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EDITAL Nº 1, DE 5 DE JULHO DE 2019 CONCURSO DE ADMISSÃO À CARREIRA DE DIPLOMATA Terceiro-secretário da car reira de diplomata I N S T R U Ç Õ E S Todo mundo pode! • Você receberá do fiscal: o um caderno de questões das provas objetiva e discursiva contendo 50 (cinquenta) questões de múltipla escolha, com 5 (cinco) alternativas de resposta cada uma e apenas 1 (uma) alternativa correta, e 1 (uma) questão discursiva; o uma folha de respostas personalizada da prova objetiva; e o uma folha de texto definitivo da prova discursiva. • Quando autorizado pelo fiscal do IADES, no momento da identificação, escreva no espaço apropriado da folha de respostas da prova objetiva, com a sua caligrafia usual, a seguinte frase: • Verifique se estão corretas a numeração das questões e a paginação do caderno de questões, bem como a codificação da folha de respostas da prova objetiva e da folha de texto definitivo da prova discursiva. • Você dispõe de 4 (quatro) horas para fazer as provas objetiva e discursiva e deve controlar o tempo, pois não haverá prorrogação desse prazo. Esse tempo inclui a marcação da folha de respostas da prova objetiva e o preenchimento da folha de texto definitivo da prova discursiva. • Somente 1 (uma) hora após o início da prova, você poderá entregar sua folha de respostas da prova objetiva, a folha de texto defini- tivo da prova discursiva e o caderno de provas, bem como retirar-se da sala. • Somente será permitido levar o caderno de questões das provas objetiva e discursiva 3 (três) horas e 30 (trinta) minutos após o início da prova. • Após o término da prova, entregue ao fiscal do IADES a folha de respostas da prova objetiva, devidamente assinada, e a folha de texto definitivo da prova discursiva. • Deixe sobre a carteira apenas o documento de identidade e a caneta esferográfica de tinta preta, fabricada com material transparente. • Não é permitida a utilização de nenhum aparelho eletrônico ou de comunicação. • Não é permitida a consulta a livros, dicionários, apontamentos e (ou) apostilas. • Você somente poderá sair e retornar à sala de aplicação de provas na companhia de um fiscal do IADES. • Não será permitida a utilização de lápis em nenhuma etapa da prova. I N S T RU Ç Õ E S PA R A A P ROVA O B J E T I VA E D I S C U R S I VA • Verifique se os seus dados estão corretos na folha de respostas da prova objetiva e na folha de texto definitivo da prova discursiva. Caso haja algum dado incorreto, comunique ao fiscal. • Leia atentamente cada questão e assinale, na folha de respostas da prova objetiva, uma única alternativa. • A folha de respostas da prova objetiva e a folha de texto definitivo da prova discursiva não podem ser dobradas, amassadas, rasuradas ou manchadas e nem podem conter nenhum registro fora dos locais destinados às respostas. • O candidato deverá transcrever, com caneta esferográfica de tinta preta, as respostas da prova objetiva para a folha de respostas e o texto definitivo da prova discursiva para a folha de texto definitivo. • A maneira correta de assinalar a alternativa na folha de respostas da prova objetiva é cobrir, fortemente, com caneta esferográfica de tinta preta, o espaço a ela correspondente. • Marque as respostas assim: simulado Preparatório para Concursos Realização: � B as ea do no fo rm at o d e p ro va � a pl ica do pe la ba nc a I AD ES P R O V A O B J E T I V A – M A N H Ã TERCEIRO-SECRETÁRIO DA CARREIRA DE DIPLOMATASIMULADO – IRBR PÁGINA 2 PROVA OBJETIVA – PRIMEIRA FASE Manhã LÍNGUA PORTUGUESA (Tereza Cavalcanti e Claiton Natal) Texto I 1 Voltei-me para ela; Capitu tinha os olhos no chão. Ergueu-os logo, devagar, e ficamos a olhar um para o outro... Confissão de crianças, tu valias bem duas ou três páginas, mas quero ser poupado. Em verdade, não falamos nada; 5 o muro falou por nós. Não nos movemos, as mãos é que se estenderam pouco a pouco, todas quatro, pegando-se, apertando-se, fundindo-se. Não marquei a hora exata daquele gesto. Devia tê-la marcado; sinto a falta de uma nota escrita naquela mesma noite, e que eu poria aqui 10 com os erros de ortografia que trouxesse, mas não traria nenhum, tal era a diferença entre o estudante e o adoles- cente. Conhecia as regras do escrever, sem suspeitar as do amar; tinha orgias de latim e era virgem de mulheres. � Não soltamos as mãos, nem elas se deixaram cair 15 de cansadas ou de esquecidas. Os olhos fitavam-se e desfitavam-se, e depois de vagarem ao perto, tornavam a meter-se uns pelos outros... Padre futuro, estava assim diante dela como de um altar, sendo uma das faces a Epís- tola e a outra o Evangelho. A boca podia ser o cálix, os 20 lábios a patena. Faltava dizer a missa nova, por um latim que ninguém aprende e é a língua católica dos homens. Não me tenhas por sacrilégio, leitora minha devota a lim- peza da intenção lava o que puder haver menos curial no estilo. Estávamos ali com o céu em nossas mãos, 25 unindo os nervos, faziam das duas criaturas uma só, uma só criatura seráfica. Os olhos continuaram a dizer cousas infinitas, as palavras de boca é que nem tentavam sair, tor- navam ao coração caladas como vinham... Dom Casmurro/Machado de Assis QUESTÃO 1 Com base nos aspectos interpretativos e discursivos do texto I, julgue os itens a seguir. 1) Infere-se que o narrador era, à época do fato relatado, tão insipiente nos domínios da linguagem normativa quanto nos relacionamentos amorosos. 2) Os vocábulos “cálix” (l. 19) , “patena” (l. 20) e “curial” (l. 23) são termos do campo lexical de religião, conforme permite depreender o texto. 3) No último período do texto, há referência ao uso da lingua- gem não verbal no processo de comunicação entre o narra- dor e Capitu. 4) Pela intenção do narrador em registrar objetivamente um fato do passado, pode-se afirmar que, no texto, predomina a função referencial da linguagem. QUESTÃO 2 Com relação a aspectos gramaticais do texto I, julgue (C ou E) os itens que se seguem. 1) Os termos “de crianças” (l. 3) “três” (l. 3) e “exata” (l. 7) exercem a mesma função sintática na oração em que ocorrem. 2) Na oração “Conhecia as regras do escrever”, pode-se afir- mar que há derivação imprópria. 3) No trecho “nem elas se deixaram cair de cansadas ou de esquecidas” (l. 14-15), os pronomes em destaque exercem a mesma função sintática. 4) Em “Conhecia as regras do escrever, sem suspeitar as do amar” (l. 12-13), a palavra “as” classifica-se como artigo definido e, na construção em que aparece, permite a elipse do substantivo “regras” (l. 12). Texto II 1 O texto de Santo Agostinho fala geralmente de todos os reinos, em que são ordinárias semelhantes opressões e injustiças, e diz que, entre os tais reinos e as covas dos ladrões – a que o santo chama latrocínios – só há uma 5 diferença. E qual é? Que os reinos são latrocínios, ou ladroeiras grandes, e os latrocínios, ou ladroeiras, são reinos pequenos: Sublata justita, quid sunt regna, nisi magna latrocinia? Quia et latrocinia quid sunt, nisi parva regna? É o que disse o outro pirata a Alexandre Magno. Navegava 10 Alexandre em uma poderosa armada pelo Mar Eritreu a conquistar a Índia, e como fosse trazido à sua presença um pirata que por ali andava roubando os pescadores, repreen- deu-o muito Alexandre de andar em tão mau ofício; porém, ele, que não era medroso nem lerdo, respondeu assim. – 15 Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois impe- rador? – Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza; o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres. Mas Sêneca, que sabia 20 bem distinguir as qualidades e interpretar as significações, a uns e outros definiu com o mesmo nome: Eodem loco pone latronem et piratam, quo regem animum latronis et piratae habentem. Se o Rei de Macedônia, ou qualquer outro, fizer o que faz o ladrão e o pirata, o ladrão, o pirata e 25 o rei, todos têm o mesmo lugar, e merecemo mesmo nome. Trecho: Sermão do Bom Ladrão/Padre Antônio Vieira QUESTÃO 3 Considerando aspectos linguísticos e interpretativos do texto II, julgue os itens a seguir. 