Buscar

O Papel do Pedagogo na Gestão da Educação Infantil

Prévia do material em texto

O PAPEL DO PEDAGOGO NA GESTÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
 
ANTONIACOMI, Kayane Celise1 - PUCPR2 
 
Grupo de Trabalho - Políticas Públicas, Avaliação e Gestão da Educação 
Agência Financiadora: não contou com financiamento 
 
Resumo 
 
A pesquisa resulta do trabalho de conclusão de curso de Licenciatura em Pedagogia 
possuindo como tema de estudo “O papel do pedagogo na gestão da educação infantil”. 
Analisar o trabalho do pedagogo na gestão de uma escola pública de educação infantil, 
segundo a percepção dos profissionais da escola de educação infantil é objetivo geral 
proposto nessa pesquisa. Definem-se como objetivos específicos: identificar as atribuições do 
pedagogo como gestor na educação infantil na rede pública de ensino; compreender os 
principais limites, dificuldades e barreiras enfrentadas pelo pedagogo enquanto gestor na 
educação infantil e, por fim, caracterizar as percepções dos professores e demais profissionais 
da escola em relação ao pedagogo como gestor na educação infantil. A partir da pesquisa de 
abordagem qualitativa, utilizou-se entrevistas semiestruturadas com funcionários de um 
CMEI da Rede Municipal de Ensino de Curitiba; análise documental do projeto político 
pedagógico da instituição e materiais disponibilizados no site da Prefeitura Municipal de 
Curitiba. Fundamentou-se a análise os seguintes autores: Dias (1999), Libâneo, Oliveira e 
Toshi (2009), Kramer (2005), Meneses (1999) dentre outros, bem como a Lei de Diretrizes e 
Bases 9394/96 (1996) e as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2010). 
Os dados evidenciam a necessidade do pedagogo enquanto gestor possuir a visão total da 
unidade tanto da parte administrativa quanto pedagógica. Destaca-se que as limitações do 
pedagogo gestor relaciona-se à falta de participação da comunidade escolar e falta de verbas. 
Para a superação de limites, barreiras e dificuldades enfrentadas pelo gestor, indicam que as 
decisões precisam ser tomadas pelos conselhos favorecendo a gestão democrática, buscando o 
envolvimento de toda a comunidade educativa, em prol da melhoria e desenvolvimento da 
qualidade da educação. 
 
 
Palavras-chave: Gestor Escolar. Pedagogo Gestor. Gestor de Centro Municipal de Educação 
Infantil. Gestão democrática. 
 
1 Licenciada em Pedagogia pela Pontifícia Universidade católica do Paraná. Professora do Colégio Bom Jesus – 
Curitiba –PR. E-mail: kayanecelise@hotmail.com. 
2 Trabalho de Conclusão de Curso de Licenciatura em pedagogia orientado pela Professora Doutora Romilda 
Teodora Ens. Professora Titular da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Pesquisadora 
Associada da Fundação Carlos Chagas, participando do CIERS-Ed (Centro Internacional em Representações 
Sociais e Subjetividade – Educação. E-mail: romilda.ens@pucpr.br. 
1712 
 
Introdução 
O pedagogo possui várias áreas de atuação e dentre elas está o trabalho na gestão da 
escola, o espaço de educação formal, além dos diversos espaços em que a educação pode 
ocorrer. Estabelecer a relação entre formação e atuação do pedagogo, faz-se necessário devido 
ao fato de que enquanto gestor de uma escola de educação infantil cabe ao pedagogo atuar no 
desenvolvimento e promoção de um ensino de qualidade, atendendo as exigências e 
necessidades da criança de zero a cinco anos, uma fase de extrema importância no 
desenvolvimento do aluno. 
O profissional que atua em várias instâncias da prática educativa, direta ou 
indiretamente ligadas à organização e aos processos de transmissão e assimilação de 
saberes e modos de ação, tendo em vista objetivos de formação humana previamente 
definidos em sua contextualização histórica. ( LIBÂNEO, 1999, P.25) 
Ser gestor de uma escola é, também, ser um professor. Em primeiro lugar, sua tarefa é 
a de participar das atividades desenvolvidas na escola. A sua maneira de conduzir os 
caminhos a serem percorridos pela escola repercute na formação dos alunos. De acordo com 
Dias (1999, p. 274-275) ser gestor é: 
Uma função complexa podendo ser vista em três aspectos: o diretor como autoridade 
escolar; diretor como educador e diretor como administrador. [...] Quando a direção 
se integra totalmente nas atividades da escola quase não se percebe o seu trabalho 
isoladamente. 
As Diretrizes Curriculares Nacionais Específicas para Educação Infantil (BRASIL, 
2009, p.18), cofirmam ser “a educação infantil primeira etapa da educação básica” e definem 
que nessa etapa de formação é fundamental “considerar as especificidades e singularidades da 
criança, com ênfase em práticas de educação, nas quais está envolvida a dimensão do cuidado, 
responsáveis pelo desenvolvimento físico, emocional, afetivo, cognitivo, linguístico e 
sociocultural” (BRASIL, 2009, p.18). 
A partir de tais pressupostos a pesquisa é resultado do trabalho de conclusão de curso 
de Licenciatura em Pedagogia, levantando-se o seguinte problema de pesquisa: Qual é o 
trabalho do pedagogo na gestão de uma escola pública de educação infantil, segundo as 
representações dos profissionais da escola? 
Analisar o trabalho do pedagogo na gestão de uma escola de educação infantil 
segundo as representações dos profissionais da escola, define-se como o objetivo geral da 
1713 
 
