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Gestão Social e Ambiental na Área Pública Editora Brazil Publishing Conselho Editorial Internacional Presidente: Rodrigo Horochovski (UFPR - Brasil) Membros do Conselho: Anita Leocadia Prestes (Instituto Luiz Carlos Prestes - Brasil) Claudia Maria Elisa Romero Vivas (Universidad Del Norte - Colômbia) Fabiana Queiroz (UFLA - Brasil) Hsin-Ying Li (National Taiwan University - China) Ingo Wolfgang Sarlet (PUCRS - Brasil) José Antonio González Lavaut (Universidad de La Habana - Cuba) José Eduardo Souza de Miranda (Centro Universitário Montes Belos - Brasil) Marilia Murata (UFPR - Brasil) Milton Luiz Horn Vieira (UFSC - Brasil) Ruben Sílvio Varela Santos Martins (Universidade de Évora - Portugal) Comitê Científico da área Ciências Humanas Presidente: Prof. Dr. Fabrício R. L. Tomio (UFPR – Sociologia) Prof. Dr. Nilo Ribeiro Júnior (FAJE – Filosofia) Prof. Dr. Renee Volpato Viaro (PUC – Psicologia) Prof. Dr. Daniel Delgado Queissada (UniAGES – Serviço Social) Prof. Dr. Jorge Luiz Bezerra Nóvoa (UFBA – Sociologia) Prof. Dra. Marlene Tamanini (UFPR – Sociologia) Prof. Dra. Luciana Ferreira (UFPR – Geografia) Prof. Dra. Marlucy Alves Paraíso (UFMG – Educação) Prof. Dr. Cezar Honorato (UFF – História) Prof. Dr. Clóvis Ecco (PUC-GO – Ciências da Religião) Prof. Dr. Fauston Negreiros (UFPI – Psicologia) Prof. Dr. Luiz Antônio Bogo Chies (UCPel – Sociologia) Prof. Dr. Mario Jorge da Motta Bastos (UFF – História) Prof. Dr. Israel Kujawa (PPGP da IMED – Psicologia) Prof. Dra. Maria Paula Prates Machado (UFCSPA – Antropologia Social) Prof. Dr. Francisco José Figueiredo Coelho (GIEESAA/UFRJ – Biociências e Saúde) Maria Aparecida Farias de Souza Nogueira Vera Luci de Almeida organizadoras Gestão Social e Ambiental na Área Pública Sandra Heck Editor-Chefe Valdemir Paiva Editor Everson Ciriaco Coordenador Editorial Brenner Silva e Rafael Chiarelli Diagramação e Projeto Gráfico Paula Zettel Capa Thais Valentim Revisão Editorial Os autores Revisão de Texto DOI: 10.31012/978-65-86854-21-3 DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) BIBLIOTECÁRIA: MARIA ISABEL SCHIAVON KINASZ, CRB9 / 626 Gestão social e ambiental na área pública / G393 organização de Maria Aparecida Farias de Souza Nogueira, Vera Lucí de Almeida – Curitiba: Brazil Publishing, 2020. [recurso eletrônico] ISBN 978-65-86854-21-3 1. Administração pública. 2. Gestão ambiental. 3. Gestão social. 4. Políticas públi- cas. 5. Sustentabilidade. I. Nogueira, Maria Aparecida Farias de Souza (org.). II. Almeida, Vera Lucí de (org.). CDD 351 (22.ed) CDU 35 todos os direitos desta edição reservados à © Editora Brazil Publishing Rua Padre Germano Mayer, 407 Cristo Rei - Curitiba PR - 80050-270 +55 (41) 3022-6005 www.aeditora.com.br [2020] APRESENTAÇÃO Este livro contempla trabalhos dos discentes de pós-graduação stricto sensu pertencentes ao Programa de Mestrado Profissional em Administração Pública (PROFIAP / UFGD) reunidos em uma obra, os quais, foram elabora- dos e apresentados na disciplina de Gestão Social e Ambiental como parte dos requisitos para aprovação. O ponto de destaque da obra é a exposição de diver- sas práticas contendo a abordagem de aspectos conceituais e metodológicos de pesquisa por meio da elucidação de exemplos na área de gestão pública. Para alcançar maior abrangência, simplicidade e orientação prática ao leitor, o livro valorizou a contribuição dos estudos dos mestrandos em suas áreas de maior afinidade. Assim, o livro está estruturado em 11 capítulos, apresentando te- mas sobre impactos das contratações públicas, políticas ambientais nas Instituições Federais de Ensino Superior, Gestão Ambiental em Corredores de Transporte; desfazimento de bens, Gestão ambiental nas unidades do Exército Brasileiro, A sustentabilidade nos projetos de ensino, pesquisa e extensão, Impacto da efetivação do RENOVABIO, Implantação de um Centro de Recondicionamento de computadores, formação de profissio- nais conscientizados ambientalmente, Uso da tecnologia para a redução no consumo de materiais de expediente e Sistemas de Avaliação da Dimensão Responsabilidade Social pelas CPAs das Universidades Federais do Centro- oeste Brasileiro. O capítulo 1 apresenta uma ANÁLISE DA EFICIÊNCIA E ECONO- MICIDADE GERADAS PELA MUDANÇA NA FORMA DE CONTRATA- ÇÃO DOS VEÍCULOS OFICIAIS DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UFGD/EBSERH, como uma forma inovadora de locação de veículos ofi- ciais, comparando-a com a forma então vigente de aquisição de veículos. Para isso, foram realizados cálculos considerando variáveis que impactaram no valor final de ambas formas de contratualização. O resultado demons- trou que a forma de locação de veículos é mais vantajosa para a instituição gerando ganhos econômicos e ambientais, contribuindo para modernização e melhor gestão da máquina administrativa. O capítulo 2 aborda sobre a A POLÍTICA AMBIENTAL NO ÂMBITO DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS tendo por objetivo identificar quantas instituições dispõem de uma política ambiental formalizada e instituciona- lizada e como está sendo desenvolvida internamente a questão ambiental. Para tal foi elaborado um questionário que foi enviado via sistema de in- formação ao cidadão (e-sic) para 63 universidades federais. Os resultados apontam que a grande maioria das universidades federais ainda não pos- suem uma política ambiental formalizada. Há sim, em todas as institui- ções, o desenvolvimento de ações, projetos ou programas voltados à gestão ambiental e à sustentabilidade, sobretudo no que se refere às exigências do Governo Federal. O capítulo 3 analisa as PERSPECTIVAS PARA A ROTA BIOCEÂNICA: UMA ANÁLISE ATRAVÉS DO FRAMEWORK FIT-2-DEEDS. A aplicação do framework FIT-2-Deeds demonstra ser boa ferramenta para avaliação e de- senvolvimento do corredor bioceânico, visto que corredores no mundo já foram construídos e seus resultados econômicos e ambientais já estão con- solidados por meio de análise de conteúdo e pesquisa documental. As ações para a consolidação do Corredor Bioceânico carecem de coordenação e vi- são holística dada a magnitude do empreendimento, as possíveis vantagens e o grande impactos que pode causar. No capítulo 4, intitulado DESFAZIMENTO DE BENS PERMANENTES NA UFGD: UM DESAFIO À LUZ DO DECRETO 9.373/2018, objetivou-se analisar o que tem sido realizado até o momento para se atender às norma- tivas, além de se identificar falhas nesse processo e propor novas estraté- gias para o cumprimento desse desafio. Constatou-se que a UFGD em que pese ter apenas 15 anos de existência, já possui uma estrutura consolidada com relação a sua gestão ambiental, possuindo uma Política Ambiental, um Plano de Logística Sustentável próprio, adesão junto à Agenda Ambiental da Administração Pública (A3P) e acordo com ente privado para a desti- nação correta de alguns resíduos. Com relação ao desfazimento dos bens móveis permanentes verificou-se a necessidade de se realizar a conciliação física/contábil dos bens permanentes, o mapeamento dos processos relati- vos ao desfazimento, além da mudança de sistema informatizado para ge- rência dos bens móveis. Já o Capítulo 5 faz uma reflexão sobre a ESTUDO DE CASO: DIRETRIZES DA PORTARIA Nº 1.275 E A ADEQUAÇÃO DO 28º BATALHÃO LOGÍSTICO À POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS (PNRS), com o objetivo principal, analisar as diretrizes da porta- ria e verificar a implementação desta diretriz no 28º Batalhão Logístico. O estudo se justifica, em razão da unidade militar em questão realizar, além das atividades pertinentes ao adestramento da tropa, realizar também di- versas atividades de manutenção dos mais variados tipos de material de emprego militar. Quanto a metodologia, caracteriza-se por ser um estudo de caso, definida pelos objetivos gerais como exploratória, documental,de natureza qualitativa. Como resultado, foram levantadas algumas ações de relações entre entidades no intuito de melhorar os resultados da gestão de resíduos sólidos. O Capítulo 6 contemplará a ESTATÍSTICAS TEXTUAIS EM PROJETOS EDUCACIONAIS DA UEMS, onde busca analisar se há uma preocupação por parte dos professores de uma IES com abrangência esta- dual na complementação da formação acadêmica por meio da inserção do conceito de sustentabilidade nos projetos de ensino, pesquisa e extensão. A metodologia baseou-se na pesquisa documental aliada a estatística des- critiva, por meio de corpus qualitativo de projetos coletados do Sistema de Informação e Gestão de Projetos (SIGProj) e processados pelo Software IRAMUTEQ (Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires) com a finalidade de analisar a ocorrência e associações do tema nos projetos cadastrados no sistema por meio da frequência de palavras. Os resultados demonstraram uma relação associativa entre os ter- mos educação ambiental, meio ambiente e sustentabilidade. O Capítulo 7 aborda sobre a IMPACTO DA EFETIVAÇÃO DO RENOVABIO NO CENÁRIO BRASILEIRO: UMA ANÁLISE AMBIENTAL. O objetivo deste trabalho é verificar, diante das propostas elencadas no Tratado de Paris, o quanto o meio ambiente brasileiro será beneficiado quan- titativamente pelo compromisso brasileiro com a efetivação do RenovaBio. Mesmo se tratando de uma política recente, que parece estar caminhando para sua efetivação, não foi possível verificar sua completa efetivação, pois se trata de previsões. O efeito das atividades voltadas por preocupação com o meio ambiente é diretamente proporcional ao retorno financeiro median- te processo de vendas dos CBIOs. Se plenamente efetivada, o meio ambien- te brasileiro deixará de receber, naquilo que tange a responsabilidade do Renovabio, mais de 850 milhões de toneladas de CO2 por ano, retornando financeiramente mais de 3,5 bilhões de reais para as empresas participantes. O Capítulo 8 é intitulado