
de	 discurso	 indireto:	 o	 tradutor	 recodifi	ca	 e	 transmite	 uma	
mensagem recebida de outra fonte. Assim, a tradução envolve 
duas mensagens equivalentes em dois códigos diferentes. 
(JAKOBSON, 2000, p. 115).
Segundo Guerini (2008), no Brasil, por exemplo, pode-se dizer que a tradução 
interlingual representa cerca de 60 a 80% dos textos publicados e que 75% do 
saber	científi	co	e	tecnológico	do	nosso	país	provém	das	traduções.	
Para a autora, isso termina alimentando vários setores da vida nacional. 
A seguir, Guerini defende que, sem a tradução, muitos setores simplesmente 
não funcionariam,como, por exemplo, o de softwares, medicamentos, 
automobilístico, etc.
Por	 fi	m,	 de	 acordo	 com	 a	 classifi	cação	 de	 Jakobson,	 temos	 a	
tradução intersemiótica, a qual, na ótica de Guerini (2008), constitui um 
dos campos mais promissores dos Estudos da Tradução e, conforme 
Jakobson	(2000),	pode	ser	defi	nida	como	a	transmutação	de	uma	obra	
de um sistema de signos a outro.
Segundo esse autor, a forma mais frequente de tradução 
intersemiótica acontece entre um sistema verbal e um não-verbal, tal como a 
passagem	 de	 narrativas	 fi	ccionais	 ao	 cinema,	 vídeo	 e	 história	 em	 quadrinhos;	
como a ilustração de livros; como a passagem de texto à publicidade, entre outros 
exemplos. 
Mas, Guerini (2008) comenta que esse tipo de tradução pode acontecer 
também entre dois sistemas não-verbais, como, por exemplo, entre música e 
dança e música e pintura. Para ela, na passagem de um texto para outro sistema, 
é possível obter o seguinte esquema (GUERINI, 2008):
texto de partida → intérprete → ícone de chegada
Através de códigos diferentes, isto é
texto = imagem estática: desenho, foto, pintura
ou
texto = imagem animada através de vídeo, cinema
Tradução 
intersemiótica como 
a transmutação de 
uma obra de um 
sistema 
de signos a outro.
16
Intérprete de língua de sinais brasileira na sala de aula
Como é possível perceber, os três tipos de tradução são permeados de 
complexidade. Traduzir seja na mesma língua, seja entre línguas ou entre 
sistemas semióticos diferentes constitui um procedimento que exige escolhas, 
leitura	atenta	e,	além	disso,	a	bibliografi	a	sobre	esse	assunto	é	bastante	extensa.	
(GUERINI, 2008).
Atividade de Estudos: 
1) Com base no conceito de tradução de Costa (2005) e nos tipos de 
tradução apresentados por Jakobson (2000), faça um comentário, 
revelando	o	tipo	de	tradução	que,	em	sua	opinião,	melhor	defi	ne	a	
tradução	para	língua	de	sinais.	Por	favor,	justifi	que	sua	resposta.	
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Dicionário de Tradutores Literários no Brasil: http://www.
dicionariodetradutores.ufsc.br/pt/index.htm. Esse é o site de um 
dicionário	 eletrônico,	 gratuito	 e	 virtual,	 que	 traz	 mais	 informações	
sobre tradutores literários. Conhecido como DITRA, essa obra traz 
diversos textos descritivos, imagens, etc.
17
REFLEXÕES CONCEITUAIS SOBRE TRADUÇÃO E 
INTERPRETAÇÃO EM LÍNGUA DE SINAISCapítulo 1
O	Lugar	da	Tradução	para	Línguas	
de	Sinais
Da mesma forma que é possível surgirem questionamentos a respeito da 
tradução quando se chega ao estágio do texto re-textualizado, como: “o que 
lemos	na	tradução	é	o	mesmo	que	contém	no	original?”,	conforme	pontuado	por	
Costa	(2005).	De	acordo	com	Souza	(2010),	questões	como	essa	também	podem	
emergir em contextos tradutórios envolvendo línguas de sinais, mas, nesse caso, 
têm-se normalmente perguntas do tipo: o que estou vendo nessa tradução em 
sinais	é	o	mesmo	que	está	escrito	no	texto	original?	
Nesse sentido, conforme Quadros e Souza (2008), ao se levar em 
consideração a realidade do curso de Letras-Libras da UFSC, por exemplo, 
“questões-problema”	como	estas	já	mencionadas,	geralmente	emergem	diante	do	
procedimento tradutório. Assim, pode-se ressaltar que a noção desse argumento 
de expansão máxima de um texto se torna o ponto de partida que permite ao 
tradutor gerar um novo texto no contexto tradutório de chegada, no qual está 
instalada a decisão mais importante na dimensão do ‘que’ e ‘para quem’ e ainda, 
na do ‘como’ re-textualizar. (QUADROS; VASCONCELLOS, 2008). 
Dessa	forma,	o	resultado	das	decisões	afeta,	segundo	as	autoras,	a	seleção	
de	signifi	cados	a	serem	realizados	e	a	confi	guração	textual	da	tradução.	
Perante isso, podemos questionar: mas, o que é tradução para 
línguas	de	sinais?
Apresentar	apenas	uma	defi	nição	para	esse	procedimento	não	é	uma	tarefa	
simples	porque,	além	das	restrições	textuais	impostas	pelo	próprio	texto	de	partida	
e	das	limitações	oriundas	da	confi	guração	textual	de	chegada,	mencionadas	por	
pesquisadores como Costa (2005) e Quadros e Vasconcellos (2008), para Souza 
(2010), existem efeitos de modalidade decorrentes das línguas envolvidas no 
procedimento tradutório que precisam ser considerados para se entender melhor 
o conceito de tradução para línguas de sinais.
Com base em Segala (2010), podemos dar início à abordagem desse 
conceito. Para ele, a tradução de uma língua oral-auditiva, como o português, 
para uma língua gesto-visual, como a Libras, carece de pesquisa, pois se trata de 
um tema emergente e recente. Segundo o autor, a tradução do português para a 
18
Intérprete de língua de sinais brasileira na sala de aula
Libras é muito ampla e complexa porque as modalidades linguísticas 
envolvidas são distintas. 
No processamento dessa abordagem, Segala (2010) comenta 
que,	 para	 muitos,	 a	 palavra	 tradução	 signifi	ca	 apenas	 traduzir	 uma	
língua para outra. Mas o conceito da tradução interlingual é profundo, 
amplo e há a necessidade de vastos estudos para compreender a 
tarefa	da	tradução	em	si.	Dessa	forma,	defende	que	a	recodifi	cação	de	
uma mensagem originalmente produzida em Libras para o português 
se enquadra no que vem sendo chamado de tradução intermodal ou 
efeitos de modalidade. Segala (2010) defende, ainda, que se trata de 
um domínio recentemente explorado dentro dos estudos da tradução automática, 
para o qual foram encontradas poucas iniciativas envolvendo o português e a 
Libras.
Na sequência, Segala (2010) traz a informação de que a literatura existente, 
principalmente relativa a sistemas de tradução do inglês para a Língua de Sinais 
Norte-americana (ou American Sign Language - ASL), converge para três pontos 
principais:
a) a ideia de que sistemas de tradução automática intermodal acompanham, em 
linhas gerais, os princípios, as abordagens e as técnicas já desenvolvidas 
para os sistemas intramodais (de uma mesma modalidade para outra, como 
de uma língua oral-auditiva para outra língua oral-auditiva, por exemplo);
b) a ideia de que os sistemas de tradução intermodal se subdividem, na verdade, 
em dois subsistemas: o de tradução de uma língua oral-auditiva para um 
sistema de escrita da língua de sinais; e o de síntese de sinais (gestual-
visuais) a partir desse sistema de escrita;
c) a ideia de que a complexidade da tarefa está clara e evidentemente relacionada 
ao sistema de escrita da língua gestual-visual adotado. 
A seguir, Segala (2010) comenta que a tradução entre línguas de diferentes 
modalidades, como Língua Portuguesa para Língua Brasileira de Sinais, Língua 
Inglesa para Língua Norte-americana de Sinais – ASL, entre outras, pode ser 
considerada uma Tradução Intermodal. Ele acrescenta que, para que se entenda 
melhor, pode-se considerar que esse tipo de tradução é o mesmo que a tradução 
interlingual	exemplifi	cada	por	Jakobson.