1) No trecho “fosse trazido à sua presença um pirata” (l. 11- 12), a supressão do acento grave não afetaria a correção ou o sentido do texto, visto ser facultativo o emprego do artigo. 2) O termo “Alexandres”, empregado na linha 19, é exemplo de construção metonímica. TERCEIRO-SECRETÁRIO DA CARREIRA DE DIPLOMATACONCURSO PÚBLICO – IRBR PÁGINA 3 3) Na linha 11, a conjunção “como” foi empregada com valor comparativo. 4) Nas linhas 13 e 14, os pronomes “o” e “ele” constituem uma cadeia anafórica que remete ao mesmo referente: “um pirata” (l. 11-12). QUESTÃO 4 Com relação a aspectos gramaticais do texto II, julgue (C ou E) os itens que se seguem. 1) No trecho “a que o santo chama latrocínio” (l. 4), o vocá- bulo em destaque exerce a função sintática de predicativo do objeto. 2) Além de ser a melhor opção estilística, a substituição da vírgula imediatamente antes do “e” (l. 3) por ponto e vírgula mantém a correção gramatical do trecho. 3) A palavra “que” (l. 15) introduz o complemento verbal da forma verbal “Basta”. 4) No trecho “fizer o que faz o ladrão e o pirata”, a partícula “o” classifica-se como pronome demonstrativo e exerce a função de objeto direto da oração subordinada adjetiva. Texto III 1 O Brasil se absteve na votação do projeto de reso- lução sobre “a deterioração grave e contínua dos direitos humanos e da situação humanitária na República Árabe da Síria”. Estamos plenamente conscientes da grave 5 situação dos direitos humanos na região, que precisa ser devidamente analisada por este conselho. Apesar das últi- mas modificações no texto, a resolução ainda não reco- nhece a responsabilidade e não repudia devidamente a participação de vários grupos armados da oposição (…) 10 por graves violações dos direitos humanos e do direito humanitário. Essa lacuna pode erroneamente transmitir uma mensagem de tolerância a essas graves irregulari- dades e, assim, incentivar ainda mais violência contra a população civil. É também lamentável a falta de ênfase 15 na necessidade de maior envolvimento de todas as partes nas negociações políticas. Não há solução militar para a crise e a insistência em ver uma vitória militar como a única saída é uma causa real e definitiva para a atual situação que a população síria enfrenta. O Brasil salienta 20 que é responsabilidade primordial das autoridades sírias assegurar os direitos da população síria. Não obstante, é de responsabilidade de todos os países evitar maior mili- tarização do conflito. Agir de outra maneira é comparti- lhar a responsabilidade pelas atrocidades enfrentadas por 25 civis na Síria e arredores. O Brasil insta todas as partes envolvidas no conflito e apoiadores a cumprir com suas obrigações sob o direito internacional humanitário, para permitir acesso irrestrito às agências humanitárias, e a se absterem de qualquer ação que possa prolongar o conflito. QUESTÃO 5 Com relação a aspectos gramaticais do texto III, julgue (C ou E) os itens que se seguem. 1) Na linha 6, sem prejuízo para a correção gramatical do tex- to nem para seu sentido original, a expressão “Apesar das” pode ser substituída por “Sem embargo das”. 2) No trecho “O Brasil salienta que é responsabilidade primor- dial das autoridades...” (l. 19-20), a substituição da conjun- ção “que” por dois-pontos prejudica a correção gramatical. 3) Sem prejuízo dos sentidos e da correção gramatical do texto, o trecho “Essa lacuna pode erroneamente transmitir (...) violência contra a população civil” (l. 11-14) poderia ser reescrito da seguinte maneira: “Erroneamente, essa falta pode transmitir uma mensagem de tolerância a essas irregularidades graves e, assim, incentivar ainda mais violência contra à população civil.” 4) Na linha 21, a substituição de “Não obstante” por “Con- quanto” preserva o sentido e a correção gramatical. Texto IV 1 A Constituição Federal assegura aos presos o direito ao silêncio (inciso LXIII do art. 5º). Nessa mesma linha de orientação, o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (Pacto de San José da Costa Rica) institucionaliza 5 o princípio da não autoincriminação. Esse direito sub- jetivo de não se autoincriminar constitui uma das mais eminentes formas de densificação da garantia do devido processo penal e do direito à presunção de não culpabi- lidade (inciso LVII do art. 5º da CF). O processo penal 10 é o espaço de atuação apropriada para o órgão de acusa- ção demonstrar, por modo robusto, a autoria e a mate- rialidade do delito. Esse órgão não se pode esquivar da incumbência de fazer da instrução criminal a sua oportu- nidade de produzir material probatório substancialmente 15 sólido em termos de comprovação da existência de fato típico e ilícito, além da culpabilidade do acusado. Internet (com adaptações) QUESTÃO 6 Com relação aos aspectos linguísticos do texto IV, julgue (C ou E) os itens seguintes. 1) Sem prejuízo para a correção gramatical do texto, o prono- me “se”, em “não se pode esquivar” (l. 12), poderia ser des- locado para imediatamente após a forma verbal “esquivar”, escrevendo-se “não pode esquivar-se”. 2) A correção gramatical e a clareza do texto seriam prejudi- cadas caso, no trecho “garantia do devido processo penal e do direito à presunção de não culpabilidade” (l. 7-9), a partícula “do”, em ambas as ocorrências, fosse substituí- da por “ao”. 3) Ao se reescrever o primeiro período do texto da seguinte forma: “Aos presos assegura a constituição do direito ao silêncio (inciso LXIII do art. 5.º).”, faz-se obrigatória a vír- gula imediatamente após “presos”. 4) No trecho “Esse direito subjetivo de não se autoincrimi- nar”, é opcional a colocação do pronome “se” na posição proclítica. TERCEIRO-SECRETÁRIO DA CARREIRA DE DIPLOMATACONCURSO PÚBLICO – IRBR PÁGINA 4 Texto V 1 — Tinha vinte e cinco anos, era pobre e acabava de ser nomeado alferes da Guarda Nacional. Não imagi- nam o acontecimento que isto foi em nossa casa. Minha mãe ficou tão orgulhosa! Vai então uma das minhas tias, 5 D. Marcolina, que morava a muitas léguas da vila, num sítio escuso e solitário, desejou ver-me, e pediu que fosse ter com ela e levasse a farda. Chamava-me também o seu alferes. E sempre alferes; era alferes para cá, alferes para lá, alferes a toda a hora. Na mesa tinha eu o melhor lugar, 10 e era o primeiro servido. Não imaginam. Se lhes disser que o entusiasmo da tia Marcolina chegou ao ponto de mandar pôr no meu quarto um grande espelho, natural- mente muito velho; mas via-se-lhe ainda o ouro. � — Espelho grande? 