DESAFIOS E OPORTUNIDADES DA IMPLANTAÇÃO DO CENTRO DE RECONDICIONAMENTO DE COMPUTADORES EM DOURADOS - MS. Como ponto de partida, ques- tiona-se se uma cidade de interior poderia abrigar um centro destes, tendo como premissa a necessidade de oferta de computadores obsoletos, porém ainda em funcionamento, que pudessem ser recondicionados e disponibili- zados em pontos de inclusão digital. Também busca-se conhecer os desafios na implantação e, principalmente, quem serão os beneficiados com o fun- cionamento desse centro na cidade de Dourados, bem como compreender a integração entre os dois macro processos que ocorrem nesses centros de recondicionamento de computadores e educação profissional. O Capítulo 9 analisa A TEMÁTICA AMBIENTAL INSERIDA NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS. A TEMÁTICA AMBIENTAL INSERIDA NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS. Alinhado ao processo de avanço da inserção da conscientização ambiental aos currículos acadêmicos pelas instituições brasileiras de Ensino Superior, o pre- sente artigo tem por finalidade a análise das estruturas curriculares dos cur- sos de graduação da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), no sentido de oferta de disciplinas com ementas de cunho ambiental e ligadas ao contexto de sustentabilidade. Para tal, verificou-se em cada estrutura curricu- lar dos cursos o enquadramento desses componentes no contexto disciplinar do projeto pedagógico em questão. Em um segundo momento, analisou-se a oferta dessas disciplinas aos discentes, verificando a regularidade que as Faculdades disponibilizam os conteúdos em sua grade curricular. Já o Capítulo 10 aborda A TECNOLOGIA COMO ALTERNATIVA PARA REDUÇÃO NO CONSUMO DE MATERIAIS, CASO HU-UFGD/ EBSERH. O trabalho teve como objetivo analisar, de forma quantitativa, se houve algum impacto no consumo de materiais de expediente com a implantação do sistema de processo eletrônico nesta unidade hospitalar. Verificando especificamente os seguintes materiais de consumo: papel A4 (resma com 500 folhas), capa dura para processo (tipo pasta), capa plástica (PVC) para processo, cinta elástico para processo, colchete para processo, grampos para papel e grampeador. As informações necessárias para esta pesquisa foram buscadas junto ao Setor de Almoxarifado do HU-UFGD, o período de referência para esta análise é janeiro a outubro de 2019. E, por fim, o Capítulo 11 contempla a AVALIAÇÃO DA DIMENSÃO RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS CPAS DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS DO CENTRO-OESTE. Foi identificado se as universidades estão utilizando as orientações da Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (CONAES) e se os instrumentos utilizados são capazes de aferir a responsabilidade social. A partir dos relatórios emitidos pelas CPAs, das cinco universidades da região centro oeste e da revisão bibliográfica acerca do assunto, identificou-se que nenhuma instituição considera, na íntegra, as sugestões das orientações do CONAES, mesmo que considerada suas particularidades e maneira própria de avaliar e apresentar resultados, ainda assim nenhuma foi capaz de apresentar os diversos temas incluídos no rol da responsabilidade social, o que faz deste tema uma importante questão a ser melhor desenvolvido pelas CPAs. A obra ainda se constitui num guia para a disseminação de práticas de gestão pública, destacando a preocupação dos autores em esclarecer os resultados alcançados com as suas pesquisas. O livro contém trabalhos de alunos de pós-graduação stricto sen- su pertencentes ao Programa de Mestrado Profissional em Administração Pública (PROFIAP / UFGD) no intuito de acrescer conhecimento sobre gestão pública, mais especificamente nas áreas social e ambiental. Também se mostra interessante no sentido de despertar o interesse para temáticas voltadas para a elaboração de trabalhos monográficos na área de gestão pú- blica, sustentabilidade e áreas afins. Pode ser utilizado também por pro- fessores em sala de aula visto este conter interessantes exemplos práticos específicos da área de gestão, com complementação teórica. Ademais, agradecemos a PROPP/UFGD pelo financiamento da obra por meio do PAP/UA-FACE/UFGD e a todos os parceiros e mestrandos en- volvidos para a publicação do mesmo. Maria Aparecida Farias de Souza Nogueira e Vera Luci de Almeida Professoras do Programa de Mestrado Profissional em Administração Pública – PROFIAP e organizadoras da obra Abstract This book includes works by stricto sensu graduate students belonging to the Professional Master’s Program in Public Administration (PROFIAP / UFGD), which were elaborated and presented in the discipline of Social and Environmental Management as part of the requirements for approval. The highlight of the work is the exposure of several practices containing the approach of conceptual and methodological aspects of research, by elucidating examples in the area of public management. In order to achieve greater comprehensiveness, simplicity and practical guidance to the reader, the book valued the contribution of the master’s students’ studies in their areas of greatest affinity. The work is structured in 11 chapters, presenting themes on the impact of public contracts; environmental policies in federal higher education institutions; environmental management in transport corridors; disposal of goods; environmental management in Brazilian army units; sustainability in teaching, research and extension projects; impact of making RENOVABIO effective; implantation of a computer reconditioning center; training of environmentally aware professionals; use of technology to reduce consumption of office materials; and systems for assessing the social responsibility dimension for CPAs of federal universities in the Brazilian Midwest. Resumo Este livro contempla trabalhos dos discentes de pós-graduação stricto sensu pertencentes ao Programa de Mestrado Profissionalem Administração Pública (PROFIAP/UFGD), os quais, foram elaborados e apresentados na disciplina de Gestão Social e Ambiental como parte dos requisitos para aprovação. O ponto de destaque da obra é a exposição de diversas práticas contendo a abordagem de aspectos conceituais e metodológicos de pesquisa, por meio da elucidação de exemplos na área de gestão pública. Para alcançar maior abrangência, simplicidade e orientação prática ao leitor, o livro valori- zou a contribuição dos estudos dos mestrandos em suas áreas de maior afinidade. A obra está estruturada em 11 capítulos, apresentando temas sobre impactos das contrata- ções públicas; políticas ambientais nas instituições federais de ensino superior; gestão am- biental em corredores de transporte; desfazimento de bens; gestão ambiental nas unidades do exército brasileiro; sustentabilidade nos projetos de ensino, pesquisa e extensão; impacto da efetivação do RENOVABIO; implantação de um centro de recondicionamento de com- putadores; formação de profissionais conscientizados ambientalmente; uso da tecnologia para a redução no consumo de materiais de expediente; e sistemas de avaliação da dimensão responsabilidade social pelas CPAs das universidades federais do centro-oeste brasileiro. Palavras-chave Cap. 1: Locação de veículos; Contratação de veículos oficiais; Eficiência nas contratações. Cap. 2: Universidade Federal; Política Ambiental; Gestão Ambiental; Sustentabilidade. Cap. 3: Corredores de transporte. Responsabilidade Ambiental. Benefícios econômicos. América do Sul. Cap. 4: Bens permanentes; Desfazimento; Sustentabilidade. Cap. 5: Atividades de manutenção; Exército Brasileiro; Legislação; Política Nacional de Resíduos Sólidos. Cap. 6: Sustentabilidade; Frequência de Palavras; Análise de conteúdo. Cap. 7: Crédito de Descarbonização; Meio Ambiente; Poluentes; CBIOs. Cap. 8: Recondicionamento; Computadores; Educação ambiental; Responsabilidade. Cap. 9: Formação Ambiental; Ensino Superior; Projeto Pedagógico; Meio Ambiente e Sustentabilidade. Cap. 10: Processo eletrônico; Consumo; Economicidade; Sistema SEI. Cap. 11: Responsabilidade Social; Universidades; CPAs. Sumário CAPÍTULO 1 – ANÁLISE DA EFICIÊNCIA E ECONOMICIDADE GERADAS PELA MUDANÇA NA FORMA DE CONTRATAÇÃO DOS VEÍCULOS OFICIAIS DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UFGD/EBSERH . . . . . . . 14 Marcos Pablo Ribeiro Azambuja, Maria Aparecida Farias de Souza Nogueira e Vera Luci de Almeida CAPÍTULO 2 – A POLÍTICA AMBIENTAL NO ÂMBITO DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 César Augusto Jacques Barrera, Maria Aparecida Farias de Souza Nogueira e Vera Luci de Almeida CAPÍTULO 3 – ERSPECTIVAS PARA A ROTA BIOCEÂNICA: UMA ANÁLISE ATRAVÉS DO FRAMEWORK FIT-2-DEEDS . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 Renan Mendes Camargos, Maria Aparecida Farias de Souza Nogueira e Vera Luci de Almeida CAPÍTULO 4 – DESFAZIMENTO DE BENS PERMANENTES NA UFGD: UM DESAFIO À LUZ DO DECRETO 9.373/2018 . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 Anderson Luiz Parron Gonçalves, Maria Aparecida Farias de Souza Nogueira e Vera Luci de Almeida CAPÍTULO 5 – ESTUDO DE CASO: DIRETRIZES DA PORTARIA Nº 1.275 E A ADEQUAÇÃO DO 28º BATALHÃO LOGÍSTICO À POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS (PNRS) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 Alex de Queiroz Pessanha, Maria Aparecida Farias de Souza Nogueira e Vera Luci de Almeida CAPÍTULO 6 – ESTATÍSTICAS TEXTUAIS EM PROJETOS EDUCACIONAIS DA UEMS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106 Leonilda Mascarenhas, Maria Aparecida Farias de Souza Nogueira e Vera Luci de Almeida CAPÍTULO 7 – IMPACTO DA EFETIVAÇÃO DO RENOVABIO NO CENÁRIO BRASILEIRO: UMA ANÁLISE AMBIENTAL. . . . . . . . . . . . . . . . . 