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Ideias de Jogo do líder principal do processo ....................................................................6 Transição Defensiva: momento em que a equipe perde a posse de bola .........................................8 Papel do DAD no Morfociclo Padrão ......................................8 Abordagem Estratégica – A análise do adversário .................................................................................. 18 Reuniões para transmissão das informações do DAD ................................................................... 18 Análise do Jogo ............................................................................. 21 Análise do Treino ..........................................................................22 Coletas em tempo real ................................................................23 Monitoramento de Mercado ....................................................25 Referências ......................................................................................27 O Autor ..............................................................................................28 Capítulo 2 Protocolos de análise: Escolhendo a sua abordagem ...........................................29 Introdução .......................................................................................30 Análise de Jogo ..............................................................................30 Protocolos de análise do jogo ..................................................32 Fases e momentos do jogo: Elaboração de protocolos para análises coletivas das equipes de futebol ................................................................34 Etapas de cada Fase ......................................................................34 Protocolos para a análise da fase defensiva: O que se pode analisar? ..............................................................38 Transição Ofensiva ......................................................................39 Transição Defensiva ....................................................................39 Protocolos para a análise da transição defensiva: O que se pode analisar? ............................................................. 40 Bolas Paradas (Escanteios, faltas, laterais, pênaltis) ........................................................................... 40 Indicadores para protocolos de análises individuais ...................................................................... 41 Conclusão ........................................................................................44 Referências ......................................................................................44 O Autor ..............................................................................................45 Capítulo 3 Análise das Redes Sociais aplicadas ao Futebol ............................................................46 Introdução .......................................................................................47 Teoria dos Grafos como ferramenta de modelação e análise das relações interpessoais no futebol .............................................................49 Breve incursão sobre a investigação científica conduzida à luz das redes sociais ......................50 Como registrar e analisar as interações dos jogadores? ................................................................................ 51 Métricas referentes à análise das redes sociais ....................................................................................53 Medidas de centralidade ............................................................53 Centralidade de Grau ..................................................................53 Centralidade de proximidade ..................................................54 Centralidade de intermediação ..............................................54 Densidade ........................................................................................56 Centralização ..................................................................................56 Medidas de coesão .......................................................................57 Distância média .............................................................................57 Coeficiente de agrupamento ...................................................58 Aspetos a considerar da aplicação das redes s sociais no treino e competição ...............................................58 Referências ..................................................................................... 60 O Autor ..............................................................................................61 Capítulo 4 Por dentro do Departamento de Análise Analistas, coordenação e gerência .................................62 Revisão da Literatura ...................................................................63 Segundo Garganta (2001), a análise da performance no Futebol tem possibilitado: .....................64 Inteligência do Futebol ...............................................................65 Área de análise de desempenho e desenvolvimento individual ....................................................67 Definições descritivas das funções .......................................67 Coordenador de Análise / Gerente de Inteligência ........69 Analista de desempenho ...........................................................69 Analista de Mercado ....................................................................69 Observadores Técnicos ..............................................................70 Multidisciplinaridade, Interdisciplinaridade, Transdisciplinaridade ................................................................70 Interação com demais áreas do departamento de futebol ........................................................... 71 Diretoria / Gerência Executiva ................................................ 71 Comando Técnico .......................................................................72 Coordenador / Analistas institucionais ...............................72 Analista de técnicos .....................................................................72 Supervisão de futebol ..................................................................73 Preparação Física / Fisiologia ..................................................73 Preparação de Goleiros ...............................................................74 Departamento Médico / Fisioterapia ....................................74 Assessoria de Imprensa / Comunicação ............................75 Departamento Jurídico ..............................................................75 Atletas .................................................................................................76 Conclusão ........................................................................................77O Autor ..............................................................................................78 Capítulo 5 Softwares de Análise de Desempenho ...........................78 Histórico de softwares de análise no futebol ....................79 Softwares de análise de desempenho no futebol ............81 Softwares de análise do jogo / edição de vídeos ..............82 Hudl Sportscode (análise de jogo) ..........................................82 Videobserver (análise de jogo) .................................................84 LongoMatch (análise de jogo) .................................................85 Outras ferramentas (análise de jogo) ....................................86 Softwares de edição de vídeo ...................................................87 Softwares de efeitos nos vídeos ..............................................89 Softwares de animações em campos/quadros virtuais .......................................................... 90 Softwares que disponibilizam/armazenam dados e vídeos de atletas e equipes ....................................... 91 Softwares de dados analíticos no futebol ...........................92 Softwares de gestão / big data .................................................93 Softwares de análise do conhecimento tático ..................94 Conclusão ........................................................................................95 Referências ......................................................................................95 O Autor ..............................................................................................96 Capítulo 6 Big Data e Ciência de Dados no Futebol Uma Nova Era ........................................................................97 Introdução ......................................................................................98 Big Data .............................................................................................99 O que é estatística e como se subdivide? ........................ 100 Estatística descritiva ................................................................ 100 Probabilidade .............................................................................. 100 Inferência Estatística ............................................................... 100 O que são variáveis e quais são os seus tipos? ............... 101 Variáveis qualitativas ................................................................. 101 Variáveis quantitativas .............................................................. 101 Métodos estatísticos multivariados ..................................... 