15 — Grande. E foi, como digo, uma enorme fineza, porque o espelho estava na sala; era a melhor peça da casa. Mas não houve forças que a demovessem do pro- pósito; respondia que não fazia falta, que era só por algumas semanas, e finalmente que o “senhor alferes” 20 merecia muito mais. O certo é que todas essas coisas, cari- nhos, atenções, obséquios, fizeram em mim uma transfor- mação, que o natural sentimento da mocidade ajudou e completou. Imaginam, creio eu? � — Não. 25 — O alferes eliminou o homem. Durante alguns dias as duas naturezas equilibraram-se; mas não tardou que a primitiva cedesse à outra; ficou-me uma parte mínima de humanidade. Aconteceu então que a alma exterior, que era dantes o sol, o ar, o campo, os olhos das moças, mudou 30 de natureza, e passou a ser a cortesia e os rapapés da casa, tudo o que me falava do posto, nada do que me falava do homem. A única parte do cidadão que ficou comigo foi aquela que entendia com o exercício da patente; a outra dispersou-se no ar e no passado. Vamos aos fatos. Vamos 35 ver como, ao tempo em que a consciência do homem se obliterava, a do alferes tornava-se viva e intensa. No fim de três semanas, era outro, totalmente outro. � (...) � — Convém dizer-lhes que, desde que ficara só, não 40 olhara umasó vez para o espelho. Não era abstenção deli- berada, não tinha motivo; era um impulso inconsciente, um receio de achar-me um e dois, ao mesmo tempo, naquela casa solitária; e se tal explicação é verdadeira, nada prova melhor a contradição humana, porque no 45 fim de oito dias, deu-me na veneta olhar para o espelho com o fim justamente de achar-me dois. Olhei e recuei. � (...) � — De quando em quando, olhava furtivamente para o espelho; a imagem era a mesma difusão de linhas, a 50 mesma decomposição de contornos... Subitamente, por uma inspiração inexplicável, por um impulso sem cálculo, lembrou-me... vestir a farda de alferes. Vesti-a, aprontei-me de todo; e, como estava defronte do espelho, levantei os olhos, e... não lhes digo nada; o vidro reproduziu 55 então a figura integral; nenhuma linha de menos, nenhum contorno diverso; era eu mesmo, o alferes, que achava, enfim, a alma exterior. Daí em diante, fui outro. Cada dia, a uma certa hora, vestia-me de alferes, e sentava-me diante do espelho, lendo, olhando, meditando; no fim de 60 duas, três horas, despia-me outra vez. Com este regime pude atravessar mais seis dias de solidão, sem os sentir... Machado de Assis. O espelho. In: John Gladson (Org.). 50 contos de Machado de Assis. Cia. das Letras. Edição eletrô- nica. Internet (com adaptações). QUESTÃO 7 Com base nas questões interpretativas e linguísticas do texto V, julgue os itens a seguir. 1) O texto ilustra o gênero dialógico. 2) No trecho “mas não tardou que a primitiva cedesse à outra” (l. 26-27), os termos sublinhados remetem, respectivamen- te, à natureza do homem e à natureza do alferes. 3) Na linha 36, a substituição de “obliterava” por “desapare- cia” preservaria o sentido e a correção gramatical do texto. 4) Ainda que tenham significados diferentes, os termos “difu- são” (l. 49) e “decomposição” (l. 50) foram empregados, no texto, para denotar ideia de indefinição da imagem refletida no espelho. QUESTÃO 8 Com relação aos aspectos linguísticos do texto V, julgue (C ou E) os itens seguintes. 1) A correção e a coerência do texto seriam mantidas se inse- risse uma vírgula logo após o vocábulo “pobre” (l. 1). 2) Nas linhas 5, 17 e 28, o elemento “que” possui, em todas as ocorrências, a propriedade de retomar palavras ou expres- sões que o antecedem. 3) Na linha 53, o emprego de ponto e vírgula justifica-se porque a segunda oração do período apresenta elementos em série. 4) Mantendo-se a correção gramatical, a coesão e a coerência do texto, o trecho “Mas não houve forças que a demoves- sem do propósito” (l. 17-18) poderia ser assim reescrito: “E nada fez que tia Marcolina mudasse de ideia a respeito da decisão de passar o espelho para o meu quarto.” TERCEIRO-SECRETÁRIO DA CARREIRA DE DIPLOMATACONCURSO PÚBLICO – IRBR PÁGINA 5 Texto VI � Cujas Canções � 1 É costume cada um colocar sua profissão ou títulos nos cartões de visitas. No tempo das guerras cisplatinas até ficou famoso alguém que assim se apresentava: “José Maria da Conceição – tenente dos Colorados”. 5 Ora, quem escreve estas linhas já recebeu alguns títulos da generosidade de seus conterrâneos. Se pusesse todos eles, seria pedante; escolher um só seria indelicadeza para com os outros proponentes. � Quanto a mim, sempre fui de opinião que bastava o 10 nome da pessoa, sem a vaidade de títulos secundários. Mas eis que a minha camareira fez-me cair em tentação. Dá-se o caso que saiu a edição do meu livro Canções, ilustrado por Noêmia e que, ao ser noticiado por Nilo Tapecoara no Bric- -à-brac da vida, este o publicou com o meu retrato em duas 15 colunas e, abaixo do mesmo, uma notícia que assim prin- cipiava, com a primeira linha impressa em letras maiúscu- las: MÁRIO QUINTANA, CUJAS CANÇÕES etc. etc... � Ora, na manhã daquele dia, ao servir-me o café na cama, sia Benedita não podia ocultar o orgulho 20 que lhe causava o seu hóspede e repetia: “Cujas canções, hein, cujas canções!” seu maior respeito era devido, sem dúvida, à misteriosa palavra “cujas”. � Mario Quintana. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2005, p. 959. QUESTÃO 9 Com base nos aspectos interpretativos e linguísticos do texto VI, julgue os itens a seguir. 1) Na linha 15, o termo “mesmo” foi empregado em conformi- dade com o que abona a norma culta. 2) O pronome “este” (l. 14) é mecanismo de coesão e retoma “Bric-à-brac”. 3) Os termos “quem” (l. 5), “mim” (l. 9) e “hóspede” (l. 20) estão empregados em referência a pessoas diferentes. 4) Nas linhas 14 e 15, a posição da expressão “em duas colu- nas” gera ambiguidade a haver um ou dois retratos do autor. QUESTÃO 10 Com base nos aspectos interpretativos e linguísticos do texto VI, julgue os itens a seguir. 1) Na linha 7, estaria correta a inserção de uma vírgula após o vocábulo “só”. 2) No segundo período do segundo parágrafo, ocorre quebra do paralelismo sintático entre as orações. 3) A expressão “eis que” (l. 11) tem natureza expletiva; não permite, pois, qualquer classificação morfológica ou sintática. 4) Entre os elementos narrativos do texto, encontram-se a pro- gressão temporal, a apresentação do enredo e a presença de discurso indireto livre. POLÍTICA INTERNACIONAL (Thiago Gehre) QUESTÃO 11 O desafio de integração regional da América do Sul foi responsável pela criação de uma série de mecanismos com caráter político-diplomático nas últimas décadas. UNASUL, MERCOSUL e PROSUL foram, dentre outros, fóruns multilaterais que desempenharam importante papel na agenda das nações sul-americanas. Acerca desse assunto, julgue (C ou E) os itens que se seguem. 1) O Grupo de Lima, criado em 2017, por 12 países das Amé- ricas, configura-se como via de unicidade diplomática en- tre os países que o compõem, ao embasar sua atuação na restauração do regime democrático na Venezuela. A partir dessa integração, o fórum declara apoio explícito ao Brasil no que tange à candidatura do país ao Conselho de Direitos Humanos da ONU. 2) Sendo constituída por 12 países, a União das Nações Sul-Americanas (UNASUL) possui expressão represen- tativa como organização intergovernamental ao ser o fó- rum com maior vigor dentro da América do Sul. 3) Criado a partir da assinatura do Tratado de Assunção, em 1991, o MERCOSUL estabeleceu, junto à União Europeia, um Acordo de Associação que vinha sendo debatido desde 1999. Sem menção à dinâmica internacional da mudança climática, o acordo baseia sua construção por meio do diá- logo político, cooperação e livre comércio. 4) A criação do PROSUL por meio da Declaração de San- tiago gerou um novo bloco de integração regional com a participação de oito países, entre eles o Brasil, dando segui- mento às políticas estabelecidas e adotadas pela UNASUL desde 2008. QUESTÃO 12 O meio ambiente, assim como o desenvolvimento embasado na sustentabilidade, foi pauta central em acordos ratificados pela comunidade internacional durante o Século XXI. Sobre esse assunto, julgue (C ou E) os itens subsecutivos. 1) A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimen- to Sustentável (Rio+20), ocorrida de 13 a 22 de junho de 2012, no Rio de Janeiro, resultou em importante marco de- nominado “O Futuro que Queremos” que definia um novo conceito de desenvolvimento sustentável baseado nos pila- res econômico, social e ambiental e que recebeu apoio tanto dos países em desenvolvimento como da União Europeia. 2) O Acordo de Paris, firmado em 2015, pretende estabelecer mecanismos que limitem o aumento da temperatura global e fortalecer a defesa contra os impactos da mudança climá- tica. O acordo, por tratar do combate às alterações climá- ticas, se liga diretamente à meta 15 dos Objetivos de De- senvolvimento Sustentável, implantado pela Agenda 2030. 