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APOSTILA TEOLOGIA BIBLICA DO NT EDUARDO

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TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO- EDUARDO A. DIAS.
ÍNDICE
APRESENTAÇÃO........................................................................................................................
01
INTRODUÇÃO.............................................................................................................................
02
A TEOLOGIA BÍBLICA DURANTE AS ULTÍMAS DECADAS..........................................
03
O PONTO CENTRAL E A ESTRUTURA DA TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO.............................................................................................................................
04
JESUS NA TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO...................................................................06
CRISTOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO................................................................................06
UNIDADE E DIVERSIDADE DENTRO DA TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO...............................................................................................................................07
O PRINCÍPIO DA SISTEMATIZAÇÃO TEOLÓGICA DOS EVANGELHOS..........................
09
A TEOLOGIA DESENVOLVIDA POR PAULO...........................................................................11
TEMAS ELEMENTARES DA TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO....................................13
FÉ E OUVIR.....................................................................................................................................13
A NECESSIDADE DO REINO: O MUNDO E A HUMANIDADE........................................
09
HUMANIDADE............................................................................................................................
10
O REINO E A IGREJA................................................................................................................
11
A MISSÃO DA IGREJA..............................................................................................................
12
A ÉTICA DO REINO...................................................................................................................
12
A ÉTICA DA VIDA INTERIOR.................................................................................................
13
CRISTO: O MESSIAS..................................................................................................................
15
ISRAEL DE DEUS........................................................................................................................
16
OS APÓSTOLOS E A REVELAÇÃO........................................................................................
17
JESUS – PAULO- JOÃO: O CENTRO DO NOVO TESTAMENTO.....................................
19
A MENSAGEM DAS PRINCIPAIS TESTEMUNHAS............................................................
21
SOMBRA E SUBSTÂNCIA.........................................................................................................
23
FÉ E OBRAS NA EPÍSTOLA DE TIAGO ...............................................................................
24
O SOFRIMENTO HUMANO......................................................................................................
27
A REFUTAÇÃO DAS HERESIAS DOS GNÓSTICOS. NAS EPISTOLAS DE JOÃO..............................................................................................................................................
28
A VISITAÇÃO DA IRA...............................................................................................................
29
DEUS UNIDO AO SEU POVO....................................................................................................
30
CONCLUSÃO...............................................................................................................................
31
BÍBLIOGRAFIA...........................................................................................................................
32
APRESENTAÇÃO:
Nesta apostila estaremos discorrendo sobre a Teologia bíblica contida no Novo Testamento, nos assuntos mais relevantes, que irão nos trazer um entendimento das posições e enfoques teológicos abordados nos assuntos de cunho teológico.
O coletânea não irá apresentar todos os temas tratados na Teologia do Novo Testamento, porém, irão colocar em pauta questões fundamentais dentro do Novo Testamento, para uma análise e reflexão Teológica na atualidade, afim de que o leitor alcance uma condição de se posicionar Teologicamente, perante os principais assuntos tratados na Teologia do Novo Testamento.
 INTRODUÇÃO
Nos já aproximadamente duzentos anos de existência da disciplina Teologia do Novo Testamento, diversos posicionamentos teológicos tem sido discorrido e colocado em evidência dentro do contexto da teologia, podemos perceber vários posicionamentos que se desenvolveram conforme as suas referentes épocas. A partir da era do iluminismo, ocorreram mudanças na teologia que trouxe mudanças, na teologia de influencia definitiva. A teologia bíblica libertou-se de seu papel de subsidiária da dogmática e transformou-se numa disciplina descritiva, uma ciência histórica que descreve o que os escritores bíblicos pensavam e queriam dizer. 
 A teologia do Novo testamento é “científica” exatamente como qualquer outra ciência: o cientista nunca começa com uma mente vazia; toma uma “suposição”, elabora a hipótese e então realiza as experiências para ver se os elementos observáveis podem ser mais bem “apreciados” nesta nova maneira. A obra do cientista natural é muito mais fácil do que a do historiador que não pode “repetir a experiência”. Mas o processo científico é essencialmente o mesmo. 
Da mesma forma a teologia do Novo Testamento começa com uma hipótese, a qual se sustentada, está de acordo com todos os dados históricos do novo testamento e do seu tempo; procura realizar experiências baseadas nos métodos rigorosos da moderna ciência teológica, filológica, crítica, histórica e etc.; pelos quais as hipóteses podem ser julgadas e também confrontadas com outras hipóteses. 
Em nossos dias os estudos bíblicos tornaram-se tão especializados que o teólogo do novo testamento precisa confiar no labor sério de pesquisadores dentro dos assuntos teológicos fundamentados no Novo Testamento. Todos nós temos alguma idéia no fundo de nossas mentes sobre o sentido do Novo Testamento como um todo, e claro que algumas pessoas devem expressar o que pensam. Dificilmente podemos adotar uma determinada teologia do Novo Testamento, o que fazemos é escolher entre uma teologia cuidadosamente ponderada e criticada e outra adquirida subconscientemente; mais ou menos ou menos sem espírito crítico, e guardado no compartimento ideológico de nossas mentes; os quais nunca visitam. Menos os mais severos críticos da “Teologia do Novo Testamento” possuem tal compartimento embora tenha perdido suas chaves. 
 A TEOLOGIA BÍBLICA DURANTE AS ULTÍMAS DECADAS.
Este capítulo tem por intuito trazer a tona uma breve descrição sobre os desenvolvimentos da teologia bíblica, mais especificamente na teologia do Novo Testamento, nas duas décadas que transcorrem desde a primeira edição deste livro. Pois houve um período de indícios sobre a morte da teologia bíblica dentro do contexto da teologia na Inglaterra e Alemanha, porem este rumor foi prematuro, pois surgiram teologias bíblicas de grande teor Teológico enfocando com precisão todos os temas teológicos do Novo Testamento. 
 É espantoso como o campo dos estudos do Novo Testamento se desenvolveu nas ultimas décadas, pois alguns estudiosos têm surgido na busca de uma melhor compreensão do Novo Testamento, utilizando à semântica e semiologia, vindo da lingüística; outra, como critica literária, exegese e hermenêutica. 
 As poucas teologias abrangentes, que surgiram nos últimos vinte anos, mostram poucos sinais da influencia das tendências recentes nos estudos do Novo Testamento. “Duas teologias do Novo Testamento escritas em línguainglesa foram publicadas; primeira a do falecido Dr. Guthrie, que desenvolveu a sua obra por assunto; começando por “Deus”, por o homem e o seu mundo, Cristologia”, etc. 
Até certo ponto Guthrie suaviza os problemas associados a uma abordagem temática, ao agrupar o material em cada seção de acordo com a fonte, fornecendo assim alguma perspectiva histórica. Leon Morris publicou uma teologia muito menor em 1986. Ele a desenvolve de uma maneira mais habitual de examinar os vários escritores do Novo Testamento, em ordem cronológica aproximada, começando por Paulo. Embora Morris não negue o desenvolvimento nos escritores do Novo Testamento. 
 A teologia escrita por Ladd nos últimos vinte anos reflete uma orientação de uma comunidade interpretativa específica, a do “segmento evangélico”. Foi Ladd quem colaborou para que muitos fundamentalistas pudessem pela primeira vez, ver não só a aceitabilidade, mas a indispensabilidade da critica histórica. 
O teste definitivo para qualquer teologia bíblica é se esta nos capacita a ter fé e obediência á palavra de Deus, e isto foi enfatizado na teologia do Novo Testamento escrita por Ladd, pois a comunidade interpretativa de Ladd continua as nutrir os objetivos de fé e obediência a Deus. 
 Será que a Teologia do Novo Testamento, pode ser resumida apenas em um estudo de varia teologias reunidas dentro de um único escopo? Será que não devemos sim fazer uma comparação entre elas, a fim de verificar se essas diversas teologias formam uma unidade e compartilham da mesma visão fundamental? O dever de um Teólogo do Novo Testamento é tentar estabelecer uma comparação entre as perspectivas dos autores do Novo Testamento a fim de determinar ate que ponto existe algo como uma Teologia do Novo Testamento e como ela deve ser e produzir seus direcionamentos e enfoques dentro do contexto do Novo Testamento e na Ótica dos Hagiógrafos Neo-Testamentários. 
 Precisamos diferenciar dois tipos correlatos de pesquisa do Novo Testamento; o primeiro tipo tenta realizar as diversas teologias entre si, ao estudar a evolução do pensamento teológico e ver onde os diversos enunciados se encaixam melhor, essa é uma tarefa extremamente teórica e complexa. Um segundo tipo de pesquisa volta-se entre para a comparação entre as diferentes teologias, a fim de estabelecer o alcance e a natureza da unidade e diversidade encontradas. 
 O Teólogo do Novo Testamento tem a responsabilidade de determinar se existe a possibilidade de se encontrar uma unidade implícita nesses documentos, apesar de suas aparentes diferenças, examinando-os de um outro nível de percepção. O debate deve apresentar dois aspectos diferentes; por um lado o Teólogo deve levantar e apresentar as teologias dos diversos escritores do Novo Testamento, em todas suas diferenças e diversidades, depois de feito um exame cuidadoso de cada uma delas. Por outro lado, o Teólogo também deve determinar de que maneira as teologias estão relacionadas entre si, não só em termos de seu desenvolvimento histórico, mas, sobretudo, sob o aspecto teológico, colocando em enfoque a unidade teológica entre as teologias dos autores e a Teologia do Novo Testamento. 
 O PONTO CENTRAL E A ESTRUTURA DA TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO.
É difícil argumentar que as diferentes camadas e tendências que formam o Novo Testamento estejam em ultima instancia, em mutua harmonia pela maneira como tratam os diferentes temas. Porem isso é bem diferente do que existe acordo entre os autores do Novo Testamento, sobre o modo como os diferentes elementos que formam as suas teologias se encaixam e que existe uma unidade e uma coerência na Teologia do Novo Testamento como um todo. Mesmo com uma considerável sobreposição dos ensinamentos de Jesus e de Paulo, e entre os de Paulo e de Mateus, pode ser que a teologia de Jesus tenha um determinado enfoque central, ao passo que o enfoque central de Paulo ou de Mateus seja diferente.
