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INQUÉRITO POLICIAL PARTE II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor SUMÁRIO 10. Características do Inquérito Policial ......................................................... 3 10.1 Procedimento Escrito (Formal) ............................................................. 3 10.1.1 Possibilidade de Gravação das Diligências Investigativas através de Recursos Audiovisuais ............................................................................................. 3 10.2 Peça Sigilosa ..................................................................................... 4 10.4 Oficialidade ....................................................................................... 11 10.5 Peça Indisponível ............................................................................... 11 10.6 Procedimento Discricionário ................................................................. 12 10.6.1 Requisição de Diligência pelo MP ....................................................... 13 10.7 Oficiosidade ....................................................................................... 14 10.8 Procedimento Inquisitorial ................................................................... 14 10.9 Procedimento Unidirecional .................................................................. 16 10.10 Procedimento Sistemático .................................................................. 17 10.11 Procedimento Temporário .................................................................. 17 11. Formas de Instauração do Inquérito Policial ............................................. 18 11.1 Crimes de Ação Penal Pública Incondicionada ......................................... 18 11.1.1 De Ofício ........................................................................................ 18 11.1.2 Por Requisição do Juiz ou do Ministério Público ................................... 19 11.1.3 Por Requerimento da Vítima ou Representante Legal ............................ 20 11.1.4 Notícia Oferecida por Qualquer do Povo (Delatio Criminis Simples) ......... 20 11.1.5 Auto de Prisão em Flagrante ............................................................. 22 11.2 Crimes de Ação Penal Pública Condicionada à Representação ou à Requisição do Ministro da Justiça ............................................................. 22 11.3 Crimes de Ação Penal de Iniciativa Privada ............................................ 23 12. Notitia Criminis .................................................................................... 24 12.1 Espécies de Notitia Criminis ................................................................. 24 Questões de Provas Anteriores – Lista I ....................................................... 28 Gabarito – Lista I ..................................................................................... 41 DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 3 10. CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL 10.1 Procedimento Escrito (Formal) De nada serviria um inquérito policial que não tivesse suas diligências registradas por escrito, visto que sua finalidade é a de subsidiar a propositura de uma ação penal. Nesse sentido, o art. 9º do CPP determina que todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade. Do dispositivo se extrai a informação de que todas as diligências investigativas devem ser registradas por escrito, para que seja possível levar as informações apuradas aos titulares da ação penal. 10.1.1 Possibilidade de Gravação das Diligências Investigativas através de Recursos Audiovisuais Apesar do que determina o art. 9º do CPP, é possível a utilização de recursos audiovisuais para a gravação de diligências investigativas realizadas no curso do inquérito policial. INQUÉRITO POLICIAL PARTE II Direito Processual Penal Professores Carlos Alfama e Paulo Igor http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 4 Aliás, não é somente possível, como é recomendável que a autoridade policial o faça quando for possível, por força de determinação expressa do CPP, art. 405, § 1º: Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado, indiciado, ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, este-notipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinada a obter maior fidelidade das informações (alterado pela Lei nº 11.719/2008) Apesar de o supracitado dispositivo legal estar previsto no Título do Código de Processo Penal que trata dos processos judiciais em espécie, ele se aplica também na fase de investigação preliminar, tanto é que utilizou os termos investigado e indiciado. Assim, verifica-se que o inquérito policial não é um procedimento exclusivamente escrito, pois é possível o registro de suas diligências também através de recursos audiovisuais. 10.2 Peça Sigilosa O inquérito policial, em regra, é um procedimento sigiloso. Nesse sentido, o Código de Processo Penal, art. 20, dispõe: A autoridade assegurará no inquérito policial o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. Esse dispositivo constitui uma limitação ao direito de obter informações de órgãos públicos, assegurado no art. 5°, XXXIII, da CF/1988. Tem como finalidades garantir a eficácia do inquérito policial e garantir a intimidade do investigado. Pode-se dizer, ainda, que o sigilo do inquérito policial consubstancia verdadeira exceção à regra que vige no processo penal, no qual vigora o princípio da publicidade (CF/1988, art. 5º, LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem). http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 5 É POSSÍVEL A DIVULGAÇÃO DE UMA DILIGÊNCIA DO INQUÉRITO POLICIAL? Não obstante o sigilo do inquérito policial, é possível, em hipóteses excepcionais, que seja dada publicidade (total ou parcial) a ele, desde que haja interesse público e que da divulgação não resulte em prejuízo para as investigações. Exemplo: divulgação de retrato falado para localização de investigado. A QUEM O SIGILO DO INQUÉRITO POLICIAL NÃO SE ESTENDE? O sigilo do inquérito policial não se estende: • ao Ministério Público; • ao juiz da causa; • ao advogado do investigado. Os sujeitos acima têm direito de acesso aos autos do inquérito policial, mesmo diante de sua sigilosidade. Em relação ao advogado do defensor, era tão comum que lhe fosse negado o acesso aos autos do inquérito policial que o Supremo Tribunal Federal editou uma súmula vinculante: Súmula Vinculante n° 14 É direito do defensor, no interesse do representado, ter amplo acesso aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. SÚMULA http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 6 O direito de acesso aos autos do inquérito policial pelo advogado independe de autorização judicial. Exceção: a nova Lei das Organizações Criminosas (Lei nº 12.850/2013), em seu art. 23, exige autorização judicial para acesso do advogado aos autos do inquérito policial quando o juiz houver decretado o sigilo do procedimento. É importante notar que não se trata de exceção ao direito de acesso do advogado aos autos do IP. O que a Lei do Crime Organizado faz é apenas criar um requisito para o exercício desse direito, qual seja, a autorização do magistradoque acompanha o