101 Processamento eletrônico de dados ..................................102 Ciência de dados .........................................................................103 Atuação profissional do cientista de dados no esporte .......................................................................104 Referências ....................................................................................106 O Autor ............................................................................................107 Sumário SUMÁRIO FALANDO A LÍNGUA DO TREINADOR: DO MODELO DE JOGO À ENTREGA DE RELATÓRIOS!4 FALANDO A LÍNGUA DO TREINADOR DO MODELO DE JOGO À ENTREGA DE RELATÓRIOS! BRUNO PIVETTI 1 SUMÁRIO FALANDO A LÍNGUA DO TREINADOR: DO MODELO DE JOGO À ENTREGA DE RELATÓRIOS!5 Introdução O departamento de análise de desempenho (DAD) se faz hoje presente em grande parte das instituições futebolísticas ao redor do mundo. Em acordo com GARGANTA (2001), dispondo hoje em dia de uma vasta gama de meios e métodos, aperfeiçoados ao longo dos anos, treinado- res e investigadores procuram aceder à informação veiculada através da análise do jogo e nela procuram benefícios para aumentarem os conhecimentos acerca do jogo e melhorarem a qualidade da prestação desportiva dos jogadores e das equipes2. Assim, as preocupações de uma análise qualitativa para o enten- dimento do estado de rendimento coletivo e individual das equipes, bem como um monitoramento de mercado para tomadas de decisões mais acertadas na seleção e captação de reforços para um determi- nado elenco, justificam o maciço investimento atual dos clubes em equipamentos e profissionais para os DAD. Desta maneira, a fim de se otimizar, dentre outros processos, o funcionamento do DAD, deve-se buscar um alinhamento entre os objetivos institucionais que se preten- de no curto, médio e longo prazo, com as ideias de jogo do treinador. Portanto, faz-se necessário uma escolha criteriosa do treinador para um determinado escalão, pois as ideias do mesmo condicionarão e influenciarão o funcionamento dos processos de todos os departa- mentos da instituição. Isto posto, é de vital importância que cada ins- tituição tenha uma diretriz orientadora, estando esta, dentre outras coisas, baseada nas tradições e nos objetivos do clube. A partir disso, se torna mais facilitada a decisão de contratação de um determinado treinador que tenha um Modelo de Jogo confluente com as metas institucionais do clube. A partir disso, definindo-se o Modelo de Jogo (MJ) que a instituição defenderá, a atuação do DAD será otimizada em todas as atribuições que lhe são colocadas. Neste presente texto, abordaremos algumas destas responsabilidades com o foco das demandas do treinador e de seus assistentes ao DAD. Para tal, é de fundamental importância o completo entendimento dos analistas em relação ao Modelo de Jogo do treinador e dos objetivos pretendidos pela Instituição no curto, mé- dio e longo prazo. SUMÁRIO FALANDO A LÍNGUA DO TREINADOR: DO MODELO DE JOGO À ENTREGA DE RELATÓRIOS!6 Desta forma, se discutirá a atuação do DAD na preparação do Mor- fociclo Padrão (MP) da equipe; na abordagem estratégica; na prepara- ção das reuniões coletivas de análise da equipe e dos adversários; na preparação das reuniões para feedbacks individuais; na preparação das palestras pré-jogo; na coleta em tempo real para utilização das informações no intervalo de jogo e no monitoramento de mercado. Modelo de Jogo – Ideias de Jogo do líder principal do processo O MJ compreende tudo aquilo que cerca o rendimento da equipe como um todo. Se qualifica como um fenômeno que está no cam- po das ideias, uma vez que significa aquilo que o treinador principal perspectiva em termos de desempenho para uma determinada equipe tanto no plano coletivo, quanto no aspecto mais individual. O processo de treino, liderado pelo treinador, será exatamente aquilo que favore- cerá a operacionalização destas ideias para o rendimento em campo da equipe. Desta maneira, o modelo não se restringe ao plano conceitual ou ideológico do jogo, ou seja, compreende igualmente o lado prático, sendo esta a justificativa dos jogadores vivenciarem o modelo a todo instante por meio da aquisição dos princípios subjacentes em uma dinâmica de treinamento. Em congruência tem-se a afirmação que o MJ compreende a sua evolução dinâmica e criativa ao longo do seu processo de desenvolvimento1, desde que a matriz orientadora não se perca no caminho. Este processo de ensino-aprendizagem no treinamento fará com que os jogadores compreendam e assimilem os Princípios que norteiam o MJ nos diferentes momentos que o jogo pressupõe. Nos melhores cenários, o intuito é que estes Princípios de Jogo (PJ) sejam enraizados em forma de hábito nos jogadores durante o processo de treino. Em suma, a organização coletiva nos vários momentos de jogo é condicionada pela idéia do treinador e transmitida para os jogadores durante o processo de treino, as quais otimizam a manifestação de uma congruência que reflete um padrão de resposta às variadas situações de jogo3. Porém, existem outros fatores que permeiam e influenciam o MJ, e convém aqui exemplificarmos alguns, como: os aspectos his- SUMÁRIO FALANDO A LÍNGUA DO TREINADOR: DO MODELO DE JOGO À ENTREGADE RELATÓRIOS!7 tóricos e tradicionais da instituição; a característica dos jogadores; o cenário competitivo em que o clube se encontra; os objetivos de curto, médio e longo prazo da instituição; e as características do corpo dire- tivo e dos torcedores da equipe. Com isso, podemos depreender que o MJ representa um todo, in- fluenciado por inúmeros fatores, mas que conta com duas matrizes fundamentais, uma conceitual (MC) e a outra metodológica (MM). Sendo a MC as ideias e os conceitos de jogo do treinador; e a MM a metodologia utilizada no processo de treino a fim de se operacionalizar aquilo que se pretende para o rendimento Tático da equipe. Quanto mais estas ideias Táticas do treinador, bem como a metodolo- gia utilizada a fim de transferi-las para o rendimento efetivo da equipe, estiverem em congruência para o que se perspectiva institucionalmente, mais se torna facilitada a sintonia dos processos de trabalho de todos os departamentos do clube. Assim, o DAD deve estar institucionalmente em sintonia com o MJ do treinador e conhecer profundamente os PJ que norteiam a funcionalidade da equipe nas ações dos jogadores nos diferentes momentos do jogo, nomeadamente: Organização Defensiva: momento em que a equipe não detém a posse de bola. Bloco Alto: bloco defensivo adiantado, no primeiro terço de cam- po ofensivo do adversário. Bloco Médio: bloco defensivo intermediário, no segundo terço de campo ofensivo adversário. Bloco Baixo: bloco defensivo baixo, no terço final de campo ofen- sivo adversário. Transição Ofensiva: momento em que a equipe recupera a posse de bola. Ataque Rápido: busca de ataque mais vertical e direto. Retirada da bola da zona de pressão: circulação de bola para zo- nas menos povoadas e entrada em organização ofensiva. Organização Ofensiva: momento em que a equipe detém a posse de bola. Primeira Fase de Construção: construção ofensiva no primeiro terço de campo. SUMÁRIO FALANDO A LÍNGUA DO TREINADOR: DO MODELO DE JOGO À ENTREGA DE RELATÓRIOS!8 Segunda Fase de Construção: construção ofensiva no segundo terço de campo. Terço Final: construção ofensiva no terço final de campo. Transição Defensiva: momento em que a equipe perde a posse de bola Pressão Pós-perda: pressão imediata ao portador da bola adver- sário, a fim de se tentar recuperar a bola mais rápido possível e/ ou atrasar as ações do adversário. Temporização: recomposição da equipe em bloco para retardar as ações do adversário e favorecer a entrada em organização de- fensiva da equipe. Bolas Paradas Ofensivas Escanteios; Faltas Laterais; Arremessos Laterais. Defensivas Escanteios; Faltas Laterais; Arremessos Laterais. Além da funcionalidade que pressupõe os PJ na dinâmica dos dife- rentes momentos, deve-se ter em consideração a estrutura assumida pela equipe em sua organização em campo. A estrutura nada mais é que a incorporação física da distribuição dos jogadores no terreno de jogo. Popularmente este aspecto pode ser definido como os sistemas de jogo. E assim, nomeadamente podem ser exemplificados através de ordenações numéricas, como o 1-4-4-2, 1-4-3-3, 1-4-2-3-1, 1-3-4-3, entre outros. Estes condicionam e fazem parte do MJ, tendo-se assim que os levar em consideração para o bom entendimento do processo como um todo. Partindo do pressuposto que o futebol é em si uma entidade sis- têmica3, este é não só definido pela sua funcionalidade e estrutura, mas também pela evolução do padrão geral que se observa em uma diferente escala de tempo. Desta maneira, a análise de desempenho promovida pelo DAD, se faz fundamental para identificar determina- dos padrões, contextualizá-los ao MJ, para que assim as informações SUMÁRIO FALANDO A LÍNGUA DO TREINADOR: DO MODELO DE JOGO À ENTREGA DE RELATÓRIOS!9 coletadas signifiquem uma importante ferramenta para aperfeiçoar todos os sistemas e processos inerentes à equipe. Dentro do exposto até aqui, se faz fundamental uma profunda com- preensão do DAD do MJ do treinador, o qual como líder principal do processo, terá suas decisões como fator de influência em todas as ra- mificações institucionais do clube. Isto é essencial para que todas as ações do DAD auxiliem os processos que permitem fazer evoluir os diversos aspectos que permeiam a otimização do rendimento. Para tal, vale a pena uma reflexão sobre como os analistas podem auxiliar o treinador e a sua comissão técnica em elaborar bem o pro- cesso de treino para fazer evoluir o jogar da equipe. Assim, será agora explicitado o Morfociclo Padrão que é o