Segala (2010) considera, ainda, que a pesquisa acadêmica sobre a Tradução 
Intermodal atualmente é escassa e, dessa forma, ele menciona que um exemplobastante claro está em Quadros e Souza (2008), quando esses autores defendem 
A tradução de uma 
língua oral-auditiva, 
como o português, 
para uma língua 
gesto-visual, como 
a Libras, carece 
de pesquisa, pois 
se trata de um 
tema emergente 
e recente. Segala 
(2010)
19
REFLEXÕES CONCEITUAIS SOBRE TRADUÇÃO E 
INTERPRETAÇÃO EM LÍNGUA DE SINAISCapítulo 1
que	 nas	 investigações	 que	 conduziram,	 a	 língua	 fonte	 (LF)	 era	 a	 Língua	
Portuguesa escrita e a língua alvo (LA) era a Língua Brasileira de Sinais na sua 
versão - ora. Neste caso, eles compreendiam “ora” como sendo a língua na sua 
forma	de	expressão	oral,	de	forma	que,	no	caso	especifi	co	das	Línguas	de	Sinais,	
trata-se de uma expressão em sinais. Assim, como as modalidades das línguas 
envolvidas são diferentes, percebem-se efeitos de modalidade. 
Nesses termos, com base em Souza (2010), acrescenta-se que o 
procedimento de tradução de uma língua de modalidade oral-auditiva, como o 
português, para uma língua de sinais, como a Libras, consiste numa atividade 
performatizada e visual. Logo, quando falamos de tradução para língua de sinais, 
na verdade, conforme Souza (2010), estamos indo além de uma atividade que 
acontece de texto para textos, pois se trata de uma performance, uma performance 
de tradução. Em outras palavras:
Se trata de um tipo de tradução que, por exemplo, pode 
acontecer diante de câmeras de TV, e conta com a presença 
dos tradutores durante a execução da atividade tradutória. 
Além de se fazer presente, tem-se a partir de Novak (2005) e 
Quadros e Souza (2008), que o corpo do tradutor faz parte do 
“cenário” do procedimento tradutório (SOUZA, 2010, p.127).
Para concluir, comentamos a partir de Segala (2010) que, para traduzir 
textos do Português como língua-fonte para a Libras como língua-alvo, o tradutor, 
além de ter domínio da Língua Portuguesa e Libras, deve, além de outras coisas, 
dominar	suas	variações	linguísticas,	sociais,	culturais	e,	ainda,	ter	conhecimento	
da área que vai traduzir, bem como das normas linguísticas e culturais envolvidas.
Segundo Souza (2010), a tradução de um texto escrito em uma língua oral-
auditiva para um texto oral em uma língua de sinais é realmente possível, pois 
mesmo com perdas linguísticas entre as línguas envolvidas, a re-textualização 
acontece.
Atividade de Estudos: 
1) Descreva qual é a compreensão sobre a tradução para a língua 
de sinais que você tinha antes do acesso aos conceitos aqui 
apresentados?	Ou	seja,	o	que	é	traduzir	para	a	Libras	para	você?	
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20
Intérprete de língua de sinais brasileira na sala de aula
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2) O que mudou para você quanto a sua percepção da tradução para 
línguas	de	sinais?
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Fundamentada a orientação conceitual do procedimento de tradução como 
uma atividade de re-textualização, que pode acontecer, inclusive, entre línguas 
de	modalidades	diferentes,	é	chegado	o	momento	de	refl	etirmos	conceitualmente	
sobre como transcorre a atividade de interpretação até conseguirmos entender o 
conceito de interpretação de língua de sinais.
Para isso, com base em teóricos como Shuttleworth e Cowie (1997) e Pöchhacker 
(2004),	identifi	caremos,	a	seguir,	o	conceito	e	alguns	tipos	de	interpretação.	Por	fi	m,	
comentaremos a diferença entre esses dois procedimentos, conforme Pöchhacker 
(2004) e Gile (1998). Logo após, traremos o conceito de interpretação para língua de 
sinais, com base em Cokely (1992), entre outros autores.
Conceito	e	Tipos	de	Interpretação
Diferente dos conceitos de textualização e re-textualização em torno do 
procedimento tradutório, o conceito de interpretação adotado neste caderno de 
estudo é o que trata o ato de interpretar como mais instantâneo que o ato de traduzir.
No entanto, conforme Souza (2010), esclarecemos que o termo “interpretação” 
está sendo empregado neste material como correspondência direta no português 
para o termo interpreting do inglês, que também pode ser traduzido como “ato de 
interpretar”, e é citado por Shuttleworth e Cowie (1997) logo após interpretation, que, 
no caso do dicionário desses autores, está relacionado mais à tradução poética, 
o que não vem a colaborar com o conceito de interpretação aqui adotado. Além 
disso, Shuttleworth e Cowie (1997) nos levam a compreender a interpretação como 
21
REFLEXÕES CONCEITUAIS SOBRE TRADUÇÃO E 
INTERPRETAÇÃO EM LÍNGUA DE SINAISCapítulo 1
“senso	de	entendimento	de	signifi	cados	ou	intenções”	que	deve	ser	evitada	como	
intercambiável ao ato de interpretar. Ou seja, a interpretação deve estar ligada mais 
ao	interpretar	do	que	ao	compreender	ou	entender	intenções.	(SOUZA,	2010).
Logo, para chegar a um conceito de interpretação, trazemos a contribuição 
teórica de Shuttleworth e Cowie (1997), autores do Dicionário de Estudos 
da Tradução, da Editora St. Jerome, os quais, por sua vez, entendem que a 
interpretação “é um termo utilizado para se referir à tradução oral de uma mensagem 
falada	ou	de	um	texto.”	(SHUTTLEWORTH;	COWIE,	1997,	p.83,	nossa	tradução).
Na	 sequência	 deste	 verbete,	 mais	 informações	 são	 apresentadas,	 desde	
dados históricos à enumeração de aspectos singulares, os quais apresentamos a 
seguir	(SHUTTLEWORTH;	COWIE,	1997,	p.84,	tradução	nossa):
1) Os intérpretes precisam ser “comunicadores orais expertos”.
2)	 Os	 profi	ssionais	 da	 interpretação	 devem	 criar	 um	 produto	 fi	nal	 em	 “tempo	
real”	sem	a	possibilidade	de	voltar	atrás	nem	de	fazer	revisões,	ao	contrário	
dos	tradutores,	que	podem	fazer	alterações	e	melhorias,	antes	de	publicarem	
a	versão	fi	nal	do	conteúdo	traduzido.
3) Assim, os autores continuam descrevendo esses aspectos até mencionarem 
os	 vários	 tipos	 de	 interpretação	 que	 podem	 ser	 distinguidos	 cientifi	camente,	
desde a interpretação comunitária, interpretação de conferência e interpretação 
consecutiva,	até	mencionarem	que	há	um	tipo	de	interpretação	signifi	cativamente	
diferente dos outros, que é a interpretação de línguas sinalizadas, uma vez que 
envolve modalidades tanto orais quanto visual-gestuais. 
Fique atento! Diante desse contexto, pode-
se notar o surgimento da seguinte diferenciação: 
tradução como algo ligado a conteúdos escritos 
versus interpretação como algo voltado a eventos 
orais!
Além disso, como ressalta Stone (2009, p.01), “enquanto a 
tradução e a interpretação estão preocupadas com a versão de uma 
língua em outra, existem diferenças entre elas, devido à forma e ao limite 
de tempo”. Dessa forma, Stone (2009) diferencia, conceitualmente, 
tradução de interpretação. Segundo ele, mencionando Frishberg, a 
Stone (2009, 
p.01) enquanto 
a tradução e a 
interpretação estão 
preocupadas com 
a versão de uma 
língua em outra, 
existem diferenças 
entre elas, devido à 
forma e ao limite de 
tempo.