feito. a) Limite de acesso do advogado aos autos do inquérito policial A pergunta mais frequente em provas de concurso sobre o acesso do advogado aos autos do inquérito policial é a seguinte: considerando que o sigilo do IP não pode ser oposto ao defensor, como a autoridade policial fará para garantir a eficácia de diligências que dependem do segredo? No caso de uma determinação judicial de interceptação das comunicações telefônicas, por exemplo. O conhecimento dessa decisão por parte do advogado antes da conclusão dos trabalhos de captação das conversas certamente impediria o sucesso das investigações (o investigado jamais revelaria em uma conversa telefônica qualquer informação sobre o esquema criminoso sabendo que suas ligações estão sendo interceptadas pela polícia). Nesse sentido, pensando em munir a autoridade policial de meios legítimos para evitar o conhecimento pelo indiciado e seu defensor de diligências ainda em trâmite, percebam que a Súmula Vinculante nº 14 apenas garantiu acesso do defensor às informações já introduzidas nos autos do inquérito (as diligências investigativas apenas são documentadas quando concluídas). ATENÇÃO http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 7 Em outras palavras, podemos dizer que o direito do advogado de acesso aos autos do inquérito policial não abrange as diligências investigativas ainda em curso (STF, HC nº 82.354). No caso da interceptação telefônica, por exemplo, o advogado apenas teria acesso após o fim do procedimento, com a juntada da transcrição das escutas aos autos. HÁ ALGUMA LIBERDADE POR PARTE DA AUTORIDADE POLICIAL EM RELAÇÃO AO MOMENTO DE JUNTAR A DILIGÊNCIA JÁ CONCLUÍDA AOS AUTOS DO INQUÉRITO? Em regra, a diligência deve ser documentada no inquérito policial assim que concluída. No entanto, se houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligências, é possível que a autoridade policial não realize a imediata juntada aos autos do inquérito policial. Nesse sentido, a interpretação do art. 7º, § 11, do Estatuto da OAB: § 11. No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente poderá delimitar o acesso do advogado aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não documentados nos autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligências. Exemplo: em investigação de tráfico de drogas, testemunha aponta localização do depósito da droga. A juntada imediata do depoimento pode frustrar a busca e a apreensão (a ser feita em um momento posterior), pois permitiria que o advogado do investigado tivesse acesso a informação. http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 8 b) Negativa de acesso e instrumentos jurídicos para impugnação Negar ao advogado o exercício do seu direito de acesso aos autos do inquérito policial configura crime de abuso de autoridade (art. 3º, j, da Lei nº 4.898/1965). Ademais, diante da negativa de acesso do advogado aos autos do inquérito policial, é possível a utilização de três instrumentos jurídicos distintos para a impugnação desse ato: • Habeas corpus: o primeiro instrumento jurídico que pode ser utilizado para fazer valer o direito de o defensor, no interesse do representado, ter amplo acesso aos autos do inquérito policial é o remédio heroico (habeas corpus), sob a alegação de que a negativa de acesso do advogado aos autos poderá refletir-se em prejuízo a defesa, o que pode gerar, consequentemente, constrangimento ilegal em sua liberdade de locomoção. O paciente do habeas corpus, nessa hipótese, será o investigado. • Mandado de segurança: diante da negativa de acesso do advogado aos autos do inquérito policial, é possível, também, a impetração de mandado de segurança, tendo em vista que houve violação a direito líquido e certo do advogado, previsto no Estatuto da OAB (Lei nº 8.906/1994, art. 7º, XIV). Nessa hipótese, o impetrante do mandado de segurança será o próprio advogado, pois o remédio constitucional busca assegurar o exercício de seu direito • Reclamação ao Supremo Tribunal Federal: o art. 103-A, § 3º, da CF/1988, dispõe que do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao STF, que – julgando-a procedente – anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso. O disposto somente é aplicável em relação às súmulas vinculantes. Portanto, a reclamação ao STF é instrumento também cabível diante da negativa de acesso do advogado aos autos do inquérito policial. http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 9 c) Possibilidade de a autoridade policial exigir procuração do advogado para conceder a vista dos autos O Estatuto da OAB (Lei nº 8.906/1994) dispõe: Art. 7º São direitos do advogado: (...) XIV – examinar em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de inquérito, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital; A análise do dispositivo isolado leva ao entendimento de que qualquer advogado, ainda que sem procuração, pode ter acesso a qualquer inquérito policial, ainda que sigiloso, independentemente de instrumento de procuração do investigado. Todavia, a Lei nº 13.245/2016 alterou o Estatuto da OAB e incluiu no art. 7º, § 10, determinando que, havendo informações sigilosas nos autos do inquérito policial, não é qualquer advogado que pode ter acesso aos autos, mas somente o advogado que detém procuração do investigado. § 10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o exercício dos direitos de que trata o inciso XIV. De acordo com a maioria da doutrina, o sigilo a que se refere o dispositivo não é o sigilo encontrado ordinariamente em qualquer inquérito policial. Em verdade, trata-se da situação em que o juiz decreta fundamentadamente o segredo de justiça (medida excepcional). Conclusão: Em regra, o acesso do advogado aos autos do inquérito policial não depende da apresentação de procuração. No entanto, caso haja segredo de justiça decretado, será necessária a apresentação do instrumento de mandato. http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 10 d) Atestados de antecedentes e inquéritos policiais anteriormente instaurados Trata-se de alteração legislativa, realizada pela Lei nº 12.681/2012, que inseriu, no parágrafo único do art. 20 do CPP, a seguinte disposição: Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os requerentes. De acordo com esse dispositivo, os atestados de antecedentes criminais não mais poderão mencionar a instauração de inquéritos policiais contra os requerentes. O objetivo dessa alteração legislativa é o de dar efetividade ao princípio constitucional da presunção de inocência, evitando que a mera instauração de investigação criminal contra pessoa possa gerar prejuízo a sua imagem e reputação. Além disso, esse dispositivo também preserva o sigilo do inquérito policial, evitando a divulgação indevida da existência de um procedimento investigativo contra alguém. 