 A questão do centro e da estrutura da teologia do Novo Testamento é, portanto importante; porem não é fácil aborda-la. Se os estudiosos encontram dificuldades até mesmo para decidir se existe um ponto central para a teologia de alguém como Paulo, considerado isoladamente, ou qual é esse centro; justificação, reconciliação e incorporação. Então deve ser ainda mais difícil identificar um ponto central para a teologia do Novo Testamento como um todo. A tarefa é particularmente complicada pela natureza ocasional do Novo Testamento e pelo fato de termos apenas uma pequena janela de acesso ás idéias de muitos de seus autores. Desse modo é impossível provar quais eram os detalhes da doutrina da cruz conhecidos pelo autor da epistola de Tiago, pois ele simplesmente não estava tratando desse assunto de modo detalhado em sua carta.
 Ao tratar a questão referente ao ponto central da teologia do Novo Testamento, devemos mencionar que os diferentes escritos têm diferentes motivações e temas. Nos escritos joaninos, por exemplo, o tema do amor tem uma particular proeminência, ao passo que em Hebreus as idéias de sacerdócio e de sacrifício são centrais. É impossível dizer e talvez não seja muito importante, ate que ponto essa ênfase reflete as circunstancias particulares dos autores e de seus leitores, e ate que ponto reflete a característica das ênfases teológicas dos respectivos autores.
 Poderíamos sugerir que a teologia do Novo Testamento esta relacionada á missão divina para o mundo, e que inclui os seguintes elementos:
 O Contexto: O Deus único, o criador, o Deus de Israel, em seu amor e cumprido as Escrituras, interveio por intermédio de Jesus para completar seus propósitos de Salvação por meio de seu povo Israel, trazendo, desse modo um fracassado e hostil de volta a seu governo, restaurando-o ao amor e á perfeição que Ele sempre quis. 
 O Centro: Jesus é o Messias de Israel ungido pelo Espírito, o filho de Deus. Por intermédio de sua vida, e de seu ensinamento, e acima de tudo pela sua morte e ressurreição, Ele anunciou e inaugurou a regra salvadora de Deus, convidando outros a receberem o dom divino. 
 
 A Comunidade: Aqueles que recebem Jesus e sua salvação por meio da fé, tendo em vista que o batismo e a eucaristia são expressões dessa fé, é por meio do verdadeiro Israel e com ele o filho de Deus, tendo o Espírito Santo como o sinal de sua filiação. 
O Ápice: A missão de restauração estará completa quando ao Senhor voltar para julgar o mundo, ocasião em que a impiedade será finalmente vencida, o povo de Deus será exaltado e aperfeiçoado, e a criação como um todo será restabelecido á sua gloria, conforme a vontade e o plano do Senhor. 
 Essa visão coerente é refletida em todas as principais passagens do Novo Testamento, embora seja expressa de varias modos e com diferentes ênfases. Todos esses quatro elementos estão claros no ensino de Jesus a respeito do reino, conforme atestado nos três evangelhos sinópticos; os mesmos temas são encontrados no quarto Evangelho (embora a terminologia utilizada não seja a linguagem normalmente empregada quando se fala do Reino, e não há nenhuma menção á expectativa futura), em Paulo, em Hebreus, e ao longo das demais passagens.
 JESUS NA TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO.
A ênfase dentro da Teologia do Novo Testamento deve estar sempre direta ou indiretamente enfocando Jesus, tendo em vista que Ele não somente foi uma das fontes dos próprios Evangelistas ao comporem os quatro Evangelhos, como também foi o fundamento doutrinário para a composição dos outros livros contidos no Cânom do Novo Testamento. 
 Os Evangelistas consideram importantes não apenas apresentar os ensinamentos de Jesus, mas também enfocar e descore de forma temática e organizada a historia da vida de Jesus. É altamente relevante e significativo ressalta que havia Cristãos que sentiam necessidade de ser ressaltado a forma como ele via eentendia a vida de Jesus, isso em uma época em que muitas epistolas já tinham sido escritas e algumas inclusive já eram conhecidas em outros locais, alem de seus destinos originais; consequentemente, isso mostra que, embora houvesse teólogos entre os primeiros cristãos. A Igreja primitiva nutria um desejo de ver a teologia das epistolas dentro de um contexto mais amplo, ou seja, em uma integração com a vida e os ensinamentos de Jesus realizado pelas obras teológicas que hoje conhecemos como os Evangelhos. Assim o Jesus histórico e seus ensinamentos forma inseridos no Novo Testamento e, portanto, em sua teologia por meio fundamentalmente dos Evangelhos. 
 A atuação histórica do Mestre é o ponto de partida de todo o cristianismo, de toda a pratica e pensamento cristãos. Portanto, nada mais apropriado do que um estudo sobre a influencia de Jesus. Neste sentido, ele é o pressuposto da teologia de seus seguidores. Jesus é o tema da reflexão dos Evangelhos, logo as obras dos Evangelistas devem ser vistas como parte significativa na busca por uma Teologia do Novo Testamento. Então a Teologia do Novo Testamento deve ter Jesus como o tema principal, e a partir deste assunto conduzir a uma Teologia que ressalve os pontos principais do pensamento e da visão teológica dos autores Neo-Testamentários. 
 A Teologia do Novo Testamento apresenta uma unidade dentro do desenvolvimento doutrinário composto e ensinado Por Cristo. Pois vários pontos doutrinários que são abordados nas Epistolas tem seu nascimento dentro da ação, visão e atuação de Cristo em cima do tema que estiverem sendo abordados por seus autores. A Soteriologia apresentada por Paulo, tem a sua concepção e pensamento ressaltado, porem parte dos princípios enfocados por Cristo. A vida Cristã norteada e composta por Tiago em sua epistola não fica só pautado no que o autor defende, mas sim a partir do que Jesus apresentou em seus ensinos. Os autores trabalham com suas abordagens e visibilidade sobre o assunto, mencionando sempre tópicos que vão de encontro ao que Jesus defendeu e apresentou em seus ensinos. Ficando assim ressaltado que sua teologia dentro do desenvolvimento do Novo Testamento surge através do relacionamento vivencial que eles tiveram com Jesus, como seus discípulos e alunos seletos. Compondo assim uma Teologia de cunho Messiânico com ressalvas e adequações para as situações que estavam enfrentando e se contextualizando, porem nunca saindo do enfoque principal, que era transmitir o que “viram e ouviram”; surgindo no cenário da Igreja primitiva uma Teologia, que era fruto de ensinos, debate, prédicas e atuações eclesiásticas dos autores Neo-Testamentários, pautadas no que Jesus lhes transmitiu e deixou. 
· CRISTOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO: Neste sub-ponto, estaremos vendo um assunto que não é divergente ao que foi visto acima, porem tem um enfoque mais doutrinário, e direcionado à análise dos ensinos de Jesus Cristo; como foram recebidos e interpretados pelos Apóstolos, que foram seus alunos e discípulos. A Cristologia geralmente é considerada uma subdivisão da Teologia; pois este fato tem influído na imagem que historiadores e Teólogos nos dão da fé dos primeiros cristãos: Começam por expor suas idéias sobre Deus, e não mencionam, a não ser em segundo lugar, suas convicções cristológicas. Tal é a ordem geralmente seguida nos antigos tratados de Teologia do Novo Testamento. Torna-se tentador adotar esta ordem uma vez que ela é seguida pelas posteriores confissões de fé. Em conseqüência disso, se crê que a Igreja Primitiva se interessou em primeiro lugar por Deus, e só em segundo lugar por Cristo. Na realidade, não e´assim; a extensão desigual dos dois artigos, por si só, bastaria para pôr o fato em evidencia. Por outro lado, pode-se demonstrar que a ordem trinitária das confissões de fé posteriores: Deus, Cristo, Espírito Santo era desconhecida para as fórmulas mais antiga que resumem a fé cristã. Estas apresentam antes uma tendência exclusivamente Cristológica: não havia então, como ocorrência nas confissões de fé posteriores uma separação entre Deus e Cristo. Desta divisão ulterior nasceu a opinião errônea segundo a qual a obra de Cristo não teve, aos olhos dos primeiros cristãos, nada a ver com a Criação, apenas com a Redenção. Para estes era impossível imaginar o mundo sem relacioná-lo a sua fé em Jesus Cristo. Ademais quase todas as formas mais antigas de um só artigo: O Cristológico. A Cristologia sendo a ciência que tem por objeto a pessoa e a obra de Cristo. Necessitamos agora perguntar em que mediada isto já constituía um problema para os primeiros cristãos e em que consistia. As discussões Cristológicas posteriores se relacionam todas as pessoas de Cristo, á sua natureza: Por um lado a sua relação com Deus; por outro a união existente entre a sua natureza divina e a sua natureza humana. No Novo Testamento não se fala quase nunca da pessoa de Cristo sem que se trate ao mesmo tempo, de sua obra. Inclusive no prólogo do Evangelho de João, onde se diz que: “O Logos estava com Deus e era Deus”; se acrescenta imediatamente que por este “Logos” “todas as coisas foram feitas”; o que significa que ele é o mediador da Criação. Além disso, se este prólogo fala do ser do Logos é somente para poder dizer, ao longo dos vinte e um capítulos do Evangelho, o que fez como Verbo encarnado. Quando o Novo Testamento pergunta “Quem é Cristo”? Isto não significaria jamais, exclusiva e principalmente, qual é a sua natureza? Mas antes de tudo qual é a sua função. Assim as diversas respostas que o Novo Testamento dá a esta questão é que desenvolve e organiza uma Cristologia como Doutrina componente a Teologia Sistematica, e que tem sua participação cumprida e dimensionada no Novo Testamento compondo assim a Teologia do Novo Testamento. 
 UNIDADE E DIVERSIDADE DENTRO DA TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO.
