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Cultivo de abacaxi em Rondônia

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Embrapa Rondônia 
Sistemas de Produção, 3 
ISSN 1807-1805 Versão Eletrônica 
Dez./2005 
 
Autores 
Adriano Stephan Nascente 
Engenheiro Agrônomo M.Sc., Embrapa Rondônia, Caixa Postal 406, Porto Velho, 
Rondônia. CEP 78.900.970. Telefone: 69 222 0014. 
E-mail: nascente@cpafro.embrapa.br 
Rogério Sebastião Corrêa da Costa 
Engenheiro Agrônomo M.Sc., Embrapa Rondônia, Caixa Postal 406, Porto Velho, 
Rondônia. CEP 78.900.970. Telefone: 69 222 0014. 
E-mail: rogerio@cpafro.embrapa.br 
José Nilton Medeiros Costa 
Engenheiro Agrônomo M.Sc., Embrapa Rondônia, Caixa Postal 406, Porto Velho, 
Rondônia. CEP 78.900.970. Telefone: 69 222 0014. 
E-mail: jnilton@cpafro.embrapa.br 
 
 
 
 
 
Cultivo do Abacaxi em Rondônia 
 
Apresentação 
➢ IMPORTÂNCIA DO PRODUTO 
Originário do Brasil, o abacaxizeiro (Ananas comosus L. Merril) é uma planta de 
clima tropical, monocotiledônea, herbácea e perene da família Bromeliácea, com 
caule (talo) curto e grosso, ao redor do qual crescem folhas estreitas, compridas e 
resistentes, quase sempre margeadas por espinhos e dispostas em rosetas. A 
planta adulta, das variedades comerciais, tem de 1 a 1,20m de altura e 1 a 1,5m de 
diâmetro. No caule insere-se o pedúnculo que sustenta a inflorescência e depois o 
fruto. Cada planta produz um único fruto saboroso e de aroma intenso. O fruto é 
utilizado tanto para o consumo in natura quanto na industrialização, em diferentes 
formas: pedaços em calda, suco, pedaços cristalizados, geléias, licor, vinho, vinagre 
e aguardente. Como subproduto desse processo industrial pode-se obter ainda: 
álcool, ácidos cítrico, málico e ascórbico; rações para animais e a bromelina. A 
bromelina é uma substância de alto valor medicinal, trata-se de uma enzima muito 
utilizada como digestivo e anti-inflamatório. Na culinária, o suco de abacaxi é 
utilizado para o amaciamento de carnes. Além disso, os frutos do abacaxi são 
ótimas fontes de cálcio, vitaminas A, B e C. 
O Brasil, segundo dados da FAO, em 2001 foi o terceiro maior produtor de abacaxi 
do mundo (atras da Tailândia e Filipinas). De acordo com o IBGE, a produção 
nacional neste ano foi de 1,43 bilhões de frutos em 62.597 hectares, o que 
correspondeu a cerca de 690 milhões de reais em receitas. Os Estados de Minas 
Gerais, Paraíba e Pará foram os maiores produtores nacionais. Em Rondônia, no 
mesmo ano, a área plantada no Estado foi de 245 ha, com uma produtividade de 
18.686 frutos/ha e uma produção de 4.578.000 frutos. As principais regiões 
produtoras são: Pimenta Bueno, Porto Velho, Rio Crespo e Alto Paraíso, 
respectivamente (Tabela 1). 
 
Tabela 1. Área plantada, produção e receita da cultura do abacaxi, no Brasil, em 
Rondônia e nos principais municípios do Estado no ano de 2001. 
 
Aspectos Climáticos 
Os principais municípios produtores de abacaxi em Rondônia se caracterizam por 
apresentar clima tropical, úmido e quente, com classificação de Köppen tipo Aw. 
Apresenta um período seco bem definido durante a estação de inverno, quando 
ocorrem precipitações inferiores a 50 mm/mês, nestes meses, junho, julho e agosto 
a média de precipitação é inferior a 20mm /mês. A média anual de precipitação varia 
de 1.400 a 2.500 mm/ano, e a média anual da temperatura do ar fica entre 24° e 26° 
, com temperaturas máximas entre 24° C e 26° C e mínimas entre 17° e 23° C. A 
média anual de umidade relativa do ar varia de 80% a 90% no verão, e em torno de 
75%, no outono inverno. 
Aspectos Edáficos 
Os solos em Rondônia se caracterizam em: 58% Latossolos (sendo vermelho-
amarelo 26%, Amarelos 16% e Vermelho, também 16%); 12% Argissolo (Podzólico, 
Terra Roxa, Alissolo, Nitossolo e Luvissolo), 11% Neossolos (Solos litólicos, Areias 
Quartzosas, Regossolos e Solos Aluviais), 10% Cambissolo, 9% Gleissolo. 
As áreas cultivadas com abacaxi são predominantemente de solos do tipo Latossolo, 
que apresentam como características serem: profundos, bem drenados e geralmente 
ácidos. Apresentam fertilidade natural baixa, havendo necessidade de correção e 
adubação. 
 
