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2017 - Indicadores ambientais de sustentabilidade para uma instituição federal de ensino superior

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Revue franco-brésilienne de géographie / Revista franco-brasilera de geografia
30 | 2017 :
Número 30
Indicadores ambientais de
sustentabilidade para uma
instituição federal de ensino
superior
Indicateurs de durabilité environnementale pour une institution fédérale de l'enseignement supérieur
Environmental indicators sustainability for a federal institution of higher education
A������ C����� �� P���� N����, L��� M������ M������ R��� ��
R����� G����� �� S����
Résumés
Português Français English
Na atualidade, as discussões acerca do tema sustentabilidade têm permeado o cotidiano e, por
conseguinte, a esfera acadêmica. Nesse contexto, as Instituições de Ensino Superior (IES) podem
cumprir papel primordial na aplicação de práticas sustentáveis. Este trabalho buscou selecionar,
sob a perspectiva de especialistas, indicadores ambientais de sustentabilidade para a
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) no ano de 2015. Para tanto, a partir de
pesquisas bibliográfica e documental, foram levantados, na literatura nacional e internacional,
110 indicadores ambientais de sustentabilidade para IES. Em seguida, foram excluídos os
indicadores repetidos e os 50 remanescentes foram enviados, por meio de questionários, para 6
especialistas ponderarem o nível de relevância conforme a Escala de Likert. Dentre o universo de
50 indicadores ponderados pelos especialistas, 6 obtiveram as maiores médias aritméticas
simples de pesos e, portanto, foram considerados os indicadores ambientais de sustentabilidade
mais relevantes para a UFRN.
Il existe aujourd'hui une discussion de plus en plus vive sur le thème de la durabilité dans la vie
quotidienne et dans le milieu universitaire. Dans ce contexte, les établissements d'enseignement
supérieur (EES) peuvent jouer un rôle clé dans la mise en œuvre des pratiques de durabilité. Cette
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étude visait à sélectionner les indicateurs de durabilité environnementale pour l'Université
fédérale de Rio Grande do Norte (UFRN), en 2015, du point de vue des experts . Par conséquent,
de la recherche bibliographique et documentaire, il a été soulevé dans la littérature 110
indicateurs nationaux et internationaux de viabilité environnementale pour IES. Ensuite, les
indicateurs répétés ont été exclus et les 50 autres ont été envoyés au moyen de questionnaires à 6
experts considérer le niveau de pertinence comme échelle de Likert. Parmi l'univers des 50
indicateurs pondérés par des experts, 6 atteint les poids moyens les plus élevés et donc ont été
considérés comme les plus importants les indicateurs de viabilité environnementale pour UFRN.
Discussions about sustainability have permeated daily life and, therefore, the academic sphere. In
this context, Higher Education Institutions (HEIs) can play a key role in the application of
sustainable practices. This study sought to select, from the perspective of specialists,
environmental sustainability indicators for the Federal University of Rio Grande do Norte in the
year 2015. For this purpose, based on bibliographical and documentary research, 110
environmental sustainability indicators were raised to the HEIs. Subsequently, repeated
indicators were excluded and the remaining 50 were sent, through questionnaires, to 6 specialists
to consider the level of relevance according to the Likert Scale. Among the universe of 50
indicators weighted by specialists, 6 obtained the highest simple arithmetic means of weights and,
therefore, were considered the most relevant sustainability environmental indicators for the
UFRN.
Entrées d’index
Index de mots-clés : durabilité, indicateurs environnementaux, établissement d'enseignement
supérieur, dire d'experts.
Index by keywords : sustainability, environmental indicators, higher education institution,
perspective specialists.
Index géographique : Rio Grande do Norte, Natal.
Índice de palavras-chaves : sustentabilidade, indicadores ambientais, Instituição de Ensino
Superior, perspectiva de especialistas
Texte intégral
Afficher l’image
Crédits : Hervé Théry 2014
Atualmente, as ferramentas que têm sido utilizadas para avaliar a sustentabilidade de
Instituições de Ensino Superior (IES) se baseiam na mensuração de indicadores
(COSTA, 2012). No entanto, apresentam listas extensas, o que pode representar maior
demanda de tempo e de custos para a execução dessa avaliação. A esse respeito,
ressalta-se que, dentre um universo de indicadores, existem aqueles que são relevantes
no contexto de uma IES, mas ferramentas empregadas não têm oferecido maneiras de
selecioná-los.
1
Uma técnica que pode contribuir para seleção de indicadores ambientais de
sustentabilidade relevantes é a consulta a especialistas por meio de uma análise de
relevância, isto é, que leve em consideração o peso de cada indicador. Essa consulta,
segundo Rigby et al. (2001), além de oferecer a possibilidade de estabelecer um
consenso por meio de assessoria técnica, insere, no processo de elaboração de uma
proposta, uma consideração explícita de prioridades relativas que podem ser alocadas
2
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Indicadores de sustentabilidade
em diferentes critérios de sustentabilidade. No Brasil, estudos recentes, como os de
Leite et al. (2014), Brandão et al. (2014), Cooper et al. (2014), Kitzmann e Anello (2014)
e Weber (2016), têm tratado sobre o tema sustentabilidade no contexto da IES. Porém,
nenhum tem se proposto a analisar a relevância e a selecionar indicadores de
sustentabilidade para essas instituições.