ciclo que compreende o pe- ríodo de dois/três jogos de uma equipe. Este faz parte da Periodização Tática (PT), uma metodologia de treino que se caracteriza como uma MM interessante para a operacionalização da MC, definida pelo MJ do treinador. Papel do DAD no Morfociclo Padrão O termo MP, é uma nomenclatura particular da metodologia de treino PT, que reflete a idéia da forma na composição estrutural e funcional do ciclo semanal de treinamento de uma equipe3. A utilização do termo Morfociclo, se justifica já que a expressão é diversificada, porém com alguns padrões identificadores de forma (morfo) que se perpetuam sob uma organização não linear (ciclo). Isto nos remete que o ciclo de treino é organizado em um padrão em função da forma de jogar que se perspectiva para a equipe. Sem com isso, se alienar a flexibilidade inerente às necessidades que vão aparecendo em função do contexto e das competições disputadas3. Por meio de um processo complexo de automatização de critérios circunscritos ao MJ objetivado, poderão ser visualizados em jogo os princípios norteadores da unidade cultural e coletiva da equipe. Assim, no MP se tem uma vivência hierarquizada dos princípios de jogo iner- entes ao modelo a ser criado. A prática é hierarquizada uma vez que o nível de complexidade dos exercícios se altera durante a semana, para que seja respeitada uma boa relação entre estímulo e recuperação. SUMÁRIO FALANDO A LÍNGUA DO TREINADOR: DO MODELO DE JOGO À ENTREGA DE RELATÓRIOS!10 O processo de adaptação e aquisição do MJ perspectivado envolve uma vivência experiencial dos jogadores nos exercícios elaborados no sentido de incorporar os PJ como hábitos a se adquirir na ação, de maneira progressiva. Em verdade, o que existe são PJ que se ramificam em padrões de complexidade menores, podendo ser chamados de sub-princípios ou, ainda, sub-princípios dos sub-princípios. A prática dos exercícios deve incidir justamente em todos os princípios e suas referidas ramificações para que o modelo global seja inteligível a todos. Assim, para que se observe a incidência prática experimentada nos treinos, no jogo propriamente dito, os jogadores têm de repetir siste- maticamente a focalização de todos os PJ. Isto se torna possível por meio de uma construção dos exercícios que exponencie a propensão de ocorrência da necessidade de se maximizar um determinado PJ. Somente assim, por meio da repetição sistemática, um conceito de ação pode ser automatizado em forma de hábito, o que contribui para que o jogador passe a reproduzir o ato do instante, sem uma demanda cerebral intensa, com espontaneidade. A opção por exercícios de jogos direcionados à propensão de aqui- sição dos diferentes princípios e sub-princípios se justifica, pois os contextos catalisadores devem ser repetidos em uma realidade diversa e Específica que só a utilização de oposição proporciona. A tomada de decisão do jogador é então Específica ao MJ e eficiente na direção de resolver o problema de jogo apresentado no momento. Desta maneira, viabiliza-se a aquisição de uma congruência decisional na equipe em relação a uma Cultura Própria estabelecida. A consolidação do MJ se dá pela modelação dos exercícios no in- tuito de proporcionar uma densidade de repetições intencionais dos PJ e suas respectivas ramificações. Para que as propensões de apare- cimentodos contextos propícios à emergência dos PJ se manifestem regularmente nos exercícios devemos estar atentos às regras impostas, à duração, ao período de recuperação e às informações externas pro- porcionadas aos jogadores. A intensidade dos exercícios também é específica ao modelo, uma vez que a exigência será a gestão eficiente do momento segundo a maneira de se jogar da equipe. Os jogadores devem estar concentrados a tomar as decisões mais apropriadas para se obter sucesso no Jogar Específico elaborado, uma vez que o objetivo a ser alcançado em cada exercício está sempre de acordo com o Jogar que se pretende. SUMÁRIO FALANDO A LÍNGUA DO TREINADOR: DO MODELO DE JOGO À ENTREGA DE RELATÓRIOS!11 Por isto que o conceito de intensidade na PT é diferente das demais metodologias, uma vez que estas são sempre máximas no sentido de se resolver eficientemente os problemas de jogo evidenciados nos diferentes exercícios. Surge então o conceito de intensidade máxima relativa, ou seja, a exigência imposta ao jogador com ou sem bola, e próximo ou mais ou menos distante da mesma, é proporcional à ne- cessidade do mesmo equacionar o contexto de modo que sua equipe obtenha sucesso. Se a intensidade do estímulo circunstancial apresenta uma visão distinta na PT, o conceito de fadiga, por sua vez, também remete a uma idéia particular a esta metodologia. O parâmetro do cansaço se evidencia muito mais em nível cognitivo e emocional do que exclu- sivamente físico. Isto porque, os jogadores têm que estar concentrados para tomar as decisões e, conseqüentemente, executar as soluções motrizes mais adequadas em um determinado momento tendo como pressupos- to inevitável o MJ da equipe. Sendo assim, quando o erro ocorre em função de um desgaste exacerbado, a atribuição do termo fadiga se dá muito mais no âmbito tático do que físico, já que a falha pode ser car- acterizada como de escolha e não eminentemente de uma defasagem bioenergética. As informações vitais para elaboração dos exercícios e organização das unidades de treino da semana são recolhidas tanto no jogo formal, quanto no processo de treino. Assim, a criação do MJ caracteriza-se como permanente e flexível no sentido de suprir as dificuldades da equipe e do engendrar do seu crescimento qualitativo. É de suma im- portância, portanto, uma reflexão qualitativa constante de como aper- feiçoar a equipe no processo de treino dentro daquilo que é o padrão perspectivado. Assim, deve-se ter um critério na criação e hierarquização dos exercí- cios para um determinado fim. Um grande balizador da hierarquização dos exercícios é a análise pormenorizada do desempenho do jogo an- terior e uma medida prospectiva no sentido de conceber o que será o próximo jogo em níveis estratégicos de acordo com as características do adversário que está por vir. Isto nos remete a importância do DAD na coleta e tratamento de da- dos nos jogos e nos treinos que possibilitem uma análise qualitativa acerca do rendimento da equipe em relação ao MJ pretendido. Para SUMÁRIO FALANDO A LÍNGUA DO TREINADOR: DO MODELO DE JOGO À ENTREGA DE RELATÓRIOS!12 isso, é essencial que os analistas estejam completamente inseridos nas ideias de jogo e na metodologia utilizada pelo treinador a fim de operacionalizar este processo de ensino-aprendizagem junto aos jo- gadores. Assim, o DAD deve compreender o MP, para auxiliar na construção pedagógica do processo de treino, bem como na sua operacionalização e posterior análise. Com isso, se faz necessária a atuação dos analistas não somente na sala de análise, como também no campo, para auxiliar na operacionalização dos exercícios e na coleta de dados em tempo real. Isto beneficia uma otimização do tempo e uma maior eficiência da chegada de informação junto àqueles que tomam as decisões finais no processo. Além disso, podem constantemente lembrar a todos os envolvidos as características do próximo adversário, podendo assim, contribuir ativamente na abordagem estratégica semanal. O aperfeiçoamento constante do MJ e a análise do adversário contri- buem para aumentar a probabilidade de vitória no próximo jogo, pelos ajustes evolucionais dos PJ constituintes da globalidade dinâmica. É desta forma que estas análises qualitativas podem melhor nortear a criação dos exercícios nos diferentes dias que concebem o ciclo se- manal de treinamento. A fim de saber como estas informações podem auxiliar na concepção da semana de treino para maximizar processo ensino-aprendizagem dos jogadores, se faz necessária uma alusão aos Princípios Metodológicos (PM) da PT. São três os PM da PT que norteiam a concepção e operacionalização do MP, nomeadamente o Princípio da Complexidade (PC), o Princí- pio das Propensões (PP), e o Princípio da Alternância Horizontal em Especificidade (PAHE). Estes estão articulados entre si, e condicionam todo o processo de preparação da equipe no sentido de otimizar o desenvolvimento de um determinado MJ. O PC faz menção ao caráter progressivo de complexidade inerente a cada exercício proposto para aquisição dos PJ subjacentes ao MJ. A progressão é dada de maneira não linear segundo o enraizamento dos diferentes PJ em relação ao contexto evidenciado na equipe, ou seja, o processo é feito de maneira espiralada em função de progressos e retrocessos em relação a um referencial que o determina. Ao contrário dos métodos tradicionais, a ênfase centra-se na qualidade e inten- sidade e não na quantidade e volume. SUMÁRIO FALANDO A LÍNGUA DO TREINADOR: DO MODELO DE JOGO À ENTREGA DE RELATÓRIOS!13 O objetivo deste princípio é fazer emergir novas formas de ordem e complexidade superior para concretizar a intenção de ir do menos ao mais complexo tendo a real consciência que o monitoramento e o controle de tudo nunca serão possíveis. É de fundamental importân- cia que o treinador neste caso, conheça profundamente seu MJ e os jogadores participantes do processo para que seja bem concebida uma hierarquização dos PJ de maneira a assegurar a complexidade. Este trabalho é facilitado e potencializado quando o treinador pode receber periodicamente de seus analistas dados qualitativos, ilustra- dos por imagens e animações acerca daquilo que se pretendia e o que se realmente obteve em termos da complexidade nas interações dos jogadores em um exercício ou no jogo propriamente dito. Por isso é tão importante