120 Fernando Camilo do Carmo, Maria Aparecida Farias de Souza Nogueira e Vera Luci de Almeida CAPÍTULO 8 – DESAFIOS E OPORTUNIDADES DA IMPLANTAÇÃO DO CENTRO DE RECONDICIONAMENTO DE COMPUTADORES EM DOURADOS - MS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136 Carlos Aparecido de Almeida, Maria Aparecida Farias de Souza Nogueira e Vera Luci de Almeida CAPÍTULO 9 – A TEMÁTICA AMBIENTAL INSERIDA NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS 149 João André Amorim Araújo, Maria Aparecida Farias de Souza Nogueira e Vera Luci de Almeida CAPÍTULO 10 – A TECNOLOGIA COMO ALTERNATIVA PARA REDUÇÃO NO CONSUMO DE MATERIAIS, CASO HU-UFGD/EBSERH . . . . . . . . 165 Ronivon dos Santos Sampaio, Maria Aparecida Farias de Souza Nogueira e Vera Luci de Almeida CAPÍTULO 11 – AVALIAÇÃO DA DIMENSÃO RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS CPAS DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS DO CENTRO-OESTE . . . 183 Angélica Leonel Socorro de Queiroz Mariano, Maria Aparecida Farias de Souza Nogueira e Vera Luci de Almeida TERMOS E SEUS SIGNIFICADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 205 SOBRE OS AUTORES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 209 CAPÍTULO 1 ANÁLISE DA EFICIÊNCIA E ECONOMICIDADE GERADAS PELA MUDANÇA NA FORMA DE CONTRATAÇÃO DOS VEÍCULOS OFICIAIS DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UFGD/EBSERH Marcos Pablo Ribeiro Azambuja1 Maria Aparecida Farias de Souza Nogueira2 Vera Luci de Almeida3 1 INTRODUÇÃO A Administração Pública utiliza do instrumento dos contratos admi- nistrativos para atender ao interesse público, isto é, os anseios da sociedade por serviços públicos com qualidade satisfatória. Um dos pontos fundamen- tais na celebração dos contratos administrativos firmados pela Administração Pública é a questão da eficiência, sendo um princípio constitucional nortea- dor. Por meio dele, as contratações devem ser vantajosas para a administra- ção, tanto em critérios de economicidade quanto de qualidade. Um exemplo destas contratações é o de prestação de serviços de trans- porte, utilizado tanto para atender diretamente às demandas da sociedade, como para fornecer caminho para este atendimento - atividades administra- tivas, sendo um tipo de contrato amplamente utilizado pela administração. Para se utilizar deste contrato, a administração pode adquirir veícu- los, visando possuir frota própria, porém arcando com custos como manu- tenção, documentação, lavagens, entre outros; ou locar veículos, mas trans- ferindo e terceirizando os custos antes gerenciados por ela. Desde 2016, o Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), vinculada a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) (HU-UFGD/Ebserh) vem adotando a forma de con- 1 Mestrando em Administração Pública (PROFIAP/UFGD), Servidor da UFGD, marcosazambuja@ufgd.edu.br. 2 Professora do Mestrando em Administração Pública (PROFIAP/UFGD), marianogueira@ufgd.edu.br. 3 Professora do Mestrando em Administração Pública (PROFIAP/UFGD), veraalmeida@ufgd.edu.br. 15 GESTÃO SOCIAL E AMBIENTAL NA ÁREA PÚBLICA tratação de locação dos veículos oficiais, procurando inovar e acompanhar o desenvolvimento na forma de gerenciamento dos recursos públicos, rom- pendo com o paradigma antigo de aquisição dos veículos. Neste ínterim, surge as seguintes perguntas de pesquisa: a forma de contratação inovada pelo HU é mais vantajosa que a anterior em relação a critérios como eficiência e economicidade e gestão ambiental? Quais os impactos gerados pela nova forma de contratação? Esta análise se mostra oportuna pelo fato da obrigatoriedade de os re- cursos públicos serem bem gerenciados, de modo a não haver desperdícios, caracterizando eficiência, pois são recursos, em sua maior parte, arrecada- dos por meio de tributos, os quais oneram o cidadão, que deseja ver seu dinheiro bem aplicado. Neste sentido, com a finalidade de proporcionar uma análise compa- rativa entre as duas formas de contratação desenvolvidas pelo HU-UFGD/ EBSERH: frota própria x frota locada, este trabalho tem como objetivo geral analisar a eficiência e economicidade gerada pela mudança na forma de con- tratação dos veículos oficiais doHospital Universitário da UFGD/EBSERH. Para tanto, definiu-se como objetivos específicos: i - identificar se houve ganhos de eficiência e economicidade com a nova forma de contratação; ii - descrever as variáveis determinantes de ganhos ou perdas de eficiência e economicidade com a nova forma de contratação; iii - sugerir mudanças incrementais para aperfeiçoamento da nova forma de contratação. 2 CONTEXTO E A REALIDADE INVESTIGADA Os contratos administrativos são instrumentos utilizados para indi- car um vínculo jurídico entre a Administração Pública e o particular, vi- sando atender ao interesse público (JUSTEN FILHO, 2004). Este interesse, segundo Carvalho Filho (2014), se refere às atividades administrativas que são desenvolvidas pelo Estado para benefício da coletividade. Para atingir o interesse público e atender às demandas da população, um dos contratos administrativos utilizados é o de transporte, pois confor- me Carvalho Filho (2014, p. 242): 2 Contratos de Serviços [...] Tais contratos são normalmente conhecidos por “contratos de prestação de serviços” e neles se realça a atividade material do contratado. É tipicamente 16 GESTÃO SOCIAL E AMBIENTAL NA ÁREA PÚBLICA o contrato onde a obrigação se traduz num facere. Algumas dessas ativida- des são mencionadas na lei, como as de conservação, reparação, conserto, transporte, operação, manutenção, demolição, seguro, locação de bens, e outras, todas consubstanciando típicas obrigações de fazer (CARVALHO FILHO, 2014, p. 242). Segundo Brasil (2014), no Caderno de Logística do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, a contratação dos serviços de transporte: Consiste na prestação de serviços de transporte com fornecimento de veícu- lo e/ou mão de obra para um determinado número de viagens, destinado ao transporte de usuários definidos, que se qualificam por manterem vínculo específico com o órgão contratante para o desempenho de suas atividades (BRASIL, 2014, p. 12). No referido caderno constam as possíveis formas de contratação, de- pendendo das necessidades do órgão contratante, sendo elas: contratação dos serviços com fornecimento exclusivamente de mão de obra represen- tada pelo condutor do veículo, com fornecimento apenas do veículo ou, ainda, o órgão contratará os serviços de transporte, que incluirá veículos e motoristas (BRASIL, 2014). A possibilidade de locação de serviços de transporte na Administração Pública teve seu marco inicial no Decreto-Lei 200/1967. A partir dele, o tema evoluiu ao longo dos anos até chegar nos contratos de locação mais recentes celebrados pela administração. Conforme o entendimento de Di Pietro (2015), a Lei nº 5.645/1970, permitia, no art. 3º, parágrafo único (atualmente revogado pela Lei nº 9.527, de 1997), que atividades relacionadas com transporte fossem objeto de execução indireta, mediante contrato, de acordo com o Decreto-lei nº 200/1967. A autora prossegue o entendimento informando que o Decreto- lei nº 2.300/1986 previu a locação de serviços e que a Lei nº 8.666/1993 per- mite que as obras e serviços sejam prestados por execução direta ou indireta. Finalmente, ela conclui o entendimento apresentando o art. 6º, inciso II, da Lei nº 8.666/1993, definindo serviço como “toda atividade destinada a obter deter- minada utilidade de interesse para a Administração”, sendo que transporte e locação de bens estão entre eles (DI PIETRO, 2015, p. 252). Diante do exposto, entende-se que as contratações dos serviços de transporte, para Administração Pública desenvolver suas atividades, re- toma discussões/análises antigas, desde o final da década de 1960 até os 17 GESTÃO SOCIAL E AMBIENTAL NA ÁREA PÚBLICA dias atuais. Estas contratações devem observar aos princípios que regem a Administração Pública Federal (Brasil, 2014), dentre eles, merecem desta- que a eficiência e economicidade (BRASIL, 1988). Para Carvalho Filho (2014), o núcleo do princípio da eficiência é a procura de produtividade e economicidade, havendo a exigência de reduzir os desperdícios de dinheiro público. Para isso, se faz necessário a execução dos serviços públicos com presteza, perfeição e rendimento funcional. Para o autor, existem vários aspectos que devem ser considerados dentro do princí- pio: produtividade e economicidade, qualidade, celeridade e presteza e des- burocratização e flexibilização (CARVALHO FILHO, 2014). Para o autor: O dever de eficiência dos administradores públicos reside na necessidade de tornar cada vez mais qualitativa a atividade administrativa. Perfeição, celeri- dade, coordenação, técnica, todos esses são fatores que qualificam a ativida- de pública e produzem maior eficiência no seu desempenho (CARVALHO FILHO, 2014, p. 68). Justen Filho (2004), ao discorrer sobre economicidade, eficiência e moralidade, expõe que: A Administração Pública está obrigada a gerir os recursos financeiros do modo mais razoável. O princípio da economicidade pode reputar-se tam- bém como extensão do princípio da moralidade. Significa que os recursos públicos deverão ser administrados segundo re- gras éticas, com integral respeito à probidade. O administrador público não pode superpor eventuais e egoísticos interesses privados ao interesse públi- co. Não se respeita o princípio da economicidade quando as decisões admi- nistrativas conduzem a vantagem pessoal do administrador antes do que ao benefício de toda coletividade (JUSTEN FILHO, 2004, p. 60). O autor prossegue alegando que economicidade significa, ainda mais o dever de eficiência, pois ela impõe a adoção da solução mais conveniente e eficiente para a gestão dos recursos públicos. Toda atividade administrati- va está sujeita ao enfoque custo-benefício. O desenvolvimento da atividade acarreta produção de custos em diversos níveis. Isto posto, há custos relacio- nados com o tempo, com a mão de obra, etc. No entanto, a atividade também produz benefícios avaliáveis em diversos âmbitos (JUSTEN FILHO, 2004). 