Face o exposto, pode-se sintetizar o problema desta pesquisa na seguinte pergunta:
que indicadores ambientais de sustentabilidade podem ser selecionados na medida em
que demonstrarem mais relevância para uma IES? Portanto, este trabalho buscou, a
partir de uma consulta a especialistas, selecionar os indicadores ambientais de
sustentabilidade mais relevantes para a Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN) no ano de 2015.
3
Desse modo, a investigação e a resolução do problema em questão podem contribuir,
teoricamente e empiricamente, para a seleção de indicadores ambientais de
sustentabilidade mais relevantes para IES, uma vez que os resultados alcançados podem
ser utilizados como uma fonte de consulta teórica, bem como de aplicação para outras
IES. No que concerne à estrutura, este artigo é composto, além desta Introdução, pelas
seções Indicadores de Sustentabilidade, Indicadores Ambientais de Sustentabilidade,
Sustentabilidade no Contexto das IES, Metodologia, Resultados e Discussão e, por fim,
Conclusões.
4
Sustentabilidade é um termo originário da palavra latina sustentare, que significa
suster, sustentar, suportar, conservar em bom estado, manter, resistir. Nesse sentido,
tudo aquilo que seja capaz de ser suportado ou mantido é considerado sustentável
(SICHE, et al. 2007). No âmbito organizacional, tem sido conveniente entender
sustentabilidade como um "Triple Bottom Line" (SARTORI; LATRÔNICO; CAMPOS,
2014). Essa visão consiste em 3P: people, planet e profit (pessoas, planeta e lucro), ou
seja, a sustentabilidade é a integração entre os pilares ou dimensões social, ambiental e
econômica (ELKINGTON, 1994). Nesse contexto, para as organizações contribuírem de
maneira progressiva para a sustentabilidade, deve-se partir do reconhecimento de que
os negócios precisam de mercados estáveis e que devem possuir habilidades
tecnológicas, financeiras e de gerenciamento que possibilitem a transição rumo ao
desenvolvimentosustentável (ELKINGTON, 2001).
5
Por outro lado, o termo indicador, do verbo latino indicare, significa revelar ou
apontar para anunciar ou fazer tornar público. Os indicadores podem ser utilizados para
comunicar o progresso em direção a uma determinada meta, como, por exemplo, o
desenvolvimento sustentável. Além disso, podem ser utilizados como um recurso que
deixa mais perceptível uma tendência ou fenômeno, que não seja imediatamente
detectável (HAMMOND, et. al., 1995). Na visão de Kardec, Flores e Seixas (2002), os
indicadores são guias que permitem medir a eficácia de ações tomadas, bem como
aquilo que foi programado e realizado, a exemplo de uma avaliação de desempenho em
uma organização para identificar seus pontos fortes e fracos. Para Bellen (2008), os
indicadores são informações simplificadas cuja comunicação é mais clara sobre
fenômenos complexos. Esse autor pontua que os indicadores têm como objetivo
principal agregar e quantificar informações de uma maneira que sua significância fique
mais aparente. Portanto, pode-se afirmar que os indicadores de sustentabilidade são
informações que medem, nas dimensões econômica, social e ambiental, o nível de
sustentabilidade de um determinado sistema. Os indicadores da dimensão ambiental da
sustentabilidade ou indicadores ambientais de sustentabilidade, escopo deste artigo,
6
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Indicadores ambientais de sustentabilidade
Sustentabilidade no contexto das IES
serão discutidos na sequência.
A dimensão ambiental da sustentabilidade ou a sustentabilidade ambiental pode ser
compreendida como um processo de desmaterialização da atividade econômica. Isto é,
uma diminuição do processamento de materiais para reduzir a pressão sobre os
sistemas naturais e ampliar a prestação de serviços ambientais (BARTELMUS, 2003).
7
No entendimento de Foladori (2002), a sustentabilidade ambiental é a que se refere
ao equilíbrio e à manutenção dos ecossistemas, à conservação e à manutenção genética,
à manutenção dos recursos abióticos e à integridade climática. O conceito aborda a
concepção de que quanto mais modificações realizadas pelo homem na natureza, menor
será sua sustentabilidade e quanto menor a interferência humana na natureza, maior
será sua sustentabilidade (FOLADORI, 2002).
8
Nesse sentido, para Sachs (1993), a sustentabilidade ambiental tem como objetivo o
uso de recursos naturais renováveis e a limitação de uso de recursos não-renováveis; a
redução do volume de resíduos e de poluição, por meio de conservação e reciclagem; a
autolimitação do consumo material; a utilização de tecnologias limpas; e a definição de
regras para proteção ambiental. A GRI (2013) corrobora com isso assinalando que a
sustentabilidade ambiental se refere aos impactos sobre sistemas naturais, incluindo
ecossistemas, terra, ar e água, abrangendo o desempenho relacionado à insumos, como
material, energia e água, e à produção, como emissões de gases, de efluentes e de
resíduos.