pesquisa, possuindo desdobramentos em três objetivos específicos, sendo eles: Identificar as 
atribuições do pedagogo como gestor na educação infantil na rede pública de ensino; 
Compreender os principais limites, dificuldades e barreiras enfrentadas pelo pedagogo 
enquanto gestor na educação infantil; Verificar as representações dos professores e demais 
profissionais da escola em relação ao pedagogo como gestor na educação infantil. 
De maneira a contextualizar a presente pesquisa, se faz necessário apresentar breves 
apontamentos a respeito da educação infantil no Brasil hoje e questões relacionadas a gestão, 
cultura organizacional e do papel do pedagogo na gestão de uma escola de educação infantil. 
A Educação Infantil No Brasil hoje 
A educação infantil é compreendida como a primeira etapa da Educação Básica, 
oferecida hoje no Brasil a crianças de zero a cinco anos, tanto na rede pública, como na rede 
privada de ensino. Tem por finalidade contemplar as dimensões do cuidar e educar, visando o 
desenvolvimento integral do aluno. De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais 
Especificas para a Educação Infantil em seu art. 5º (Resolução nº5/2009, de 17 de dezembro 
de 2009), nessa etapa a educação é 
oferecida em creches e pré-escolas, às quais se caracterizam como espaços 
institucionais não domésticos que constituem estabelecimentos educacionais 
públicos ou privados que educam e cuidam de crianças de 0 a 5 anos de idade no 
período diurno, em jornada integral ou parcial, regulados e supervisionados por 
órgão competente do sistema de ensino e submetidos a controle social. (BRASIL, 
2009, p.12). 
A educação infantil no Brasil até pouco tempo destinava-se a crianças de zero a seis 
anos de acordo com a LBD 9394/96: em seu art. 20º, o qual define o atendimento de crianças 
de zero a três anos em creches e de 4 a 6 anos em pré-escolas. Com a implementação da Lei 
11.274 de 06 de fevereiro de 2006, realiza-se a alteração dos artigos 29, 30, 32 e 87 da LDB 
no 9.394, estabelecendo que o ensino fundamental terá duração de nove anos, onde os alunos a 
partir dos 6 anos necessitam ser matriculados no ensino fundamental. Dessa forma, a 
educação infantil sofre algumas modificações, conforme é apresentado nas Diretrizes 
Curriculares Nacionais para a Educação Básica, conforme Resolução CNE/CEB Nº 05/2009, 
art. 5º em seus parágrafos 1º e 2º: 
 
1714 
 
§ 1º -É obrigatória a matrícula na Educação Infantil de crianças que completam 4 ou 
5 anos até o dia 31 de março do ano em que ocorrer a matrícula. 
§ 2° -As crianças que completam 6 anos após o dia 31 de março devem ser 
matriculadas na Educação Infantil.(BRASIL, 2009). 
Em relação à legislaçãoque ampara a infância no Brasil, Kramer (2005, p.134) faz os 
seguintes apontamentos: 
Em termos legais, podemos afirmar que nunca o Brasil teve uma legislação tão 
moderna no que se refere a infância: a Constituição de 1988, que garante, entre 
outras coisas, a educação infantil como direito das crianças e suas famílias; a Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, que reconhece a educação infantil 
como primeira etapa da educação básica; o Plano Nacional de Educação de 2001; o 
Estatuto da Criança e do Adolescente 1990 são instrumentos legais que 
reconhecem a criança como sujeito social de direitos. 
Quando falamos da educação infantil, necessitamos abordar duas questões que estão 
interligadas e são indissociáveis, sendo elas o educar e o cuidar. Durante a permanência da 
criança na escola de educação infantil o tempo necessita ser organizado, envolvendo questões 
referentes ao cuidado, brincadeiras e aquisição de novas aprendizagens. Nos RCN´s da 
Educação Infantil o educar é definido como: 
Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e 
aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o 
desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com 
os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas 
crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. Neste 
processo, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de 
apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas, emocionais, 
estéticas e éticas, na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e 
saudáveis. (BRASIL, 1998, p. 23) 
O educar trabalha de maneira integrada com o cuidado, brincadeiras e aprendizagens, 
com o intuito do desenvolvimento da criança de forma integral, envolvendo questões 
relacionadas à convivência com o outro, com o emocional, conhecimento de seu próprio 
corpo e trabalhando, também, com a realidade e a cultura na qual está inserida. 
Contemplar o cuidado na esfera da instituição da educação infantil significa 
compreendê-lo como parte integrante da educação, embora possa exigir 
conhecimentos, habilidades e instrumentos que extrapolam a dimensão pedagógica. 
Ou seja, cuidar de uma criança em um contexto educativo demanda a integração de 
vários campos de conhecimentos e a cooperação de profissionais de diferentes áreas. 
(BRASIL, 1998, p. 24) 
1715 
 
O cuidar se constitui como parte da educação, complementando o trabalho do cuidar, 
estando relacionado com questões em que a criança necessita do apoio de um adulto, tanto 
para questões pedagógicas como para questões de necessidades básicas. 
De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil 
(BRASIL, 2010, p.30) devido a transição da educação infantil para o ensino fundamental, é 
necessário que a proposta pedagógica propicie formas de garantir a continuidade do processo 
de ensino-aprendizagem e desenvolvimento da criança, sempre respeitando suas 
singularidades e sua faixa etária, não antecipando os conteúdos a serem trabalhados no ensino 
fundamental. 
Gestão do espaço escolar 
Para falarmos de gestão, é necessário em primeiro lugar apresentar o seu conceito, o 
qual, segundo Libâneo, Oliveira e Toschi (2009, p.318) a gestão é entendida como: “a 
atividade pela qual são mobilizados meios e procedimentos para atingir os objetivos da 
organização, envolvendo, basicamente, os aspectos gerenciais e técnicos administrativos”. 
Embora existam várias modalidades e concepções de gestão escolar, nesta pesquisa a 
ênfase se faz na gestão democrática, pois a mesma aplica-se nas instituições de ensino público 
conforme é apresentada na LDB 9394/96 (BRASIL, 1996): 
Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: 
[...] 
VIII- gestão democrática do ensino público na forma desta Lei e da legislação dos 
sistemas de ensino 
[...] 
Art. 14º - Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do 
ensino público na educação básica, de acordo com suas peculiaridades e conforme 
os seguintes princípios: 
 I- participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico 
da escola; 
II- participação da comunidade escolar e local em conselhos escolares ou 
equivalentes; 
De acordo com Libâneo, Oliveira e Toschi (2009, p. 326) a gestão democrático-
participativa busca a combinação entre ênfase nas relações humanas, bem como a participação 
nas decisões para alcançar os objetivos propostos na escola, levando em consideração e 
valorizando elementos como: planejamento, organização, avaliação e direção. 
1716 
 