3) A 24ª Conferência das Partes da UNFCCC, realizada em 2018, estabeleceu uma série de regras que permitem a implementação do Acordo de Paris por decisão unânime. TERCEIRO-SECRETÁRIO DA CARREIRA DE DIPLOMATACONCURSO PÚBLICO – IRBRPÁGINA 6 Como avanço, a COP 24 conseguiu congregar as NDCs de todos países signatários, as quais devem ser atualizadas a cada cinco anos. 4) Como compromisso assumido frente ao Acordo de Paris, por meio de sua NDC, o governo brasileiro, a partir de uma série histórica de quedas percentuais, assumiu a meta de al- cançar o desmatamento ilegal zero até 2030 na Amazônia Brasileira. QUESTÃO 13 Os países da Ásia constituem um novo e dinâmico eixo da eco- nomia mundial. China, Coreia do Sul, Indonésia, Japão, Cin- gapura, Tailândia e Vietnã são países que apresentaram nas últimas décadas um forte robustecimento de suas economias. Acerca das relações do continente asiático, julgue (C ou E) os itens que se seguem. 1) As relações diplomáticas do Brasil com a China foram es- tabelecidas em 1974 e, a partir de então, se estreitaram cada vez mais. Como fator dessa forte relação entre os dois paí- ses, principalmente na área econômica, a China é a terceira maior fonte de importações do Brasil e a segunda maior compradora de produtos brasileiros. 2) Simbolizados internacionalmente a partir do uso de guar- da-chuvas pelos manifestantes, os protestos em Hong Kong, por meio de uma forte organização centralizada, lu- tam pelo sufrágio universal e o fim do controle de Pequim. 3) Assinando um acordo de paz em 2018 que pôs fim à Guer- ra da Coreia, iniciada em 1950, o líder norte-coreano Kim Jong-un e o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in de- clararam no pacto selando o compromisso mútuo de cria- rem uma península coreana sem armamentos nucleares. 4) A China, por meio do planejamento Belt and Road Initiati- ve, busca expandir sua influência tanto na economia como na política mundial. Embasada em uma grande quantidade de acordos bilaterais, a ação busca conectar o continente asiático nas áreas de transporte e infraestrutura com as de- mais partes do globo. QUESTÃO 14 Sobre as relações do Brasil com os países do continente afri- cano, julgue (C ou E) os próximos itens. 1) A aproximação brasileira com o continente africano foi ir- relevante durante os governos militares que, devido ao “mi- lagre econômico”, buscavam ampliar suas relações com o mundo ocidental desenvolvido como EUA e Europa. 2) O perfil de baixa intensidade de contatos nos governos bra- sileiros da era da redemocratização, até Fernando Henrique Cardoso, foi substituído por uma política externa de aproxi- mação ancorada na abertura de novos postos diplomáticos, ampliação do volume de comércio e participação das em- presas brasileiras em negócios locais. 3) Um dos principais eixos estruturantes do relacionamento do Brasil com o continente africano se dá no âmbito da Comu- nidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), sendo que durante a presidência do Brasil 2015-2016. 4) O continente africano é considerado secundário para a po- lítica exterior do Brasil por não ter importância estratégica nas relações internacionais e porque o Brasil prioriza, desde 2000, a América do Sul em suas oportunidades de negócios e construção institucional, como a UNASUL. QUESTÃO 15 O debate acerca de uma reforma no Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) não é recente. A única alteração real feita desde sua criação foi a ampliação dos assentos não perma- nentes, em 1963. Na contemporaneidade, é clara a necessidade de uma reforma para abarcar melhor as demandas e a repre- sentatividade verossímil do mundo. A respeito desse assunto, julgue (C ou E) os itens a seguir. 1) A reforma de 1963, que trouxe 4 assentos não permanentes para a composição do CSNU, foi uma iniciativa de países africanos, e não contou com o apoio nem a participação brasileira. 2) Durante os anos de Governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), o Brasil adotou como prioridade de política externa a busca pela reforma não apenas do Conselho de Segurança das Nações Unidas, como do estabelecimento de outros arranjos como IBAS e BRICS. 3) Em setembro de 2004, o Brasil, juntamente com Alemanha, Índia e Japão, decidiu pela criação do G-4, um grupo que teria como objetivo promover a reforma do CSNU, não somente nos assentos não permanentes, mas em todas as categorias. O grupo se reúne até o presente ainda tentando implementar suas pautas. 4) Os países do G-4 não são grandes contribuintes para o orça- mento das Nações Unidas, o que é utilizado como principal argumento contrário à implementação da reforma proposta pelo grupo. QUESTÃO 16 Sobre a participação do Brasil nas agendas globais de desen- volvimento no século 21, julgue (C ou E) os itens seguintes. 1) Desde o estabelecimento, em 2015, na Cúpula das Nações Unidas em Nova Iorque, do documento “Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sus- tentável”, alguns países do mundo, como o Brasil, já conse- guirão erradicar a fome e a pobreza do mundo até 2030. 2) A Agenda 2030, que possui 17 objetivos e 169 metas, tor- nou-se referência no tratamento conjunto de questões rela- cionadas ao meio ambiente e ao desenvolvimento, na me- dida em que divide os 17 objetivos globais em cinco “Ps”: Planeta, Prosperidade, Produção, Paz e Parcerias. 3) Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) fo- ram criados para substituir os ODM (Objetivos do Milênio) que pouco ajudaram nos avanços da agenda de desenvolvi- mento nos diferentes países do mundo, tendo tido resulta- dos mais negativos do que positivos. 4) Com o mote de “não deixar ninguém para trás”, a Agenda 2030 visa erradicar a pobreza do mundo até 2030, o que pode ser percebido pela adesão do governo brasileiro ao proposto pela agenda e pelos indicadores que mostram sig- nificativa melhora na quantidade de pessoas abaixo da linha de extrema pobreza. TERCEIRO-SECRETÁRIO DA CARREIRA DE DIPLOMATACONCURSO PÚBLICO – IRBR PÁGINA 7 QUESTÃO 17 Sobre o novo mapa geopolítico e geoeconômico mundial em relação à cooperação para o desenvolvimento, julgue certo ou errado: 1) A articulação dos países menos desenvolvidos em torno de um eixo comum de demandas e interesses fez nascer, na década de 1970, uma nova unidade de análise nas relações internacionais, o chamado Terceiro Mundo. Hoje esses pa- íses, sob o conceito de Sul Global, utilizam-se da Coope- ração Sul-Sul como principal ferramenta para buscar o seu desenvolvimento. 2) O Plano de Ação de Buenos Aires (PABA), de 1978, tor- nou-se marco da cooperação técnica entre nações em desen- volvimento para reforçar sua identidade, propor soluções comuns a problemas compartilhados na Argentina, e lidera o debate global sobre a Cooperação Sul-Sul. 3) Ao longo das últimas décadas, esse espaço de atuação per- mitiu a países mais desenvolvidos do Sul Global, como China, Índia e Brasil, fazerem prevalecer seus interesses em diversos temas, tais como telecomunicações e produtos agrícolas. 4) Durante a Conferência PABA+40 de 2018, a diplomacia brasileira procurou defender a redução dos recursos ofi- ciais para o desenvolvimento global provenientes do Nor- te Global”. QUESTÃO 18 Levando em consideração a assinatura, em março de 2018, do Acordo Regional sobre o Acesso à Informação, à Participação Pública e o Acesso à Justiça em Assuntos Ambientais, também conhecido como “Acordo de Escazú”, julgue certo ou errado: 1) Após seis anos de negociações, o primeiro tratado ambien- tal da América Latina oferece uma plataforma pioneira para se avançar rumo ao acesso pleno à informação, à participa- ção além da consulta e da justiça ambiental. 2) Ratificado por 16 dos 33 países da América Latina, o acordo de Escazú torna-se importante marco para o fortalecimento da democracia ambiental e da multiculturalidade da Améri- ca Latina, do Caribe e de seus povos. 