22
Intérprete de língua de sinais brasileira na sala de aula
tradução se refere a textos escritos e a interpretação se refere a uma transmissão 
“ao vivo e imediata” de discurso, seja falado ou sinalizado. Em ambos os casos, 
Stone (2009) assevera que a língua ou texto-fonte, ou original, é traduzida ou 
interpretada para uma língua ou texto-alvo. 
É a partir do conceito de interpretação trazido por Pöchhacker 
(2004) que sepercebe sua diferença em relação à tradução, 
resumidamente, por conta da instantaneidade (ou immediacy, no 
original).
Ou seja, para o autor, em princípio, o ato de interpretar é algo transcorrido 
“aqui e agora”, que visa o benefício das pessoas comprometidas com a 
comunicação	 para	 além	de	 barreiras	 linguísticas	 ou	 culturais.	 (PÖCHHACKER,	
2004). 
Segundo	 ele	 (PÖCHHACKER,	 2004),	 trabalhar	 a	 diferença	 entre	 tradução	
e interpretação a partir da instantaneidade é menos excludente do que a partir 
do meio, conforme mencionado por Stone (2009), uma vez que, segundo Kade 
(1968), a interpretação é uma forma de tradução em que o texto na língua-fonte 
é apresentado apenas uma vez sem poder ser revisado ou re-executado, e o 
texto na língua-alvo é produzido sob pressão de tempo, com poucas chances de 
correção	e	revisão.	(KADE,	1968	apud	PÖCHHACKER,	2004).	
Após essa revisão de literatura, reiteramos o conceito de interpretação
comentando, conforme Pöchhacker (2004), a sequir, que:
INTERPRETAÇÃO é um procedimento transcorrido “aqui 
e agora” sem a oportunidade de nenhuma edição ou revisão, que 
visa ao benefício das pessoas comprometidas com a comunicação, 
e que vai além de quaisquer barreiras linguísticas ou culturais. 
(PÖCHHACKER,	2004).
Na sequência, mencionaremos alguns tipos de interpretação com base em 
autores como Gile (1998) e Shuttleworth e Cowie (1997), por exemplo. Logo após, 
abordaremos a interpretação para língua de sinais.
23
REFLEXÕES CONCEITUAIS SOBRE TRADUÇÃO E 
INTERPRETAÇÃO EM LÍNGUA DE SINAISCapítulo 1
Atividade de Estudos: 
1) Com base no que temos apresentado até agora sobre tradução, 
faça uma pesquisa em uma biblioteca universitária de sua região, 
sondando em vários livros como outros autores conceituam a 
interpretação, e compare com o conceito de Pöchhacker (2004). 
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a) Tipos de Interpretação
Gile	(1998),	em	seu	texto	que	compõe	o	verbete	Interpretação	de	Conferência	
e Simultânea (ou Conference and Simultaneous Interpreting, no original) da 
Enciclopédia de Estudos da Tradução, comenta, por exemplo, que a interpretação 
é a tradução oral de um discurso oral, ao contrário da tradução oral de textos 
escritos que, por sua vez, é conhecida por tradução observada ou tradução à vista 
(ou sight translation or translation-at-sight, no original). 
Na sequência, o autor comenta que o interesse pelo campo é recente e está 
associado à emersão de formas ou contextos especializados de interpretação 
profi	ssional,	 tais	 como:	a	 interpretação	em	contextos	de	negócios	 (ou	business	
interpreting), a interpretação em conferências (ou conference interpreting), a 
interpretação forense (ou court interpreting), a interpretação comunitária (ou 
comunity interpreting) e a interpretação de língua de sinais (ou signed language 
interpreting). (GILE, 1998). 
Paralelamente, os autores Stewart, Schein e Cartwright (1998) defendem 
que	há	vários	fatores	que	infl	uenciam	a	variedade	de	situações	de	interpretação:
a) A forma de interpretar - língua de sinais e oral, individual e grupo, equipe e 
revezamento.
24
Intérprete de língua de sinais brasileira na sala de aula
b) Diferença nos participantes - tais como: surdocegos, aqueles com competência 
mínima de linguagem (CML), emocionalmente perturbados, contexto pessoal 
não-Inglês.
c) O contexto - legal, médico, religioso e teatral, mas não educacional, pois esse 
caso é diferente dos outros porque a maioria dos intérpretes de língua de sinais, 
por exemplo, trabalha mais em contextos educacionais do que em outros.
Diante disso, esses autores comentam que cada variação de forma, cliente 
e	contexto	ou	cenário,	 traz	consigo	outros	fatores	adicionais	que	infl	uenciam	no	
procedimento	de	interpretação.	(STEWART;	SCHEIN;	CARTWRIGHT,	1998).
• Interpretação de Conferência
Gile (1998) defende que a interpretação de conferência surgiu durante 
a I Guerra Mundial. Segundo ele, até essa época, os importantes eventos 
internacionais eram todos oferecidos em Francês, mas, por conta da I Guerra, 
alguns negociadores de alto escalão eram norte-americanos e britânicos e, por 
não falarem Francês, fez-se necessário o uso do recurso da interpretação.
Então,	Gile	(1998)	prossegue,	afi	rmando	que,	com	o	advento	da	interpretação	
simultânea e especialmente depois das Batalhas de Nuremberg e Tóquio, entre 
1945 e 1946, a interpretação de conferência se tornou mais difundida, de forma 
que, hoje, ela é amplamente utilizada, não só em conferências internacionais, 
mas também em vários programas de Rádio e TV, aulas, palestras e durante 
visitas de chefes de Estado, o que, muitas vezes, faz do termo “interpretação de 
conferência” um termo errôneo.
Por isso, Gile (1998) destaca que, hoje, a distinção entre 
interpretação de conferência e as outras formas, é feita a partir de duas 
modalidades (consecutiva e simultânea) e seus mais altos níveis de 
performance.
Shuttleworth	 e	 Cowie	 (1997)	 defi	nem	 a	 interpretação	 de	
conferência como sendo um termo utilizado para se referir ao tipo de 
interpretação que acontece em conferências internacionais, bem como 
a	outros	contextos	de	alto	perfi	l,	como	palestras,	 transmissões	de	TV	
ou encontros de alta importância; além de ser uma das formas de 
interpretação	que	é	defi	nida	de	acordo	com	contexto	em	que	é	utilizada.	
(SHUTTLEWORTH;	COWIE,	1997).
Assim, segundo os autores, os intérpretes de conferência precisam ser 
profi	cientes	em	uma	grande	variedade	de	técnicas	de	interpretação,	pois	mesmo	
Gile (1998) 
destaca que, hoje, 
a distinção entre 
interpretação de 
conferência e as 
outras formas, é 
feita a partir de 
duas modalidades 
(consecutiva e 
simultânea).
25
REFLEXÕES CONCEITUAIS SOBRE TRADUÇÃO E 
INTERPRETAÇÃO EM LÍNGUA DE SINAISCapítulo 1
que a interpretação simultânea seja o modo mais utilizado, ainda é possível 
utilizar serviços de interpretação consecutiva (ou consecutive interpreting, no 
original) ou até a interpretação sussurrada (ou whispered interpreting, no original). 
(SHUTTLEWORTH;	COWIE,	1997).
Além	 disso,	 os	 autores	 ratifi	cam	 o	 que	 é	 postulado	 por	 Gile	 (1998),	
ao defenderem que para os propósitos da interpretação de conferência, as 
línguas conhecidas pelos intérpretes podem ser categorizadas em três tipos. 
(SHUTTLEWORTH;	COWIE,	1997).	
Logo,	para	Gile	(1998),	a	maioria	dos	intérpretes	de	conferência	só	dispõe	de	
duas ou três línguas de trabalho, divididas da seguinte forma:
• Língua(s) A: língua ou as línguas nativas do intérprete ou língua(s) da(s) 
qual(is) o(a) intérprete tem um domínio nativo ou perto do nativo. Intérpretes 
trabalham tanto dentro quanto fora de sua(s) língua(s) A.
• Língua(s) B: língua(s) não-nativas da(s) qual(is) o(a) intérprete tem domínio 
sufi	ciente,	 mas	 não	 do	mesmo	 grau	 que	 a	 língua	A.	 Intérpretes	 trabalham	
tanto dentro quanto fora de sua(s) língua(s) B.
