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Embrapa Rondônia Sistemas de Produção, 3 ISSN 1807-1805 Versão Eletrônica Dez./2005 Autores Adriano Stephan Nascente Engenheiro Agrônomo M.Sc., Embrapa Rondônia, Caixa Postal 406, Porto Velho, Rondônia. CEP 78.900.970. Telefone: 69 222 0014. E-mail: nascente@cpafro.embrapa.br Rogério Sebastião Corrêa da Costa Engenheiro Agrônomo M.Sc., Embrapa Rondônia, Caixa Postal 406, Porto Velho, Rondônia. CEP 78.900.970. Telefone: 69 222 0014. E-mail: rogerio@cpafro.embrapa.br José Nilton Medeiros Costa Engenheiro Agrônomo M.Sc., Embrapa Rondônia, Caixa Postal 406, Porto Velho, Rondônia. CEP 78.900.970. Telefone: 69 222 0014. E-mail: jnilton@cpafro.embrapa.br Cultivo do Abacaxi em Rondônia Apresentação ➢ IMPORTÂNCIA DO PRODUTO Originário do Brasil, o abacaxizeiro (Ananas comosus L. Merril) é uma planta de clima tropical, monocotiledônea, herbácea e perene da família Bromeliácea, com caule (talo) curto e grosso, ao redor do qual crescem folhas estreitas, compridas e resistentes, quase sempre margeadas por espinhos e dispostas em rosetas. A planta adulta, das variedades comerciais, tem de 1 a 1,20m de altura e 1 a 1,5m de diâmetro. No caule insere-se o pedúnculo que sustenta a inflorescência e depois o fruto. Cada planta produz um único fruto saboroso e de aroma intenso. O fruto é utilizado tanto para o consumo in natura quanto na industrialização, em diferentes formas: pedaços em calda, suco, pedaços cristalizados, geléias, licor, vinho, vinagre e aguardente. Como subproduto desse processo industrial pode-se obter ainda: álcool, ácidos cítrico, málico e ascórbico; rações para animais e a bromelina. A bromelina é uma substância de alto valor medicinal, trata-se de uma enzima muito utilizada como digestivo e anti-inflamatório. Na culinária, o suco de abacaxi é utilizado para o amaciamento de carnes. Além disso, os frutos do abacaxi são ótimas fontes de cálcio, vitaminas A, B e C. O Brasil, segundo dados da FAO, em 2001 foi o terceiro maior produtor de abacaxi do mundo (atras da Tailândia e Filipinas). De acordo com o IBGE, a produção nacional neste ano foi de 1,43 bilhões de frutos em 62.597 hectares, o que correspondeu a cerca de 690 milhões de reais em receitas. Os Estados de Minas Gerais, Paraíba e Pará foram os maiores produtores nacionais. Em Rondônia, no mesmo ano, a área plantada no Estado foi de 245 ha, com uma produtividade de 18.686 frutos/ha e uma produção de 4.578.000 frutos. As principais regiões produtoras são: Pimenta Bueno, Porto Velho, Rio Crespo e Alto Paraíso, respectivamente (Tabela 1). Tabela 1. Área plantada, produção e receita da cultura do abacaxi, no Brasil, em Rondônia e nos principais municípios do Estado no ano de 2001. Aspectos Climáticos Os principais municípios produtores de abacaxi em Rondônia se caracterizam por apresentar clima tropical, úmido e quente, com classificação de Köppen tipo Aw. Apresenta um período seco bem definido durante a estação de inverno, quando ocorrem precipitações inferiores a 50 mm/mês, nestes meses, junho, julho e agosto a média de precipitação é inferior a 20mm /mês. A média anual de precipitação varia de 1.400 a 2.500 mm/ano, e a média anual da temperatura do ar fica entre 24° e 26° , com temperaturas máximas entre 24° C e 26° C e mínimas entre 17° e 23° C. A média anual de umidade relativa do ar varia de 80% a 90% no verão, e em torno de 75%, no outono inverno. Aspectos Edáficos Os solos em Rondônia se caracterizam em: 58% Latossolos (sendo vermelho- amarelo 26%, Amarelos 16% e Vermelho, também 16%); 12% Argissolo (Podzólico, Terra Roxa, Alissolo, Nitossolo e Luvissolo), 11% Neossolos (Solos litólicos, Areias Quartzosas, Regossolos e Solos Aluviais), 10% Cambissolo, 9% Gleissolo. As áreas cultivadas com abacaxi são predominantemente de solos do tipo Latossolo, que apresentam como características