9
Desse modo, os indicadores ambientais de sustentabilidade são informações que
devem contemplar o desempenho referente à biodiversidade, à conformidade
ambiental, e a outras informações relevantes, tais como as despesas com meio ambiente
e os impactos de produtos e serviços (GRI, 2013). As IES, que se encontram distribuídas
por todo o território nacional e mundial, ocupam, portanto, um lugar expressivo para
contribuir com a sustentabilidade, tanto no papel de ensino quanto no de atividade
antrópica interventora do meio ambiente. A sustentabilidade nessas instituições será
discutida a seguir.
10
As IES têm exercido um papel significativo para a sustentabilidade, uma vez que
podem assumir dois objetivos principais: o primeiro é o de contribuição para a
educação em prol da sustentabilidade, ou seja, a inclusão da sustentabilidade na
formação dos discentes e docentes; e o segundo é o de contribuição como organização
que implementa práticas de sustentabilidade nas suas atividades e serviços, servindo
como um modelo de boas práticas para a sociedade (TAUCHEN; BRANDLI, 2006).
Dessa forma, uma IES sustentável, aponta Shriberg (2002), é aquela que se esforça para
integrar questões ambientais, sociais e econômicas nas suas funções principais de
ensino, pesquisa, serviços e operações. Essa definição serve para medir a proximidade a
uma IES sustentável ideal, tendo em vista que se desconhece uma IES que obedeça a
todos esses critérios (SHRIBERG, 2002).
11
A avaliação da sustentabilidade de IES vem sendo conduzida com o suporte de várias
ferramentas baseadas em indicadores específicos, gerados em estruturas conceituais
consistentes. Em alguns casos, essas ferramentas e seus respectivos indicadores têm
sido adaptações de modelos concebidos para outros tipos de organizações, como é o
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Metodologia
Caracterização do objeto de estudo
Figura 1 – Mapa de localização da área de estudo
caso da Global Reporting Initiative (GRI, 2013), cuja estrutura de indicadores foi
adaptada por Lozano (2006) para as IES (COSTA, 2012). Em outros casos, foram
desenvolvidas ferramentas de avaliação específicas para as IES, a exemplo do ‘Campus
Sustainability Assessment Framework’, proposto por Cole (2003), do ‘The College
Sustainability Report Card’, elaborado para avaliar IES americanas e canadenses, e do
‘UI Green Metric World University Ranking 2015’ (COSTA, 2012).
Diante disso, percebe-se que tais ferramentas têm apresentado listas extensas de
indicadores. Contudo, podem haver aqueles que são considerados relevantes no
contexto de uma IES. Nesse sentido, a seguir, será apresentada a metodologia utilizada
para selecionar os indicadores ambientais relevantes para campus Natal da UFRN.
13
Nesta seção, será apresentada uma breve caracterização do objeto de estudo e, em
seguida, as etapas da pesquisa utilizadas para selecionar os indicadores.
14
O Campus Universitário Central da UFRN possui uma área total de 123 hectares e se
localiza entre os bairros de Lagoa Nova, Nova Descoberta, Capim Macio e Candelária, à
oeste do Parque Estadual Dunas do Natal, conforme apresentado na Figura 1. O campus
foi construído em 1970, 12 anos após a criação da universidade, que no início era do
estado do RN e somente em 1960 foi federalizada (NATAL, 2009). A universidade,
atualmente, oferece 84 cursos de graduação presencial, 9 cursos de graduação à
distância e 86 cursos de pós-graduação, possuindo mais de 37.000 estudantes, 3.146
servidores técnico-administrativos e 2.000 docentes efetivos (UFRN, 2015).
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Etapas da pesquisa
O Parque das Dunas, limítrofe ao campus, criado em 1977, possui uma área de 1.172
hectares e é considerado o maior parque urbano sobre dunas do Brasil. É uma parte
integrante da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica Brasileira reconhecido pela
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e
tem sido importante para a qualidade de vida da população natalense, uma vez que tem
contribuído para a recarga do principal aquífero subterrâneo da cidade, o barreiras,
além de vir oferecendo outros serviços ambientais como a purificação do ar e o abrigo
para fauna e flora (RIO GRANDE DO NORTE, 2015).
16
As características da UFRN e do Parque das Dunas demonstram a importância da
universidade, tanto na formação de discentes,docentes e pesquisadores, quanto na
atividade antrópica interventora do meio ambiente e transformadora do espaço físico.
Nesses contextos é que devem ser centrados os esforços para a definição de indicadores
ambientais. As etapas da pesquisa para a definição desses indicadores serão elucidas na
subseção seguinte.
17
Para consecução deste artigo, foram realizadas pesquisas bibliográfica e documental
acerca de seus temas norteadores, quais sejam: indicadores de sustentabilidade,
indicadores ambientais de sustentabilidade e sustentabilidade no contexto das IES.
