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32 Sistema de Ensino Presencial Conectado SERVIÇO SOCIAL ARMÊnia isabel MARTINS Borges Peixoto TRABALHO DE COCLUSÃO DE CURSO Política de Assistência Social para População em Situação De Rua VITÓRIA-ES 2020 ARMÊnia isabel MARTINS Borges Peixoto TRABALHO DE COCLUSÃO DE CURSO Política de Assistência Social para População em Situação De Rua Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Pitágoras UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social Orientador: Prof. Maria Lucimar Pereira VITÓRIA-ES 2020 DEDICATÓRIA Dedico primeiramente a Deus durante essa caminhada foi meu socorro bem na angústia, a minha família em especial meu esposo que não se encontra entre nós, mas no período que esteve presente sempre paciência me incentivava a não desistir, aos meus filhos Júnior Lucas e Deborah e também minhas noras Alice e Arielly, em especial Alice que construiu para conclusão desse trabalho. AGRADECIMENTOS Agradeço aos professores, a orientadora Mirian Rodrigues Pereira que contribuiu com seu empenho e dedicação foi essencial nessa caminhada, em especial agradeço a professora e tutora Katiana Rodrigues Carvalho pela paciência dedicação e por ter acreditado que juntos poderíamos ser capazes de desenvolver e finalizar essa pesquisa. Agradeço a também orientadora de campo Alezi Ferreira dos Santos que foi de sua importância para meu aprendizado. Agradeço aos meus amigos que fez desse período de 4 anos foram imprescindíveis em minha vida, agradeço pelas alegrias, pelas tristezas e dores compartilhadas. Agradeço em especial a Willian, Nil, Rose, Rosana, Railda, Vânia, Luciana e Danieli. Agradeço a faculdade Unopar por me proporcionar formação. Agradeço a todos funcionários da instituição. PEIXOTO, Armênia Isabel Martins Borges. POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL PARA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA. 2020. Total de páginas Trabalho de Conclusão de Curso. RESUMO O presente Trabalho de Conclusão de Curso – TCC destaca as Políticas de Assistência no Brasil com foco na população em situação de rua. A política Nacional para População em Situação de Rua sua criação e importância para efetivação de direito desta população que carrega estigmas e julgamentos das sociedades, vivendo excluídos e marginalizados. Analisar as características desta população e as condições em que vivem através de pesquisas bibliográficas. Mostrar as políticas de assistência para população em situação de rua. À pesquisa sobre o serviço social no Brasil, a expansão das políticas de assistência social, os caminhos percorridos para a instituição da Política Nacional para População em Situação de Rua. Por se tratar de uma população que se encontra em situação de vulnerabilidade extrema, devido à dificuldade de acessar serviços e programas é preciso enxergar essas pessoas com possuidora de direitos e não como responsáveis pela situação em que vivem. Palavras-chave: Política social, Programas Sociais, Pessoas em Situação de Rua, Política Nacional da População em Situação de Rua PEIXOTO, Armênia Isabel Martins Borges. SOCIAL ASSISTANCE POLICY FOR POPULATION IN STREET SITUATION. 2020. Total de páginas. Trabalho de Conclusão de Curso ABSTRACT The present Work of Completion of Course - TCC highlights the Assistance Policies in Brazi l with focus on the population in the street si tuation. The National Policy for Population in Situation of Street its creation and importance for the effective realization of the right of thi s population that carries stigmas and judgments of the societies, living excluded and marginalized. To analyze the characteristics of this population and the conditions i n which they live through bi bliographical research. Show assistance policies for the homeless population. To the research on social service in Brazil, the expansion of social assistance policies, the pa ths covered for the institution of the National Policy for Population in Street Situation. Because it is a population that is extremely vulnerable due to the difficulty of accessing services and programs, it is necessary to see these people as having rights, not as responsible for the situation in which they live Keywords: Social Policy, Social Programs, Street People, National Policy on Population in Street Situation Listas de figuras Figura 1. Distribuição da população por regiões administrativas Figura 2. Regiões do município Figura 3. População de rua por km² Figura 4. População de rua pela população total de bairro Figura 5. Bairro de origem da população de rua Listas de Gráficos Gráfico 1. Distribuição da população de rua por sexo Gráfico 2. População masculina em situação de rua Gráfico 3. População feminina em situação de rua Gráfico 4. Perfil educacional população em situação de rua Gráfico 5. Atividade atual população em situação de rua Gráfico 6. Problemas de saúde população em situação de rua Gráfico 7. Índice de atendimentos população em situação de rua Gráfico 8. Quantitativo por localização SMDS Gráfico 9. Doenças oportunistas no momento da notificação 78 de casos de AIDS, RJ , 1985-2005 Gráfico 10. Casos notificados de AIDS e casos com Tuberculose 79 no momento da notificação de casos de AIDS, RJ , 1985-2005 Listas de Tabelas Tabela 1. Índice de desenvolvimento humano e suas dimensões, segundo as regiões do plano estratégico – 2000 Tabela 2. Distribuição espacial população de rua Listas de Quadros Quadro 1. Resumo quantitativo da população de rua SMDS Quadro 2. Bairros de origem da população de rua atendida SMDS Listas de Abreviaturas e Siglas AIDS - Acquired Immune Deficiency Syndrome AP - Área programática ASAB - Associação Solidários Amigos de Betânia ASMARE - Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Material Reaproveitável CAPS – Centros de Atenção Psicossocial CAS – Coordenadorias de Assistência Social CEMASI - Centro Municipal de Assistência Social Integrada CMAS - Conselho Municipal de Assistência Social CRAS – Centro de Referência da Assistência Social DST – Doenças sexualmente transmissíveis FIA – Fundação para a Infância e Adolescência FIOCRUZ – Fundação Oswaldo Cruz HIV - Human Immuno Deficiency Virus IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDH – Índice de Desenvolvimento Humano IVVS - Índice de Vigilância da Vulnerabilidade Social LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social MAP – Movimento de Amor ao Próximo MDS – Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome MSF – Médicos sem Fronteiras MS – Ministério da Saúde MVE - Mapa da Vigilância da Exclusão NOS - Núcleo de Oportunidade Solidária OCAS – Organização Civil de Ação Social OG – Organização governamental ONG – Organização não governamental PAE – Programa Aumento da Escolaridade PBF – Programa Bolsa Família PETI - Programa de Erradicação do Trabalho Infantil PNAS - Política Nacional de Assistência Social PNH – Política Nacional de Humanização PSF – Programa Saúde da Família RA – Região Administrativa RD – Redução de Danos (programa) SME – Secretaria Municipal de Educação SES – Secretaria Estadual de Saúde SESC – Serviço Social do Comércio SIMAS - Sistema Municipal de Assistência Social SMADS – Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social SMAS – Secretaria Municipal de Assistência Social SNAS – Secretaria Nacional de Assistência Social SMH – Secretaria Municipal do Habitat SMS – Secretaria Municipal de Saúde SMTR - Secretaria Municipal de Trabalho e Renda SMVE - Sistema Municipal de Vigilância da Exclusão SRT’s- Serviços Residenciais Terapêuticos SUAS - Sistema Único de Assistência Social SUS – Sistema Único de Saúde TB - Tuberculose UDI – Usuários de Drogas Injetáveis SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 14 2 Breve histórico da política social no brasil 17 3 Surgimento da política nacional da pessoa em situação de rua 4 Características da população em situação de rua 5 CONCLUSÃO 6 REFERÊNCIAS INTRODUÇÃO A Assistência Social ao longo da história foi marcada pelo assistencialismo, caridade, qualidade. Não era vista como um direito, e as políticas existentes eram sempre embasados no imediatismo e para que a população se calar-se diante das situações de vulnerabilidades que viviam. Com a Constituição de 1988 a Assistência Social ganhou uma nova fase, inserida