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APOSTILA - FILÓSOFOS E EDUCAÇÃO

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1 
 
SUMÁRIO 
1 OS PRÉ-SOCRÁTICOS.............................................................................. 3 
2 ALGUMAS OBSERVAÇÕES ACERCA DE ALGUNS PRÉ-SOCRÁTICOS:
 4 
2.1 O fogo de Heraclito:.............................................................................. 5 
2.2 A esfera de Parménides: ...................................................................... 5 
3 PLATÃO ...................................................................................................... 6 
4 A Academia de Platão ................................................................................ 7 
4.1 Períodos ............................................................................................... 8 
5 ARISTÓTELES ........................................................................................... 8 
6 ABSTRAÇÃO ............................................................................................ 10 
6.1 SILOGISMO ....................................................................................... 11 
7 SÓCRATES .............................................................................................. 11 
7.1 Algumas frases e pensamentos atribuídos ao filósofo Sócrates: ....... 12 
8 A FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA .......................................................... 13 
9 IDEALISMO .............................................................................................. 14 
9.1 Definição de idealismo ....................................................................... 14 
9.2 Ideias básicas do Idealismo ............................................................... 14 
10 Glossário ............................................................................................... 15 
10.1 RENÉ DESCARTES: UMA BREVE BIOGRAFIA ............................ 16 
11 DEUS, A CIÊNCIA E O LIVRE-ARBÍTRIO ............................................ 17 
12 O PROBLEMA DO HOMEM: A MORAL ................................................ 19 
13 UTILITARISMO ...................................................................................... 20 
13.1 Princípio da Utilidade ...................................................................... 21 
13.2 Perspectiva moral e política: Características gerais ........................ 22 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 24 
 
 
2 
 
14 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................ 25 
15 Um diálogo entre a filosofia, a educação e a política: limiares entre a 
moral, o legal e a reificação....................................................................................... 25 
 
 
 
 
3 
 
1 OS PRÉ-SOCRÁTICOS 
 
Fonte: blogdoenem.com.br 
Os pré-socráticos são filósofos que viveram na Grécia Antiga e nas suas 
colônias. Assim são chamados, pois são os que vieram antes de Sócrates, 
considerado um divisor de águas na filosofia. Muito pouco de suas obras está 
disponível, restando apenas fragmentos. O primeiro filósofo em que temos uma obra 
sistemática e com livros completos é Platão, depois Aristóteles. Estes são chamados 
de filósofos da natureza, pois investigaram questões pertinentes a esta, como de que 
é feito o mundo. Romperam com a visão mítica e religiosa da natureza que prevalecia 
na época, adotando uma forma científica de pensar. 
Alguns se propuseram a explicar as transformações da natureza. Tinham 
preocupação cosmológica. A maior parte do que sabemos desses filósofos é 
encontrada na doxografia de Aristóteles, Platão, Simplício e na obra de Diógenes 
Laércio (século III d. C), Vida e obra dos filósofos ilustres. 
A partir do século VII A.C., há uma revolução monetária da Grécia, e advêm a 
ela inovações científicas. Isso colaborou com uma nova forma de pensar, mais 
racional. Os pré-socráticos inspiraram a interpretação de filósofos contemporâneos 
 
 
4 
 
como Nietzsche, que nos iluminou com a sua obra A filosofia na época trágica dos 
Gregos e Hegel, que aplicou seu sistema na história da filosofia. 
2 ALGUMAS OBSERVAÇÕES ACERCA DE ALGUNS PRÉ-SOCRÁTICOS: 
 O primeiro Filósogo grego conhecido foi Tales de Mileto que viveu por 
volta do ano 600 a.C. Tales na companhia de Anaximandro e Anaxímenes 
defendia que a água, o indefinido, e o ar eram o princípio ou origem de 
todas as coisas. Preocupavam-se em encontrar a unidade por detrás da 
multiplicidade dos bjectos do universo, e o princípio de explicação da 
natureza a partir da própria natureza. 
 
Fonte: ceacs.wordpress.com 
 Heraclito acreditava na filosofia do devir, falava de um devir não 
puramente linear que seria a negação absoluta do ser, mas sim do devir 
que se desenrolava no interior de um círculo. Considerava haver um ciclo 
do devir que em tudo representava harmonia, com efeito na 
circunferência, o começo e o fim coincidem. Defendia que de um lado 
existia o Logos, que governava todas as coisas e, do outro, o devir que se 
 
 
5 
 
desenrolava no interior de um círculo apertado por laços poderosos. 
Acreditava que era no interior de cada um de nós que se operavam as 
mudanças, dizia que a vida e a morte, a juventude, a velhice e o sono eram 
a mesma coisa, porque estes transformam-se naquelas e inversamente 
aquelas transformam-se nestes. Era um defensor da mudança dizia que 
não se podia penetrar duas vezes no mesmo rio. 
2.1 O fogo de Heraclito: 
Para Heraclito, o mundo era o mesmo para todos os seres, nenhum deus, 
nenhum homem o criou; mas foi, é, e será sempre um fogo eternamente vivo, que 
com medida se acende e com medida se apaga. 
 Parménides foi o fundador da escola eleática. Defendia a imutabilidade 
e unicidade do ser, afirmando que a multiplicidade e a mudança eram 
apenas aparências. Zenão, que foi seu discípulo, viria a defender as teses 
de Parménides sobre a imutabilidade do real. 
2.2 A esfera de Parménides: 
Parménides dizia que o Ser é completo de todos os lados, semelhante a uma 
esfera bem redonda. 
 
Fonte: filosofia.ceseccaieiras.com.br 
 Anaxágoras foi o primeiro filósofo registrado pela história a ter afirmado 
a existência de um princípio inteligente como causa da ordem do mundo. 
Para ele o espírito é que ordenava tudo e daí tudo era causa. 
 
 
6 
 
 Empédocles, foi o criador da teoria dos quatro elementos que vigoraria 
até a era moderna: terra, água, ar e fogo, seriam os componentes últimos 
das coisas, ora reunidos sob a atracção do amor, ora separados pela força 
da discórdia (ou do ódio). 
3 PLATÃO 
 
Fonte: www.escritas.org 
Platão nasceu em 427 a.C e faleceu na mesma cidade, Atenas, em 347 a.C. 
Filho de uma família da aristocracia ateniense dedicada à política, foi discípulo de 
Crátilo (séc. V a.C.) que por sua vez foi seguidor de Heráclito de Éfeso (séc. VI a.C.) 
e, posteriormente, tornou-se discípulo de Sócrates (470-399 a.C). Fundou sua 
Academia em 387 a.C., nos arredores de Atenas, em cujo pórtico figurava o lema: 
“Não passe destes portões quem não tiver estudado geometria”. A academia de 
Platão durou cerca de um milênio, até o momento em que Justiniano a dissolveu em 
529 d.C. 
O Platonismo é uma corrente filosófica baseada no pensamento de Platão. 
Indica a filosofia de Platão e da sua escola, isto é, os filósofos que se situam entre o 
século IV A.C. e a primeira metade do século I A.C. Cerca de um século depois da 
morte de Platão, em 248 A.C., a Escola enveredou para o ceticismo sob a direção de 
Arciselau (século III A.C.). 
 
 
7 
 
4 A ACADEMIA DE PLATÃO 
 
Fonte: filosofiacem01.weebly.com 
A Academia platônica assemelhava-se a uma congregação religiosa, 
consagrada a Apolo e às musas. Platão afirmava a existência de uma verdade 
suprema: as Ideias das formas ideais, eternas, imutáveis e incorruptíveis, das quais 
se origina o mundo sensível, tal como o percebemos, e que é sujeito ao devir, à 
corrupção e à morte. 
A Academia foi fundadapor Platão em 387 A.C. Seu nome é alusivo ao herói 
de guerra Academo, que havia doado aos atenienses um terreno, nos arredores de 
Atenas, onde se construiu um jardim aberto ao público. 
De uma maneira geral, os elementos centrais do pensamento platônico são: 
coisas naturais; 
para a filosofia; 
 
 
 
8 
 
4.1 Períodos 
O platonismo é geralmente dividido em três períodos: 
 Platonismo antigo propriamente dito; 
 Médio platonismo, que remonta aos séculos I-II D.C.; 
 Neoplatonismo, desenvolvido no final da Antiguidade no período helenístico: 
mais que um período do platonismo, é considerado por muitos como uma 
verdadeira corrente filosófica propriamente dita. 
Esta subdivisão foi operada por estudiosos dos tempos recentes. Todos (médio 
ou neoplatônicos), embora ampliando e modificando o significado originário da 
filosofia de Platão, pretendiam estar em linha de continuidade com a doutrina do 
mestre. Consideravam-se, sobretudo, como simples exegetas, mais do que 
inovadores. 
Assim como todos os pensadores que, ao longo dos séculos, filiaram-se ao 
pensamento platônico (Plotino, Agostinho, Ficino), os neoplatônicos eram 
convencidos de que a verdade fosse algo que se descobria e não se inventava. 
Portanto o modo mais autêntico de fazer filosofia consistiria na reflexão sobre as 
verdades eternas, imutáveis e universais das Ideias - primeiramente descobertas por 
Platão. 
Pode-se dizer, portanto, que o platonismo foi sempre entendido pelos 
platônicos como uma única corrente filosófica, que sempre permaneceu fiel a si 
mesma, ora como forma de interpretação, ora como reelaboração do pensamento de 
Platão. 
5 ARISTÓTELES 
Aristóteles nasceu no ano de 385 a.C. em Estagiros, cidadezinha da Trácia 
fundada por colonos gregos no lugar onde hoje se situa Stavro, na costa setentrional 
do mar Egeu. Era ainda muito jovem quando morreu seu pai, Nicômaco, médico 
bastante famoso, neto de Esculápio. Um amigo da família, Próxeno, que morava em 
Estagiros, se encarregou de sua educação. 
 
