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Educação das Relações Étnico-raciais UNIDADE 1 2 EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS UNIDADE I PARA INíCIO DE CONvERSA Olá caro (a) aluno (a), tudo bem? Vamos começar a partir deste momento a discutir alguns dos principais tópicos de nossa disciplina, cujo nome é: Educação das Relações Étnico-raciais. A disciplina é muito interessante, e, tenho que ressaltar, a meu ver é extremamente importante que seus conteúdos sejam abordados em todos os cursos de graduação brasileiros, muito embora também sonhe com o tempo em que esses conteúdos tenham sido tão bem tratados na Educação Infantil e no Ensino Fundamental que nem seja mais necessário abordá-los no Ensino Superior, visto que se torne tão natural o respeito às questões raciais quanto é aprender a ler e a escrever. Mas, hoje ela é essencial, pois ainda encontramos em nosso dia a dia traços muito fortes de preconceito, como pode ser visto no curta-metragem intitulado: “O preconceito cega”, um vídeo com a duração de quatro minutos e meio, que pode ser acessado no link a seguir. vEjA O víDEO! Assista e reflita sobre isso, vale a pena! LINK Assistiu? Quantas vezes você não se deparou com algo semelhante? Eu já vi acontecer, de forma mais acintosa que essa, em uma loja de roupas femininas e, garanto, nunca mais retornei ao local, pois achei um desrespeito imenso ao cliente e, consequentemente, a todos os demais inclusive a mim. Prezado (a) estudante, acredito que cabe a cada um de nós, como educadores que somos ou educadores que seremos, a responsabilidade pela forma como ensinamos nossos alunos a aceitar ou a rejeitar as informações preestabelecidas que recebem dos grupos sociais onde se encontram inseridos. Ou seja, cabe a nós fomentar em nossos discentes a capacidade crítica de julgar as informações recebidas, afinal somos educadores e responsáveis pela formação das futuras gerações de brasileiros. https://www.youtube.com/watch?v=aec-i7n6V48 3 PARA RESUmIR Um exemplo excelente daquilo que afirmei acima encontra-se no filme Duelo de Titãs. Neste filme, produzido no ano de 2000, Herman Boone, vivido por Denzel Washington, é um técnico de futebol americano, que aceita trabalhar na cidade de Alexandria, Virginia - EUA, no ano de 1971, uma cidade dominada pelo racismo e segregação racial. No comando dos Titãs, um time universitário onde o preconceito é muito forte e separa visivelmente negros e brancos, o Herman Boone, inicialmente, sofre com preconceitos raciais por parte dos demais técnicos, bem como de jogadores do seu time, mas, com pulso firme e atitudes fortes, ele consegue quebrar as arestas existentes e ensina, aos seus comandados e a própria comunidade onde estes estão inseridos, lições claras de igualdade e respeito ao outro. vISITE A PágINA No link a seguir, você poderá ler um artigo intitulado Duelo de Titãs – vencendo preconceitos, que trata com detalhes da história do filme: LINK vEjA O víDEO! Você ainda pode assistir ao trailer deste filme, na versão dublada, no link a seguir: LINK vISITE A PágINA É um belo filme. Emocionante de assistir e uma lição de vida, até porque se trata de uma história baseada em fatos reais. Existe ainda uma lista de 13 filmes que discutem racismo na educação, e que pode ser acessada no link a seguir: LINK DICAS Uma lista interessante e bastante rica de informações. Vale a pena dar uma olhada e assistir alguns desses filmes. Pessoalmente, gosto bastante dos filmes: Escritores da Liberdade, de Richard La Gravenese, produzido em 2007 e Ao mestre com carinho, de James Clavell, produzido em 1967. http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=45 https://www.youtube.com/watch?v=How4dFEyxNU http://educacaointegral.org.br/noticias/13-filmes-que-discutem-racismo-na-educacao/ 4 Bem, voltando ao tema da Educação das Relações Étnico-raciais, precisamos lembrar que falar desse assunto é tratar de Brasil, tratar das questões ligadas ao povo brasileiro, à sua cultura e à sua formação. Indo mais longe eu diria que é pensar e ensinar a pensar no povo brasileiro como um povo único, formado por diversos matizes, ou seja, um povo formado por diferentes tonalidades de uma mesma cor. Somos uma bela mistura que resultou em uma linda cultura, em um povo diferente de todos os outros, único e peculiar, mas que infelizmente em alguns momentos precisa ser ensinado a ver e a perceber com profundidade essa beleza, posto que, em alguns casos, nossos jovens são criados com vises de preconceito e intolerância que precisam ser revistos e apagados, ou melhor, definitivamente extirpados da nossa sociedade. Neste sentido, e para que se alcance este resultado, é necessário entender a importância de nossa pluralidade. Missão que nos cabe iniciar através dos conhecimentos que discutiremos na disciplina de Educação