a troca constante de informações entre o DAD e o treinador, para que o mesmo possa estar bem balizado e ter um real dimensionamento do momento de se progredir ou retroceder em um determinado objetivo complexo. O PP possibilita que dentro dos exercícios concebidos no processo de treino se tenha uma propensão de aparecimento do PJ a se desenvolver em predominância de maneira a favorecer a repetição sistemática dos mesmos. Esta modelação torna os contextos mais determinísticos, sem que se perca o caráter imprevisível inerente ao jogo. Objetiva-se assim, criar contextos de propensão em que o propósito é criar circunstân- cias relativas a uma identidade de jogo que permitam um aumento da densidade do que se deseja como regularidade. Ao acontecerem estas interações, se faz emergir exponencialmente os critérios subjacentes aos PJ. O que se busca é modelar a situação de modo que a mesma catalise os propósitos desejados para que o que se manifeste seja condizente com aquilo que se deseja. Porém, vale ressalvar que a decisão sempre será dos jogadores e, sendo assim, o intuito não é treinar ou instituir comportamentos, mas libertar os jogadores por meio de interações pré-determinadas e suportadas por critérios pré-estabelecidos. Assegurada a autonomia do processo de tomada de decisão dos jo- gadores, os mesmos devem ter uma intencionalidade subjugada ao MJ em que se está defendendo. Isto é que a incorporação dos PJ em forma de hábitos, em um aprendizado consciente e subconscienteSUMÁRIO FALANDO A LÍNGUA DO TREINADOR: DO MODELO DE JOGO À ENTREGA DE RELATÓRIOS!14 proporcionados pelo processo de treino, proporcionam. Fazendo uma alusão a famosa citação do Professor Vitor Frade, criador da PT, em que “os jogadores são livres para agir, mas não podem agir livremente”. Com isso, a participação dos analistas no processo de montagem de um determinado exercício, perspectivando a melhora de um deter- minado PJ, e a sua respectiva análise sobre como se deu a exercitação do mesmo, pode oferecer dados valiosos para a reflexão se a densida- de de repetição sistemática dos PJ no citado contexto de propensão, favoreceu ou não uma evolução daquilo que se pretendia. Para tal, vale novamente afirmar, que o conhecimento dos membros do DAD acerca do MJ do treinador e de sua dinâmica de treino são fundamen- tais para se identificar/qualificar um exercício como producente ou não na propensão de aparecimento de um determinado PJ. E, se esta repetição sistemática observada repercutiu positivamente, ou não, no desenvolvimento coletivo e individual de um objetivo projetado para a evolução do MJ. O PAHE é nada mais que a habituação a uma invariância metodológi- ca proporcionada pelo MP. O principal intuito é salvaguardar a relação ótima entre desempenho e recuperação para que o jogador atinja níveis ótimos de rendimento na competição pela evolução do Jogo Específico nas diferentes unidades de treino propostas. Assim, busca-se induzir uma adaptabilidade em nível individual que possibilite a manifestação qualitativa de uma intencionalidade coletiva. Esta adaptação individual é determinada por propósitos coletivos, e não necessariamente em contextos individualizados. Este princípio contempla principalmente o aspecto fisiológico de uma boa equalização entre o desempenho e o descanso, tema de preocu- pação no MP da PT. Por este motivo é que a semana é elaborada no sentido de variar a qualidade e o tipo de contração muscular nos dif- erentes dias, mas em função de propósitos do jogar, para assegurar de maneira ótima, a recuperação necessária e a evolução conjunta dos jogadores e equipe tendo em vista, a competição. SUMÁRIO FALANDO A LÍNGUA DO TREINADOR: DO MODELO DE JOGO À ENTREGA DE RELATÓRIOS!15 Esta lógica é realizada por meio da alternância entre os padrões de contração muscular nas respostas mais ou menos descontínuas, re- sultante da confrontação da problematização contextual acontecendo em maiores ou menores espaços, com a utilização de mais ou menos jogadores, sendo este o fator de maior importância da progressão qual- itativa, com maior ou menor grau de complexidade. A grande preocupação é sempre ter a lógica de sentido resguardada entre os exercícios perspectivados em treino e o MJ global a criar para a equipe. Assim, como o objetivo é a aquisição de um modo de se jogar Específico, absolutamente todos os exercícios devem expressar uma total Especificidade no que diz respeito ao modelo. Desta manei- ra, a familiarização, o entendimento e os automatismos requeridos para uma determinada forma de se jogar futebol são assegurados aos jogadores por meio da prática condicionada aos diferentes exercícios concebidos. Assim se justifica o PAHE, uma vez que a alternância é também necessária para que os jogadores possam ter sua devida recuperação assegurada em relação ao próximo jogo e cheguem a ele em estados de forma de jogo ótimos para a disputa do mesmo. A horizontalidade se justifica, pois o processo de aquisição dos diferentes princípios se dá ao longo de ciclos entre um jogo e outro. O planejamento das unidades de treino no período temporal entre dois jogos se perpetua com o cuidado acerca do padrão de contração muscular de cada dia em termos de tensão, duração e velocidade. Dada a exigência multifatorial do futebol acerca dos tipos, das formas, da intensidade e da freqüência das contrações musculares, estas têm que ser preparadas em todos os sentidos para suportar de maneira ótima o rendimento. Assim, a organização do morfociclo tem a pretensão de assegurar o ideal trabalho muscular nas diferentes unidades de trei- no sem descontextualizá-lo das tomadas de decisões necessárias na aquisição dos PJ segundo o MJ. SUMÁRIO FALANDO A LÍNGUA DO TREINADOR: DO MODELO DE JOGO À ENTREGA DE RELATÓRIOS!16 DOMINGO DOMINGOSEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SÁBADOSEXTA JO G O CO LE TA S DE IN FO RM AÇ ÃO RE CU PE RA ÇÃ O PA SS IV A (F O LG A) RE G IM E DE RE CU PE RA ÇÃ O SU B- PR IN CÍ PI O S E SU B- PR IN CÍ PI O S D O SU B- PR IN CÍ PI O SU B- PR IN CÍ PI O S E SU B- SU B- PR IN CÍ PI O S EM R EG IM E D E TE N SÃ O D E CO N TR AÇ ÃO M U SC U LA R G RA N D ES P RI N CÍ PI O S SU B- PR IN CÍ PI O S E SU B- SU B- PR IN CÍ PI O EM R EG IM E D E VE LO CI DA D E D E CO N TR AÇ ÃO M U SC U LA R RE CU PE RA ÇÃ O PR É- AT IV AÇ ÃO AB O RD AG EN S ES TR AT ÉG IC AS JO G O CO LE TA S DE IN FO RM AÇ ÃO Figura 1: Morfociclo Padrão (MP) – JOGOS DOMINGO-DOMINGO3. Além do já exposto, a intensidade de cada exercício é preconizada pelo desgaste emocional evidenciado e a demanda em termos de con- centração que se exige dos jogadores. Como o enraizamento dos PJ se justifica pela aprendizagem racional e também emocional da mente e do corpo de um determinado princípio, na PT o conceito de inten- sidade está atrelado aos níveis de complexidade de cada exercício e o quanto estes demandam em relação à atenção/concentração. É uma constante a preocupação dos estados emocionais dos jogadores acerca da aprendizagem e cumprimento dos princípios para que estes sejam devidamente automatizados em forma de hábitos. Assim, o conhecimento por parte dos analistas acerca dos objetivos pretendidos para cada dia, tendo em vista o PAHE, é de suma im- portância para que durante a sua coleta de dados no dia-a-dia, possa auxiliar o treinador com informações qualitativas sobre o predomínio de contrações observadas em cada exercício proposto, bem como o estado de concentração dos jogadores durante a exercitação. Lembrando que, independente do predomínio de uma determinada contração muscular pretendida em um exercício, a intensidade sempre deverá ser máxima relativa a se resolver bem o problema que emerge do jogo. E tal pressuposto, está intimamente relacionado com a capa- cidade de manutenção de concentração dos jogadores perante uma atividade proposta. SUMÁRIO FALANDO A LÍNGUA DO TREINADOR: DO MODELO DE JOGO À ENTREGA DE RELATÓRIOS!17 Com isso, os analistas podem contribuir para uma reflexão conjunta sobre o nível de qualidade da operacionalização da semana, não só para a evolução dos PJ pretendidos, mas também para assegurar que os jogadores cheguem em condições ótimas (frescos, em termos físicos) para o próximo jogo. Já no MP com três jogos, se faz necessária uma preocupação ain- da maior com a vertente da recuperação, já que se tem três esforços máximos da equipe em que os jogadores devem chegar em seus esta- dos ótimos de prestação. Para assegurar nestes dias que a informação chegue com qualidade, o DAD é importante, uma vez que as ações em treino são limitadas, no sentido de não prejudicar os jogadores em seus respectivos processos de recuperação tendo em vista aos esforços evidenciados no último jogo e pela proximidade com o próximo. Desta forma, a estratégia de reuniões para feedbacks de ordem in- dividual e/ou coletiva inerentes aos PJ, constituintes do MJ, com au- xílio de imagens, podem significar uma importante ferramenta que beneficie aperfeiçoamento do processo. Sem com isso, que se estorve os jogadores em termos físicos, já que os mesmos se encontram em necessidade regenerativa. Além disso, pode-se trabalhar via imagens e análises, de maneira mais frequente, as abordagens estratégicas cir- cunscritas ao próximoadversário. DOMINGO JO G O CO LE TA S DE IN FO RM AÇ ÃO RE G IM E DE RE CU PE RA ÇÃ O SU B- PR IN CÍ PI O S E SU B- PR IN CÍ PI O S D O SU B- PR IN CÍ PI O RE CU PE RA ÇÃ O PR É- AT IV AÇ ÃO AB O RD AG EN S ES TR AT ÉG IC AS JO G O CO LE TA S DE IN FO RM AÇ ÃO SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SÁBADOSEXTADOMINGO JO G O CO LE TA S DE IN FO RM AÇ ÃO RE G IM E DE RE CU PE RA ÇÃ O SU B- PR IN CÍ PI O S E SU B- PR