serem: profundos, bem drenados e geralmente ácidos. Apresentam fertilidade natural baixa, havendo necessidade de correção e adubação. Clima A temperatura ideal para se produzir frutos de boa qualidade está entre 21° e 23°C, sendo que temperaturas acima de 40°C e abaixo de 5°C causam sérios problemas na planta. A planta é exigente em luz, necessitando de 2.500 a 3.000 horas de luz por ano, ou seja 6,8 a 8,2 horas de luz diária e precisa de 1.200 a 1500mm de chuva bem distribuída durante o ano. Em locais com períodos secos prolongados, recomenda-se o uso de irrigação. A umidade do ar de 70% ou superior é o ideal para a cultura. Solos Os solos para plantio do abacaxi devem ser de textura média ou arenosa, bem drenados, de preferência planos ou com pouca declividade, profundidade do lençol freático superior a 90 cm e pH na faixa de 4,5 as 5,5. Os solos não podem estar sujeitos ao encharcamento. Solos argilosos também podem ser utilizados desde que apresentem boa aeração e drenagem. ➢ PREPARO DO SOLO O preparo do solo deve ser no sistema convencional uma aração e duas gradagens. Deve-se evitar solos que tenham sido plantados com abacaxi na última safra. Não sendo possível, deve se fazer a incorporação do material ao solo, ou em áreas com histórico de alta incidência de pragas e doenças, faz-se a queima dos restos vegetais. ➢ CORREÇÃO DA ACIDEZ Apesar de o abacaxizeiro ser conhecido como planta resistente à acidez do solo, recomenda-se a calagem com o intuito de fornecer principalmente o magnésio, nutriente importante para o desenvolvimento da planta. A quantidade de calcário deve ser recomendada de acordo com a análise do solo, tomando-se o cuidado de não se elevar o pH do solo a valores superiores à faixa ideal da cultura (4,5 a 5,5), pois, isso acarretaria a redução da disponibilidade de certos nutrientes à cultura e favoreceria o desenvolvimento de fungos prejudiciais ao abacaxizeiro como os fungos do gênero Phytophthora. Recomenda-se realizar a calagem com cerca de 30 a 90 dias de antecedência ao plantio. ➢ ÉPOCA DO PLANTIO Em culturas de sequeiro, recomenda-se realizar o plantio no final da estação seca e início da estação chuvosa. Em culturas irrigadas, o plantio pode ser realizado durante o ano todo. Cultivares (variedades) Na escolha da variedade deve-se levar em conta o destino da produção (consumo "in natura" ou indústria). As cultivares mais conhecidas no Brasil são: Pérola ou Branco de Pernambuco, Smooth Cayenne, Perolera e Primavera. Entretanto, a cultivar mais plantada em Rondônia é a Quinari. 1 - Smooth Cayenne: É a cultivar mais plantada no mundo, correspondendo a 70% da produção mundial, conhecida também por abacaxi havaiano. É uma planta robusta, de porte semi-ereto e folhas praticamente sem espinhos. O fruto tem formato cilíndrico, com peso entre 1,5 e 2 quilos, apresenta coroa relativamente, pequena, casca de cor amarelo-alaranjada e polpa amarela, firme, rica em açucares, e de acidez elevada. É adequada para industrialização e consumo in natura. Mostra- se susceptível à murcha, associada à cochonilha e à fusariose. Produz pequena quantidade de mudas do tipo filhote e rebentões freqüentes. 2 - Pérola: Também conhecida, como Pernambuco ou Branca de Pernambuco. Caracteriza-se por apresentar plantas eretas, folhas longas providas de espinhos, pedúnculos longos, numerosos filhotes e poucos rebentões. O fruto é cônico com casca amarelada, polpa branca, pouco ácida, suculenta, saborosa, peso médio entre 1 e 1,5 kg e apresenta coroa grande. Suscetível à fusariose e à cochonilha, porem menos que a Smooth Cayenne. 3 - Perolera: A planta caracteriza-se por apresentar altura em torno de 51 cm, folhas verdes claras, sem espinhos, com uma faixa prateada bem visível pedúnculo longo, grande produção de filhotes e pouca produção de rebentões. O fruto é cilíndrico com peso médio de 1,8 kg, casca e polpa amarela. É resistente à fusariose. 