[...] a gestão participativa, além de ser a forma de exercício democrático da gestão e 
um direito da cidadania, implica deverem e responsabilidades —portanto a gestão 
da participação. Ou seja, a gestão democrática, por um lado, é a atividade coletiva 
que implica a participação e objetivos comuns; por outro, depende também de 
capacidades e responsabilidades individuais e de uma ação coordenada e controlada. 
(LIBÂNEO, OLIVEIRA E TOSCHI, 2009, p.326). 
Existem, ainda, alguns princípios que caracterizam esse tipo de gestão, onde segundo 
Libâneo, Oliveira e Toschi (2009, p.333) são: 
Autonomia da escola e da comunidade educativa; relação orgânica entre a direção e 
a participação dos membros da equipe escolar; envolvimento da comunidade no 
processo escolar; planejamento de atividades; formação continuada para o 
desenvolvimento pessoal e profissional dos integrantes da comunidade escolar; 
utilização de informações concretas e análise de cada problema em seus múltiplos 
aspectos, com ampla democratização das informações; avaliação compartilhada; 
relações humanas produtivas e criativas, assentadas em uma busca de objetivos 
comuns. 
 
A principal forma de se garantir a gestão democrática é a participação, onde todos os 
membros pertencentes à escola participam das tomadas de decisões, segundo Libâneo, 
Oliveira e Toschi (2009, p.328): 
“[...] A participação proporciona melhor conhecimento dos objetivos e das metas da 
escola, de sua estrutura organizacional e de sua dinâmica, de suas relações com a 
comunidade, e proporciona um clima favorável a maior aproximação entre 
professores alunos e pais. 
Com a participação, os membros da escola podem auxiliar nas tomadas de decisões e, 
assim, conhecer quais são os objetivos e metas, além de conhecer toda a organização e 
funcionamento da instituição. 
A gestão escolar e cultura organizacional 
Na escola podemos fazer a distinção de dois tipos de estruturas, sendo elas: a estrutura 
administrativa, que é conhecida como a organização formal e a estrutura total, que abrange a 
estrutura formal e a organização informal. Cabe-se ressaltar que a organização informal está 
identificada como cultura organizacional. (MENESES 1999, P.271 e 273). 
A cultura organizacional de uma escola define-se como: 
1717 
 
O conjunto de fatores sociais, culturais e psicológicos que influenciam os modos de 
agir da organização como um todo e o comportamento das pessoas em particular. 
Isso significa que, além daquelas diretrizes, normas, procedimentos operacionais e 
rotinas administrativas, que identificam as escolas, há aspectos de natureza cultural 
que diferenciam uma das outras, não sendo a maior parte deles nem claramente 
perceptíveis nem explícitos.(LIBÂNEO, OLIVEIRA E TOSCHI, 2009, p.319) 
A cultura organizacional de uma instituição possui como elementos, segundo Libâneo, 
Oliveira e Toschi (2009, p. 319), o comportamento das pessoas bem como a relação entre as 
mesmas, as opiniões e as ações. A definição de cultura organizacional explica os motivos de 
uma escola diferenciar-se da outra em diferentes aspectos, pois são pessoas diferenciadas em 
pensamentos, opiniões e bagagem cultural. 
O pedagogo e a gestão da escola de educação infantil 
A escola hoje é definida como uma organização, na qual estáem um constante 
processo de desenvolvimento e aprendizagem, onde o gestor é o responsável pela 
administração e supervisão do espaço escolar. Dentro deste espaço muitas vezes o gestor é 
visto como a autoridade máxima, porém, o trabalho desenvolvido acontece de maneira 
conjunta com os demais membros da instituição, administrando da melhor maneira possível 
todos os problemas e conflitos encontrados, conforme é apresentado por Ens (2004, p.29): 
Uma escola é hoje, uma organização em desenvolvimento e em aprendizagem, ou 
seja, é uma organização aprendente e qualificante, vivendo alguns dilemas no seu 
dia-a-dia. Dentre estes dilemas, apontamos: a escola é para todos, pretende-se uma 
escola igualitária, mas não deixa de ser uma escola seletiva, a escola busca a 
igualdade, mas vive a competitividade, a escola está mais aberta a sociedade, mas 
trás para o seu interior os problemas da sociedade , a escola congrega no seu espaço 
formandos e formadores, mas seus próprios formadores se tem que assumir como 
formandos, a escola possui professores que não podem deixar de ter autoridade do 
saber, mas tem que admitir que seus alunos possuem hoje capacidades que os 
próprios professores não desenvolveram. 
O pedagogo como gestor de uma instituição de ensino, exerce uma função complexa e 
de grande responsabilidade, na qual segundo Dias (1999, p. 274) pode ser distinguida em três 
aspectos: a) o de autoridade escolar; b) o de educador; c) o de administrador. 
Uma das funções do pedagogo, enquanto supervisor pedagógico, consiste na 
coordenação, elaboração e implementação do projeto político pedagógico da sua escola, 
promovendo a participação de todos os membros da escola durante a construção do projeto. 
1718 
 