• Língua(s) C: essas são línguas passivas. Intérpretes trabalham de uma língua 
C para dentro de sua língua A ou B, mas não interpretam em uma língua C 
(GILE, 1998, p. 62, nossa tradução).
Página da Direção Geral de Interpretação da Comissão 
Europeia. http://scic.ec.europa.eu/europa/jcms/c_5376/o-que-e-a-
interpretacao-de-conferencias. Trata-se do endereço do Serviço da 
Comissão Europeia, que assegura a interpretação e a organização 
de conferências, tudo sob tutela do Androulla Vassiliou. Fica a dica! 
Munidos do conceito de interpretação de conferência, a seguir, abordaremos 
o conceito de Interpretação Consecutiva, abordado por Gile (1998) e Shuttleworth 
e Cowie (1997), por exemplo.• Interpretação Consecutiva
Em seu verbete, Gile (1998) defende que, no caso da interpretação 
consecutiva, o intérprete escuta uma parte do discurso por alguns instantes, 
26
Intérprete de língua de sinais brasileira na sala de aula
faz anotações	 e,	 então,	 entrega	 toda	 essa	 parte	 na	 língua-alvo.	 O	
palestrante ou orador prossegue por mais alguns minutos e, daí, o 
intérprete entrega essa outra parte da mensagem e, assim, o processo 
continua	até	o	fi	m	do	discurso.
A interpretação “frase por frase”, que é normalmente encontrada 
em contextos de interpretação comunitária e assistida (ou liaison 
interpreting), não é considerada.
Por sua vez, Shuttleworth e Cowie (1997) comentam que o termo 
interpretação consecutiva deve ser reservado para os cenários mais 
rigorosos de procedimentos utilizados quando se está interpretando para grandes 
audiências em cenários formais como conferências ou tribunais.
Em seguida, defendem que quando a interpretação consecutiva é entendida 
dessa forma, é possível compreendê-la como um procedimento em que o intérprete 
ouve (algumas vezes até durante um período de tempo razoavelmente longo) uma 
seção	de	um	discurso	entregue	na	língua	fonte	(LF)	e	faz	anotações.	Tais	anotações	
tendem a servir simplesmente mais como um recurso de auxílio na forma de resumo 
memorizado do que como uma transcrição anotada de todo o discurso enunciado.
Depois disso, o orador faz uma pausa para permitir que o intérprete apresente 
na língua alvo (LA) o que tem sido dito. Enquanto a seção tem sido interpretada, o 
orador prossegue com a próxima seção, até que o discurso inteiro seja entregue e 
interpretado	na	LA.	(SHUTTLEWORTH;	COWIE,	1997).
Após essa descrição, os autores prosseguem comentando que a interpretação 
consecutiva, por sua vez, requer um número de várias habilidades e práticas 
diferentes, incluindo um alto grau de compreensão da língua fonte, competências 
avançadas de tomar notas, excelente grau de conhecimentos gerais, uma 
memória precisa e uma forma segura de entrega da mensagem enunciada.
Em seguida, eles mencionam que a diferença entre a interpretação 
consecutiva e a simultânea está no fato de que a compreensão e a 
produção do discurso são separadas. Além disso, uma vez que 
o	 orador	 e	 o	 intérprete	 não	 falam	 ao	mesmo	 tempo,	 fi	ca	 claramente	
percebido que existe um processo mais prolongado que a variante da 
interpretação	simultânea.	(SHUTTLEWORTH;	COWIE,	1997).	
Para encerrar, abordaremos a seguir o conceito de interpretação 
simultânea e algumas de suas subsequentes variantes, ainda segundo 
Gile	 (1998)	e	Shuttleworth	e	Cowie	 (1997),	mencionando,	por	fi	m,	o	
que Gile (1998) considera como aspectos que diferenciam os procedimentos de 
A diferença entre 
a interpretação 
consecutiva e a 
simultânea está 
no fato de que 
a compreensão 
e a produção 
do discurso são 
separadas.
Gile (1998) no caso 
da interpretação 
consecutiva, o 
intérprete escuta 
uma parte do 
discurso por alguns 
instantes, faz 
anotações e, então, 
entrega toda essa 
parte na língua-
alvo.
27
REFLEXÕES CONCEITUAIS SOBRE TRADUÇÃO E 
INTERPRETAÇÃO EM LÍNGUA DE SINAISCapítulo 1
tradução	e	interpretação	para	depois	fazermos	a	refl	exão	conceitual	em	torno	da	
interpretação de língua de sinais com base em Quadros (2004), Cokely (1992) e 
outros autores.
Página da Direção Geral de Interpretação da Comissão Européia 
- http://scic.ec.europa.eu/europa/jcms/c_6360/consecutiva. Trata-se 
do endereço do Serviço da Comissão Europeia, que assegura a 
interpretação e a organização de conferências, tudo sob tutela do 
Androulla Vassiliou. Fica a dica!
• Interpretação Simultânea
Gile	(1998)	apresenta,	em	relação	às	línguas	orais,	o	profi	ssional	
que faz interpretação simultânea. Este se senta dentro de uma cabine 
de interpretação, escuta o orador a partir de um fone de ouvido e 
interpreta o discurso diante de um microfone enquanto escuta. Os 
usuários do serviço, tais como delegados em uma sala de conferências, 
escutam a versão na língua alvo também a partir de um fone de ouvido. 
(GILE, 1998).
Por sua vez, Shuttleworth e Cowie (1997) defendem que a 
interpretação simultânea é um recurso utilizado para se referir a uma 
das duas principais modalidades de interpretação. No caso da interpretação 
simultânea,	o	profi	ssional	atua	como	uma	espécie	de	presença	invisível,	sentando-
se em um lugar especial e trabalhando com fones de ouvido e um microfone, de 
forma que ele ou ela escuta o discurso na língua fonte e o reformula na língua-
alvo, na medida em que o entrega para uma determinada audiência.
Essa técnica foi primeiramente empregada durante os testes de 
Nuremberg,	 após	 o	 fi	m	 da	 Segunda	 Guerra	 Mundial,	 e,	 atualmente,	
é tipicamente utilizada em contextos tais como conferências e testes 
televisivos.	(SHUTTLEWORTH;	COWIE,	1997).
No livro de Quadros (2004) sobre o tradutor e intérprete de língua 
de sinais brasileira e língua portuguesa também encontramos conceitos 
específi	cos	de	interpretação	simultânea	e	interpretação	consecutiva!
Shuttleworth e 
Cowie (1997) 
defendem que 
a interpretação 
simultânea é 
um recurso 
utilizado para se 
referir a uma das 
duas principais 
modalidades de 
interpretação.
O tradutor e 
intérprete de 
língua de sinais 
brasileira e língua 
portuguesa também 
encontramos 
conceitos 
específi cos de 
interpretação 
simultânea e 
interpretação 
consecutiva!
28
Intérprete de língua de sinais brasileira na sala de aula
Assim, temos que, para Quadros (2004), a interpretação simultânea consiste 
num processo de tradução-interpretação de uma língua para outra que acontece 
simultaneamente,	 ou	 seja,	 ao	 mesmo	 tempo.	 Segundo	 ela,	 isso	 signifi	ca	 que	 o	
tradutor-intérprete precisa ouvir ou ver a enunciação em uma língua (língua fonte), 
processá-la e, então, passar para a outra língua (língua-alvo) no tempo da enunciação.
Nesse sentido, Quadros (2004) defende que a interpretação consecutiva se 
trata do processo de interpretação de uma língua para outra, que acontece de 
forma consecutiva, ou seja, o tradutor-intérprete ouve ou vê o enunciado em uma 
língua (língua fonte), processa a informação e, posteriormente, faz a passagem 
para a outra língua (língua alvo).
Finalmente, com base em todos esses autores, percebemos claramente a 
infl	uência	 do	 parâmetro	 da	 instantaneidade	 (defendido	 por	 Pöchhacker)	 nos	
esclarecimentos conceituais acerca das modalidades de interpretação. 