no Sistema de Seguridade Social, formando um tripé juntamente com as Políticas de Saúde e Previdência Social. Mesmo com a promulgação da Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS, lei 8.662 de 07/12/93 a política de assistência não perdeu seu caráter paliativo, ainda existem políticas sociais com caráter imediatista, o Brasil um país neoliberal que visa o crescimento econômico em detrimento das políticas assistenciais, o que acaba com a ética da Assistência Social. A Política Nacional da Assistência Social – PNAS foi criada em 2004, ela estabelece princípios e diretrizes para a implementação dos SUAS – Sistema Único de Assistência Social. Em 2005 foi criado o SUAS (Sistema Único de Assistência Social) com o compromisso de romper com a lógica tradicional do assistencialismo e da fragmentação de ações. Instituído como lei em 2011, o sistema promove o acesso a benefícios, programas, projetos e serviços socioassistenciais de proteção social básica e especial. O SUAS é um sistema público não contributivo, descentralizado e participativo que tem como eixo a matricialidade familiar. Criou-se um sistema único com intuito de definir funções e atribuições a cada ente federativo. Em dezembro de 2003, foi realizada em Brasília, Distrito Federal, a IV Conferência Nacional de Assistência Social, que representa um grande passo na busca da densidade da Política de Assistência Social no Brasil. Nesta conferência foi deliberada a implantação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), no qual encontramos a Proteção Social Básica, que visa prevenir riscos sociais e pessoais por meio de oferta de serviços, programas, projetos e benefícios a famílias e indivíduos para superação das vulnerabilidades. Proteção Especial de Média Complexidade e Proteção Social Especial de Alta Complexidade, destinada as famílias e indivíduos que já se encontram com seus direitos violados em situação de risco, por decorrência de abandono, maus tratos, abuso sexual, uso de drogas, situação de rua dentre outros motivos que colocam em risco a vida dos indivíduos. O SUAS também engloba as ofertas de benefícios assistenciais, destinados a famílias de baixa renda para a superação de situação de vulnerabilidade. Em 30 de dezembro de 2005, após sua aprovação, a LOAS recebe uma alteração através da lei n. 11.258/05 que determina a inclusão da obrigatoriedade da formulação de programas de amparo à Pessoas em Situação de Rua. A nova legislação determina que cabe ao poder público municipal a tarefa de “manter serviços e programas de atenção à população de rua, garantindo padrões básicos de dignidade e não-violência na concretização de mínimos sociais e dos direitos de cidadania a esse segmento social. ” (BRASIL, 2008b, p. 6); Nota-se que até a implementação do SUAS em 2005 as políticas eram restritas ao acesso das PSR. Com o SUAS houve a criação de políticas de assistência voltadas a esse segmento da população, porém continuam restritas, possuem abrangência limitada e reproduzem práticas conservadoras. Segundo Silva (2009), a relação da PSR com as políticas sociais é uma relação de pouca relevância e de quase completa exclusão. Existem vários serviços voltados para a população em situação de rua, cabe ao município aderir aos programas de acordo com suas especificidades, como é o caso do Serviço Especializado em Abordagem Social e Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua. Além de programas e projetos que visam atender a população em situação de rua, não podemos esquecer-nos de mencionar os programas de transferência de renda como a Bolsa Família destinada a famílias que vivem abaixo da linha da pobreza. Mesmo com a existência de programas e projetos destinados a este segmento da população, as pessoas em situação de rua encontram dificuldade de acessar seus direitos e de serem vistos como pessoas de direitos. Através de muita luta dos movimentos sociais, em 2009 o Executivo Federal editou o Decreto nº.7.053, instituindo a Política Nacional para a População em Situação de Rua para assegurar o acesso amplo, simplificado e seguro aos serviços e programas que integram as diversas políticas públicas. O objetivo geral da pesquisa é mostrar as políticas de assistência para população em situação de rua. Os objetivos específicos estão relacionados à pesquisa sobre o serviço social no Brasil, a expansão das políticas de assistência social, os caminhos percorridos para a instituição da Política Nacional para População em Situação de Rua, as características das pessoas em situação de Rua, quais os direitos deste segmento da população e se são assegurados. Tem como justificativa a escolha do tema por se tratar de uma população que se encontra em situação de vulnerabilidade extrema, devido à dificuldade de acessar serviços e programas. É preciso enxergar essas pessoas como possuidoras de direitos e não como responsáveis pela situação em que vivem. A metodologia para realização desse trabalho foi através de pesquisa bibliográfica, que discorrem sobre o tema escolhido. 2. BREVE HISTORICO DA POLITICA SOCIAL NO BRASIL A desigualdade social, a dominação econômica são fases de uma realidade que o ser humano conhece bem. A assistência ao pobre é uma preocupação que sempre esteve presente ao longo dos tempos, porém esteve, mas presente na era industrial, devido à mobilização dos operários por melhores condições de vida, luta por justiça e melhores condições econômicas. Um longo processo de lutas e conquistas da sociedade brasileira precisou ser percorrido para chegar ao modelo atual, por muito tempo a assistência aos mais pobres não foi merecedora de atenção do poder público, a pobreza era vista como fatalidade e a assistência era deixada a iniciativa privada, a igreja e a filantropia. Era uma assistência voltada para caridade, esmolada que perdurou até meados do século XVIII. A partir da segunda metade do século XVIIII o país vivia o fim da escravidão, a transição do modo de produção agrário para o industrial e a chegada dos imigrantes estrangeiros que aos poucos foram substituindo os escravos. A primeira entidade no país criada para atender desamparados foi a Irmandade da Misericórdia, que se instalou na capitania de São Vicente em 1543. Surgiu o mosteiro de São Paulo a Ordem dos Frades Menores e Franciscanos e a Hospedaria de Imigrantes, albergue criado em 1885 para abrigar em São Paulo imigrante recém-chegado. O reconhecimento da assistência Social pelo Estado aconteceu muito lentamente no Brasil. A revolução de 1930 configurada no estado Getulista, possibilitou a passagem da economia do modelo agroexportadora para o urbano-industrial e também conduziu a questão social ao centro da agenda pública. Na época o estado aumentou sua atuação na área social. Era uma resposta ao fortalecimento das lutas sociais e as lutas por direitos trabalhistas. Na era Vargas o Brasil conheceu a força do Governo Federal no cenário político, o governo criou o ministério do trabalho, indústria e comércio e a consolidação das leis do trabalho CLT, surgiram ainda o Institutos de Aposentadorias e Pensões os IAPs, peças de um sistema de previdência social baseado na lógica do seguro, o acesso aos benefícios era condicionadoao pagamento de contribuições. Em julho de 1938, em pleno Estado Novo, é criado o Conselho Nacional de Serviço Social. Vinculado ao Ministério de Educação e Saúde é formado por pessoas ligadas a filantropia, o estado voltou-se mais aos excluídos do sistema de Previdência Social, o amparo passou a ser dirigido para os que não conseguiam garantir a sua sobrevivência. Foi nessa época que o governo criou a Legião Brasileira de Assistência, a LBA e o Conselho Nacional de Serviço Social – CNSS era formado por pessoas indicadas pelo presidente Vargas, ao conselho cabia auxiliar os pedidos de auxílio e enviá-los para o ministério da saúde e educação. A Legião Brasileira de Assistência produziu na espera publica um modelo assistencialista que já acontecia no campo não governamental, reforçando o laço de dependência dos mais vulneráveis. A primeira dama Darcy Vargas adotou a instituição que passou a ter as esposas dos presidentes da república no comando, foi o início do chamado primeiro-Damismo junto à assistência social. Getúlio Vargas foi presidente do Brasil em dois períodos. O primeiro período foi de 15 