Nesse sentido, foram consultados, em âmbito nacional e internacional, artigos
científicos de periódicos, dissertações, teses e relatórios. Também foi realizada pesquisa
de campo, haja vista que foram efetivadas entrevistas informais com os especialistas
(VERGARA, 2009). Ademais, a fim de atingir o objetivo proposto, foram executadas
seis etapas, conforme adaptação dos procedimentos metodológicos propostos por
Callado e Fensterseifer (2010).
18
Na primeira etapa, levantaram-se os indicadores ambientais de sustentabilidade de
IES. Conforme pontua Costa (2012), foram escolhidos os indicadores ambientais da
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Tabela 1 – Quantidade de indicadores ambientais de sustentabilidade identificados nas
ferramentas
Fonte: elaborado pelos autores adaptado de GRI (2013), The College Sustainability Report Card-2011 (2011)
e UI GreenMetric World University Ranking -2015 (2015).
Figura 2 – indicador ambiental e seu nível de relevância por peso
Fonte: elaborado pelos autores (2015), com base em Gil (2008)
Global Reporting Initiative (GRI, 2013), por fornecer uma visão geral de indicadores e
pelo seu amplo uso em nível internacional; do The College Sustainability Report
Card-2011, pela objetividade, foco e simplicidade de uso e; da UI GreenMetric World
University Ranking-2015, por vir sendo considerada, na atualidade, a principal
ferramenta para avaliação de sustentabilidade de IES. Como resultados desse
levantamento, foi identificado um total de 110 indicadores ambientais, distribuídos
nessas ferramentas conforme a Tabela 1.
Ferramentas
Quantidade de indicadores
ambientais
Global Reporting Initiative (GRI) 30
The College Sustainability Report Card-2011 (TCSRC) 41
UI GreenMetric World University Ranking -2015
(UIGMWU)
39
Na segunda etapa, excluíram-se os indicadores ambientais pertencentes a mais de
uma lista das ferramentas, ou seja, indicadores considerados repetidos devido a suas
semelhanças. Após esse filtro, a lista final ficou composta por 50 indicadores
ambientais.
20
Na terceira etapa, elaborou-se o instrumento de coleta de dados: o questionário com
os 50 indicadores ambientais. Cada questão se referia a um desses indicadores, que
foram divididos conforme os níveis de relevância da Escala de Likert, como
exemplificado na Figura 2. A cada nível de relevância, foi atribuído um peso para
quantificar o nível de relevância do indicador ambiental para o contexto da UFRN
Campus Natal.
21
Na quarta etapa, iniciada após a finalização dos questionários, selecionaram-se os
especialistas. Para tanto, a amostragem, de acordo com Vergara (2009), foi do tipo não
probabilística por acessibilidade e por tipicidade, isto é, os especialistas não foram
selecionados por procedimento estatístico, mas pela facilidade de acesso. O seguinte
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Resultados e discussão
Tabela 2 – Lista dos 50 indicadores ambientais de sustentabilidade selecionados
critério foi julgado como característica relevante para seleção dos especialistas: a
formação acadêmica e, principalmente, a experiência profissional na área ambiental.
Assim, foram selecionados 6 especialistas, todos analistas ambientais de um órgão
público ambiental, com experiência em análise de estudos ambientais, com
conhecimento empírico sobre questões ambientais da UFRN e com graduação e/ou pós-
graduação nas áreas de gestão ambiental, biologia, geografia e engenharia civil.
Na quinta etapa, enviaram-se os questionários para os especialistas ponderarem o
nível de relevância dos indicadores. Desse modo, houve um contato inicial para avisá-
los que foram selecionados e a marcação de uma entrevista informal com o intuito de:
esclarecer o objetivo da pesquisa e seus temas norteadores; explicar o conteúdo do
questionário; e dirimir possíveis dúvidas. Em seguida, os questionários eletrônicos
foram enviados para os e-mails dos especialistas.
23
Na sexta e última etapa, realizaram-se a análise de relevância e a seleção dos
indicadores. Para isso, foi efetuado o cálculo da média aritmética simples dos pesos
atribuídos pelos 6 especialistas para cada indicador. Por fim, foram agrupados os
indicadores que obtiveram as maiores médias, selecionando 6, que, de acordo com
Camino e Müller (1993), estão em uma faixa considerada ideal (entre 6 e 8).
24
Para iniciar a exposição dos resultados e a discussão, será apresentada, a seguir, na
Tabela 2, a lista dos 50 indicadores selecionados das ferramentas de avaliação de
sustentabilidade de IES. Os indicadores estão dispostos em ordem alfabética,
acompanhados de sua respectiva ferramenta de origem.