Atividade de Estudos: 
1) Com base no que temos apresentado até agora sobre 
interpretação, faça uma pesquisa em uma biblioteca universitária 
de sua região, sondando em vários livros com outros autores, 
como eles lidam com a interpretação e compare com o conceito 
de Pöchhacker (2004). 
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Se	 você	 tem	 domínio	 profi	ciente	 de	 Inglês,	 visite	 sites de 
federações	 ou	 associações	 internacionais	 de	 intérpretes	 e	 procure	
mais	 informações	 sobre	 como	 essas	 entidades	 defi	nem	 tanto	 a	
profi	ssão	quanto	as	modalidades	e	contextos	de	trabalho	na	área	de	
interpretação.	Após	 registrar	 suas	 anotações	 sobre	 seus	 achados,	
29
REFLEXÕES CONCEITUAIS SOBRE TRADUÇÃO E 
INTERPRETAÇÃO EM LÍNGUA DE SINAISCapítulo 1
compare com os mesmos dados que aparecem em sites tais como o 
da	Associação	Mundial	de	Intérpretes	de	Língua	de	Sinais	(WASLI).
b) Lugar da interpretação para língua de sinais
No caso de línguas de modalidade gestual-visual como a Libras, a noção de 
instantaneidade defendida por Pöchhacker (2004)também pode ser uma opção 
teórica para diferenciar do ato performático de tradução para língua de sinais.
Para Shuttleworth e Cowie (1997), a interpretação de língua de sinais é um 
tipo	de	 interpretação	em	que	o	profi	ssional	 intérprete	 trabalha	entre	uma	 língua	
oral e uma língua visual-gestual utilizada por uma pessoa Surda. 
Segundo os autores, uma vez que a interpretação de línguas sinalizadas 
envolve	o	 receber	e	o	 transmitir	 informações	em	diferentes	modalidades	 (como	
por exemplo, falada ou sinalizada), o uso do termo simultâneo ao invés de 
consecutivo se torna menos exigente e, de fato, é a norma que mais se encaixa 
nesse tipo de interpretação. 
Isso	 signifi	ca	 que,	 intérpretes	 de	 língua	 de	 sinais	 podem	 trabalhar	
simultaneamente, não somente em conferências, mas também em contextos 
menores, de menor escala, tais como: cirurgias médicas, entrevistas de emprego 
e,	até	mesmo,	várias	outras	situações	nas	quais	o	termo	interpretação	comunitária	
pode	ser	mais	apropriado.	(SHUTTLEWORTH;	COWIE,	1997).
Na	 sequência	 dessa	 refl	exão	 conceitual	 acerca	 da	 interpretação	 de	 língua	
de sinais, trazemos Cokely (1992), um autor da área de interpretação, pioneiro no 
contexto norte-americano, o qual, segundo comentado e traduzido por Quadros 
e Souza (2008), entende que a interpretação consiste em uma “mediação de 
vários elementos internos e externos à mensagem que está sendo apresentada.” 
(COKELY, 1992, apud QUADROS; SOUZA, 2008). 
Assim, além de sabermos que a interpretação envolve um limite de tempo 
diferente daquele que é vivenciado normalmente em procedimentos de re-
textualização, compreendemos que essa concepção cokelyana de interpretação 
como mediação é algo que pode fazer parte do que Quadros e Souza (2008) 
traduziram como “monólogos expositivos não-recíprocos”, ou seja, interpretar 
para língua de sinais, segundo Cokely (1992), não é uma atividade que permite 
reciprocidade de interação durante a enunciação da mensagem.
Por	fi	m,	relembramos	nosso	conceito	de	 interpretação de língua de sinais 
adotado:
30
Intérprete de língua de sinais brasileira na sala de aula
Trata-se de um procedimento discursivo que transcorre “aqui e 
agora” sem a oportunidade de nenhuma edição ou revisão, faz parte 
de monólogos expositivos não-recíprocos e que traz consigo uma 
mediação de vários elementos internos e externos à mensagem que 
está sendo apresentada.
Atividade de Estudos: 
1) Descreva qual a compreensão sobre a interpretação para a 
língua de sinais que você tinha antes do acesso aos conceitos 
apresentados, esclarecendo: o que é interpretar em Libras para 
você?	O	 que	mudou	 quanto	 à	 sua	 percepção	 da	 interpretação	
para	línguas	de	sinais?
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A seguir, apresentaremos, com base em Nantes (2006) e outros autores, 
alguns	relatos	sobre	a	prática	profi	ssional	de	interpretação	de	língua	de	sinais	em	
seus mais variados contextos e modalidades. 
• Interpretação de língua de sinais em conferências (NANTES, 2006)
O intérprete de Língua de Sinais, conforme a Profa. Dra. Ronice Muller de 
Quadros descreve em seu livro intitulado O Tradutor e Intérprete de Língua de 
Sinais	e	Língua	Portuguesa,	é	o	profi	ssional	que	domina	a	 língua	de	sinais	e	a	
língua falada do país. 
31
REFLEXÕES CONCEITUAIS SOBRE TRADUÇÃO E 
INTERPRETAÇÃO EM LÍNGUA DE SINAISCapítulo 1
No caso do Brasil, a Língua Portuguesa é a Libras. Além do domínio 
das línguas envolvidas no processo de tradução e interpretação, o 
profi	ssional	precisa	ter	domínio	dos	processos,	modelos,	estratégias	e	
técnicas de tradução e interpretação.
Alguns preceitos éticos devem ser observados durante o ato 
interpretativo:	 confi	abilidade,	 imparcialidade,	 discrição,	 distância	
profi	ssional,	fi	delidade.
Além das línguas envolvidas, o intérprete deve entender as 
culturas em jogo, ter familiaridade com cada tipo de interpretação e 
com o assunto.
É	 importante	que	o	 intérprete	 seja	 capaz	de	 identifi	car	o	 tipo	de	
discurso	a	que	está	exposto	a	fi	m	de	executar	um	 trabalho	mais	efi	caz.	Alguns	
tipos de discursos existentes podem ser:
• narrativo – reconta uma série de eventos ordenados mais ou menos de forma 
cronológica;
• persuasivo	–	objetiva	infl	uenciar	a	conduta	de	alguém;
• explicativo	–	oferece	informações	requeridas	em	determinado	contexto;
• argumentativo – objetiva provar alguma coisa para a audiência;
• conversacional – envolve a conversação entre duas ou mais pessoas;
• procedural	–	dá	instruções	para	executar	uma	atividade	ou	usar	algum	objeto.
Certas	situações	exigem	um	posicionamento	ético	do	profi	ssional	intérprete	
e	 uso	 do	 bom	 senso	 na	 tomada	 de	 decisões.	 No	 caso	 de	 dúvidas,	 faz-se	
necessário	 refl	etir	 e	 conversar	 com	 outros	 intérpretes	 sobre	 o	 contexto	 da	
situação interpretativa sempre com base nos princípios éticos do código de ética 
do tradutor/intérprete.
Exemplos	 de	diferentes	 situações	que	podem	surgir	 durante	 a	 atuação	do	
intérprete em conferências:
• Uma empresa contrata o serviço de um intérprete e depois se nega a pagá-lo 
porque a pessoa surda não compareceu;
• O palestrante fala muito rápido;
Além do domínio 
das línguas 
envolvidas no 
processo de 
tradução e 
interpretação, 
o profi ssional 
precisa ter domínio 
dos processos, 
modelos, 
estratégias e 
técnicas de 
tradução e 
interpretação.
32
Intérprete de língua de sinais brasileira na sala de aula
• Quando está interpretando as luzes são apagadas e o intérprete não foi 
informado que isso aconteceria;
• A platéia surda conhece o intérprete e conversa com ele durante a 
interpretação;
• A	platéia	surda	faz	observações	sobre	a	palestra	para	o	intérprete;
• O intérprete foi colocado em uma posição inadequada, com visualização 
comprometida.
Em	todas	essas	situações,	o	intérprete	deve	agir	com	bom	senso	e	
expor sua opinião a partir do conhecimento a respeito dos direitos dos 
surdos e do papel do intérprete.