 
9 
 
Aos dezessete anos, foi para Atenas prosseguir seus estudos. Em 367, quando 
Platão retorna da Sicília e retoma seu magistério na Academia, Aristóteles aparece 
como um de seus alunos mais assíduos e se distingue por seu ardor e pela 
excepcional inteligência. Depois de alguns anos de estudo, rompe subitamente com 
Platão, mas sem cessar de testemunhar-lhe respeito e continuando a conservar do 
mestre uma grata lembrança. Permanece, no entanto, em Atenas até 347; presume-
se que teria fundado uma escola retórica que lhe valeu grande reputação. 
De 347 a 342, Aristóteles deixa Atenas. Torna-se como que um embaixador 
oficioso junto a Filipe, que acaba de subir ao trono da Macedônia e é quase seu amigo. 
Mais tarde o encontramos junto com outros alunos de Platão, como Xenócrates, na 
Eólida, junto a Hérmias, tirano de Atárnea, que seguiu seus cursos em Atenas e está 
contente por tê-lo junto a si. Permanece na corte do tirano até a morte de Hérmias, 
que será estrangulado pelos persas. Hérmias deixa uma filha e uma sobrinha. 
Aristóteles casa-se com a sobrinha. Não se sentindo em segurança em Atárnea, parte 
para Mitilene, onde permanece até 342. 
Vai então à Macedônia, onde o chamava Filipe para lhe confiar à educação de 
seu filho Alexandre, de treze anos. O filósofo esforça-se por desenvolver nele as 
qualidades de moderação e de razão que lhe parecem essenciais para a conduta de 
um soberano. Alexandre sente por seu mestre um grande apego, que conservará até 
quando suceder a seu pai. 
Todavia, Alexandre parte em conquista da Ásia em 335, e Aristóteles considera 
que seu papel terminou. Deixa Alexandre e retorna a Atenas. O ensino de Platão na 
Academia tem sequência com Xenócrates. Aristóteles, então, abre uma escola perto 
do templo de Apolo Lício, donde o nome de escola do Liceu que lhe foi dado. 
Aristóteles expõe suas ideias enquanto passeia com seus discípulos, e é por isso que 
são chamados peripatéticos, do grego nFpínaTov, que significa “lugar de passeio". O 
ensino de Aristóteles compreende duas séries de aulas: de manhã, trata das questões 
puramente teóricas, no ensino exotérico reservado aos iniciados. 
À tarde, Aristóteles se dirige a um público mais amplo: as questões tratadas 
são mais acessíveis. A retórica ocupa um lugar importante; é o ensino exotérico. 
Durante doze anos, prossegue suas aulas, não sem publicar numerosas obras que 
abordam todos os domínios do saber humano. Com a morte de Alexandre, em 323, 
 
 
10 
 
os partidários da Macedônia veem-se ameaçados de morte e de perda dos bens pelo 
partido nacional ateniense, dirigido por Demóstenes. Aristóteles, pró-macedônio, é 
acusado. Sem aguardar o julgamento que deve condená-lo, deixa Atenas e vai para 
Cálcis, na ilha de Eubéia. 
Morre ali um ano depois, em 322, aos 63 anos. Deixa dois filhos, uma menina, 
Pítia, com o nome de sua mulher, e um menino, Nicômaco, com o nome de seu pai. 
6 ABSTRAÇÃO 
Na filosofia, abstração é um processo (ou, para alguns, um alegado processo) 
na formação de conceitos reconhecendo um grupo de características comuns nos 
indivíduos, e tendo isso como base, forma-se um conceito desta característica. A 
noção de abstração é importante para o entendimento de algumas controvérsias 
filosóficas em relação ao empirismo e ao problema dos universais. Também se tornou 
recentemente popular na lógica formal como abstração predicada. Outra ferramenta 
filosófica para a discussão sobre abstração é espaço do pensamento. 
A Lógica de Port-Royal, resumiu a estreita relação do processo de abstração 
com a natureza do homem, dizendo: ― a limitação da nossa mente leva-nos a só 
compreender as coisas compostas quando as consideramos em suas partes e 
contemplamos as faces diversas com que elas se nos apresentam, isto é, o que se 
costuma chamar conhecer por abstração. 
A abstração é a operação mediante a qual alguma coisa é escolhida como 
objeto de percepção, atenção, observação, consideração, pesquisa, estudo, etc. e 
isolada de outras coisas. Ela é inerente a qualquer procedimento cognitivo. Segundo 
Aristóteles, o processo todo do conhecimento pode ser descrito com ela; sendo que 
Tomás de Aquino reduz todo o conhecimento intelectual à operação de abstrações. O 
homem cria por abstração. 
É o ato de separar mentalmente um ou mais elementos de uma totalidade 
complexa (coisa, representação, fato), os quais só mentalmente podem subsistir fora 
dessa totalidade. (cf.: Aurélio). 
 
 
11 
 
6.1 SILOGISMO 
Um silogismo (do grego antigo, "conexão de ideias", "raciocínio"; composto 
pelos termos σύν "com" e λογισμός "cálculo") é um termo filosófico com o qual 
Aristóteles designou a argumentação lógica perfeita, constituída de três proposições 
declarativas que se conectam de tal modo que a partir das primeiras duas, chamadas 
premissas, é possível deduzir uma conclusão. A teoria do silogismo foi exposta por 
Aristóteles em Analíticos anteriores. 
Num silogismo, as premissas são um ou dois juízos que precedem a conclusão 
e dos quais ela decorre como consequente necessário dos antecedentes, dos quais 
se infere a consequência. Nas premissas, o termo maior (predicado da conclusão) e 
o termo menor (sujeito da conclusão) são comparados com o termo médio, e assim 
temos a premissa maior e a premissa menor segundo a extensão dos seus termos. 
Um exemplo clássico de silogismo é o seguinte: 
 
 
Fonte: www.colegioweb.com.br 
7 SÓCRATES 
Sócrates nasceu em Atenas, provavelmente no ano de 470 aC, e tornou-se um 
dos principais pensadores da Grécia Antiga. Podemos afirmar que Sócrates fundou o 
que conhecemos hoje por filosofia ocidental. Foi influenciado pelo conhecimento de 
 
 
12 
 
outro importante filósofo grego: Anaxágoras. Seus primeiros estudos e pensamentos 
discorrem sobre a essência da natureza da alma humana. 
Sócrates era considerado pelos seus contemporâneos umdos homens mais 
sábios e inteligentes. Em seus pensamentos, demonstra uma necessidade grande de 
levar o conhecimento para os cidadãos gregos. Seu método de transmissão de 
conhecimentos e sabedoria era o diálogo. Através da palavra, o filósofo tentava levar 
o conhecimento sobre as coisas do mundo e do ser humano. 
Conhecemos seus pensamentos e ideias através das obras de dois de seus 
discípulos: Platão e Xenofontes. Infelizmente, Sócrates não deixou por escrito seus 
pensamentos. 
Sócrates não foi muito bem aceito por parte da aristocracia grega, pois defendia 
algumas ideias contrárias ao funcionamento da sociedade grega. Criticou muitos 
aspectos da cultura grega, afirmando que muitas tradições, crenças religiosas e 
costumes não ajudavam no desenvolvimento intelectual dos cidadãos gregos. 
Em função de suas ideias inovadoras para a sociedade, começa a atrair a 
atenção de muitos jovens atenienses. Suas qualidades de orador e sua inteligência, 
também colaboraram para o aumento de sua popularidade. Temendo algum tipo de 
mudança na sociedade, a elite mais conservadora de Atenas começa a encarar 
Sócrates como um inimigo público e um agitador em potencial. Foi preso, acusado de 
pretender subverter a ordem social, corromper a juventude e provocar mudanças na 
religião grega. Em sua cela, foi condenado a suicidar-se tomando um veneno 
chamado cicuta, em 399 AC. 
7.1 Algumas frases e pensamentos atribuídos ao filósofo Sócrates: 
- A vida que não passamos em revista não vale a pena viver. 
- A palavra é o fio de ouro do pensamento. 
- Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância. 
- É melhor fazer pouco e bem, do que muito e mal. 
- Alcançar o sucesso pelos próprios méritos. Vitoriosos os que assim procedem. 
- A ociosidade é que envelhece, não o trabalho. 
- O início da sabedoria é a admissão da própria ignorância. 
 
 
13 
 
- Chamo de preguiçoso o homem que podia estar melhor empregado. 
- Há sabedoria em não crer saber aquilo que tu não sabes. 
- Não penses mal dos que procedem mal; pense somente que estão 
equivocados. 
- O amor é filho de dois deuses, a carência e a astúcia. 
- A verdade não está com os homens, mas entre os homens. 
- Quatro características deve ter um juiz: ouvir cortesmente, responder 
sabiamente, ponderar prudentemente e decidir imparcialmente. 
- Quem melhor conhece a verdade é mais capaz de mentir. 
- Sob a direção de um forte general, não haverá jamais soldados fracos. 
- Todo o meu saber consiste em saber que nada sei. 
- Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo de Deus. 
8 A FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA 
 
Fonte: aopensar.zip.net 
A Filosofia contemporânea (ou pós-moderna) é a Filosofia que se encontra no 
período histórico do final do século XIX até os dias de hoje. Caracteriza-se por uma 
visão crítica frente a moral, à religião e a ciência. Assim, os filósofos pós-modernos 
procuram criticar as bases morais da sociedade ocidental, questionar o cristianismo e 
os abusos da Ciência. Há, também, uma crítica especialmente forte quanto à Política, 
que sofreu tantas reviravoltas nesse período no Ocidente. 
 