Clima 
A temperatura ideal para se produzir frutos de boa qualidade está entre 21° e 23°C, 
sendo que temperaturas acima de 40°C e abaixo de 5°C causam sérios problemas 
na planta. A planta é exigente em luz, necessitando de 2.500 a 3.000 horas de luz 
por ano, ou seja 6,8 a 8,2 horas de luz diária e precisa de 1.200 a 1500mm de chuva 
bem distribuída durante o ano. Em locais com períodos secos prolongados, 
recomenda-se o uso de irrigação. A umidade do ar de 70% ou superior é o ideal 
para a cultura. 
Solos 
Os solos para plantio do abacaxi devem ser de textura média ou arenosa, bem 
drenados, de preferência planos ou com pouca declividade, profundidade do lençol 
freático superior a 90 cm e pH na faixa de 4,5 as 5,5. Os solos não podem estar 
sujeitos ao encharcamento. Solos argilosos também podem ser utilizados desde que 
apresentem boa aeração e drenagem. 
➢ PREPARO DO SOLO 
O preparo do solo deve ser no sistema convencional uma aração e duas gradagens. 
Deve-se evitar solos que tenham sido plantados com abacaxi na última safra. Não 
sendo possível, deve se fazer a incorporação do material ao solo, ou em áreas com 
histórico de alta incidência de pragas e doenças, faz-se a queima dos restos 
vegetais. 
➢ CORREÇÃO DA ACIDEZ 
Apesar de o abacaxizeiro ser conhecido como planta resistente à acidez do solo, 
recomenda-se a calagem com o intuito de fornecer principalmente o magnésio, 
nutriente importante para o desenvolvimento da planta. A quantidade de calcário 
deve ser recomendada de acordo com a análise do solo, tomando-se o cuidado de 
não se elevar o pH do solo a valores superiores à faixa ideal da cultura (4,5 a 5,5), 
pois, isso acarretaria a redução da disponibilidade de certos nutrientes à cultura e 
favoreceria o desenvolvimento de fungos prejudiciais ao abacaxizeiro como os 
fungos do gênero Phytophthora. Recomenda-se realizar a calagem com cerca de 30 
a 90 dias de antecedência ao plantio. 
➢ ÉPOCA DO PLANTIO 
Em culturas de sequeiro, recomenda-se realizar o plantio no final da estação seca e 
início da estação chuvosa. Em culturas irrigadas, o plantio pode ser realizado 
durante o ano todo. 
Cultivares (variedades) 
Na escolha da variedade deve-se levar em conta o destino da produção (consumo 
"in natura" ou indústria). As cultivares mais conhecidas no Brasil são: Pérola ou 
Branco de Pernambuco, Smooth Cayenne, Perolera e Primavera. Entretanto, a 
cultivar mais plantada em Rondônia é a Quinari. 
1 - Smooth Cayenne: É a cultivar mais plantada no mundo, correspondendo a 70% 
da produção mundial, conhecida também por abacaxi havaiano. É uma planta 
robusta, de porte semi-ereto e folhas praticamente sem espinhos. O fruto tem 
formato cilíndrico, com peso entre 1,5 e 2 quilos, apresenta coroa relativamente, 
pequena, casca de cor amarelo-alaranjada e polpa amarela, firme, rica em açucares, 
e de acidez elevada. É adequada para industrialização e consumo in natura. Mostra-
se susceptível à murcha, associada à cochonilha e à fusariose. Produz pequena 
quantidade de mudas do tipo filhote e rebentões freqüentes. 
2 - Pérola: Também conhecida, como Pernambuco ou Branca de Pernambuco. 
Caracteriza-se por apresentar plantas eretas, folhas longas providas de espinhos, 
pedúnculos longos, numerosos filhotes e poucos rebentões. O fruto é cônico com 
casca amarelada, polpa branca, pouco ácida, suculenta, saborosa, peso médio entre 
1 e 1,5 kg e apresenta coroa grande. Suscetível à fusariose e à cochonilha, porem 
menos que a Smooth Cayenne. 
3 - Perolera: A planta caracteriza-se por apresentar altura em torno de 51 cm, folhas 
verdes claras, sem espinhos, com uma faixa prateada bem visível pedúnculo longo, 
grande produção de filhotes e pouca produção de rebentões. O fruto é cilíndrico com 
peso médio de 1,8 kg, casca e polpa amarela. É resistente à fusariose. 
4 – Primavera: A planta apresenta porte semi-ereto,folhas de cor verde-clara, sem 
espinhos nos bordos, produz em média oito filhotes e um rebentão. O fruto 
apresenta tamanho médio, forma cilíndrica, casca amarela quando maduro, polpa 
branca e peso em torno de 1,5 kg, com sabor agradável. É resistente a fusariose. 
5 – Quinari: Cultivar muito parecida com a variedade "Pérola", apresenta porte ereto, 
altura da planta (solo até a base do fruto) de 50,6 cm, comprimento do pedúnculo de 
35,0 cm, folhas de cor verde, com espinhos nos bordos, curtas (comprimento de 
83,4 cm), produz em média 12 filhotes e nenhum rebentão precoce. Apresenta fruto 
cilíndrico, com frutilhos pequenos, peso médio sem coroa de 1,7 kg, casca e polpa 
amarelas quando maduro, apresenta sabor agradável para consumo "in natura", com 
alto teor de sólidos solúveis totais (13,4°Brix) e média acidez total titulável (10,1 ml 
NaOH 0,1 N/10 ml suco). Possui coroa pequena (17,7 cm de comprimento). 
Apresenta tolerância à cochonilha do abacaxi (Dysmicoccus brevipes) e 
suscetibilidade a fungos causadores de podridões no fruto e ao ataque do percevejo 
do abacaxi (Thiastocotis laetus). 
Produção de Mudas 
Para aumentar as chances de êxito na exploração comercial de abacaxi é 
fundamental o uso de material propagativo de alta qualidade. Para se obter mudas 
de boa qualidade, estas devem ser retiradas de plantas sadias, livres de ataques de 
pragas e doenças, vigorosas, devendo-se descartar rigorosamente, aquelas que 
apresentarem sinais de goma ou resina. Para implantação da cultura pode-se utilizar 
vários tipos de mudas (figura 1). 
 