3) Fundamentado no Princípio 12 da Declaração do Rio so- bre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992, o acordo de Escazú preocupa-se com a construção de consensos in- ternacionais sobre problemas ambientais transfronteiriços ou globais. 4) O acordo de Escazú é a primeira disposição vinculante do mundo sobreos defensores dos direitos humanos em assun- tos ambientais, numa região marcada por frequentes agres- sões e intimidações àqueles que lutam por justiça social e ambiental. QUESTÃO 19 Sobre o relacionamento atual do Brasil com os EUA, julgue verdadeiro ou falso: 1) Em 2019, como símbolo do alinhamento entre Brasília e Washington, o presidente dos EUA, Donald Trump, desig- nou o Brasil como parceiro estratégico da Organização do Tratado do Atlântico Norte – OTAN. 2) Flávio Bolsonaro, filho do atual presidente do Brasil, foi cogitado como possível Embaixador do Brasil nos Estados Unidos da América. Tal ato pode ser interpretado como um estreitamento dos laços de amizade brasileiro-estaduniden- se, à luz da tradição estabelecida nas presidências de Eurico Gaspar Dutra e Castelo Branco. 3) As queimadas que marcaram o mês de agosto de 2019 tive- ram grande repercussão nas mídias e fóruns globais. O po- sicionamento do Governo Norte-Americano evidencia sua inclinação à cooperação em matéria de tecnologia militar e defesa, e de outra forma atesta a projeção de poder e a mo- bilização das forças dos EUA em continente sul-americano. 4) Aprovado pela Comissão de Relações Exteriores da Câma- ra em agosto de 2019, o Acordo de Salvaguardas Tecnológi- cas para o uso da Base de Alcântara – MA, foi resultado de um amplo consenso de diferentes grupos políticos e sociais brasileiros quanto aos evidentes ganhos desse acordo. QUESTÃO 20 A Floresta Amazônica é sinal de riqueza em flora e fauna. Reguladora da estabilidade ambiental do planeta, perde milha- res de hectares anualmente devido ao desmatamento. Sobre o Amazônia e as relações internacionais do Brasil, julgue (C ou E) as assertivas abaixo: 1) As queimadas que devastaram parte do bioma amazônico no mês de agosto de 2019 tiveram grande repercussão nas mídias e fóruns globais, acendendo o debate sobre a tese da internacionalização da Amazônia. Coube ao presidente francês Emmanuel Macron atribuir à Amazônia o título de patrimônio do mundo para que outros países de fora da re- gião possam ajudar no salvamento da floresta. 2) A ausência de uma instituição internacional de caráter re- gional que juntasse os países da Amazônia e promovesse a cooperação para o desenvolvimento contribuiu para o es- tabelecimento de um vácuo de poder que se manifesta na histórica retórica de internacionalização da floresta. 3) Assinado em 1978, o Tratado de Cooperação Amazôni- ca visava promover o desenvolvimento integral da região amazônica e o bem-estar de suas populações. A partir de uma orientação construída por uma agenda de trabalho con- junta, a OTCA possui alta institucionalização e representa- tividade no cenário internacional. 4) O status internacional da Amazônia, sugerido pelo pre- sidente da França, Emmanuel Macron, durante a cúpula do G7, está diretamente correlacionado com a atuação de ONGs como Greenpeace e WWF. QUESTÃO 21 Sobre o relacionamento Brasil e Israel, julgue certo ou errado: 1) O diplomata Oswaldo Aranha presidiu a simbólica Assem- bleia da ONU em 1947, que foi marcada pela partilha que culminou no atual estado de Israel. 2) O auxílio oferecido pelos israelenses ao Brasil, em razão da Tragédia de Brumadinho e das Queimadas de agos- to de 2019, demonstra sinais de uma parceria estratégica consolidada. TERCEIRO-SECRETÁRIO DA CARREIRA DE DIPLOMATACONCURSO PÚBLICO – IRBR PÁGINA 8 3) Assinado em 2007, o Tratado de Livre Comércio Merco- sul-Israel fez parte de uma empreitada do Governo Lula de promover acordos de livre comércio com demais atores do sistema internacional. 4) Em agosto de 2019, o governo israelense atacou com dro- nes depósitos de armas da milícia xiita iraquiana Forças de Mobilização Popular no Iraque. Tais ações evidenciam uma política de defesa preventiva de Benjamín Netanyahu, causando repercussões negativas em atores chave da região, como Irã, Iraque, Síria e Líbano. QUESTÃO 22 Sobre a crise venezuelana e os impactos sobre o Brasil, julgue certo ou errado: 1) Em 2017, a Suprema Corte da Venezuela retirou a imunida- de parlamentar da Assembleia Legislativa e foi acusada de tentar assumir as funções da casa. A situação se reverteu dias depois por recomendação do presidente Nicolás Maduro. 2) A crise Venezuelana, que tem explicação apenas na depen- dência do país em relação ao petróleo, foi agravada com a suspensão do MERCOSUL em 2017, o que desencadeou a chegada das primeiras levas de migrantes venezuelanos pelas cidades fronteiriças de Santa Helena do Uairen e Pacaraima. 3) A Operação Acolhida, iniciativa do Ministério da Defesa, tem como intuito promover ajuda humanitária aos solici- tantes de refúgio e imigrantes venezuelanos que chegam ao Brasil em busca de permanência e assistência. Entretanto, em janeiro de 2019, o presidente Jair Bolsonaro decidiu por extinguir o projeto, o que levou a um aumento significativo no número de migrantes venezuelanos no país. 4) Questionado sobre uma possível intervenção norte-ame- ricana na Venezuela em 2019, o secretário de estado dos EUA, Mike Pompeo, descartou qualquer possibilidade de intervenção armada: os custos logísticos e orçamentários para os Estados Unidos seriam extremamente onerosos, tendo em vista o déficit fiscal norte-americano. GEOGRAFIA (Telmo Ribeiro) QUESTÃO 23 Julgue os itens abaixo acerca da distribuição populacional no território brasileiro. 1) Na Amazônia brasileira, os vales dos rios, em especial o do rio Amazonas, eram as áreas preferências de ocupação. Com a construção de rodovias penetrando a floresta ao sul e a leste, estas áreas passaram a ser as maiores concentrado- ras de população, alterando um padrão histórico. 2) Num primeiro momento, a ocupação do Brasil se restringia a poucos pontos no litoral, que cumpriam a função de defe- sa do território e também de entreposto comercial. 3) O primeiro grande processo de interiorização da população brasileira veio com a descoberta de ouro em Minas Gerais, causando grande afluxo de pessoas para aquela região. 4) No século XX, o Brasil se urbanizou rapidamente e suas grandes cidades passaram a concentrar cada vez maior parte da população, especialmente no Sudeste do país. O Nordes- te, em contrapartida, perdeu peso relativo no quadro demo- gráfico brasileiro. QUESTÃO 24 Sobre as migrações internacionais, julgue os itens abaixo: 1) Os movimentos migratórios podem ser espontâneos ou for- çados; um exemplo deste último tipo de migração é a dos refugiados de guerra. 2) O fator trabalho é uma das razões centrais para os movi- mentos migratórios. É motivo, por exemplo, para a emigra- ção de brasileiros para os EUA. 3) A Europa foi um importante foco de imigração a partir do século XV até aproximadamente a metade do século XX, recebendo imigrantes das colônias e ex-colônias, que bus- cavam as boas condições de vida nas cidades europeias. Atualmente, este continente transformou-se em área de emigração, com pessoas que se dirigem em busca de novas oportunidades em outros continentes, como o americano, o africano e o asiático. 4) O Brasil, no século XIX, foi área de atração de imigrantes que buscavam novas oportunidades, sendo o maior grupo o de origem latino-americana (paraguaios, argentinos, bo- livianos etc.). QUESTÃO 25 Os deslocamentos populacionais que ocorrem em decorrência da procura de melhores condições de vida e a fuga de regiões em conflitos representam um dos efeitos colaterais da globa- lização. A propósito dessa temática, julgue (C ou E) os itens subsequentes: 1) Ásia pode ser identificada como uma área de repulsão, fe- nômeno que está relacionado ao fato de o continente con- centrar o maior contingente absoluto de pobres do mundo. 