10.3 Peça Dispensável/Prescindível O inquérito policial é um procedimento dispensável, ou seja,não é obrigatório. Isso significa que o titular da ação penal pode propô-la independentemente da instauração de inquérito policial, desde que conte com elementos de informação suficientes (ou seja, desde que conte com um lastro probatório mínimo). Fundamento legal da dispensabilidade do inquérito: art. 39, § 5º, do CPP: O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias. http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 11 OBSERVAÇÃO A ação penal proposta, sem um mínimo de elementos de informação que apontem para a fidedignidade da acusação proposta em juízo, constitui ação penal sem justa causa. Equivale a dizer que a ação penal sem justa causa é aquela que não foi embasada em um lastro probatório mínimo. Diante da ausência de justa causa para a ação penal, o juiz deve rejeitar a acusação, nos termos do art. 397 do CPP. 10.4 Oficialidade O inquérito policial não pode ficar a cargo de particulares, mesmo nos crimes de ação penal privada. Apenas órgãos oficiais podem conduzir um inquérito policial. Isso porque, no inquérito, deve ser observado todo um plexo de direitos aos investigados e demais envolvidos, como, por exemplo, a inviolabilidade da intimidade, das correspondências e comunicações e o direito de não produzir provas contra si mesmo, o que apenas pode ser assegurado por meio de uma investigação conduzida por órgão oficial do Estado, sob o controle dos órgãos fiscalizatórios competentes. 10.5 Peça Indisponível A indisponibilidade do inquérito policial é figura repetida nas questões de concurso público. É importantíssimo saber que o inquérito é um procedimento indisponível. Isso significa que, não obstante a discricionariedade na realização de diligências, depois de instaurado, a autoridade policial não pode mandar arquivar os autos do inquérito policial (art. 17 do CPP), nem mesmo requerer o arquivamento ao juiz, já que o titular da ação penal é o Ministério Público. http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 12 A única conclusão possível do inquérito policial por parte do Delegado de Polícia é o relatório previsto no art. 10, § 1°, do CPP: A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente. Trata-se aqui de uma regra sem exceção. Em hipótese alguma o delegado de polícia pode arquivar por decisão própria o inquérito policial. 10.6 Procedimento Discricionário O inquérito policial é um procedimento administrativo pautado pela discricionariedade. Isso significa que, em regra, a autoridade policial pode proceder às diligências investigativas que julgar convenientes no momento que achar mais oportuno para a investigação da infração penal, obedecendo sempre aos requisitos legais de cada caso. A autoridade policial pode, por exemplo, optar por fazer a reprodução simulada dos fatos (reconstituição do crime) ou deixar de fazê-los, por considerar irrelevante para a apuração da infração penal. Ademais, em razão da discricionariedade do IP, o delegado não é obrigado a seguir uma sequência preestabelecida de atos no seu desenvolvimento. Assim, diferente do que ocorre no procedimento judicial, o interrogatório do investigado não necessariamente será a última diligência do procedimento. Como decorrência da discricionariedade do inquérito policial, o CPP assim dispõe: CUIDADO! http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 13 Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade. Segundo o dispositivo, o ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado podem requerer a realização de ações de investigação à autoridade que conduz o inquérito policial, mas cabe a essa última avaliar se a diligência requerida pode ou não auxiliar no esclarecimento do fato investigado. Caso a autoridade policial entenda que se trata de diligência meramente protelatória, poderá indeferir o requerimento. 10.6.1 Requisição de diligência pelo MP É função institucional do MP requisitar diligências investigativas (art. 129, VIII). Assim, diante da requisição do órgão ministerial, a autoridade policial é obrigada a realizar a diligência, salvo quando manifestamente ilegal. Na Lei nº 12.830/2013 (art. 2º, § 3º), o projeto aprovado pelo Congresso Nacional previa o seguinte: O delegado de polícia conduzirá a investigação criminal de acordo com seu livre convencimento técnico-jurídico, com isenção e imparcialidade. o entanto, o dispositivo acima foi vetado para evitar conflitos com a atribuição de outras autoridades da persecução penal. Em outras palavras, entendeu- se que o dispositivo poderia levar ao entendimento de que o delegado não precisaria atender à requisição de diligência do MP. ATENÇÃO http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 14 A discricionariedade não se confunde com arbitrariedade. Enquanto a discricionariedade é a atuação nos limites da lei, a arbitrariedade é a atuação que extrapola os limites legais. Exemplo: nos crimes que deixam vestígios, a lei determina que “é indispensável a realização do exame de corpo de delito” (art. 158, CPP), não cabendo à autoridade policial, nesse caso, a discricionariedade de realizar ou não a diligência, sob pena de agir fora dos limites da lei (arbitrariamente). (STJ, HC nº 69.405) 10.7 Oficiosidade A instauração do inquérito policial pela autoridade policial, em regra, é obrigatória diante da notícia da ocorrência de uma infração penal e independe de requerimento. As exceções são para crimes de ação penal pública condicionada (a instauração do inquérito policial depende de representação) e crimes de ação penal privada (a instauração depende de requerimento). 10.8 Procedimento Inquisitorial Prevalece o entendimento de que não há necessidade de observância do contraditório e da ampla defesa no inquérito policial. Ademais, em razão da inquisitoriedade do IP, não é obrigatório o seu acompanhamento por advogado. O único inquérito em que é assegurado o contraditório é o instaurado pela Polícia Federal, a pedido do Ministro da Justiça, visando à expulsão de estrangeiro (Decreto nº 86.715/1981). CUIDADO! http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 15 Atuação do advogado na fase inquisitiva (Lei nº 13.245/2016): essa lei alterou o Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (Lei nº 8.906/1994) e incluiu nele vários direitos aos advogados na fase inquisitiva: • direito de examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital (art. 7º, XIV, da Lei nº 8.906/1994). • direito de assistir seus clientes durante investigação, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados (art. 7º, XXI, da Lei nº 8.906/1994). • direito de apresentar razões e quesitos (art. 7º, XXI, a, da Lei nº 8.906/1994). Apesar de haver doutrina entendendo que, com essa alteração, passou a ser assegurado ocontraditório e a ampla defesa no inquérito policial, não é essa a posição que prevalece. O entendimento que deve ser levado para provas de concurso é no sentido de que o inquérito policial continua sendo inquisitivo, ou seja, que continua não sendo assegurado o contraditório e a ampla defesa no inquérito policial. Isso porque o fato de não ser assegurado o contraditório e a ampla defesa não afasta o plexo de outros direitos a que faz jus o investigado e seu advogado na fase inquisitiva (direito ao silêncio, direito de acesso aos autos etc.). ATENÇÃO http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 16 Reforça esse entendimento o fato de que o advogado já tinha outros direitos assegurados, inclusive na fase inquisitiva, dentre eles: • direito de ingressar livremente nas salas e dependências de audiências, secretarias, cartórios, ofícios de justiça, serviços notariais e de registro, e, no caso de delegacias e prisões, mesmo fora da hora de expediente e independentemente da presença de seus titulares (art. 7º, VI, b, da Lei nº 8.906/1994); • direito de permanecer sentado ou em pé e retirar-se de quaisquer locais indicados no item anterior, independentemente de licença (art. 7º, VII, da Lei nº 8.906/1994); • direito de reclamar, verbalmente ou por escrito, perante qualquer juízo, tribunal ou autoridade, contra a inobservância de preceito de lei, regulamento ou regimento (art. 7º, XI, da Lei nº 8.906/1994). 