A – Coroa. Muda pouco utilizada, pois, permanece no fruto, quando vendido nos 
mercados de frutas frescas. É menos vigorosa, apresenta ciclo mais longo (em 
comparação às mudas do tipo rebentão e filhote). Plantios com este tipo de muda, 
originam plantas de porte e desenvolvimento mais uniformes. 
B – Filhote. Muda de vigor e ciclo intermediários, menos uniformes que as coroas e 
mais que os rebentões, de fácil colheita e abundante na variedade Pérola. 
C – Rebentão. Muda de maior vigor, ciclo mais curto, de colheita mais difícil, origina 
lavouras com menor uniformidade em tamanho e peso. Tem baixa disponibilidade na 
variedade Pérola e grande na variedade Smooth Cayenne. 
D – Filhote-rebentão. Muda muito pouco utilizada, pois, é de difícil produção. 
Apresenta características intermediárias entre filhote e rebentão. 
Além destes tipos citados existem outras formas de se produzir mudas de abacaxi, 
como as mudas produzidas por seccionamento do caule e as produzidas in vitro. 
Porém estes tipos são geralmente mais caros e dependem da existência de 
produtores de mudas especializados na região, sendo portanto recomendados em 
plantios com alto nível tecnológico. No Brasil os tipos mais utilizados são filhotes e 
rebentões. Em Rondônia o tipo de muda mais utilizado é o filhote. 
➢ MANEJO CONVENCIONAL DAS MUDAS 
Compreende as etapas de ceva, colheita, cura, seleção e tratamento fitossanitário. 
A – Ceva. Após a colheita dos frutos deve-se manter as mudas ligadas à planta mãe 
até que estas alcancem o tamanho adequado para o plantio, ou seja de 30 a 45 cm. 
Este período varia de 1 a 6 meses, sendo menor nos filhotes e maior nos rebentões. 
Neste período, visando melhorar o vigor e o estado fitossanitário das mudas, pode-
se continuar usando a irrigação, pulverização para controle de ácaros e cochonilhas 
e adubação suplementar, via pulverização foliar, com uréia a 3% e cloreto de 
potássio a 2%. 
B – Colheita. É feita quando a maioria das mudas atingirem o porte satisfatório. 
Nesta operação é recomendado se descartar as mudas com sintomas de ataque de 
pragas e doenças e eliminar o fruto pequeno, frequente na base dos filhotes. 
C – Cura. Consiste na exposição das mudas ao sol, com a base virada para cima, 
sobre as próprias plantas-mãe ou espalhando-as sobre o solo em local próximo ao 
do plantio, entretanto as mudas nunca devem ser amontoadas. Esta prática é 
recomendada visando acelerar a cicatrização da lesão oriunda da colheita, reduzir a 
população de cochonilhas e eliminar o excesso de umidade da muda. 
D – Seleção. Nesta fase deve-se eliminar todas as mudas com sintomas de 
doenças, danos mecânicos e ataque de pragas. Deve-se ainda padronizar as mudas 
em função do tipo (filhotes e rebentões) e tamanho (30 a 40cm, 40 a 50 cm e 
maiores que 50cm). 
E – Tratamento fitossanitário. Caso as mudas tenham alta infestação de cochonilhas 
estas devem ser mergulhadas em uma solução acaricida-inseticida (Paration 
metílico ou Etion) por 3 a 6 minutos. Após este período as mudas são esplalhadas e 
mantidas à sombra por 10 dias, quando é feita outra seleção às vésperas do plantio. 
Plantio 
➢ Método de Plantio 
O plantio pode ser feito em covas ou sulcos que devem ter entre 10 e 15 cm de 
profundidade. Não havendo sulcador, pode-se abrir as covas com enxada, pá de 
plantio tipo havaiano ou com coveadeira (mecanizada). 
Disposição das covas ou sulcos 
O plantio das mudas pode ser feito em filas simples ou duplas; dar preferência ao 
sistema de fileiras duplas. Em terrenos com declive, dispor as covas ou sulcos em 
curva de nível. 
➢ PLANTIO 
Após a abertura das covas ou sulcos, faz-se a distribuição das mudas. Nesta 
ocasião, o plantio deve ser realizado por quadras, separando-se as mudas por 
tamanho e tipo, tomando-se o cuidado de evitar que caia terra no "olho" da planta. 
 