A interpretação que o Antigo Testamento apresenta da redenção divina fornece os esboços e os traços mais amplos da consumação do propósito supremo de Deus. Alguns estudantes dão muita ênfase ao fato de que os profetas tiveram pouco ou nada a dizer explicitamente sobre a era da Igreja, no entanto, a perspectiva a partir do qual Deus garantiu aos profetas verem os grandes eventos redentores, foi a do seu próprio ambiente, a história da nação de Israel. 
É bom mencionar também, que alguns estudantes fazem uma nítida distinção entre o “Evangelho do Reino” proclamado por Jesus e o “Evangelho da Graça” pregado por Paulo, como se fossem diferentes. Entretanto, o Evangelho do Reino é o mesmo essencialmente que o Evangelho da Graça; a aparente diferença deve-se a perspectivas distintas ao longo da história redentora. Deveria ser obvio que, se o nosso Senhor experimentasse grande dificuldade em convencer seus discípulos de que a morte messiânica era um fato dentro do escopo do propósito divino (Mt 16: 21- 23), dificilmente poderia instruí-los a respeito da importância dessa morte em termos de graça e redenção. 
Era inevitável que o evangelho, as boas novas da redenção, fosse previamente descrito pelos profetas em termos diferentes daquele apresentado pelos Apóstolos, depois que o evento da morte e ressurreição messiânica já havia se tornado uma parte da história da redenção. Há uma grande riqueza na variedade encontrada na Teologia do Novo Testamento, que não deve ser sacrificada. Os ensinamentos do Reino de Deus nos Evangelhos Sinóticos, da vida eterna em João, da justificação e da vida em Cristo nos ensinos de Paulo, do Sumo Sacerdote divino em Hebreus, e do Cordeiro que é um vencedor, o Leão e o Filho do Homem no Apocalipse, são modos diferentes de descrever vários aspectos e profundidades de significado incorporadas no único e grande evento redentor, a pessoa e a obra de Jesus Cristo, há uma grande perda quando esta variedade não é reconhecida. Como vimos a Teologia do Novo Testamento é essência uma Teologia missionária, pois é composta em pleno exercíciodos seus autores dentro da missão que estavam cumprindo como discípulos de Cristo. Sendo a formação dos documentos Neo-Testamentários, resultado de uma missão podemos dividi-las em duas fases, que iremos apresentar a seguir; a primeira fase sendo conduzida na missão de Jesus enviado por Deus para inaugurar entre nós o seu reino, convocando as pessoas para aceitá-los. Na segunda fase temos a missão de seus seguidores chamados para dar continuidade à obra de Jesus, proclamando-o como Senhor e Salvador, convocando as pessoas para um compromisso de fé em Jesus, para assim o crescimento da Igreja gerada em Pentecostes ser cada vez mais expressivo. Sendo assim a função primaria dos escritos Neo-Testamentários é dar testemunho do evangelho que é proclamado por Jesus e seus discípulos. O Novo Testamento trata então da missão de Deus e a mensagem a ela associada; e dentro deste tema se desenvolve a unidade da Teologia do Novo Testamento, uma unidade temática apontando para uma Teologia composta em um exercício de uma missão, e esta a evangelização mundial e o aperfeiçoamento espiritual da Igreja. 
 O Novo Testamento abriga dentro de si idéias dispares; esclarecemo-las para nós mesmos em termos de Cristologia, atitudes para com a Tora, Soteriologia, Escatologia e doutrina dos sacramentos. Estas diversidades referem-se por sua vez, a um problema ainda mais profundo dentro dos enunciados do Novo Testamento: Deus como dado e palpável e Deus como não dado e palpável. A unidade encontra-se nos três grandes blocos da proclamação de Jesus, Paulo e o Quarto Evangelho; no modo como o homem é visto em sua posição diante de Deus. O Novo Testamento é Cristocêntrico, e essa Cristocentralização tem uma variedade de aspectos interligados. A ênfase exclusiva sobre um ou outro aspecto corre o risco de minimizar ou maximizar um em detrimento do outro. Os vários aspectos precisam ser cuidadosamente investigados, expostos e vistos em relação a cada um dos outros. As divergências surgem por parte de alguns autores devidos suas posições teológicas e visões culturais e filosóficas; porem o segmento doutrinário possui uma unidade e Jesus é o centro desta unidade, e todos autores neste posicionamento se interligam e em cima deste direcionador compõe-se a Teologia do Novo Testamento.
 O PRINCÍPIO DA SISTEMATIZAÇÃO TEOLÓGICA NA FONTE DOS EVANGELHOS.
A fonte “Q” (fonte de Quelle), nos permite remontar a tradição pré-sinótica e com isso á fase inicial da Teologia Cristã primitiva. Porem o fato de tratar-se de uma fonte implica em alguns fatores de insegurança; não é de se excluir, por exemplo, que se encontrasse na fonte Q, palavra de Jesus aceita só por um dos dois Evangelistas, ou, em certos casos não registrados por nenhum deles. Não é possível, portanto, definir com exatidão o âmbito da coleção dos logia (ditos), ou seja, as narrativas. Sabe-se pela analise histórico-redacional dos evangelhos, que tanto Mateus como Lucas adaptaram o material da tradição as suas respectivas intenções. Finalmente, nem sempre é possível, na presença de variantes, identificar a lição original; todavia em casos semelhantes o exame da redação dos evangelistas permite encontrar dados mais precisos para um juízo sobre as variantes. A pesquisa parte da observação seguinte: do confronto dos evangelhos de Mateus e Lucas, comprova-se que estes Evangelistas concordam não só nos logia isolados, ou seja, nos dados isolados, mas também nas unidades de composição maiores ou menores, formadas pela coordenação dos dados, evidentemente elas já se encontravam em Q. Tais unidades alem de serem agrupadas pela associação de termos técnicos, fato que se verifica especialmente na tradição oral, são também ordenadas por argumentos. Os ditos mais antigos são interpretados mediante acréscimos, ex: Lc. 6.22, Lc. 10.22, Mt. 10.35, Mt. 11.10. Isso supõe um esforço de penetração e uma reflexão teológica do material da tradição. Ale disso, certos motivos e tendências teológicas se repetem nas diversas unidades, o que indica que aqui estamos realmente na presença de um filão primitivo da tradição cristã, no qual a coleção já estava fixada por escrito. 
 Os agrupamentos mais extensos dos logia, que se encontram nos dois Evangelistas, são destacados a seguir na ordem de Lucas, para que possamos ter uma primeira idéia dos temas da coleção:
· Pregação de João sobre o juízo e anuncio da condenação ao fogo (Lc. 3.7 a 9.16; Mt. 3.7 a 12).
· Tentação de Jesus (Lc. 4.1 a 2; Mt.4 1 a 11).
· Discurso programático (Lc. 6.20 a 23.27 a 49; Mt. 5.3 a 12.38 a 48; Mt. 7. 1 a 5, 15 a 20,21,24 a 27)
· Oração pela vinda do Reino (Lc. 11.2 a 4; Mt.6.9 a 13).
· Sobre o atendimento da oração (Lc. 11.9 a 13; Mt. 7. 7 a 11).
· Contra os fariseus e os doutores da lei ( Lc.11.39 a 52; Mt.23.4 a 36).
· Perseguição atual e reabilitação futura dos enviados ( Lc.11.39 a 52; Mt.23.4 a 36)
· Buscai primeiro o reino (Lc.12.22 a 31; Mt.6.25 a 34).
· Exortações escatológicas (Lc. 12.39,42 a 46; Mt. 24.32 a 51).
· Tribulação escatológica ( Lc.12.51 a 53; Mt.10.34).
 O discurso de Lc. 10. 2 a 16 a 21 é importantíssimo para a compreensão do grupo. Segundo “Q”, o discurso começa não com uma indicação local como seria de se esperar, mas com uma indicação temporal (Lc. 10.2): A grande ceifa escatológica já esta começada, é necessário por isso, pedir ao dono da seara que mande operários para a sua ceifa. A atividade missionária entre os pagãos ainda não entra em consideração; ao contrario: Mt. 8.10 a seguir mostra que a fonte “Q” seguindo a tradição Vétero-Testamentaria da perseguição das nações, considera a vinda dos pagãos no fim dos tempos como um acontecimento independente da missão. Os enviados devem entrar nas casas e oferecer aos habitantes a saudação da paz acompanhada da benção escatológica, que assim diz e declara: “Se lá houver um discípulo da paz, repousara sobre ele a vossa paz, senão retornara a vós” Lc. 10.6. Neste aspecto a saudação de paz, tem o efeito de uma palavra de ordem, que abre para os enviados as casas hospitaleiras. Os enviados devem curar os doentes e anunciar que o reino de Deus esta próximo.
 As exigências que se relaciona com a situação político-social, se ligam em “Q” a afirmações religioso-apocalípticas. Este entrelaçamento corresponde à fé judaica em Ihaweh, como Senhor da história. Levando em consideração a história da época é de supor que, com o seu programa, o grupo tomasse posição contra o insurrecional espalhado entre todo o povo. Não se deve esquecer o caráter religioso apocalíptico daquele movimento político Os seguidores do movimento de libertação consideravam a revolta contra Roma como o caminho ordenado por Javé. Tratava-se da guerra santa escatológica, que devia levar a instauração do Reino Messiânico universal.com sede em Jerusalém. A escolha do caminho da violência fora determinada pelo zelo pela causa de Javé e da sua lei. O conflito com Roma tinha recrudescido principalmente no ultimo decênio antes da guerra judaico-romana, igual recrudescimento dominava também a polêmica entre os partidários da violência e da paz.