10.9 Procedimento Unidirecional Há doutrina que aponta que o inquérito policial se destina a uma única finalidade: a apuração dos fatos que são objeto de investigação. Para esses autores, não caberia à autoridade policial emitir juízo de valor na apuração dos fatos. Assim, não caberia ao delegado afirmar no relatório que o investigado deve ser processado e condenado pelo crime “X” ou pelo crime “Y”. Para essa corrente doutrinária, exceção ficaria por conta da Lei de Drogas, que prevê que a autoridade deve justificar as razões que a levaram à classificação do delito (art. 52 da Lei de Drogas). Devemos registrar, no entanto, que essa doutrina perdeu força com a vigência da Lei nº 12.830/2013, que prevê expressamente que o delegado de polícia deve realizar a análise técnico-jurídica do fato no curso do inquérito policial (por ocasião do indiciamento). http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 17 10.10 Procedimento sistemático A documentação das diligências do inquérito policial deve ser feita de forma lógica, para se possibilitar a compreensão da sequência da apuração dos fatos. Exemplo: o delegado de polícia recebeu notícia de um furto em estacionamento. Requisitou as imagens do circuito de câmeras. Identificou testemunha do fato e a ouviu. Nesse exemplo, as diligências realizadas devem ser documentadas nos autos do inquérito em sequência: primeiro, a notícia; segundo, o relatório de análise das câmeras; e; por último, a oitiva da testemunha. 10.11 Procedimento Temporário O inquérito policial não pode se prolongar por prazo desarrazoado, sob pena de causar constrangimento ilegal ao investigado. O fundamento jurídico dessa característica é a garantia constitucional da razoável duração do processo. Tal direito individual também se aplica à fase inquisitorial da persecução penal. Nesse sentido, o STJ concedeu ordem de habeas corpus para determinar o trancamento de inquérito policial que tramitava há mais de sete anos em sucessivas prorrogações de prazo (STJ, HC nº 96.666). No caso, passados mais de sete anos desde a instauração do Inquérito pela Polícia Federal do Maranhão, não houve o oferecimento de denúncia contra os pacientes. É certo que existe jurisprudência, inclusive desta Corte, que afirma JURISPRUDÊNCIA http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 18 inexistir constrangimento ilegal pela simples instauração de inquérito policial, mormente quando o investigado está solto, diante da ausência de constrição em sua liberdade de locomoção (HC nº 44.649/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, DJU 8/10/2007); entretanto, não se pode admitir que alguém seja objeto de investigação eterna, porque essa situação, por si só, enseja evidente constrangimento, abalo moral e, muitas vezes, econômico e financeiro, principalmente quando se trata de grandes empresas e empresários e os fatos já foram objeto de inquérito policial arquivado a pedido do Parquet Federal. 11. FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL 11.1 Crimes de Ação Penal Pública Incondicionada Nos crimes de ação penal pública incondicionada, o inquérito policial pode ser instaurado por diversas formas, previstas no art. 5º do CPP. 11.1.1 De Ofício Nos crimes de ação penal pública incondicionada, o inquérito policial pode ser instaurado independentemente de qualquer requerimento ou manifestação de vontade da vítima. • Ato inaugural: portaria da autoridade policial. • Eventual habeas corpus terá como autoridade coatora o próprio delegado de polícia e será impetrado perante o juiz competente. http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 19 11.1.2 Por Requisição do Juiz ou do Ministério Público • Ato inaugural: a própria requisição ou uma portaria da autoridade policial que faça constar a requisição. • Eventual habeas corpus terá como autoridade coatora o juiz ou MP que requisitou o procedimento e será impetrado perante o Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal (a depender se a autoridade requisitante é estadual ou federal, respectivamente). A REQUISIÇÃO DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL PELO MINISTÉRIO PÚBLICO OBRIGA A AUTORIDADE POLICIAL? Prevalece o entendimento de que a requisição do Ministério Público obriga a autoridade a instaurar o inquérito policial, salvo quando manifestamente ilegal. Isso porque é função constitucional do Ministério Público a requisição do inquérito policial e de diligências investigativas (art. 129, VIII, CF/1988). ATENÇÃO Divergência doutrinária: apesar da previsão legal da possibilidade de o juiz requisitar a instauração de inquérito policial – possibilidade que é aceita por parte da doutrina (Nestor Távora, por exemplo) –, há doutrina que entende que essa possibilidade não foi recepcionada pela atual ordem constitucional (Renato Brasileiro de Lima, por exemplo). http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 20 Essa segunda corrente fundamenta seu posicionamento na adoção pela CF/1988 (art. 129, I) do sistema acusatório na sistemática processualista penal pátria, modelo em que há nítida separação entre as funções de investigar, acusar e as funções de julgar, não podendo o juiz, em regra, intervir de ofício na fase investigatória sob pena de ter violada sua imparcialidade. Apesar da divergência existente, em provas objetivas de concursos públicos, deve ser levada a informação de que o juiz pode, sim, requisitar a instauração do inquérito policial nos crimes de ação penal pública incondicionada, conforme previsto no CPP. Em provas discursivas, todavia, o candidato deverá explicar a divergência existente 11.1.3 Por Requerimento da Vítima Ou Representante Legal Diante do requerimento da vítima ou de seu representante legal, cabe à autoridade policial analisar se o inquérito policial deve ou não ser instaurado. Se a autoridade policial entender que não há razão para a instauração do inquérito policial, deverá indeferir o requerimento. Recurso inominado: nessecaso, do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito, caberá recurso para o chefe de polícia (art. 5°, § 2°, do CPP). • Ato inaugural: portaria da autoridade policial. • Eventual habeas corpus terá como autoridade coatora o próprio delegado de polícia e será impetrado perante o juiz competente. 