25
Indicadores Ferramenta*
1 - Abastecimento de alimentos de fazendas e hortas do próprio campus TCSRC
2 - Aparelhos de uso eficiente de água (Aparelhos convencionais, parcialmente
substituídos por aparelhos de uso eficiente, Totalmente substituídos por
aparelhos de uso eficiente)
UIGMWU
3 - Área total (metro quadrado) UIGMWU
4 - Área total edificada (metro quadrado) UIGMWU
5 - Certificação Leadership in Energy and Environmental Design (LEED) para
construções sustentáveis concebida pela Organização não governamental-ONG
americana U.S. Green Building Council (USGBC)
TCSRC
6 - Clima da região UIGMWU
7 - Consumo total de água (metro cúbico) GRI
8 - Consumo total de energia (kWh) GRI
9 - Consumo total de energia (kWh) por fontes renováveis (Biodiesel, Biomassa
limpa, Energia solar, Energia eólica, Energia hidráulica)
GRI
10 - Emissões de NO e SO e outras substâncias significativas (por peso) GRI
11 - Emissões de substâncias que destroem a camada de ozônio (por peso) GRI
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12 - Emissões diretas e indiretas de Gases de Efeito Estufa (por peso) GRI
13 - Estratégias, medidas em vigor e planos futuros para a gestão de impactos
na biodiversidade
GRI
14 - Existência de um site de sustentabilidade UIGMWU
15 - Impactos ambientais significativos do transporte de produtos, materiais e
outros bens utilizados no campus
GRI
16 - Índice de biodiversidade de corpos d'água e afins afetados
significativamente pela disposição de esgotos e águas pluviais
UIGMWU
17 - Iniciativas para diminuir o consumo de energia como o uso de aparelhos
eficientes
GRI
18 - Iniciativas para mitigar os impactos ambientais GRI
19 - Iniciativas que priorizam a compra de alimentos de agricultores e produtores
locais
TCSRC
20 - Manutenção da frota de veículos a motor do campus UIGMWU
21 - Materiais utilizados por peso ou volume GRI
22 - Número de bicicletas que são encontradas no campus em um dia UIGMWU
23 - Número de carros entrando no campus diariamente UIGMWU
24 - Número de espécies na Lista Vermelha da União Internacional para a
Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) e em listas nacionais
de conservação discriminadaspelo nível de risco de extinção
GRI
25 - Número de eventos acadêmicos relacionados ao meio ambiente e
sustentabilidade
UIGMWU
26 - Número de organizações estudantis relacionadas ao meio ambiente e
sustentabilidade
UIGMWU
27 - Número de publicações acadêmicas sobre o meio ambiente e
sustentabilidade
UIGMWU
28 - Número de veículos de propriedade do campus UIGMWU
29 - Percentual e volume total de esgoto tratado e reutilizado GRI
30 - Peso total por tipo de resíduos sólidos gerados GRI
31 - Política de incentivo de uso de bicicletas por meio de aluguel de bicicletas TCSRC
32 - Política de transporte concebida para limitar ou diminuir a área de
estacionamento no campus
TCSRC
33 - Política de transporte gratuito em torno do campus e / ou para destinos
locais
TCSRC
34 - Política de transporte projetado para limitar o número de veículos a motor
usado no campus
UIGMWU
35 - Política para reduzir o uso de papel e plástico UIGMWU
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Global Reporting Initiative (GRI); The College Sustainability Report Card (TCSRC) e; UI GreenMetric World
University Ranking (UIGMWU).
Fonte: elaborado pelos autores (2015) adaptado de GRI (2013), The College Sustainability Report Card-2011
(2011) e UI GreenMetric World University Ranking -2015 (2015).
Figura 3 – Diagrama com os principais termos e relações dos indicadores ambientais de
sustentabilidade
36 - Política para reduzir os Gases de Efeito Estufa e as reduções obtidas UIGMWU
37 - Política para utilização de critérios de construção verde em todas as
construções e reformas (Ventilação natural, Iluminação natural, Construção
eficiente)
UIGMWU
38 - Porcentagem de área coberta de vegetação na forma de floresta UIGMWU
39 - Porcentagem de área coberta de vegetação plantada (incluindo gramados,
jardins, telhados verdes, plantio interno)
UIGMWU
40 - Porcentagem de área permeável UIGMWU
41 - Porcentagem de materiais utilizados que contém no todo ou em parte
material reciclado ou biodegradável
GRI
42 - Programa de compostagem de resíduos orgânicos alimentares TCSRC
43 - Programa de reciclagem de resíduos sólidos TCSRC
44 - Programa de reciclagem para óleo de cozinha usado TCSRC
45 - Programa para reduzir o desperdício de alimentos TCSRC
46 -Programa que facilita o uso continuado de itens em bom estado (em vez de
eliminação), tais como mobiliário de fim de semestre
TCSRC
47 - Recursos totais de pesquisa dedicados à investigação sobre ambiente e
sustentabilidade
UIGMWU
48 - Total de gastos ou investimentos em proteção ambiental GRI
49 - Tratamento e disposição de esgotos (Disposto não tratado para vias
navegáveis, Tratado individualmente fossa séptica, Tratamento centralizado
antes da disposição, Tratamento para reuso)
UIGMWU
50 - Valor monetário de pagamentos de multas ou número de sanções não-
monetárias por descumprimento a legislação ambiental
GRI
A Figura 3, logo abaixo, apresenta um diagrama com os principais termos e suas
relações dentre os 50 indicadores ambientais de sustentabilidade selecionados. Pontua-
se que o diagrama foi desenvolvido com o auxílio do software de mineração de textos, o
SOBEK.