 
14 
 
Uma das correntes filosóficas dessa época é o Idealismo. Explicaremos sobre 
essa abaixo: 
9 IDEALISMO 
O Idealismo é uma corrente filosófica que emergiu apenas com o advento da 
modernidade, uma vez que a posição central da subjetividade é fundamental na 
modernidade. Seu oposto é o materialismo. 
Tendo suas origens a partir da revolução filosófica iniciada por Descartes, 
associada a Kant até Hegel, que seria talvez o último grande idealista da modernidade. 
Muitos, ainda, acreditam que a teoria das ideias de Platão é historicamente a primeira 
dos idealismos, em que a verdadeira realidade está no mundo das ideias, das formas 
inteligíveis, acessíveis apenas à razão. 
9.1 Definição de idealismo 
É muito difícil resumir o pensamento idealista, uma vez que há divergências de 
perspectivas teóricas entre os filósofos idealistas. De todo modo, podemos considerar 
o primado do Eu subjetivo como central em todo idealismo, o que não significa 
necessariamente reduzir a realidade ao pensamento. Assim, na filosofia idealista, o 
postulado básico é que Eu sou Eu, no sentido de que o Eu é objeto para mim (Eu). 
Ou seja, a velha oposição entre sujeito e objeto se revela no idealismo como incidente 
no interior do próprio eu, uma vez que o próprio Eu é o objeto para o sujeito (Eu). 
9.2 Ideias básicas do Idealismo 
1. Qualquer teoria filosófica em que o mundo material, objetivo, exterior só pode 
ser compreendido plenamente a partir de sua verdade espiritual, mental ou subjetiva. 
Seus opostos seriam representados pelo realismo ('na filosofia moderna') e 
materialismo; 
1.1 No sentido ontológico, doutrina filosófica, cujo exemplo mais conhecido é o 
platonismo, segundo a qual a realidade apresenta uma natureza essencialmente 
 
 
15 
 
espiritual, sendo a matéria uma manifestação ilusória, aparente, incompleta, ou mera 
imitação imperfeita de uma matriz original constituída de formas ideais inteligíveis e 
intangíveis; 
1.2. No sentido epistemológico, tal como ocorre no kantismo, teoria que 
considera o sentido e a inteligibilidade de um objeto de conhecimento dependente do 
sujeito que o compreende, o que torna a realidade cognoscível heterônoma, carente 
de autossuficiência, e necessariamente redutível aos termos ou formas ideais que 
caracterizam a subjetividade humana; 
1.3 No âmbito prático, cujo exemplo mais notório é o da ética kantiana, doutrina 
que supõe o caráter fundamental dos ideais de conduta como guias da ação humana, 
a despeito de uma possível ausência de exequibilidade integral ou verificabilidade 
empírica em tais prescrições morais. 
2 Propensão a idealizar a realidade ou a deixar-se guiar mais por ideais do que 
por considerações práticas; 
3 Teoria ou prática que valoriza mais a imaginação do que a cópia fiel da 
natureza. Seu oposto seria o realismo. 
10 GLOSSÁRIO 
Idealismo absoluto: Doutrina idealista inerente ao hegelianismo, 
caracterizada pela suposição de que a única realidade plena e concreta é de natureza 
espiritual, sendo a compreensão materialística ou sensível dos objetos um estágio 
pouco evoluído e superável no paulatino desenvolvimento cognitivo da subjetividade 
humana. 
Idealismo dogmático: Idealismo, especialmente o berkelianismo, que se 
caracteriza por negar a existência dos objetos exteriores à subjetividade humana 
[Termo cunhado pelo filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) para designar uma 
orientação idealista com a qual não concorda.]. Seu oposto seria o idealismo 
transcendental. 
Idealismo imaterialista: Idealismo defendido por Berkeley (1685-1753) que, 
partindo de uma perspectiva empirista, na qual a realidade se confunde com aquilo 
 
 
16 
 
que dela se percebe, conclui que os objetos materiais reduzem-se a ideias na mente 
de Deus e dos seres humanos; berkelianismo, imaterialismo. 
Idealismo transcendental (também chamado formal ou crítico): Doutrina 
kantiana, segundo a qual os fenômenos da realidade objetiva, por serem incapazes 
de se mostrar aos homens exatamente tais como são, não aparecem como coisas-
em-si, mas como representações subjetivas construídas pelas faculdades humanas 
de cognição. Seu oposto seria o idealismo dogmático. 
10.1 RENÉ DESCARTES: UMA BREVE BIOGRAFIA 
Uma personalidade dominante da história intelectual ocidental, René Descartes 
foi um filósofo, fisiologista e matemático francês, nascido em 31 de março de 1596, 
em La Haye, na província de Touraine. Ele foi um contemporâneo de Galileu e Pascal 
e, portanto trabalhou sob as mesmas influências religiosas repressoras da Inquisição. 
Cedo em sua vida, pouco após ter se alistado no exército, em 1617, Descartes 
descobriu que tinha talento para matemática, de modo que ele passou a maior parte 
de seus anos militares e subsequentes (ele pediu demissão quatro anos mais tarde)estudando matemática pura, especialmente geometria analítica, que se tornou o 
campo ao qual fez suas maiores contribuições. Em 1626 ele se estabeleceu em Paris, 
mas foi persuadido a mudar-se para a Holanda em 1628, país que estava, então, no 
auge do seu poder. Ali ele morou e trabalhou pelos próximos 20 anos, devotando seu 
tempo e esforços ao estudo da matemática e filosofia, na perseguição da verdade. Em 
1649, foi convidado para ser professor da Rainha Cristina da Suécia, mudando-se 
para Estocolmo, mas morreu poucos meses após chegar, de pneumonia aguda, em 
11 de fevereiro de 1650. 
Os trabalhos de Descartes em filosofia e ciência foram publicados em cinco 
livros: Le Monde (O Mundo), uma tentativa de descrever o universo físico, o Discours 
de la Méthode Pour Bien Conduire Sa Raison et Chercher La Vérité Dans Les 
Sciences (Discurso sobre o Método de Bem Conduzir sua Razão e Procurar a Verdade 
nas Ciências), seu trabalho mais importante; Meditationes, um sumário de suas ideias 
filosóficas em epistemologia, Principia Philosophiae (Princípios da Filosofia), cuja 
maior parte foi devotada à física, especialmente as leis do movimento, e Les Passions 
 
 
17 
 
de L'ame (As Paixões da Alma), sua mais importante contribuição à fisiologia e à 
psicologia. As contribuições de Descartes à física foram feitas principalmente na 
óptica, mas ele escreveu extensamente sobre muitos outros temas, incluindo biologia, 
cérebro e mente. Ele não foi um experimentalista, no entanto. 
O esteio da filosofia de Descartes pode ser resumida por sua famosa frase em 
latim: Cogito, ergo sum (penso, logo existo). Ele foi o primeiro a levantar a doutrina do 
dualismo corpo/mente, a propor uma sede física para a mente, e a maneira como ela 
se inter-relaciona com o corpo. Portanto, ele discutiu temas importantes para as 
neurociências, que vieram a dominar os quatro séculos seguintes, tais como a ação 
voluntária e involuntária, os reflexos, consciência, pensamento, emoções, e assim por 
diante. 
11 DEUS, A CIÊNCIA E O LIVRE-ARBÍTRIO 
Para Descartes, o Deus criador transcende radicalmente a natureza. Deus Foi 
"inteiramente indiferente ao criar as coisas que criou". Não se submeteu a nenhuma 
verdade prévia. Em virtude do poder de seu livre-arbítrio, criou as verdades. Eis por 
que Deus quer que a soma dos ângulos de um triângulo seja igual a dois ângulos 
retos. 
Acrescentemos que, para Descartes, Deus criou o mundo instante por instante 
(é a "criação contínua"). O tempo é descontínuo e a natureza não tem nenhum poder 
próprio. As leis da natureza só são o que são a cada momento, em virtude da vontade 
do criador. É importante compreender que essa transcendência radical de Deus 
possui duas consequências fundamentais. O livre-arbítrio humano e a independência 
da ciência. 
1. - O homem não é uma parte de Deus. A transcendência do criador afasta 
qualquer panteísmo. O homem, simples criatura ultrapassada por seu criador 
(concebo Deus porque descubro em mim a marca de sua infinitude, mas não o 
compreendo), recebo, assim, uma autonomia que será perdida no sistema panteísta 
de Spinoza. O homem é livre, pode dizer sim ou não às ordens de Deus. É certo que, 
na Quarta Meditação, Descartes fala da liberdade esclarecida, dessa liberdade que 
não pode tratar da verdade ou do bem, dessa liberdade que é antes um estado de 
 
 
18 
 
libertação do que uma decisão pura, situada além de todas as razões. Mas nos 
Princípios e sobretudo nas cartas ao Pe. Mesland, de 2 de maio de 1644 e 9 de 
fevereiro de 1645, Descartes afirma radicalmente o livre-arbítrio, o poder de recusar a 
Verdade e o Bem até mesmo na presença da evidência que se manifesta. Esses 
textos esclarecem a teoria do juízo presente na Quarta meditação. O entendimento 
concebe a verdade e é a vontade que dá as costas a ou afirma essa verdade. Deus 
propõe e o homem, por intermédio de seu livre-arbítrio, dispõe. Desse modo, Deus 
não é o culpado dos meus erros nem dos meus pecados. Sou eu que me engano, sou 
eu que peco. Meu livre-arbítrio me faz merecedor ou culpado. 
2. - Do mesmo modo, a transcendência de Deus vai tornar possível uma ciência 
puramente racional e mecanicista da natureza. 
a) A natureza, segundo Descartes, não possui dinamismo próprio. Todo 
dinamismo pertence ao criador. Na medida em que a natureza é despojada de toda 
profundidade metafísica, Descartes pode eliminar as noções aristotélicas e medievais 
de forma, alma, ato e potência. Toda finalidade desaparece e a natureza é reduzida a 
um mecanicismo inteiramente transparente para a linguagem matemática. A natureza 
nada tem de divino, é um objeto criado, situado no mesmo plano da inteligência 
humana, e, por conseguinte, inteiramente entregue à sua exploração. Isto consiste, 
ao mesmo tempo, na rejeição de todo naturalismo pagão (a natureza não é uma 
deusa) e na fundamentação metafísica do racionalismo científico. 
b) Nem tudo tem o mesmo valor na obra científica de Descartes. Se sua ótica 
e suas considerações sobre a expressão algébrica das curvas (ele é, juntamente com 
Fermat, o inventor da geometria analítica) constituem incontestável contribuição 
científica, sua física (dada, aliás, mais como uma possibilidade racional do que como 
a verdade certa) não passa de um romance. Mas o espírito dessa física e da fisiologia 
cartesiana - que não passa de um capítulo da física - nada mais é do que o espírito 
do mecanicismo. Quando Descartes declara que os animais são máquinas, ele coloca, 
em princípio, que é possível explicar as funções fisiológicas por intermédio de 
mecanismos semelhantes àqueles que fazem mover os autômatos que vemos "nos 
jardins de nossos reis". O detalhe das explicações não passa de um sonho. Mas a 
direção tomada é a ciência moderna. Para Descartes, o mundo físico não possui 
 