4 – Primavera: A planta apresenta porte semi-ereto,folhas de cor verde-clara, sem espinhos nos bordos, produz em média oito filhotes e um rebentão. O fruto apresenta tamanho médio, forma cilíndrica, casca amarela quando maduro, polpa branca e peso em torno de 1,5 kg, com sabor agradável. É resistente a fusariose. 5 – Quinari: Cultivar muito parecida com a variedade "Pérola", apresenta porte ereto, altura da planta (solo até a base do fruto) de 50,6 cm, comprimento do pedúnculo de 35,0 cm, folhas de cor verde, com espinhos nos bordos, curtas (comprimento de 83,4 cm), produz em média 12 filhotes e nenhum rebentão precoce. Apresenta fruto cilíndrico, com frutilhos pequenos, peso médio sem coroa de 1,7 kg, casca e polpa amarelas quando maduro, apresenta sabor agradável para consumo "in natura", com alto teor de sólidos solúveis totais (13,4°Brix) e média acidez total titulável (10,1 ml NaOH 0,1 N/10 ml suco). Possui coroa pequena (17,7 cm de comprimento). Apresenta tolerância à cochonilha do abacaxi (Dysmicoccus brevipes) e suscetibilidade a fungos causadores de podridões no fruto e ao ataque do percevejo do abacaxi (Thiastocotis laetus). Produção de Mudas Para aumentar as chances de êxito na exploração comercial de abacaxi é fundamental o uso de material propagativo de alta qualidade. Para se obter mudas de boa qualidade, estas devem ser retiradas de plantas sadias, livres de ataques de pragas e doenças, vigorosas, devendo-se descartar rigorosamente, aquelas que apresentarem sinais de goma ou resina. Para implantação da cultura pode-se utilizar vários tipos de mudas (figura 1). A – Coroa. Muda pouco utilizada, pois, permanece no fruto, quando vendido nos mercados de frutas frescas. É menos vigorosa, apresenta ciclo mais longo (em comparação às mudas do tipo rebentão e filhote). Plantios com este tipo de muda, originam plantas de porte e desenvolvimento mais uniformes. B – Filhote. Muda de vigor e ciclo intermediários, menos uniformes que as coroas e mais que os rebentões, de fácil colheita e abundante na variedade Pérola. C – Rebentão. Muda de maior vigor, ciclo mais curto, de colheita mais difícil, origina lavouras com menor uniformidade em tamanho e peso. Tem baixa disponibilidade na variedade Pérola e grande na variedade Smooth Cayenne. D – Filhote-rebentão. Muda muito pouco utilizada, pois, é de difícil produção. Apresenta características intermediárias entre filhote e rebentão. Além destes tipos citados existem outras formas de se produzir mudas de abacaxi, como as mudas produzidas por seccionamento do caule e as produzidas in vitro. Porém estes tipos são geralmente mais caros e dependem da existência de produtores de mudas especializados na região, sendo portanto recomendados em plantios com alto nível tecnológico. No Brasil os tipos mais utilizados são filhotes e rebentões. Em Rondônia o tipo de muda mais utilizado é o filhote. ➢ MANEJO CONVENCIONAL DAS MUDAS Compreende as etapas de ceva, colheita, cura, seleção e tratamento fitossanitário. A – Ceva. Após a colheita dos frutos deve-se manter as mudas ligadas à planta mãe até que estas alcancem o tamanho adequado para o plantio, ou seja de 30 a 45 cm. Este período varia de 1 a 6 meses, sendo menor nos filhotes e maior nos rebentões. Neste período, visando melhorar o vigor e o estado fitossanitário das mudas, pode- se continuar usando a irrigação, pulverização para controle de ácaros e cochonilhas e adubação suplementar, via pulverização foliar, com uréia a 3% e cloreto de potássio a 2%. B – Colheita. É feita quando a maioria das mudas atingirem o porte satisfatório. Nesta operação é recomendado se descartar as mudas com sintomas de ataque de pragas e doenças e eliminar o fruto pequeno, frequente na base dos filhotes. C – Cura. Consiste na exposição das mudas ao sol, com a base virada para cima, sobre