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Fonte: elaborado pelos autores (2015); SOBEK (2015).
Figura 4 – Comportamento das respostas dos especialistas pela Escala Likert
Com base no resumo dos indicadores exposto no diagrama, é possível inferir que, no
geral, a finalidade principal dos indicadores é fornecer um valor numérico dos mais
diversos aspectos do meio ambiente, a saber: número de carros, de bicicletas, de
animais em extinção, de eventos acadêmicos, de publicações científicas e de
organizações estudantis relacionados ao meio ambiente e à sustentabilidade. Outro foco
dos indicadores que fica evidente no diagrama são as políticas e os programas voltados
para a redução ou o uso eficiente dos mais diversos insumos utilizados nas IES.
27
No que concerne à análise dos indicadores mais relevantes para o Campus Natal da
UFRN, apresenta-se, no gráfico representado na Figura 4, o comportamento das
respostas dos especialistas dentro dos níveis da Escala de Likert. Nesse gráfico, observa-
se que somente 3 especialistas fizeram uso do nível “Nenhuma relevância” para a
avaliação dos indicadores, totalizando 8 indicadores com esse nível. Assim, entende-se
que a lista dos 50 indicadores selecionados pelas ferramentas (Global Reporting
Initiative; The College Sustainability Report Card; e UI GreenMetric World University
Ranking) não foge ao contexto específico do Campus Natal da UFRN. Em outras
palavras, na opinião dos especialistas, somente 8 indicadores (16% do total) não
possuem nenhuma relevância para o campus analisado, entendendo-se, dessa forma,
que o campus não foge ao contexto geral das ferramentas de que os indicadores foram
retirados.
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Fonte: elaborado pelos autores (2015).
Tabela 3 – Indicadores ambientais de sustentabilidade mais relevantes
Fonte: elaborado pelos autores (2015).
Em contrapartida, os níveis “Pouca relevância”, “Média relevância”, “Relevante” e
“Muita relevância”, receberam, respectivamente, 20, 37, 48 e 42 votos. Os números
apontam que os níveis mais baixos de relevância foram pouco explorados pelos
especialistas. Ou seja, mais uma vez é possível perceber que o campus universitário em
estudo não foge muito, na opinião dos especialistas consultados, à realidade de outras
IES que fazem uso dos indicadores ambientais das ferramentas de avaliação de
sustentabilidade consultadas.
29
Conforme esmiuçado na Metodologia, cada nível de relevância da Escala Likert
recebeu um peso de 1 a 5. A ponderação das respostas atribuídas pelos 6 especialistas
para cada indicador permitiu selecionar os indicadores que obtiveram as maiores
médias aritméticas simples de pesos e, portanto, maior relevância, os quais serão
apresentados na Tabela 3, abaixo.
30
Indicadores
Média de
pesos
Estratégias, medidas em vigor e planos futuros para a gestão de impactos na
biodiversidade
4,83
Consumo total de energia (kWh) 4,83
Iniciativas para diminuir o consumo de energia como o uso de aparelhos
eficientes
4,83
Consumo total de água (m³) 4,83
Programa de reciclagem de resíduos sólidos 4,83
Iniciativas para mitigar os impactos ambientais 4,83
Conforme observado na Tabela 3, os 6 indicadores ambientais de sustentabilidade
apresentados foram os considerados mais relevantes, uma vez que, ao agrupar os
indicadores com as maiores médias, esses apresentaram o mesmo valor de peso médio
(4,83). Como apontado anteriormente, Camino e Muller (1993) recomendam que a
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quantidade ideal de indicadores seja, em cada dimensão, entre 6 e 8. Por esse motivo,
foram adotados somente os 6 indicadores supracitados. Respeitar essa quantidade ideal
é importante porque quanto maior o número de indicadores, maior o número de dados,
de informação e de recursos dispendidos para medir e monitorar os indicadores ao
longo do tempo, o que pode influenciar na exequibilidade da avaliação de
sustentabilidade.
Prosseguindo com a discussão dos resultados da Tabela 3, analisando agora os
indicadores, pode-se perceber que esses convergiram para quatro temas: gestão de
impactos ambientais, consumo de energia, consumo de água e reciclagem de resíduossólidos. Nesse contexto, interpreta-se que os especialistas julgaram o indicador
ambiental “Estratégias, medidas em vigor e planos futuros para a gestão de impactos na
biodiversidade” com muita relevância para a UFRN devido a instituição estar localizada
ao lado do Parque Estadual Dunas do Natal. Segundo informações do Instituto de
Desenvolvimento Sustentável e do Meio Ambiente (IDEMA), órgão gestor do Parque
das Dunas, o Parque possui um ecossistema de dunas rico e diversificado, no qual a
flora reúne mais de 270 espécies arbóreas distintas e 78 famílias, representada por mais
de 350 espécies nativas; e a fauna está representada por cerca de 180 espécies dentre
mamíferos, répteis, aves e invertebrados, como borboletas, aranhas e escorpiões (RIO
GRANDE DO NORTE, 2013).