 
19 
 
mistérios. As coisas se determinam reciprocamente (leis do choque), por contato 
direto, num espaço em que não existe o vazio. 
12 O PROBLEMA DO HOMEM: A MORAL 
1. - No Discurso sobre o Método, Descartes adota uma moral provisória - pois 
a ação não pode esperar que a filosofia cartesiana engendrasse uma nova moral. 
Recordemos seus três preceitos: 
a) Submeter-se aos usos e costumes de seu país. 
b) Antes mudar os próprios desejos que a ordem do mundo e vencer-se a si 
próprio do que à fortuna. 
c) Ser sempre firme e resoluto em suas ações; saber decidir-se mesmo na 
ausência de toda evidência, à semelhança do viajante perdido na floresta que, ao 
invés de ficar fazendo voltas, adota uma direção qualquer e nela se mantém! (O 
cartesianismo, antes de ser uma filosofia da inteligência, é uma filosofia da vontade). 
2. - É certo que a moral definitiva de Descartes não apresenta uma unidade 
perfeita. Influências estoicas, epicuristas e cristãs estão presentes nela. Mas, na 
realidade, essa complexidade reflete a própria complexidade da condição humana. 
No plano das ideias claras e distintas, Descartes separa claramente as duas 
substâncias, alma e corpo: a essência da alma é pensar; a do corpo é ser um objeto 
no espaço. E no entanto, o pensamento está preso a esse fragmento de extensão. A 
alma age sobre o corpo e este age sobre ela. (Para Descartes, o ponto de aplicação 
da alma ao corpo é a glândula pineal, isto é, a epífise.) Mas isso não esclarece a união 
da alma e do corpo, que é um fato de experiência, puramente vivido e ininteligível. 
Na medida em que Descartes considera o homem no que ele tem de essencial, 
enquanto espírito, ou quando se ocupa do composto humano, sua moral assume 
aspectos diferentes: 
a) Consideremos o homem enquanto espírito, enquanto liberdade: o valor 
supremo é a generosidade. "A verdadeira generosidade que faz com que um homem 
se estime, no ponto máximo em que ele pode legitimamente estimar-se, consiste, em 
parte, na consciência de que nada lhe pertence verdadeiramente, exceto essa livre 
disposição de suas vontades... e em parteno sentimento de uma firme e constante 
 
 
20 
 
resolução de bem usá-la, isto é, de nunca lhe faltar vontade para empreender e 
executar todas as coisas que julgar melhores, o que é seguir a virtude perfeitamente". 
b) Se considerarmos o homem enquanto espírito unido a um corpo, somos 
obrigados a levar em conta as paixões, isto é, a afetividade em sentido amplo. Paixão 
é, para Descartes, tudo o que o corpo determina na alma. E Ele, que nada tem de 
asceta, acha que devemos antes dominá-las do que desenvolvê-las. Isso porque ele 
se coloca do ponto de vista da felicidade. O bom funcionamento do corpo, as ligações 
harmoniosas entre os espíritos animais e os pensamentos humanos são altamente 
desejáveis. A moral surge, então, como uma técnica de felicidade e, nessa técnica, a 
medicina desempenha importante papel. A moral surge aqui como uma aplicação 
direta ao mecanicismo cartesiano. 
13 UTILITARISMO 
Em Filosofia, o utilitarismo é uma doutrina ética que prescreve a ação (ou 
inação) de forma a aperfeiçoar o bem-estar do conjunto dos seres envolvidos. O 
utilitarismo é então uma forma de consequencialismo, ou seja, ele avalia uma ação 
(ou regra) unicamente em função de suas consequências. 
Filosoficamente, pode-se resumir a doutrina utilitarista pela frase: Agir sempre 
de forma a produzir a maior quantidade de bem-estar (Princípio do bem-estar 
máximo). 
Trata-se então de uma moral eudemonista, mas que, ao contrário do egoísmo, 
insiste no fato de que devemos considerar o bem-estar de todos e não o de uma única 
pessoa. 
 
 
21 
 
 
Fonte: editoramundomaior.wordpress.com 
Antes de quaisquer outros, foram Jeremy Bentham (1748-1832) e John Stuart 
Mill (1806-1873) que sistematizaram o princípio da utilidade e o aplicaram a questões 
concretas – sistema político, legislação, justiça, política econômica, liberdade sexual, 
emancipação feminina, etc. 
Em Economia, o utilitarismo pode ser entendido como um princípio ético no 
qual o que determina se uma decisão ou ação é correta, é o benefício intrínseco 
exercido à coletividade, ou seja, quanto maior o benefício coletivo, tanto melhor a 
decisão ou ação. 
13.1 Princípio da Utilidade 
John Stuart Mill foi um dos filósofos que se debruçaram sobre o princípio da 
utilidade. Bentham expõe o conceito central da utilidade no primeiro capítulo do livro 
Introduction to the Principles of Morals and Legislation (―Introdução aos princípios da 
moral e legislação‖), da seguinte forma: 
― Por princípio da utilidade, entendemos o princípio segundo o qual toda ação, 
qualquer que seja, deve ser aprovada ou rejeitada em função de sua tendência de 
aumentar ou reduzir o bem-estar das partes afetadas pela ação. (...) Designamos por 
utilidade a tendência de alguma coisa em alcançar o bem-estar, o bem, o belo, a 
 
 
22 
 
felicidade, as vantagens, etc. “O conceito de utilidade não deve ser reduzido ao 
sentido corrente de modo de vida com um fim imediato". 
13.2 Perspectiva moral e política: Características gerais 
O utilitarismo, concebido como um critério geral de moralidade pode e deve ser 
aplicado tanto às ações individuais quanto às decisões políticas, tanto no domínio 
econômico quanto nos domínios sociais ou judiciários. O Utilitarismo é um tipo de ética 
normativa -- com origem nas obras dos filósofos e economistas ingleses do século 
XVIII e XIX, Jeremy Bentham e John Stuart Mill, -- segundo a qual uma ação é 
moralmente correta se tende a promover a felicidade e condenável se tende a produzir 
a infelicidade, considerada não apenas a felicidade do agente da ação, mas também 
a de todos os afetados por ela. 
O utilitarismo rejeita o egoísmo, opondo-se a ideia de que o indivíduo deva 
perseguir seus próprios interesses, mesmo à custa dos outros, e se opõe também a 
qualquer teoria ética que considere ações ou tipos de atos como certos ou errados 
independentemente das consequências que eles possam ter. 
O utilitarismo assim difere radicalmente das teorias éticas que fazem o caráter 
de bom ou mal de uma ação depender do motivo do agente porque, de acordo com o 
Utilitarismo, é possível que uma coisa boa venha a resultar de uma motivação ruim no 
indivíduo. 
Antes, porém, desses dois autores darem forma ao Utilitarismo, o pensamento 
utilitarista já existia, inclusive na filosofia antiga, principalmente no de Epicuro e seus 
seguidores na Grécia antiga. E na Inglaterra, alguns historiadores indicam o Bispo 
Richard Cumberland, um filósofo moralista do século XVII, como o primeiro a 
apresentar uma filosofia utilitarista. Uma geração depois, Francis Hutcheson, com sua 
teoria do "sentido interior da moralidade" ("moral sense") manteve uma posição 
utilitarista mais clara. Ele cunhou a frase utilitarista de que "a melhor ação é a que 
busca a maior felicidade para o maior número de indivíduos". Também propôs uma 
forma de "aritmética moral" para cálculo da melhor consequência possível. David 
Hume tentou analisar a origem das virtudes em termos de sua contribuição útil. 
 
 
23 
 
O próprio Bentham disse haver descoberto o "princípio de utilidade" nos 
escritos de vários pensadores do século XVIII como Joseph Priestley, um clérigo 
dissidente famoso por haver descoberto o oxigênio, e Claude-Adrien Helvétius, autor 
de uma filosofia de meras sensações, de Cesare Beccaria, jurista italiano, e de David 
Hume. Helvétius foi posterior a Hume e deve ter conhecido seu pensamento, e 
Beccária o de Helvétius. 
Outro apoio ao Utilitarismo é o de natureza teológica, devido a John Gay, um 
filósofo estudioso da Bíblia que argumentava que fazer a vontade de Deus era o único 
critério de virtude, mas que, devido à bondade divina, ele concluía que Deus desejava 
que o homem promovesse a felicidade humana. 
Bentham, que aparentemente acreditava que o indivíduo, no governo de seus 
atos iria sempre buscar maximizar seu próprio prazer e minimizar seu sofrimento, 
colocou no prazer e na dor ambos a causa das ações humanas e as bases de um 
critério normativo da ação. 
À arte de alguém governar suas próprias ações, Bentham chamou "ética 
particular". Neste caso a felicidade do agente é o fator determinante; a felicidade dos 
outros governa somente até o ponto em que o agente é motivado por simpatia, 
benevolência, ou interesse na boa vontade e opinião favorável dos outros. 
Para Bentham, a regra de se buscar a maior felicidade possível para o maior 
número possível de pessoas devia ter papel primordial na arte de legislar, na qual o 
legislador buscaria maximizar a felicidade da comunidade inteira criando uma 
identidade de interesses entre cada indivíduo e seus companheiros. Aplicando penas 
por atos mal-intencionados, o legislador seria prejudicial para um homem que 
causasse danos ao seu vizinho. O trabalho filosófico mais importante de Bentham, An 
Introduction to the Principles of Morals and Legislation ("Uma introdução aos princípios 
de moral e legislação"), de 1789, foi pensado como uma introdução a um projeto de 
Código Penal. 
Jeremy Bentham atraiu jovens intelectuais como discípulos, entre eles o 
economista David Ricardo, James Mill e o jurista John Austin. Mais tarde John Stuart 
Mill, filho de James Mill, defendia o voto feminino, a educação paga pelo Estado para 
todos, e outras propostas radicais para sua época, com base na visão utilitarista de 
que tais medidas eram essenciais à felicidade e bem estar de todos, assim como 
 
 
24 
 
também a liberdade de expressão e a não interferência do governo quando o 
comportamento individual não afetasse as outras pessoas. Seu ensaio "Utilitarianism," 
publicado no Fraser's Magazine (1861), é citado como uma elegante defesa da 
doutrina Utilitarista e considerada ser ainda a melhor introdução ao assunto, 
apresentando o Utilitarismo como uma ética tanto para o comportamento do indivíduo 
comum quanto para a legislação social. 
BIBLIOGRAFIA 
CHAUÍ, Marilena. Convite á Filosofia.São Paulo: Ática, 1999. 
COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2000. 
PRADO JUNIOR, C. O que é Filosofia. São Paulo: Brasiliense, 1983. 
REALE, M. Introdução a Filosofia. São Paulo: Saraiva, 1988. 
SANCHEZ VASQUEZ, Adolfo. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000. 
ARANHA, M.L ; MARTINS, M.H.P. Filosofando: introdução a filosofia. São Paulo: 
moderna, 1993. 
BUARQUE, Cristovam. A desordem do progresso. São Paulo: paz e terra, 1993. 
CIVITA, Victor. A história da filosofia. Coleção de pensadores. São Paulo: Nova 
Cultural, 1999. 
 