 No âmbito da tradição Neo-Testamentária sobre Jesus as palavras do Senhor recolhidas pelo grupo na fonte dos logia foram conservadas somente indiretamente nos evangelhos de Mateus e de Lucas, uma vez que foi por eles reinterpretada no quadro de uma teologia posterior. Isto se explica pela historia do grupo de “Q” de fato, fora da Palestina e depois da destruição de Jerusalém a sua mensagem não teria mais ressonância. Por isso, a cristandade sucessiva acolheu as palavras recolhidas pelo grupo como compêndio do ensinamento de Jesus e anexou-as á própria pregação. Seria necessário um estudo especial para mostrar em que sentido a fé do grupo no filho do homem influenciou a geração posterior. Se é verdade que a revelação sobre o Filho do homem pertence a uma fase mais antiga da reflexão cristológica, o estudo de “Q” pode ajudar-nos principalmentea descobrir os germes da Cristologia. Tratar-se-ia então de examinar como a concepção do grupo influenciou a evolução posterior. 
· A Expressão Filho do Homem nos Sinópticos: O uso da expressão Filho do Homem nos Sinópticos pode ser classificado em três categoriais distintas: O Filho do Homem servindo na terra; o Filho do Homem no sofrimento e na morte; o Filho do Homem na glória escatológica. Considerações dogmáticas influenciam o julgamento dos estudiosos em sua avaliação das declarações sobre o Filho do Homem. É claro que uma determinada compreensão, que o estudioso tenha concernente à natureza da historia,ajudará a determinar sua decisão sobre aquilo que poderia ser considerado verdadeiro a respeito de Jesus. “A questão decisiva no problema do Filho do Homem não é a autenticidade de um grupo de declarações em oposição a outros, mas sim a natureza da história”. A erudição moderna reconhece que o retrato que o evangelho apresenta a respeito de Jesus é o de um homem com uma autoconsciência transcendente, que a Igreja primitiva acreditou e reinvidicou ser o filho do homem escatológico do dia do julgamento. A idéia de que o Filho do Homem deveria aparecer sobre a terra em humilhação e para sofrer e morrer não encontra paralelo no Judaísmo ou na Igreja primitiva. A Igreja, com freqüência referiu-se aos sofrimentos de Cristo ou de Jesus Cristo, mas nunca aos do Filho do Homem. O fato de que a frase Filho do Homem aparece somente nas próprias palavras de Jesus, parece provar conclusivamente que o titulo Filho do Homem deve ter sido incontestável e, verdadeiramente, a designação que Jesus fez de si mesmo. Isto é fundamental, muito embora a maioria dos críticos falhe em reconhecer a força deste fato. Há um padrão que pode ser detectado no Evangelho de Marcos. Cesaréia de Filipo e o reconhecimento que Pedro fez do messiado de Jesus marcam um ponto de mudança que se constitui uma nova direção de auto-revelação de Jesus aos seus discípulos. Antes de Cesaréia de Filipo, Ele só dizia a respeito de si mesmo, que era o Filho do Homem terreno. Depois do evento em Cesaréia de Filipo são introduzidas duas novas observações: O Filho do Homem deve sofrer e morrer, mas posteriormente viria como o Filho do Homem escatológico para julgar e governar no reino escatológico de Deus. Marcos registra dois usos do titulo no início do ministério de Jesus. Quando criticado por perdoar os pecados do paralítico, Jesus declarou: “... O Filho do Homem tem na terra poder para perdoar os pecados” (Mc. 2.10). A expressão nesta declaração é muitas vezes interpretada como um sinônimo para a humanidade, e não como um titulo messiânico, mas no contexto dificilmente tal interpretação seria possível. A prerrogativa de perdoar pecados deve permanecer exclusivamente com a vinda de Deus e não dos homens. De fato Jesus foi acusado aqui de blasfêmia, uma vez que somente Deus poderia perdoar pecados (V.7). Jesus, no episódio, como Filho do Homem, reivindica ter autoridade para perdoar pecados. Além do mais, a expressão “sobre a terra” não pode ser negligenciada. Um contraste entre os céus e a terra esta envolvido, mas o contraste não pode ser colocado entre as prerrogativas divina exercida nos céus, como se ainda estivesse se contrapondo á autoridade de Jesus sobre a terra. Antes, o contraste pode sugerir duas esferas da autoridade de Jesus. Ele possui esta autoridade como o filho do homem divino; e agora, ele trouxera esta autoridade como o filho do homem divino; e agora, ele trouxera esta autoridade á terra e a estava exercendo entre os seres humanos. Jesus contrastou sua própria conduta com a de João Batista. João veio como um ascético; Jesus, por outro lado, como o Filho do Homem, veio como um ser humano normal; cumprindo assim o desenvolvimento da humanização do Verbo.
 A TEOLOGIA DESENVOLVIDA POR PAULO.
O pensamento teológico de Paulo constitui não apenas o centro do Novo Testamento do ponto de vista cronológico, mas também determina decisivamente a evolução do pensamento cristão primitivo. No século 20 começou-se a separar a proclamação do Jesus histórico, da descrição feita pelos evangelistas. Nesse empreendimento vieram á luz diferenças fundamentais entre a teologia de Paulo e a predica de Jesus. Intensificou - se então a impressão de que Paulo desempenhou o papel decisivo na modificação da pregação de Jesus na fé em Cristo da comunidade primitiva. Reconheceu-se entrementes que premissas muito importantes do pensamento Paulino já foram criadas na comunidade Palestinense e mais tarde, também na helenista. Também se reconheceu que Paulo utiliza em suas cartas várias tradições formuladas anteriormente, que lhe servem de pontos de partida para sua argumentação teológica. Por outro lado foi esclarecido que, embora o Novo Testamento apresente, em seqüência cronológica imediata, uma serie de escritos que tem como premissa o pensamento teológico de Paulo ou que se fazem passar diretamente por Paulinos. Porem existe, numerosos escritos que se contrapõem de uma ou outra maneira a Paulo; como os seguintes escritos: Os Evangelhos, Atos dos Apóstolos, Epistola de Tiago, 2ºEpistola de Pedro, As Epistolas de João e do Apocalipse de João. Portanto ao fazermos uma analise mais detalhada detectamos que Paulo não constitui o centro do Novo Testamento, porem influenciou decisivamente a evolução do Cristianismo primitivo tardio. Paulo foi o missionário do cristianismo primitivo; trazendo numa resolução clara o Evangelho aos não Judeus, tirando dessa tarefa as conseqüências teológicas e práticas. 
 O significado de Paulo no contexto da evolução dos pensamentos do Cristianismo primitivo reside em que ele foi o primeiro Teólogo cristão, tal fato inegável, no entanto, não deve fazer com que leiamos as cartas paulinas como textos dogmáticos e as abordemos com perguntas teológicas que lhe são estranhas. Paulo foi um teólogo, mas como um missionário. Por isso seu pensar teológico é determinado em grande escala pela confrontação com suas comunidades e com opiniões divergentes que se faziam ouvir nas comunidades. Esse simples fato acarreta que ele não reflete sistematicamente, mas em conexão com a tarefa missionária. A sua reflexão não nos foi conservada numa apresentação sistematica, mas em cartas escritas para determinados leitores e para dentro de determinada situação. 
 Uma pressuposição histórica do pensamento teológico de Paulo deve ser levada em consideração quando se quer interpretá-lo corretamente. Como se sabe, Paulo fora inicialmente um fariseu convicto, discípulo de um conhecido rabino em Jerusalém (Fl.3.5; Gl. 1.14; At.22.3), mas ao mesmo tempo fora um Judeu da diáspora. Possuía um conhecimento da cultura helenista pelo menos tal qual resultava pelo contato com não Judeus numa cidade helenista. 
Por isso não se pode explicar a Teologia desenvolvida por Paulo, de modo unilateral a partir de uma só premissa histórica, ainda mais porque o Judaísmo Palestinense e o helenista não são grandezas rigorosamente distintas. Nos casos específicos, contudo, é difícil decidir de que premissas histórico-religiosas. Paulo parte em um determinado contexto, motivo pelo quais muitas perguntas exegéticas não podem ser respondidas com segurança. 
· De onde surgiram as idéias, pensamentos e reflexões; que originaram a Teologia Paulina? Paulo era um homem de três “mundos”, tendo sido educado como Judeu e sua formação religiosa e cultural era hebraica, pois pertencia a elas, por nascimento e tradição; viveu também na Grécia, qual a cultura e religiões e maneira de encarar o mundo era dominante em seu tempo; e pertencia ao mundo romano como cidadão do mesmo. Podemos supor que Paulo apesar de Judeu era basicamente um Grego, em sua maneira de pensar e de ver o mundo. Logo, quando formos estudar a sua pregação, devemos procurar paralelos no mundo grego em sua literatura, filosofia e religião; tendo sidomuito influenciado pela cultura helênica, devido a ser um Judeu da Dispersão. Outras duas fontes que influenciaram a pregação do Paulo foram: Os ensinos de Jesus, os quais Paulo recebeu por revelação e por instrução de outros, que já eram cristãos anteriormente. E segundo o ensino ou credo da Igreja primitiva conduzida pelos Apóstolos. Ao estudarmos então o pensamento de Paulo, devemos buscá-lo entendê-lo á luz das Escrituras do Antigo Testamento, do ensino do Senhor Jesus e da mensagem da Igreja Apostólica que se encontra refletida nos demais escritos do Novo Testamento. Apesar de inspirado por Deus, Paulo continuou sendo um ser humano normal, sujeito ao processo do crescimento, amadurecimento e envelhecimento como todos nós. É freqüente acontecer que escritores modifiquem seu pensamento e suas idéias com o correr dos anos, ao ponto de rejeitarem obras do inicio de suas carreiras, pois não mais refletem seu pensamento. O conhecimento de Paulo foi sendo aumentado mais e mais, não somente através das revelações do Senhor, mas através do estudo das Escrituras, da necessidade de dar respostas doutrinárias e práticas para os problemas das Igrejas que havia plantado, através do convívio com os outros apóstolos. Porém, este crescimento gradual não implica em contradição interna no pensamento do apóstolo, da mesma forma que o caráter progressivo da revelação de Deus nas Escrituras não implica em contradição entre as diferentes fases. Existem diferenças entre a mensagem de Paulo e a dos demais autores do Novo Testamento; pois há certas doutrinas em Paulo que não ocorrem os Evangelhos; como Adão sendo tipo de Cristo e os Cristãos que agora estão livres da escravidão da Lei. Também há certas ênfases em Paulo que aparentam contradizer o ensino de outros autores. O caso mais conhecido é o ensino de Paulo sobre a justificação pela fé somente, que parece ir contrário á Tiago 2, onde se diz que a salvação é também por obras, e não somente por fé. Há certas abordagens doutrinarias que estão presentes nos outros hagiógrafos Neo-Testamentários, que Paulo não aborda como a doutrina do reino de Deus e reino dos Céus abordados pelos Evangelistas. Mas isto não quer dizer que estaria ocorrendo uma contradição entre os escritos de Paulo e os demais autores, mas sim uma diversificação de visões e abordagens teológicas; trazendo assim em uma unidade de todas as abordagens uma contribuição a uma perspectiva mais elucidativa da Teologia do Novo Testamento. 