anos ininterruptos, de 1930 até 1945, e dividiu-se em três fases: de 1930 a 1934, como chefe do "Governo Provisório"; de 1934 até 1937 como Presidente da república do Governo Constitucional, tendo sido eleito presidente da república pela Assembleia Nacional Constituinte de 1934; e, de 1937 a 1945, como presidente-ditador, durante o Estado Novo implantado após um golpe de estado. Com o passar dos tempos o país começou a experimentar o aumento do custo de vida, surgindo assim conflitos de interesses, o poder de Getúlio Vargas começou a se enfraquecer. O Brasil ganhou uma nova constituição federal em 1946 à carta magna desencadeou um processo de democratização, o poder na esfera federal foi descentralizado e a autonomia dos governos estaduais e federais garantidas. Na área social porem pouca coisa mudou, a Legião Brasileira de Assistência se espalhou pelo país através das comissões municipais estimulando o voluntariado feminino. O modelo de assistência baseado na caridade e na benemerência foi aprofundado e ampliado, incentivou o surgimento de instituições assistenciais públicas e privadas gerando ações fragmentadas, pontuais e desordenadas. Nesse período o CNSS assumiu as responsabilidades de certificar as entidades filantrópicas. No governo de Juscelino Kubitschek (1960) foi Promulgada a Lei Orgânica da Previdência Social que deu uniformidade aos benefícios e serviços previdenciários, permanecendo ainda com os institutos. O golpe militar de 1964 marcou a vida dos brasileiros pelo autoritarismo e retirada de direitos, a ditadura praticamente anulou os poderes legislativos e judiciários. O regime militar não chegou a promover inovações significativas. A assistência social se burocratizou com regras, normas e critérios de atendimento à população excluída. Nesse período foi ampliada a previdência social e criado o FUNRURAL, estendendo a assistência aos trabalhadores do campo. A Legião Brasileira de Assistência foi transformada em fundação pública vinculada ao Ministério do Trabalho e Previdência Social, outras instituições públicas foram criadas para dar assistência, como a FUNABEM - Fundação Para o Bem-Estar do Menor, a CEME - Central de Medicamentos e BNH- Banco Nacional de Habitação. Nesse contexto em 1966 a previdência foi centralizada com a criação do Instituto Nacional de Previdência Social - INPS. Em 1977 a Política Previdenciária teve sua estrutura reorganizada após a criação do Sistema Nacional de Previdência Social, o que ocasionou a extinção dos centros de serviços sociais e a transferência de atendimentos ao excepcional e idoso para LBA. De 1984 a 1988 o Brasil vive uma intensa mobilização popular o que acabou culminando com a promulgação da constituição Federal de 1988. Com a constituição de 88, a assistência social passou a ser reconhecida como política pública intrigante da seguridade social ao lado das políticas de saúde e previdência social. A constituição representou a ampliação de direitos sociais. O que antes era visto como problema de cada um passa a ser responsabilidade pública garantida por lei. O estado determina que aqueles que não contribuem para a previdência também têm direito a proteção social, a saúde passou a ser universal e gratuita e a previdência para quem contribui. A constituição Federal de 88 prevê em seus artigos 203 e 204 a assistência social gratuita a quem dela necessitar: Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: I - A proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; II - O amparo às crianças e adolescentes carentes; III - a promoção da integração ao mercado de trabalho; IV - A habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; V - A garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com recursos do orçamento da seguridade social, previstos no art. 195, além de outras fontes, e organizadas com base nas seguintes diretrizes: I - Descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos programas às esferas estaduais e municipais, bem como as entidades beneficentes e de assistência social; II - participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis. Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular o programa de apoio à inclusão e promoção social até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) I - Despesas com pessoal e encargos sociais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) II - Serviço da dívida; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações apoiadas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) A participação popular foi de suma importância para consolidação da carta magna, foi um processo lento e ela foi tomando forma nos anos seguintes. Sabemos que a sociedade vivenciava um aprofundamento da crise econômica, devido ao ajuste neoliberal, o que ocasionou grandes taxas de juros, alta da inflação, quedas salariais, contribuindo para o agravamento e a destituição do sistema de proteção social. Podemos constatar, portanto, que os direitos garantidos pela Constituição de 88 tornam-se precários. Por outro lado, também podemos destacar as conquistas que tivemos com a constituição de 88 como, por exemplo: o sistema único de assistência social (SUS) garantindo o acesso universal à saúde, sem discriminação. Conforme a Constituição Federal de 1988 (CF-88), a “Saúde é direito de todos e dever do Estado”. Assim foi criado o Sistema Único de Saúde (SUS), um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo, que abrange desde o simples atendimento para avaliação da pressão arterial até o transplante de órgãos, garantindo acesso integral, universal e gratuito para toda a população do país. A CF-88 e posteriormente, a Lei Orgânica da Saúde, de nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, intensificam debates já existes acerca do conceito. Nesse contexto, entende-se que saúde não se limita apenas a ausência de doença, considerando, sobretudo, como qualidade de vida, decorrente de outras políticas públicas que promovam a redução de desigualdades regionais e promovam desenvolvimento econômico e social (ministério da saúde). Diante da citação podemos entender que o SUS devetrabalhar em conjunto com as demais políticas, atuando na promoção da saúde e qualidade de vida. A rede que compõem o SUS é ampla e abrange tantas ações, como serviços de saúde. Ela engloba a atenção básica, média e alta complexidades, os serviços urgência e emergência, a atenção hospitalar, as ações e serviços das vigilâncias epidemiológica, sanitária e ambiental e assistência farmacêutica. (Ministério da saúde). O SUS é a única alternativa no que tange a assistência á saúde da população. Com foco prioritário na família e na territorialidade, reordena as ações assistenciais. A partir de 1993 tivemos diversos avanços no campo da assistência, como BPC (Benefício de Prestação Continuada) direcionado a pessoas com deficiência e idosos, a LOAS (Lei Orgânica da Assistência Social). O Benefício de Prestação Continuada - BPC da Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS (BPC) é a garantia de um salário mínimo mensal ao idoso acima de 65 anos ou à pessoa com deficiência de qualquer idade com impedimentos de natureza física, mental, intelectual ou sensorial de longo prazo (aquele que produza e feitos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos), que o impossibilite de participar de forma plena e efetiva na sociedade, em igualdade de condições com as demais pessoas. (MDS - ministério de desenvolvimento e combate à fome) Não podemos nos esquecer dos programas de transferências de renda mínima, para pessoas que se encontram em situação de vulnerabilidade social e econômica. Criado no ano de 2003 pelo governo Lula, o programa Bolsa Família atualmente atende as necessidades de cerca de 15 milhões famílias brasileiras. Além da transferência de valores, o programa garante as famílias beneficiárias o acesso a serviços básicos, como educação e saúde, por exemplo. O objetivo principal do programa ainda é o mesmo desde sua criação, tirar famílias do estado de carência e pobreza ou de extrema carência e pobreza e, acima de tudo, combater a fome. (MDS- ministério de desenvolvimento e combate à fome). Cabe ressaltar que os beneficiários dos programas devem cumprir algumas condicionalidades: O governo exige que algumas regras sejam cumpridas pelas famílias