as próprias plantas-mãe ou espalhando-as sobre o solo em local próximo ao do plantio, entretanto as mudas nunca devem ser amontoadas. Esta prática é recomendada visando acelerar a cicatrização da lesão oriunda da colheita, reduzir a população de cochonilhas e eliminar o excesso de umidade da muda. D – Seleção. Nesta fase deve-se eliminar todas as mudas com sintomas de doenças, danos mecânicos e ataque de pragas. Deve-se ainda padronizar as mudas em função do tipo (filhotes e rebentões) e tamanho (30 a 40cm, 40 a 50 cm e maiores que 50cm). E – Tratamento fitossanitário. Caso as mudas tenham alta infestação de cochonilhas estas devem ser mergulhadas em uma solução acaricida-inseticida (Paration metílico ou Etion) por 3 a 6 minutos. Após este período as mudas são esplalhadas e mantidas à sombra por 10 dias, quando é feita outra seleção às vésperas do plantio. Plantio ➢ Método de Plantio O plantio pode ser feito em covas ou sulcos que devem ter entre 10 e 15 cm de profundidade. Não havendo sulcador, pode-se abrir as covas com enxada, pá de plantio tipo havaiano ou com coveadeira (mecanizada). Disposição das covas ou sulcos O plantio das mudas pode ser feito em filas simples ou duplas; dar preferência ao sistema de fileiras duplas. Em terrenos com declive, dispor as covas ou sulcos em curva de nível. ➢ PLANTIO Após a abertura das covas ou sulcos, faz-se a distribuição das mudas. Nesta ocasião, o plantio deve ser realizado por quadras, separando-se as mudas por tamanho e tipo, tomando-se o cuidado de evitar que caia terra no "olho" da planta. Espaçamento e Densidade A distância entre as plantas pode variar de acordo com a variedade, o destino da produção, o nível de mecanização e outros fatores. Sendo que, os plantios mais adensados tendem a proporcionar maiores produções por área e menor tamanho de frutos Tabela 2. Espaçamentos recomendados para a cultura do abacaxizeiro Adubação A adubação deve ser realizada de acordo com a análise do solo (Tabela 2). Entretanto, para solos com baixa fertilidade, recomenda-se ainda a aplicação de 10 t/ha de esterco de gado curtido no sulco de plantio. Os adubos devem ser aplicados no solo (junto às plantas) ou nas axilas das folhas basais. Evitar que o adubo caia no olho da planta. Em solos pobres recomenda-se ainda aplicar na 1ª adubação 3 kg de sulfato de cobre, 3 kg de sulfato de zinco, e 5 kg de sulfato de ferro, repetir a mesma quantidade na 2ª adubação, aplicar na 3ª adubação 4 kg de bórax. Tabela 3. Recomendação de adubação de cobertura do abacaxizeiro, com base no resultado da análise do solo. Consorciação de Culturas O abacaxi pode ser consorciado com feijão, amendoim, girassol, melancia, quiabo, repolho, tomate e outras culturas de ciclo curto, que são plantadas nas entrelinhas e na mesma época da cultura do abacaxi. Deve-se evitar o consórcio do abacaxi com milho que é hospedeiro da gomose ou fusariose. O consórcio deve restringir-se aos primeiros seis meses do ciclo do abacaxi. A cultura também é utilizada em consórcio com outras frutíferas de ciclo mais longo como em citros, guaraná, coco, entre outras. O consorciamento é uma prática viável, que permite a redução nos custos de implantação da cultura. Floração Natural X Indução Artificial O florescimento natural do abacaxizeiro é bastante desuniforme, trazendo prejuízos ao produtor, pois, dificulta os tratos culturais e a colheita, inviabilizando a exploração da soca (segundo ciclo) e afetando a comercialização do produto, devido à redução do tamanho médio dos frutos. A floração natural é muito influenciada por condições climáticas, não existindo ainda, medidas de controle eficientes. Entretanto, recomenda-se alguns cuidados: evitar que as plantas atinjam porte elevado ou idade avançada; evitar plantios no período de outubro a dezembro, o que é muito comum em regiões com chuvas de verão (Cerrado); evitar