das Relações Étnico-raciais. Para começar precisamos entender o que nos leva a tratar desse assunto nos ambientes escolares, além de sua importância como parte de nossa cultura, de nossa história e da formação de nossa sociedade. gUARDE ESSA IDEIA! A Educação das Relações Étnico-raciais é uma temática educacional prevista em lei, regulamentada e obrigatória para todos os níveis de educação no Brasil. Então, podemos afirmar que como educadores, e, principalmente, como educadores brasileiros, temos a necessidade cultural e a obrigatoriedade legal de abordar os temas ligados à Educação das Relações Étnico-raciais em nossas salas de aula. Vamos começar? FUNDAmENTOS LEgAIS PARA A EDUCAÇÃO ÉTNICO-RACIAL Como falamos anteriormente a exigência de abordar a Educação Étnico-racial em todos os níveis de Educação no Brasil é determinada por lei e estabelecida como forma de compensação para parcelas da nossa sociedade segregada em função de sua história ou desvalorizada por serem diferentes do preestabelecido com parâmetro social. Além disso, estudar a Educação Étnico-racial é uma forma de apresentar, aspectos culturais desconhecidos e sobre os quais pairam preconceitos que precisam ser descontruídos, desmistificados ou, no mínimo, esclarecidos à luz de uma experiência própria. Vale ressaltar... O termo Preconceito, via de regra, se refere a uma opinião pré-concebida ou que não passou por uma análise real, também pode ser baseado em experiências vividas por terceiros, com vieses muitas vezes de intolerância. 5 Não podemos pautar nossas impressões nas opiniões de terceiros, concorda? Afinal, aprendemos quando crianças, com nossos pais, e até onde me recordo, tentamos ensinar as nossas crianças de que nunca podemos dizer que não gostamos de algo sem que o tenhamos provado. Não é assim? Não fazemos assim com nossos filhos? Então por que baseamos algumas de nossas impressões na opinião dos outros? Ou pior, por que algumas vezes tentamos influenciar a opinião dos outros sem que estes realmente tenham vivido a experiência? gUARDE ESSA IDEIA! Neste sentido, é contra o preconceito que lutamos e é contra o preconceito que precisamos ensinar as futuras gerações a lutar. Para isso, precisamos valorizar a Educação Étnico-racial e levá-la para as salas de aula com requintes de beleza e riqueza de detalhes, pois, apenas assim, faremos com que nossos estudantes percebam quão ricas são as questões ligadas à mistura racial que compõe a sociedade brasileira. Precisamos fazer nossos alunos, nossos filhos e nossa sociedade, verem com seus próprios olhos, julgarem com seus próprios cérebros, e valorizarem a experiência própria na construção de suas opiniões e valores morais. vOCê SAbIA? Você sabia que em 2015, a atriz Tais Araújo sofreu com o preconceito racial através das redes sociais? vEjA O víDEO! Sim, em uma entrevista no programa Altas Horas, relatou como havia sofrido, na infância, com atos preconceituosos em seus tempos de escola, assista ao vídeo, com duração de dois minutos, no link a seguir: LINK Além desse fato, outros são apresentados pelo Fantástico, na reportagem - Atriz Taís Araújo e jogador de futebol Michel Bastossão vítimas de racismo, com duração de quase sete minutos. Vale a pena assistir ambos os vídeos e, indo mais longe, sugiro que se coloque no lugar dessas pessoas. Como se sentiria se seu filho sofresse com esse tipo de atitude? Como você se sentiria se sofresse com isso? Reflita! ??? https://www.youtube.com/watch?v=EX0WkvyX4ik 6 Racismo É importante lembrar que o racismo é crime e previsto em lei desde 1951 quando foi criada a Lei 1.390/51, mais conhecida como Lei Afonso Arinos, que foi o primeiro código brasileiro a incluir entre as contravenções penais a prática de atos resultantes de preconceito de raça e cor da pele. Infelizmente essa lei se mostrou ineficiente por falta de rigorosidade em suas punições. vEjA OS víDEOS! Para entender melhor essa lei assista aos dois vídeos sobre a Lei Afonso Arinos, cada um com cerca de doze minutos de duração, nos links: LINK 1 LINK 2 Mas, como a Lei Afonso Arinos não foi eficaz, em 1985, foi publicada a Lei nº 7.437, de 20 de dezembro de 1985, que inclui, entre as contravenções penais a prática de atos resultantes de preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil, dando nova redação à Lei nº 1.390, de 3 de julho de 1951 - Lei Afonso Arinos. Em 1988, a Constituição Brasileira, define a igualdade de todos os brasileiros e passou a criminalizar o racismo, o definindo como crime inafiançável e imprescritível. A seguir podemos encontrar algumas das previsões dos artigos 3º e 5º da Constituição Federal de 1988 que, além das questões ligadas ao racismo, reconhecem também o direito à liberdade de consciência e de crença. Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais; XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei. https://pt.wikipedia.org/wiki/Ra%C3%A7a https://pt.wikipedia.org/wiki/Cor_da_pele https://www.youtube.com/watch?v=sdrPNXtrfAE https://www.youtube.com/watch?v=Kj2cMpkUCxg 7 vEjA O víDEO! No que trata desse tema é importante assistir ao vídeo Artigo 5º - Racismo, com vinte e cinco minutos de duração, e localizado no link a seguir: LINK ANALISANDO Nesse vídeo pode-se observar que o combate ao racismo nunca será embasado, apenas, na legislação e que as punições previstas em lei ajudam, mas não impedem o racismo, posto que o respeito ao próximo só se alcança pela conscientização e pela educação. Em 5 de janeiro de 1989, foi criada a LEI Nº 7.716, também conhecida como conhecida a Lei Caó, essa lei vem regulamentar o artigo 5º da Constituição de 1988, em seu inciso XLII. Além disso, a Lei Caó, em seu artigo nº 1, amplia a sua abrangência e passa a contemplar também o preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional e em seu artigo nº 20 torna crime também o ato de praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito. Ou seja, através dessa lei passa a ser crime não apenas ser preconceituoso, mas também incitar o preconceito. Uma grande evolução, não acha? Ensino das Relações Étnico-Raciais Voltando nossos olhares para a área da educação começamos estudando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, ou seja, a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. A LDB é a lei orgânica e geral da educação brasileira, ela é a base para todas as ações voltadas para o nosso sistema educacional e rege todas as ações voltadas para a área educacional brasileira, estando sempre em evolução de forma a evolui e acompanhar as mudanças de nossa sociedade. E validando a informação acima é preciso ressaltar que em 9 de janeiro de 2003, a lei nº 10.639 passa a alterar a lei nº 9.394 de 1996, ou seja a LDB, nos seus artigos 26 e 79, prevendo a inclusão, no currículo oficial da Rede de Ensino, da temática “História e Cultura Afro-Brasileira” e criando nos calendários escolares o Dia da Consciência Negra. https://www.youtube.com/watch?v=q8bZUt6K73I http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei 7.716-1989?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei 10.639-2003?OpenDocument 8 Art. 1º A Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 26-A, 79-A e 79-B: Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. § 1º O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil. § 2º Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras. Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’ O dia da consciência negra passa a ser obrigatório em todas as escolas e traz a oportunidade de discussão de temas relevantes ligados a cultura afro-brasileira. Ainda tratando da LDB recomendo a leitura do texto: “Quantos passos já foram dados? vISITE A PágINA A questão de raça nas leis educacionais. Da LDB de 1961 a Lei 10.639” de Lucimar Rosa Dias, que pode ser acessada no LINK. O texto nos traz uma reflexão sobre toda a trajetória legal brasileira até lei nº 10.639, perpassando por muitos fatos históricos que nos trazem a realidade dos tempos atuais. Vale a pena ler e acompanhar essa trajetória. vISITE A PágINA Além dele, recomendo também a leitura do texto “LEI nº 10.639/03: por uma educação antirracismo no Brasil”, de Tássia Fernanda de Oliveira Silva, que pode ser localizado no SITE. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm#art26a http://www.diversidadeducainfantil.org.br/PDF/A%20QUEST%C3%83O%20DE%20RA%C3%87A%20NAS%20LEIS%20EDUCACIONAIS%20-%20DA%20LDB%201961%20A%20LEI%2010639%20-%20Lucimar%20Dias.pdf http://200.17.141.110/periodicos/interdisciplinar/revistas/ARQ_INTER_16/INTER16_008.pdf 9 Neste texto a autora nos mostra que as Diretrizes devem ser desenvolvidas por instituições de ensino em todos os níveis, de forma a atender ao previsto na Constituição Federal nos seus art. nº 5, Art. nº 206, Art. nº 210, Art. nº 215, Art. 2 nº 16, e inciso 1º do Art. nº 242, os quais se encontram dispostos a seguir: Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais. § 2º O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem.Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais. § 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional. § 2º A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais. § 3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração plurianual, visando ao desenvolvimento cultural do País e à integração das ações do poder público que conduzem à: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005) I defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005) V valorização da diversidade étnica e regional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005) Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. Art. 242. § 1º O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro. 10 Dando continuidade ao nosso estudo encontramos outros documentos que embasam a aplicação da Lei nº 10.639/03. Entre eles a Resolução CP/CNE nº 1, de 17 de junho de 2004, do Conselho Nacional de Educação – CNE, que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico- Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. De acordo com o artigo nº 2 dessa Resolução suas medidas visam à construção de uma nação democrática e a busca de relações étnico-raciais positivas. Art. 2° As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações ÉtnicoRaciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africanas constituem-se de orientações, princípios e fundamentos para o planejamento, execução e avaliação da Educação, e têm por meta, promover a educação de cidadãos atuantes e conscientes no seio da sociedade multicultural e pluriétnica do Brasil, buscando relações étnico-sociais positivas, rumo à construção de nação democrática. § 1° A Educação das Relações Étnico-Raciais tem por objetivo a divulgação e produção de conhecimentos, bem como de atitudes, posturas e valores que eduquem cidadãos quanto à pluralidade étnico-racial, tornando-os capazes de interagir e de negociar objetivos comuns que garantam, a todos, respeito aos direitos legais e valorização de identidade, na busca da consolidação da democracia brasileira. § 2º O Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorização da identidade, história e cultura dos afro-brasileiros, bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorização das raízes africanas da nação brasileira, ao lado das indígenas, européias, asiáticas. LEITURA COmPLEmENTAR A resolução nº 1 do CNE, de 17 de junho de 2004, pode ser acessada na integra no LINK. Querido (a) aluno (a), é muito importante ler esse texto na íntegra! Ainda seguindo as determinações do Conselho Nacional de Educação – CNE, chegamos à Resolução Nº 2, de 1 de julho de 2015, que define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continuada. De acordo com essa resolução em seu inciso 6º é necessário que sejam observados os aspectos interdisciplinares e as questões referentes à diversidade étnico-racial, além de outros aspectos relevantes. § 6º O projeto de formação deve ser elaborado e desenvolvido por meio da articulação entre a instituição de educação superior e o sistema de educação básica, envolvendo a consolidação de fóruns estaduais e distrital permanentes de apoio à formação docente, em regime de colaboração, e deve contemplar: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/res012004.pdf 11 I - sólida formação teórica e interdisciplinar dos profissionais; VI - as questões socioambientais, éticas, estéticas e relativas à diversidade étnico-racial, de gênero, sexual, religiosa, de faixa geracional e sociocultural como princípios de equidade. vISITE A PágINA Essa resolução pode ser acessada na íntegra no LINK. Ainda de acordo com o Conselho Nacional de Educação, em seu parecer CNE/CP 3/2004, que visa esclarecer e regulamentar a alteração trazida à Lei 9394/96 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, pela Lei 10.639/2006, fica estabelecido que é responsabilidade do Estado promover e incentivar a implantação da obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Educação Básica, criando políticas que visem atender as necessidades de ações reparadoras para as populações de origem africana, reconhecendo, valorizando e reafirmando seus direitos. Políticas de reparações voltadas para a educação dos negros devem oferecer garantias a essa população de ingresso, permanência e sucesso na educação escolar, de valorização do patrimônio histórico-cultural afro-brasileiro, de aquisição das competências e dos conhecimentos tidos como indispensáveis para continuidade nos estudos, de condições para alcançar todos os requisitos tendo em vista a conclusão de cada um dos níveis de ensino, bem como para atuar como cidadãos responsáveis e participantes, além de desempenharem com qualificação uma profissão. A demanda da comunidade afro-brasileira por reconhecimento, valorização e afirmação de direitos, no que diz respeito à educação, passou a ser particularmente apoiada com a promulgação da Lei 10639/2003, que alterou a Lei 9394/1996, estabelecendo a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileiras e africanas. Reconhecimento implica justiça e iguais direitos sociais, civis, culturais e econômicos, bem como valorização da diversidade daquilo que distingue os negros dos outros grupos que compõem a população brasileira. E isto requer mudança nos discursos, raciocínios, lógicas, gestos, posturas, modo de tratar as pessoas negras. Requer também que se conheça a sua história e cultura apresentadas, explicadas, buscando- se especificamente desconstruir o mito da democracia racial na