IN CÍ PI O S D O SU B- PR IN CÍ PI O RE G IM E DE RE CU PE RA ÇÃ O SU B- PR IN CÍ PI O S E SU B- PR IN CÍ PI O S D O SU B- PR IN CÍ PI O Figura 2: Morfociclo Padrão (MP) – JOGOS DOMINGO-QUARTA-DOMINGO3. Com base nos três princípios metodológicos fundamentais que norteiam o MP que a operacionalização de um MJ se justifica por SUMÁRIO FALANDO A LÍNGUA DO TREINADOR: DO MODELO DE JOGO À ENTREGA DE RELATÓRIOS!18 meio da PT, a fim de ser um processo inteligível a todos os elemen- tos da equipe. Vale ressaltar, que não é objetivo do presente artigo, se discutir os conteúdos de cada dia inerente ao MP, mas sim oferecer um panorama geral sobre como o DAD pode auxiliar com informações de qualidade tanto a concepção, quanto a operacionalização do MP. Para um entendimento mais pormenorizado acerca dos conteúdos de cada dia do MP, convém a busca de literaturas mais específicas da PT. Os analistas de desempenho devem estar atentos a todos estes fatores que envolvem o MP para que possam auxiliar no seu bom desenvolvi- mento. Dentro de suas análises qualitativas devem fornecer informa- ções acerca dos conteúdos a se desenvolver para fazer evoluir os PJ do MJ com base na análise do último jogo, e assim contribuir para a idealização sobre os principais aspectos a se desenvolver na semana. Isto norteará tanto a concepção do MP, como também a hierarquiza- ção em termos de complexidade dos PJ a serem desenvolvidos nos diferentes exercícios propostos em cada dia. Além disso, necessitam participar ativamente da operacionalização do MP e prover o treinador de informações acerca da qualidade de de- sempenho de um determinado exercício. Isto com base na projeção x realidade da propensão de aparecimento dos PJ a serem desenvolvidos em termos de predominância, e sua respectiva repetição sistemática. Isto facilitará com que todos os elementos do corpo técnico, avaliem qualitativamente as repercussões inerentes a um determinado exer- cício na evolução individual e coletiva acerca de um PJ circunscrito a Ideia que se objetiva defender. É também importante, que o DAD auxilie todos os membros da co- missão técnica a refletir acerca dos estados de forma dos jogadores e das repercussões físicas/fisiológicas das atividades propostas no orga- nismo dos jogadores, para que os mesmos possam chegar em condi- ções ótimas a próxima partida. Vale também ressaltar, que é obrigação de todos os componentes do corpo técnico assegurarem a intensidade máxima relativa em cada contexto de treino, para que seja assegurada um bom nível de qualidade e concentração em cada intenção prévia, seguida na sequência, pela respectiva intenção em ato. Por isso, que a análise qualitativa de cada exercício de treino é fundamental para que se possa oferecer o máximo de qualidade no feedback ao treinador e, consequentemente, aos jogadores. SUMÁRIO FALANDO A LÍNGUA DO TREINADOR: DO MODELO DE JOGO À ENTREGA DE RELATÓRIOS!19 E para finalizar, se faz importante uma análise pormenorizada e cri- teriosa do próximo adversário, a fim de se ter uma otimização da abor- dagem estratégica ao longo da semana. De maneira que se perspective, como dentro dos PJ inerentes ao MJ, podemos neutralizar as fortale- zas adversárias e atacar as suas vulnerabilidades dentro dos diferentes momentos que o jogo pressupõe. Abordagem Estratégica – A análise do adversário A análise do adversário influenciará a abordagem estratégica da equipe tendo em vista o próximo jogo. Vale aqui enfatizar que o MJ é o elemento balizador acerca de tudo que permeia a preparação da equipe, então seria ilógico ter que adaptá-lo as características do ad- versário sempre que se observa um confronto. É claro que é importante conhecer as características do próximo oponente para que se atenue a imprevisibilidade do jogo e se tenha um planejamento estratégico mais acertado na semana. Porém, o refúgio da equipe deverá ser sem- pre suas Ideias, de maneira a não se condicionar perante as ações dos outros, garantindo assim uma boa probabilidade de ser protagonista na competição. Em cenários de confronto, quanto mais se puder antecipar em rela- ção ao rival, maiores as chances de êxito. Deve-se buscar, que a equipe sempre aja perante alguma situação e não reaja. Caso opte em con- dicionar todos os esforços semanais tendo por foco o adversário e não o MJ, caso este mude por algum motivo, a equipe pode perder completamente o seu referencial. Agora, é perfeitamente possível utilizar os PJ inerentes ao MJ para se neutralizar os pontos fortes e atacar as debilidades observadas na análise do próximo adversário. Isto significa otimizar as características das Ideias defendidas sem ferir a essência das mesmas. Ou seja, o DAD deve ter muita sensibilidade e conhecimento do MJ, bem como de seus princípios, para desvendar os padrões do próximo oponente e auxiliar que o treinador possa definir as melhores estratégias de preparar os jogadores para o cenário futuro que virá. Sinteticamente, para o treinador é de vital importância ter a informa- ção acerca dos padrões e funcionalidades que o adversário demons- tra nos diferentes momentos do jogo; as estruturas mais utilizadas; a alternância de sistemas durante o jogo; o comportamento em jogo perante o resultado; as características individuais dos jogadores; se o SUMÁRIO FALANDO A LÍNGUA DO TREINADOR: DO MODELO DE JOGO À ENTREGA DE RELATÓRIOS!20 adversário alterna os comportamentos jogando dentro ou fora de casa; as principais substituições, bem como o seu padrão durante a parti- da; a equipe titular mais frequente; variações em função de trocas de jogadores; os principais pontos fortes; as prováveis vulnerabilidades; e as características das bolas paradas. Tendo estes fatores em consideração, o treinador pode conceber seu MP para preparar bem sua equipe tanto em relação ao fortalecimento do seu MJ, como também para atuar estrategicamente perante as ca- racterísticas do próximo oponente. Esta vertente estratégica é impor- tante ser trabalhada durante todo o MP, por isso é importante que o DAD já esteja preparando análise do próximo oponente com antecipação. Deve-se acompanhar a tabela para que as informações possam ser coletadas o quanto antes, para que passado o último jogo, o foco já seja completamente voltado ao próximo confronto e as informações já estejam disponíveis. O ideal é que o DAD, dentro de seu cenário e possibilidades, analise o máximo de jogos possível por vídeo e/ou in loco para não só detectar os padrões, como também as tendências dos oponentes. Quanto mais o treinador conseguir relacionar uma transmissão de uma determinada característica do adversário aos jogadores com o exercício de treino que utilizará para que dentro de seu MJ, possa tirar vantagem deste determinado padrão do oponente, mais eficiente se torna a pedagogia do processo. Assim, se o jogador puder visualizar antes aquilo que se pretende nas reuniões promovidas e direcionadas pelo treinador, com base nas análises realizadas pelo DAD, aumenta-se a chance de entendimento e aprendizagem dos objetivos pretendidos em treinamento em relação a abordagem estratégica. Geralmente, a não ser mediante um fato particular, as características mais aprofundadas dos adversários são passadas antes do treino da véspera da competição, o qual é essencialmente dedicado as aborda- gens estratégicas emregime de pré-ativação competitiva, porém com uma preocupação significativa com a recuperação dos jogadores. Isto não impede, que mediante uma informação específica, não se possa reunir os jogadores para transmitir em outro dia do MP. Outra estratégia interessante é o DAD passar individualmente aos jogadores por meio de vídeo, as características individuais do adversário que enfrentaram pela posição que ocupam em campo. SUMÁRIO FALANDO A LÍNGUA DO TREINADOR: DO MODELO DE JOGO À ENTREGA DE RELATÓRIOS!21 Vale lembrar que estas reuniões acerca do adversário podem ser con- duzidas pelo treinador ou pelos seus assistentes, desde que participem ativamente do processo de análise, ou por membros do DAD. Tudo depende da sincronia de trabalho e, fundamentalmente, da tomada de decisão do líder principal do processo. Reuniões para transmissão das informações do DAD As reuniões coletivas para transmitir a análise de jogo, do treino, de feedbacks individuais e da palestra pré-jogo, podem ser organizadas da maneira que cada treinador achar melhor. Cabe ao mesmo transmitir com clareza suas demandas ao DAD, para que o material seja feito com o máximo de qualidade e eficiência. É fundamental que o treinador contribua para otimizar ao máximo o trabalho e as responsabilidades de todos, oferecendo metas factíveis e tendo uma boa organização para não mudar constantemente suas informações. Todo retrabalho ou demanda que posteriormente não será utilizada devem ser evitadas a fim de se potencializar as funções do DAD. Claramente, todos do DAD devem estar preparados e serem proati- vos no sentido de corrigir uma rota e contribuir para solucionar um eventual problema inesperado que apareça. Todavia, quanto maior for a sincronia do corpo técnico e sua boa capacidade de planejar, orga- nizar e executar, menor a tendência de acontecimentos de possíveis percalços e maior a otimização do tempo e do trabalho de todos. Assim, dado que já se abordou a análise do adversário no capítulo anterior, vale aqui uma menção a organização geral de quatro outros tipos de reuniões mais frequentes, tendo em vista a organização do processo do treinador. São informações de caráter mais prático sobre como sincronizar o trabalho do DAD com a organização destas de- mandas do treinador. Análise do Jogo A análise mais aprofundada do jogo convém ser realizada no início