18 GESTÃO SOCIAL E AMBIENTAL NA ÁREA PÚBLICA Para o autor supracitado: O Estado tem o dever de realizar a melhor contratação sob o ponto de vista da economicidade. Isso significa que a contratação comporta avalia- ção como modalidade de relação custo-benefício. A economicidade é o re- sultado da comparação entre encargos assumidos pelo Estado e direitos a ele atribuídos, em virtude da contratação administrativa (JUSTEN FILHO, 2004, p.52). Tal entendimento acentua ainda mais a importância da economicida- de nas contratações públicas. Para Calasans Junior (2015), a eficiência e economicidade apresentam relações próximas: o princípio da eficiência, incluído no elenco do art. 37 da Constituição pela Emenda no 19, de 1998, as licitações e contratações públi- cas devem visar, sempre, a otimização do proveito na utilização dos recursos disponíveis, o que está intimamente ligado ao princípio da economicidade. Neste sentido, considerando que as contratações da Administração Pública visam eficiência e economicidade, de modo a satisfazer da forma mais vantajosa possível os anseios da população, pretende-se analisar os impactos ocasionados pela mudança na forma de contratação do serviço de transporte: frota própria x frota locada em determinada instituição pública. A instituição a ser analisada é o Hospital Universitário - HU-UFGD/ EBSERH, sendo órgão suplementar da Fundação Universidade Federal da Grande Dourados, pessoa jurídica de direito público interno, criada pela Lei 11.153/2005, vinculada ao Ministério da Educação, constituído como uma entidade de direito público sem fins lucrativos, estabelecida pela Resolução COUNI – UFGD nº. 72, de 11 de julho de 2008, regida pelo Estatuto da UFGD, pelo Regimento Geral da UFGD e Regimento Interno, é um Hospital Geral, e tem por finalidade promover assistência, ensino, pesquisa, e extensão na área de saúde e afins (UFGD, 2008). Para desenvolver suas atividades e cumprir a missão de “promover a assistência à saúde de forma indissociávelcomo ensino, pesquisa e extensão, em regime ambulatorial e de internação, 100% SUS, referenciado e com foco na média e alta complexidades multi- disciplinares, com qualidade e humanização, reguladas e em rede com as demais organizações do SUS”, o HU-UFGD/EBSERH necessita de uma rede de suporte que não está relacionada diretamente à assistência médica, como 19 GESTÃO SOCIAL E AMBIENTAL NA ÁREA PÚBLICA serviços administrativos, de manutenção, de segurança, transporte, entre outros (EBSERH, 2017). Neste sentido, dentre vários equipamentos e ferramentas necessárias a dar o apoio à assistência à saúde dos pacientes e da população, se faz necessários veículos automotores que realizem transporte de pacientes, pessoas, equipamentos, materiais de consumo, etc, que fazem parte de toda a logística funcional do HU-UFGD/EBSERH (EBSERH, 2017). Diante disso, entende-se que, visando atender à permanente neces- sidade de deslocamento de pacientes, pessoas em serviço, materiais, do- cumentos, pequenas cargas e em razão da grande demanda de serviços administrativos, como entrega de documentos, tramitação de processos e transporte de servidores, a instituição necessita da contratação do serviço de transporte (EBSERH, 2017). Ocorre que, até novembro de 2015, a instituição utilizava de frota pró- pria e dispunha de dois contratos interdependentes: 1) contrato de manuten- ção preventiva e corretiva dos veículos oficiais; 2) contrato de fornecimento de motoristas. Após esta data, a instituição encontrou oportunidade de melhoria e procurou mesclar os dois contratos em um só, objetivando melhores resultados com menores dispêndios, economicidade e eficiência (EBSERH, 2017). 3 DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO-PROBLEMA E/OU OPORTUNIDADE O Hospital Universitário da UFGD, até outubro de 2016, possuía dois contratos interdependentes entre si. Um deles voltado para manutenção de fro- ta e outro para contratação de motoristas para condução dos veículos oficiais. Nesta época, a instituição apresentava a frota composta pelos seguin- tes veículos: 20 GESTÃO SOCIAL E AMBIENTAL NA ÁREA PÚBLICA Quadro 1– Frota de veículos do HU-UFGD/EBSERH - até out/2016 Marca Tipo Classificação Placa Ano/modelo Procedência VW Saveiro 1.8 Plus Leve HQH- 4977 2002/2002 Cedido pela Prefeitura Municipal de Dourados VW Parati 1.6 Leve HSI- 2321 2006/2006 Cedido pela Fundação Municipal Saúde Administração Hospitalar de Dourados Ford Courier Leve HQH- 8841 2001/2002 Cedido pelo Fundo Especial de Saúde Fiat Fiorino (ambulância) Leve HSH- 5425 2010/2010 Frota Própria Nissan Livina Leve NRZ- 3634 2013/2014 Frota Própria Fiat Doblo (ambulância) Leve HTO- 2822 2013/2013 Frota Própria VW Worker 6x2 Pesado JJU-1907 2011/2012 Frota Própria Iveco Daily Pesado OWI- 2859 2013/2013 Frota Própria Fonte: Elaborado pelos autores, com adaptações do Pregão Eletrônico 81/2017 do HU-UFGD (2017) Para manutenção dos veículos elencados, a instituição dispunha do con- trato 08/2016, cujo objeto era a contratação, em regime de empreitada por pre- ço unitário, dos serviços especializados de manutenção preventiva e corretiva de veículos leves e pesados, incluindo fornecimento de materiais, peças, com- ponentes e acessórios para o HU-UFGD/EBSERH (HU-UFGD, 2017). Para condução dos veículos, a instituição dispunha do contrato 17/2015, cujo objeto era a prestação dos serviços continuados de motoris- tas para condução de veículos oficiais para atender as necessidades do HU- UFGD/EBSERH (HU-UFGD, 2015). Neste ínterim, a instituição percebeu que o conceito de renovação da frota por meio de aquisição dos veículos (frota própria) vinha sendo utilizada com menor frequência e com isso a locação de veículos (frota terceirizada) estava alcançando cada vez mais espaço devido à economia de recursos financeiros e humanos. A administração entendeu que a gestão dos recursos públicos tem buscado utilizar como base os modernos prin- cípios de administração, pautando a aplicação de seus esforços na busca de melhores resultados com menores dispêndios, passando-se da gestão de recursos para a gestão de resultados (HU-UFGD, 2017). Além disso, com o passar dos anos, os veículos adquiridos tornam-se tecnologicamente ultrapassados, não acompanhando a evolução tecnológi- ca no sentido de reduzir as emissões de gases nocivos ao meio ambiente. Conforme Queiroz (2006, p. 02-03): 21 GESTÃO SOCIAL E AMBIENTAL NA ÁREA PÚBLICA As leis de controle de emissões estão cada vez mais rígidas com o cresci- mento da preocupação da sociedade, e no Brasil como em outros países as leis de emissões estão evoluindo muito rapidamente. A indústria automobi- lística é solicitada cada vez mais a ter um rápido retorno de suas tecnologias para atender as leis. [...] Para o cumprimento destes limites, é necessária a aplicação de tecnologias e sistemas que aperfeiçoem o funcionamento dos motores para proporcionar uma queima perfeita de combustível e conseqüente diminuição das emis- sões bem como do consumo de combustível. Na fase implantada em 1992, a utilização de catalisadores se fez necessária. Para a fase atual de exigên- cias, que teve início em 1997, além do catalisador, é preciso também, que se acrescentem novos dispositivos, tais como: a injeção eletrônica e outros componentes que compõem a chamada eletrônica embarcada. Porém, para o atendimento dos limites mais rígidos, novas tecnologias serão necessárias. Ao mudar a forma de contratação, o HU-UFGD/EBSERH considerou que os dirigentes das instituições públicas têm se empenhado persisten- temente na busca pela modernização da máquina administrativa, visando mecanismos que sejam mais eficientes para a realização das suas ativida- des. Tal modernização se inspira fortemente nos modelos de gestão privada, considerados superiores e mais eficazes. Os gestores públicos, quando se empenham em oferecer uma prestação de serviços de qualidade ao cidadão, percorrem caminhos de constante procura por meios que melhorem o de- sempenho do setor público num ambiente em que a escassez de recursos é cada vez mais presente (HU-UFGD, 2017). A instituição considerou o fato de que os cargos de Motorista e Motorista Oficial apresentavam quadro de cargos em extinção. Neste sen- tido, os deslocamentos deveriam ser supridos pela contratação de empresa terceirizada, a fim de atender, de maneira eficiente e eficaz, às demandas internas e externas do HU-UFGD/EBSERH, com a consequente melhoria no desempenho das atribuições institucionais (HU-UFGD, 2017). Por conta da extinção dos cargos de motoristas, a referida instituição já utilizava a terceirização como forma de execução dos serviços de condu- ção dos veículos oficiais, conforme explicitado a seguir: Com essa impossibilidade de complementação do quadro de servidores para o exercício das atividades de motorista oficial por concurso público, o 22 GESTÃO SOCIAL E AMBIENTAL NA ÁREA PÚBLICA HU-UFGD/EBSERH já têm contratado serviços de condução sem a locação dos veículos. No entanto, as condições gerais da frota própria patrimonia- da da instituição é precária e já não atendem com satisfação as demandas atuais do hospital. Sendo assim, a necessidade de realizar a contratação de uma empresa especializada em transporte de pessoas, pacientes e pequenas cargas, juntamente com o fornecimento de veículos, surge como solução tanto para a falta de mão de obra especializada desta função, já extinta para contratação de pessoas por meio dos concursos públicos, quanto para a renovação a frota veicular de forma que atendam todas as necessidades do hospital (HU-UFGD, 2017, p. 2-3). Entende-se que a instituição adotou uma solução que vinha sendo utilizada por outras entidades, aplicando-a como ferramenta de gestão, de