Construir o projeto político pedagógico significa enfrentar o desafio da mudança e 
da transformação, tanto na forma como a escola organiza seu processo de trabalho 
pedagógico como na gestão que é exercida pelos interessados, o que implica o 
repensar da estrutura de poder da escola. (VEIGA, 2000 apud ENS, 2004, p.33) 
O pedagogo, além de coordenar a elaboração do projeto político pedagógico, trabalha 
com diversas funções referentes a auxilio e orientação aos professores em questões referentes 
ao processo de ensino e aprendizagem, coordenação dos planos de ensino, organização dos 
planos de ensino, participação nos conselhos de classe, organização das turmas, etc. 
(LIBÂNEO, 1999, p.55). 
A elaboração da proposta curricular de cada instituição se constitui em um dos 
elementos do projeto educativo e deve ser fruto de um trabalho coletivo que reúna 
professores, demais profissionais e técnicos. Outros aspectos são relevantes para o 
bom desenvolvimento do projeto pedagógico e devem ser considerados, abrangendo 
desde o clima institucional, formas de gestão, passando pela organização do espaço 
e do tempo, dos agrupamentos, seleção e oferta dos materiais até a parceria com as 
famílias e papel do professor. (RCN´S, 1998, p.66) 
A formação continuada na educação infantil, assim como nos demais níveis da 
educação básica é de grande importância e necessita, portanto, fazer parte da rotina da 
instituição escolar, conforme os RCN´s (BRASIL, 1998, p.67-68) nos apresentam: 
Hora e lugar especialmente destinado à formação devem possibilitar o encontro 
entre os professores para a troca de idéias sobre a prática, para supervisão, estudos 
sobre os mais diversos temas pertinentes ao trabalho, organização e planejamento da 
rotina, do tempo e atividades e outras questões relativas ao projeto educativo. A 
instituição deve proporcionar condições para que todos os profissionais participem 
de momentos de formação de naturezas diversas como reuniões, palestras, visitas, 
atualizações por meio de filmes, vídeos etc. 
Considerando-se as demandas e desafios presentes no ambiente educacional, faz-se 
necessário que o gestor proponha e invista na formação continuada do corpo docente da 
instituição, propondo a utilização da pesquisa, incentivando os professores a repensarem, 
refletirem e analisarem sua prática profissional. 
No ambiente escolar é importante a valorização da participação da comunidade e do 
trabalho coletivo, realizando com toda a equipe um trabalho em conjunto e com troca de 
experiências, visando a reflexão e a melhoria da sua prática educativa, tudo em conformidade 
e atualizado com as leis que regem a educação. 
1719 
 
O fundamental é manter um clima de abertura, encorajamento; organizar o coletivo 
da escola; partilhar ideias, trocando experiências, refletindo sobre a prática de forma 
fundamentada. Conhecer a legislação nos seus limites e contradições. Criar formas 
de mobilizar a comunidade, além da própria equipe da escola. Fazer da reunião 
pedagógica e das horas complementares um espaço real de formação continuada da 
equipe da escola. (ENS, 2004, p.35). 
Dentro do ambiente escolar é de grande importância segundo os RCN´s (1998, p.66-
67), que exista um clima de respeito e cooperação entre todos os profissionais da escola e as 
famílias, principalmente, respeitar as diferenças, saber administrar os conflitos, cooperar e 
buscar soluções para a resolução de problemas da melhor maneira possível. 
Caminhos da pesquisa 
A metodologia utilizada nesta pesquisa constitui-se como sendo de abordagem 
qualitativa, a qual possui como aspecto fundamental a descrição e análise dos dados, não se 
restringindo apenas ao simples resultado, conforme Bogdan e Biklen (1994, p.16) apresentam, 
nesse tipo de pesquisa “os dados recolhidos são designados por qualitativos, o que significa 
rico em pormenores descritivos relativamente a pessoas, locais e conversas e de complexo 
tratamento estático.” O pesquisador busca interpretar e aprofundar os dados. 
Os instrumentos e procedimentos utilizados para a coleta de dados da pesquisa foram a 
análise documental e entrevista. A pesquisa se desenvolveu em um CMEI (Centro Municipal 
de Educação Infantil) da Rede Municipal de Ensino de Curitiba. A partir do projeto político 
pedagógico da escola, realizou-se a análise documental, buscando verificar como a gestão 
vem sendo apresentada neste documento. Ao analisar o projeto político pedagógico da 
instituição, o mesmo encontrava-se com última atualização realizada em 2005. Com a troca da 
gestora no segundo semestre de 2012 o mesmo está sendo reformulado. Na oportunidade, 
utilizou-se também a análise documental com materiais e documentos fornecidos pela 
Prefeitura Municipal de Curitiba. 
A entrevista semiestruturada realizou-se com 6 participantes, sendo eles: 1 gestora, 1 
professora, 3 educadoras e 1 auxiliar administrativo. Observa-se que os sujeitos de pesquisa 
entrevistados são todos do sexo feminino com idade entre 35 a 52 anos. O tempo de atuação 
das participantes na instituição varia entre 3 meses a 20 anos. A Participante A embora 
apresente apenas três meses de trabalho na instituição, a mesma já trabalha desde 2005 na 
Rede Municipal de Ensino de Curitiba. A partir dos dados apresentados constata-se que os 
1720 
 