 
Espaçamento e Densidade 
A distância entre as plantas pode variar de acordo com a variedade, o destino da 
produção, o nível de mecanização e outros fatores. Sendo que, os plantios mais 
adensados tendem a proporcionar maiores produções por área e menor tamanho de 
frutos 
Tabela 2. Espaçamentos recomendados para a cultura do abacaxizeiro 
 
Adubação 
A adubação deve ser realizada de acordo com a análise do solo (Tabela 2). 
Entretanto, para solos com baixa fertilidade, recomenda-se ainda a aplicação de 10 
t/ha de esterco de gado curtido no sulco de plantio. Os adubos devem ser aplicados 
no solo (junto às plantas) ou nas axilas das folhas basais. Evitar que o adubo caia no 
olho da planta. Em solos pobres recomenda-se ainda aplicar na 1ª adubação 3 kg de 
sulfato de cobre, 3 kg de sulfato de zinco, e 5 kg de sulfato de ferro, repetir a mesma 
quantidade na 2ª adubação, aplicar na 3ª adubação 4 kg de bórax. 
 
 
 
 
 
 
 
Tabela 3. Recomendação de adubação de cobertura do abacaxizeiro, com base no 
resultado da análise do solo. 
 
Consorciação de Culturas 
O abacaxi pode ser consorciado com feijão, amendoim, girassol, melancia, quiabo, 
repolho, tomate e outras culturas de ciclo curto, que são plantadas nas entrelinhas e 
na mesma época da cultura do abacaxi. Deve-se evitar o consórcio do abacaxi com 
milho que é hospedeiro da gomose ou fusariose. O consórcio deve restringir-se aos 
primeiros seis meses do ciclo do abacaxi. A cultura também é utilizada em consórcio 
com outras frutíferas de ciclo mais longo como em citros, guaraná, coco, entre 
outras. O consorciamento é uma prática viável, que permite a redução nos custos de 
implantação da cultura. 
Floração Natural X Indução Artificial 
O florescimento natural do abacaxizeiro é bastante desuniforme, trazendo prejuízos 
ao produtor, pois, dificulta os tratos culturais e a colheita, inviabilizando a exploração 
da soca (segundo ciclo) e afetando a comercialização do produto, devido à redução 
do tamanho médio dos frutos. A floração natural é muito influenciada por condições 
climáticas, não existindo ainda, medidas de controle eficientes. Entretanto, 
recomenda-se alguns cuidados: evitar que as plantas atinjam porte elevado ou idade 
avançada; evitar plantios no período de outubro a dezembro, o que é muito comum 
em regiões com chuvas de verão (Cerrado); evitar a utilização de mudas velhas para 
os plantios, fazer uso adequado de irrigação e adubação; e evitar que produtos à 
base de etefon usadosna fase de pré-colheita atinjam as mudas do tipo filhote. 
Para antecipar e, principalmente, homogeneizar a época de florescimento e colheita 
do abacaxizeiro, necessário se faz a indução artificial da floração. Esta prática 
consiste-se da aplicação de produtos indutores na roseta foliar (olho da planta) ou 
da sua pulverização sobre a planta. 
A época mais adequada para a indução, depende de vários fatores, principalmente 
do planejamento da data de colheita, uma vez que, após 5 a 6 meses depois da 
indução os frutos estão aptos para a colheita. Em geral, recomenda-se que a 
indução seja feita em plantas de 8 a 12 meses de idade. 
Os indutores mais usados são o carbureto de cálcio e os produtos a base de etefon 
(ethrel, arvest ou similar). O carbureto é usado na roseta foliar, na forma sólida (0,5 a 
1,0g/ planta) ou líquida (30 a 50 ml/planta). Recomenda-se a forma sólida em 
épocas chuvosas ou plantios irrigados. A solução é preparada usando-se 345 g do 
produto em 100 litros de água. O etefon deve ser aplicado no olho da planta usando-