do MP, o mais indicado é que se utilize o dia de característica ainda regenerativa, sendo este geralmente 48 horas após o jogo. Obviamente, que esta sugestão não é uma regra, já que o que efetivamente definirá é o contexto de cada equipe, bem como as preferencias de seu treina- dor. Porém, este se trata de um dia em que os jogadores titulares não poderão ser muito exigidos do ponto de vista físico pois se encontram SUMÁRIO FALANDO A LÍNGUA DO TREINADOR: DO MODELO DE JOGO À ENTREGA DE RELATÓRIOS!22 ainda desgastados pelo jogo e se terá uma atividade compensatória para aqueles de menor volume. Assim, quanto antes se dirimir o que ocorreu no jogo anterior e já voltar o foco dos jogadores para aquilo que necessitam evoluir indivi- dualmente e coletivamente para o próximo jogo, melhor. Nesta reunião podem ser apresentados os objetivos da semana no que concerne a evolução do MJ, bem como as características do MP. Dependendo da demanda do treinador, esta análise pode ser dividida pedagogicamente nos momentos do jogo, ou pode ser feita de maneira cronológica ao jogo. Uma importante sugestão é que sejam debatidos conceitos táti- cos em acordo com o MJ, qualquer erro mais grave pode ser tratado de maneira individual, se assim o treinador preferir. Tudo isso depende das características de liderança do treinador, o qual deve ter autonomia plena para gerenciar este processo. Análise do Treino De acordo com o que vai acontecendo no MP, o DAD pode ir coletan- do dados e montar apresentações sob a supervisão do treinador, bem como de seus assistentes, para transmitir aos jogadores suas atuações no processo de treino. Isto pode ser feito de maneira individualizada ou em grupo, dependendo das exigências do treinador ao longo do processo. Tal estratégia pode eventualmente corrigir rotas ao longo da semana, de maneira que se otimize o aproveitamento em termos de aprendizagem dos jogadores em relação aos objetivos pretendidos. Outra estratégia interessante, é preparar apresentações daquilo que será o exercício do treino. Principalmente quando se tratar de uma proposição nova, que demande mais dos jogadores em termos de con- centração. Como já citado, a intensidade é proporcional a capacidade de concentração em se resolver os problemas que emanam do jogo. Por isso, quanto menos tempo se perder em campo para explicar uma determinada atividade, melhor. Reuniões para feedback individual: As reuniões para feedback individual podem ser feitas em caráter mais formal, ou também no campo, através de tabletes/celulares que permitam passar a informação de uma maneira mais rápida. O treina- dor é quem seleciona a melhor estratégia perante a circunstância. Ge- ralmente, podem ser passados aspectos positivos ou correções táticas SUMÁRIO FALANDO A LÍNGUA DO TREINADOR: DO MODELO DE JOGO À ENTREGA DE RELATÓRIOS!23 e/ou técnicas na ação do jogador em treino ou em jogo relacionados aos PJ inerentes ao MJ. Palestra pré-jogo: A palestra pré-jogo pode ser considerada como um resumo daquilo que se enfatizou durante toda a semana. Aqui, quanto mais integrações se tiverem na montagem do material em relação ao que ocorreu no jogo passado, aquilo que se executou no treino e nas características do próximo adversário, mais eficiente se torna o fechamento da semana. Além disso, vale relembrar os posicionamentos em bola parada, co- bradores de faltas, pênalti, formação de barreiras e outros pontos que o treinador julgar necessário. Busca-se aqui um sentimento de dever cumprido e de preparo abso- luto dos jogadores para o confronto que está por vir. O intuito é criar a melhor atmosfera pré-jogo, para que os jogadores se sintam capazes de executar aquilo que lhes foi proposto. O aspecto mais essencial é os jogadores acreditarem que são parte de algo maior e que as ideias que defendem são as melhores no sentido de lhes trazer os triunfos individuais e coletivos que almejam. Por isso, alguns treinadores têm a necessidade também de fornecer uma mensagem de âmbito mais motivacional. E para tal, mediante a demanda proposta, o DAD deve estar preparado também para contri- buir para o desenvolvimento de tal conteúdo. Coletas em tempo real Dependendo do aparato tecnológico dos clubes em que estão inse- ridos, os analistas têm as condições de realizarem coletas em tempo real nos jogos e nos treinos a fim de poder transmitir a informação com rapidez e eficiência para os principais envolvidos. O DAD pode realizar a coleta por meio tabletes em um protocolo pré-estabelecido com o clube e o treinador, de maneira a facilitar a utilização dos dados coletados para um feedback mais instantâneo tanto no pós-treino, quanto nos intervalos dos jogos. Este protocolo deve ser preferencialmente institucional, de maneira que resguarde a alimentação das informações que pertencem a inte- ligência do clube. Assim, o cenário ideal é que durante o treino e nos jogos se tenha pelo menos um analista como responsável da filmagem SUMÁRIO FALANDO A LÍNGUA DO TREINADOR: DO MODELO DE JOGO À ENTREGA DE RELATÓRIOS!24 e outro para a coleta das informações para alimentar o protocolo de tempo real. Estes podem se revezar nas funções. Esta estratégia contribuirá também para decodificar o material mais rá- pido, a fim de que a instituição e o treinador tenham acesso às informa- ções já catalogadas em um espaço de tempo menor. Isto permite que se tenha uma maior eficiência no feedback dos jogadores, pois reforça por meio de imagem o conceito tático que o treinador pretendetransmitir. Por exemplo, no treino, conforme o treinador e/ou seus assistentes vislumbrem situações que podem ser utilizadas em futuras palestras ou logo no pós-treino, podem sinalizar ao analista já separar aquele referido momento. Portanto, é importante ao DAD estar atento não somente a alimentação do protocolo, como também aos sinais dire- cionados pela comissão técnica. Já na situação de intervalo da partida, normalmente os jogadores têm de 3-4 minutos para voltar minimamente a calma e investir em seu processo de recuperação. Contando que com 13 minutos já de- vem estar entrando em campo, sobra, em média, de 9-10 minutos para que o treinador possa oferecer algum feedback de desempenho dos jogadores. Assim, a transmissão de um sentimento e/ou de uma informação deve ser cirúrgica. Se na evolução do primeiro tempo se tem a realização de um protoco- lo de decodificação do jogo em imagens pelo DAD, e algum represen- tante do mesmo em contato com os assistentes, pode-se rapidamente separar imagens a serem utilizadas no intervalo de maneira a reforçar a informação que o treinador deseja. Por vezes, a visualização é mais forte para o entendimento do que as palavras. Principalmente em um cenário de extrema pressão, como costuma ser o vestiário da equipe no intervalo de uma partida. Monitoramento de Mercado Outra atribuição cada vez mais frequente ao DAD, é o monitoramento de mercado. Uma vez que os analistas fazem parte de um arcabouço que formam a inteligência do clube, nada mais coerente que parti- cipem também da área de prospecção de mercado. Esta prospecção, seleção e captação de possíveis reforços tem que estar em profundo acordo com o MJ que o clube pretende defender, bem como as metas de curto, médio e longo prazo propostos pela direção. SUMÁRIO FALANDO A LÍNGUA DO TREINADOR: DO MODELO DE JOGO À ENTREGA DE RELATÓRIOS!25 Na verdade, esta é uma tomada de decisão estratégica que pode gerar lucros e prejuízos na mesma proporção. Sendo assim, deve-se buscar atenuar ao máximo a margem de erro, já que geralmente são envolvi- dos investimentos financeiros nas ações. Para isto, o DAD deve estar atento as características atuais da equipe bem como aquilo que se pers- pectiva em termos de evolução futura do MJ. Além disso, é essencial que se tenha um controle dos jogadores oriundos das Categorias de Formação (CF) para que possa dimensionar as chances que os mesmos possuem de integrar um departamento profissional. Por isso, é tão importante que as CF tenham também a atuação inte- grada do DAD, para que este possa alimentar a instituição com dados objetivos acerca dos potenciais jogadores que podem oferecer o re- torno técnico esperado. Desta maneira, contribui-se para que o clube direcione suas atenções inicialmente para o que ele tem em casa, para que depois saia ao mercado em busca de reforços. Obviamente, tal política vai depender de clube para clube. Agora a presença de analis- tas, conhecedores do MJ, com conhecimento acerca do processo de treino, é fundamental para que o Departamento de Monitoramento de Mercado erre o menos possível. Desta maneira, deve-se estimular institucionalmente, que conforme apareça um nome no mercado, que este jogador possa ter uma análise pormenorizada por meio de vídeos destrinchando suas ações nos di- ferentes momentos que o jogo pressupõe. Além disso, a inclusão de dados objetivos também se faz necessária, a fim de contextualizar ao máximo as características do jogador e aos contextos em que esteve inserido ao longo da carreira. Os estímulos que o jogador sofreu ao longo de sua carreira devem ser também levados em conta pelo DAD a fim de se traçar um perfil de um provável reforço. Este fator pode gerar dados interessantes sobre o potencial de adaptação do jogador ao MJ proposto pelo clube. Por vezes, por exemplo, vislumbramos um jogador que em momento de- fensivo sempre busca um acompanhamento individual, porém, dentro do MJ que defendemos, optamos pela marcação zonal pressionante. Se taxarmos este jogador como não capaz de cumprir os requisitos que exigimos no momento defensivo de nossa equipe, podemos incorrer ao erro se não considerarmos os estímulos que o referido indivíduo