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Aula sobre Pobreza

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Retomando o que conversamos na última aula. Vimos ao longo do semestre, políticas fiscais e 
monetárias que agem no curto prazo preconizando ajustes no mercado para propiciar um maior 
crescimento econômico. Ou seja, ações tomadas com intuito de ampliar emprego e renda que 
elevem o PIB. Crescer, portanto, é aumentar o PIB. Ao aumentar o PIB per capita tem-se a noção 
que a população está mais rica. Mas isso não é suficiente para garantir redução de desigualdade, 
por exemplo. Crescer, não necessariamente, implica reduzir a desigualdade. Pode inclusive ampliá-
la. Não bastam ações de curto prazo que apenas “aumentem o bolo” como dizia o Ministro da 
Fazenda Delfin Neto. Devem ser pensadas ações que busquem ampliar o Desenvolvimento 
Econômico. Investir em infraestrutura, saúde, educação, moradia, alimentação... representam 
ações que levam a diminuir questões de desigualdade. 
 
Para seguirmos a discussão é interessante conceituarmos pobreza. 
 
 
 
POBREZA 
 
Crespo e Gurovitz resgatam alguns conceitos de pobreza ao longo do tempo. Citam, por exemplo, 
que a “pobreza relativa tem relação direta com a desigualdade na distribuição de renda. É 
explicitada segundo o padrão de vida vigente na sociedade que define como pobres as pessoas 
situadas na camada inferior da distribuição de renda, quando comparadas aquelas melhor 
posicionadas. O conceito de pobreza relativa é descrito como aquela situação em que o indivíduo, 
quando comparado a outros, tem menos de algum atributo desejado, seja renda, sejam condições 
favoráveis de emprego ou poder. Uma linha de pobreza relativa pode ser definida, por exemplo, 
calculando a renda per capita de parte da população. Essa conceituação, por outro lado, torna-se 
incompleta ao não deixar margem para uma noção de destituição absoluta, requisito básico para a 
conceituação de pobreza. Também acaba gerando ambiguidade no uso indiferente dos termos 
pobreza e desigualdade que, na verdade, não são sinônimos”. 
Recomendo a leitura completa deste artigo em: 
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-56482002000200003 
 
 
Há um entendimento na sociedade que ser pobre é ter privação de renda. Desta forma o enfoque 
absoluto na conceituação da pobreza se observa quando da fixação de padrões para o nível mínimo 
ou suficiente de necessidades, conhecido como linha ou limite da pobreza, determinando a 
percentagem da população que se encontra abaixo desse nível. 
 
Linha de pobreza é o termo utilizado para descrever o nível de renda anual com o qual uma pessoa 
ou uma família não possui condições de obter todos os recursos necessários para viver. 
 
O valor estimado de rendimento para uma pessoa que vive no limite da pobreza extrema pelo Banco 
Mundial é de até U$ 1,90 por dia. 
 
 
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-56482002000200003
Um exemplo: 
____________________________________ Linha da pobreza: Valor de 1,90 U$ por dia 
. . . . ... . . .. 
 . . . . . ... .. . 
. . . . . . . . . . . . .. 
. . . . . . . . . . .. . Estes pontos 
. . . . . 
.. . ...... . . . . ... representam pessoas/ 
. . . ... . .. .. . 
. . . . ... . . .. famílias 
 . . . . . ... .. . 
. . . . . . . . . . . . .. que estão abaixo da 
. . . . . . . . . . .. . 
. . . . . 
 . ...... . . . . linha da pobreza 
. . . ... . .. . 
 
A intenção desta representação é demonstrar que existem pessoas que estão mais próximas da 
linha da pobreza e outras mais afastadas, representando diferentes intensidades de pobreza que 
necessitam diferentes ações por parte do Estado. 
 
Em 2019 estimava-se em 52,5 milhões de pessoas eram pobres no Brasil, mais de 26% da 
população. 
 
Toda esta contextualização é endossada desde a década de 80 onde ganhou força a tese, muito 
apreciada pelas instituições multilaterais de crédito sediadas na capital norte-americana, de que, 
com o bom funcionamento dos mercados, as economias se tornariam prósperas, e a riqueza gerada 
acabaria por beneficiar os pobres. Essa tese ficou conhecida como “Consenso de Washington”. 
 
Avançando para uma nova contextualização: O que é pobreza como conceito multidimensional? 
 