a utilização de mudas velhas para os plantios, fazer uso adequado de irrigação e adubação; e evitar que produtos à base de etefon usadosna fase de pré-colheita atinjam as mudas do tipo filhote. Para antecipar e, principalmente, homogeneizar a época de florescimento e colheita do abacaxizeiro, necessário se faz a indução artificial da floração. Esta prática consiste-se da aplicação de produtos indutores na roseta foliar (olho da planta) ou da sua pulverização sobre a planta. A época mais adequada para a indução, depende de vários fatores, principalmente do planejamento da data de colheita, uma vez que, após 5 a 6 meses depois da indução os frutos estão aptos para a colheita. Em geral, recomenda-se que a indução seja feita em plantas de 8 a 12 meses de idade. Os indutores mais usados são o carbureto de cálcio e os produtos a base de etefon (ethrel, arvest ou similar). O carbureto é usado na roseta foliar, na forma sólida (0,5 a 1,0g/ planta) ou líquida (30 a 50 ml/planta). Recomenda-se a forma sólida em épocas chuvosas ou plantios irrigados. A solução é preparada usando-se 345 g do produto em 100 litros de água. O etefon deve ser aplicado no olho da planta usando- se 50ml/planta, ou em pulverização total da planta, sendo que sua eficiência é aumentada com a adição de uréia a 2% do produto comercial. A eficiência no processo de indução é aumentada executando-se a prática à noite ou nas horas mais frescas do dia, de preferência em dias nublados. Controle de Pragas e Doenças As pragas mais comuns são a broca do fruto (Thecla basalides) e a cochonilha (Dysmicoccus brevipes), esta última causadora da "murcha do abacaxi". A broca do fruto é a larva de uma pequena borboleta que ataca a inflorescência, cavando galerias e provocando o aparecimento de uma substância com aspecto de goma. O tratamento pode ser feito com carbaril; paration metílico, diazinon, triclorfon ou fenitrotion. A aplicação de inseticidas deve ser realizadas em 4 vezes, em intervalos regulares, sendo a primeira aplicação após a emergência da inflorescência. Não esquecer de observar o período de carência do produto. A cochonilha é um inseto pequeno, sem asas, que se apresenta coberto por uma espécie de farinha branca. Este inseto além de debilitar a planta pela sua ação sugadora transmite o agente causal da doença murcha do abacaxi. O controle é feito eliminado-se os restos culturais da safra anterior, com o uso de mudas de boa qualidade e se necessário, tratando-se as mudas com inseticida. O controle químico nas plantas pode ser feito utilizando-se os inseticidas paration metílico, diazinon ou vamidotion, de forma preventiva aos 60, 150 e 240 dias após o plantio. Recomenda- se também realizar o controle das formigas doceiras que ajudam na disseminação da cochonilha, realizando um bom preparo do solo e usando o inseticida paration metílico. ➢ CONTROLE DE DOENÇAS A fusariose do abacaxizeiro(Fusarium subglutinans) é a doença que mais causa danos à cultura. O principal sintoma é a exsudação de goma a partir da região afetada. Para o seu controle deve-se eliminar os restos culturais da safra anterior (incorporação no solo ou queima); utilizar mudas sadias; durante o cultivo, identificar plantas doentes e eliminá-las; pulverizar as inflorescências desde o seu aparecimento no olho da planta até o fechamento das últimas flores com o fungicida Benlate 500 (30g/20l de água) a intervalos de sete a 10 dias. A podridão negra (Chalara paradoxa (De Seynes) Von Hohnel) é uma doença de pós-colheita. O sintoma característico é o apodrecimento da polpa. Para o seu controle deve-se colher os frutos com uma parte do pedúnculo (aproximadamente 2 cm); evitar ferimentos na superfície dos frutos; e se houver, proteger o ferimento resultante do corte na colheita com fungicidas (Triadimefon, Benomyl ou Captan), pincelando o pedúnculo do furto com o produto, não