participantes não são iniciantes na Rede Municipal de ensino e já possuem experiência em 
seus devidos cargos. 
Em relação à formação dos profissionais que atuam no CMEI, foi possível identificar 
que a Participante A possui formação em Pedagogia e especialização em gestão de recursos 
humanos e psicopedagogia, cumprindo as exigências explicitadas na LDB 9394/96 em seu art. 
64, o qual indica que os profissionais responsáveis por cargos de gestão de escolas de 
educação básica necessitam possuir curso de graduação em pedagogia ou em nível de pós-
graduação. A respeito da formação dos demais participantes identificou-se que a participante 
B e C possuem graduação com especialização, já a participante D, possui a graduação em 
pedagogia e a participante E possui magistério e no momento está cursando Pedagogia. Por 
fim, o participante F possui o ensino médio completo. 
Percebe-se a partir das respostasdos participantes que embora para o exercício do 
cargo de gestão, professores e educadores, seja exigência mínima o curso de licenciatura em 
pedagogia, as mesmas buscam a formação continuada a partir de cursos de especialização, “a 
formação continuada é a garantia do desenvolvimento profissional permanente.” (LIBÂNEO, 
OLIVERA E TOSHI, 2009, p. 389). 
Ações prioritárias do pedagogo gestor no espaço da Educação Infantil 
Para verificar a ação do pedagogo no CMEI, campo dessa pesquisa, sistematizou-se os 
dados em que os 6 participantes, todos trabalhando no CMEI informaram individualmente 
que ações são prioritárias ao pedagogo gestor nesse espaço de Educação Infantil, em Curitiba-
PR. 
Observa-se que a participante A, indica ser necessário ao pedagogo como gestor: visão 
geral da unidade; acompanhamento pedagógico, organização e uso da democracia. Já a 
participante B, evidencia ser prioritário o acompanhamento de projetos didáticos; a 
participante C, indica a organização para um bom trabalho dos educadores. E, as demais 
falam em atender a equipe pedagógica, a comunidade escolar e trazer a comunidade para o 
CMEI. Constata-se assim, que o pedagogo com gestor necessita ter conhecimento de toda a 
estrutura e funcionamento da instituição de ensino conforme destaca Dias (1999, p.270): 
1721 
 
A escola é organizada com a finalidade de atingir certos objetivos, os quais dão 
sentido a organização escolar e orientam, consequentemente, a tomada de decisões 
no que se refere à natureza dos currículos e programas, ao tipo de edifício escolar, à 
quantidade e qualidade do equipamento, ao número de qualificação do pessoal 
escolar. Portanto, quem quer que se proponha a trabalhar em uma escola precisa 
procurar informar-se sobre seus objetivos e, na medida do possível, dar sua própria 
contribuição para o aperfeiçoamento dos mesmos. 
A participante E, destaca “Usar a democracia, trazer a comunidade para o CMEI, 
atividades em conjunto”. Aspecto esse, apontado por Libâneo, Oliveira e Toshi (2009, p. 372) 
de que “O diretor de escola tem atribuições pedagógicas e administrativas próprias, e uma das 
mais importantes é a de gerir o processo de tomada de decisões por meio de práticas 
participativas”. 
Sobre o tipo de gestão adotada pela escola, 5 participantes logo responderam ser a 
“gestão democrática”, apenas uma das participantes disse não saber o tipo de gestão adotado 
pelo CMEI. 
Conforme informações da gestora do CMEI, a escolha do gestor no CMEI realiza-se 
por meio de indicação da própria diretora do CMEI, a gestora atual escolhe uma professora 
que se destaca na instituição e acredita possuir o perfil para assumir o cargo, em seguida é 
enviada a indicação para o núcleo de educação de Curitiba, ao qual o CMEI está vinculado 
por sua localização, que analisa e decide se irá aprovar a indicação. Até pouco tempo as 
educadoras também podiam ser nomeadas para o cargo de direção, porém, agora se tem como 
exigência o curso de Licenciatura em Pedagogia. 
A gestão democrática na escola pública, e as respostas das entrevistadas confirmam o 
princípio da educação estabelecido pelo art. 2º, inciso VIII da Lei 9394/1996 que diz: “gestão 
democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino” e 
que na maioria das vezes vem sendo usada a “eleição de diretor” como o responsável único 
por esse tipo de gestão. No entanto, não se pode deixar de observar que uma gestão 
democrática caracteriza-se a partir da “combinação entre ênfase nas relações humanas, bem 
como a participação nas decisões” (LIBÂNEO, OLIVEIRA E TOSHI, 2009, p. 326). 
Portanto, quando se fala em gestão democrática é importante compreender que as decisões 
não podem ser tomadas apenas por uma pessoa, o gestor não é o único responsável pelas 
decisões tomadas no ambiente escolar, o trabalho é realizado no coletivo, como indicou ser 
tarefa prioritária do pedagogo gestor a participante E. 
1722 
 
 O pedagogo como gestor da educação infantil 
As entrevistadas reconhecem que o pedagogo como gestor na Educação Infantil no 
CMEI, campo da presente pesquisa enfrenta limites e dificuldades. Em relação aos limites, 
dificuldades e barreiras enfrentadas na escola, os aspectos comuns entre todas as respostas 
foram a falta de verbas e a falta de participação da comunidade. 
Sobre falta de verbas, Libâneo, Oliveira e Toshi (2009, p.370) ressaltam que: 
Os planos financeiros envolvem o orçamento, o qual prevê as receitas e as despesas. 
A previsão das despesas da escola, em muitos casos, pode ser discutida pela equipe 
escolar, em muitos casos, pode ser discutida pela equipe escolar por ocasião da 
formulação do projeto pedagógico-curricular. As secretarias de Educação 
geralmente dispõem de orientações específicas sobre o orçamento, sobre as 
despesas, sobre a escrituração e sobre as formas de avaliação e de controle dos 
recursos recebidos e dos gastos efetuados [...]. 
 Pelas informações obtidas sobre as verbas, constatou-se que a Prefeitura Municipal 
encaminha verbas para o CMEI de 3 em três meses. Esses recursos financeiros são para a 
aquisição de materiais de limpeza, brinquedos, livros, emergências médicas, porém o valor 
recebido é muito baixo e dessa forma, como maneira de arrecadar mais fundos a APPF realiza 
festas e bazares que complementam o orçamento do CMEI. 
As demais participantes ainda relatam que a maior dificuldade e limites encontrados 
são em relação à comunidade escolar, pois existe pouca participação dos pais que não 
comparecem às reuniões e eventos que dizem respeito ao seu filho. 
O diretor precisa, pois, estar atento a todas as oportunidades para a melhoria da 
imagem da escola. Contribuem positivamente para isto: [...] Descobrir ocasiões 
especiais, alegres e festivas, para trazer os pais em visita à escola, evitando que o 
contato com eles se restrinja aos encontros para discussão de problemas com alunos. 
(DIAS, 1999, p.280). 
De acordo com a participante B: “As famílias possuem a visão apenas do cuidar, o 
pedagógico fica em segundo plano, não há o envolvimento da família”. 
A família é o primeiro contexto educacional na qual a criança está inserida e nele ela 
recebe os primeiros contatos, afetivos, cognitivos e sociais. Quando a criança inicia na creche 
ou na pré-escola é fundamental manter a relação entre a família e a escola, conforme é 
apresentado no Parecer 20/2009 CNE/CB: 
1723 
 
