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Radiologia e Thomás R. Campos Diagnóstico por Imagem Medicina - UFOB FÍSICA BÁSICA DOS MÉTODOS DE IMAGEM / PRINCÍPIOS TÉCNICOS / NOMENCLATURA 1. COMO FUNCIONA A PRODUÇÃO DO RAIO-X? O raio-X é uma radiação eletromagnética capaz de ionizar a matéria em virtude de seu alto conteúdo de energia. A produção dos raios X é realizada em um tubo de vácuo revestido por chumbo. No interior desse tubo, existe um polo negativo, o cátodo, constituído por um filamento de tungsténio por onde passa uma corrente elétrica. Do lado oposto ao cátodo, está o ânodo, o polo positivo, formado por uma placa de cobre e tungsténio. Para que ocorra a geração dos raios X, é necessário aplicar uma grande diferença de potencial no cátodo, que se torna incandescente, gerando um fluxo de elétrons que é acelerado, ganhando energia, até ser liberado e atingir o ânodo bruscamente, perdendo parte da energia adquirida durante a aceleração. O resultado desta colisão é uma transferência de energia dos elétrons para os átomos do elemento-alvo. Apenas 1 a 2% de toda a energia produzida são raios X, o restante é energia térmica. 2. O QUE É RADIAÇÃO DE FRENAGEM (Bremsstrahlung) E RADIAÇÃO CARACTERÍSTICA DO RAIO-X? Radiação de Bremsstrahlung: o elétron é arremessado em direção ao ânodo e, ao passar próximo ao núcleo do átomo de tungstênio, desvia sua trajetória e perde velocidade (por isso radiação de frenagem) e nesse processo emite um fóton de raio X. Raios X característicos: ao invés do elétron passar perto do núcleo, o elétron colide com outro elétron da eletrosfera do átomo de tungstênio e ejeta o elétron de sua camada orbital. Enquanto este elétron arrancado é ejetado podendo interagir com outros átomos, a vacância deixada é preenchida por um elétron de uma camada mais externa, liberando energia neste processo em forma de raios X característico. A radiação de Bremsstrahlung é muito mais abundante que os raios X característicos, porque é menos provável que ocorra a colisão com outro elétron do que o efeito de frenagem, portanto tem mais valor em aplicações médicas. CÁTODO ÂNODO Radiologia e Thomás R. Campos Diagnóstico por Imagem Medicina - UFOB 3. O QUE É EFEITO ANÓDICO? O ânodo transforma a energia cinética dos elétrons em fótons de radiação X, mas também os absorve parcialmente. Assim, o feixe de radiação emitido em direção ao paciente não é uniforme. Isso implica que a intensidade de radiação emitida pela extremidade catódica da ampola de raio-x é maior do que aquela da extremidade anódica. Esse efeito é mais comum em exames de raios-x mais antigos, entretanto pode ser que você pegue um exame com efeito anódico. Para diferenciar é só olhar para a parte do filme que não tem corpo, aí você vai ver que a parte superior vai estar mais queimada que a inferior. 4. QUAIS OS PROCESSOS DE INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA (CÉLULAS HUMANAS)? Efeito fotoelétrico: é o mais importante na radiologia. Acontece quando um fóton do feixe de radiação é totalmente absorvido (desaparece). Efeito Compton: ocorre quando parte da energia do fóton é perdida, conseguindo chegar no filme radiográfico, mas numa intensidade menor. Produção de Pares: não tem muita importância na formação da imagem radiológica convencional. O filme radiográfico vem “branco” e quando é exposto à radiação o filme “queima” e fica preto. Por exemplo, numa radiografia de tórax o pulmão fica preto porque a radiação conseguiu atravessar, por outro lado o osso permanece branco porque aconteceu o efeito fotoelétrico (o osso absorveu boa parte da radiação) e o fóton não atravessou. 