esquecer de verificar o período de carência; e eliminar restos culturais nas proximidades das áreas onde os frutos são processados. ➢ CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS As plantas daninhas devem ser controladas com capinas manuais (enxada), roçadeiras manuais, cultivos à tração animal, uso de cobertura morta e herbicidas recomendados para a cultura, à base de diuron, bromacil, simazina ou ametrina, aplicados, de preferência, em pré-emergência das plantas daninhas. O uso de herbicidas reduz a mão-de-obra e é o método mais eficiente. Em áreas infestadas por plantas daninhas de difícil controle (tiririca, capim sapé, grama-seda etc) recomenda-se a aplicação de herbicidas à base de glifosate. A cultura deve ser mantida livre de plantas daninhas pelo menos até a indução floral. Irrigação O abacaxizeiro embora tolerante à falta de água, apresenta em períodos de escassez de água acentuada redução de seu desenvolvimento vegetativo. Um déficit hídrico durante a frutificação compromete o peso dos frutos. A quantidade de água necessária para a cultura é de 60 a 150 mm/mês. Quando tal situação não é alcançada recomenda-se a irrigação. Os métodos de irrigação mais usados são os de aspersão, pivô central e autopropelido. Micro aspersão e gotejamento podem também ser usados. Em algumas regiões do estado de Rondônia se utiliza irrigação por aspersão convencional. Colheita e pós-colheita As atividades de colheita compreendem os cuidados na fase imediatamente anterior a colheita (pré colheita), determinação do ponto de colheita, decisão de colheita e transporte do campo até o galpão pós-colheita (local destinado à seleção, tratamento e acondicionamento para encaminhar para a comercialização). ➢ DETERMINAÇÃO DO PONTO DE COLHEITA O abacaxi não amadurece após a colheita, sendo portando necessário sua colheita após seu completo desenvolvimento fisiológico. A concentração de açúcares deve ser medida com um refratômetro e deve ser maior que 19° Brix no verão e 14,5° Brix no inverno. Os frutos devem ser colhidos em estádios de maturação diferentes, de acordo com o seu destino e a distância do mercado consumidor. Indústria – Deve ser colhido maduro (casca mais amarela que verde); Mercado "in natura" e mercados distantes – Devem ser colhidos "de vez", quando surgem os primeiros sinais de amarelecimento da casca; Mercado "in natura" e mercados locais – Frutos com até a metade da casca amarela. Entretanto, alguns fatores também devem ser levados em consideração, para se definir o ponto de colheita com base na coloração da casca do fruto: Quanto maior o fruto menos a casca se descolore, ou seja frutos grandes com coloração amarela apenas na base pode estar mais maduro do que um fruto pequeno com toda a casca amarela; Em períodos frios e secos os frutos se colorem mais do que naqueles quentes e úmidos. Ou seja, frutos colhidos no inverno devem ser colhidos com a coloração da casca mais amarela do que os frutos colhidos no verão; Adubações ricas em potássio e pobres em nitrogênio favorecem a coloração da casca e com adubações pobres em potássio e ricas em nitrogênio ocorre o contrário; Variedades, frutos da variedade Smooth Cayenne colorem-se menos do que os da variedade Pérola; Para uniformizar a coloração da casca , usar em frutos maduros com casca apresentando início de amarelecimento produtos à base de etefon. Para isso, utiliza- se de 1ml a 2 ml do produto comercial (24% de etefon) por litro de água. Na cultivar Smooth Cayenne, este tratamento pode ser realizado através de pulverização, 4 a 7 dias antes da colheita. Na cultivar Pérola, o mais indicado é a utilização da imersão, sem atingir a coroa. ➢ COLHEITA A colheita pode ser feita com o auxílio de um facão, com o colhedor utilizando luva grossa para proteger as mãos. Não colher frutos verdes, pois, eles não amadurecem após colhidos. O operário