modo a solucionar os problemas de escassez de mão de obra e precariza- ção da frota própria. O HU-UFGD/EBSERH entendeu que a locação de veículos se mostra- va vantajosa operacionalmente pelos seguintes motivos:1. Com a locação, o veículo estará sempre disponível diante da substituição imediata em caso de avarias; 2. O controle e a gestão se tornam mais transparentes e efetivos; 3. Optou-se por contratar veículos novos, bem como manter a frota contratada com no máximo 3 (três) anos de uso, pelos seguintes fatores: a) as garantias da maioria das montadoras de veículos, tanto nacionais quanto importados, se findam no terceiro ano de uso do veículo, conse- quentemente, após este período as manutenções periódicas tornam-se mais onerosas e os defeitos mecânicos mais frequentes; b) havendo necessidade de financiar a frota, com vistas ao cumprimento do objeto pactuado, a contratada encontrará melhores opções de juros para os carros novos do que para os veículos com mais de 3 anos, custo em regra repassado à tomadora dos serviços (HU-UFGD, 2017, p. 3). Na análise de viabilidade, o HU-UFGD/EBSERH comparou os custos de frota própria com os custos de frota locada considerando os seguintes fatores: 23 GESTÃO SOCIAL E AMBIENTAL NA ÁREA PÚBLICA Quadro 2 – Comparativo frota própria X frota locada Serviços Frota Própria Frota Alugada Licenciamento e emplacamento A empresa administra Já vem licenciado e emplacado Seguros A empresa o contrata e custeia Já incluído na contratação Peças de reposição A empresa adquire A CONTRATADA paga Manutenção A empresa contrata A CONTRATADA disponibiliza Veículo reserva A empresa tem que manter Fornecido pela CONTRATADA Assistência 24 horas A empresa tem que contratar Serviço oferecido pela CONTRATADA Perdas por roubo, furto, incêndio e colisão. A empresa assume O risco é da CONTRATADA Custo de oportunidade do capital A empresa investe na frota A CONTRATADA investe em sua frota Investimento na renovação da frota A empresa investe na aquisição A aquisição corre por conta da CONTRATADA Custos financeiros sobre a ociosidade da frota A empresa investe Por conta da CONTRATADA Mão de obra dos motoristas A empresa contratada Já incluída na contratação Fonte: HU-UFGD (2017) A instituição considerou que: a frota própria demandaria não somente diversos contratos acessórios, cada qual com equipe de fiscalização muitas vezes dedicada, mas também um controle adicional sobre os bens patrimoniais, além dos embaraços admi- nistrativos que tornavam quase inevitável a indisponibilidade do veículo em caso de avarias. Com isso, a locação dos veículos com motoristas se faz a melhor opção (HU-UFGD, 2017, p. 4). 4 ANÁLISE DA SITUAÇÃO-PROBLEMA E PROPOSTAS DE INOVAÇÃO E/OU INTERVENÇÃO Durante a análise dos dados, constatou-se que a o HU-UFGD/EBSERH pretendia adquirir 02 (dois) novos veículos, visando renovar sua frota pró- pria. Nisto, a instituição tomou conhecimento da nova forma de contrata- ção que se baseia nos serviços de locação de veículos pela Administração Pública. Nesse sentido, o HU-UFGD/EBSERH elaborou documentos analí- ticos comparando as formas de contratação: aquisição x locação, realizando projeção para os próximos 06 (seis) anos subsequentes (HU-UFGD, 2017). 24 GESTÃO SOCIAL E AMBIENTAL NA ÁREA PÚBLICA Durante o processo de análise, a instituição considerou os seguintes gastos no processo de aquisição: depreciação, seguro, IPVA, manutenção, custo de oportunidade, emplacamento, seguro obrigatório e licenciamento. Em relação ao custo de oportunidade, segundo Pereira et al. (1990), pode-se conceituá-lo como: O conceito de custos de oportunidade pressupõe alternativa viável e, por- tanto, existentes para o consumidor ou para o empresário. Pressupõe, tam- bém, uma decisão efetiva sendo tomada e que, o sendo, acarreta o sacrifício/ abandono de outras (s) que não foi o (ram) (PEREIRA et al., 1990, p. 3). Nesse sentido, entende-se que, na situação em análise, o custo de oportunidade seria a opção de escolha entre adquirir ou locar os veículos, na qual se escolheria adquirir, abrindo mão de determinado valor, que po- deria ser investido de outra forma, gerando retornos financeiros. A análise realizada pela instituição se apresenta de forma detalhada por meio das Tabelas 1, 2 e 3. Tabela 1 - Percentuais das variáveis consideradas no custo de aquisição de veículos Valor Veículo 45.400,00 Valor aluguel 2.710,00 Depreciação 10,00% Seguro 4,00% IPVA 3,5% Manutenção 10,00% Custo-Oportunidade 14,25 Emplacamento 3,00% Seguro Obrigatório 105,65 Licenciamento 124,45 Fonte - HU-UFGD (2017) 25 GESTÃO SOCIAL E AMBIENTAL NA ÁREA PÚBLICA Tabela 2 - Valores das variáveis consideradas no custo de aquisição de veículos Custo do Veículo Próprio Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 Depreciação 4.540,00 4.086,00 3.677,40 3.309,66 2.978,69 2.680,82 Seguro 1.816,00 1.634,40 1.470,96 1.323,86 1.191,48 1.072,33 IPVA 1.589,00 1.430,10 1.287,09 1.158,38 1.042,54 938,29 Manutenção 4.540,00 4.086,00 3.677,40 3.309,66 2.978,69 2.680,82 Custo Oportunidade 6.663,59 14.276,73 22.974,75 32.912,24 44.265,82 57.237,28 Emplacamento 1.362,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Seguro Obrigatório 105,65 105,65 105,65 105,65 105,65 105,65 Licenciamento 124,45 124,45 124,45 124,45 124,45 124,45 Total 16.200,69 21.657,33 29.640,30 38.934,24 49.708,63 62.158,82 Patrimônio 40.860,00 36.774,00 33.096,60 29.786,94 26.808,25 24.127,42 Líquido 24.659,32 15.116,67 3.456,30 (9.147,30) (22.900,38) (38.031,40) Custo Mensal 1.350,06 1.804,78 2.470,03 3.244,52 4.142,39 5.179,90 Fonte: HU-UFGD (2017) As Tabelas 1 e 2 podem ser interpretadas da seguinte maneira: • O valor de cotação do veículo foi de R$ 45.400,00 (retirado do site da montadora na época da cotação); • Subtraiu-se o valor com os gastos com depreciação: R$ 4.540,00, totalizando o valor de R$ 40.860; • Subtraiu-se o valor dos demais gastos: R$ 16.200,69, totalizando o valor líquido de R$ 24.659,32; • Em relação ao custo mensal, dividiu-se o valor total dos gastos: R$ 16.200,69, por 12 (doze) meses, totalizando aproximadamen- te R$ 1.350,06 por mês; • Aplicando o mesmo procedimento ao longo dos anos subsequen- tes, no sexto ano, o valor de veículo depreciado estará em torno de R$ 24.127,42. Sendo que o valor dos demais gastos, incluindo o custo de oportunidade, estará em torno de R$ 62.158,82. Isso gera um valor líquido de - R$ 38.031,40, ou seja, um valor negativo. 26 GESTÃO SOCIAL E AMBIENTAL NA ÁREA PÚBLICA Tabela 3 - Análise comparativa entre o custo de aquisição x custo de locação Comparativo Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 Valor aluguel 32.520,00 32.520,00 32.520,00 32.520,00 32.520,00 32.520,00 Patrimônio 53.425,59 61.038,73 69.736,75 79.674,24 91.027,82 103.999,28 Líquido 20.905,59 28.518,73 37.216,75 47.154,24 58.507,82 71.479,28 Melhor alternativa Comprar Alugar Alugar Alugar Alugar Alugar Custo Mensal 2.710,00 2.710,00 2.710,00 2.710,00 2.710,00 2.710,00 Fonte - HU-UFGD (2017) Para o comparativo entre as duas formas de contratação, seguiu-se a seguinte análise: • Somou-se o valor do veículo a ser adquirido: R$ 45.400,00 com o custo de oportunidade: R$ 6.663,59, totalizando o valor de R$ 52.063,59; • Somou-se o valor obtido: R$ 52.063,59 com o valor de emplaca- mento (uma única vez): R$ 1.362,00, obtendo-se o valor de R$ 53.425,59; • O valor mensal cotado para locação foi de R$ 2.710, multiplicou- -se por 12 (doze) meses, totalizando um valor de R$ 32.520,00; • Diminuiu-se o valor anteriormente obtido: R$ 52,063,59, pelo valor de locação (12 meses): R$ 32.520,00. Com isso, obteve-se um valor líquido de R$ 20.905,59; • Fazendo projeção para os próximos 06 (seis) anos, no sexto ano, o valor líquido será de R$ 71.479,28. Diante do exposto, percebe-se que, ao transcorrer 06 (seis) anos, a forma de aquisição de veículos apresentará um prejuízo de R$ 38.031,40, quando comparada à forma de contratação de locação de veículos, a qual considerou-se o possível investimento com o custo de oportunidade, apre- sentando o valor de R$ 71.479,28, sendo mais eficiente. 27 GESTÃO SOCIAL E AMBIENTAL NA ÁREA PÚBLICA 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONTRIBUIÇÃOTECNOLÓGICA E/OU SOCIAL A análise dos dados evidenciou que a forma de contratação de loca- ção de veículos mostra-se mais vantajosa em relação à tradicional aquisição de veículos. Ao adquirir veículos, a administração terá de manter esforços constantes para manutenção e gestão, sendo que, ao locá-los, torna-se mais vantajoso para a administração, pois a contratada terá que disponibilizar os veículos, sem falhas, responsabilizando-se pelos encargos deles advindos. Existem ainda os custos com pessoal, nos quais utilizam-se horas trabalhadas percorrendo caminhos burocráticos objetivando realizar ma- nutenções preventivas ou corretivas. Estas horas disponibilizadas poderiam ser mais bem aproveitadas em outras atividades administrativas, possibi- litando melhor alocação de recursos humanos na Administração Pública, favorecendo uma melhor gestão social. Neste sentido, este estudo pode contribuir para análises futuras em ou- tras instituições, com o intuito de diminuir os gastos públicos. Tais gastos po- derão, quando considerados em grande escala, apresentarem valores expres- sivos, sendo mais bem alocados em outros fins que visem o interesse público. Ao utilizar desta forma de contratação, o HU-UFGD/EBSERH desem- penhou atualização eficiente na utilização dos recursos públicos. A eficiên- cia nas contratações públicas tem sido amplamente discutida na atualidade, pois a escassez de recursos é frequente, demandando sagacidade do admi- nistrador público para realizar a melhor gestão possível. Outrossim, destaca-se que nos contratos alocados, os veículos possuem uma manutenção preventiva e por serem mais novos, são menos poluentes e nocivos ao meio ambiente, favorecendo assim uma melhor gestão ambiental. Já no caso da frota, a adequação dos veículos para que se tornem menos po- luentes muitas vezes não é compensatória, a não ser que haja o desfazimento de bens, o que não impediria o seu uso por parte de quem os adquirisse. REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Senado Federal, 1988. BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Logística e Tecnologia da Infor- mação. Prestação de serviços de transporte. Brasília: SLTI, 2014. (Caderno de Logística; Contratações públicas sustentáveis). CALASANS JUNIOR, José. Manual da licitação: orientação prática para o processamento de licitações, com roteiros. 