beneficiadas. Tais como: Crianças e adolescentes com idade limite de até 15 anos devem ter frequência escolar de pelo menos 85% enquanto adolescentes entre 16 e 17 anos devem ter frequência escolar de no mínimo 75%. As carteiras de vacinação devem estar sempre em dia. Crianças de até sete anos devem ter acompanhamento médico em questão do crescimento e do desenvolvimento. O pré-natal de gestantes deve ser feito e mulheres entre 14 a 44 anos que amamentam devem passar por acompanhamento médico. Crianças e adolescentes com idade limite de até 15 anos que vivem em estado de risco deve ser retirado do trabalho infantil e terem no mínimo 85% de frequência em serviços socioeducativos. (MDS - ministério de desenvolvimento e combate à fome). A Política Nacional da Assistência Social – PNAS foi criada em 2004, ela estabelece princípios e diretrizes para a implementação dos SUAS – Sistema Único de Assistência Social. Em 2005 foi criado o SUAS (Sistema Único de Assistência Social) com o compromisso de romper com a lógica tradicional do assistencialismo e da fragmentação de ações. Instituído como lei em 2011, o sistema promove o acesso a benefícios, programas, projetos e serviços Socioassistenciais de proteção social básica e especial. O SUAS é um sistema público não contributivo, descentralizado e participativo que tem como eixo a matricialidade familiar. Criou-se um sistema único com intuito de definir funções e atribuições a cada ente federativo. Para se chegar ao modelo atual algumas resoluções tiveram que ser aprovadas, e também não podemos esquecer as Conferências de Assistência Social, mas precisamente a IV Conferência Nacional da Assistência Social que deliberou sobre tipificar e consolidar a classificação nacional dos Serviços Sociais. -Resolução CNAS n° 145, de 15 de outubro de 2004, que aprova a Política Nacional de Assistência Social (PNAS): -Resolução CNAS n° 130, de 15 julho de 2005, que aprova a Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social (NOB/SUAS); -Resolução CNAS n° 269, de 13 de dezembro de 2006, que aprova a Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único de Assistência Social (NOBRH/SUAS); -Resolução n° 109, de 11 de novembro de 2009 aprova a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais. 2.1 POLITICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL Em dezembro de 2003, foi realizada em Brasília, Distrito Federal, a IV Conferência Nacional de Assistência Social, que representa um grande passo na busca da densidade da Política de Assistência Social no Brasil. Nesta conferência foi deliberada a implantação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), no qual encontramos a Proteção Social Básica, que visa prevenir riscos sociais e pessoais por meio de oferta de serviços, programas, projetos e benefícios a famílias e indivíduos para superação das vulnerabilidades. Proteção Especial de Média Complexidade e Proteção Social Especial de Alta Complexidade, destinada a famílias e indivíduos que já se encontra com seus direitos violados em situação de riscos, por decorrência de abandono, maus tratos, abuso, sexual, usam de drogas, situação de rua entre outros motivos que colocam em risco a vida dos indivíduos. O SUAS também engloba as ofertas de Benefícios assistenciais, destinados a famílias de baixa renda para a superação de situação de vulnerabilidade. Com a tipificação nacional do SUAS conseguimos a garantia de acesso a serviços e benefícios que por muito tempo foi negado a essa população, diante de um cenário econômico em crise o aumento do desemprego foi inevitável, gerando assim mais pessoas em situação de rua. Sobre a Proteção Social Especial é considerada pela PNAS como: [...] modalidade de atendimento assistencial destinada a famílias e indivíduos que se encontram em situação de risco pessoal e social, por ocorrência de abandono, maus tratos físicos e, ou, psíquicos, abuso sexual, uso de substâncias psicoativas, cumprimento de medidas só cio-educativas, situação de rua, situação de trabalho infantil, dentre outras. (BRASIL, 2004, p. 22). A Proteção Social Básica: A proteção social básica tem como objetivos prevenir situações de risco através do desenvolvimento de potencialidades e aquisições, e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Destina-se à população que vive em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, dentre outros) e, ou, fragilização de vínculos afetivos - relacionais e de pertencimento social (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre outras) (BRASIL, 2004, p. 19). A Proteção Social Especial de Média Complexidade é definida como: São considerados serviços de média complexidade aqueles que oferecem atendimentos às famílias e indivíduos com seus direitos violados, mas cujos vínculos familiar e comunitário não foram rompidos. Neste sentido, requerem maior estruturação técnico-operacional e atenção especializada e mais individualizada, e, ou, de acompanhamento sistemático e monitorado (BRASIL, 2004, p. 22). Quanto à Proteção Social Especial de Alta Complexidade, temos a seguinte definição: Os serviços de proteção social especial de alta complexidade são aqueles que garantem proteção integral - moradia, alimentação, higienização e trabalho protegido para famílias e indivíduos que se encontram sem referência e, ou, em situação de ameaça, necessitando ser retirados de seu núcleo familiar e, ou, comunitário (BRASIL, 2004, p 22). Em 30 de dezembro de 2005, após sua aprovação, a LOAS recebe uma alteração através da Lei n. 11.258/05 que determina a inclusão da obrigatoriedade da formulação de programas de amparo à PSR. A nova legislação determina que cabe ao poder público municipal a tarefa de “manter serviços e programas de atenção à população de rua,garantindo padrões básicos de dignidade e não-violência na concretização de mínimos sociais e dos direitos de cidadania a esse segmento social. ” (BRASIL, 2008b, p. 6) Nota-se que até a implementação do SUAS em 2005 as políticas eram restritas ao acesso das PSR. Com o SUAS houve a criação de políticas de assistência voltadas a esse segmento da população, porem continuam restritas, possuem abrangência limitada e reproduzem praticas conservadoras. Segundo Silva (2009), a relação da PSR com as políticas sociais é uma relação de pouca relevância e de quase completa exclusão. Não podemos esquecer-nos de mencionar que a implementação do SUAS, foi de muita luta e reivindicação dos atores sociais, que lutavam pela efetivação e garantia de direitos. A criação do SUAS foi uma luta, justamente para romper com as grandes marcas históricas que levam a própria sociedade a associar a PNAS ao clientelismo, assistencialismo, voluntariado e até mesmo a caridade. 2.1.1 PROGRAMAS E SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS PARA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA. Existem vários serviços voltados para a população em situação de rua, cabe ao município aderir aos programas de acordo com suas especificidades. Vamos descrever os programas e benefícios voltados a este segmento da população. Vamos falar sobre um serviço que acolhe as pessoas na rua mesmo, como uma primeira abordagem, aquelas pessoas que ainda não conseguiram acessar os serviços. É o serviço de abordagem social que vai até a rua identifica as pessoas, cria vínculos, e tenta fazer uma vinculação a outros serviços da área de assistência. Este serviço se encontra na tipificação do SUAS e um serviço de proteção social de média complexidade, tem como objetivo: Construir o acesso de saída das ruas e possibilitar condições de acesso à rede de serviços e a benefícios assistenciais; Identificar famílias e indivíduos com direitos violados à natureza das violações, as condições em que vivem, estratégias de sobrevivências, procedências, aspirações, desejos e relações estabelecidas pelas instituições; Promover ações de sensibilizações para divulgação do trabalho realizado, direitos e necessidades de inclusão social e estabelecimento de parcerias; promover ações para a reinserção familiar e comunitária. (Tipificação nacional de serviços socioassistenciais). O Serviço deve garantir atenção às necessidades imediatas das pessoas a tendidas, in cluindo-as na rede de serviços Socioassistenciais e nas demais políticas públicas, na perspectiva da garantia dos