11.1.4 Notícia Oferecida por Qualquer Do Povo (Delatio Criminis Simples) O art. 5°, § 3º, do CPP, dispõe que: http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 21 qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito. ATENÇÃO Diante da notícia de qualquer do povo, a autoridade policial não deve instaurar o inquérito policial imediatamente. Deve, antes, verificar a procedência das informações. Essa verificação preliminar das investigações (VPI) busca evitar a instauração de um processo investigativo contra uma pessoa unicamente com base na notícia de alguém, sem confrontar essa notícia com outros elementos de informação. Notícia Anônima (Delatio Criminis Inqualificada) A questão que repetidamente cai em provas de concursos é o efeito da notícia anônima, também denominada de “delatio criminis” inqualificada. O tema já foi pacificado na jurisprudência. Diante da vedação ao anonimato na Constituição Federal e diante da impossibilidade de responsabilização do falso delator no caso de notícia anônima, entende-se que não é possível a instauração do inquérito policial com base, exclusivamente, em uma notícia anônima. Todavia, isso não significa que a notícia anônima não seja admitida. A notícia anônima é, sim, admitida em nosso ordenamento jurídico. Diante de uma notícia anônima (delatio criminis inqualificada), a autoridade policial deve verificar a procedência das informações por meio das diligências cabíveis, e, caso seja constatada a veracidade da notícia, é perfeitamente possível a instauração do inquérito policial. http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 22 Exceção! Será possível a instauração de inquérito policial unicamente com base em notícia anônima quando ela for recebida através de um documento apócrifo que constitua o próprio corpo de delito, ou seja, que constitua o vestígio material que demonstra a materialidade do crime (STF, Inq. nº 1.957/PR). Exemplo: carta contendo injúria racial sem identificação do signatário. 11.1.5 Auto de Prisão em Flagrante A prisão em flagrante também inicia um inquérito policial para apuração da infração penal que a motivou. • Ato inaugural: auto de prisão em flagrante. • Eventual habeas corpus terá como autoridade coatora o próprio delegado de polícia e será impetrado perante o juiz competente. 11.2 Crimes de Ação Penal Pública Condicionada à Representação ou à Requisição do Ministro da Justiça Trata-se de exceção à regra da oficiosidade. Conforme preceitua o art. 5°, § 4º, do CPP: O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado. Assim, a representação do ofendido não é apenas condição de procedibilidade da ação penal, como, também, é requisito de instauração do inquérito policial nos crimes de ação penal pública condicionada. http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 23 O mesmo entendimento aplica-se aos crimes de ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça (crimes contra a honra do Presidente da República, por exemplo), em que o inquérito não pode ser instaurado sem tal condição. A representação do ofendido é classificada como delatio criminis postulatória. DELATIO CRIMINIS SIMPLES DELATIO CRIMINIS POSTULATÓRIA A notícia de qualquer do povo é uma “delatio criminis” simples. A representação do ofendido é uma “delatio criminis” postulatória. Apenas leva a notícia do crime à autoridade policial. Leva a notícia do crime à autoridade policial e requer providências. Não é condição para instauração de inquérito policial. É condição para instauração de inquérito policial e para início da ação penal nos crimes de ação penal pública condicionada. 11.3 Crimes de Ação Penal de Iniciativa Privada Trata-se também de exceção à regra da oficiosidade. Isso porque, nos crimes de ação penal privada, a autoridade policial não pode instaurar o inquérito de ofício ao tomar conhecimento da prática de infração penal. Conforme preceitua o art. 5°, § 5º, do CPP: nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la. ATENÇÃO http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 24 12. NOTITIA CRIMINIS “Notitia criminis” é a notícia do crime. Trata-se do conhecimento, espontâneo ou provocado, pela autoridade da prática de um delito. 12.1 Espécies de notitia criminis a) Notitia criminis de cognição imediata (espontânea ou direta) Ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso por meio de suas atividades rotineiras. Exemplo é a situação em que, no curso de uma interceptação telefônica destinada a apurar um crime de homicídio, o delegado de polícia toma ciência da ocorrência de um latrocínio por pessoa que sequer era investigada inicialmente. ATENÇÃO Conforme estudamos, quando há uma delatio criminis inqualificada (notícia anônima), só se instaurará o inquérito policial se verificada, por meio de diligências policiais preliminares, a veracidade das informações. Em razão disso, a delatio criminis inqualificada é considerada pela doutrina como notitia criminis de cognição imediata. b) Notitia criminis de cognição mediata (provocada ou indireta) Ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento da prática da infração penal por meio de um documento escrito. Exemplo: requisição do MP. c) Notitia criminis de cognição coercitiva Ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento da infração penal por meio da apresentação de pessoa presa em flagrante. http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 25 1. É correto afirmar que o inquérito policial é um procedimento pautado pela oralidade? 2. É possível a utilização de recursos audiovisuais para registro das diligências do inquérito policial? 3. No inquérito policial aplica-se o princípio da publicidade dos atos processuais? As diligências investigativas do inquérito policial podem ser divulgadas? 4. O sigilo do inquérito pode ser oposto ao advogado do investigado? 5. O direito de acesso do advogado aos autos do inquérito depende de prévia autorização judicial ou deve ser concedido pela autoridade policial? 6. O direito de acesso do advogado aos autos abrange as diligências investigativas ainda não concluídas? 7. Diante da negativa de acesso do advogado aos autos do inquérito policial, quais os instrumentos jurídicos podem ser utilizados para garantir o exercício desse direito? 8. A autoridade policial pode exigir procuração para conceder o acesso do advogado aos autos? 9. Nos atestados de antecedentes criminais podem constar informações sobre inquéritos policiais? 10. A ação penal pode ser iniciada sem o inquérito policial? 11. A ação penal pode ser iniciada sem um lastro probatório mínimo? 12. A autoridade policial pode delegar a condução do inquérito policial a um detetive particular? ESTUDODIRIGIDO http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 26 13. O que significa dizer que o inquérito policial é indisponível? 14. Se, no curso das investigações, a autoridade perceber que o fato investigado evidentemente não é crime, poderá arquivar por conta própria o inquérito policial? 15. A autoridade policial é obrigada a realizar todas as diligências investigativas previstas no Código de Processo Penal? 16. É correto afirmar que a autoridade policial deve realizar as diligências investigativas em uma ordem determinada? 17. O ofendido e o indiciado podem requerer diligências à autoridade policial? 18. A autoridade policial pode indeferir requerimento de diligências feito pelo ofendido ou pelo indiciado? 19. A autoridade policial pode indeferir requisição de diligências feita pelo Ministério Público? 20. Qual a diferença entre discricionariedade e arbitrariedade? 21. Existe alguma diligência investigativa que a autoridade policial é obrigada a realizar no curso do inquérito policial? 