sociedade brasileira; mito este que difunde a crença de que, se os negros não atingem os mesmos patamares que os não negros, é por falta de competência ou de interesse, desconsiderando as desigualdades seculares que a estrutura social hierárquica cria com prejuízos para os negros. Reconhecimento requer a adoção de políticas educacionais e de estratégias pedagógicas de valorização da diversidade, a fim de superar a desigualdade étnico-racial presente na educação escolar brasileira, nos diferentes níveis de ensino. Reconhecer exige que se questionem relações étnico-raciais baseadas em preconceitos que desqualificam os negros e salientam estereótipos depreciativos, palavras e atitudes que, velada ou explicitamente violentas, expressam sentimentos de superioridade em relação aos negros, próprios de uma sociedade hierárquica e desigual. http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=17719-res-cne-cp-002-03072015&category_slug=julho-2015-pdf&Itemid=30192 12 Há certamente muito mais por ser lido nesse Parecer que elucida a importância da legislação vigente no que trata das políticas de reparação e da valorização das diversidadesétnico-raciais, recomenda-se, portanto, uma leitura detalhada do mesmo, para que sejam esclarecidos os aspectos que embasam as determinações legais. vISITE A PágINA O parecer na integra pode ser acessado no LINK. Para alcançar o que se propõe a lei 10.639/03 e em sua complementação os documentos apresentados acima, torna-se imperativo que todas as instituições de ensino, em especial as que desenvolvem programas de formação inicial e continuada de professores, adotem em seus currículos e em suas atividades o ensino sistemático de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, principalmente, no que diz respeito aos componentes curriculares de Educação Artística, Literatura e História do Brasil. Nessa lei, fica explicitado que conteúdo programático passa a contemplar o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, além de instituir, como já foi dito antes, o dia 20 de novembro como o Dia da Consciência Negra. Contudo a Resolução nº 1 de 2004, também institui a obrigatoriedade da Educação das Relações Étnico- Raciais pelas Instituições de Ensino Superior, deixando claro, inclusive, em seu inciso 2, que o cumprimento dessas diretrizes deverá ser considerado nas avaliações que determinam as condições de funcionamento das Instituições, entre elas os processos de credenciamento e recredenciamento de unidades de ensino e as autorizações e reconhecimentos de cursos nas Instituições de Ensino Superior do Brasil. Com todas essas leis, resoluções e demais instrumentos legais fica claro, a meu ver, que não podemos nos furtar a adotar e abordar de forma efetiva e eficaz a cultura e as relações étnico-raciais em todos os níveis de ensino no Brasil. Contudo, sou capaz de ir mais longe em minhas afirmações e, acredito que caso cumpramos adequadamente nosso papel de ensinar às gerações vindouras, desde os primeiros anos de seu aprendizado, o quão belas e ricas são as questões Étnico-Raciais, chegaremos ao tempo em que não mais se fará necessário apresentar essas questões como obrigatórias nos cursos de graduação, pois será tão claro sua importância como é a necessidade de saber ler e escrever para todo e qualquer estudante. Como já afirmei anteriormente, um dia essa valorização das questões Étnico-Raciais será tão clara que não mais será necessário obrigar sua inclusão em todos os níveis de ensino. Um dia essa temática estará tão intrinsecamente ligada à cultura da nossa sociedade e estará tão claro que o Brasil é um país plural e formado por diferentes povos e por uma cultura única, com diferentes tonalidades de uma mesma cor. vEjA O víDEO! Bem, para finalizar recomendo mais um filme, “A obrigatoriedade do estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena”, localizado no link a seguir, com quase uma hora de duração e que trata de uma forma geral de todos os aspectos legais abordados nesta nossa discussão. LINK http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/003.pdf https://www.youtube.com/watch?v=7lUzfddAwCs 13 ACESSE O AmbIENTE vIRTUAL Recomendo que leia e assista a cada um dos textos e vídeos indicados aqui, e que, além disso, leia os capítulos de seu livro-texto que abordam o tema em pauta, pois todos esses materiais podem ser abordados em nossas avaliações. Além disso, é essencial que acesso o nosso Ambiente Virtual e realize as atividades ali propostas. Qualquer dúvida os tutores estão ao seu dispor para esclarecer e apoiar seu estudo. Não se esqueça que os questionários e as atividades são imprescindíveis para seu bom rendimento no curso, além de terem caráter avaliativo! Até breve! Esperamos nos encontrar novamente na próxima unidade!
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