viven- ciou ao longo de sua carreira. Deve-se, portanto, realizar um exercício de projeção futura acerca do potencial que o jogador tem de evoluir, SUMÁRIO FALANDO A LÍNGUA DO TREINADOR: DO MODELO DE JOGO À ENTREGA DE RELATÓRIOS!26 estando inserido em nossos processos de treino e jogo. E, então, tomar a melhor decisão. A importância da Análise de Desempenho no monitoramento de mercado é criar também processos de avaliação, para que preferencias individuais não estejam acima daquilo que é institucional no clube. Isto costuma minimizar muito a incidência de erro, já que dados obje- tivos são partes da tomada de decisão. Assim, não se personifica o erro ou o acerto, já que ambos são consequências dos processos do clube. Conclusão Pode-se depreender que perante os pontos considerados no presente artigo, as atuações do DAD são extremamente complexas e abran- gentes. Isto explica a necessidade cada vez mais constante dos clubes contarem com um DAD bem estruturado, com profissionais bem ca- pacitados e equipamentos tecnológicos que permitam uma coleta e uma análise eficiente dos dados. Em relação a coleta e análise dos vídeos, se faz fundamental um co- nhecimento profundo de softwares de análise a fim de que os dados sejam efetivamente tratados e utilizados para fazer evoluir todos os processos do clube. Vale enfatizar que institucionalmente, o DAD sig- nifica o armazenamento da inteligência inerente aos processos do clube. A partir disso, os analistas podem contribuir significativamente para a construção de um legado informacional para a instituição. Tal fator privilegia dentre outras coisas, a adaptação mais facilitada de novos profissionais aos processos do clube, uma vez que já se tem um processo previamente estruturado. Além disso, perante uma ordena- ção pré-estabelecida, facilita-se que se identifiquem e se incorporem novos conhecimentos e procedimentos a partir tanto dos contextos competitivos vivenciados pela equipe, como de novas ideias trazidas para fazer os processos evoluírem. Assim, como é uma área que evolui exponencialmente em conjunto com as inovações tecnológicas da presente sociedade, os analistas devem estar sempre atentos as no- vidades constantes que o mercado oferece, para que estejam sempre bem atualizados às melhores práticas. Dentro das ferramentas para o tratamento dos dados, é fundamental a realização de reuniões entre o DAD e a comissão técnica para que seja otimizado os recursos de animação de vídeo para que o proces- so pedagógico acerca da transmissão da informação seja o mais efi- SUMÁRIO FALANDO A LÍNGUA DO TREINADOR: DO MODELO DE JOGO À ENTREGA DE RELATÓRIOS!27 ciente possível. Um material bem estruturado e bem animado acerca dos PJ pretendidos, pode ser uma poderosa ferramenta do processo de ensino-aprendizado, desde que também as reuniões sejam bem conduzidas. O processo de comunicação é fundamental para uma transmissão clara da mensagem pretendida. Isto pode auxiliar que o processo tenha uma fluidez producente no sentido de fazer desenvol- ver bem um determinado MJ. As reuniões entre o DAD e a Comissão Técnica devem ser frequen- tes para que o processo de preparo das reuniões seja feito de maneira conjunta. Claro, que para efeito de otimização do tempo, os analistas já trazem dados pré-tratados com base nas coletas de jogo, treino ou informações do próximo adversário. A partir daí, deve-se de maneira conjunta discutir-se os objetivos de aprendizagem de cada imagem e também a estratégia de apresentação aos jogadores. Existem nos dias atuais softwares indispensáveis para animação do material em vídeo, o que facilita a assimilação de todos em relação a mensagempassada. Os investimentos nos DAD são geralmente altos, principalmente pela necessidade de compras de equipamentos e contratação de pessoal capacitado. Por isso, a preocupação em levantar aqui alguns pontos essenciais sob a ótica do treinador a este que nos dias atuais é um departamento essencial para o bom funcionamento dos clubes. Cabe as instituições favorecer o trabalho destes profissionais por meio de governanças corporativas inegociáveis, justificando assim o retorno do investimento realizado. Referências CASTELO, J. F. F., Fútbol. Estructura y dinámica del juego, Editora INDE, Espanha, 1999. GARGANTA, J. A análise da performance nos jogos desportivos. Re- visão acerca da análise do jogo. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, v. 1, n.1, p. 57-64, 2001. PIVETTI, B. M. F. Periodização Tática: o futebol arte alicerçado em cri- térios. Editora Phorte, São Paulo, 2012. SUMÁRIO FALANDO A LÍNGUA DO TREINADOR: DO MODELO DE JOGO À ENTREGA DE RELATÓRIOS!28 O Autor Bruno Marques Fernandes Pivetti, atual Assistente Técnico da Categoria Profissional e Coordenador Técnico das Catego- rias de Formação do EC Vitória. Experiência como assistente técnico no futebol europeu no Ludogorets (Bulgária). E passagens em importantes projetos do futebol nacional, incluindo Ferroviária, Ath- letico Paranaense, GO Audax e PAEC. Trabalhos com grandes nomes dentre os técnicos brasileiros, como Paulo Autuori, Geninho, Fernan- do Diniz e Antonio Carlos Zago. Bacharel em Esporte pela EEFE-USP e Autor do livro “Periodização Tática - O Futebol Arte Alicerçado em Critérios”. Especializações em Fisiologia do exercício e Gestão e Ma- rketing esportivo. SUMÁRIO PROTOCOLOS DE ANÁLISE: ESCOLHENDO A SUA ABORDAGEM29 PROTOCOLOS DE ANÁLISE: ESCOLHENDO A SUA ABORDAGEM LUCAS OLIVEIRA 2 SUMÁRIO PROTOCOLOS DE ANÁLISE: ESCOLHENDO A SUA ABORDAGEM30 Introdução As pesquisas sobre o jogo no futebol vêm ao longo dos anos obtendo um crescente desenvolvimento em função da busca cada vez mais profunda pelo entendimento dos processos ofensivos e defensivos (técnico-táticos) que se correlacionam com a eficiência e eficácia das ações realizadas ao longo do jogo, e que possam, desta maneira, pos- sibilitar o alcance dos objetivos do jogo (GARGANTA, 1997, citado por OLIVEIRA, 2019). De acordo com o mesmo autor, o futebol é um jogo esportivo cole- tivo que ocorre num contexto de elevada variabilidade, imprevisibi- lidade e aleatoriedade, no qual as equipes em confronto, disputando objetivos comuns, lutam para gerir em proveito próprio, o tempo e o espaço, realizando em cada momento ações de sinal contrário (ataque-defesa) através relação de oposição e cooperação. Conforme Garganta (2002), os principais problemas a serem solu- cionados no jogo são de natureza tática, na qual os atletas têm de a todo momento tomar decisões levando em consideração o que fazer diante de determinada situação-problema (diagnóstico e análise) e como fazer (tomada de decisão). Desta forma, emerge a análise de desempenho no futebol que, utili- zando-se da análise de jogo, possui papel de servir como um conduto de informações dos elementos técnico-táticos da performance das equipes (própria ou adversários) bem como de atletas, através de recursos como vídeos e relatórios quantitativos e qualitativos de desempenho. Estudar os comportamentos individuais e coletivos das equipes requer para tal a elaboração de protocolos para o desenvolver a análise de jogo visando tal observação. Isto permite compreender a existência de de- terminados padrões de comportamentos que podem levar a correlações entre meios mais eficazes ou menos eficazes de se atingir determinados resultados num jogo, numa competição (OLIVEIRA, 2019). Análise de Jogo Entende-se que é através do processo de análise de jogo que decorre o objetivo de fornecer informações relevantes do desempenho dos atletas nas partidas, mediante registro das ocorrências técnicas, táticas e físicas que ocorrem nos confrontos (GARGANTA, 2001). SUMÁRIO PROTOCOLOS DE ANÁLISE: ESCOLHENDO A SUA ABORDAGEM31 A partir deste processo, treinadores e demais membros das comissões técnicas possuem um feedback de como seus atletas têm se compor- tado nos jogos, e podem posteriormente desenvolver processos treino para correção ou valorização daquilo que é interpretado como evolu- tivo ou a ser corrigido em termos de desempenho (OLIVEIRA, 2019). No que diz respeito à análise de jogo realizada dentro dos departa- mentos de análise de desempenho nos clubes, respeita-se muito 3 fases do processo de preparação e realização dos jogos, que representa um ciclo contínuo de trabalho: 1. Preparação Pré Jogo: Análise do adversário e dos treinamentos 2. Realização da Análise durante o jogo 3. Análise Pós Jogo Na primeira etapa, o foco do trabalho dos analistas está na preparação do materiais em vídeo e relatório dos adversários, bem como na análise dos treinamentos táticos semanais visando estabelecer uma relação entre o que se treinar de forma a garantir a evolução da equipe den- tro do seu modelo de jogo e como, mediante o exposto do oponente, neutralizar os as virtudes do rival e explorar suas fragilidades. Para isso, os analistas utilizam recursos tecnológicos como compu- tadores e ipads com softwares específicos de análise (exemplo, Sports- code, Hudl, Coach Paint, etc.) bem como recebem suporte de empresas prestadoras de serviço aos clubes, que fornecem relatórios técnicos, jogos, momentos de jogos, etc. (exemplo, Wyscout, Instascout, Opta, dentre outros). Na segunda etapa, foca-se na coleta de dados/imagens em tempo real nos jogos. É muito usual neste cenário os analistas terem contato direto com os profissionais da comissão que estão no banco durante as partidas (normalmente assistente técnico) enviando informações tanto por rádio comunicador como também imagens táticas via ipad ou celular. No intervalo, a utilização de imagens em uma grande tv ou projetor também é uma prática comum na conversa de treinador com os atletas, para mostrar situações