segura o fruto pela coroa e corta o pedúnculo 3 a 5 centímetros abaixo da base do fruto. Os frutos colhidos são entregues a outros operários que os transportam em cestos, balaios, caixas ou carrinhos de mão, até o caminhão ou carreta. Os frutos devem ser colhidose transportados com o máximo cuidado possível para evitar danos mecânicos e redução na qualidade do produto. A grande maioria dos frutos é utilizada para o consumo "in natura", entretanto, existe uma agroindústria em Pimenta Bueno-RO, que vem comprando frutos dos produtores para industrialização dos frutos. ➢ CLASSIFICAÇÃO DOS FRUTOS Em geral, os frutos colhidos são acondicionados, no campo, em caminhões e transportados diretamente para a comercialização. Entretanto, as exigências por qualidade têm crescido muito, neste sentido deve-se seguir as seguintes recomendações: Após a colheita dos frutos, estes devem ser levados para um barracão, chegando lá, as frutas devem sofrer um acabamento para que sua aparência seja melhorada e para que o ataque por patógenos seja diminuído. Por isso, os abacaxis têm o tamanho do seu pedúnculo reduzido de 5-6cm para 2-3cm e a superfície do corte tratada com desinfetante para prevenir contra o ataque de fungos e bolores com uma solução de benomyl a 4.000 ppm, para evitar a podridão negra. A coroa pode ou não ser retirada, mas se a preferência for por eliminá-la, também deve ser realizado um tratamento desinfetante na inserção. Os frutos deverão ser submetidos a uma seleção, eliminado-se aqueles com defeitos. Aqueles que não apresentarem defeitos devem ser classificados por tamanho e se possível por maturação. Na separação por tamanho pode se dividir os frutos em pequenos, médios e grandes. Quanto à maturação, os frutos podem ser divididos em 1/3 maduros, ½ maduros e totalmente maduros. Após isto os frutos estão prontos para serem embalados e transportados para os locais de distribuição. Em Rondônia os frutos são classificados em Primeira (peso superior a 1,5 kg) e Segunda (peso inferior a 1,5 kg). ➢ EMBALAGEM As embalagens quando apropriadas, ajudam a manter a qualidade dos frutos durante o transporte e a comercialização, além de melhorar a apresentação do produto. Assim, depois de corretamente selecionadas, as frutas passam para a etapa de embalagem, que pode ser feita em caixas de madeira (só aceitas no mercado nacional) e caixas de papelão. No Brasil ainda é comumente utilizado o transporte a granel, isto é, sem qualquer tipo de embalagem, fato esse que não é recomendado devido às grandes perdas que acontecem. As frutas, a serem embaladas, são dispostas verticalmente nas caixas de papelão e separadas umas das outras por folhas também de papelão para evitar o atrito entre as mesmas. O fundo dessas caixas são forrados com mais uma camada de papelão e suas laterais possuem orifícios por onde ocorre a entrada e saída de ar necessários para manter a fruta em boas condições. A capacidade das caixas varia de acordo com o tamanho das frutas e comporta em média 6, 12 ou 20 delas, dependendo do tamanho da caixa. ➢ ROTULAGEM A rotulagem da embalagem é importante, pois ajuda a identificar o produto, facilitando o manuseio pelos recebedores. ➢ ARMAZENAMENTO As caixas com as frutas devem ser armazenadas a uma temperatura constante, que não pode ser menor que 7°C, pois podem ocorrer injúrias na casca das frutas causadas pelo frio excessivo (chilling), nem superior a 10°C, já que acima desta temperatura a susceptibilidade ao ataque de fungos é aumentada. A umidade relativa do ar deve estar em torno de 90%. Sob estas condições é possível conservar as frutas por até quatro semanas. ➢ TRANSPORTE O transporte do abacaxi, geralmente, é feito em caminhões não refrigerados, a granel. Para não causar injúrias aos frutos, estes devem ser acolchoados. Na cultivar Pérola pode-se usar os próprios filhotes, e no caso da Smooth