 TEMAS CENTRAIS ABORDADOS NA TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO.
A Teologia do Novo Testamento possui em seu desenvolvimento doutrinário, algumas abordagens temáticas, que enfocam posicionamentos defendidos pelos autores Neo-Testamentários, que podemos dizer formam uma sumula doutrinária do Novo Testamento; pois são assuntos discutidos e explanados por todos os autores, ocorrendo assim uma ampliação dos desenvolvimentos de pensamento e composição teológica do tema. Portanto a seguir estaremos analisando esses temas separadamente:
· FÉ E OUVIR: Nada é para se iniciar considerações e exposições sobre a teologia do Novo Testamento do que um estudo do conceito fundamental de fé, posto que sem fé o significado interno do NT seria incompreensível. Nada existe no AT que seja correspondente ao conceito neotestamentário de fé (pístis); no AT Deus é único fiel, imutável e sempre leal a sua aliança e promessa. O NT reafirma naturalmente esta verdade: “Quem fez a promessa é fiel (pistós)” (Hb 10.23, Rm 3.3, 1º.Ts 5.24, 2 Ts 3.3). Em Hebreus é definida a fé como, “a certeza de coisas que se esperam a convicção de fatos que se não vêem” (Hb 11.1): só podemos ter provas a respeito da realidade do invisível, quando confiamos na fidelidade de Deus. Então, entenderemos a verdade (Hb 11.3). No NT, fé significa antes de tudo, fé em Jesus Cristo, que é há mesmo tempo o objeto e o doador da fé aos discípulos. Jesus mesmo ensinou aos discípulos a necessidade fundamental da fé. O ensino de Jesus referente à fé, pelo evangelista Marcos em seu evangelho, pois Marcos apresenta o sumario da pregação de Jesus na Galiléia, com a proclamação da necessidade de arrependimento e fé diante da aproximação iminente do reino de Deus (Mc 1.15). Ensinos de Jesus, segundo o registro sinótico, indicam que ele apelava constantemente à fé; fé nas boas novas de que o reino de Deus estava perto, ou fé em si mesmo, como sendo, de certo modo, o sinal de que reino de Deus para chegar. Desde e o começo de sua pregação, Jesus queria que tivessem fé em sua pessoa. Em que sentido esperava que o povo cresse nele? A designação de “filho do homem”, que tanto empregava , dá-nos a indicação. Jesus efetuou milagres e maravilhas como está narrado nos evangelhos para causar a fé em todos que presenciavam e para que as multidões o reconhecessem como filho de Deus, o Messias prometido. A afirmação “Jesus é Senhor” (Rm. 10.9, 1ºCo. 12.3 e Fl.2.11), faz parte das profissões de fé das comunidades primitivas, essa afirmação encerra tanto a profissão de fé na ressurreição de Jesus por obra do Pai, quanto a sua constituição como Senhor da comunidade e do mundo. A fé professada pelos Apóstolos e a Igreja primitiva, expandiu e consolidou-se após os eventos: Páscoa, Pentecostes e ressurreição, daí para frente à fé era a firmada em Jesus, e a fé no poder de Deus que e o ressuscitou dentre os mortos (Cl 2.12) ou ainda mais objetiva, fé em Jesus Cristo (Gl 3.22 e At 16.31). O apóstolo Paulo é o autor do Novo Testamento que mais explicitamente ensina a verdade de que a salvação é obtida somente por meio de resposta obediente da fé a proclamação dos atos de Deus em Jesus Cristo; a fé é, no seu mais profundo significado, o “sim” da personalidade inteira ao fato de Cristo. A fé em Cristo adquire uma relação correta com Deus o qual desfaz toda hostilidade; esta relação se expressa em termos de dikáiosis (justificação), uma vez para Paulo salvação significa primeiramente a obtenção do dikaiosyne (retidão), que os cristãos possuem através da fé em Jesus Cristo (Rm 3.22). Retidão divina e a salvação procedem de Deus e espalham entre os homens, e são aprendidas agora mediante a fé em Cristo: Aqui está, para Paulo, o coração do Evangelho (Rm 1.16). A fé no sentido da mensagem proclamada pelos Apóstolos e Evangelistas, era a afirmação do que Deus fizera em Cristo. A Igreja Primitiva vivia da comprovação da sua fé, obtendo experiências expressivas de ações sobrenaturais que ocorriam em todo momento da Igreja, se tornando referencia para sociedade, sendo uma das causas para o crescimento alcançado pela Igreja. A fé no sentido neotestamentário não é o mero assentimento intelectual a uma hipótese ou dogma. No Novo Testamento em geral a fé aparece intimamente associada com a audição, e na linguagem bíblica ouvir é quase sinônimo de obedecer. “A fé (pistis) vem pelo ouvir (akoé)” e ouvir é o resultado da pregação da palavra de Cristo (Rm 10.17), fé segundo Paulo é a resposta à palavra pregada de Cristo; é obediência ao chamado de Deus para a salvação. Fé, portanto envolve decisão pessoal, confiança, entrega e obediência; é a aceitação sincera das exigências de Deus sobre o homem, na situação que esse se encontra, com resposta apropriada na vida e ação. É assim que no Novo Testamento o vocábulo obediência transforma-se virtualmente em expressão técnica para designar a aceitação da fé cristã (At 6.7, Rm 1.5, Gl 5.7, 1Pe 1.2, 1Pe 3.1). A Fé não se conquista e se atinge de uma vez para sempre; a partir de um determinado momento; é uma relação que deve ser mantida por meio de esforço constante, visto que o homem não esta livre da tentação da descrença e da desobediência (1Co 9.26), a vida cristã é uma constante luta pela fé (Fp 1.27). Fé é aperfeiçoada no desenvolvimento da experiência salvífica, no dia a dia do exercitar da Fé, vai se gerando um crescimento da confiança depositada em Cristo, condutora de esperança e dependência ainda mais ampla no viver da fé. O testemunho tem sua participação preponderanteno crescimento gerador de uma fé genuína, porém a experiência conduz a uma praticidade ainda mais ampla do exercitar a fé, saindo da perspectiva idealizada para a alcançada no caminho da dimensão do sobrenatural; e esta se torna a realidade da vida de fé e por fé, apresentada pelo Novo Testamento.
· A NECESSIDADE DO REINO: O MUNDO E A HUMANIDADE:
· MUNDO: Embora Jesus partilhasse da atitude geral do Novo Testamento no tocante à era presente, como o domínio de Satanás, Ele ainda não considerou o mundo criado como mal. O dualismo grego contrastou o “noumena” (o mundo ao qual pertence à alma do homem, com o “phenomena” o mundo que inclui o corpo do homem). No pensamento gnóstico posterior, o mundo material era considerado ipso facto (o reino do mal). O pensamento Hebraico, todavia, considerava o mundo como a criação de Deus e muito embora estivesse impregnada de males, era em si mesmo bom. Jesus partilhava a visão hebraica do mundo, Ele claramente considerava Deus como o criador, e tanto o homem quanto o mundo como sua criação (Mc 13.19, Mt 19.4). Jesus usava, muitas vezes, muitas ilustrações extraídas da natureza para elucidar seus ensinamentos assumindo a ordem e a regularidade da natureza como uma prova do cuidado constante e imutável de Deus para com as suas criaturas. Deus não apenas criou, mas também sustem o mundo. Ele veste os lírios do campo e alimenta os pássaros (Lc 12.22). Jesus atraiu sobre si mesmo a ira dos puristas religiosos por causa de seu habito de comer juntos com as pessoas consideradas irreligiosas (Mt 9.10; Lc 15.1,2). Jesus ensinou aos seus discípulos a confiar em Deus para o suprimento de suas necessidades físicas. O “mundo” (kosmos) não é um mundo físico ou um mundo da humanidade, mas o conjunto complexo da experiência humana na terra. Alcançar tudo quanto o indivíduo possa desejar na esfera humana não é considerado um mal em si mesmo, mas tal objetivo não deve ser o centro da verdadeira vida de uma pessoa. É possível obter todas as coisas na esfera humana, mas perder sua verdadeira vida, que somente pode ser encontrada em sua relação com Deus. A sociabilidade é permitida e importante, mas com o enfoque de sermos “Luz” e “Sal”, pois muitas vezes o mundo é apresentado metaforicamente como a decadência existencial pertinente a uma sociedade sem vida de compromisso com Deus. A Igreja é para ser o resplandecer de Cristo na sua “fé e obras”, em uma estruturação de uma conciliação social que promova a Igreja, como corpo representativo de Cristo vencendo as hostes do mal, na esfera de ataque dos principados e potestades; dentro do âmbito da batalha espiritual apresentada por Paulo em Efésios. As afirmações de Paulo sobre satanás como o “deus deste éon”, sobre a ocorrência sem exceções do pecado na humanidade, e sobre a irremediável situação do homem carnal de não poder ajudar-se a si próprio (2ºCo. 4.4; Rm. 3.19 e 23 e Rm. 7.24). São apresentadas para produzir uma conscientização da vida de dependência exclusiva de Deus, para podermos vencer “o mal”, pois o revestimento de autoridade e armadura espiritual é com a intenção de descentralizar e desfocar a auto-suficiência natural do homem e o enfoque central de ter a dependência de uma vida com Deus, gerada por uma intimidade e busca de Deus e de poder para vencer os ataques que ocorrem no Mundo, descentralizados de Cristo.