A contratação de um Intérprete de Língua de Sinais deve ser 
realizada	mediante	a	celebração	de	um	contrato	entre	o	profi	ssional	e	o	
contratante.	Este	tem	por	objetivo	assegurar	os	direitos	do	profi	ssional	
Intérprete de Língua de Sinais, bem como garantir ao contratante o 
cumprimento	dos	deveres	do	profi	ssional	na	atividade	para	a	qual	fora	
contratado.
Você pode encontrar no site da APILMS (www.apilms.org) um 
modelo de contratação de Intérprete de Língua de Sinais disponível 
para download, baseado nas cláusulas do modelo de contrato 
recomendado pelo Sindicato Nacional de Tradutores.
De acordo com Segala (2010), o intérprete tem um papel de suma importância 
no processo de conquista de espaço da comunidade surda na sociedade. Por 
isso,	o	intérprete	deve	ter	o	cuidado	de	não	suprimir	nem	adicionar	informações	no	
discurso do conferencista de forma que prejudique a comunidade surda, fazendo 
com que esta continue à margem da sociedade, sem conhecer seus direitos e 
deveres.
O	 intérprete	de	Língua	de	Sinais	precisa	 refl	etir	constantemente	sobre	sua	
prática, buscando aprimorar-se cada vez mais e, em relação à interpretação em 
conferências, ter consciência de que não está prestando um favor, mas atuando 
como	um	profi	ssional	e	deve	comportar-se	como	tal,	atendendo	às	exigências	do	
contratante,	desde	que	não	fi	ra	os	preceitos	éticos	da	profi	ssão.
O intérprete deve 
agir com bom 
senso e expor sua 
opinião a partir 
do conhecimentoa respeito dos 
direitos dos surdos 
e do papel do 
intérprete.
33
REFLEXÕES CONCEITUAIS SOBRE TRADUÇÃO E 
INTERPRETAÇÃO EM LÍNGUA DE SINAISCapítulo 1
• Interpretação de língua de sinais em provas e concursos (OLAH, 2006)
Depois de muita luta, o surdo hoje pode solicitar um intérprete de língua de 
sinais para interpretar no vestibular, em provas e concursos. 
Ao	 intérprete	é	pago	um	pouco	mais	do	que	um	fi	scal	comum.	Não	 temos	
outro intérprete para revezar quando precisamos tomar água, formos ao banheiro 
até	mesmo	para	um	lanche.	Caso	precise	sair	da	sala,	o	surdo	fi	cará	sozinho.
Há	surdos	que	pedem	para	ler	uma	questão	mais	de	uma	vez,	fazendo	com	
que ocupe todo o tempo disponível para a realização da prova.
Quando há redação no vestibular, nós explicamos o tema e o surdo 
desenvolve o assunto no rascunho, sendo posteriormente passado a limpo em 
Língua Portuguesa.
Algumas	 instituições	 responsáveis	 em	 realizar	 vestibular	 e	 concurso	 não	
possuem nenhum tipo de conhecimento sobre a surdez ou Língua de Sinais, com 
isso, deixa-nos a vontade para que façamos nosso trabalho.
Neste tipo de trabalho, há candidatos que possuem nível escolar que deixa 
a desejar e, por isso, ele espera que o intérprete auxilie-o nas respostas. Por 
preceitos éticos, deixamos que ele mesmo exponha seus conhecimentos.
Aqui no Mato Grosso do Sul, a instituição que precisar de um intérprete 
de	 Libras	 deve	 procurar	 a	APILMS	 -	Associação	 dos	 Profi	ssionais	 Tradutores/
Intérpretes de Língua Brasileira de Sinais de Mato Grosso do Sul ou o CAS – 
Centro	 de	 Capacitação	 de	 Profi	ssionais	 da	 Educação	 e	 de	 Atendimento	 às	
Pessoas com Surdez.
Ao surdo é dado o direito de utilizar o Intérprete de Língua de Sinais 
e ele é o responsável por buscar esse e outros direitos garantidos. Além 
disso, também lhe é assegurado o direito de usufruir o acréscimo de 
tempo na realização das provas.
• Interpretação de língua de sinais em DETRAN e autoescolas 
(GONÇALVES, 2006)
Iniciei como intérprete de Libras a mais ou menos oito anos. O começo foi 
no susto, como a maioria dos intérpretes. Já tive experiência de interpretar nas 
mais	 diferentes	 situações,	 em	 vestibular,	 concursos,	 cursos,	 escolas,	médico,	
igreja, faculdade, palestras, congressos, entrevistas, autoescola e, atualmente, 
O surdo hoje 
pode solicitar 
um intérprete de 
língua de sinais 
para interpretar 
no vestibular, em 
provas
e concursos. 
34
Intérprete de língua de sinais brasileira na sala de aula
faço	 interpretações	 esporádicas,	 quando	 necessário,	 e	 interpreto	 junto	 ao	
Detran do estado.
Minha primeira experiência de interpretar no trânsito foi junto a uma 
autoescola, como contratada particular do surdo, mas isto foi antes da lei de 
reconheceu a Libras como língua e da regulamentação feita a posteriori.
Entrei como funcionária concursada no DETRAN/MS, em fevereiro deste 
ano, porém o órgão já possuía um contrato de que o CAS estaria enviando os 
intérpretes, quando necessário, para a realização das provas, tanto na capital 
como no interior.
Todavia, certo dia apareceu um surdo para fazer prova escrita sem que houvesse 
o agendamento ou a solicitação de intérprete, então, por intermédio de uma amiga 
descobriram que eu interpretava e me chamaram para interpretar a prova.
Depois desse fato, fui procurada pela responsável do setor de recursos 
humanos que me perguntou se haveria a possibilidade de interpretar junto ao 
DETRAN para eventuais necessidades. Disse sim e logo depois fui nomeada 
como	interprete	ofi	cial	do	DETRAN/MS.
Hoje,	 faço	 um	 atendimento	 ao	 surdo	mais	 com	 relação	 aos	 serviços,	 tais	
como:	atendimento	pata	renovação	de	CHN,	licenciamento,	exame	médico,	etc.
Todavia, essa função há de mudar, já fui comunicada de que, quando se 
tratar de interpretação na capital, serei chamada a interpretar, até porque sempre 
que solicitados os serviços de um intérprete é pago um valor pelos serviços e o 
órgão não deseja arcar com muitos gastos.
Mas, o surdo que desejar tirar a carteira de habilitação nacional deverá primeiro 
contatar a autoescola, é ela a responsável por providenciar intérprete e agendar 
seus exames no Detran, solicitando, inclusive, o intérprete para o dia da prova.
O Detran não se responsabiliza por intérprete na autoescola porque se trata 
de uma atividade privada que visa a auferir lucro e, portanto, dever também arcar 
com os riscos do negócio, ou seja, contratar um intérprete.
Por isso, intérprete, quando solicitado a interpretar em autoescolas solicite 
primeiro a elaboração e assinatura do contrato de prestação de serviços, onde 
conste o valor a ser pago pelos seus préstimos, caso contrário, pode correr o risco 
de trabalhar de graça.
35
REFLEXÕES CONCEITUAIS SOBRE TRADUÇÃO E 
INTERPRETAÇÃO EM LÍNGUA DE SINAISCapítulo 1
• Interpretação de língua de sinais no sistema educacional (BRITTO, 2006)
Tenho experiência de contato com a comunidade surda há 15 anos, 
mas	como	 intérprete	educacional	 há	apenas	8.	Hoje	me	sinto	muito	 feliz	 pelas	
conquistas realizadas por essa comunidade, ao longo desse tempo, dentre elas, 
o	direito	de	frequentar	o	ensino	comum	e	poder	ter	a	presença	de	um	profi	ssional	
intérprete na sala de aula.
Em 1999, iniciei como intérprete educacional na Escola Municipal Professor 
Arlindo Lima. Era contratada do Estado e cedida para a Prefeitura. Lembro-me de 
que temia muito, pois este ano foi o início da inclusão da pessoa surda no município, 
no Estado já acontecia desde 1997. Meu temor era principalmente porque sabia que 
os	profi	ssionais	que	iriam	nos	recepcionar	eram	totalmente	alheios	a	esse	trabalho,	
era	novo	também	para	mim,	enfi	m,	os	desafi	os	surgiriam	com	certeza!