5. EM QUE CONSISTE O FILME RADIOGRÁFICO? O filme radiográfico é uma película coberta por sais de prata fotossensíveis. O sistema receptor de imagem utilizado em radiologia convencional é composto por chassi, telas intensificadoras (écrans) e filme radiográfico. As telas intensificadoras emitem luz quando expostas à radiação. Essa luz, junto com a radiação, também “queima” o fime radiográfico. Assim, o paciente fica exposto ao mínimo de radiação possível. Radiologia e Thomás R. Campos Diagnóstico por Imagem Medicina - UFOB 6. COMO É FEITA A NOMENCLATURA NA RADIOGRAFIA? Radiotransparente: permite a passagem de maior quantidade de raios-x, queimam o filme e se apresentam na coloração PRETA. Ex: Pulmões. Radiopaca: bloqueia ou absorve grande parte dos raios- x, se apresentando na coloração BRANCA. Ex: ossos. 7. QUAIS AS DENSIDADES RADIOGRÁFICAS BÁSICAS? A referência para definição de estruturas radiopacas ou radiotransparentes é o músculo/partes moles, que possui intensidade intermediária. Ex: a gordura se apresenta radiotransparente, porque o músculo é mais radiopaco que a gordura. 8. QUAL A DESVANTAGEM DA RADIOGRAFIA? A desvantagem em relação a outros métodos de imagem é a sobreposição de estruturas. Para minimizar esse problema, o exame radiográfico deve ser sempre feito em mais de uma incidência. Ex: em tórax sempre utilizamos uma incidência em PA (posteroanterior) e uma em perfil. AR OSSO PARTES MOLES GORDURA Radiologia e Thomás R. Campos Diagnóstico por Imagem Medicina - UFOB 9. COMO FUNCIONA A TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA (TC)? QUAL A DIFERENÇA DO RAIO-X? A física da radiação na tomografia é igual ao raio-X. A diferença é que a tomografia faz vários cortes axiais (amenizando o problema de sobreposição da radiografia simples) e a resolução da imagem é bem melhor. Além disso, enquanto a radiografia simples apresenta uma variação em torno de 25 tons de cinza, a TC apresenta 250 (o olho humano só consegue identificar 4 – são as densidades básicas). O tomógrafo é composto por uma unidade emissora da raios-x (gantry) que emite um feixe de radiação que gira em torno do paciente. Sensores eletrônicos captam os dados adquiridos e enviam para um computador, que os transforma em imagem. Os cortes são adquiridos no plano axial, mas aparelhos de TC mais modernos permitem reconstruções de imagens em outros planos. 10. NA TOMOGRAFIA, O QUE SÃO UNIDADES HOUNSFIELD (UH)? São utilizadas para medir a densidade das estruturas avaliadas. Utilizam como parâmetro a água (0 UH) e do ar (-1.000 UH). Isso é o computador que mede, isso facilita comparar duas estruturas, ao invés de ir no “olhômetro”. 11. PARA QUE SERVEM AS JANELAS NA TOMOGRAFIA? O olho humano não tem a capacidade de distinguir as diversas variações de tonalidade da TC. Nesse caso é possível utilizar a técnica de janelamento para poder identificar melhor as estruturas avaliadas. Janela de parênquima X Janela óssea Janela de mediastino X Janela de pulmão GANTRY MESA Radiologia e Thomás R. Campos Diagnóstico por ImagemMedicina - UFOB 12. COMO É FEITA A NOMENCLATURA NA TOMOGRAFIA? Hiperdensa: estruturas que possuem alta densidade e por isso aparecem BRANCAS. Ex: ossos. Hipodensa: estruturas que possuem baixa densidade e por isso aparecem PRETAS. Ex: pulmões. 13. COMO FUNCIONA A ULTRASSONOGRAFIA (USG)? A USG utiliza como princípio básico o som. A audição humana consegue detectar sons entre 20 Hz e 2.000 Hz. O que é abaixo de 20 Hz é infrassom e o que é acima de 2.000 Hz é ultrassom (por isso que o exame se chama ultrassonografia). Os transdutores possuem, em sua extremidade, cristais capazes de converter a energia elétrica em sonora e vice-versa. 