· HUMANIDADE: Jesus na realidade considerou a humanidade como muito mais valiosa do que o mundo animal. O homem, na condição de criatura de Deus, tem maior valor do que os pássaros ou os lírios do campo (Mt 6.26-30, 10.31). Deus se importa com a humanidade; os próprios cabelos da cabeça de cada pessoa estão todos contados (Mt 10.30). Como criaturas de Deus, a humanidade tem obrigação de servi-lo. Não podem fazer reivindicação alguma ao seu divino Mestre. Quando realizam tudo quando tiveram possibilidade de fazer, não fizeram mais do que seria de esperar de servos no desempenho de suas funções (Lc 17. 7-10). Como criatura de Deus, o ser humano é completamente dependente dele. Jesus considerou todos os homens e mulheres, como pecadores. Isto é provado pelo fato de Ele ter dirigido palavras de arrependimento e discipulado a todos. As tragédias da experiência humana não são imputadas sobre as pessoas na proporção de sua pecaminosidade; mas todas elas precisam arrepender-se ou perecerão (Lc 13.1-5). Até mesmo Israel o povo do pacto esta perdido; Jesus veio para buscá-lo e salva-lo (Mt 10.6, Mt 15.24, Lc 19.10). As pessoas encontram seu valor ultimo em sua relação com Deus. A parábola do rico que era tolo procura ensinar que as pessoas não podem satisfazer sua vida com celeiros de trigo e conforto físico; devem ser ricos também para com Deus (Lc 12. 15-21), a humanidade foi criada para ser a filiação de Deus, todo homem é capaz de responder ao amor de Deus e tornar-se filho de Deus. Somente quanto o pecador se arrepende é que há alegria nos céus (Lc15. 7). O Ap. Paulo apresenta a humanidade, em que os conceitos de pecado e carne são ferramentas centrais para sua exposição como vimos; o pecado é o poder hostil que domina os seres humanos e os torna sujeito à morte. A carne é a natureza humana, cativa do pecado e incapaz de fazer o que é bom e justo. João trabalha com o mesmo conceito de pecado, mas não apresenta o mesmo conceito de carne. Em seu lugar, ele opera com varias expressões de um dualismo em que o mundo dos seres humanos esta nas trevas, concebidas como uma esfera em que o mal reina um reino inferior e diferente do reino divino. De qualquer modo os seres humanos estão nas garras do pecado e sob ameaça de morte. Eles se estão sob julgamento divino, onde Paulo fala da ira de Deus, já revelada dos céus (Rm. 1.18), João fala de um julgamento divino que as pessoas trazem sobre si (Jo. 3.18); para ambos, o julgamento futuro é um reconhecimento da condição presente da humanidade e o resultado é morte (1ºJo. 5.16 a17). Como podemos ver os Autores Neo-Testamentários, tem uma concepção uniforme quando a humanidade, no seu sentido de ser “carne”, porem o aspecto antropológico do Novo Testamento não se concentra só no pecado ou no estado de decadência da humanidade, mas também em sua relação com Deus como seu Criador e estabelecedor de um plano de salvação, formando assim um processo que envolve humanidade e graça, humano e Divino, terra e Céu, compondo assim todo o desenvolvimento sobre a humanidade dentro da Teologia do Novo Testamento. 
· O HOMEM INTERIOR: Paulo usa a expressão “ho eso anthropos” de duas maneiras diferentes: o homem regenerado e o não regenerado. Em Rm 7.22, o homem interior é usado como sinônimo da “mente”, que pode aprovar a lei de Deus e deseja obedecê-la, mas que se acha impotente. Em 2 Co. 4.16, o homem interior é comparado ao “homem exterior”, o ser humano como um ser terreno corruptível. Embora o homem interior se renove o cada dia. O “homem interior é o eu” real, que passa o corpo da carne ao corpo da ressurreição. Em ambos os exemplos, “o homem interior” é o “eu superior”, essencial, tanto o redimido como redimível criado por Deus, e que se opõe ao pecado. Paulo usa uma outra palavra que não tem equivalente no hebraico syneidesis. No entanto, apesar do termo ter sido amplamente usado pelos filósofos gregos, especialmente pelos estóicos, a idéia esta contida na palavra hebraica que designa o coração, leb. A consciência é a faculdade universal, Paulo fala de sua própria consciência (Rm 9.1), da consciência dos Cristãos (1Co 8.1-13 e 1Co 10.23) e da consciência dos gentios (Rm 2.15). A consciência é a faculdade do juízo moral, é nosso julgamento do que é certo ou errado, quando Paulo diz: “em nada me sinto culpado” (1Co 4.4), quer dizer que sua consciência esta limpa; ela não o condena de ter feito algo errado, no entanto, a consciência não é corte de ultima apelação. Paulo desafia os coríntios a julgarem suas condutas á luz de suas consciências. O apóstolo se recomenda á consciência de todos os homens “na presença de Deus” (2 Co 4.2). Isto quer dizerque a consciência julgara a conduta de Paulo á luz da revelação que foi dada por Deus. Em 1Tm 1.5 e 19, ele vincula uma boa consciência à fé sincera. Contudo, a consciência não é um norteador absoluto, quando os homens se afastam da fé, sua consciência pode se tornar cauterizada (1Tm 4.2), isto é endurecida de modo a não ser um norteador seguro. Tudo isto sugere que a consciência do cristão deve sempre ser exercitada á luz da revelação divina em Jesus Cristo. Paulo não insinua que a consciência seja um norteador que possa conduzir á salvação; somente diz que, por terem consciência, conhecem a diferença entre o certo e o errado. 
· O REINO E A IGREJA: Devemos examinar agora a relação especifica existente entre o Reino e a Igreja, aceitando o grupo dos discípulos de Jesus como a Igreja incipiente, se não a própria Igreja. A solução para este problema dependera da definição básica de Reino que o individuo tiver. Se o conceito dinâmico de Reino estiver correto, ele nunca devera ser identificado com a Igreja. O Reino é primariamente o reinado dinâmico ou domínio soberano de Deus e, por derivação, a esfera na qual tal soberania é experimentada. De acordo com a linguagem bíblica, o Reino não deve ser identificado com as pessoas que pertence a ele. Elas formam o povo do domínio de Deus que entra no Reino, que vive sob a autoridade desse Reino, governado e orientado pelo próprio Reino. A Igreja é a comunidade do Reino, mas nunca o próprio Reino. Os discípulos de Jesus pertencem ao reino como o Reino lhes pertence; mas lês não são o Reino. O Reino é o domínio de Deus. É impossível substituir a palavra “reino” por Igreja, as únicas referências ao povo de Deus como “basiléia” (Reino) encontram-se em Ap. 1.6 e 5. 10; mas as pessoas que se encontram sob o domínio de Deus, mas porque partilham do reinado de Cristo. “Eles reinarão sobre a terra (Ap. 5.10)”. Nestas declarações “reino” é sinônimo de “reis”, e não de pessoas sobre as quais Deus governa. Em Mt 16. 18-19, esta passagem afirma categoricamente a relação inseparável entre a Igreja e o Reino, mas não a sua identidade. As muitas declarações a respeito da entrada no Reino não são equivalentes à entrada na igreja. A Igreja é o povo do Reino, nunca o próprio Reino. Por conseguinte, não ajuda nada dizer que a Igreja seja uma “parte do Reino”, ou que, na consumação escatológica, a Igreja e o Reino se tornarão expressões sinônimas. O Reino gera a Igreja, o domínio dinâmico de Deus, presente na missão de Jesus, desafiou os homens a manifestarem uma resposta positiva, introduzindo-os em uma nova comunhão. A presença do Reino significou o cumprimento da esperança messiânica do Antigo Testamento que fora prometida a Israel; mas quando a nação como um todo rejeitou a oferta, os que aceitaram foram constituídos como o novo povo de Deus, os filhos do Reino, o verdadeiro Israel, Igreja incipiente. A Igreja é, portanto, o resultado da vinda do Reino de Deus ao mundo por intermédio da missão de Jesus Cristo. A Igreja constitui no povo do Reino, apesar de não formar o povo em seu caráter ideal, pois inclui algumas pessoas que não são realmente filhos do Reino. Logo a entrada no Reino significa participação na Igreja; mas entrar na Igreja não é necessariamente sinônimo de entrar no Reino. Os homens devem buscar o Reino de Deus e sua justiça (Mt. 6.33). Esta justiça, juntamente com a paz e a alegria no Espírito Santo é que constituem o Reino de Deus (Rm. 14.17). Tudo isto não significa uma qualidade inata, ou adquirida ou por adquirir, e sim a regeneração, de que se fala em Mt. 19.28 e cuja passagem paralela em Lc. 22.30, fala de “reino”. O reino de Cristo como enviado de Deus coincide com sua manifestação; este reino inabalável é para o crente, graça (Hb. 12.28); promessa e é vida na qual o crente entra como no reino de Deus. O reino de Deus é a totalidade da mensagem de Jesus Cristo e de seus Apóstolos. Se a mensagem do Novo testamento se resume no Evangelho, este então é o Evangelho do Reino de Deus. A totalidade da mensagem é expressamente preservada nos passos decisivos pela conexão entre a palavra e obra. O próprio uso do termo “Reino de Deus” mostra que o sentido primeiro é “realeza divina”, e os membros da Igreja tornam-se os súditos e serviçais deste Reino. Vê-se, pois, que na pregação do Reino de Deus nunca se afirma a imanência em prejuízo da transcendência. O Reino de Deus esta alem da ética, quem se orienta pela ética. Quem se orienta pela ética pensa necessariamente no indivíduo; Ora, tanto em Jesus como nos seus Apóstolos não e´o objeto da promessa o indíviduo, mas a comunidade, na qual o indivíduo como membro alcança a salvação. A realização do Reino de Deus é futura e este futuro é que determina o presente homem. Ao homem, colocado diante de Deus e sua realeza, é dirigido o apelo da conversão. Quando o homem responde a este apelo em fé, isto é em obediência, ele entra em contato com o Reino de Deus, que vem sem ação sua; então o Evangelho se lhe torna mensagem de boas novas. Deus chama os cristãos para o seu reino e para sua gloria (1ºTs.2.12). Deus nos colocou no Reino do Filho de seu amor (Cl. 1.13) e assim virmos a compor a perfeição da unidade e comunhão que deve ser a Igreja. 