Existem critérios para avaliar a pobreza. Observar apenas através da renda (linha da pobreza) pode 
resultar em políticas públicas insuficientes, pois avalia a renda apenas. A análise torna-se mais 
relevante quando é aferida a intensidade da pobreza. Mais ainda quando a pobreza é analisada de 
forma multidimensional. Privações decorrentes da falta de educação, acesso a saúde e educação 
indicam que políticas de inclusão devem ser mais profundas, gerando oportunidade de 
desenvolvimento a todos seres humanos. A pobreza é um fenômeno multidimensional em que há a 
falta do que é necessário para o bem-estar material. Associa-se a esse conceito a falta de voz, poder 
e independência dos pobres que os sujeita à exploração; à propensão à doença; à falta de 
infraestrutura básica, à falta de ativos físicos, humanos, sociais e ambientais e à maior 
vulnerabilidade e exposição ao risco. 
 
 
 
Papel do Estado: o padrão dos gastos públicos (em geral pró-rico) não obedecem a lei dos 
cuidados inversos (cuidar dos mais pobres e mais velhos). 
Para avaliar essa afirmação é importante entender alguns aspectos da arrecadação do Estado. 
Existem diversas formas de conceituar impostos. Uma dessas formas são os impostos regressivos 
e progressivos: 
Impostos regressivos são aqueles em que o aumento na contribuição é proporcionalmente menor 
que o incremento ocorrido na renda, ou seja, quando a relação entre carga tributária e renda 
decresce com aumento do nível de renda. Com isso os segmentos sociais de menor poder aquisitivo 
são os mais onerados. São exemplos de impostos regressivos: ICMS, IPI. 
Impostos progressivos são aqueles em que o aumento na contribuição é proporcionalmente maior 
que o aumento ocorrido na renda. A relação entre carga tributária e renda cresce com o aumento 
do nível de renda, ou seja, a estrutura tributária baseada em impostos progressivos onera 
proporcionalmente mais os segmentos sociais de maior poder aquisitivo. Por exemplo: imposto de 
renda pessoa física e pessoa jurídica. 
 
Ou seja, a tributação também atinge aos mais pobres que pagam proporcionalmente mais do que 
os mais ricos e recebem menos. Deve-se pensar medidas que alterem esta situação e ofereçam 
maiores oportunidades aos pobres. 
 
A respeito dos gastos e cuidado que o Estado deve ter com os mais pobres, é importante frisar que 
política pró-pobre é diferente de assistencialismo. Ou políticas que não atendam ao pobre. 
O seguro desemprego, por exemplo: para usufruí-lo é necessário que a pessoa estivesse 
empregada. Ou seja, protege parte da população que está num momento de privação, porém não 
é a proteção dos mais vulneráveis, que não estão capacitados a participar do mercado de trabalho 
formal. 
 
 
Políticas pró-pobre: 
 
Definições em torno dessa expressão variam de acordo com a importância dada a níveis versus 
variações na caracterização da relação entre crescimento e pobreza. Alguns o entendem como 
aquele crescimento capaz de produzir significativa redução da pobreza, beneficiando os pobres e 
incrementando seu acesso a oportunidades. Não é claro, porém, o quão significativa deve ser a 
redução da pobreza e como o progresso do crescimento pró-pobre pode ser mensurado e 
monitorado. Sen (1988) chama a atenção para confusões metodológicas que podem ocorrer com a 
mistura de níveis e variações na caracterização de relações causais entre variáveis. 
Apesar das eventuais discrepâncias acerca do significado de crescimento pró-pobre, pode-se 
compreende-lo como um tipo de crescimento que habilita os pobres a participarem da atividade 
econômica e faz com que o aumento generalizado da renda os beneficie proporcionalmente mais do 
que os não pobres.O crescimento econômico é fruição de seus resultados. Por essa razão, muitas 
vezes fala-se do crescimento pró pobre como um crescimento de “base ampla”. 
 
São alguns exemplos de políticas pró-pobre 
 
Gastos públicos focalizados e adequados com educação básica, saúde e serviço de planejamento 
familiar (WDR, 2004); acesso ao microcrédito, promoção de pequenas e médias empresas e 
investimento em infraestrutura em áreas rurais ou em áreas de alta intensidade da pobreza. 
Investimento em capital físico e humano para os pobres tem como efeito o aumento de sua 
produtividade e contribuição para economia com melhora distributiva de longo prazo. Além disso, 
um aumento da liberdade econômica, incluindo uma provisão de direitos de propriedade para os 
pobres, contribui para o crescimento e para redução da pobreza.

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