2. ed. – São Paulo: Atlas, 2015. CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 28. ed. rev., ampl. e atual. até 31-12-2014. – São Paulo: Atlas, 2015. 28 GESTÃO SOCIAL E AMBIENTAL NA ÁREA PÚBLICA DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Parcerias na administração pública: concessão, permissão, franquia, terceirização, parceria público-privada e outras formas. 10a̲ edição. São Paulo: Editora Atlas S.A, 2015. HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS - HU-UFGD. 06/04/2015. Termo de contrato Nº 17/2015, Dourados, p. 20, 16 abr. 2015. HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS - HU-UFGD. Edital do Pregão Eletrônico Nº 81/2017. Dourados, p. 114, 19 out. 2017. HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS - HU-UFGD. Me- morando 037/2017. Abertura de processo para condução de veículos oficiais com locação de veículos, Dourados, p. 5, 18 maio 2017. JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos. Imprensa: São Paulo, Dialética, 2004. PEREIRA, Anísio Cândido; SOUZA, Benedito Felipe de; REDAELLI, Dauro Rodrigues; IMONIANA, Joshua Onome. Custo de oportunidade: conceitos e contabilização. Caderno de Estudos, n. 2, p. 01–24, 1990. QUEIROZ, Juliana de Freitas. Introdução do veículo híbrido no Brasil: avanço tecnológico aliado à quali- dade de vida. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), [S. l.], p. 1-17, [2006]. UFGD. Res. COUNI nº 72/2008. Cria no âmbito Administrativo da UFGD, como Órgão Suplementar, o HOSPITAL UNIVERSITÁRIO (HU/UFGD). 2008. Disponível em: http://files.ufgd.edu.br/arquivos/ar- quivos/78/RESOLUCOES-COUNI/res%2072%202008-Hospital%20Universit%C3%A1rio.pdf. Acesso em: 30 out. 2019. CAPÍTULO 2 A POLÍTICA AMBIENTAL NO ÂMBITO DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS César Augusto Jacques Barrera1 Maria Aparecida Farias de Souza Nogueira2 Vera Luci de Almeida3 1 INTRODUÇÃO No final do século passado e início deste, as questões ambientais pra- ticamente não eram consideradas na contabilidade nacional. Segundo May (2005, p.135) “quanto mais exauridas as reservas de recursos naturais (por exemplo, a exaustão das minas de um recurso mineral ou a extração de madeiras em florestas nativas sem aplicação de técnicas de manejo susten- tável), maior será o crescimento do produto.” Barbieri (2011, p. 04) afirma que “o aumento da escala de produção tem sido um importante fator que estimula a exploração dos recursos na- turais e eleva a quantidade de resíduos”. Segundo o autor, “esse e outros fatores impulsionaram as primeiras manifestações de gestão ambiental. No entanto, iniciativas dos governos só enfrentavam os problemas ambientais depois que eles já haviam ocorrido”. Outra afirmação do autor é de que “a solução dos problemas ambientais, ou sua minimização, exige uma nova atitude dos empresários e administrado- res, que devem passar a considerar o meio ambiente em suas decisões e adotar concepções administrativas e tecnológicas que contribuam para ampliar a ca- pacidade de suporte do planeta”. Ou seja, espera-se que as empresas deixem de ser problemas e façam parte das soluções (BARBIERI, 2011, p. 103). Na visão de Albuquerque (2007), a sociedade de consumo atual é caracterizada por profundas crises sócio-ambientais e sócio-econômicas, resultantes do ideal do progresso e do desenvolvimento tecnológico, da 1 Mestrando em Administração Pública (PROFIAP/UFGD), Servidor da UFGD, cesarbarrera@ufgd.edu.br. 2 Professora do Mestrando em Administração Pública (PROFIAP/UFGD), marianogueira@ufgd.edu.br. 3 Professora do Mestrando em Administração Pública (PROFIAP/UFGD), veraalmeida@ufgd.edu.br. 30 GESTÃO SOCIAL E AMBIENTAL NA ÁREA PÚBLICA produção em massa de produtos muitas vezes desnecessários ou até mesmo nefastos à qualidade de vida, da degradação ambiental e da exploração dos elementos naturais em tal velocidade e intensidade que se torna impossível para a natureza se recompor na escala de tempo humana. O artigo 255 da Constituição Federal (CF) de 1988 determina que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Isso indica o dever do poder público em promover a sustentabilidade e adotar práticas de gestão que garantam a redução de impactos em todas as suas atividades. Conforme o artigo 5° da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) de 1981, As diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente serão formuladas em normas e planos, destinados a orientar a ação dos Governos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios no que se relaciona com a preservação da qualidade ambiental e manutenção do equi- líbrio ecológico. Impondo como diretriz a formulação de normas e planos que orientem os gestores públicos na preservação da qualidade ambiental, o que remete ao estabelecimento de políticas ambientais nos setores públicos. Neste sentido, o desenvolvimento da consciência ecológica em dife- rentes camadas e setores da sociedade mundial acaba por envolver também o setor da educação, a exemplo das Instituições de Ensino Superior (IES). No entanto, ainda são poucas as práticas observadas nas IES, as quais têm o papel de qualificar e conscientizar os cidadãos formadores de opinião de amanhã (TAUCHEN; BRANDLI, 2006). Esse trabalho busca mapear, no âmbito das Universidades Federais brasileiras, quais as instituições quecontam com um documento de política ambiental, norteador das ações e atividades voltadas ao planejamento am- biental e à sustentabilidade. Identificar em quais instituições a política am- biental já está em vigor, onde está sendo implantada e onde encontra-se em fase de planejamento. E também quais as universidades que ainda não estão caminhando em direção à sustentabilidade. Busca-se, paralelamente, identifi- car quais as universidades que utilizam outro documento, que não a política ambiental, como norteador das atividades e da gestão social e ambiental. 31 GESTÃO SOCIAL E AMBIENTAL NA ÁREA PÚBLICA Outro ponto de interesse deste trabalho é localizar a UFGD neste contexto, ou seja, identificar se as ações desenvolvidas na UFGD, de caráter sócio-ambiental, e voltadas à sustentabilidade, estão de acordo com o que é desenvolvido no conjunto das universidades federais, se está aquém ou se supera a grande maioria das Instituições. Para a realização do trabalho, fez-se necessário a aplicação de uma pesquisa nas 63 Universidades Federais brasileiras, buscando obter acesso a essas informações e, se possível, aos documentos norteadores do planeja- mento ambiental das instituições. A metodologia aplicada foi de pesquisa descritiva e documental. Conforme Gil (1991), é pesquisa descritiva pois se propõe a descrever as características de uma população ou fenômeno, e no geral assume um formato de levantamento, envolvendo técnicas padro- nizadas de uso de questionário e coleta de dados. É também documental, pois é considerada uma pesquisa elaborada a partir de materiais que não receberam tratamento analítico, pelo fato do estudo trazer uma análise de documentos referentes à política ambiental das Universidades Federais do Brasil (GIL, 1991). 2 SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL Com a necessidade latente de mudança de comportamento ante o novo contexto ambiental, entende-se ser necessário a implementação de Sistemas de Gestão Ambiental nas organizações. De acordo com Barbieri (2011), o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) é um conjunto de atividades administrativas e operacionais inter-re- lacionadas para abordar os problemas ambientais atuais ou para evitar o seu surgimento. Considerada também como uma ferramenta de identificação de problemas e soluções ambientais, baseadas no conceito de melhoria con- tínua (PEROTTO et al., 2008 apud OLIVEIRA; PINHEIRO, 2010). Para Souza e Vicenzi (2014), muitas organizações estavam dispostas a alcançar seus objetivos e metas ambientais, e para isso criaram a chamada política ambiental, que permitia mensurar através de análises e auditorias ambientais, a fim de saber em que nível de desempenho encontravam-se. Entretanto, isso não foi suficiente para garantir o desempenho ambiental de maneira contínua, sendo necessário programar outras formas. 32 GESTÃO SOCIAL E AMBIENTAL NA ÁREA PÚBLICA Com isso, surgiu a necessidade de realizar dentro de um sistema de gestão integrado, organizado e objetivo, uma área capaz de comprovar o desempenho ambiental, desenvolver de forma contínua e fazer com que permaneça presente no dia-a-dia das empresas as metas e os objetivos am- bientais das organizações a serem perseguidos (SOUZA; VICENZI, 2014). O propósito do sistema de gestão ambiental pode ser sintetizado como uma possibilidade de desenvolver, implementar, organizar, coorde- nar e monitorar as atividades organizacionais relacionadas ao meio ambien- te, visando à conformidade e redução de resíduos (MELNYK; SROUFE; CALANTONE, 2002 apud OLIVEIRA; PINHEIRO, 2010). Além de contribuir com a responsabilidade social e com o cumpri- mento da legislação, este sistema possibilita identificar oportunidades de redução do uso de materiais e energia e melhorar a eficiência dos processos (CHAN; WONG, 2006 apud OLIVEIRA; PINHEIRO, 2010). 