A família constitui o primeiro contexto de educação e cuidado do bebê. Nela ele 
recebe os cuidados materiais, afetivos e cognitivos necessários a seu bem-estar, e 
constrói suas primeiras formas de significar o mundo. Quando a criança passa a 
frequentar a Educação Infantil, é preciso refletir sobre a especificidade de cada 
contexto no desenvolvimento da criança e a forma de integrar as ações e projetos 
educacionais das famílias e das instituições. Essa integração com a família necessita 
ser mantida e desenvolvida ao longo da permanência da criança na creche e pré-
escola, exigência inescapável frente às características das crianças de zero a cinco 
anos de idade, o que cria a necessidade de diálogo para que as práticas junto às 
crianças não se fragmentem. (BRASIL, 2009, p. 13). 
Informações obtidas junto aos entrevistados indicam que a equipe pedagógica busca 
estratégias para trazer esses pais à escola, sempre apresentando alguma novidade, 
promovendo alguma oficina. Diante da dificuldade das próprias famílias compreenderem que 
o CMEI não possui apenas a função de cuidar de seus filhos, a instituição, conforme 
informações, destaca que sempre busca acolher e respeitar as famílias. Esse aspecto é 
destacado pelo Parecer CNE/CB 20/2009 quando estabelece: “O importante é acolher as 
diferentes formas de organização familiar e respeitar as opiniões e aspirações dos pais sobre 
seus filhos” (BRASIL, 2009, p. 13). Nesse sentido, para a superação das dificuldades, limites 
e barreirasencontradas na escola, as decisões sempre são tomadas no Conselho. 
Esse órgão coletivo, o Conselho, foi implantado nos CMEIs no ano de 2004 com o 
objetivo da promoção da gestão democrática dentro dos estabelecimentos de ensino, com o 
princípio de envolver toda a comunidade educativa nas decisões, sendo ela: os funcionários, 
as famílias e toda a comunidade escolar, de acordo com a Prefeitura Municipal de Curitiba 
(2012a). O Conselho é constituído por membros da comunidade educativa, sendo que os que 
fazem parte dessa comunidade são: as famílias, os profissionais da unidade de saúde local; 
APPF, educadores, professores, equipe administrativa, suportes técnicos pedagógicos e 
diretores. As reuniões do Conselho ocorrem bianualmente. (CURITIBA, 2012a). 
O trabalho pedagógico do gestor 
A relação entre o gestor e os demais profissionais da escola, segundo as participantes, 
caracteriza-se na forma de uma reunião tranquila, de diálogo com valorização das decisões 
tomadas em grupo e conselho. 
Os dados indicam que de acordo com a participante A (gestora): “Hoje a relação é 
mais acessível, com maior participação da comunidade educativa. Pois por muito tempo 
apenas o gestor realizava decisões.” Já a participante C identifica essa relação como: 
“Companheirismo, apoio pedagógico e psicológico, acompanhando suas ações no dia a dia do 
1724 
 
CMEI.” “É baseada no diálogo, dando valor as decisões tomadas em conselho, em grupo” 
(PARTICIPANTE B). 
O gestor necessita ter uma postura a qual crie na escola um ambiente de interação 
entre todas as pessoas envolvidas na instituição, pela participação e diálogo, o que certamente 
propicia um ambiente que favoreça o crescimento individual e coletivo. 
É tarefa do [gestor na ação pedagógica] [...] proporcionar a interação de todos os 
indivíduos envolvidos na escola, possibilitando o diálogo, favorecendo as relações, a 
cooperação, a participação consciente e responsável de cada um. E fazer da escola 
um espaço harmonioso, de trocas, de realização pessoal e de crescimento do grupo. 
(ENS, 2004, p.33 – grifos nossos) 
A partir dos relatos das entrevistadas, verificou-se a presença de características da 
gestão democrática, inclusive na fala do gestor do CMEI que compara a gestão de algum 
tempo atrás com a atual. Nessa comparação o mesmo esclarece que gestor era a autoridade 
máxima e o modelo de gestão atual caracteriza-se pela participação a partir do trabalho 
conjunto, valorizando-se as opiniões dos demais membros da escola. Acrescenta, ainda, que 
as decisões são tomadas em grupo, existindo uma relação que possibilita a troca e 
compartilhamento de ideias e experiências. Libâneo, Oliveira e Toshi (2009, p.383) também 
sugerem como ações para a efetivação da gestão democrática-participativa: 
Formação de uma boa equipe de trabalho. Um grupo de pessoas que trabalhe junto, 
de forma cooperativa e solidária, para a formação e aprendizagem dos alunos. O 
trabalho em equipe é uma forma de desenvolvimento da organização que, por meio 
da cooperação, do diálogo, do compartilhamento de atitudes e de modos de agir, 
favorece a convivência , possibilita encarar as mudanças necessárias, rompe as 
práticas individualistas e leva os alunos a produzir melhores resultados de 
aprendizagem. 
Esse tipo de trabalho exige formação pedagógica adequada, pois conforme relato das 
entrevistadas apresentado no, o gestor realiza o acompanhamento do trabalho pedagógico dos 
professores, além de sempre estar disponível para o auxílio e esclarecimento de dúvidas. 
Para o desenvolvimento do trabalho no CMEI, as professoras e educadoras de cada 
turma possuem um período de permanência de 8 horas semanais. Nesse período, as crianças 
ficam em sala com a “Equipe de apoio da permanência”, a qual é composta por educadoras 
para atuarem nas salas exatamente nos dias de permanência das professoras e educadoras 
responsáveis por cada turma. Essa equipe realiza atividades diferenciadas com as crianças, 
geralmente projetos de jogos e brincadeiras. A equipe de apoio é formada por 3 educadoras, 
as quais também possuem um período destinado para permanência . 
1725 
 