14. O QUE SÃO OS EFEITOS LIPPMANN E PIEZOELÉTRICO? Efeito Lippmann: o cristal submetido a tensões elétricas sofre deformação mecânica, ou seja, transforma energia elétrica em energia sonora. Efeito Piezoelétrico: o cristal submetido à deformidade mecânica, transforma essa energia em carga elétrica, ou seja, ele pega o som que retornou e consegue transformar em eletricidade. O transdutor é emissor e receptor ao mesmo tempo Radiologia e Thomás R. Campos Diagnóstico por Imagem Medicina - UFOB 15. QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DOS TRANSDUTORES? Os transdutores são classificados de acordo com sua morfologia e frequência em: Lineares: o cristal é reto e possuem frequência mais alta, indicados para avaliar estruturas superficiais. Convexos: o cristal possui uma convexidade e possuem frequência mais baixa, indicados para avaliar estruturas mais profundas. Setoriais: destinado a facilitar exames de regiões específicas (ex: transvaginal). Se o objetivo é avaliar estruturas superficiais, utiliza-se um transdutor de alta frequência. Se o objetivo é avaliar estruturas profundas, utiliza-se um transdutor de baixa frequência. 16. PARA QUE SERVE O GEL UTILIZADO NA USG? O gel a base de água funciona como um agente que interrompe a interface de ar entre o transdutor e o paciente. Sem ele, o som não consegue passar. 17. COMO É FEITA A NOMENCLATURA NA ULTRASSONOGRAFIA? Hipoecóica: possui ecogenicidade menor, ou seja, deixa passar melhor o som, e aparece com a coloração PRETA. Hiperecóica: possui ecogenicidade maior, ou seja, não deixa passar tanto o som fazendo com que ele retorne ao transdutor, e aparece com a coloração BRANCA. Ex: USG de fígado, evidenciando cálculo biliar (hiperecóico) com líquido (hipoecóico). 18. O QUE É SOMBRA ACÚSTICA E REFORÇO ACÚSTICO? Sombra acústica: quando uma estrutura não permite a passagem do som (ex: cálculo biliar). Reforço acústico: quando a estrutura permite uma passagem mais rápida do som (ex: lesões císticas) CÁLCULO SOMBRA ACÚSTICA REFORÇO ACÚSTICO Radiologia e Thomás R. Campos Diagnóstico por Imagem Medicina - UFOB 19. O QUE É O EFEITO DOPPLER? É uma característica observada em ondas emitidas ou refletidas por fontes em movimento, em relação ao observador. Constitui um fenômeno pelo qual um observador percebe frequências diferentes das emitidas por uma fonte, o que ocorre em virtude da velocidade relativa entre a onda sonora e o movimento entre o observador e/ou a fonte. É utilizado na USG para verificar, por exemplo, a direção do fluxo sanguíneo. Através do Doppler, é possível determinar o sentido da direção e a velocidade do deslocamento. 20. COMO FUNCIONA A RESSONÂNCIA MAGNÉTICA (RMN)? Apesar de parecer com um tomógrafo, o aparelho de Ressonância Magnética é totalmente diferente. O equipamento nada mais é que um imã gigante, com capacidade de criar um campo magnético de 15 a 20 vezes maior que o da Terra. Para que ele funcione, é preciso todo um aparato de refrigeração com Hélio líquido (-200 ºC). A física é mais complexa e se baseia no magnetismo. Utiliza- se os níveis de energia rotacionais dos spins de prótons de H+ no corpo humano (por serem mais abundantes). Quando submetidos à um alto campo magnético, os prótons tendem a se alinhar na mesma direção do campo, resultando em um pequeno vetor magnético, acarretando a magnetização da amostra. Aí os caras descobriram que, se você emitir uma radiofrequência nesses prótons de H+ alinhados, eles desviam de seu eixo e depois voltam. O computador então calcula o tempo de deslocamento desses prótons, e o eco emitido em resposta ao pulso de radiofrequência é processado pelo equipamento para formação das imagens. 