Um dos primeiros impasses foi a questão do professor achar que estávamos 
ali	 na	 sala	 de	 aula	 como	 “espiões”,	 “fi	scais”	 de	 seu	 trabalho,	 etc.	 e	 também	 a	
desconfi	ança	em	relação	à	fi	delidade	da	transmissão	do	conteúdo	ou	mesmo	em	
relação a estarmos “passando cola” ou não.
Outro fato que ainda persiste é que ,na maioria das vezes, os alunos 
Surdos	são	dos	intérpretes	e	não	da	escola	ou	do	professor,	fi	cando	sob	
nossa responsabilidade seu sucesso ou fracasso no aprendizado. Na 
realidade, a escola ainda não aceitou o Surdo ou qualquer outro aluno 
com necessidades especiais de fato, mas apenas de direito.
Acredito, porém, que estamos passando por mudanças que fazem 
parte de um processo e, como processo, elas não ocorrem de uma 
hora para a outra.
Hoje	 percebo	 que	 já	 houve	 alguma	 mudança,	 temos	 buscado	
formação	 profi	ssional	 e	 somos	 capazes	 de	 confrontar	 e	 expor,	 aos	
profi	ssionais	que	ainda	não	entendem	nosso	verdadeiro	papel	na	sala	
de aula, que nossa função é a de intermediar na comunicação entre a 
pessoa surda e o professor e também com os demais colegas de turma 
e escola. Acredito que agora, com o Decreto no 5.626, que institui a 
Libras como disciplina e prevê formação para os intérpretes, em muito 
contribuirá para este processo e para o efetivo reconhecimento do 
nosso	trabalho	profi	ssional.
Através da nossa atuação como intérprete educacional o Surdo tem tido a 
oportunidade de acompanhar os conteúdos, utilizando-se de sua língua, a Libras, 
apropriando-se dos conhecimentos com mais facilidade. Eles interagem com o 
professor, os colegas e com a escola em geral. Na experiência que tenho tido, 
Temos buscado 
formação 
profi ssional e 
somos capazes de 
confrontar e expor, 
aos profi ssionais 
que ainda não 
entendem nosso 
verdadeiro papel na 
sala de aula, que 
nossa função é a 
de intermediar na 
comunicação entre 
a pessoa surda e o 
professor e também 
com os demais 
colegas de turma e 
escola.
36
Intérprete de língua de sinais brasileira na sala de aula
na maioria das vezes, um bom número de colegas se interessam em aprender a 
Libras para se comunicar diretamente, isso é uma das coisas que faz com que o 
Surdo se sinta verdadeiramente inserido na comunidade escolar, sabemos que 
aindahá um longo caminho a ser percorrido.
Atividade de Estudos: 
1) Com base nos conceitos e conhecimentos adquiridos até 
então, qual o seu entendimento pessoal acerca da tradução, 
da	 interpretação	 e	 dos	 respectivos	 contextos	 e	 modalidades?	
Qual deles é aquele em que você mais se enquadraria 
profi	ssionalmente	hoje?
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Algumas	Considerações
Ao	 fi	nal	 desse	 primeiro	 capítulo,	 notamos	 que	 estão	 evidentes	 os	 devidos	
esclarecimentos conceituais envolvendo a tradução e a interpretação.
Neste momento, existe uma pergunta que talvez você possa estar se 
fazendo: Professor, tudo bem que agora sabemos o que é traduzir e o que é 
interpretar. Mas, o que toda essa diferenciação conceitual tem a ver com nosso 
trabalho	como	 intérpretes	de	Libras	em	sala	de	aula?	Por	que	será	que	 isso	é	
importante,	mesmo?
Responderíamos a uma indagação como essa compartilhando que, felizmente 
ou	não,	nossa	profi	ssão	ainda	está	passando	por	 todo	um	processo	que	envolve	
o reconhecimento, legitimação, institucionalização, entre outros aspectos sobre os 
quais trataremos nos próximos capítulos deste nosso caderno de estudos.
37
REFLEXÕES CONCEITUAIS SOBRE TRADUÇÃO E 
INTERPRETAÇÃO EM LÍNGUA DE SINAISCapítulo 1
No entanto, de antemão, já é importante estarmos ciente da diferença que há 
entre traduzir e interpretar, pois, em termos históricos, por exemplo, pessoalmente, 
entendemos que nós, intérpretes de língua de sinais, fomos sendo ensinados e 
capacitados como tradutores que fazem de tudo, mas que, muitas vezes, não são 
fortemente	encorajados	a	terem	plena	consciência	das	implicações	em	torno	dos	
procedimentos de trabalho nos quais estão envolvidos. Ou seja, normalmente 
nós aprendemos a Libras, somos esclarecidos a respeito da importância do 
contato com a comunidade Surda e com a cultura Surda para o empoderamento 
do nosso trabalho, mas, poucas vezes, somos levados ao entendimento pleno 
dos	fundamentos	que	embasam	nossa	atuação	profi	ssional	como	intérpretes	de	
língua de sinais.
Então, por mais enfadonho que possa parecer todo esse processo de 
localização conceitual da atividade de interpretação de língua de sinais a título de 
estabelecer bem possíveis diferenças entre o traduzir e o interpretar, vai munir-nos 
de	 informações	 relevantes	 para	 o	 nosso	amadurecimento	 profi	ssional.	 Isto	 é,	 ao	
sabermos	o	que	signifi	ca	um	trabalho	que	envolve	línguas	e	culturas	em	contato,	
teremos	condições	de	trabalhar	com	mais	segurança	e	propriedade,	pois	saberemos	
das	 implicações	conceituais	e	dos	contextos	mais	amplos	que	estão	diretamente	
envolvidos com a nossa atividade de interpretação para língua de sinais. 
Portanto, quando tivermos bem claro o conceito que fundamenta nosso 
trabalho, não teremos mais dúvida de que, em uma realidade de sala de aula, não 
somos tradutores. Ao contrário, nos próximos capítulos, veremos que, na verdade, 
em contextos laborais como esse, somos intérpretes, intérpretes educacionais. 
Por	 isso,	 essas	 refl	exões	 conceituais,	mesmo	 que	 trabalhosas,	 são	 essenciais	
para	 nossa	 formação	 profi	ssional,	 pois	 fundamentam,	 esclarecem,	 norteiam	 e	
também direcionam o que fazemos. 
Nesses termos, podemos reiterar que a atividade de tradução consiste num 
procedimento	que	acontece	entre	textos	ou,	como	Costa	(2005)	afi	rma,	de	texto	
para textos. Em outras, palavras, envolve discursos literários ou escritos e suscita 
tempo de processamento do conteúdo a título de que a informação re-textualizada 
respeite tanto os objetivos quanto as particularidades da língua de partida e da 
língua de chegada.
Assim, é possível retomar que a atividade de interpretação envolve 
procedimentos que acontecem entre discursos orais, sejam eles de modalidade 
oral-auditiva, sejam de modalidade espaço-visual. Além disso, trata-se de um 
procedimento tradutório marcado pela instantaneidade (ou immediacy, no original), 
que confere pressão e limita quaisquer possibilidades de edição ou revisão do 
conteúdo interpretado.
38
Intérprete de língua de sinais brasileira na sala de aula
Diante disso, gostaríamos de reforçar que o entendimento conceitual claro 
em torno do traduzir e do interpretar são imprescindíveis ao pleno exercício 
profi	ssional	 do	 intérprete	 de	 língua	 de	 sinais	 em	 sala	 de	 aula.	 Isso	 porque,	
conforme	veremos	nos	capítulos	a	seguir,	a	construção	da	identidade	profi	ssional	
do intérprete de Libras acontece de forma plural, interdisciplinar e, muitas vezes, 
regada de vários conteúdos que não estão disponíveis apenas na esfera de 
atuação com línguas orais.
Portanto, ainda que saibamos que ambos os procedimentos podem 
acontecer	em	situações	envolvendo	 línguas	de	sinais,	mesmo	que	haja	perdas	
linguísticas por conta das diferenças de modalidades das línguas envolvidas, 
consideramos fundamental ao intérprete de Libras saber reconhecer os detalhes 
acadêmicos	acerca	de	sua	profi	ssão,	desde	os	de	caráter	conceitual	até	os	de	
natureza linguística e discursiva, entre outros.