 
 
25 
 
14 LEITURA COMPLEMENTAR 
Autores: Horácio Luján Martinez, Edemir Jose Pulita e Joel Cezar Bonin 
Disponível em: 
http://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rfe/article/
view/8643695/11211 
Acesso: 7 de junho de 2016 
15 UM DIÁLOGO ENTRE A FILOSOFIA, A EDUCAÇÃO E A POLÍTICA: LIMIARES 
ENTRE A MORAL, O LEGAL E A REIFICAÇÃO 
Horácio Luján Martinez, professor da PUC-PR 
Edemir Jose Pulita, doutorando pela UnB 
Joel Cezar Bonin, doutorando pela PUC-PR 
 
Filosofia e Educação [rfe] – volume 8, número 1 – 
Campinas, SP Fevereiro-Maio de 2016 – ISSN 1984-9605 – p. 133-
162 
Resumo 
O objetivo desta reflexão é estabelecer um diálogo entre os espaços da educação, da filosofia 
e da política, buscando construir pontes entre eles. Seu embasamento teórico se refere à crítica ao 
capitalismo e ao conceito de reificação, a partir de autores da Escola de Frankfurt, de Foucault, de 
Benjamin e outros autores. Esse texto também faz referência aos acontecimentos recentes que 
envolvem a presença (ou ausência) dos três elementos citados anteriormente. Viu-se que a educação 
enquanto estratégia política de governo, foi solapada por medidas governamentais nas esferas 
estaduais e federal, ao imporem ações que não promoveram o seu devido desenvolvimento. Diante 
disso, tentamos abordar no texto que segue a falsa ideia de que a “educação é para todos” e que é 
preciso um olhar político-filosófico para compreender tal assertiva, pois vê-se que os modos de 
abordagem que discutem a educação em nosso país são enfaticamente mais alienantes e reificadores 
do que emancipatórios e democráticos. 
Palavras-chave: filosofia; educação; política. 
 
 
26 
 
 
Abstract 
The purpose of this reflection is to establish a dialogue between the areas of education, 
philosophy and politics, seeking to build bridges between them. Its theoretical foundation refers to the 
critique of capitalism and the concept of reification, from authors of the Frankfurt School, Foucault, 
Benjamin and other authors. This text also refers to recent events involving the presence (or absence) 
of the three elements mentioned above. We have seen that education as a political strategy of the 
government was undermined by government measures in state and federal, to impose actions that did 
not promote their proper development. Therefore, we tried to address in the text that follows the false 
idea that "education is for everyone" and that it takes a political and philosophical look to understand 
this assertion, because it is seen that the approach modes discussing education in our country are 
emphatically more alienating and reifying than emancipatory and democratic. 
Keywords: philosophy; education; policy. 
Os desafios da Pátria Educadora 
A temática da educação não passa incólume nem mesmo nos setores e nas 
dimensões da vida pública que pouco dependem ou se ligam a ela. Para citar dois 
exemplos, a produção petrolífera e o conceito de família. A reflexão acerca da 
educação atinge espaços de interação que vão desde a mesa do jantar até os 
bastidores do Congresso Nacional. Por isso, não é de se estranhar que as faculdades 
consideradas licenciaturas entrem neste embate diante da temática da educação, 
como por exemplo, a filosofia, a história, a geografia, a matemática, a pedagogia, entre 
outras. Porém, a discussão começa a causar alvoroço quanto se tenta pensar este 
campo polêmico, polissêmico e polifônico a partir da possibilidade do estabelecimento 
de um fundamento científico ou de princípios filosóficos que lhe deem sustentação em 
termos de conceitos, práticas, reflexões e políticas. 
Buscamos, nos limites deste artigo, discutir as interfaces entre os campos da 
educação e da filosofia, sob o foco da política, tanto em termos teóricos quanto em 
termos práticos. Segundo Oliveira (2012, p. 10ss) tanto o empenho filosófico quanto 
a prática educativa, se vistos numa perspectiva dialógica e convergente entre a 
Filosofia e a Educação por filósofoseducadores ou educadores-filósofos, tem muito a 
 
 
27 
 
enriquecer a reflexão, o diálogo, a análise e a construção de conhecimentos em 
ambas as áreas, seja no saber filosófico ou na ciência pedagógica. Relembrando o 
período clássico da filosofia grega, Botter (2012) é pontual ao afirmar que “a filosofia 
é pedagógica e a pedagogia é filosófica, assim como a filosofiapedagogia é política e 
a política é filosófico-pedagógica” (p. 19-20). 
Diversos acontecimentos recentes demarcam, por outro lado, uma grande 
dissociação entre o mundo filosófico, pedagógico e político. 
Vivemos dias nebulosos nos quais não se nota mais a aproximação entre 
filosofia, política e educação. “Um povo que não conhece a sua história está 
condenado a repeti-la”. Esse jargão tão propalado é uma máxima da profunda 
separação do cidadão comum como o mundo que o cerca. 
Desse modo, queremos aprofundar a correlação que existe entre o mundo da 
TV ou das tecnologias comunicacionais digitais e do mundo vivido, entre a realidade 
que se escancara diante de nossos olhos e a realidade produzida pelo mundo 
midiático, e um pouco sobre a realidade em que se constrói a educação no Brasil, tão 
midiaticamente utilizada pela política e seus sujeitos. Uma pátria que se pretende 
educadora deve priorizar e construir diálogos entre as práticas educativas, as ações 
políticas e os saberes filosóficos. 
Que país e mundo são esses? 
“Vivemos esperando dias melhores” (Jota Quest, 2000). Essa frase presente 
na canção Dias melhores da banda Jota Quest, lançada no ano que fecha o segundo 
milênio da era cristã, reflete claramente a expectativa que muitas pessoas têm diante 
do mundo e da vida. Tal esperança já se manifestava no início do século XX, um 
século que marcou historicamente a existência humana, pois se acreditava que todas 
as inovações e invenções decorrentes da Revolução Industrial se plenificassem na 
aurora desse tempo. Porém, o que vemos hoje, em pleno século XXI, é que a vida, 
em diversos aspectos e sob vários pontos de vista, está sendo suprimida e 
mensurada, controlada e vigiada, manipulada e reificada. 
 
 
28 
 
É evidente que não se está afirmando nada de novo, não há aqui uma 
pretensão de expor nada de inovador, até porque tal palavra se apresenta, por 
inúmeras vezes, como puramente ideológica. O que se esconde por trás de toda 
inovação pode ter um “quê” de mascaramento. O que exige cada vez mais um 
exercício hermenêutico profundo, pois quer se saber se a inovação apresentada pelas 
principais vias de comunicação deseja ou não esconder a verdade, seja a coloquial, a 
impressa ou a midiática. Essa realidade é ainda mais impactante quando se vê as 
crescentes denominações da sociedade atual enquanto era da informação e/ou do 
conhecimento. 
Um dos maiores problemas da comunicação atual repousa na angústia de dizer 
algo mesmo que não seja necessário dizer nada. Notícias sensacionalistas, 
propagandas espetaculares, telejornais impregnados de falsas verdades. Como já 
havia escrito Walter Benjamin (1985, p. 202), citando Villemessant, jornalista que 
fundou o Figaro: “para meus leitores, o incêndio num sótão do Quartier Latin é mais 
importante que uma revolução em Madri”. Juntamente com a televisão, o mundo da 
tecnologia preencheu um vazio que ainda permanece oco. Na substituição da 
comunicação oral e no afã de induzirtodos a desejarem as mesmas coisas, o ser 
humano ainda permanece desamparado. Na substituição do sagrado transcendental, 
o ser humano busca o sagrado que emana dos próprios objetos, sem se dar conta 
que os objetos estão para ele e não o contrário. A fé dogmática de outrora em um 
mundo no qual predominava a ideologia cristã, se transubstancializou em uma fé 
dogmática extremista e fundamentalista não apenas presente nos estabelecimentos 
e nos postos da fé, mas agora mais presente ainda através dos meios de comunicação 
digitais em rede. 
Sartre (1987, p. 6) ao afirmar que a “existência precede a essência” foi e 
continua sendo mal-interpretado, pois é cada vez mais evidente a noção de que as 
pessoas anseiam por uma existência sem essência. O fato de que primeiro existimos 
e depois encontramos a nossa essência ainda permanece uma incógnita, pois é cada 
vez mais explícito que as pessoas querem apenas existir. Tal reflexão se maximiza 
sobremaneira em uma sociedade que está imersa e envolta em uma profusão 
midiática e tecnológica sem precedentes na História. Nesta sociedade de consumo, 
 
 
29 
 
altamente tecnologizada e midiatizada, o ter, o ser e o estar se confundem com o 
comprar, o possuir e o utilizar. A mistura contemporânea de hedonismo e de 
maniqueísmo encontrou nas tecnologias digitais uma levedura extremamente potente 
de fermentação. 
Para se fazer uma escolha sincera por uma reflexão mais aprofundada, é mister 
compreender que justamente no início do século passado, os estudiosos da Escola 
de Frankfurt e alguns outros a eles relacionados, analisaram as possíveis 
consequências do avanço tecnológico, primeiramente, refletindo sobre o 
desenvolvimento bélico usado na 1ª e na 2 ª Guerras Mundiais e suas consequências 
para a vida posterior. Adorno (2010 , p. 11), neste sentido, afirma que “o 
desenvolvimento da sociedade a partir da Ilustração, em que cabe importante papel à 
educação e formação cultural, conduziu inexoravelmente à barbárie”. Fazendo uma 
crítica, tendo por base a premissa de “que Auschwitz não se repita!” (2010, p. 21), o 
filósofo reflete a respeito da ideologia do progresso: 
 
Em outras palavras: a questão do poder e da ética, a dominação 
autoritária ou a democracia, não são examinadas como fundantes ou 
existências primárias [...] mas derivadas no curso do desenvolvimento 
determinado da formação social. Auschwitz faz parte de um processo social 
objetivo de uma regressão associada ao progresso, um processo de 
coisificação que impede a experiência formativa, substituindo-a por uma 
reflexão afirmativa autoconservadora, da situação vigente. Auschwitz não 
representa apenas o genocídio num campo de extermínio, mas simboliza a 
tragédia da formação na sociedade capitalista (Adorno, 2010, p. 22). 
 