se 50ml/planta, ou em pulverização total da planta, sendo que sua eficiência é 
aumentada com a adição de uréia a 2% do produto comercial. 
A eficiência no processo de indução é aumentada executando-se a prática à noite ou 
nas horas mais frescas do dia, de preferência em dias nublados. 
Controle de Pragas e Doenças 
As pragas mais comuns são a broca do fruto (Thecla basalides) e a cochonilha 
(Dysmicoccus brevipes), esta última causadora da "murcha do abacaxi". 
A broca do fruto é a larva de uma pequena borboleta que ataca a inflorescência, 
cavando galerias e provocando o aparecimento de uma substância com aspecto de 
goma. O tratamento pode ser feito com carbaril; paration metílico, diazinon, triclorfon 
ou fenitrotion. A aplicação de inseticidas deve ser realizadas em 4 vezes, em 
intervalos regulares, sendo a primeira aplicação após a emergência da 
inflorescência. Não esquecer de observar o período de carência do produto. 
A cochonilha é um inseto pequeno, sem asas, que se apresenta coberto por uma 
espécie de farinha branca. Este inseto além de debilitar a planta pela sua ação 
sugadora transmite o agente causal da doença murcha do abacaxi. O controle é feito 
eliminado-se os restos culturais da safra anterior, com o uso de mudas de boa 
qualidade e se necessário, tratando-se as mudas com inseticida. O controle químico 
nas plantas pode ser feito utilizando-se os inseticidas paration metílico, diazinon ou 
vamidotion, de forma preventiva aos 60, 150 e 240 dias após o plantio. Recomenda-
se também realizar o controle das formigas doceiras que ajudam na disseminação 
da cochonilha, realizando um bom preparo do solo e usando o inseticida paration 
metílico. 
➢ CONTROLE DE DOENÇAS 
A fusariose do abacaxizeiro(Fusarium subglutinans) é a doença que mais causa 
danos à cultura. O principal sintoma é a exsudação de goma a partir da região 
afetada. Para o seu controle deve-se eliminar os restos culturais da safra anterior 
(incorporação no solo ou queima); utilizar mudas sadias; durante o cultivo, identificar 
plantas doentes e eliminá-las; pulverizar as inflorescências desde o seu 
aparecimento no olho da planta até o fechamento das últimas flores com o fungicida 
Benlate 500 (30g/20l de água) a intervalos de sete a 10 dias. 
A podridão negra (Chalara paradoxa (De Seynes) Von Hohnel) é uma doença de 
pós-colheita. O sintoma característico é o apodrecimento da polpa. Para o seu 
controle deve-se colher os frutos com uma parte do pedúnculo (aproximadamente 2 
cm); evitar ferimentos na superfície dos frutos; e se houver, proteger o ferimento 
resultante do corte na colheita com fungicidas (Triadimefon, Benomyl ou Captan), 
pincelando o pedúnculo do furto com o produto, não esquecer de verificar o período 
de carência; e eliminar restos culturais nas proximidades das áreas onde os frutos 
são processados. 
➢ CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS 
As plantas daninhas devem ser controladas com capinas manuais (enxada), 
roçadeiras manuais, cultivos à tração animal, uso de cobertura morta e herbicidas 
recomendados para a cultura, à base de diuron, bromacil, simazina ou ametrina, 
aplicados, de preferência, em pré-emergência das plantas daninhas. O uso de 
herbicidas reduz a mão-de-obra e é o método mais eficiente. Em áreas infestadas 
por plantas daninhas de difícil controle (tiririca, capim sapé, grama-seda etc) 
recomenda-se a aplicação de herbicidas à base de glifosate. A cultura deve ser 
mantida livre de plantas daninhas pelo menos até a indução floral. 
Irrigação 
O abacaxizeiro embora tolerante à falta de água, apresenta em períodos de 