· A MISSÃO DA IGREJA: A missão da Igreja é dar Testemunho do Reino. A Igreja não pode edificar o Reino ou mesmo tornar-se o Reino, mas dar testemunho do Reino, este testemunho refere-se aos atos redentores de Deus em Cristo, tanto no passado quando no futuro. Isto fica ilustrado por meio da missão que Jesus deu aos doze (Mt. 10) e aos setenta (Lc 10); além de ser reforçado pela proclamação dos apóstolos no livro de Atos. A extensão da Teologia do discipulado é encontrada no fato de que a missão da Igreja é testemunhar o evangelho do Reino no Mundo. Israel já não é mais a testemunha do Reino de Deus; a Igreja assumiu seu lugar. Se os discípulos de Jesus são compostos por aqueles que receberam a vida e a comunhão do Reino, e se esta vida é, na realidade, uma antecipação do Reino escatológico; segue-se que uma das principais tarefas da Igreja é demonstrar, nesta era presente, dominada pelo mal, a vida e a comunhão do século futuro. É tarefa de a Igreja demonstrar a vida e a comunhão do Reino de Deus e do século futuro em uma era dominada pela perversidade e egoísmo, orgulho e animosidade. Esta demonstração da vida característica do Reino é um elemento essencial no testemunho da Igreja em favor do Reino de Deus. Em Atos, Lucas estava consciente de que a missão cristã não havia, ainda, cumprindo a tarefa de levar seu testemunho de Cristo até “os confins da terra” (At.1.8). A Teologia de Atos é, portanto, essencialmente uma Teologia da missão, descrevendo a missão da Igreja primitiva e concluindo enfaticamente que essa deve continuar sendo a natureza da Igreja, mesmo que haja oposição e perseguição. O discipulado dos fiéis precisa ser prosseguido em uma total Constancia de atuação missionária, para a consolidação doutrinaria e teológica desta comunidade de cristãos componentes da Igreja primitiva, que estão sendo alcançados para um processo salvifico e uma produtividade da vida cristã que gere outras vidas, vivendo assim uma execução missionária; pois só assim a Igreja cumprira sua missão central, de proclamadora da Salvação. As expressões metafóricas do discurso de Paulo, não permitem encontrar fontes de referencia para uma determinação mais concreta da evolução histórica da missão, tal como Lucas entende. Apesar disso, é bastante claro que Lucas vê o verdadeiro perigo de contaminação num movimento herético, que mais ou menos falseia ou mascara as inspirações originais da missão: a comunidade perde assim o contato com suas origens históricas, que foi não em concílios doutrinários para chegar ao consenso de uma teologia sobre um tema especifico, mas sim as almas salvas e acrescentadas ao reino de Deus. A estruturação proposta por Paulo num aspecto administrativo não tem por princípio a descentralização da Obra missionária da Igreja,mas sim sua organização e estruturação. O “corpo precisa estar bem ajustado” para alcançar seu crescimento, mas não deixa o enfoque principal que tem que ser vidas acrescentadas ao reino e a Igreja alcançando a todas as Nações. Cumprindo o “Ide” ordem imperativa, e estando em seguimento do alvo da Igreja que é gerar filhos a cada dia, para que expansão do Reino se cumpra e o evangelho seja pregado a todos “povos, línguas, tribos e nações”. A natureza missionária da igreja fica imediatamente evidente nas cartas de Paulo. Ele se apresenta como um Apostolo ou missionário escrevendo para as congregações que fundou e cultivou. Há uma missão continua a qual Ele e todos os que cumprem o ide esta subordinado e uma percepção de objetivos geográficos a serem alcançados. Embora o Apóstolo surpreendentemente fale pouco sobre a responsabilidade das congregações na execução de missões em suas regiões, ele espera que as igrejas participem do projeto missionário que lhes foi confiado, sendo assim a Igreja em ação. 
 A TEOLOGIA DO CAMINHO.
Quando estamos estudando e analisando a Teologia do Novo Testamento, podemos constatar que esta Teologia Bíblica, foram desenvolvidos e compostos “no caminho”, os discípulos e a Igreja primitiva foram os participantes diretos e indiretos desta Teologia, e assim estes atuaram em um transcurso missionário, aonde os discípulos iam cumprindo a missão lhes outorgada por Cristo, e ao dar testemunho de Cristo, implantar as Igrejas e estrutura-las foram conduzindo a Igreja a um desenvolvimento doutrinário e neste processo surge a Teologia do Novo Testamento, uma Teologia do caminho. 
 No claro desenvolvimento, na “retilineidade” do caminho (Cf. Lc.3.6; At.13.10) reflete-se o plano e a soberana direção de Deus; Lucas relaciona esta idéia antes de tudo com o ponto que suscita maiores dúvidas quanto á conformidade de todo o acontecimento com o plano, isto é, com a paixão de Cristo: “Ele mesmo(Jesus),segundo o desígnio determinado pela presciência de Deus, preso por mãos de iníquos,vos (Judeus) o crucificaste e mataste...”(At.2.13). 
 O plano de Deus e a sua realização como “caminho” estão, portanto, em relação recíproca de predição e cumprimento Neste contexto, o “cumprimento” tem dois significados; primeiro, a realização de certos acontecimentos que, de fato, entram no plano de Deus, em segundo lugar, a realização de todas as promessas salvifica de Deus (Lc. 4.21). Teologicamente o segundo significado é sem duvida o mais significante dentro deste contexto. Pois neste ponto Lucas abandona o seu desenvolvimento apologético, e tem o interesse de provar a conformidade dos fatos e da sua sucessão com o plano, para indicar onde esta o sentido do evento e a intenção de Deus; no cumprimento da “promessa” da salvação, que Deus confiou ao povo eleito como patrimônio de esperança. 
 O caminho que tem seu inicio em Jesus, realiza o plano salvifico de Deus e dá cumprimento á esperança de salvação de Israel. A promessa da Escritura cumpre-se agora; Lucas desenvolve vigorosamente este ponto de vista no começo da sua apresentação da atividade publica de Jesus, no começo do “caminho”, na Galiléia: Lc. 4.14 a 30. Esta perícope é tão marcada pela mão de Lucas que é a mais apropriada para mostrar a concepção Lucana do cumprimento da promessa. Portanto o caminho percorrido pela expansão e ensino do Evangelho e todo o direcionamento e encaminhamento doutrinário, gerador de um amadurecimento para a Igreja. 
 Todo desenvolvimento cultural, filosófico e psicológico dos povos por onde a Igreja era implantada eram fatores auxiliadores para a composição da Teologia do Novo Testamento; uma Teologia aonde o “Ide” foi o seu motivador, percorrendo assim uma história do inicio da Igreja e da formação da Teologia do Novo Testamento. O caminho trás uma referencia de sociabilização, e o Novo Testamento tem a sua teologia formada em uma interação com a sociedade, o que constroe uma abordagem teológica mais voltada à realidade do povo que percorre o caminho, os Cristãos. A Teologia do caminho é direcionada a Igreja, assim alcança sua estrutura em uma ordem missiológica, indo a cada região firmando suas propostas e ideais teológicos. Conduzindo a Teologia do Novo Testamento a um direcionamento, aonde as concepções teológicas vão se contextualizando dentro encaminhamento e estruturação doutrinaria da Igreja. 
· A ÉTICA DO REINO: Vamos agora considerar a questão da relação positiva entre o ensino ético de Jesus e sua mensagem a respeito do Reino de Deus. A ética de Jesus é constituída de regras para determinar quem entrara no Reino escatológico. Dentro de um contexto histórico são encontrados dois tipos de éticas; a ética da sabedoria, que é uma ética do governo atual de Deus. O Sermão do Monte é para os discípulos, para os já convertidos, para os filhos de Deus pertencentes ao pacto de Israel. Tomando-se como certo que os Evangelhos são produto da comunidade cristã, o Sermão não pressupõe nada a respeito do novo nascimento ou do habitar do Espírito Santo em nós, ou até mesmo da nova vida em Cristo, mas somente sobre o Reino de Deus, que pode ser interpretado como o reinado de Deus tanto do futuro como do presente. O Deus proclamado por Jesus é o Deus que visitou os homens na pessoa e na missão de Jesus, para trazer-lhes a salvação messiânica de perdão e comunhão. É este fato que liga inseparavelmente a ética da sabedoria e a ética escatológica, que é a ética que apresenta as regras e procedimentos que deve ter o cristão para entrar no Reino Escatológico. O âmago da sanção escatológica encontra-se no fato de que ao final os homens estarão face a face com Deus, e hão de experimentar seu julgamento ou sua salvação; e esta não é uma sanção formal, mas essencial que reside o centro da religião bíblica. A sanção primaria da ética de Jesus é a presente vontade de Deus tornada relevante de um modo dinâmico aos homens, em virtude da nova situação criada pela missão de Jesus, a qual pode ser caracterizada como a era da salvação. A sanção escatológica também deve ser tomada como uma sanção primaria, porque a consumação escatológica é a ultima e completa manifestação do reino e da vontade de Deus, demonstrada no presente. A ética de Jesus, então, é uma ética do reino, a ética do reinado de Deus. É impossível destacar ou separar sua ética do contexto total da mensagem e da missão de Jesus. Tais princípios éticos são relevantes apenas para aqueles que experimentaram o governo Deus. É verdade que a maior parte das máximas éticas de Jesus pode ser colocada lado a lado com ensinamentos judaicos; mas nenhuma coleção de ensinos éticos judaicos causa ao leitor o mesmo impacto que a ética de Jesus. O elemento único no ensino de Jesus é que em sua pessoa o Reino de Deus invadiu a história humana, e os seres humanos não somente são colocados sob a demanda ética do reino de Deus, mas em virtude desta própria experiência do reino de Deus, são também capacitados a dar cumprimento a um novo padrão de justiça. 