Pensar acerca dos avanços tecnológicos e das mudanças que tais 
transformações aportam, não implica em uma pura negação dos benefícios que estes 
trouxeram para a vida humana, mas, ao contrário serve para afirmar que uma visão 
de mundo baseada somente nas tecnologias se torna escrava e refém de um sistema 
de controle e vigilância da vida humana, tão proficuamente expresso por Michel 
Foucault (1987) em Vigiar e Punir. As tecnologias em geral e, principalmente, as de 
 
 
30 
 
controle e de vigilância nascem de modo mais claro no século XIX, mas se 
transformam em sistemas no século seguinte. A lógica desse controle e desse poder 
transmuta-se do espaço das penitenciárias, dos hospitais e das fábricas para o mundo 
vivido, isto é, não há como escapar do “olho que tudo vê”, que passa de uma mera 
expressão metafísica, segundo os moldes cristãos, para algo mais concreto e prático. 
Desse modo, as formas de controle se expandem e, tal qual um deus invisível 
e poderoso, opera sobre os seres humanos de modo cada vez mais eficaz. Na medida 
em que novos meios de comunicação, tais como smartphones e notebooks, se tornam 
cada vez mais democráticos e as pessoas tem um acesso maior à rede mundial de 
computadores via conexão digital, o mundo da informação, da comunicação e da 
expressão é cada vez mais propalado e reproduzido. Porém, surge-nos uma questão 
essencial: isso efetivamente tornou a vida das pessoas algo melhor? 
Por esse viés e sublinhando o impacto que qualquer meio produz na sociedade, 
McLuhan (2007, p. 25) escreve que os “meios levam em conta não apenas o 
‘conteúdo’, mas o próprio meio e a matriz cultural em que um meio ou veículo 
específico atua”. Diante disso, então, “cada produto que molda uma sociedade acaba 
por transpirar em todos e por todos os seus sentidos” (McLuhan, 2007, p. 37), ou seja, 
por mais ou menos influenciados que sejamos, conscientes ou não, estamos imersos 
no ambiente digital e virtual por toda parte e em todas as dimensões de nossas vidas. 
A conclusão de McLuhan (2007, p. 403) do livro Os meios de comunicação como 
extensões do homem é envolta em um realismo pessimista nebuloso: “o temor pânico 
ante a automação em escala mundial, é uma projeção no futuro do especialismo e da 
padronização mecânica – que agora pertencem ao passado”. Nesse sentido, 
podemos citar um trecho da obra de Deleuze (Conversações) que corrobora 
McLuhan. 
 
É fácil fazer corresponder a cada sociedade certos tipos de máquina, 
não porque as máquinas sejam determinantes, mas porque elas exprimem as 
formas sociais capazes de lhes darem nascimento e utilizá-las. As antigas 
sociedades de soberania manejavam máquinas simples, alavancas, roldanas, 
 
 
31 
 
relógios; mas as sociedades disciplinares recentes tinham por equipamento 
máquinas energéticas, com o perigo passivo da entropia e o perigo ativo da 
sabotagem; as sociedades de controle operam por máquinas de uma terceira 
espécie, máquinas de informática e computadores, cujo perigo passivo é a 
interferência, e, o ativo, a pirataria e a introdução de vírus (Deleuze, 2013, p. 
227). 
 
“Ter o mundo na palma de sua mão” é um slogan de uma operadora de telefonia 
móvel que cada vez mais possui novos adeptos ou seguidores. Nesse caso, é 
fundamental nos atentarmos para o uso da palavra “seguidor”. A frase messiânica de 
Jesus: “Venha e siga-me” (Bíblia, 1991, p. 1265) é um símbolo que traduz uma das 
mais fortes verdades que vemos em nosso tempo, contudo, o seguimento é cego ou, 
no mínimo, caolho. A postura de abandono das próprias escolhas, da ausência de 
autonomia, a falta de um exercício refletido acerca daquilo que se quer, resumem o 
“cardápio do dia”. O que se quer para além das migalhas e da sensação de euforia 
meteórica e instantânea? Ainda não se sabe, pois nos dias de hoje ainda não há uma 
certeza de qual será a reação dos inúmeros Narcisos digitais diante de seus lagos-
telas. Contudo, a profusão midiática, tecnológica e informacional está em franco 
desenvolvimento e pesquisas das áreas de mídias, comunicação e educação estão 
debatendo suas características, movimentos, sujeitos, tempos e espaços sob diversos 
enfoques, discursos e ideologias. Diante disso, cabe a indagação de qual será o 
resultado: se emancipatório ou se catastrófico. 
Desse modo, vê-se que a vida humana foi reduzida ao constante despertar do 
desejo. O desejo de se querer algo, que ao fim e ao cabo, não se quer. As 
manifestações efusivas do desejo estão presentes na vida infantil e adulta. As 
crianças encontram constantemente estímulos para almejarem algo que não está 
nelas, mas que precisam ser introjetados para se sentirem partícipes de grupos 
sociais. As habilidades motoras, o ato de brincar, o ato de estabelecer vínculos 
afetivos sinceros são substituídos por produtos que criam agora um laço de inclusão 
social, mas que não são mais dirigidos pelo “estar-com” ou “com-um” 
(comum/comunidade), porém agora pelo “tercom”. As relações sociais são 
 
 
32 
 
estabelecidas com base em uma vida “desvivida”, no sentido de que experimentar a 
crueza da vida se tornou algo enfadonho, triste, semlógica. Certa anestesia mental 
invadiu as relações. O contato com o mundo e com o outro passou a ser mediado por 
instrumentos. Não se pode mais sentir o mundo como ele mesmo é, senão somente 
por meio das tecnologias. Vivencia-se o prazer existencial, sexual, relacional por meio 
de sensações virtuais. O real, enquanto ele mesmo, é interpretado por meio de algo 
não-real. Tempos e espaços variam entre o presencial e o virtual e a configuração da 
identidade, da memória e da subjetividade se dão de maneira diversa em/entre 
ambos. O termo virtual pode ser entendido em três sentidos, segundo Pierre Lévy 
(2000) em um sentido técnico informacional, em um sentido corrente e em um sentido 
filosófico. Nesta última acepção, segundo o autor, o virtual não é antônimo de real, 
mas sim se opõe ao atual, pois “virtualidade e actualidade são apenas duas formas 
diferentes da realidade. Se é da essência da semente produzir uma árvore, a 
virtualidade da árvore é bem real (sem ser ainda actual)” (Lévy, 2000, p. 51). 
Percebe-se também que na vida adulta é cada vez mais premente o acesso 
aos bens de consumo. A disponibilidade facilitada de aquisição de uma infinidade de 
cartões de crédito faz com que os homens e mulheres se tornem inadimplentes 
justamente porque anseiam pelos objetos que encontram, seja pela tela da TV ou do 
computador. Tal anseio remete a um desejo irrefreado de posse, de falso domínio e 
de alívio. Os compradores compulsivos não são apenas “doentes mentais”, ao 
contrário, são seres humanos que não foram capazes de refletir sobre as 
consequências nefastas do desejo ou foram convencidos sem a menor chance de 
qualquer reação contrária. O marketing “agressivo” faz com que o consumidor seja 
movido a desejar e a ser incitado pela vontade, pois como afirma Schopenhauer 
(2005), a vontade é ilimitada e o resultado disso é a frustração e a tristeza decorrentes 
da impossibilidade da aquisição dos bens desejados. 
 
Entre querer e alcançar flui sem cessar toda vida humana. O desejo, 
por sua própria natureza, é dor; já a satisfação logo provoca saciedade: o fim 
fora apenas aparente: a posse elimina a excitação, porém o desejo, a 
necessidade aparece em nova figura (Schopenhauer, 2005, p. 404). 
 
 
33 
 
 
A incessante insatisfação do desejo desperta nas pessoas um ad eternum de 
frustração. Em outras palavras, como o desejo não tem objeto definido e vai sendo 
alterado perpetuamente, o ser humano se vê desamparado, fraco, nu. Essa nudez do 
desejo o leva ao preenchimento constante desse vazio, mesmo que aquilo que se 
quer seja indefinido. Muitos pensadores da Escola de Frankfurt, ou ligados a ela, 
abordaram o tema da “insatisfação programada” decorrente da contínua 
obsolescência do desejo. Adorno, Horkheimer e Benjamim podem ser considerados 
aqueles que mais discutiram tais temas na esteira do pensamento marxiano. Desse 
modo, é assaz necessário dizer que Marx já afirmara em O Capital que 
 
a mercadoria é misteriosa simplesmente por encobrir as características 
sociais do próprio trabalho dos homens, apresentando-as com características 
materiais e propriedades sociais inerentes aos produtos do trabalho; por 
ocultar, portanto, a relação social entre os trabalhos individuais dos produtores 
e o trabalho total, ao refleti-la como relação social existente, à margem deles, 
entre os produtos do seu próprio trabalho. Através dessa dissimulação, os 
produtos do trabalho se tornam mercadorias, coisas sociais, com propriedades 
perceptíveis e imperceptíveis aos sentidos (Marx, 1980, p. 81). 
 