escassez de água acentuada redução de seu desenvolvimento vegetativo. Um 
déficit hídrico durante a frutificação compromete o peso dos frutos. A quantidade de 
água necessária para a cultura é de 60 a 150 mm/mês. Quando tal situação não é 
alcançada recomenda-se a irrigação. Os métodos de irrigação mais usados são os 
de aspersão, pivô central e autopropelido. Micro aspersão e gotejamento podem 
também ser usados. Em algumas regiões do estado de Rondônia se utiliza irrigação 
por aspersão convencional. 
Colheita e pós-colheita 
As atividades de colheita compreendem os cuidados na fase imediatamente anterior 
a colheita (pré colheita), determinação do ponto de colheita, decisão de colheita e 
transporte do campo até o galpão pós-colheita (local destinado à seleção, 
tratamento e acondicionamento para encaminhar para a comercialização). 
➢ DETERMINAÇÃO DO PONTO DE COLHEITA 
O abacaxi não amadurece após a colheita, sendo portando necessário sua colheita 
após seu completo desenvolvimento fisiológico. A concentração de açúcares deve 
ser medida com um refratômetro e deve ser maior que 19° Brix no verão e 14,5° Brix 
no inverno. Os frutos devem ser colhidos em estádios de maturação diferentes, de 
acordo com o seu destino e a distância do mercado consumidor. 
Indústria – Deve ser colhido maduro (casca mais amarela que verde); 
Mercado "in natura" e mercados distantes – Devem ser colhidos "de vez", quando 
surgem os primeiros sinais de amarelecimento da casca; 
Mercado "in natura" e mercados locais – Frutos com até a metade da casca amarela. 
Entretanto, alguns fatores também devem ser levados em consideração, para se 
definir o ponto de colheita com base na coloração da casca do fruto: 
Quanto maior o fruto menos a casca se descolore, ou seja frutos grandes com 
coloração amarela apenas na base pode estar mais maduro do que um fruto 
pequeno com toda a casca amarela; 
Em períodos frios e secos os frutos se colorem mais do que naqueles quentes e 
úmidos. Ou seja, frutos colhidos no inverno devem ser colhidos com a coloração da 
casca mais amarela do que os frutos colhidos no verão; 
Adubações ricas em potássio e pobres em nitrogênio favorecem a coloração da 
casca e com adubações pobres em potássio e ricas em nitrogênio ocorre o contrário; 
Variedades, frutos da variedade Smooth Cayenne colorem-se menos do que os da 
variedade Pérola; 
Para uniformizar a coloração da casca , usar em frutos maduros com casca 
apresentando início de amarelecimento produtos à base de etefon. Para isso, utiliza-
se de 1ml a 2 ml do produto comercial (24% de etefon) por litro de água. Na cultivar 
Smooth Cayenne, este tratamento pode ser realizado através de pulverização, 4 a 7 
dias antes da colheita. Na cultivar Pérola, o mais indicado é a utilização da imersão, 
sem atingir a coroa. 
➢ COLHEITA 
A colheita pode ser feita com o auxílio de um facão, com o colhedor utilizando luva 
grossa para proteger as mãos. Não colher frutos verdes, pois, eles não amadurecem 
após colhidos. O operário segura o fruto pela coroa e corta o pedúnculo 3 a 5 
centímetros abaixo da base do fruto. Os frutos colhidos são entregues a outros 
operários que os transportam em cestos, balaios, caixas ou carrinhos de mão, até o 
caminhão ou carreta. Os frutos devem ser colhidose transportados com o máximo 
cuidado possível para evitar danos mecânicos e redução na qualidade do produto. A 
grande maioria dos frutos é utilizada para o consumo "in natura", entretanto, existe 
uma agroindústria em Pimenta Bueno-RO, que vem comprando frutos dos 
produtores para industrialização dos frutos. 
 