A permanência destina-se à realização de planejamentos e cursos de capacitação. 
Além do período de permanência na semana, durante alguns sábados, de acordo com o 
calendário escolar da instituição, são realizadas reuniões buscando promover a formação 
continuada e atualização com os professores, com estudos de textos e atividades. Além disso, 
no início de cada semestre a Secretaria Municipal e Educação de Curitiba realiza a semana 
pedagógica. 
Sendo assim, constata-se que o gestor do CMEI como já citado ao logo da pesquisa, 
além da preocupação com a parte administrativa, necessita conhecer a parte pedagógica, as 
propostas de trabalho dos professores e oferecer auxilio sempre que necessário. 
Os programas de formação continuada para uma educação infantil de qualidade, 
conforme indica o Parecer 20/2009, esses: 
Programas de formação continuada dos professores e demais profissionais também 
integram a lista de requisitos básicos para uma Educação Infantil de qualidade. Tais 
programas são um direito das professoras e professores no sentido de aprimorar sua 
prática e desenvolver a si e a sua identidade profissional no exercício de seu 
trabalho. Eles devem dar-lhes condições para refletir sobre sua prática docente 
cotidiana em termos pedagógicos, éticos e políticos, e tomar decisões sobre as 
melhores formas de mediar a aprendizagem e o desenvolvimento infantil, 
considerando o coletivo de crianças assim como suas singularidades. (BRASIL, 
2009, p. 13). 
De acordo com informações obtidas na página da Prefeitura Municipal de Curitiba 
(CURITIBA, 2012b), durante a semana pedagógica do segundo semestre de 2012, foram 
realizados estudos com bases nos seguintes textos: “Ressignificar a ação educativa com 
crianças pequenas (Departamento de Educação Infantil – SME); Crianças da natureza (Léa 
Tiriba); Inventos, inventores, engenhocas e Cia (Adriana Klysis) 
Explorações em ciências na educação infantil (Dietrich Schiel (org.))”. Os textos foram 
disponibilizados para os CMEIs em CD. Mas, também, é possível baixar os textos na íntegra 
na própria página da Prefeitura Municipal de Curitiba. Para a realização da “Semana 
Pedagógica” o pedagogo de cada CMEI recebe os encaminhamentos para a semana de estudos 
pedagógicos, no qual constam todas as orientações para realização das atividades propostas. 
Acessando ao site “cidade do conhecimento” da Prefeitura Municipal de Curitiba, os 
profissionais da educação podem verificar programação e período de inscrição de cursos 
oferecidos pela prefeitura que contribuem para a qualificação profissional. 
1726 
 
Considerações Finais 
A pesquisa permitiu a verificação do que está acontecendo na prática na educação 
infantil, por meio das respostas dos funcionários de um CMEI da Rede Municipal de Ensino 
de Curitiba. O pedagogo possui inúmeras incumbências e responsabilidades, detalhados na 
presente pesquisa. Identificou-se que o pedagogo necessita possuir o conhecimento da 
totalidade da unidade em que está atuando, conhecendo aspectos físicos, administrativos e 
pedagógicos, sendo evidenciando nas falas dos participantes da pesquisa a importância da 
organização em melhoria da qualidade do trabalho realizado por todos os membros da equipe 
escolar. 
Em concordância com a fala das participantes, para o funcionamento de uma 
instituição de ensino, seja de educação infantil, ensino fundamental, ensino médio ou ensino 
superior faz-se necessária a presença de uma gestora que conheça a instituição como um todo, 
identificando todas as necessidades e demandas da escola, bem como compreender quais são 
as suas dificuldades, os limites e barreiras, tanto da parte administrativa quanto da parte 
pedagógica. 
 Os maiores limites e barreiras encontradas no CMEI foram atinentes a questões 
financeiras e a dificuldadede trazer as famílias para a escola. Nessa perspectiva o gestor 
necessita utilizar-se de algumas estratégias para a superação destas dificuldades, conforme 
constamos, onde o gestor do CMEI pesquisado, busca arrecadar verbas e trazer a família na 
escola a partir de oficinas, festas, sempre utilizando atividades que aproximem a família da 
escola. 
Verificou-se que a relação entre o gestor e demais profissionais da escola caracteriza-
se como uma relação de respeito e diálogo, onde se realizam reuniões e as decisões são 
tomadas no coletivamente, em conselho e de forma democrática, inexistindo apenas as 
opiniões e ideias do gestor. 
A Rede Municipal de Ensino de Curitiba, preocupa-se, ainda, com a qualidade do 
Ensino ofertado nos CMEIs e desenvolve programas de formação continuada, ocorrendo no 
início de cada semestre a semana pedagógica e durante o ano os professores podem se 
inscrever em cursos divulgados no portal Cidade do Conhecimento. A formação continuada é 
de extrema importância para a carreira dos profissionais, tanto na área da educação como para 
qualquer outra área de atuação, à medida que possibilita o aprimoramento e reflexão da sua 
prática. 
1727 
 