32
Em relação aos indicadores ambientais de sustentabilidade “Consumo total de
energia (kWh)” e “Iniciativas para diminuir o consumo de energia como o uso de
aparelhos eficientes”, interpreta-se que os especialistas julgaram mensurar com muita
relevância tais indicadores porque, conforme assinalam Brandão, Malheiros e Leme
(2014), o uso da energia elétrica é um aspecto fundamental para as atividades de ensino,
pesquisa e gestão de uma IES. O monitoramento do consumo desse insumo é
fundamental para qualquer planejamento. Portanto, o consumo de energia elétrica
consiste em um indicador fundamental para geração de informações que sirvam de base
para proposição de ações que diminuam o consumo de energia elétrica da UFRN, o que
pode ser alcançado por meio de iniciativas como o uso de aparelhos eficientes.
33
O próximo indicador na lista final é o “Consumo total de água (m³)”. Após a revisão
bibliográfica e a caracterização da área de estudo, é possível afirmar que este indicador
foi votado com muita relevância pelos especialistas porque, da mesma forma que ocorre
com a energia elétrica, o monitoramento do consumo de água é também fundamental
para o desenvolvimento e o aprimoramento de programas de uso racional de insumos
(BRANDÃO; MALHEIROS; LEME, 2014). Por exemplo, os laboratórios de ensino e
pesquisas podem ser os setores que mais necessitam desse insumo. Este indicador tem
como propósito identificar o consumo total de água da UFRN, o que pode contribuir
para um monitoramento do consumo de água dessa instituição. É a partir da
informação sobre consumo de água que se pode propor programas para diminuir o
consumo de tal recurso natural.
34
Sobre o indicador ambiental “Programa de reciclagem de resíduos sólidos”,
interpreta-se que os especialistas o julgaram com muita relevância para a UFRN devido
à geração de resíduos sólidos recicláveis ser, notadamente, um problema ambiental
presente na atual sociedade. Brandão, Malheiros e Leme (2014) corroboram pontuando
que a geração de resíduos de uma sociedade pode ser vista como um reflexo de seus
hábitos de consumo e dar atenção à sua geração é de fundamental importância para
iniciativas de gestão de uma IES. Cooper et al. (2014) julgam que, para formação de um
plano diretor voltado para sustentabilidade de IES, o tema resíduo sólido é essencial e a
elaboração de uma política de gestão voltada para esse tema deve buscar a redução, a
reutilização, a reciclagem e destinação final adequada e segura de todos os tipos e
classes de resíduos gerados na IES.
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Tabela 4 – Indicadores ambientais de sustentabilidade que obtiveram as menores médias
Fonte: elaborado pelos autores (2015).
Conclusões
Ademais, ainda sobre a alta relevância do indicador ambiental “Programa de
reciclagem de resíduos sólidos”, cabe destacar que os especialistas podem ter levado em
consideração as exigências legais da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305
de 2010). Tal indicador tem como propósito identificar a presença de programas de
reciclagem de resíduos sólidos na instituição. Nesse sentido, entende-se que a
reciclagem, conforme preconizada na Lei 12.305 de 2010, é um tipo de destinação final
ambientalmente adequada que, além de evitar riscos e danos à saúde pública, pode
minimizar os impactos ambientais adversos e contribui com a diminuição do consumo
de materiais, energia e água na IES à medida que aquilo que será reciclado seja
transformado, novamente, em insumo e reinserido em atividades na instituição
(BRASIL, 2010). A título de exemplo, os resíduos de papéis provenientes de atividades
administrativas podem ser reciclados na própria IES, sendo transformados em novos
papéis para uso em outras atividades, como papel toalha para banheiros.
36
Por fim, acerca do indicador ambiental “Iniciativas para mitigar os impactos
ambientais”, pode-se inferir que os especialistas o julgaram com alta relevância para a
UFRN porque é um indicador genérico, isto é, que abrange a identificação de qualquer
iniciativa para diminuir os impactos ambientais provenientes das atividades da
instituição. Assim, a presença de programas para diminuir o consumo de energia
elétrica, de água ou de materiais, bem como para tratar resíduos sólidos e efluentes,
diminuir a mortandade da fauna e da flora, reduzir o ruído de máquinas ou atividades,
por exemplo, podem ser contemplados nesse indicador ambiental.
37
Além dos indicadores mais relevantes, também serão apresentados os indicadores
ambientais com as menores médias de pesos, segundo a perspectiva dos especialistas,
conforme Tabela 4, abaixo.
38
Indicadores
Média de
pesos
Emissões diretas e indiretas de Gases de Efeito Estufa (por peso). 3,00
Abastecimento de alimentos de fazendas e hortas do próprio campus. 3,00
Número de espécies na Lista Vermelha da União Internacional para a
Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) e em listas nacionais
de conservação discriminadas pelo nível de risco de extinção.