3 POLÍTICA AMBIENTAL A NBR ISO 14001(2015) define que: Uma política ambiental é um conjunto de princípios declarados como com- promissos, em que a Alta Direção descreve as intenções da organização para apoiar e aumentar o seu desempenho ambiental. A política ambiental per- mite que a organização defina seus objetivos ambientais tome ações para al- cançar os resultados pretendidos do sistema de gestão ambiental e alcançar a melhoria contínua (ABNT, 2015, p. 24). A ISO 14001 especifica três compromissos básicos para a política am- biental, nos quais são refletidos nos processos estabelecidos pela organiza- ção para abordar os requisitos específicos da Norma, bem como assegurar um sistema de gestão ambiental robusto, acreditável e confiável (ABNT, 2015). São eles: a) proteger o meio ambiente; b) atender aos requisitos legais e outros requisitos da organização; c) melhorar continuamente o sistema de gestão ambiental para au- mentar o desempenho ambiental. 33 GESTÃO SOCIAL E AMBIENTAL NA ÁREA PÚBLICA A Norma também impõe que a Alta Direção: estabelecer, implementar e manter uma política ambiental que, dentro do escopo definido em seu sistema de gestão ambiental: seja apropriada ao propósito e ao contexto da organização, incluindo a natureza, escala e im- pactos ambientais das suas atividades, produtos e serviços; Proveja uma estrutura para o estabelecimento dos objetivos ambientais; Inclua um com- prometimento com a proteção do meio ambiente, incluindo a prevenção da poluição e outro(s) compromisso(s) específico(s) pertinente(s) para o contexto da organização; Inclua um comprometimento em atender os seus requisitos legais e outros requisitos; Inclua um comprometimento com a melhoria contínua do sistema de gestão ambiental para aumentar o desem- penho ambiental (ABNT, 2015, p. 8 - 9). Segundo Cajazeira (2003), a política ambiental ao longo do tempo vem sendo encarada como um item normativo a ser atendido pelas organi- zações, elaborada através de experimentações próprias e também com base nas experiências de outras organizações. Normalmente é estabelecida uma comissão, onde um grupo de pessoas elabora um texto, dotado de frases de efeito, mas que não reflete os anseios e práticas da organização e do meio que a cerca. 4 POLÍTICA AMBIENTAL NAS IES De acordo com Reis e Moraes (2010), a política ambiental é uma orien- tação às instituições, pois deve estabelecer e fixar princípios de ação perti- nentes à postura da IES para com o meio ambiente. Através dessa, definem-se princípios e intenções, estabelece-se o comprometimento que a IES assume com a preservação ambiental e a sustentabilidade perante a sociedade. Ribeiro et al. (2005), afirmam que estudos de Boyle (1999) sugerem que a política ambiental deve envolver aspectos ambientais a serem incor- porados em todos os setores, desde a criação de novos cursos até a publi- cação de artigos. Isso auxilia na valorização do meio ambiente por diversos colaboradores da organização. A Política Ambiental, de acordo com Cyro Eyer (1995) citado por Silva e Saint’yves (2010), deve estabelecer os objetivos ambientais estraté- gicos da organização, a partir de um processo de discussão interna no qual participem seus dirigentes e funcionários. No caso de uma Instituição de 34 GESTÃO SOCIAL E AMBIENTAL NA ÁREA PÚBLICA Ensino Superior, deve-se buscar o mesmo processo de discussão democrá- tico, envolvendo alunos, professores e a alta administração. Para Engelman, Guisso, Fracasso, as Instituições de Ensino Superior (IES) além de levar conhecimento, tec- nologia e suporte ético para os futuros gestores, influenciam a comunidade onde atuam. Além disso, oferecem ao aluno instrumentos intelectuais para aprofundar seu senso crítico e confrontar a realidade na qual está inserido. Na tentativa de se adaptar a essas novas exigências da sociedade, as IES bus- cam incorporar uma gestão com foco na sustentabilidade, realizando diver- sas ações ambientais como os Sistemas de Gestão Ambiental (ENGELMAN; GUISSO; FRACASSO, 2009, p.02). O ensino, particularmente o universitário, é uma ferramenta essen- cial para a conscientização da sociedade.Muitas iniciativas e pesquisas têm sido realizadas a partir desta temática, mas no Brasil, pouco se têm estudado sobre o comprometimento das IES com as questões ambientais e a relação entre essa influência e as ações na comunidade onde atuam. (ENGELMAN, GUISSO, FRACASSO, 2009) Nesse sentido, Machado et al. (2013), argumentam que as Universidades devem cumprir seu papel de educação e pesquisa e servir de exemplo por meio de suas práticas de Gestão Ambiental, minimizando impactos, ao mes- mo tempo em que contribuem com a conscientização da sociedade. É importante que as universidades contem com apoio governamen- tal adequado às suas características, que organizem programas internos de conscientização de servidores, que políticas ambientais sejam prioridade para a gestão das instituições, fazendo parte de seu planejamento estratégi- co e de sua previsão orçamentária (MACHADO et al., 2013) 5 POLÍTICA AMBIENTAL DA UFGD A Política Ambiental é fundamental para orientar e ordenar a moder- nização da universidade, dotando o processo de expansão e consolidação da Instituição de princípios éticos e de responsabilidade com os seus limites e potenciais ambientais que, consequentemente, se transformam em uma preocupação para com a própria comunidade acadêmica e com a sociedade (UFGD, 2013). 35 GESTÃO SOCIAL E AMBIENTAL NA ÁREA PÚBLICA Criada através da lei nº 11.153, de 29 de Julho de 2005, a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) está situada na cidade de Dourados, no Estado de Mato Grosso do Sul. Conforme consta no portal da institui- ção, a mesma nasceu a partir do desmembramento do Centro Universitário de Dourados (CEUD), à época um campus da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). O CEUD, antes denominado Centro Pedagógico de Dourados (CPD) começou a funcionar no município em 1971 e, nas décadas seguintes, apresentou considerável índice de crescimento. Com o desmembramento da UFMS, e favorecido pela política do Governo Federal de expansão da educação superior pública, a UFGD um significativo cres- cimento em seus primeiros anos, tanto em relação a cursos ofertados como em número de alunos e servidores. Em 2009, já com as primeiras manifestações de gestão ambiental em nível de política interna, a administração da Universidade criou uma co- missão para elaborar uma proposta de Política Ambiental para a instituição. Após meses de trabalho, a proposta foi apresentada e a Política Ambiental da UFGD aprovada em 15 de fevereiro de 2013, pela Resolução nº. 06, do Conselho Universitário (UFGD,2013). A implementação da política possui como base um Plano de Gestão Ambiental que contém os seguintes Eixos: I) Conservação Ambiental e Consumo Consciente. II) Gestão de Resíduos. III) Eficiência Energética. IV) Urbanização e Ocupação Racional. V) Educação e Comunicação Ambiental. Neste processo de garantir a sustentabilidade no campus, a UFGD também criou a Divisão de Gestão ambiental, a qual ficou responsável em desenvolver ações que contemplem os diferentes eixos do Plano de Gestão da Política Ambiental. 6 METODOLOGIA Buscou-se pelo presente trabalho identificar as universidades federais que, a exemplo da UFGD, contam com uma política ambiental formaliza- da. Para tanto, foi necessário realizar uma pesquisa nas 63 Universidades 36 GESTÃO SOCIAL E AMBIENTAL NA ÁREA PÚBLICA Federais brasileiras, visando obter acesso a informações. A metodologia aplicada neste trabalho é de pesquisa documental e também descritiva, que foi realizada através da aplicação de um questionário para a coleta de dados. 7 RESULTADOS 7.1 Levantamento das Políticas Ambientais Desenvolvidas nas Instituições Federais de Ensino Superior do Brasil Realizou-se uma pesquisa visando identificar quais as Universidades Federais brasileiras têm política ambiental, quais estão em vigor, em im- plantação, ou ainda, fazem parte do planejamento da IFES, com a finalidade de encontrar boas práticas que possam contribuir com a gestão e planeja- mento da política ambiental da UFGD. Para a obtenção das informações foi utilizado o Sistema Eletrônico de Informação ao Cidadão (e-SIC), para aplicar um questionário online, solicitando informações quanto a existência da política ambiental na uni- versidade e seu processo de criação. Através dele foi possível mapear as instituições que têm um documento chamado política ambiental, e quais utilizam outros documentos relacionados às práticas ambientais e de sus- tentabilidade. O período de coleta das informações, contando todos os pra- zos legais para respostas, compreendeu os meses de outubro e novembro de 2019 e o instrumento continha as seguintes questões: • Nome da Universidade • A Universidade possui política ambiental? • Qual a situação em que a política ambiental se encontra? • Como se deu o processo de criação da política ambiental? • A política ambiental instituída segue os preceitos legais? • O documento da política ambiental está disponível à comuni- dade? Qual endereço virtual? • A universidade possui um setor responsável pela gestão am- biental da instituição? Qual o nome? • A avaliação institucional aborda algum aspecto da política am- biental ou da gestão ambiental da Instituição? 