 
➢ CLASSIFICAÇÃO DOS FRUTOS 
Em geral, os frutos colhidos são acondicionados, no campo, em caminhões e 
transportados diretamente para a comercialização. 
Entretanto, as exigências por qualidade têm crescido muito, neste sentido deve-se 
seguir as seguintes recomendações: 
Após a colheita dos frutos, estes devem ser levados para um barracão, chegando lá, 
as frutas devem sofrer um acabamento para que sua aparência seja melhorada e 
para que o ataque por patógenos seja diminuído. Por isso, os abacaxis têm o 
tamanho do seu pedúnculo reduzido de 5-6cm para 2-3cm e a superfície do corte 
tratada com desinfetante para prevenir contra o ataque de fungos e bolores com 
uma solução de benomyl a 4.000 ppm, para evitar a podridão negra. A coroa pode 
ou não ser retirada, mas se a preferência for por eliminá-la, também deve ser 
realizado um tratamento desinfetante na inserção. Os frutos deverão ser submetidos 
a uma seleção, eliminado-se aqueles com defeitos. Aqueles que não apresentarem 
defeitos devem ser classificados por tamanho e se possível por maturação. Na 
separação por tamanho pode se dividir os frutos em pequenos, médios e grandes. 
Quanto à maturação, os frutos podem ser divididos em 1/3 maduros, ½ maduros e 
totalmente maduros. Após isto os frutos estão prontos para serem embalados e 
transportados para os locais de distribuição. Em Rondônia os frutos são 
classificados em Primeira (peso superior a 1,5 kg) e Segunda (peso inferior a 1,5 
kg). 
➢ EMBALAGEM 
As embalagens quando apropriadas, ajudam a manter a qualidade dos frutos 
durante o transporte e a comercialização, além de melhorar a apresentação do 
produto. Assim, depois de corretamente selecionadas, as frutas passam para a 
etapa de embalagem, que pode ser feita em caixas de madeira (só aceitas no 
mercado nacional) e caixas de papelão. No Brasil ainda é comumente utilizado o 
transporte a granel, isto é, sem qualquer tipo de embalagem, fato esse que não é 
recomendado devido às grandes perdas que acontecem. 
As frutas, a serem embaladas, são dispostas verticalmente nas caixas de papelão e 
separadas umas das outras por folhas também de papelão para evitar o atrito entre 
as mesmas. O fundo dessas caixas são forrados com mais uma camada de papelão 
e suas laterais possuem orifícios por onde ocorre a entrada e saída de ar 
necessários para manter a fruta em boas condições. A capacidade das caixas varia 
de acordo com o tamanho das frutas e comporta em média 6, 12 ou 20 delas, 
dependendo do tamanho da caixa. 
➢ ROTULAGEM 
A rotulagem da embalagem é importante, pois ajuda a identificar o produto, 
facilitando o manuseio pelos recebedores. 
➢ ARMAZENAMENTO 
As caixas com as frutas devem ser armazenadas a uma temperatura constante, que 
não pode ser menor que 7°C, pois podem ocorrer injúrias na casca das frutas 
causadas pelo frio excessivo (chilling), nem superior a 10°C, já que acima desta 
temperatura a susceptibilidade ao ataque de fungos é aumentada. 
A umidade relativa do ar deve estar em torno de 90%. Sob estas condições é 
possível conservar as frutas por até quatro semanas. 
➢ TRANSPORTE 
O transporte do abacaxi, geralmente, é feito em caminhões não refrigerados, a 
granel. Para não causar injúrias aos frutos, estes devem ser acolchoados. Na 
cultivar Pérola pode-se usar os próprios filhotes, e no caso da Smooth Cayenne, que 
não tem filhotes, deve-se utilizar capim. Os frutos devem ser colocados em camadas 
alternadas e deve-se cobrir o caminhão com uma lona, para evitar injúrias causadas 
pelo vento. Se o destino das frutas for um local distante do local de produção, o 
transporte deve ser feito em caminhões refrigerados. Porém, se não for possível 
transportar a carga a longas distâncias neste tipo de caminhão, pode-se realizar o 
transporte à temperatura ambiente, porém à noite, sempre cobrindo a carga com 
uma lona. 
 