O prelúdio de Marx assume vestes macabras no período dos anos 30 e 40 do 
século XX, período no qual a Escola de Frankfurt foi fundada e ocorreu a 2ª Guerra 
Mundial, pois a mercadoria fetichizada é a mercadoria da morte. A morte de inúmeros 
judeus que são perseguidos pelo nazismo, a morte de pessoas que devem ser 
eliminadas pelo simples fato de existirem. A existência agora é motivo de ódio, de 
rancor. Um nós deve aniquilar um eles. A morte é a principal fonte de renda nesse 
período. Fazer do Holocausto uma máquina de produção, que sistematicamente 
aniquila e destrói a história de um povo resultando absurdamente na incapacidade de 
se avaliar a morte do outro como um negócio foi a principal crítica de Hannah Arendt 
 
 
34 
 
aos perseguidores do povo judeu, incorporados na figura de Adolf Eichmann. E essa 
relação de morte está, segundo Arendt, estritamente ligada a uma ideia de consumo: 
 
Crer que tal sociedade há de se tornar mais “cultivada” com o correr do 
tempo e com a obra da educação constitui, penso eu, um fatal engano. O fato 
é que uma sociedade de consumo não pode absolutamente saber como cuidar 
de um mundo e das coisas que pertencem de modo exclusivo ao espaço das 
aparências mundanas, visto que sua atitude central ante todos os objetos, a 
atitude do consumo, condena à ruína tudo em que toca (Arendt, 2003, p. 264). 
 
Seguindo essa reflexão, Foucault (1996, p. 206) afirma que “a morte do outro, 
a morte da raça má, da raça inferior (degenerada, inferior) é isso que tornará a vida 
mais sã e mais pura”. E o autor continua escrevendo, se questionando "como é 
possível que um poder político mate, reivindique a morte, exija a morte, mande matar, 
dê a ordem para matar, exponha a morte não só aos seus inimigos, mas também aos 
seus cidadãos?" (Foucault, 1996, p. 205). 
Outrossim, se a experiência histórica recente não nos desperta à consciência, 
à crítica e à reflexão, é fundamental fazermos um contraponto com a relação do 
homem com as mercadorias na atualidade. O fetiche ainda é o mesmo, porém o foco 
agora é a manutenção da vida pelo consumismo. O essencial é enfatizar que tudo se 
tornou mercadoria, porém sem invólucros ou mascaramentos. E isso se vê 
maximizado com a profusão midiática, informacional, tecnológica e digital. A 
decepção, contudo, está na cegueira com a qual as pessoas, voluntariamente, se 
inserem neste círculo vicioso. Porém, como lembra Jaguaribe (2007) em O choque do 
real: estética, mídia e cultura, “o acesso à realidade é moldado pelos meios de 
comunicação que fornecem, inclusive, os imaginários para a invenção e fabricação do 
indivíduo” (p. 37). 
 
 
 
35 
 
Regidas pela lógica capitalista da circulação, as imagens imperam, 
impõem o domínio da aparência e fomentam a alienação social já que 
dinamitam agenciamentos sociais em prol das fabricações visuais que não 
convidam ao diálogo, mas à mera passividade da absorção consumista 
(Jaguaribe, 2007, p. 38). 
 
A existência que, outrora, se fundava numa vida após a morte ou numa ascese 
espiritualizada, naufraga em um afã de desejos quiméricos e vazios. Quando se 
compra um bem móvel ou imóvel, o mesmo já engendra uma insatisfação, pois dentro 
de poucos dias, o mercado já lança um novo produto mais moderno e mais “completo” 
do que o adquirido. Esse constante update das coisas causa uma sensação de 
frustração e amargura que geram aquilo que Adorno e Horkheimer chamam de 
“promissória da felicidade”: 
 
A indústria [...] não cessa de lograr seus consumidores quanto àquilo 
que está continuamente a lhes prometer. A promissória sobre o prazer, emitida 
pelo enredo e pela encenação é prorrogada indefinidamente: maldosamente, a 
promessa a que afinal se reduz o espetáculo significa que jamais chegaremos 
à coisa mesma, que o convidado deve se contentar com a leitura do cardápio 
(Adorno; Horkheimer, 1985, p. 130-131). 
 
A promessa nunca cumprida resume com clareza o entendimento de que o 
desejo como algo que precisa encontrar uma resposta imediata é algo evidente. Essa 
imediatez certamente precisa ser atualizada diariamente, constantemente. “A 
felicidade na palma da sua mão” é uma boa paráfrase, pois a plenitude do desejo se 
efetiva desse modo. Além disso, nota-se que há também uma visão muito reducionista 
dos conflitos na vida política na atualidade, pois se crê que a partir doliberalismo, as 
pessoas seriam capazes de ver o mundo como um lócus de consenso. Tal afirmativa 
corrobora com a ideia de que vivemos em um mundo que segue a “lógica do doce 
 
 
36 
 
comércio”, do laissez faire. Por isso, politicamente falando, podemos destacar o que 
Chantal Mouffe afirma sobre o cenário político atual: 
 
As sociedades democráticas encaram atualmente um desafio para o 
qual estão mal preparadas a responder. Longe de ter conduzido a uma suave 
transição para a democracia pluralista, o colapso do comunismo abriu caminho 
para uma explosão de conflitos étnicos, religiosos e nacionalistas que muitos 
liberais não podem compreender. Na visão destes, os antagonismos 
pertencem a uma era passada, a um tempo pré-moderno, quando as paixões 
não tinham ainda sido eliminadas pelo ‘doce comércio’ e substituídas pelo 
domínio racional dos interesses e pela generalização das identidades ‘pós-
convencionais’. Daí a dificuldade dos pensadores democráticos liberais para 
compreender a proliferação atual dos particularismos e a emergência de 
antagonismos supostamente ‘arcaicos’ (Mouffe, 2003, p. 12). 
 
Contudo, voltando ao problema do consumismo e da “doce domesticação 
midiática”, o acesso aos bens de consumo se tornou algo tangível para muitos em 
nossa contemporaneidade. Os sujeitos são vítimas de toda uma avalanche de 
estímulos e incitações que afloram na sensibilidade. Os padrões estéticos, os padrões 
éticos e os padrões de consumo se unificaram diante do marketing que se dá de 
diversas formas: presencial, à distância, virtual, local, global. E a lógica que mais se 
perpetua com isso é a seguinte: não deve haver distinção entre o ser e o ter. Konder 
(2009 , p. 90) aponta que a ideologia capitalista dominante impõe que “se o sujeito 
humano não existe, tudo é vendável, tudo pode ser objeto de compra e venda”. Na 
sequência, o autor constata que “os sujeitos humanos, cada vez mais, estão sumindo; 
uns desaparecem nas grandes empresas, nas sociedades anônimas; outros somem 
atrás dos objetos-mercadorias” ( Konder, 2009, p. 90), que, segundo o pensador, 
atualmente possuem mais visibilidade que os próprios sujeitos produtores e 
consumidores. 
Cria-se uma nova noção de estética: a aparência vale mais do que a essência. 
Aliás, deve haver uma nova distinção estética, mais forte e cruel: a aparência 
 
 
37 
 
suplantou a essência. Essa noção estética não tem a ver com um modo de ser ou de 
se viver, mas infelizmente está conectada a um saberpoder-ter. Os saberes se 
redundaram a uma forma de vida que implica numa objetivação do ser. As 
subjetividades foram exterminadas tendo como fim a plenitude de um modo de vida 
igualmente padronizado e reificado. É uma ontologia do aqui e agora. Uma 
plenificação de um modelo de vida que coisifica o ser humano em um objeto 
desprovido de valores, de sentimentos, de identidade. Ele deve ser o que é como 
coisa e não como sujeito que pensa, que critica, que analisa. Ele apenas precisa imitar 
um modelo que o coloque no mundo como um número, um objeto e isso basta. Essa 
discussão nos remete à reflexão de Jaguaribe, sobre a atualização do conceito de 
fetiche a partir das tradições marxista e freudiana. 
 
Qual seria a versão moderna na palavra fetiche? Embora possa existir 
algumas variações sobre o início histórico do termo fetiche, há um consenso 
acadêmico que situa este conceito em duas vertentes básicas. Por um lado, o 
fetiche está associado à interpretação psicanalítica, notadamente a análise de 
Freud que compreende o fetiche como resultante de uma ansiedade de 
castração propiciada pela visão do sexo feminino. [...] A outra associação 
possível com a palavra fetiche é dada pela óptica de Marx que situa o 
fetichismo como o encantamento com mercadorias e objetos em que estes são 
dotados de significados imanentes que obscurecem o trabalho histórico 
espoliativo que fora acionado para sua fabricação. Em ambas as versões, há o 
deslocamento do desejo e uma forte ênfase na visualidade como provocadora 
do fetiche (Jaguaribe, 2007, p. 188). 
 
Além disso, um dos fundamentos principais da teoria da história e das 
categorias de tempo e de construção do conhecimento de Walter Benjamin é a 
contraposição ao conceito de progresso, visto dentro de uma teleologia, a qual está 
fadado o desenvolvimento tecnológico da humanidade. Benjamin denuncia já em sua 
época que o progresso da ciência não é sinônimo de desenvolvimento da 
humanidade, mas “ele o seria se, com o crescimento dos conteúdos de verdade 
acumulados, aumentasse igualmente a participação dos seres humanos nestes 
 
 
38 
 
conhecimentos” (2009, p. 522-523). Benjamim desenvolve tal reflexão em diversos 
textos, mas, principalmente, no O anjo da História, ao fazer uma análise de uma 
imagem de Paul Klee, o Angelus Novus. 
 
Há um quadro de Klee intitulado Angelus Novus. Representa um anjo 
que parece preparar-se para se afastar de qualquer coisa que olha fixamente. 
Tem os olhos esbugalhados, a boca escancarada e as asas abertas. O anjo da 
história deve ter esse aspecto. Voltou o rosto para o passado. A cadeia de fatos 
que aparece diante dos nossos olhos é para ele uma catástrofe sem fim, que 
incessantemente acumula ruínas sobre ruínas e lhas lança aos pés. Ele 
gostaria de parar para acordar os mortos e reconstituir, a partir dos seus 
fragmentos, aquilo que foi destruído. Mas do paraíso sopra um vendaval que 
se enrodilha nas suas asas, e que é tão forte que o anjo já não as consegue 
fechar. Esse vendaval arrasta-o imparavelmente para o futuro, a que ele volta 
as costas, enquanto o monte de ruínas à sua frente cresce até o céu. Aquilo a 
que chamamos o progresso é este vendaval (Benjamim, 2013 , p. 14). 
 