2) Regiões marcadas pela entrada de imigrantes muitas vezes desenvolvem a xenofobia, fruto da intolerância e do medo da perda de identidade. 3) Migrações conhecidas como “evasão de cérebros” repre- sentam entraves para o desenvolvimento técnico-científico dos países em desenvolvimento.4) Provocadas por guerras locais têm sido constantes e cres- centes. Entre os diversos locais do mundo, é no continente asiático que se desencadeia a maior quantidade de movi- mentos migratórios decorrentes de guerras civis, com le- giões de refugiados vagando em busca de abrigo e fugindo das guerras tribais. QUESTÃO 26 Sobre a distribuição da população no mundo, julgue os itens abaixo: 1) Segundo estimativas, a população mundial total diminuirá entre 2010 e 2050. 2) Apesar de ser o país mais povoado do mundo, a China não se enquadra entre os países mais populosos, já que sua den- sidade demográfica é menor que a de países como Bangla- desh e Japão. TERCEIRO-SECRETÁRIO DA CARREIRA DE DIPLOMATACONCURSO PÚBLICO – IRBR PÁGINA 9 3) Entre os 5 países mais populosos do mundo, 4 encontram-se na Ásia: China, Índia, Indonésia e Paquistão. 4) A partir de 1970, o ritmo do crescimento populacional mun- dial experimentou uma aceleração, como resultado da me- lhoria das condições sanitárias em países pobres. QUESTÃO 27 Sobre a distribuição da indústria pelo território brasileiro, jul- gue os itens abaixo: 1) O Estado brasileiro contribuiu para o processo em curso de desconcentração geográfica da indústria no Brasil por meio de políticas de desenvolvimento regional, como, por exem- plo, disponibilizando energia. 2) Como consequência do processo de desconcentração, os desequilíbrios relativos à concentração de renda, em nível regional, cederam lugar à integração territorial, que elimi- nou as disparidades. 3) Em conformidade com a desconcentração industrial, obser- va-se a ampliação dos mercados por meio do rompimento com as estruturas agroexportadoras existentes no passado. 4) Um das consequências da desconcentração espacial da in- dústria no Brasil foi a aceleração do crescimento das metró- poles nacionais, o que promoveu as ocupações irregulares urbanas e a criação de periferias nas cidades. QUESTÃO 28 Nos anos 80 do século passado, as principais transformações espaciais da economia brasileira foram decorrência dos novos padrões de localização da atividade produtiva que geraram mu- danças no processo de urbanização que tem como consequên- cia (C ou E): 1) Aumento acentuado da concentração industrial na região metropolitana de São Paulo. 2) Taxas de crescimento das cidades de porte médio mais ele- vadas do que as das metrópoles, com exceção do Nordeste. 3) Intensificação do fenômeno de aglomerações urbanas não metropolitanas com percentuais crescentes do conjunto da população. 4) Maior adensamento nos núcleos das regiões metropolitanas vis-à-vis os municípios externos dessas regiões. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO (Blenda) QUESTÃO 29 Acerca do Direito Internacional contemporâneo, julgue os itens: 1) A pedido dos palestinos após a guerra na Faixa de Gaza no verão de 2014, o TPI lançou em 2015 uma investigação preliminar sobre acusações de crimes de guerra em Israel e nos Territórios palestinos. 2) Assinado na capital portuguesa a 13 de dezembro de 2007 e em vigor desde 01 de dezembro de 2009, o Tratado de Lis- boa, que emendou o Tratado da União Europeia e o Tratado sobre o Funcionamento da UE, repete previsão de forma explícita, no artigo 50, da possibilidade de qualquer Estado sair de forma voluntária e unilateral da União. 3) Diante da política ambiental brasileira, após debates inter- nos, a União Europeia decidiu utilizar os mecanismos de monitoramento previstos no acordo Mercosul e União Eu- ropeia, os quais constituem verdadeiro instrumento coerci- tivo dentro do acordo. 4) O tribunal de arbitragem de Haia anulou uma sentença da justiça do Equador de 9,5 bilhões de dólares contra a petro- lífera americana Chevron por danos ambientais na Amazô- nia. O Tribunal determinou que não houve qualquer dano imputável à empresa dentro do caso. QUESTÃO 30 Sobre meio ambiente e direito internacional do trabalho, julgue os itens: 1) As recomendações da OIT têm caráter obrigatório aos Estados e todos devem empreender esforços para im- plementá-las. 2) A proibição de trabalho forçado é um dos grandes desa- fios da humanidade. A este respeito, foram firmados os seguintes textos internacionais: Convenção n. 29 de 1930, Convenção n. 105 de 1957, Protocolo à Convenção sobre Trabalho Forçado de 2014 e Recomendação do Trabalho Forçado de 2014. 3) O risco aparece como o principal elemento para se manter edificado o princípio da precaução no direito ambiental. Ele antecede à prevenção do meio ambiente, o qual se encontra consignado no artigo 225 da Constituição Federal. 4) No caso das Papeleras, a Corte Internacional de Justiça re- conheceu o direito do Uruguai ao desenvolvimento de sua indústria em consonância com o direito da integração, dan- do ganho da causa a este país. QUESTÃO 31 O uso da força é proibido no plano internacional, salvo exceções devidamente permitidas. Considerando o tema, julgue os itens: 1) Apenas o Conselho de Segurança possui competência para determinar a criação de missões de paz. 2) A concessão dos bons ofícios obriga à realização de media- ção, uma vez que o primeiro é insuficiente para dar solução ao conflito. 3) O Tribunal Penal Internacional possui um papel indireto na manutenção da paz e segurança internacionais. 4) Não é permitido a organismos regionais, tais como a OTAN, que realizem ações no âmbito do capítulo VII da Carta da ONU. QUESTÃO 32 O terrorismo internacional tem sido a principal ameaça à paz e segurança, a sua contenção internacional é tarefa árdua, mas muito já foi feito para reduzir essa forma moderna de conflito. A este respeito, julgue os itens abaixo: 1) A crise dos reféns americanos no Irã foi uma crise diplomá- tica na qual 52 norte-americanos foram mantidos reféns a partir de 4 de novembro de 1979. Um grupo de estudantes militantes islâmicos tomou a embaixada americana na capi- tal em apoio à Revolução Iraniana. Essa situação tornou-se TERCEIRO-SECRETÁRIO DA CARREIRA DE DIPLOMATACONCURSO PÚBLICO – IRBR PÁGINA 10 um caso na Corte Internacional de Justiça que opôs os dois países e analisou violações à Convenção de Viena sobre Re- lações Diplomáticas. 2) Agindo de acordo com as disposições da Carta, o Conse- lho adotou por unanimidade a Resolução n. 1.540, obrigan- do os Estados a interromperem qualquer apoio a agentes não-estatais para o desenvolvimento, aquisição, produção, posse, transporte, transferência ou uso de armas nucleares, biológicas e químicas e seus meios de entrega. 3) Atos de terrorismo são atos criminosos pretendidos ou cal- culados para provocar um estado de terror no público em ge- ral. Em razão de sua motivação política, filosófica etc., pode ser perfeitamente considerado entre os crimes que ensejam institutos de proteção humanitária. 4) Em junho de 2017, o Escritório de Contraterrorismo das Na- ções Unidas (UNOCT), estabelecido pela Assembleia Geral, foi criado com o objetivo de centralizar os esforços antiter- rorismo da ONU num único escritório e sob a Estratégia e manter uma relação próxima com os órgãos e membros do Conselho de Segurança. NOÇÕES DE DIREITO (Aragonê Fernandes) QUESTÃO 33 Julgue os itens a seguir, no que tange aos direitos e às garantias fundamentais, bem assim aos princípios que regem o Brasil nas relações internacionais. 1) A extradição de brasileiro nato é possível somente nas hipó- teses de dupla nacionalidade, adotando-se a tese da nacio- nalidade prevalente. 