direitos. Este serviço coloca o profissional em Abordagem Soci al no território ocupado por essas pessoas, devido a s PSR muitas vezes encontrar dificuldade em acessar o s demais serviços ofertados pela Política Publica do Município. Este serviço pode ser oferecido no CREAS ou no Centro POP e é descrito como: ...Serviço ofertado, de f orma continua e programada com a finalidade de assegurar trabalho social de abordagem e busca ativa que identifique, nos territórios, a in cidência de trabalho infantil, e xploração sexual de crianças e adolescentes, situa ção de rua dentre outras. Deverão ser consideradas praças, entroncamentos de estradas, fronteiras, espaços públicos onde se realizam atividades laborais, locais de intensa circulação de p essoas e existência de comercio, terminais de ônibus, trens, metrô e outros. O serviço deve buscar a resolução de necessidades imediatas e promover a inserção em rede de serviços Socioassistenciais e das demais políticas publicas na perspectiva da garantia de direitos. A tipificação de Serviço Especializado em Abordagem Social assegura a PSR: “Ser acolhido nos serviços em condição de d ignidade; ter reparado ou minimizado o s danos por vivência de violências ou abusos, ter sua integridade identidade e historia de vida p reservada.” A PSR é atendida na área d e assistência no Centro de referência especializada em assistência social – C REAS devido já estarem com os direitos violados e se encontrarem em situação de vulnerabilidades extremas, este serviço oferecidos pelo CREAS esta inserido na tipificação do SUAS como sendo de alta e media complexidade. A unidade deve, obrigatoriamente, ofertar o Serviço de P roteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI), podendo ofertar outros serviços, como A bordagem Social e Se rviço pa ra P essoas co m Deficiência, Idosas e suas fa mílias. É unidade de oferta ainda d o serviço de Medidas Socioeducativas em Meio Aberto. Além de orientar e e ncaminhar os cidadãos para os serviços da assistência social ou demais serviços públicos existentes no município, no Creas também se oferece informações, orientação jurídica, apoio à família, apoio no acesso à documentação pessoal e estimula a m obilização comunitária. (tipificação nacional de serviços Socioa ssistenciais). São publico alvo desse serviço: Famílias e indivíduos em situação de risco pessoal e social, com violação de direitos, como: violência física, psicológica e negligência; violência sexual; afastamento do convívio familiar devido à aplicação de medida d e p roteção; situação d e rua; abandono; trabalho infantil; discrimina ção por orientação sexual e/ou raça/etnia; descumprimento de condicionalidades do Programa Bolsa Família em decorrência de violação de direitos; cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto d e Liberdade Assistida e de Prestação de Serviços à Comunidade por adolescentes, e ntre outras. (tipificação nacional de serviços Socioa ssistenciais). A proteção Social Especial no caso da PSR deve priorizar: “serviços que possibilitem a organização de um novo projeto de vida, visando criar condições para adquirirem referências na sociedade brasileira, enquanto sujeitos de direitos”. (BRASIL, 2004, p. 22). O Centro de referência especializado pa ra população em situação de rua – Centro POP. Deve seguir obrigatoriamente o que descreve o serviço especializado para população em situação de rua. Também pode ofertar o serviço de abordagem social. O publico alvo desse serviço são jovens, adultos, idosos e famílias que utilizam as ruas como espaço de moradia e/ou sobrevivência. Destaca- se que cri anças e adolescentes p odem ser atendidos pelo Serviço somente q uando estiverem em situação de rua acompanhados de familiar ou pessoa responsável. O serviço pode ser acessado de forma espontânea pela pessoa em situação de rua, a qualquer momento. Pode também ser acessado por encaminhamento do Serviço Especializado em Abordagem Social, por outros serviços da assistência social ou de outra política públicas e por órgãos do Sistema Judiciário. Existem também serviços oferecidos pelo terceiro setor como albergues, casa de passagem qu e oferecem pernoite, alimentação e passagem social para migrantes. O S.O.S Sistem a de Obras Sociais vem trabalhando com o objetivo de promover espaço para o desenvolvimento de atividades que viabilizem a autonomia e competências das pessoas em situação de rua e migrantes. Uma das grandes metas do “terceiro setor” é “(...) contribuir para conquista efetiva e manutenção da cidadania dos excluídos” (RODRIGUES, 2006 p.222). Quandose fala em conquista efetiva, o autor esclarece os direitos já conquistados na Constituição brasileira. Tais direitos afiançam: “(...) a igualdade de condições entre as pessoas, acesso á saúde, á educação, á m oradia, á d ignidade, ao t rabalho, etc. No entanto, em t ermos práticos, sabemos que todos eles são af rontados e violados sem qualquer atribuição de responsabilidade ou constrangimento de qualquer ordem. (RODRIGUES, 2006 p. 222) O terceiro setor é formado por organizações sem fins lucrativos, tem a finalidade de realizar serviços de caráter públicos. Viabiliza ações que o estado não consegue realizar e também onde a iniciativa privada não consegue ou simplesmente não quer atuar (RODRIGUES, 2006). Apesar de muitas criticas quanto a relação ao processo de afastamento do estado de suas responsabilidades no enfrentamento da questão social, não se pode negar que o terceiro setor esta caminhando em busca da solidificação de sua legitimidade como instrumento de acesso a bens e serviços em prol da sociedade. Alem de programas e projetos que visam atender a população em situação de rua, não podemos esquecer-nos de mencionar os programas de transferência de renda como a Bolsa família destinada a famíli as que vivem abaixo da linha da pobreza. O MDS – Ministério d e Desenvolvimento Social nos mostra que o programa possui três eixos principais: O Bolsa Família é u m programa que contribui para o combate à pobreza e à desigualdade no Brasil. Ele f oi criado em outubro de 2003 e possui três eixos principais: Complemento da renda — todos os meses, as f amílias atendidas pelo Programa recebem um benefício em dinheiro, que é transferido d iretamente pelo governo f ederal. Esse eixo garante o alívio mais imediato da pobreza. Acesso a direitos — as famílias d evem cumprir alguns compromissos (condicionalidades), que t êm como objetivo ref orçar o acesso à educação, à saúde e à assistência social. Esse eixo oferece condições p ara as f uturas gerações quebrarem o ciclo da pobreza, graças a melhores oportunidades de inclusão social. Importante — as condicionalidades não têm uma lógica de punição; e, sim, de garantia de que direitos sociais básicos cheguem à população em situação de pobreza e extrema pobreza. Por isso, o poder público, em todos os níveis, também tem um compromisso: assegurar a oferta de tais serviços. Articulação c om outras ações — o Bolsa Família tem capacidade de integrar e articular várias políticas sociais a f im de estimular o desenvolvimento das famílias, contribuindo para elas superarem a situação de vulnerabilidade e de pobreza. O Beneficio de Prestação Continuada – BPC da Lei Orgânica da Assistência Social- LOAS (BPC) é a garantia de um salário mínimo m ensal ao i doso acima de 65 anos ou à pessoa com deficiência de qualquer idade com impedimentos de na tureza física, mental, intelectual ou sensorial de longo prazo (aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois anos), que o im possibilite de participar de forma plena e efetiva na sociedade, em igualdade de condições com as demais pessoas. Para ter acesso aos benefícios de transferência de renda é necessário estar inserido no Cadastro Único. Este cadastro facilita a caracterização e identificação d as famílias de baixa renda. Segundo o MDS A partir de 2003, o Cadastro Único se tornou o principal instrumento d o Estado brasileiro para a seleção e a inclusão de famílias de baixa renda em programas federais, sendo usada obrigatoriamente para a concessão dos benefícios do Programa Bolsa Família, da Tarifa Social de Energia Elétrica, do Prog rama Minha Casa Minha Vida, da Bolsa Verde, entre outros. Também pode ser utilizado pa ra a seleção de beneficiários de programas ofertados pelos governos estaduais e municipais. Por isso, ele funciona como uma porta de entrada para as famílias acessarem diversas políticas públicas. 