Em outras palavras, podemos dizer que a visão de Benjamin diante do futuro 
da humanidade é aterradora, pois os eventos atuais tornam isso claro: a falta de água 
em vários países do mundo, a destruição constante do planeta devido a insaciável 
marcha do progresso do capitalismo tardio, a evidente desigualdade social, o modo 
de produção serializado e uniformizador, a violência contras as minorias, inclusive 
professores. Os avisos não são de ontem, eles já foram declarados há quase um 
século atrás. 
A ideia de progresso atacada por Benjamin, e que deixa o Anjo da História 
estupefato se assemelha aos encantamentos tecnológicos atuais que encobrem e, 
por vezes impedem uma leitura histórica, social, política, e cultural, a qual o filósofo 
alemão convoca a reflexão e ao combate. Pensar o desenvolvimento técnico e 
tecnológico como sinônimos e garantias de progresso, principalmente em termos de 
democracia e justiça dos bens sociais, políticos, culturais, econômicos entre outros, é 
uma ilusão, ou, para usar um termo do próprio Benjamin, uma fantasmagoria. 
 
 
39 
 
Por outro lado, a Aufklärung defendida por Kant (1980) agora se tornou um 
modo de esclarecimento às avessas, no qual a mediocridade se faz patrona da 
verdade. O medíocre se tornou o porta-voz do mundo. A fórmula mais verdadeira que 
resume tal assertiva está na inversão da frase cartesiana que vai do “penso, logo 
existo” para um “consumo, logo existo”. 
É evidente que se está fazendo uma inferência indutiva à ideia cartesiana, mas 
de qualquer modo, a expressão ainda assim é portadora de sentido. 
Quais serão as ruínas que ficarão depois de nós? À essa pergunta, muitas 
respostas podem ser dadas, porém um dos problemas mais evidentes que 
constatamos é a falta de uma compreensão mais clara das consequências futuras das 
ações atuais, que Hans Jonas (1995/2006) defende em seu livro O Princípio 
Responsabilidade, ensaio de uma ética para a civilização tecnológica. Na linha de 
estudos inaugurada por Kant (1980), que visa despertar a importância de imperativos 
categóricos para a ação, Jonas depõe a favor de uma reconfiguração da ação humana 
que não paira mais no agente singular, mas que atingeprioritariamente a coletividade. 
Se o viés kantiano estava tomado por um modo de agir que preconizava uma ação do 
“si para o outro”, tomado por um telos universal visando o ontem para o hoje, Jonas 
declara que as ações humanas precisam ter como fim a coletividade pensando o hoje 
para o futuro. Como afirmam Claúdia Battestin e Gomercindo Ghiggi (2010, p. 71). 
 
no período moderno, o imperativo categórico kantiano foi mantido 
como sendo exemplar por muito tempo, tendo a pretensão de negar tudo que 
fosse extra-humano. Kant formulou seu imperativo com o seguinte propósito: 
‘Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer 
que ela se torne lei universal’ (Kant, 1980, p. 129) . Ou seja, age de tal maneira 
que o princípio de tua ação se transforme numa lei universal. O imperativo de 
Kant é um caso extremo da ética da intenção, obedecendo à ação individual, 
válido no plano individual. Este imperativo dirige-se ao imediato e só requer a 
consistência do ato consigo mesmo. 
 
 
 
40 
 
Em contraponto ao princípio kantiano, Battestin e Ghiggi (2010) defendem que 
Jonas avança ao apontar o papel da responsabilidade que todos os seres humanos 
devem ter diante do mundo e da importância da reflexão acerca das próprias ações. 
 
O Princípio Responsabilidade, além de ser considerado um princípio 
ético, proporciona uma perspectiva de diálogo crítico em plena era tecnológica. 
Jonas entende que, “sob o signo da tecnologia, a ética tem a ver com ações de 
um alcance causal que carece de precedentes [...]. tudo isso coloca a 
responsabilidade no centro da ética” (Jonas, 1995, p. 16-17). Hans Jonas 
formulou um novo e característico imperativo categórico, relacionado a um 
novo tipo de ação humana: “Age de tal forma que os efeitos de tua ação sejam 
compatíveis com a permanência de uma vida humana autêntica sobre a terra” 
(Jonas, 1995 , p.40). O imperativo proposto por Hans Jonas é de ordem 
racional para um agir coletivo como um bem público e não individual ( Battestin, 
Ghiggi, 2010, p. 71). 
 
Essa inversão do telos da ação humana apontada por Jonas pode ser 
considerada como um novo meio para se refletir as consequências do consumismo e 
da ação devastadora do desejo ilimitado, isto é, Jonas critica as ações humanas que 
estão direcionadas apenas para o uso desmedido dos recursos do planeta. Sua visão 
diante do futuro não é nada promissora, tal como Benjamim aponta. Contudo, apesar 
dos avisos já ouvidos, é fundamental a reflexão de que o papel do ser humano diante 
da vida como um todo é repensar o que se almeja com aquilo que se deseja. Dito de 
outro modo, o ser humano precisa saber equilibrar as suas ações e as suas 
consequências. Como afirma Jonas: 
 
[...] Trata-se de saber se, sem restabelecer a categoria do sagrado, 
destruída de cabo a rabo pelo Aufklärung ( Iluminismo) científico, é possível ter 
uma ética que possa controlar os poderes extremos que hoje possuímos e que 
nos vemos obrigados a seguir conquistando e exercendo. [...] Mas uma religião 
inexistente não pode desobrigar a ética de sua tarefa; da religião pode-se dizer 
 
 
41 
 
que ela existe ou não existe como fato que influencia a ação humana, mas no 
caso da ética é preciso dizer que ela tem que existir. Ela tem de existir porque 
os homens agem, e a ética existe para ordenar suas ações e regular seu poder 
de agir. Sua existência é tanto mais necessária, portanto, quanto maiores forem 
os poderes de agir que ela tem de regular. (Jonas, 2006, p. 65-66). 
 
Em outras palavras, sabe-se que há um universo de políticas que tentam 
retomar o cuidado com o humano e com o planeta, porém, nem sempre essas políticas 
levam em consideração o viés ético e, por isso, logo são abafadas ou esquecidas. 
Como Jonas afirma, o viés religioso é facultativo, mas o aspecto ético é o mais 
importante na avaliação das ações humanas, pois todo ser humano age. Agir 
eticamente (como função por excelência da atividade filosófica) é a principal 
prerrogativa para a educação e para a política, porém, sempre é o aspecto mais 
olvidado. A responsabilidade humana deve ser mensurada pela ética pois do ponto 
de vista tecnológico, nos parece, que o primeiro ponto que impede o seu suposto 
progresso é a sua voz. É preciso rever as implicações do progresso pelo olhar crítico 
da ética filosófica. 
Porém, tudo isso pode aparentar ser apenas uma elucubração, pois o 
denominado biopoder, afirmado por Foucault e presente em muitos pensadores 
atuais, tornou a vida humana escrava de um exercício de poder que esquadrinha e 
monitora constantemente a vida humana, inclusive, no que se refere à sexualidade 
como “fonte da própria vida”. 
 
[...] A partir do século XVI, a ‘colocação do sexo em discurso’, em vez 
de sofrer um processo de restrição, foi ao contrário, submetida a um 
mecanismo de crescente incitação; que as técnicas de poder exercidas sobre 
o sexo não obedeceram a um princípio de seleção rigorosa mas, ao contrário, 
de disseminação e implantação das sexualidades polimorfas e que a vontade 
de saber não se detém diante de um tabu irrevogável, mas se obstinou – sem 
dúvida através de muitos erros – em se constituir uma ciência da sexualidade 
(Foucault, 1988 , p. 17-18). 
 
 
42 
 
 
Sendo assim, vê-se com evidência que o controle sobre a vida não se redunda 
apenas a fiscalizar as ações e as intenções humanas, mas acima de tudo, as formas 
de perpetuação da própria vida. Entre o permitido e o proibido, entre os “sim” e os 
“não”, temos limitações e cerceamentos que configuram uma práxis de monitoramento 
da vida. Uma moral, que se tornou mais coercitiva do que a própria lei. Um saber que 
engendra uma maneira de visualizar a própria existência como algo que deve ser 
objeto de estudo científico. Um discurso que tenta amplificar a teia de poder e 
vigilância sobre as pessoas. 
Se, de um lado, temos a ideia foucaultiana de um controle sobre a vida que 
perpassa o aparato sociopolítico, temos pelo viés frankfurtiano, uma visão de 
reificação do ser humano, que não se vê nos objetos produzidos e que, por isso 
mesmo, são fantasmagóricos, providos de vida própria e detentores de um poder que 
ultrapassa o óbvio. É a total redução do sujeito a um objeto, que por um lado, é 
manipulado pelo sistema político e que, por outro, é manipulado pelas coisas. 
Assim afirma Nádia Paulo Ferreira (2010 , p. 426): 
 
[...] Não basta produzir mercadorias, é preciso gerar demandas. Da 
sigla do objeto, se extraem as imagens em torno das quais se constrói o 
discurso da publicidade. A função da marca é introduzir o objeto numa rede de 
associações significantes, fazendo com que se individualize e adquira 
significações que o tornem desejável. Só assim o objeto se torna sustentáculo 
da promessa de um gozo-a-mais. Tratase de uma estratégia que se constrói a 
partir do que é próprio da estrutura de um ser submetido às leis da linguagem. 
Se uma das faces da castração é o não haver da relação sexual, logo, o que 
se vende é o que não há para ser comprado. Mas se não há, é por isto mesmo 
que os objetos são apresentados como fetiches para tomar o lugar de um 
parceiro humano e gerar relações de dependência que venham substituir os 
laços entre os homens. 
 
 
 
43 
 
Até aqui o nosso intento foi o de demonstrar a importância do pensamento 
hodierno acerca da vida humana ou, melhor, nosso intento foi o de apresentar de que 
maneira a vida humana foi mensurada, controlada e manipulada pelos modos de 
consumo e de vivência em sociedade. A partir desse entendimento, podemos 
compreender que a vida humana passou a ser objetivada e reificada, isto é, a vida 
humana reduzida a res. Essa res, a qual o ser humano se transformou agora é 
colocada em evidência no mundo político e no mundo educacional, principalmente se 
o fenômeno for analisado pela maximização da sujeição da própria noção de 
identidade: o que significa ser professor,

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