22. Devem ser observados o contraditório e a ampla defesa no inquérito policial? 23. Quais são as formas de instauração do inquérito policial nos crimes de ação penal pública incondicionada? 24. A requisição de instauração do inquérito policial obriga a autoridade policial? 25. O juiz pode requisitar a instauração do inquérito policial? 26. O que é a “delatio criminis inqualificada”? 27. A notícia anônima é admitida? http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 27 28. A autoridade policial pode instaurar inquérito policial unicamente com base em notícia anônima? Existe alguma exceção a regra? 29. Qual a providência da autoridade policial diante de uma notícia anônima? 30. Quais são as formas de instauração do inquérito policial nos crimes de ação penal pública condicionada a representação? 31. O que é a “delatio criminis postulatória”? 32. Quais são as formas de instauração do inquérito policial nos crimes de ação penal privada? 33. O que é a “notitia criminis”? Quais são suas espécies? 34. A notícia anônima enquadra-se em qual espécie de “notitia criminis”? http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 28 QUESTÕES DE PROVAS ANTERIORES – LISTA I Características do inquérito: escrito 1. (FGV/TJRO/TÉCNICO JUDICIÁRIO/2015) O inquérito policial tem como algumas de suas principais características a oralidade, a oficialidade e oficiosidade. 2. (MPE-SP/MPE-SP/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2015) O inquérito policial, na atual sistemática processual, é exclusivamente escrito, nos termos dos arts. 9º e 405, § 1º, ambos do Código de Processo Penal. Características do inquérito: inquisitoriedade 3. (CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS/AGENTE DE POLÍCIA LEGISLATIVA/2014) Ainda que o contraditório e a ampla defesa não sejam observados durante a realização do inquérito policial, não serão inválidas a investigação criminal e a ação penal subsequente. 4. (CESPE/PC-BA/INVESTIGADOR DE POLÍCIA/2013) Tanto o acompanhamento do inquérito policial por advogado quanto seus requerimentos ao delegado caracterizam a observância do direito ao contraditório e à ampla defesa, obrigatórios na fase inquisitorial e durante a ação penal. Características do inquérito: indisponibilidade 5. (FGV/TJRO/TÉCNICO JUDICIÁRIO/2015) O inquérito policial é disponível, de modo que a autoridade policial poderá determinar seu arquivamento diretamente. 6. (FUNIVERSA/PC-DF/PAPILOSCOPISTA/2015) Caso se convença de que o autor do crime agiu em legítima defesa, o delegado de polícia poderá mandar arquivar os autos do inquérito policial. http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 29 7. (CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS/AGENTE DE POLÍCIA LEGISLATIVA/2014) A autoridade policial poderá arquivar o inquérito policial se verificar que o fato criminoso não ocorreu. Características do inquérito: sigilosidade 8. (CESPE/PC-MT/DELEGADO DE POLÍCIA/2017) Conforme súmula do STF, é direito do advogado do investigado o acesso aos autos do inquérito policial. Nesse sentido, o advogado do investigado a) deverá obrigatoriamente participar do interrogatório policial do investigado, sob pena de nulidade absoluta do procedimento. b) erá acesso às informações concernentes à representação e decretação, ainda pendentes de conclusão, de medidas cautelares pessoais que digam respeito ao investigado, excluindo-se aquelas que alcancem terceiros eventualmente envolvidos. c) erá direito ao pleno conhecimento, sem restrições, de todas as peças e atos da investigação. d) deverá ser comunicado previamente de todas as intimações e diligências investigativas que digam respeito ao exercício do direito de defesa no interesse do representado. e) terá acesso amplo aos elementos constantes em procedimento investigatório que digam respeito ao indiciado e que já se encontrem documentados nos autos. 9. (CESPE/TRE-BA/ANALISTA JUDICIÁRIO/2017) Indiciado em determinado inquérito policial, Pedro requereu, por meio de seu advogado, acesso aos autos da investigação. O requerimento foi negado pelo delegado de polícia. Nessa situação hipotética, a decisão da autoridade policial está http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 30 a) correta, pois, sendo procedimento inquisitório, não há de se falar em assistência de advogado no curso do inquérito policial. b) incorreta, pois o exercício do direito de defesa e contraditório são plenamente aplicáveis ao inquérito policial. c) incorreta, pois afronta o princípio da publicidade, igualmente aplicável às ações penais em curso e aos inquéritos policiais. d) correta, pois o inquérito policial, sendo procedimento inquisitório, deve ser mantido em sigilo até o ajuizamento da ação penal. e) incorreta, pois o acesso do indiciado, por meio de seu advogado, aos autos do procedimento investigatório é garantia de seu direito de defesa. 10. (FUNIVERSA/SAPEJUS-GO/AGENTE DE SEGURANÇA PRISIONAL/2015) Uma das características do inquérito é a sua publicidade, uma vez que a Constituição Federal assegura a publicidade dos procedimentos realizados por autoridades públicas. 11. (FGV/TJRO/TÉCNICO JUDICIÁRIO/2015) Uma das características do inquérito policial é o sigilo, razão pela qual não poderá o defensor do indiciado ter acesso aos autos, ainda que em relação àquilo já documentado. 12. (CESPE/TRF 2ª REGIÃO/JUIZ FEDERAL/2013) O advogado tem direito de vista aos autos do IP, salvo nos casos de decretação de sigilo. 13. (CESPE/PC-PE/DELEGADO DE POLÍCIA/2016) O acesso aos autos do inquérito policial por advogado do indiciado se estende, sem restrição, a todos os documentos da investigação. 14. (CESPE/PC-AL/ESCRIVÃO DE POLÍCIA/2012) Apesar do sigilo do inquérito policial, é assegurado o seu amplo acesso ao investigado e a seu advogado, em qualquer circunstância, ainda que haja diligências em curso. http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 31 15. (CESPE/PC-ES/DELEGADO DE POLÍCIA/2011) Sinval foi indiciado pelo crime de dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei em relação a órgão da administração federal. Durante a fase do inquérito, a defesa de Sinval pleiteou o direito de acesso amplo aos elementos de prova documentados em procedimento investigatório realizado por órgão dotado de competência de polícia judiciária.Tal pedido não foi integralmente atendido pelo órgão competente, sob o argumento de que deveria ser ressalvado o acesso da defesa às diligências policiais que, ao momento do requerimento, ainda estavam em tramitação ou ainda não tinham sido encerradas. Nessa situação, com base na jurisprudência prevalecente no STF, é adequada a aplicação conferida pelo órgão dotado de competência de polícia judiciária. 16. (CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS/AGENTE DE POLÍCIA LEGISLATIVA/2014) O indiciamento no inquérito policial, por ser uma indicação de culpa do agente, poderá ser anotado em atestado de antecedentes criminais. A partir do indiciamento, poderá ser divulgado o andamento das investigações, com a identificação do provável autor dos fatos. 