3 SUR GIMENTO D A POLITIC A N ACI ON AL D A PESSOA EM SITUAÇÃO DE RU A Sabemos que a construção dessa política su rgiu através d e muita luta dos movimentos sociais que buscavam a efetivação e garantia de direitos que por muitos anos foram negados. Esses movimentos lutavam por mais segurança, quantas pessoas foram assassinadas covardemente enquanto dormiam, tiveram seus pertences levados a força, espancados, acordados com jatos de água entre outros meios de violação de direitos que visavam apenas a “higienização”. Precisou criar uma Política que enxergasse este se gmento da população como sujeito de direitos. O Movimento Nacional da População em Situação de Rua (MNPR) foi de suma importância para criação desta política, esse movimento surgiu após o massacre de PSR na Praça da Sé em São Paulo, nos dias 19 a 22 de agosto de 2004. Seg u n do in ve s t ig a ç õe s d a é p o ca , o o b j et i vo do s at aq u e s f oi s i le n c ia r o s m o r ad o r es em s i tu a ç ão d e ru a q ue s ab i am d o en vo l vi m e n to de p ol i ci a i s c om t rá f i co de dr o ga s da re g iã o . O ep i s ód i o g an h o u re p er c u ss ã o e m vá r i o s pa ís e s e fi c ou c on h e ci d o c o m o o "Ma s s ac r e da S é" . Apó s 14 a no s d os a ss a s si n at o s , as p e ss oa s em si t ua ç ã o de Ru a e m Sã o Pa u l o e em ou tr a s re g i õe s do pa í s ai n da lu t a m p a ra ve r se u s d i re i t o s r e sp e it a d os . Di a n te de s te ac on t e ci m en t o e ap ó s mu it o s e n co n t ro s jun t o a or g an i za ç õ e s d a s o ci e da d e c i vi l , m o v im e nt o s soc i ai s e g o ve rn a n te s , en f im fo i cr i ad o a Po lí t i ca N a ci o n al da As s is t ê nc i a S o ci a l . A se g u ir a l g un s e n c on t ro s im p o r ta n t e s : 4º Fe s t iv a l l i x o e ci d ad a n ia , re a li z a do e m s et e m br o de 2 00 5 , no q u al fo i l an ç a do o Mo v im e n t o Na c io n a l da Po p u la ç ão d e ru a (M N PR ) ; I En c on t r o Na c io n a l de P o pu l aç ã o e m si t u aç ã o de Ru a , 25 de o u tu b r o de 2 0 05 , r e al i za d o pe l a Se c r et a r ia Na c io n al d e As s i st ê n ci a S o ci a l do MDS. Neste encontro foram lançadas as bases para a construção da Política Nacional sobre PSR; No d i a 30 d e d e ze m br o d e 2 00 5 , fo i a p ro va d a a L e i nº 11.258, que dispõe sobre a criação de programas específicos de assistência Social para as pessoas que vivem em situação de rua, procedendo a alteração no pa r ág r a fo ún i c o do ar ti g o 23 da le i nº 8. 7 02 de 7 de de z em b r o d e 1 9 93 . Le i O r gâ n i ca da A s s is t ên c i a S o ci a l – LO A S . Em 25 d e o u tu b ro d e 20 0 6 f oi i ns t it u í do p or D ec r e to Pr e s id e nc i al o Gr u p o de Tra b a lh o In t er m i n is t e ri a l (G TI )co m a fi n al i d ad e d e e la b or a r e st u do s e ap r e se n ta r p ro p o s ta s de P ol í t ic a s P úb l i c a s pa r a i n c lu s ã o s o ci a l d a s P S R. Em 2 00 7 , in ic i o u -s e o pro c e ss o de di s c u ss ã o e ela b o ra çã o do t e xt o da P ol í t ic a N a ci o n al p ar a PS R , co n cl u í da a p ós re a li z a ç ão de se m i n ár i o s. Ta m bé m pa r t ic i pa r am do G TI , re p r es e nt a n te s d o MN P R , d a pa s t or a l d o p ov o d e ru a , e d o Co l e gi a do Na c io n a l d e G e st o r es Mu n i ci p ai s d e As s i st ê n ci a So c ia l (C O N GE MA S ) . En t re a g os t o d e 2 0 07 e m a r co de 2 00 8 , i n i ci o u- s e a pe s qu i s a na ci o n al so b r e a P S R , em 23 ca p i ta i s e 4 8 m un i c íp io s co m ma i s 3 00 m il ha b i ta n te s . Re al i za d o pe l o MDS, Secretarias nacionais de Assistência Social (SENAS) e de Avaliação e Gestão da Informação (SAGI). Em 2009 no II Encontro Nacional sobre pessoas em situação de rua, de posse dos resultados da pesquisa nacional, concluída em 2008, foi estabelecida e validada a proposta Intersetorial da Política Nacional para População em Situação de Rua, consolidada por meio do Decreto n º 7.053, de dezembro de 2009, que instituiu também o Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Nacional para População de Rua (CIAMP - RUA). Através da Portaria nº 3.30, de 24 de dezembro de 2009, o ministério da saúde instituiu o Comitê Técnico da Saúde para a População de Rua, que tem como objetivo discutir as políticas de saúde para esse segmento da população. · Implementação do Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos da pessoa em situação de rua e Catadores de Materiais Recicláveis. O Decreto 7.053, CNDDH, torna-se o lugar onde se recebe as denúncias e defesas dos direitos das pessoas em situação de rua. Os fóruns vão ganhando força tornando-se um local de controle social onde as pessoas podem participar ativamente da construção, implementação de políticas públicas para pessoas situação de rua, o fórum passa a ser um interlocutor entre a sociedade civil e o estado. Assim foi instituída a PNPS, pelo Decreto 7. 053 em 2003 de dezembro de 2009, visando à garantia de programas, projetos e serviços governamentais que garantam o direito das pessoas em situação de rua. 3.1 POLITICA NACIONAL PARA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA COMO MARCO PAR A GARANTIA DE DIREITOS. Sabemos que esse segmento da população por muito tempo foi ignorada pelo poder publico e o seu crescimento foi i nevitável, o seu direito m uitas vezes negado ate mesmos por aqueles que deveriam se colocar a serviço dos mesmos. Estas pessoas através do senso comum são vistas como dependente químico, co mo vagabundos, desocupados com pouca vontade de mudar sua realidade ate mesmo como criminoso. Devemos e nxergar essas pessoas como cidadão de direito, para assim articular políticas que viabilizem o enfrentamento das vulnerabilidades vividas por elas. Precisamos articular assistência social com saúde, trabalho com habitação, cultura com direitos humanos, enfim, uma ação continuada, permanente e principalmente assegurada como política de estado e não de governo, para assim podermos come çar a dar p assos mais largos em d ireção a uma verdadeira reinserção social de grupo. (Samuel Rodrigues – Direitos Fundamentais da População em situação de Rua) É preciso trabalhar em rede, traçar objetivos para alcançar metas e mudar a realidades de muitos brasileiros que vivem em situações de vulnerabilidades extremas com direitos violados e muitas vezes negados. Em 2009 o Executivo Federal editou o Decreto n. 7 .053, instituindo a Política Nacional para a População em Situação de Rua para assegurar o acesso amplo, simplificado e seguro aos serviços e programas que integram as diversas políticas públicas desenvolvidas pelos nove m inistérios que o compõem. O poder público juntamente com a sociedade civil construiu a Pol ítica N acional para População em Situação de Rua. Ela busca g arantir, por exemplo, a segurança de renda, a convivência familiar e comunitária, a autonomia e a acolhida. O Decreto Federal n. 7.053/2009 estabelece, em seu art. 1º, o conceito jurídico de população em situação de rua: Art. 1.