2) Brasileiros e estrangeiros residentes ou não residentes no país têm assegurada a inviolabilidade do direito à vida e à liberdade, de modo que podem impetrar habeas corpus em caso de prisão ilegal. Contudo, deve ser usado o vernáculo. 3) A liberdade de expressão não se compatibiliza com discur- sos de ódio, ainda que praticados por líder religioso em de- trimento de outras crenças. 4) Tratados internacionais sobre direitos humanos equipa- rados sem status de emenda à Constituição têm o condão de revogar normas infraconstitucionais que lhes sejam in-compatíveis. QUESTÃO 34 Acerca dos Poderes do Estado, das respectivas funções, das regras de processo legislativo e do controle de constitucionali- dade, julgue os itens que se seguem. 1) Cabe ADI endereçada ao STF para o questionamento de leis municipais quando houver afronta direta ao texto da Consti- tuição Federal e da Constituição Estadual simultaneamente. 2) É inconstitucional dispositivo de Constituição Estadual que preveja a sabatina da Assembleia Legislativa para a escolha de dirigentes de empresas públicas e sociedades de eco- nomia mista. 3) Medida provisória versando sobre nacionalidade padece de vício de inconstitucionalidade material, sujeitando-se a controle via ADI perante o STF. 4) Cabe privativamente ao Presidente da República conceder indulto e comutar penas, podendo essa atribuição ser dele- gada aos Ministros de Estado. TERCEIRO-SECRETÁRIO DA CARREIRA DE DIPLOMATACONCURSO PÚBLICO – IRBR PÁGINA 11 Questão 1 1. E 2. C 3. C 4. E Questão 2 1. C 2. C 3. C 4. E Questão 3 1. C 2. C 3. E 4. C Questão 4 1. C 2. C 3. E 4. E Questão 5 1. C 2. E 3. E 4. E Questão 6 1. C 2. E 3. E 4. C Questão 7 1. C 2. C 3. E 4. C Questão 8 1. C 2. C 3. E 4. C Questão 9 1. E 2. E 3. E 4. C Questão 10 1. E 2. C 3. E 4. E Questão 11 1. C 2. E 3. E 4. E Questão 12 1. E 2. E 3. E 4. C Questão 13 1. E 2. E 3. E 4. C Questão 14 1. C 2. C 3. E 4. E Questão 15 1. E 2. E 3. C 4. E Questão 16 1. E 2. E 3. E 4. E Questão 17 1. C 2. C 3. E 4. E Questão 18 1. C 2. E 3. E 4. C Questão 19 1. E 2. E 3. E 4. E Questão 20 1. E 2. E 3. E 4. E Questão 21 1. C 2. E 3. C 4. C Questão 22 1. C 2. E 3. E 4. E Questão 23 1. C 2. C 3. C 4. C Questão 24 1. C 2. C 3. E 4. E Questão 25 1. C 2. C 3. C 4. E Questão 26 1. E 2. E 3. C 4. E Questão 27 1. C 2. E 3. E 4. E Questão 28 1. E 2. E 3. C 4. C Questão 29 1. C 2. E 3. E 4. E Questão 30 1. E 2. C 3. C 4. E Questão 31 1. E 2. E 3. C 4. E Questão 32 1. C 2. C 3. E 4. C Questão 33 1. E 2. C 3. E 4. C Questão 34 1. E 2. C 3. C 4. C simulado Preparatório para Concursos SIMULADO IRBR TERCEIRO-SECRETÁRIO DA CARREIRA DE DIPLOMATA GABARITO EDITAL Nº 1, DE 5 DE JULHO DE 2019 CONCURSO DE ADMISSÃO À CARREIRA DE DIPLOMATA P R O V A O B J E T I V A – M A N H Ã TERCEIRO-SECRETÁRIO DA CARREIRA DE DIPLOMATASIMULADO – IRBR PÁGINA 12 PROVA OBJETIVA – PRIMEIRA FASE Manhã LÍNGUA PORTUGUESA (Tereza Cavalcanti, Claiton Natal e Lucas Gonçalves) Texto I 1 Voltei-me para ela; Capitu tinha os olhos no chão. Ergueu-os logo, devagar, e ficamos a olhar um para o outro... Confissão de crianças, tu valias bem duas ou três páginas, mas quero ser poupado. Em verdade, não falamos nada; 5 o muro falou por nós. Não nos movemos, as mãos é que se estenderam pouco a pouco, todas quatro, pegando-se, apertando-se, fundindo-se. Não marquei a hora exata daquele gesto. Devia tê-la marcado; sinto a falta de uma nota escrita naquela mesma noite, e que eu poria aqui 10 com os erros de ortografia que trouxesse, mas não traria nenhum, tal era a diferença entre o estudante e o adoles- cente. Conhecia as regras do escrever, sem suspeitar as do amar; tinha orgias de latim e era virgem de mulheres. � Não soltamos as mãos, nem elas se deixaram cair 15 de cansadas ou de esquecidas. Os olhos fitavam-se e desfitavam-se, e depois de vagarem ao perto, tornavam a meter-se uns pelos outros... Padre futuro, estava assim diante dela como de um altar, sendo uma das faces a Epís- tola e a outra o Evangelho. A boca podia ser o cálix, os 20 lábios a patena. Faltava dizer a missa nova, por um latim que ninguém aprende e é a língua católica dos homens. Não me tenhas por sacrilégio, leitora minha devota a lim- peza da intenção lava o que puder haver menos curial no estilo. Estávamos ali com o céu em nossas mãos, 25 unindo os nervos, faziam das duas criaturas uma só, uma só criatura seráfica. Os olhos continuaram a dizer cousas infinitas, as palavras de boca é que nem tentavam sair, tor- navam ao coração caladas como vinham... Dom Casmurro/Machado de Assis QUESTÃO 1 Com base nos aspectos interpretativos e discursivos do texto I, julgue os itens a seguir. 1) Infere-se que o narrador era, à época do fato relatado, tão insipiente nos domínios da linguagem normativa quanto nos relacionamentos amorosos. 2) Os vocábulos “cálix” (l. 19) , “patena” (l. 20) e “curial” (l. 23) são termos do campo lexical de religião, conforme permite depreender o texto. 3) No último período do texto, há referência ao uso da lingua- gem não verbal no processo de comunicação entre o narra- dor e Capitu. 4) Pela intenção do narrador em registrar objetivamente um fato do passado, pode-se afirmar que, no texto, predomina a função referencial da linguagem. Comentários: 1. Errado. No texto, os aspectos estão em oposição (há uma comparação por diferença); como prova o trecho, tal era a diferença entre o estudante e o adolescente. “Conhecia as regras do escrever, sem suspeitar as do amar; tinha orgias de latim e era virgem de mulheres.” 2. Certo. São vocábulos da área da religiosidade católica. 3. Certo. Confirma a afirmação o trecho “Os olhos continua- ram a dizer cousas infinitas”. 4. Errado. O relato é marcadamente subjetivo; portanto, não há função referencial. QUESTÃO 2 Com relação a aspectos gramaticais do texto I, julgue (C ou E) os itens que se seguem. 1) Os termos “de crianças” (l. 3) “três” (l. 3) e “exata” (l. 7) exercem a mesma função sintática na oração em que ocorrem. 2) Na oração “Conhecia as regras do escrever”, pode-se afir- mar que há derivação imprópria. 3) No trecho “nem elas se deixaram cair de cansadas ou de esquecidas” (l. 14-15), os pronomes em destaque exercem a mesma função sintática. 4) Em “Conhecia as regras do escrever, sem suspeitar as do amar” (l. 12-13), a palavra “as” classifica-se como artigo definido e, na construção em que aparece, permite a elipse do substantivo “regras” (l. 12). Comentários: 1. Certo. As três expressões desempenham a função sintá- tica de adjunto adnominal. Talvez a dúvida maior consis- ta na expressão “Confissão de crianças”, pois o trecho “de crianças” exerce uma função ativa em relação ao substantivo abstrato “crianças”. 2. Certo. Na oração “Conhecia as regras do escrever”, nota-se o verbo “escrever” substantivado por meio de uma derivação imprópria. Veja a presença de artigo “o” determinando o substantivo “escrever”. 3. Certo. Na frase “nem elas se deixaram cair de cansadas ou de esquecidas”, o pronome pessoal do caso reto “elas” exerce a função sintática de sujeito da forma verbal “dei- xaram”. Já com o pronome reflexivo “se”, ocorre um caso especial da Língua: chamamos de sujeito acusativo. Observação: O sujeito acusativo ou de infinitivo ocorre quando há a presença de verbos causativos (mandar, fazer e deixar) ou sensitivos (ver, ouvir e sentir) seguidos de um outro verbo no infinitivo. 