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STONE, C. Toward a Deaf Translation Norm.	Washington-DC,	USA:	Gallaudet	
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CAPÍTULO 2
Marcos	Históricos	da	Tradução	e	
Interpretação	em	Língua	de	Sinais
A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Conhecer o panorama histórico dos Estudos da Tradução e da Interpretação 
a partir da trajetória da inserção da interpretação para línguas de sinais como 
objeto	de	estudo	dessas	áreas	científi	cas.
 Reconhecer	 as	 fi	liações	 teórica,	 científi	ca	 e	 acadêmica	 da	 atividade	 de	
interpretação de língua de sinais.
42
Intérprete de língua de sinais brasileira na sala de aula
43
MARCOS HISTÓRICOS DA TRADUÇÃO E 
INTERPRETAÇÃO EM LÍNGUA DE SINAISCapítulo 2
ContextualiZação
Depois de estarmos cientes da diferença conceitual entre tradução e 
interpretação, neste segundo capítulo, vamos familiarizar-nos com o panorama 
histórico dos Estudos da Tradução, Estudos da Interpretação e Estudos da 
Tradução e Interpretação de Língua de Sinais. Para isso, contaremos com 
as	 contribuições	 de	 pesquisadores	 como	 Holmes	 (1972,	 1988),	 Pagano	 e	
Vasconcellos	 (2004),	 Pöchhacker	 (2008),	 Snell-Hornby	 (2006),	 Grbic	 (2007),	
Souza (2010), Metzger (2010), Pereira (2010), entre outros. Dessa forma, 
reiteramos que esse resgate histórico é relevante para a sua formação como 
tradutor e intérprete de Libras.
Afi	nal,	 com	 a	 presença	 cada	 vez	maior	 de	 Surdos	 na	 Sociedade,	 tem	 se	
tornado imprescindível que os intérpretes saibam sobre os referenciais históricos 
de	sua	profi	ssão,	tanto	para	conseguirem	discutir	e	refl	etir	criticamente	sobre	seu	
trabalho	quanto	para	 identifi	carem	vocacionalmente	o	 lugar	de	sua	profi	ssão	na	
história	do	campo	científi	co	que	a	engloba.
Mapeamento	dos	Estudos	da	Tradução
Neste segundo capítulo, faremos uma verdadeira viagem pela história do 
campo	 científi	co	 da	 Tradução,	 da	 Interpretação	 e,	 também,	 da	 Interpretação	
para língua de sinais. De início, vamos caminhar pelos marcos históricos da área 
de Tradução, mencionando sobre a legitimação dos estudos da tradução como 
disciplina autônoma. 
Nesse	 meio	 termo,	 estudaremos	 o	 pioneirismo	 de	 James	 Holmes,	
mencionaremos	 os	 esforços	 de	 mapeamento	 mais	 ampliado	 de	 Williams	 e	
Chesterman, até chegarmos a alguns desdobramentos do campo dos Estudos 
da Tradução que incluem desde os campos dos Estudos da Interpretação até as 
recentes subáreas dos Estudos da Tradução e Interpretação de Língua de Sinais, 
os quais aqui chamaremos sinteticamente de ETILS.
Logo após, traremos uma abordagem mais detalhada sobre o lugar dos 
ETILS	 nos	Estudos	 da	Tradução.	Para	 isso,	 faremos	 uso	 das	 contribuições	 da	
pesquisadora Nadja Grbic, da Universidade de Gräz, na Áustria, que fez um estudo 
bibliométrico bem detalhado sobre as pesquisas acadêmicas sobre tradução 
e interpretação de língua de sinais, desenvolvidas em um período de 35 anos 
de	história.	As	perguntas-chave	desse	momento	são	“de	onde	viemos?”,	 “quem	
somos?”,	“para	onde	vamos?”	e	são	elas	que	vão	suscitar	nossas	refl	exões	mais	
específi	cas	sobre	a	subárea	acadêmica	dos	ETILS,	que	está	em	plena	formação	
e legitimação, tanto no exterior quanto no Brasil.
44
Intérprete de língua de sinais brasileira na sala de aula
Na	 terceira	 parte	 de	 nosso	 capítulo,	 abordaremos	 algumas	 considerações	
gerais acerca dos Estudos da Tradução e Interpretação da Língua Brasileira 
de Sinais (Libras) no Brasil, subárea essa que chamaremos sinteticamente de 
ETILSB. Nesse sentido, cotejaremos a tradução e a interpretação de língua 
de	 sinais,	 conforme	 o	 Banco	 de	 Teses	 e	 Dissertações	 da	 Capes,	 segundo	
apresentado	por	Souza	 (2010)	para	que,	por	fi	m,	consigamos	partir	 rumo	a	um	
possível esboço de mapeamento dos ETILSB.
Escolhemos	 a	 divisão	 em	 subseções	 para	 que	 fi	que	 mais	 claro	 o	
entendimento acerca de cada uma dos marcos históricos, tanto da tradução 
quanto da interpretação, bem como mais evidente a conexão entre os contextos, 
brasileiro e internacional, quando consideramos tanto os Estudos da Tradução 
quanto os Estudos da Interpretação, os ETILS e os próprios ETILSB. Assim, se 
somará ao entendimento conceitual adquirido a partir do primeiro capítulo, a 
aquisição	 do	 entendimento	 acerca	 da	 fi	liação	 teórica	 e	 acadêmica	 que,	 juntos,	
prepararão o caminho para a familiarização acerca dos marcos históricos da 
profi	ssão	de	intérprete	de	Libras	no	Brasil,	os	quais	apresentaremos	no	terceiro	
capítulo. 
a) Marcos históricos e a legitimação dos estudos da tradução como disciplina
Primeiro, todos já entendemos o conceito de tradução e interpretação, 
inclusive para língua de sinais. Agora, neste segundo capítulo, percorreremos 
historicamente o processo de mapeamento desse campo de estudo revitalizado 
(MALMKJAER, 2005) dos Estudos da Tradução.
Apresentamos	esse	trajeto	com	base	nas	contribuições	de	Pagano	
e Vasconcellos (2004) que, em seu artigo apresentado durante a terceira 
edição do Congresso Ibero-Americano de Tradução e Interpretação 
(CIATI), organizado e promovido pelo Centro Universitário Anhanguera 
de	 São	 Paulo	 (Unibero),	 identifi	caram	 o	 perfi	l	 disciplinar	 da	 área	 de	
tradução,	 tanto	 no	 contexto	 científi	co	 brasileiro	 quanto	 internacional.	
(PAGANO; VASCONCELLOS, 2004).
Em seu texto, as pesquisadoras comentam que a organização 
do	 perfi	l	 disciplinar	 dos	 Estudos	 da	 Tradução	 se	 tratou	 de	 algo	
motivado	 pelas	 próprias	 determinações	 da	 Associação	 Nacional	 de	
Pós-graduação e Pesquisa em Letras e Linguística (ANPOLL) que, 
desde o ano 2000, preocupava-se intensamente com o mapeamento 
dos diversos campos disciplinares no Brasil, visando a tentar retratar 
o trabalho das áreas nas várias universidades brasileiras. (PAGANO; 
VASCONCELLOS, 2004). Essa tendência de mapeamentos também 
Associação 
Nacional de 
Pós-graduação 
e Pesquisa em 
Letras e Linguística 
(ANPOLL) desde 
o ano 2000, 
preocupava-se 
intensamente com 
o mapeamento dos 
diversos campos 
disciplinares no 
Brasil, visando 
a tentar retratar 
o trabalho das 
áreas nas várias 
universidades 
brasileiras.
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MARCOS HISTÓRICOS DA TRADUÇÃO E 
INTERPRETAÇÃO EM LÍNGUA DE SINAISCapítulo 2
é marcante no cenário internacional, como é possível comprovar a partir de 
publicações	de	editoras	científi	cas	da	área,	como	John	Benjamins	e	St.	Jerome.
Após a Segunda Guerra Mundial, aumentou bastante o número de 
publicações	 sobre	 tradução	 e	 interpretação.	 Assim,

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