º Fica instituída a P olítica Nacional para a População e m S ituação de Rua, a ser implementada de acordo com os princípios, diretriz e objetivos previstos neste Decreto. Parágrafo único. Para fins d este Decreto, considera-se população em situação de rua o grupo populacional heterogêneo que possui em comum a pobreza e xtrema, os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia convencional regular, e que utiliza os logradouros p úblicos e as áreas degradadas como espaço de moradia e de sustento, de forma temporária ou permanente, bem como as unidades de acolhimento para pernoite temporário ou como moradia provisória. Pessoas em situação de rua são grupos heterogêneos com laços familiar rompido ou inexistente, que não tem moradias convencionais, moram em logradouros públicos e ou em equipamentos públicos ou abrigos. São consideradas “invisíveis”, muitas vezes passam despercebidas pelos nossos olhos, e quando se fazem perceber causam medo, irritação, pena e acabam se tornando alvo de julgamento, são culpados pela situação em que vivem. Apesar da dinâmica diversa que dificulta a formação de conceitos unidimensionais, três condições são fundamentais para a configuração da situação de rua: pobreza extrema; vínculos familiares rompidos ou fragilizados; e inexistência de m oradia convencional. A população em si tuação de rua não é o problema, mas sim consequência da falha de outras Políticas Públicas. São princípios da PNPR alem da i gualdade e equidade, o respeito à dignidade da pessoa hum ana, direito a convivência familiar e comunitária; valorização e respeito à vida e a cidadania; atendimento humanizado e universalizado; respeito às condições sociais e diferenças de origem, gênero, raça, idade, nacionalidade, orientação sexual e religiosa, com atenção especial as pessoas com deficiência. A Constituição Federal em seu capitulo II artigo 6º garante os direitos sociais: Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o t ransporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (Constituição Federal, 1998.) A PNPR tem como diretrizes: A promoção dos direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais, e ambientais, responsabilidade do poder publico pela sua e laboração e financiamento, articulação das políticas publicas fe derais, estaduais, municipais e do Distrito Federal, integração d as políticas publicas e m cada nível do governo, integração dos esforços do poder publico e da sociedade civil,por meio de entidades, fóruns e organizações, da populaçãoem situação de rua, na elaboração acompanhamento e monitoramento das políticas publicas, incentivo e apoio á organização da população em situação de rua e sua participação nas diversas instancias de formulação, controle social, m onitoramento e avaliação das políticas públicas, respeito as singularidades de cada território e ao a proveitamento das potencialidades e recursos locais e regionais na elaboração, desenvolvimento, acompanhamento e monitoramento das políticas públicas, implantação e ampliação das ações educativas destinadas á superação do preconceito, e de capacitação dos servidores públicos para melhoria da qualidade e respeito no atendimento a esse grupo populacional, democratização do acesso a fruição dos espaços e se rviços p úblicos. Decreto Federal n. 7.053/2009 Esta política tem como objetivo: Assegurar o acesso amplo, simplificado e seguro aos serviços e programas que integram as políticas públicas de saúde, educação, previdência, assistência social, moradia, segurança, cultura, esporte, lazer, t rabalho e renda, garantir a formação e capacitação permanente de prof issionais e gestores para atuação no desenvolvimento de políticas públicas intersetoriais, transversais e intergovernamentais direcionadas às pessoas em situação de rua, instituir a contagem oficial da população em situação de rua; produzir, sistematizar e disseminar dados e indicadores sociais, econômicos e culturais sobre a rede existente de cobertura de serviços públicos à população em situação de rua; desenvolver a ções educativas permanentes que contribuam para a formação de cultura de respeito, ética e solidariedade entre a população em situação de rua e os demais grupos sociais, de modo a resguardar a observância aos direitos humanos;incentivar a pesquisa, produção e divulgação de conhecimentos sobre a população em situação de rua, contemplando a diversidade humana em toda a sua amplitude étnico-racial, sexual, de gênero e geracional, nas diversas áreas do conhecimento; implantar centros de defesa dos direitos humanos para a população em situação de rua; incentivar a criação, divulgação e disponibilização de canais de comunicação para o recebimento de denúncias d e violência contra a população em situação de rua, bem como de su gestões para o aperfeiçoamento e melhoria das políticas públicas voltadas para este segmento; p roporcionar o acesso das pessoas em situação de rua aos benefícios previdenciários e assistenciais e aos programas de transferência de renda, na forma da legislação específica; criar meios de a rticulação entre o Sistema Único de Assistência Social e o Sistema Único de Saúde para qualificar a oferta de serviços; adotar p adrão bá sico d e qualidade, segurança e conforto na estruturação e reestruturação dos serviços de acolhimento temporários; implementar centros de referência especializados para atendimento da população em situação de rua, n o âmbito da proteção social especial do Sistema Único de Assistência Social;implementar ações de segurança alimentar e nutricional suficientes para proporcionar acesso permanente à alimentação pela população em situação de rua à alimentação, com qualidade; e disponibilizar programas de qualificação profissional pa ra as pessoas em situação de rua, com o objetivo de p ropiciar o seu acesso ao mercado de trabalho. Decreto Federal n. 7.053/2009 Estes princípios e diretrizes devem, portanto, servir de parâmetro para a criação e desenvolvimento de programas municipais, estaduais e federais voltados à PSR. Para qu e tais princípios e d iretrizes sejam efetuados, a Política Nacional para a População em Situação de Rua prevê ainda ações estratégicas nos âmbitos dos direitos humanos, trabalho e emprego, desenvolvimento urbano, assistência social, educação, segurança alimentar e nutricional, saúde e cultura. A estruturação da PNPR conta com a instância de discussão e deliberação sobre as políticas públicas para a População em Situação de Rua no âmbito nacional, o Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Nacional para a População em Situação de Rua (CIAMP- Rua); a Coordenação da PNPR e do CIAMP-Rua realizada pelo Ministério dos Direitos Humanos (MDH); os comitês gestores locais; as representações da sociedade civil tais como o Movim ento Nacional da População em Situação de Rua, os representantes dos Fóruns estaduais da População em situação de rua e da Pastoral Nacional do Povo da Rua da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); e das redes de atendimento das várias políticas ofertadas pelos ministérios que compõem o CIAMP-Rua. Esse comitê tem o objetivo de discutir a política, monitorar, acompanhar, para que possibilitem a (re)integração destas pessoas às suas redes familiares e comunitárias, o acesso pleno aos direitos garantidos aos cidadãos brasileiros, o acesso a oportunidades de desenvolvimento social pleno, considerando as relações e significados próprios produzidos pela vivência do espaço público da rua. Para tanto, vale-se do protagonismo de movimentos sociais formados por pessoas em situação de rua, entre outras ações que contribuam para a efetivação deste processo (BRASIL, 2008b, p. 4). Os municípios têm um papel fundamental tanto na adesão de serviços projetos oferecidos como no de senvolvimento dos projetos locais. C abe ao município aderir a Política. Não podemos esquecer que essa política foi implementada através de muita luta dos movimentos sociais da PSR. Em 30 de dezembro de 2005, após sua aprovação, a LOAS recebe uma alteração através da Lei n. 11.258/05 que determina a inclusão da obrigatoriedade da formulação de programas de amparo à PSR. A nova legislação determina que cabe ao poder público municipal a tarefa de “manter serviços e programas de atenção à po pulação de rua, garantindo padrões b ásicos de dignidade e não-violência na concretização de mínimos sociais e dos direitos de cidadania a esse segmento social.” (BRASIL, 2008b, p. 6). Embora o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) já contemplasse esse segmento nos programas e serviços con tidos na Proteção Social Especial de média e alta complexidade. A política nacional tem como eixos a articulação entre os níveis de governo federal, estadual e municipal, além da interdisciplinaridade e intersetorialidade que caracterizam a integralidade no atendimento. 3.2 ESTRATÉGIAS DA POLÍTICA NACIONAL PARA A INCLUSÃO DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA. Se pararmos para pensar quantas PSR se quer tiveram acesso aos direitos mencionados na constituição. O trabalho Intersetorial é importante para garantir o acesso aos direitos fundamentais e essências desse segmentoda população. Existem vários motivos para a situação de rua como: rup tura com a família, desemprego, falta de políticas de habitação, drogas (álcool, cola e crack) vários acúmulos de motivos. A Política Nacional para Pessoa em Situação de rua apresenta ações estratégicas para inclusão dessa população, a i mplementação dessa política devera ser feita pelos gestores governamentais em conjunto com a sociedade civil. 