17. (CESPE/TJAC/TÉCNICO JUDICIÁRIO/2013) A fim de assegurar o sigilo necessário à elucidação de um fato, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes à instauração de inquérito contra os requerentes nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados. Características do inquérito: dispensável 18. (CESPE/PRF/POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL/2013) O Ministério Público pode oferecer a denúncia ainda que não disponha do inquérito relatado pela autoridade policial. http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 32 19. (CESPE/TRE-ES/ANALISTA JUDICIÁRIO/2011) O inquérito policial não é indispensável à propositura de ação penal, mas denúncia desacompanhada de um mínimo de prova do fato e da autoria é denúncia sem justa causa. 20. (CESPE/PC-PB/AGENTE DE INVESTIGAÇÃO E AGENTE DE POLÍCIA/2009) Por não ser uma peça obrigatória, o IP poderá não acompanhar a denúncia ou a queixa, mesmo que sirva de base para uma ou outra. Características do inquérito: oficiosidade e oficialidade 21. (FGV/TJRO/TÉCNICO JUDICIÁRIO/2015) O inquérito policial tem como algumas de suas principais características a oralidade, a oficialidade e oficiosidade. Características do inquérito: discricionariedade 22. (CESPE/PC-ES/ESCRIVÃO DE POLÍCIA/2011) O desenvolvimento da investigação no IP deverá seguir, necessariamente, todas as diligências previstas de forma taxativa no Código de Processo Penal, sob pena de ofender o princípio do devido processo legal. 23. (CESPE/POLÍCIA FEDERAL/AGENTE DA POLÍCIA FEDERAL/2012) O Código de Processo Penal determina expressamente que o interrogatório do investigado seja o último ato da investigação criminal antes do relatório da autoridade policial, de modo que seja possível sanar eventuais vícios decorrentes dos elementos informativos colhidos até então bem como indicar outros elementos relevantes para o esclarecimento dos fatos. 24. (FUNIVERSA/PC-DF/PAPILOSCOPISTA/2015) Veda-se à vítima requerer ao delegado realização de diligências na fase do inquérito policial. http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 33 25. (FUNCAB/PC-AC/PERITO CRIMINAL/2015) Considerando que no inquérito policial não vigora o princípio do contraditório, o advogado do indiciado não poderá, nesta fase, requerer diligências. 26. (CESPE/PC-PE/AGENTE DE POLÍCIA/2016) O delegado de polícia, por deter a prerrogativa de condução do inquérito policial, pode se negar a cumprir diligências requisitadas pelo Ministério Público se entender que elas não são pertinentes. Características do inquérito: unidirecional e sistemático 27. (FUNCAB/PC-ES/ESCRIVÃO DE POLÍCIA/2013) São características do inquérito policial: a) Procedimento preparatório, formal, escrito, inquisitorial e instrutor, sigiloso, dispensável, sistemático, unidirecional. b) Processo preparatório, material, escrito ou verbal, inquisitorial, sigiloso com exceções , indispensável, sistêmico, bidirecional. c) Procedimento preparatório, material, instrutor, sigiloso mitigado, dispensável, sistemático, bidirecional. d) Processo preparatório, formal, escrito, inquisitorial, sigiloso, dispensável, sistêmico, bidirecional. e) Procedimento preparatório, informal, escrito, inquisitorial e instrutor, sigiloso, dispensável, sistemático, bidirecional. 28. (NUCEPE/SEJUS-PI/AGENTE PENITENCIÁRIO/2010) O inquérito policial é unidirecional, não cabendo à autoridade policial emitir juízo de valor acerca do fato delituoso. http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 34 Características do inquérito: informativo 29. (IBADE/PC-AC/AGENTE DE POLÍCIA CIVIL/2017) Sobre as características do inquérito pode se dizer que ele é: a) inquisitório e informativo. b) inquisitivo e público. c) sigiloso e acusatório. d) sigiloso e contraditório. e) acusatório e informativo. Atuação do advogado na fase inquisitiva 30. (VUNESP/TJSP/JUIZ SUBSTITUTO/2017) Durante o inquérito, o advogado: a) pode assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, mas não pode apresentar razões e quesitos. b) não precisa apresentar procuração para examinar autos sujeitos a sigilo, desde que ainda não conclusos à autoridade. c) pode ter delimitado, pela autoridade competente, o acesso aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não documentadas nos autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligências. d) pode examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir a investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, mas não pode copiar peças e tomar apontamentos por meio digital. http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 35 Formas de instauração do inquérito policial Crimes de ação penal pública incondicionada 31. (MPE-RS/MPE-RS/AGENTE ADMINISTRATIVO/2016) Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do Ministério Público fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção, nos casos em que caiba a ação penal: a) popular. b) pública condicionada a requisição do Ministro da Justiça. c) pública condicionada a representação do ofendido. d) de iniciativa privada. e) pública incondicionada. 32. (FUNCAB/PC-ES/PSICÓLOGO/2013) O inquérito policial não poderá ser instaurado de ofício, sob pena de suspeição da autoridade policial. 33. (CESPE/TRF 2ª REGIÃO/JUIZ FEDERAL/2013) Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento de qualquer infração penal poderá comunicá-la à autoridade policial, que, então, deverá reduzi-la a termo e, caso verifique a procedência das informações, instaurar inquérito. 34. (FMP/MPE-MA/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2015) Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, de imediato, deverá mandar instaurar inquérito. 35. (CESPE/TJAC/TÉCNICO JUDICIÁRIO/2013) A comunicação de uma ocorrência policial só deve ser realizada por escrito. http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 36 36. (CS-UFG/TJGO/JUIZ LEIGO/2017) Nos termos do Código de Processo Penal, do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o a) escrivão de polícia. b) chefe de polícia. c) juiz leigo.d) juiz de direito. e) ribunal de Justiça. Requisição do MP/juiz obriga a instauração do inquérito policial? 37. (CESPE/JUIZ SUBSTITUTO/2006) A requisição do MP para instauração do IP tem a natureza de ordem, razão pela qual não pode ser descumprida pela autoridade policial, ainda que, no entender desta, seja descabida a investigação. 38. (FCC/DPE-MA/DEFENSOR PÚBLICO/2015) O inquérito policial poderá ser instaurado por requisição judicial, a depender da análise de conveniência e oportunidade do delegado de polícia. Notícia anônima (delatio criminis inqualificada) 39. (CESPE/PC-PE/DELEGADO DE POLÍCIA/2016) Em consonância com o dispositivo constitucional que trata da vedação ao anonimato, é vedada a instauração de inquérito policial com base unicamente em denúncia anônima, salvo quando constituírem, elas próprias, o corpo de delito. http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 37 40. (CESPE/AGU/ADVOGADO DA UNIÃO/2015) Ao receber uma denúncia anônima por telefone, a autoridade policial realizou diligências investigatórias prévias à instauração do inquérito policial com a finalidade de obter elementos que confirmassem a veracidade da informação. Confirmados os indícios da ocorrência de crime de extorsão, o inquérito foi instaurado, tendo o delegado requerido à companhia telefônica o envio de lista com o registro de ligações telefônicas efetuadas pelo suspeito para a vítima. Prosseguindo na investigação, o delegado, sem autorização judicial, determinou a instalação de grampo telefônico no telefone do suspeito, o que revelou, sem nenhuma dúvida, a materialidade e a autoria delitivas. O inquérito foi relatado, com o indiciamento do suspeito, e enviado ao MP. Nessa situação hipotética, considerando as normas relativas à investigação criminal, são nulos os atos de investigação realizados antes da instauração do inquérito policial, pois violam o princípio da publicidade do procedimento investigatório, bem como a obrigação de documentação dos atos policiais. 