2,83
Emissões de substâncias que destroem a camada de ozônio (por peso). 2,83
Emissões de NO e SO e outras substâncias significativas (por peso). 2,50
Nesse caso, foram apresentados 5 indicadores ambientais com as menores médias
porque o 6º indicador com menor média ficou empatado no valor de média 3,17 com
mais 5 indicadores, portanto, foi julgado que seria demasia apresentar 11 indicadores
ambientais com menores médias. É importante destacar, na Tabela 4, que a maioria dos
indicadores que obtiveram as menores médias de pesos estão relacionados às emissões
de Gases de Efeitos Estufa e a outras substâncias nocivas à atmosfera.
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Corroborando com a revisão bibliográfica realizada neste artigo, conclui-se que os40
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Bibliographie
indicadores de sustentabilidade são informações que medem, nas dimensões
econômica, social e ambiental, o nível de sustentabilidade de um determinado sistema.
Nesse contexto, os indicadores ambientais são informações que devem contemplar o
desempenho referente à biodiversidade, à conformidade ambiental, às despesas com o
meio ambiente e aos impactos de produtos e serviços. Além disso, pode-se afirmar que
uma IES que busca a sustentabilidade é aquela que se esforça para integrar questões
ambientais, sociais e econômicas nas suas funções principais.
Quanto à análise da ponderação dos indicadores ambientais de sustentabilidade feita
pelos 6 especialistas, constatou-se que, de um universo de 50 indicadores ambientais
para IES, 6, com as maiores médias, foram considerados mais relevantes para a UFRN
(Tabela 3) e, portanto, selecionados. Em contraponto, 5 indicadores ambientais, com as
menores médias de pesos, foram considerados indicadoresmenos relevantes para a
UFRN (Tabela 4). A partir disso, observou-se que os 6 indicadores selecionados foram
distribuídos em 5 temas, quais sejam: gestão de impactos na biodiversidade, consumo
de energia, consumo de água, reciclagem de resíduos sólidos e mitigação de impactos
ambientais.
41
Destarte, pode-se dizer que essas conclusões se fazem pertinentes, uma vez que
contribuem, a partir de uma perspectiva de especialistas, com uma proposta de
indicadores ambientais de sustentabilidade relevantes para a UFRN, bem como, de um
modo geral, para pesquisas relacionadas à seleção de indicadores relevantes para
qualquer IES em um contexto similar. Contudo, consideram-se algumas limitações na
execução desta pesquisa, como a escassez de trabalhos relativos ao tema estudado e, sob
o viés metodológico, a quantidade de especialistas consultados (6). A esse respeito,
sublinha-se que tal número não pôde ser superado porque somente os especialistas
supracitados se dispuseram a participar do estudo. Sendo assim, como recomendação
para trabalhos futuros, sugere-se uma amostra maior de especialistas, caso seja
possível, e a continuidade da seleção dos indicadores das outras dimensões: a social e a
econômica.
42
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Table des illustrations
Titre Figura 1 – Mapa de localização da área de estudo
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Fichier image/png, 2,9M
Titre Figura 2 – indicador ambiental e seu nível de relevância por peso
Crédits Fonte: elaborado pelos autores (2015), com base em Gil (2008)
URL http://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/11812/img-2.png
Fichier image/png,69k
Titre
Figura 3 – Diagrama com os principais termos e relações dos indicadores
ambientais de sustentabilidade
Crédits Fonte: elaborado pelos autores (2015); SOBEK (2015).
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Fichier image/png, 10k
Titre
Figura 4 – Comportamento das respostas dos especialistas pela Escala
Likert
Crédits Fonte: elaborado pelos autores (2015).
URL http://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/11812/img-4.png
Fichier image/png, 59k
Pour citer cet article
Référence électronique
Andréia Castro de Paula Nunes, Leci Martins Menezes Reis et Robson Garcia da Silva,
« Indicadores ambientais de sustentabilidade para uma instituição federal de ensino superior »,
Confins [En ligne], 30 | 2017, mis en ligne le 19 février 2017, consulté le 22 octobre 2019. URL :
http://journals.openedition.org/confins/11812 ; DOI : 10.4000/confins.11812
Auteurs
Andréia Castro de Paula Nunes
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Uso Sustentável de Recursos Naturais
(PPgUSRN) do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), andreiacpnunes@hotmail.com
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ambientais de parques eólicos [Texte intégral]
Paru dans Confins, 41 | 2019
Leci Martins Menezes Reis
Professora do PPgUSRN do IFRN, leci.reis@ifrn.edu.br
UI GREEN METRIC WORLD UNIVERSITY RANKING. Guidelines of ui greenmetric world
universities Ranking 2015. Disponível em: < http://greenmetric.ui.ac.id/wp-content/uploads
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Administração) – Universidade do Oeste de Santa Catarina, Chapecó, 2016.
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Robson Garcia da Silva
Professor do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), robsontecnologo@yahoo.com.br
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