REFERÊNCIAS 
BOGDAN, R, C; BIKLEN, Sari K. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à 
teoria e aos métodos. 4 ed. Porto, Pt: Ed. Porto, 1994. 
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro 
de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, 
Brasília, DF, 23 dez. 1996. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm>. Acesso em: 04 abr. 2012. 
BRASIL. ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. 
Departamento de Política da Educação Fundamental. Coordenação geral de educação infantil. 
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil . Brasília: MEC/SEF, 1998. 
Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf>. Acesso em: 05 
de jun. 2012. 
BRASIL. LEI Nº 11.274, DE 6 DE FEVEREIRO DE 2006. Presidência da República. Casa 
Civil. Subchefia para assuntos jurídicos. Brasilia, DF, 06 de fevereiro de 2006. Disponível 
em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11274.htm> Acesso 
em: 22 ago. 2012. 
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Conselho Pleno. 
Resolução CNE/CP nº 1, de 15 de maio de 2006. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais 
para o Curso de Graduação em pedagogia, licenciatura. Diário Oficial da União, Brasília, 
DF, 16 de maio de 2006, Seção 1, p. 11. Disponível em : < 
http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rcp01_06.pdf> . Acesso em: 03 maio 2012. 
BRASIL. Subsídios para diretrizes curriculares nacionais para a educação básica: 
diretrizes curriculares nacionais específicas para a educação infantil. 
TRABALHO Encomendado pelo Mec/Seb à Diretoria de Concepções e Orientações 
Curriculares da Educação Básica. Sonia Kramer (Consultora). Equipe: Camila Barros, 
Daniela de Oliveira Guimarães, Hilda Micarelo, Luiz Cavalieri Bazilio, Maria Fernanda 
Nunes. Brasilia, DF: maio 2009. Disponível em:< 
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=13867&Itemid=9
36>. Acesso em: .22 maio 2012. 
BRASIL, Ministério de Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de educação 
Básica. Parecer CNE/CEB n. 20/2009 aprovado em 11 de Nov. 2009. Revisão das Diretrizes 
Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 09 de 
dez. 2009, Seção 1, p.14. Disponível em< 
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12992:diretrizes-
para-a-educacao-basica&catid=323> Acesso em: 18 mar. 2012. 
BRASIL. Ministério de Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação 
Básica. Resolução CNE/CEB n.5, de 17 de dezembro de 2009. Fixa as Diretrizes Curriculares 
Nacionais a Educação Infantil. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 18 dez. 2009, Seção 1, 
1728 
 
p. 18. Disponível em: 
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12992:diretrizes-
para-a-educacao-basica&catid=323:orgaos-vinculados. Acesso em: 20 mar. 2012. 
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes curriculares 
nacionais para a educação infantil. Secretaria de Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, 
2010. Disponível em 
<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12579%3Aeduc
acao-infantil&Itemid=859>. Acesso em: 12 jul .2012. 
CURITIBA. Secretaria Municipal de Educação. Manual do Conselho, Centro Municipal de 
Educação Infantil. Curitiba, 2012a. Disponível em: < 
http://www.cidadedoconhecimento.org.br/cidadedoconhecimento/downloads/arquivos/7055/d
ownload7055.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2012. 
CURITIBA. Educação infantil: Notícias. Curitiba: Cidade do Conhecimento, 2012b. 
Disponível em: < 
http://www.cidadedoconhecimento.org.br/cidadedoconhecimento/index.php?portal=530&PH
PSESSID=32470dc96ad547f2df260335e0e29e81> Acesso em: 12 ago. 2012. 
DIAS, José Augusto. Gestão da Escola.Básica.In: Meneses, João Gualberto de Carvalho. 
Estrutura e e funcionamento da educação básica: leituras. 2. ed. São Paulo: Thomson 
learning, 1999. p. 268-282. 
ENS, Romilda Teodora. Os caminhos da ação supervisora no espaço escolar. In: TORRES, 
Patrícia Lupion, Ens, Romilda Teodora, FILIPAK, Sirley Terezinha. Os caminhos da gestão 
e da docência na educação básica. Curitiba: Champagnat, 2004. p. 27-35. 
HADLICH, Andreia. Semana de estudos pedagógicos 2012. Curitiba, 2012. Disponível em 
<http://www.cidadedoconhecimento.org.br/cidadedoconhecimento/index.php?portal=530&co
d_not=38253> Acesso em: 12 ago. 2012. 
KRAMER, Sonia.Subsídios para Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica. 
Diretrizes Curriculares Nacionais Específicas para a Educação Infantil: Trabalho 
encomendado pelo MEC/SEB. Maio de 2009. Disponível em < 
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=13867&Itemid=9
36> Acesso em: 23 mar. 2012. 
KRAMER, Sonia. Profissionais de educação infantil: gestão e formação. São Paulo: Ática. 
2005. 
LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos, para quê? 2. ed. São Paulo: Cortez, 1999. 
LIBÂNEO, José Carlos, OLIVEIRA, João Ferreira de, TOSCHI, Mirza Seabra. Educação 
escolar: políticas, estrutura e organização. 7.ed. Cortez: São Paulo, 2009. 
1729 
 
MENESES, João Gualberto de Carvalho. A profissão de professor e dos profissionais da 
Educação Básica. In: MENESES, João Gualberto de Carvalho et al. Estrutura e 
funcionamento da educação básica: leituras. 2. ed. São Paulo: Thomson learning, 1999, p. 
291 -299.

Outros materiais