21. O QUE SÃO OS TEMPOS DE REPETIÇÃO (TR) E DE ECO (TE)? TR: intervalo entre os pulsos de excitação sucessivos de radiofrequência nos tecidos. TE: intervalo entre o pulso de excitação em que o pico do eco dos spins é recebido pelo aparelho. É a partir do TR e do TE que surgem as ponderações na RMN: T1: TR e TE baixos (ex: 450 e 25). T2: TR e TE altos (ex: 3.200 e 150). DP: TR alto e TE baixo. Radiologia e Thomás R. Campos Diagnóstico por Imagem Medicina - UFOB 22. COMO É FEITA A NOMENCLATURA NA RESSONÂNCIA MAGNÉTICA? Hiperintensa: sinais de alta intensidade, aparecem na coloração BRANCA. Hipointensa: sinais de baixa intensidade, aparecem na coloração PRETA. PONDERAÇÃO COMPONENTE INTENSIDADE COR Líquor Hipointenso Preta S. Cinzenta Isointensa Cinza escuro S. Branca Hiperintensa Cinza Claro Gordura Hiperintensa Branca Líquor Hiperintenso Branca S. Cinzenta Isointensa Cinza claro S. Branca Hipointensa Cinza escuro Gordura Hipointensa Preta Na ressonância, a referência sempre vai ser a substância cinzenta, isto é, o que aparecer mais claro é hiperintenso e o que aparece mais escuro é hipointenso. 23. O QUE É O ARTEFATO DE FLOW-VOID? O aparelho de RMN não consegue adquirir o sinal nos vasos de grande calibre por causa da alta velocidade do fluxo ali dentro. Essa ausência de sinal característica desses vasos é denominada flow-void. 24. COMO É FEITA A PROTEÇÃO RADIOLÓGICA? Raio-X: capotes de chumbo, protetores de tireóide, luvas, óculos plumblíferos, utilização de dosímetros (marcam a quantidade de radiação recebida por mês), realização de hemogramas periódicos (avaliar plaquetas, primeiras a se alterarem em casos de intoxicação por raios-X). Ressonância: não estar em posse de material ferromagnético, contraindicação para portadores de marca-passo, utilização de maca específica para a ressonância magnética. *Em casos de acidentes, é necessário realizar o procedimento de quenching para baixar o campo magnético. Nesse processo o Hélio líquido é liberado e a reposição custa em torno de U$ 500.000,00. Então JAMAIS FAÇA UMA CAGADA DESSE NÍVEL, porque tu é pobre e não pode ser expulso da residência. Radiologia e Thomás R. Campos Diagnóstico por Imagem Medicina - UFOB 25. O QUE SÃO MEIOS DE CONTRASTE? São substâncias utilizadas na radiologia com o objetivo de promover diferentes atenuações dos tecidos a serem examinados. Ex: uma lesão nodular no fígadopode se apresentar isodensa, mas aí tu coloca o contraste endovenoso, as células da lesão vão captar de maneira diferente dos hepatócitos, e assim a lesão que era isodensa no exame sem contraste se torna visível. Na radiografia e tomografia utiliza-se o iodo e o bário. Na ressonância magnética utiliza-se o gadolínio que eleva o sinal e fornece maior contraste em T1. 26. QUAIS SÃO AS FASES DO CONTRASTE NA TOMOGRAFIA? Fase arterial: 30s após a injeção, o contraste fica praticamente todo dentro da aorta, além disso, é possível fazer a diferenciação cortico-medular do rim (a cortical fica com contraste, mas a medular ainda não). Fase venosa/portal: 60s após a injeção, as veias já começam a se encher de contraste e o também já chega na medula renal. Fase excretora/tardia: entre 6 a 10 min o contraste já está no sistema excretor. SEM CONTRASTE F. ARTERIAL F. VENOSA F. EXCRETORA
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