a corrigir ou valorizar para o segundo tempo. Na terceira etapa, normalmente dia seguinte aos jogos, é comum os analistas prepararem um vídeo (ou vídeos) de análise tática coletiva da equipe e relatórios com dados/métricas do desempenho da equipe e apresentarem à comissão técnica para discussão do que ocorreu no jogo, pensando naquilo que se planejou o que foi alcançado ou não, SUMÁRIO PROTOCOLOS DE ANÁLISE: ESCOLHENDO A SUA ABORDAGEM32 quais os pontos a ter de se corrigir ou valorizar no trabalho semanal. Essas reuniões técnicas, por assim dizer, são fundamentais para aten- der as necessidades do treinador bem como para troca de ideias e construção conjunta do conhecimento. Posteriormente, podendo ser dia seguinte ou em algum momento que se identificar mais adequado na semana, o treinador faz sessões de vídeo com os atletas e a comissão apresentando este material discutido, assim como mais próximo do jogo seguinte a apresentação do material do adversário, promovendo desta maneira o reinício do ciclo. Protocolos de análise do jogo Um aspecto fundamental ao desenvolvimento de todas as análises em um clube está na organização dos parâmetros de análise de jogo, desenvolvidos e organizados através de protocolos. Eles que direcio- nam a maneira como o material será produzido, lhes fornecem os prin- cipais indicadores de desempenho e normalmente estão associados ao modelo de jogo da equipe. Podemos entender como um “checklist” prévio para a coleta das in- formações do jogo pelos analistas. Informações estas que podem ser duas formas: qualitativa e quantitativa. A análise qualitativa tem por objetivo identificar e interpretar padrões de comportamentos técnicos-táticos nas ações da equipe/atletas, des- crevendo-as e/ou ilustrando-as tendo como referência as ideias de um modelo de jogo. A análisequantitativa se refere a medição em números, quantidade de incidências das ações dos jogadores e da equipe, através de indicadores pré-selecionados durante um jogo ou uma competição. Estruturar um protocolo de análise independe dos recursos tecnoló- gicos a disposição dos analistas. Profissionais que possuem acessos a softwares de computador que otimizem essa organização conseguem criar os parâmetros de sua análise dentro de plataformas online, que os permitem com cliques (seja em tablets ou notebooks) coletar em tempo real ou diferido as informações do jogo e conseguem até mes- mo sincronizar esta coleta com o vídeo, desta forma tendo acesso não só a relatórios quantitativos do desempenho como também com os recortes de vídeos do material produzido (qualitativo). Da mesma maneira, profissionais que possam não dispor desses re- cursos, podem e devem organizar seu protocolos de forma notacional, através de planilhas que ele possa durante os jogos ou após os jogos coletar aquela informação necessária visualizada para poder transmitir SUMÁRIO PROTOCOLOS DE ANÁLISE: ESCOLHENDO A SUA ABORDAGEM33 as informações possam auxiliar no processo de análise do jogo e/ou do treino. A estruturação dos protocolos de análise pode variar para diferentes contextos, diversas etapas de coletas de informações técnicas-táticas do jogo. Abaixo seguem alguns exemplos usuais utilizados por analistas: 1. Protocolo de Treino: Organização de indicadores a serem anali- sados durante as sessões de treinamento que podem variar treino a treino de acordo com os diferentes objetivos dos mesmos. Nor- malmente são protocolos mais voltados a uma análise qualitativa do processo de treinamento (correções, valorizações do que se fez nas atividades). 2. Protocolo de Jogo: Utilizado para as análises técnicas-táticas da própria equipe, podendo ser durante e/ou após o jogo, este protoco- lo pode ser dividido em dois: protocolo de análise coletiva (referente a coleta de informações do desempenho tático da equipe) e proto- colo de análise individual (se refere à análise de ações individuais dos jogadores). Ambos podem ser qualitativos e quantitativos. Estes protocolos permitem à comissão técnica apresentar dados e/ou vídeos a equipe como um todo ou aos atletas individualmente em forma de feedback. 3. Protocolo de Análise do Adversário: Utilizado para coletar informa- ções em forma de vídeos (edições) ou relatórios dos adversários que a equipe irá enfrentar. Normalmente, segue-se uma linha do tipo de indicadores que baseiam o modelo de jogo da própria equipe e que possibilite a produção de materiais a serem apresentados pela comissão técnica aos atletas, bem como na organização dos treinos. 4. Protocolo de Análise de Jogadores (scouting): Utilizado por ana- listas de mercado/observadores no sentido de analisar possíveis atletas para prospecção. Organização de indicadores de desempe- nho, por posição, para produção de relatórios e vídeos ao encontro de um perfil de atleta traçado pelo clube. Para a concepção e estruturação de protocolos para o desenvolvimento da análise, antes de tudo é fundamental o analista ter o entendimento do modelo de jogo da equipe, das ideias do treinador, da filosofia do clube, de modo que a informação produzida vá ao encontro com as necessidades do contexto, e assim possa contribuir para a evolução dos processos internos. Identificar qual a maneira de se olhar para o jogo é importante para o delineamento dos protocolos a serem desenvolvidos. Dessa forma, SUMÁRIO PROTOCOLOS DE ANÁLISE: ESCOLHENDO A SUA ABORDAGEM34 exemplificarei abaixo uma forma usual de olhar para o jogo, através de fases e momentos. Fases e momentos do jogo: Elaboração de protocolos para análises coletivas das equipes de futebol O primeiro aspecto está na maneira de como se pode observar e se “dividir” o jogo, em duas fases (Ofensiva – ataca, Defensiva – defende), em dois momentos (Transição ofensiva – recupera a bola, Transição defensiva – perde a bola), e a bola parada. Figura1: Matriz do jogo de futebol, adaptada de Oliveira (2004) Etapas de cada Fase Fase Ofensiva: Primeira Fase de construção de ataque: Iniciação desde o primeiro terço ofensivo do campo; Segunda Fase de construção de ataque: Construção e criação a partir do terço médio do campo; Terço Final: etapa de finalização das jogadas, ocorridas no último terço do campo. SUMÁRIO PROTOCOLOS DE ANÁLISE: ESCOLHENDO A SUA ABORDAGEM35 Fase de construção Fase de finalização Fase de iniciação Fase de criação Figura 2: Fases do ataque (FONTE: O AUTOR) Desta forma, objetiva-se caracterizar o posicionamento e compor- tamento das equipes ao atacar quando a bola está a circular/progredir nestas 3 fases do ataque. Métodos da Fase Ofensiva: Ataque Posicional: Método de ataque que privilegia uma construção ofensiva elaborada, mais longa e segura, com maior valorização da posse da bola (RAMOS, 2011) Contra-Ataque: caracterizado como um ataque com alta velocidade de circulação objetivando a chegada à baliza adversária no menor tempo possível com a realização de poucos passes e contatos com a bola (OLIVEIRA, 2019). Ataque Rápido: idêntico ao contra-ataque, mas enquanto o este ne- cessita de uma não reorganização da defesa oponente para a realização da finalização da equipe atacante, no ataque rápido o time adversário já está organizado (ou reorganizado) para defender (CASTELO, 2009). Protocolos de análise da fase ofensiva: O que pode se analisar? Dado a importância de se ter como norte o modelo de jogo da equipe, a organização de protocolo se torna algo muito interno dos clubes. Abaixo, exemplificarei alguns indicadores que possam servir de guia para montagem de um protocolo que atenda as necessidades de um analista para a observação e análise do jogo, seja para a própria equipe como ao adversário: SUMÁRIO PROTOCOLOS DE ANÁLISE: ESCOLHENDO A SUA ABORDAGEM36 Fase Ofensiva O que pode se analisar Classificações 1ª Fase (Iniciação – Terço Inicial): Saída de Bola - Organização estrutural no Tiro de Meta - Saída Curta (por dentro/fora) Positivo/Acertos Negativo/Erros 2ª Fase (Construção e Criação): Progressão ao campo adversário - Saída Longa - Manutenção da Posse - Movimentações Padrões de aproximação e ocupações de espaço após a saída - Progressão com a bola - Perda da bola -% de aproveitamento - Distribuição espacial da equipe - Positivo/Acertos - Padrões de circulação da bola em amplitude e profundidade (jogo curto/jogo longo) - Negativo/Erros - Manutenção da Posse - Progressão com a bola - Progressões por fora e por dentro - Perda da bola - Movimentos de aproximação, flutuação entre linhas, rupturas (infiltrações) e trocas posicionais - Duelos Vencidos - Velocidade de circula- ção/progressão da bola (lenta, rápida) - Jogadas padrões - Participação de atletas chaves -% de aproveitamento 3ª Fase (Zona de finalização – terço final): Ataque à área do adversário - Entrada na área - Finalizada - Ocupação do terço final - Não finalizada - Chegada pelos lados - Perda da bola - Infiltrações por dentro - Duelos Vencidos - Jogadas individuais - Jogada positiva - Padrões de conclusão ao gol - Jogada negativa - % de aproveitamento Tabela 1: Indicadores de protocolos para análise ofensiva (FONTE: O AUTOR) Fase Defensiva: Bloco ALTO de marcação: Posicionamento sem bola total no campo do adversário (ocupação espacial na metade ofensiva do campo da própria equipe) com atletas marcando a primeira fase de construção do rival no seu primeiro terço. Bloco INTERMEDIÁRIO de marcação: Posicionamento da equipe na zona intermediária do campo, “deixando o adversário jogar no seu primeiro terço e exercendo a marcação a partir da zona seguinte. Bloco BAIXO de marcação: Posicionamento da equipe sem bola to- talmente no seu campo de defesa (metade defensiva do campo da própria equipe),
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