3.2.1 Direitos humanos Capacitação dos operadores de d ireito do estado; fortalecimento da Ouvidoria para receber denúncias d e violação de Direitos Humanos em geral, e especialmente dos direitos das populações em situação de rua; responsabilização e combate á impunidade de crimes e atos de violência que tem esse segmento da população como público alvo, ampliando assim que a rua seja um espaço de segurança; oferta de assistência jurídica e disponibilização de mecanismos de acesso a direitos, incluindo documentos básicos as PSR, em parceria com o s órgãos de defesa de direitos. 3.2.7 Assistência Social Estruturação da rede de acolhida, de acordo coma he terogeneidade e diversidade da população em situação de rua, reordenando práticas homogeneizadoras, massificadora, e segregacionistas na oferta dos serviços, especialmente os albergues; produção, sistematização de informações, indicadores e índices territori alizados das situações de vulnerabilidade e risco pessoal e social acerca da PSR; inclusão de pessoas em situação de Rua no Cadastro Único do Governo Federal para subsidiar a elaboração e implementação de políticas públicas sociais; assegurar a inclusão de crianças e adolescentes em situação de trabalho no Programa de Erradicação do Trabalho Infantil; i nclusão de PSR no beneficio de prestação continuada e no Programa Bolsa Família, na forma a ser definida; conferir incentivos especiais para a freqüência escolar das pessoas inseridas nos equipamentos da Assistência Social, em parceria com o Ministério da Educação; promoção de novas oportunidades de trabalho ou in clusão produtiva em articulação com as políticas públicas d e geração de renda para pessoas em vulnerabilidade social. O/a assistente social, nos diversos espaços ocupacionais e no Serviço Especializado para População em Situação de Rua, ofertado Centro POP, tendo como referência a Lei de Regulamentação da Profissão e os princípios do Código de Ética Profissional, desenvolve a atuação profissional em vários âmbitos: acolhida e a recepção d as demandas expostas pelos/as usuários/as, bem como prestação de informações, orientações e encaminhamentos necessários à re de socioassistencial, às demais políticas públicas e órgãos de defesa; participação do Plano de Acompanhamento Individual e/ou Familiar, considerando as especificidades e particularidades de cada usuário/a e respeitando a sua autonomia; realização de atividades, por meio de m etodologias e técnicas individuais e coletivas que possibilitem debater a realidade social e construir novos projetos de vida; realização de visitas domiciliares a familiares e/ou p essoas de referência desse indivíduo ou família que está em situação de rua, dentre outras ações. Embora desconhecidas por muita gente, as multideterminações sociais que promovem o fenômeno social “população em situação de rua ” não se explicam a partir de um só aspecto (como a falta de m oradia, trabalho e renda, rompimento dos vínculos familiares, adversidades pessoais e doenças, e fatores ligados a desastres geográficos, como inundações e secas). “Por isso, enquanto categoria profissional, a atuação deve ser crítica, ética e propositiva, visando a romper com as diversas formas discriminatórias em relação à população em situação de rua e fortalecer a luta por seus pelos d ireitos, com base nos princípios de nosso Código de Ética e das legislações que normatizam nossa profissão”, ressalta Régia Prado, conselheira do CFESS. CONCLUSÃO Este trabalho tem como objetivo contribuir para compreensão sobre as políticas de Assistência Social, sua história até a chegada ao modelo atual pós Constituição de 1988, até a efetivação do Sistema Único de Assistência Social. A participação popular através dos movimentos sociais que lutavam pela garantia de direitos foi de suma importância para a efetivação de políticas sociais que visam à garantia de direitos sem culpar os indivíduos pela situação em que vivem. Através de pesquisas bibliográficas foi possível fazer uma reflexão sobre a trajetória das Políticas de Assistência Social no Brasil e a importância de se criarem programas e projetos específicos para população de rua que por muitos anos foi excluído pelo poder público e pela sociedade, que apenas visavam a “higienização” e os culpavam pela situação em que vivem. Sabemos que mesmo com a Constituição de 1988, foi preciso criar uma política específica para a população em situação de rua devido às múltiplas vulnerabilidades em que vivem e por se tratar de uma população heterogênea. Pudemos perceber através da caracterização desta população que ainda possuem dificuldades de acessar serviços básicos, com o por exemplo, a saúde, por não possuírem documentos ou pelo preconceito e olhares de julgamento que recebem, em relação à habitação não se tem uma política habitacional específica para essa população que encontra dificuldade em acessar o projeto minha casa minha vida diante da burocracia em exigir documentos e renda. Em relação aos programas socioassistências, observamos a importância dos serviços especializados em abordagem social que vai até a pessoa em situação de rua conhece a realidade em que vivem e assim conseguem ter um olhar mais crítico sobre as vulnerabilidades existentes, é uma porta de entrada para o acesso a outras políticas públicas. O Serviço Especializado em Abordagem Social e Centro de Referência especializado para população em situação de rua – é um local de referência para este segmento da população. Sabemos que mesmo dentro da Assistência as pessoas em situação de rua encontram dificuldade de acessarem seus direitos. É preciso que a equipe que trabalhe com essa população não tenha preconceito e seja capacitada para trabalhar para a emancipação do sujeito visando sempre a garantia de direitos. Podemos perceber também através desse trabalho que há poucas pesquisas sobre as características da população em situação de rua, sendo a mais recente realizada em 2007 e 2008, o que nos faz pensar que o número de pessoas nas ruas pode ser muito maior devido à crise econômica e o sucateamento das políticas sociais. Para a criação de políticas públicas é preciso realizar pesquisas para saber as necessidades dos municípios, encontramos aqui uma lacuna existente, devido às pessoas em situação de rua não estarem no IBGE, alerta-se para a necessidade de que sejam incluídos nas pesquisas. O poder público está discutindo sobre a inclusão e a criação de programa específico para quantificar essas pessoas. Apesar das políticas específicas para população em situação de rua, cabe destacar que o preconceito e a visam “higienizadora” ainda persistente na sociedade brasileira, a onda de violência contra essa população ainda é grande. Elas estão expostasa várias vulnerabilidades e são responsabilizadas pela situação em que vivem. Não é somente criar políticas públicas é preciso garantir que essas políticas sejam efetivadas, o acesso amplo a todos que dela necessitar. REFERÊNCIAS GRINOVER, Alda Pellegrini; et al (orgs). Direitos Fundamentais das Pessoas em Situação de Rua. Belo Horizonte, Editora, D’Plácido,2014. Governo do Brasil-Pesquisa experimental aborda população em situação de rua. http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2014/08/pesquisa-experimental-aborda-populacao-em-situacao-de-rua acesso em outubro de 2018 Política Estadual de Atenção Específica para a População em Situação de Rua no Estado de São Paulo https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/2017/lei1654406.10.2017.html acesso em setembro de 2018 Ministério do Desenvolvimento Social e Combate á Fome. Rua: aprendendo a contar: Pesquisa Nacional do Desenvolvimento Social e Combate á Fome, Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação, Secretaria Nacional de Assistência Social. http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Livros/Rua_aprendendo_a_contar.pdf acesso em setembro de 2018 Ministério da Saúde, Consultório de Rua http://portalms.saude.gov.br/sistema-unico-de-saude acesso em setembro de 2018 https://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2016/09/populacao-de-rua-exige-seus-direitos-419.html
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