Cayenne, que não tem filhotes, deve-se utilizar capim. Os frutos devem ser colocados em camadas alternadas e deve-se cobrir o caminhão com uma lona, para evitar injúrias causadas pelo vento. Se o destino das frutas for um local distante do local de produção, o transporte deve ser feito em caminhões refrigerados. Porém, se não for possível transportar a carga a longas distâncias neste tipo de caminhão, pode-se realizar o transporte à temperatura ambiente, porém à noite, sempre cobrindo a carga com uma lona. Manejo da Soca (segundo ciclo) Considera-se como segunda colheita a produção obtida de brotações da planta- mãe, após a retirada do primeiro fruto. Em plantios bem conduzidos, com bom estado fitossanitário, pode-se colher uma 2ª safra (soca) desde que, as brotações recebam alguns tratos culturais necessários ao seu desenvolvimento, como: controle de plantas daninhas, adubação (metade da recomendada no 1º ciclo) aplicadas em duas vezes, indução floral entre 6 a 8 meses após a primeira colheita e controle fitossanitário. Comercialização Para facilitar a comercialização dos frutos e obter preços mais compensadores para o mercado in natura, recomenda-se: Peso mínimo de 1,1 kg no período de safra e de 800 g na entressafra; Frutos isentos de machucados; Estágio de maturação, que deve variar com a distância do mercado consumidor. Análise de sazonalidade de preços nas principais Ceasas do Brasil indica que o período de diminuição de oferta e consequente melhora nos preços ocorrem nos meses de fevereiro a maio. Nos meses de junho a outubro tem-se os preços médios e nos meses de novembro a janeiro temos os preços mais baixos da fruta. A comercialização das frutas em Rondônia é feita nos supermercados, feiras, e em caminhões dos próprios produtores, no Estado e existe alguns produtores que vendem a fruta para a Bolívia. Coeficientes técnicos para implantação de Um ha de Abacaxi. Referências ALVES, A.A.; MATOS, A.P.; REINHARDT, D.H.; CUNHA, G.A.P.; SILVEIRA, J.R.; ALCÂNTARA, J.P.; CABRAL, J.R.S.; SOUZA, L.F.S.; SILVA, N.M.; SANCHES, N.F.; ALMEIDA, O.A.; ANDRADE, R.L.L.; Recomendações técnicas para a cultura do abacaxi na região de Itaberaba, em condições de sequeiro. Empresa Baiana de desenvolvimento agrícola S.A., EBDA, 1998. 8p. (Comunicado Técnico, 19). BARREIRO NETO, M.; SANTOS, E.S. Abacaxicultura: contribuição tecnológica. João Pessoa: EMEPA-PB, 1999. 96p. (EMEPA-PB. Documentos, 26). CUNHA, G.A.P.; CABRAL, J.R.S.; SOUZA, L.F.S.; O Abacaxizeiro. Cultivo, agroindústria e economia. Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA). Brasília: Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia, 1999. 480p. GONÇALVES, N. B. Org. Abacaxi Pós-colheita. Embrapa Agroindústria de alimentos – Brasília: Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia, Brasília, DF, 2000. 45 p. GORGATTI NETTO, A.; CARVALHO, V. D.; BOTREL, N.; BLEINROTH, E.W.; MATALLO, M.; GARCIA, A. E.; ARDITO, E. F. G.; GARCIA, E. E. C. ; BORDIN, M. R. B. Abacaxi para exportação: procedimentos de colheita e pós-colheita. Embrapa, SPI, Brasília, DF, 1996. 41 p. MATOS, A.P. Org. Abacaxi Fitossanidade. Embrapa Mandioca e Fruticultura – Brasília: Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia, Brasília, DF, 2000. 77 p. Ministério da Agricultura, Anuário Brasileiro da Fruticultura. 2002. 176p. Novas variedades brasileiras de frutas. – Jaboticabal: Sociedade Brasileira de Fruticultura, 2000. 205p. REINHARDT, D.H.; SOUZA, L.F. DA S.; CABRAL, J.R.S. Abacaxi. Produção: aspectos técnicos. Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA). Brasília: Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia, 2000. 77p. (Frutas do Brasil; 7). SÁ, L.F. Cultura do abacaxi. Goiânia, Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural, EMATER-GO, 1994. 18p. (BOLETIM TÉCNICO, 1).
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