· A ÉTICA DA VIDA INTERIOR: A ética do coloca uma nova ênfase sobre a justiça do coração. É necessária uma justiça que exceda a dos escribas e dos fariseus para a admissão no Reino dos Céus (Mt 5.20). A lei condenou conduta o assassinato; Jesus condenou a ira, pois esta era pecado (Mt 5. 21-26), a lei condenou o adultério; Jesus condenou o apetite pecaminoso. A lascívia não pode ser controlada por leis. Os regulamentos a respeito da retaliação são ilustrações radicais de uma atitude volitiva, pois uma pessoa poderia realmente voltar à outra face, em uma obediência legal a um padrão exterior, e ainda assim estar enfurecido pela ira ou envenenado em seu íntimo opor uma esperança de vingança. O amor pelos inimigos é mais profundo que a mera manifestação de bondade nas relações externas. Envolve um dos mais profundos mistérios da personalidade e do caráter humano: ou seja, que um indivíduo tem condições de desejar profundae ansiosamente o melhor bem estar de alguém que poderia estar procurando sua infelicidade. Isto, e somente isto, é amor. É caráter; é o dom do reino de Deus. A ira, o desejo e o ódio pertencem à esfera do homem interior e da intenção que motiva suas ações. A exigência primaria de Jesus é por um caráter justo. Esta exigência aparece em varias partes do ensino de Jesus. O bom homem, do bom tesouro do seu coração, tira as coisas boas; e o homem perverso, do seu mau tesouro tira o mal. A conduta é uma manifestação do caráter (Lc 6.45). O bom ou mau fruto é uma manifestação do caráter interior da arvore (Mt. 7.17). No juízo, os homens prestarão contas de toda - palavra ainda que proferida sem cuidado (Mt 12. 36). A justiça essencial do Reino, uma vez que é uma justiça do coração, é realmente alcançável, qualitativamente, se não quantitativamente. Jesus trouxe uma renovação interior que capacitaria os homens a cumprir os seus ensinamentos. Esta renovação interior é compreendida como se já tivesse sido experimentada pelo povo do pacto de Deus, ou Jesus acreditou que se próprio ensino implantaria os mandamentos de Deus nos corações de seus ouvintes. “A fé no Reino que é dessa forma incitada pela proclamação de Jesus, é, portanto, também a atitude particular que liberta a disposição e o poder para obedecer a esses novos mandamentos do Reino”. O poder torna-se disponível á pessoa que crê no Reino. Jesus ao demonstrar a inter-relação que existe em ter ser um filho de Deus e ter disposição de relação que existe entre ser um filho de Deus e ter uma disposição de amor para com seus perseguidores, está convencido de que realmente plantou esta disposição nos corações dos seus piedosos ouvintes. À medida que o cristão for parte da Igreja, a ética de Jesus será uma ética praticável. À medida que ele for parte do mundo, ela será relevante porem impraticável. Esta interpretação é confirmada pelo fato de que a exigência mais fundamental que Jesus impôs aos homens, caso eles desejassem ser chamados de seus discípulos, foi no sentido de que tomassem uma decisão tão radical que implique dar as costas a todas as demais relações. Pode envolver o desapego ao próprio lar (Lc 9.58). A exigência do Reino deve ter a supremacia sobre todas as obrigações humanas normais (Lc 9.60). Pode até mesmo implicar uma ruptura das relações familiares mais próximas (Lc 9. 61) . De fato, quando a lealdade ao Reino entra em conflito com outros tipos de lealdade, muito embora possam envolver as mais estimadas relações da vida, as lealdades secundárias devem ceder lugar á do Reino. O indivíduo deve estar pronto para renunciar a todo e qualquer tipo de afeição quando se decide pelo Reino de Deus (Lc. 14. 33). A forma mais radical desta renuncia inclui a própria vida do indivíduo; a menos que esteja disposto a aborrecer a sua própria vida, não pode ser tornar um discípulo (Lc 14.26). Obviamente, isto não significa que todo discípulo deva morrer; deve, entretanto, estar pronto para isto. Ele não mais vive para si mesmo, porem para o Reino de Deus. Tomar sobre si a cruz significa a morte do eu, do propósito pessoal e da ambição, centralizado no ego. Em lugar de uma realização pessoal, ainda que esta possa ser altruísta e nobre, o individuo deve desejar tão somente o domínio de Deus. O destino da humanidade repousa sobre esta decisão. Quando o individuo toma esta decisão radical de negar e de mortificar seu próprio ser e desse modo, considera sua própria vida como perdida, ele tem a promessa do filho homem de que no dia da parousia será recompensado por aquilo que fez. Na pessoa de Jesus, os indivíduos são confrontados aqui e agora pelo Reino de Deus; e aquele que toma uma decisão a favor de Jesus e do Reino participara do Reino futuro; mas qualquer que negar a Jesus e ao seu Reino será rejeitado (Mt 10.32 e 33). Aqueles que experimentam o Reino de Deus e sua justiça nesta era entrarão no Reino escatológico no século futuro. Jesus requer um amor com tal exclusividade que todas as outras ordens conduzam a um amor com tal exclusividade que todas as outras ordens conduzam a este, e toda justiça encontre nele sua norma. O amor é um assunto pertinente à vontade e á ação. Amar a Deus significa “fundamentar todo o ser em Deus, submeter-se a Ele com uma confiança irrestrita, deixar com Ele todo o cuidado e responsabilidade final”. Jesus redefine o significado do amor ao próximo, que para ele significa amar a qualquer que se encontre em necessidades (Lc. 10 29) e particularmente, os inimigos (Mt cinco. 44). Esta é uma nova demanda da nova era que Jesus inaugurou. O próprio Jesus declarou que a lei do amor resume todo o ensino ético do Antigo Testamento (Mt 22. 40). Esta lei do amor origina-se em Jesus, e é o resumo de todo o seu ensino ético.
· ISRAEL DE DEUS: A expressão “novo Israel” não ocorre no NT, mas a idéia da comunidade cristã que agora se torna “Israel de Deus” (Gl 5.16 ) aparece de muitos modos. A Igreja de Jesus Cristo herda privilégios e responsabilidades que pertenceram antigamente ao povo de Israel. O verdadeiro herdeiro da vinha de Deus, Israel, é Jesus o filho amado de Deus (Mc 12.6), não tendo os lavradores maus alcançados o intento de se apropriar dela: O Senhor da vinha passou-a a outros (Mc 12.9). Esses “outros” incluem agora os cristãos gentios que, tornando-se filhos de Deus são também “co-herdeiros” (synkleronómoi) com Cristo (Rm 8.17, Gl 3.29, Gl. 4.7, Tt 3.7). Somente Israel possuía, no passado, a “adoção” (de filhos de Deus); mas “nem todos os de Israel são israelitas”, havendo outros filhos da promessa feita a Abraão (Rm 9.4,6,8). A tragédia da rejeição de Israel por Deus, ou da rejeição de Israel do Messias de Deus, preocupa profundamente os escritores do NT; O próprio Senhor (Mc 11.20-25) e Paulo em Rm 9.11 enfrentaram-na com tremenda seriedade. Jesus afirmou que a “montanha” da descrença judaica seria eventualmente jogada ao mar (Mc 11.23); e Ap.Paulo conclui dizendo que o endurecimento do coração de Israel fazia parte do mistério da eleição divina, segundo o qual por caminhos que nos são inescrutáveis no presente, o propósito divino de mostrar “misericórdia a todos” seria finalmente realizado: virá a plenitude dos gentios e todo o Israel será salvo (Rm 11.25 a 32). Israel considerado no AT, “parte ou herança” (kleros de Javé) O Senhor vos tomou, e vos tirou da fornalha de ferro do Egito, para que lhe seja povo de herança... ”(Dt.4.20). A dádiva por Deus da terra de Canaã a Abraão e sua semente (Gn 17.8) é muitas vezes descrita nos LXX , como (kleronomia) ou herança de Israel, o próprio Israel é descrito como kleronomia de Javé Ex 15.17 e Sl 73.2, Is 63.17. Diante dessa linguagem significativa a descrição de Israel feita por Jesus em Mc 12.7. No NT, em geral essa herança se evidencia nos cristãos os filhos de Deus, que herdarão o Reino de Deus, a vida eterna no Reino Eterno (Mt. 19.29, Mt .25.34, Mc10.17, 1Co 6.9, 1Co 15.50, Gl. 5.21, Ef . 5.5, Tg 2.5, 1Pe 3.9, Ap 21.7).A herança dos cristãos é assim estritamente escatológica. Enquanto esperamos a plena posse de nossa herança, de certo modo já a temos desde agora num sentido em que o antigo Israel jamais gozou. Pois Israel embora herdeiro era ainda uma criança imatura, no mesmo status legal dos escravos da família; estava de fato, na escravidão da lei, assim como os gentios estavam escravizados aos poderes elementares do mundo. A raça humana atingiu sua maioridade, por assim dizer, quando a plenitude dos tempos Deus mandou seu filho e nós recebemos a adoção de filhos, tornando-nos herdeiros das promessas de Deus (Gl 4.1-7). A própria palavra “herdeiro” expressa o coração do paradoxo escatologia neotestamentária, pois o herdeiro é aquele que já entrou na posse de algo, embora ainda na plenitude. A reinterpretação da teologia do AT que nos dá o NT resplandece mais notavelmente na afirmação de que a comunidade cristã formada por Judeus e Gentios, torna-se o “povo de Deus”.

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