 
 
Manejo da Soca (segundo ciclo) 
Considera-se como segunda colheita a produção obtida de brotações da planta-
mãe, após a retirada do primeiro fruto. Em plantios bem conduzidos, com bom 
estado fitossanitário, pode-se colher uma 2ª safra (soca) desde que, as brotações 
recebam alguns tratos culturais necessários ao seu desenvolvimento, como: controle 
de plantas daninhas, adubação (metade da recomendada no 1º ciclo) aplicadas em 
duas vezes, indução floral entre 6 a 8 meses após a primeira colheita e controle 
fitossanitário. 
Comercialização 
Para facilitar a comercialização dos frutos e obter preços mais compensadores para 
o mercado in natura, recomenda-se: 
Peso mínimo de 1,1 kg no período de safra e de 800 g na entressafra; 
Frutos isentos de machucados; 
Estágio de maturação, que deve variar com a distância do mercado consumidor. 
Análise de sazonalidade de preços nas principais Ceasas do Brasil indica que o 
período de diminuição de oferta e consequente melhora nos preços ocorrem nos 
meses de fevereiro a maio. Nos meses de junho a outubro tem-se os preços médios 
e nos meses de novembro a janeiro temos os preços mais baixos da fruta. A 
comercialização das frutas em Rondônia é feita nos supermercados, feiras, e em 
caminhões dos próprios produtores, no Estado e existe alguns produtores que 
vendem a fruta para a Bolívia. 
 
 
 
 
 
 
 Coeficientes técnicos para implantação de Um ha de Abacaxi. 
 
 
Referências 
ALVES, A.A.; MATOS, A.P.; REINHARDT, D.H.; CUNHA, G.A.P.; SILVEIRA, J.R.; 
ALCÂNTARA, J.P.; CABRAL, J.R.S.; SOUZA, L.F.S.; SILVA, N.M.; SANCHES, N.F.; 
ALMEIDA, O.A.; ANDRADE, R.L.L.; Recomendações técnicas para a cultura do 
abacaxi na região de Itaberaba, em condições de sequeiro. Empresa Baiana de 
desenvolvimento agrícola S.A., EBDA, 1998. 8p. (Comunicado Técnico, 19). 
BARREIRO NETO, M.; SANTOS, E.S. Abacaxicultura: contribuição tecnológica. 
João Pessoa: EMEPA-PB, 1999. 96p. (EMEPA-PB. Documentos, 26). 
CUNHA, G.A.P.; CABRAL, J.R.S.; SOUZA, L.F.S.; O Abacaxizeiro. Cultivo, 
agroindústria e economia. Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA). 
Brasília: Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia, 1999. 480p. 
GONÇALVES, N. B. Org. Abacaxi Pós-colheita. Embrapa Agroindústria de alimentos 
– Brasília: Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia, Brasília, DF, 
2000. 45 p. 
GORGATTI NETTO, A.; CARVALHO, V. D.; BOTREL, N.; BLEINROTH, E.W.; 
MATALLO, M.; GARCIA, A. E.; ARDITO, E. F. G.; GARCIA, E. E. C. ; BORDIN, M. 
R. B. Abacaxi para exportação: procedimentos de colheita e pós-colheita. Embrapa, 
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MATOS, A.P. Org. Abacaxi Fitossanidade. Embrapa Mandioca e Fruticultura – 
Brasília: Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia, Brasília, DF, 
2000. 77 p. 
Ministério da Agricultura, Anuário Brasileiro da Fruticultura. 2002. 176p. 
Novas variedades brasileiras de frutas. – Jaboticabal: Sociedade Brasileira de 
Fruticultura, 2000. 205p. 
REINHARDT, D.H.; SOUZA, L.F. DA S.; CABRAL, J.R.S. Abacaxi. Produção: 
aspectos técnicos. Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA). Brasília: 
Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia, 2000. 77p. (Frutas do 
Brasil; 7). 
SÁ, L.F. Cultura do abacaxi. Goiânia, Empresa de Assistência Técnica e Extensão 
Rural, EMATER-GO, 1994. 18p. (BOLETIM TÉCNICO, 1).

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