4. Errado. O item está errado, visto que, na segunda ocor- rência do vocábulo “as”, apesar de retomar o termo “as re- gras”, desempenha a função de pronome demonstrativo. Ob- serve ainda que é possível substituir por “aquelas”. TERCEIRO-SECRETÁRIO DA CARREIRA DE DIPLOMATACONCURSO PÚBLICO – IRBR PÁGINA 13 Texto II 1 O texto de Santo Agostinho fala geralmente de todos os reinos, em que são ordinárias semelhantes opressões e injustiças, e diz que, entre os tais reinos e as covas dos ladrões – a que o santo chama latrocínios – só há uma 5 diferença. E qual é? Que os reinos são latrocínios, ou ladroeiras grandes, e os latrocínios, ou ladroeiras, são reinos pequenos: Sublata justita, quid sunt regna, nisi magna latrocinia? Quia et latrocinia quid sunt, nisi parva regna? É o que disse o outro pirata a Alexandre Magno. Navegava 10 Alexandre em uma poderosa armada pelo Mar Eritreu a conquistar a Índia, e como fosse trazido à sua presença um pirata que por ali andava roubando os pescadores, repreen- deu-o muito Alexandre de andar em tão mau ofício; porém, ele,que não era medroso nem lerdo, respondeu assim. – 15 Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois impe- rador? – Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza; o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres. Mas Sêneca, que sabia 20 bem distinguir as qualidades e interpretar as significações, a uns e outros definiu com o mesmo nome: Eodem loco pone latronem et piratam, quo regem animum latronis et piratae habentem. Se o Rei de Macedônia, ou qualquer outro, fizer o que faz o ladrão e o pirata, o ladrão, o pirata e 25 o rei, todos têm o mesmo lugar, e merecem o mesmo nome. Trecho: Sermão do Bom Ladrão/Padre Antônio Vieira QUESTÃO 3 Considerando aspectos linguísticos e interpretativos do texto II, julgue os itens a seguir. 1) No trecho “fosse trazido à sua presença um pirata” (l. 11- 12), a supressão do acento grave não afetaria a correção ou o sentido do texto, visto ser facultativo o emprego do artigo. 2) O termo “Alexandres”, empregado na linha 19, é exemplo de construção metonímica. 3) Na linha 11, a conjunção “como” foi empregada com valor comparativo. 4) Nas linhas 13 e 14, os pronomes “o” e “ele” constituem uma cadeia anafórica que remete ao mesmo referente: “um pirata” (l. 11-12). Comentários: 1. Certo. No trecho, é facultativo o uso do artigo definido antes de pronome possessivo adjetivo. Logo, consideran- do a presença obrigatória da preposição, há faculdade no uso da crase. 2. Certo. Há o uso de termo concreto para substituir ideia abstrata (Alexandres no lugar de poderosos). 3. Errado. A preposição COMO tem, no contexto, valor se- mântico relacionado à ideia de causa. 4. Certo. Os dois pronomes retomam o termo “um pirata”. QUESTÃO 4 Com relação a aspectos gramaticais do texto II, julgue (C ou E) os itens que se seguem. 1) No trecho “a que o santo chama latrocínio” (l. 4), o vocá- bulo em destaque exerce a função sintática de predicativo do objeto. 2) Além de ser a melhor opção estilística, a substituição da vírgula imediatamente antes do “e” (l. 3) por ponto e vírgula mantém a correção gramatical do trecho. 3) A palavra “que” (l. 15) introduz o complemento verbal da forma verbal “Basta”. 4) No trecho “fizer o que faz o ladrão e o pirata”, a partícula “o” classifica-se como pronome demonstrativo e exerce a função de objeto direto da oração subordinada adjetiva. Comentários: 1. Certo. Na frase “entre os tais reinos e as covas dos la- drões – a que o santo chama latrocínios”, o adjetivo “latro- cínios” exerce a função sintática de predicativo do objeto indireto “a que”, o qual retoma por coesão o trecho “os tais reinos e as covas dos ladrões”. Note-se ainda que o predi- cativo do objeto não poderá ser suprimido do texto, pois prejudicaria a hierarquia das informações. 2. Certo. De fato, a alteração da vírgula por ponto e vírgula manteria a correção gramatical, além de marcar claramente a separação das orações coordenadas. 3. Errado. Na frase “Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma ar- mada, sois imperador?”, a oração introduzida pelo vocábulo “que” desempenha a função sintática de sujeito. Ao substi- tuir toda a oração iniciada pelo vocábulo “que” por ISSO, teremos: “Isso basta”. Ou seja, exercerá a função de sujeito, que também podemos chamar de oração subordinada subs- tantiva subjetiva. 4. Errado. Sempre que identificar a estrutura “o que”, te- remos, respectivamente, um pronome demonstrativo e um pronome relativo. A questão está errada, pois o pronome de- monstrativo “o” exerce a função de objeto direto do verbo fazer, e não da oração subordinada. Texto III 1 O Brasil se absteve na votação do projeto de reso- lução sobre “a deterioração grave e contínua dos direitos humanos e da situação humanitária na República Árabe da Síria”. Estamos plenamente conscientes da grave 5 situação dos direitos humanos na região, que precisa ser devidamente analisada por este conselho. Apesar das últi- mas modificações no texto, a resolução ainda não reco- nhece a responsabilidade e não repudia devidamente a participação de vários grupos armados da oposição (…) 10 por graves violações dos direitos humanos e do direito humanitário. Essa lacuna pode erroneamente transmitir uma mensagem de tolerância a essas graves irregulari- dades e, assim, incentivar ainda mais violência contra a população civil. É também lamentável a falta de ênfase TERCEIRO-SECRETÁRIO DA CARREIRA DE DIPLOMATACONCURSO PÚBLICO – IRBR PÁGINA 14 15 na necessidade de maior envolvimento de todas as partes nas negociações políticas. Não há solução militar para a crise e a insistência em ver uma vitória militar como a única saída é uma causa real e definitiva para a atual situação que a população síria enfrenta. O Brasil salienta 20 que é responsabilidade primordial das autoridades sírias assegurar os direitos da população síria. Não obstante, é de responsabilidade de todos os países evitar maior mili- tarização do conflito. Agir de outra maneira é comparti- lhar a responsabilidade pelas atrocidades enfrentadas por 25 civis na Síria e arredores. O Brasil insta todas as partes envolvidas no conflito e apoiadores a cumprir com suas obrigações sob o direito internacional humanitário, para permitir acesso irrestrito às agências humanitárias, e a se absterem de qualquer ação que possa prolongar o conflito. QUESTÃO 5 Com relação a aspectos gramaticais do texto III, julgue (C ou E) os itens que se seguem. 1) Na linha 6, sem prejuízo para a correção gramatical do tex- to nem para seu sentido original, a expressão “Apesar das” pode ser substituída por “Sem embargo das”. 2) No trecho “O Brasil salienta que é responsabilidade primor- dial das autoridades...” (l. 19-20), a substituição da conjun- ção “que” por dois-pontos prejudica a correção gramatical. 3) Sem prejuízo dos sentidos e da correção gramatical do texto, o trecho “Essa lacuna pode erroneamente transmitir (...) violência contra a população civil” (l. 11-14) poderia ser reescrito da seguinte maneira: “Erroneamente, essa falta pode transmitir uma mensagem de tolerância a essas irregularidades graves e, assim, incentivar ainda mais violência contra à população civil.” 4) Na linha 21, a substituição de “Não obstante” por “Con- quanto” preserva o sentido e a correção gramatical. Comentários: 1. Certo. Tanto “Apesar das”, quanto “Sem embargo das” apresentam valor semântico concessivo; o que deixa o item correto. 2. Errado. No trecho “O Brasil salienta que é responsabili- dade primordial das autoridades...”, será permitida a troca da conjunção “que” pelo sinal de dois-pontos, pois traria ainda ao texto um nexo explicativo. A questão está errada por afir- ma que prejudicaria o texto. 3. Errado. Sempre que for fazer uma questão de reescritura textual, verifique se o trecho reescrito pelo examinador está perfeito gramaticalmente. O que não é o caso. No trecho, há claramente um erro do emprego do sinal indicativo de crase, pois não há a possibilidade de ter duas preposições juntas. Por isso, o item está errado. 4. Errado. Contextualmente, a expressão “não obstante” apresenta ideia adversativa, enquanto que a conjunção “con- quanto” indica uma concessão. Por esse motivo, a assertiva está incorreta. https://www.grancursosonline.com.br/assinatura-ilimitada
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