41. (CESPE/TRF 2ª REGIÃO/JUIZ FEDERAL/2013) Nos crimes hediondos, o IP pode ser instaurado com base apenas em denúncia anônima encaminhada a delegado de polícia, a membro do MP ou a juiz, por constituir indício da prática de crime. 42. (CESPE/MPE-RO/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2013) Conforme o STF, considerando-se a vedação constitucional ao anonimato, não é possível a instauração de inquérito policial com base unicamente em delação anônima, dada a ausência de elementos idôneos sobre a existência da infração penal. 43. (CESPE/PC-BA/DELEGADO DE POLÍCIA/2013) O delegado de polícia não pode determinar a instauração de inquérito policial exclusivamente com base na denúncia anônima recebida. http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 38 Crimes de ação penal privada e pública condicionada a representação 44. (CESPE/PC-DF/ESCRIVÃO DE POLÍCIA/2013) Nos crimes de ação pública condicionada, o IP somente poderá ser instaurado se houver representação do ofendido ou de seu representante legal; nos crimes de iniciativa privada, se houver requerimento de quem tenha qualidade para oferecer queixa. 45. (CESPE/TRE-MS/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA/2013) Por força do dever de persecução penal do Estado, assim que tiver conhecimento da prática de crime – seja de ação pública, seja de ação privada –, a autoridade policial terá o dever de instaurar inquérito policial. 46. (FGV/TJRO/TÉCNICO JUDICIÁRIO/2015) A natureza de ação pública condicionada à representação do crime de estupro exige que a representação seja ofertada para fins de propositura da ação penal, mas não para instauração de inquérito. 47. (FCC/DPE-MA/DEFENSOR PÚBLICO/2015) O inquérito policial nos casos de ação penal privada e ação penal pública condicionada poderá ser instaurado mesmo sem a representação da vítima ou seu representante legal, desde que se trate de crime hediondo. 48. (CESPE/TJDF/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS – REMOÇÃO/2014) O inquérito policial nos crimes em que a ação pública for condicionada à representação, poderá ser instaurado sem esta, desde que mediante ato de ofício da autoridade policial competente. 49. (CESPE/TJRR/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS/2013) Nos crimes de ação penal privada, o inquérito policial só poderá ser instaurado a requerimento da vítima ou do MP. http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 39 Espécies de delatio criminis 50. (CESPE/MPE-RO/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2013) O gênero delatio criminis engloba as espécies da delação simples, definida como a comunicação de crime feita por qualquer do povo, e da delação postulatória, que consiste na requisição de inquérito policial pelo MP. Investigação de autoridades com foro por prerrogativa de função 51. (CESPE/PREFEITURA DE FORTALEZA/PROCURADOR DO MUNICÍPIO/2017) De acordo com o STJ, é exigida prévia autorização do Poder Judiciário para a instauração de inquérito ou procedimento investigatório criminal contra prefeito, já que prefeitos detêm foro por prerrogativa de função e devem ser julgados pelo respectivo tribunal de justiça, TRF ou TRE, conforme a natureza da infração imputada. 52. (CESPE/PC-BA/DELEGADO DE POLÍCIA/2013 – ADAPTADA) De acordo com o STF, a instauração de inquérito policial para apuração de infrações penais, de competência da justiça estadual, imputadas a prefeito municipal condiciona-se à autorização do Tribunal de Justiça, órgão responsável pelo controle dos atos de investigação depois de instaurado o procedimento apuratório. 53. (CESPE/POLÍCIA FEDERAL/DELEGADO DE POLÍCIA/2013) Um delegado da Polícia Federal instaurou inquérito policial, mediante portaria, para investigar a conduta de deputado federal suspeito da prática de crimes contra a administração pública. Intimado para oitiva nos autos, o parlamentar impetrou habeas corpus contra o ato da autoridade policial, sob o argumento de usurpação de competência originária do STF. Nessa situação hipotética, assiste razão ao impetrante, visto que, para a instauração do procedimento policial, é necessário que a autoridade policial obtenha prévia autorização da Câmara dos Deputados ou do STF. http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 40 Notitia criminis 54. (FUNCAB/PC-ES/PERITO/2013) A ciência da ocorrência de um fato criminoso pela autoridade policial é denominada: a) abolitio criminis. b) notitia criminis. c) prevenção. d) inquérito policial. e) prescrição. (Cespe/PC-PB/2009) Quanto à notitia criminis, julgue os itens. 55. O conhecimento pela autoridade policial da infração penal por meio de requerimento da vítima denomina-se notitia criminis de cognição imediata. 56. O conhecimento pela autoridade policial da infração penal por meio de suas atividades rotineiras denomina-se notitia criminis de cognição mediata. 57. O conhecimento pela autoridade policial da infração penal por meio da prisão em flagrante do acusado denomina-se notitia criminis de cognição coercitiva. http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte II Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 41 GABARITO – LISTA I 1. E 2. E 3. C 4. E 5. E 6. E 7. E 8. e 9. e 10. E 11. E 12. E 13. E 14. E 15. C 16. E 17. C 18. C 19. C 20. E 21. E 22. E 23. E 24. E 25. E 26. E 27. a 28. C 29. a 30. c 31. e 32. E 33. E 34. E 35. E 36. b 37. C 38. E 39. C 40. E 41. E 42. C 43. C 44. E 45. E 46. E 47. E 48. E 49. E 50.E 51. E 52. C 53. e 54. C 55. E 56. E 57. C http://zeroumconcursos.com.br _GoBack 10. CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL 10.1 Procedimento Escrito (Formal) 10.1.1 Possibilidade de Gravação das Diligências Investigativas através de Recursos Audiovisuais 10.2 Peça Sigilosa 10.4 Oficialidade 10.5 Peça Indisponível 10.6 Procedimento Discricionário 10.6.1 Requisição de diligência pelo MP 10.7 Oficiosidade 10.8 Procedimento Inquisitorial 10.9 Procedimento Unidirecional 10.10 Procedimento sistemático 10.11 Procedimento Temporário 11. FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL 11.1 Crimes de Ação Penal Pública Incondicionada 11.1.1 De Ofício 11.1.2 Por Requisição do Juiz ou do Ministério Público 11.1.3 Por Requerimento da Vítima Ou Representante Legal 11.1.4 Notícia Oferecida por Qualquer Do Povo (Delatio Criminis Simples) 11.1.5 Auto de Prisão em Flagrante 11.2 Crimes de Ação Penal Pública Condicionada à Representação ou à Requisição do Ministro da Justiça 11.3 Crimes de Ação Penal de Iniciativa Privada 12. NOTITIA CRIMINIS 12.1 Espécies de notitia criminis QUESTÕES de provas ANTERIORES – lista i Gabarito – LISTA I
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