37 GESTÃO SOCIAL E AMBIENTAL NA ÁREA PÚBLICA O Quadro 01 apresenta a relação das universidades brasileiras para as quais foram solicitadas as informações, somando um total de 63 institui- ções consultadas. Quadro 01 - Universidades Federais criadas até o ano de 2014 Nome da Instituição Sigla Universidade de Brasília UnB Universidade Federal da Bahia UFBA Universidade Federal da Fronteira Sul UFFS Universidade Federal da Grande Dourados UFGD Universidade Federal da Integração Latino-Americana UNILA Universidade Federal da Lusofonia Afro-Brasileira UNILAB Universidade Federal da Paraíba UFPB Universidade Federal de Alagoas UFAL Universidade Federal de Alfenas UNIFAL Universidade Federal de Campina Grande UFCG Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre UFCSPA Universidade Federal de Goiás UFG Universidade Federal de Itajubá UNIFEI Universidade Federal de Juiz de Fora UFJF Universidade Federal de Lavras UFLA Universidade Federal de Mato Grosso UFMT Universidade Federal de Mato Grosso do Sul UFMS Universidade Federal de Minas Gerais UFMG Universidade Federal de Ouro Preto UFOP Universidade Federal de Pelotas UFPel Universidade Federal de Pernambuco UFPE Universidade Federal de Rio Grande FURG Universidade Federal de Rondônia UNIR Universidade Federal de Roraima UFRR Universidade Federal de Santa Catarina UFSC Universidade Federal de Santa Maria UFSM Universidade Federal de São Carlos UFSCar Universidade Federal de São João del-Rei UFSJ Universidade Federal de São Paulo UNIFESP Universidade Federal de Sergipe UFS 38 GESTÃO SOCIAL E AMBIENTAL NA ÁREA PÚBLICA Nome da Instituição Sigla Universidade Federal de Uberlândia UFU Universidade Federal de Viçosa UFV Universidade Federal do ABC UFABC Universidade Federal do Acre UFAC Universidade Federal do Amapá UNIFAP Universidade Federal do Amazonas UFAM Universidade Federal do Cariri UFCA Universidade Federal do Ceará UFC Universidade Federal do Espírito Santo UFES Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro UNIRIO Universidade Federal do Maranhão UFMA Universidade Federal do Oeste da Bahia UFOB Universidade Federal do Oeste do Pará UFOPA Universidade Federal do Pampa UNIPAMPA Universidade Federal do Pará UFPA Universidade Federal do Paraná UFPR Universidade Federal do Piauí UFPI Universidade Federal do Recôncavo da Bahia UFRB Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS Universidade Federal do Sul da Bahia UFSB Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará UNIFESSPA Universidade Federal do Tocantins UFT Universidade Federal do Triângulo Mineiro UFTM Universidade Federal do Vale do São Francisco UNIVASF Universidade Federaldos Vales do Jequitinhonha e Mucuri UFVJM Universidade Federal Fluminense UFF Universidade Federal Rural da Amazônia UFRA Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro UFRRJ Universidade Federal Rural do Semi-Árido UFERSA Universidade Tecnológica Federal do Paraná UTFPR Fonte: Ministério da Educação – MEC (2019) 39 GESTÃO SOCIAL E AMBIENTAL NA ÁREA PÚBLICA Não foram consideradas as Universidades Federais criadas há menos de 5 anos, entendendo-se ser este um espaço de tempo muito pequeno para a organização institucional e definições de políticas internas. Outra justifi- cativa é que nenhuma destas instituições estão no rol de órgãos do sistema e-SIC, e algumas também não possuem, ainda, um site institucional. Dessa forma, ficaram fora da pesquisa as seguintes instituições (Quadro 02): Quadro 02 - Universidades Federais criadas após 2014 Universidade Federal de Catalão UFCat Universidade Federal de Jataí UFJ Universidade Federal de Rondonópolis UFR Universidade Federal do Agreste de Pernambuco UFAPE Universidade Federal do Delta do Parnaíba UFDPar Universidade Federal do Norte do Tocantins UFNT Fonte: Ministério da Educação – MEC (2019) 8 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS Com base nos dados obtidos na pesquisa, que utilizou a plataforma e-SIC, de acesso à informação, foi possível verificar a existência de política ambiental nas universidades brasileiras, conforme análise a seguir. 8.1 A política ambiental nas Universidades Federais do Brasil Das 63 Universidades consultadas, 55 delas responderam o questio- nário (87% de respostas). Outras 8 instituições não responderam o pedido. Destas, três informaram que, segundo a legislação, não estariam obrigadas a prestar as informações, e outras cinco não atenderam a solicitação de informação no prazo. O Gráfico 01 apresenta os percentuais de resposta à solicitação de informação. 40 GESTÃO SOCIAL E AMBIENTAL NA ÁREA PÚBLICA Gráfico 01 - Percentual de Instituições que responderam à pesquisa Fonte: Elaborado pelos autores, com dados da pesquisa Das Universidades participantes, 21 relataram possuir uma política ambiental, a exemplo da UFGD, o que representa 38,2% do total de respos- tas, conforme Gráfico 02. Em 12 destas instituições, a política está em vigor, enquanto em outras 09 encontra-se em fase de implantação. Do total das 34 universidades que afirmaram não ter uma política ambiental estabeleci- da formalmente (61,8% do total de respostas), em 23 delas a política está em fase de planejamento e elaboração pela Universidade, para implantação futura (Gráfico 02). Ainda, 11 afirmaram não possuir política ambiental e informaram que sua elaboração e implantação, no momento, não faz parte do planejamento da Universidade. 41 GESTÃO SOCIAL E AMBIENTAL NA ÁREA PÚBLICA Gráfico 02 - Existência de Política Ambiental nas IES (%) Fonte: Elaborado pelos autores, com dados da pesquisa O gráfico 03 apresenta percentualmente, as quatro situações referidas. Gráfico 03 - Situação atual da Política Ambiental nas Universidades Federais Fonte: Elaborado pelos autores, com dados da pesquisa Algumas instituições responderam SIM para a pergunta relativa à existên- cia da política ambiental no contexto interno, porém, quando se referiram ao do- cumento norteador das ações ambientais citaram outros, como, por exemplo, o Plano de Gestão de Logística Sustentável (PLS), que é uma exigência do Governo 42 GESTÃO SOCIAL E AMBIENTAL NA ÁREA PÚBLICA Federal. Outras trouxeram Programas ou Políticas de Sustentabilidade internas, por exemplo, Programas de coleta seletiva de lixo, Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, entre outros, e não a “Política Ambiental” propriamente dita, como norteadora das ações. Ainda, algumas Universidades não possuem a polí- tica ambiental e não fizeram menção alguma sobre qualquer outro documento relacionado ao planejamento ambiental da instituição. Entende-se que, quando analisadas separadamente, as respostas forne- cidas demonstram que as Universidades e seus gestores têm os mais variados entendimentos em relação ao planejamento ambiental e que esse não é um tema que está sendo tratado de forma uniforme nas instituições federais. Por outro lado, através de uma rápida consulta nas páginas das Universidades na internet, pode-se comprovar que algumas instituições, além da política ambiental, possuem também um Sistema de Gestão Ambiental implantado, e com certificação ISO 14001. O Quadro 03 mostra, em relação ao planejamento ambiental, a rela- ção do número de universidades e seus documentos norteadores utilizados. Quadro 03 - Tipo de documento instituído para o planejamento ambiental nas Universidades Documento Instituído No de Instituições Política Ambiental 8 Plano de Logística Sustentável 17 Outros (Políticas de sustentabilidade/ Planos de Gerenciamento de Resíduos, Coleta Seletiva, etc) 6 Nenhum 24 Fonte: Elaborado pelos autores, com dados da pesquisa 9 CONCLUSÕES Nota-se que a grande maioria das Universidades Federais brasileiras não possuem uma política ambiental estabelecida. Embora algumas respos- tas apontem para a existência de política ambiental nas instituições, na prá- tica não é isso que se apresenta. Ao acessar o endereço virtual da “Política”, que foi indicado pelas instituições, se apurou a existência de outros “Planos” que, internamente, são considerados como se fossem a política ambiental. Percebe-se que não há um entendimento único, ou melhor, unifor- me, em relação ao planejamento ambiental, e, menos ainda, um alinhamen- to das ações ambientais desenvolvidas pelas universidades federais. 43 GESTÃO SOCIAL E AMBIENTAL NA ÁREA PÚBLICA Se considerarmos que, conforme uma das definições, Responsabilidade Social é a condição que uma Instituição tem de fazer mais do que aquilo que é obrigatório, pode-se afirmar que poucas universidades federais estão desenvolvendo suas atividades com responsabilidade social, pois a criação e formalização da política ambiental não é uma obrigação, ao contrário do que ocorre com o Plano de Gestão de Logística Sustentável. Nesse contexto, a Universidade Federal da Grande Dourados, junta- mente com outras sete instituições (FURG, UFAM, UFLA, UFPB, UFRGS, UFSC e UFU) encontra-se na vanguarda quando o assunto é planejamento ambiental, pois internamente, além de ter uma política ambiental institu- cionalizada e em vigor, também conta com os demais documentos e planos citados neste trabalho, como o Plano de Gestão de Logística Sustentável e o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, além de ser a única institui- ção de ensino do Estado do Mato Grosso do Sul que aderiu, voluntariamen- te, à Agenda Ambiental da Administração Pública (A3P). Diante disso, fica evidente a preocupação com a sua responsabilidade para com a sociedade. De outra parte, entende-se que se faz necessário novos estudos em relação a essa temática, como forma de difusão das boas práticas desenvol- vidas no âmbito das Universidades e que podem ser aplicadas em outros órgãos e beneficiar um número maior de pessoas. REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, Bruno Pinto de. As relações entre o homem e a natureza e a crise sócio-ambiental. Rio de Janeiro, RJ. Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 2007. ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ISO 14.001: sistemas de gestão ambiental - requisitos com orientações para uso. Rio de Janeiro, 2015. BARBIERI, José Carlos. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. 3ª Ed. Atual. São Paulo: Saraiva, 2011. BRASIL. Constituição Federal de 1988. Promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituição.htm. Acesso em: 22 out. 2019. BRASIL. Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm.
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