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Livro Completo - História da Educação

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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
Prof. Dr. Myrian Lúcia Ruiz Castilho
005 Aula 01:
014 Aula 02:
024 Aula 03:
039 Aula 04:
048 Aula 05:
058 Aula 06:
066 Aula 07:
074 Aula 08:
083 Aula 09:
093 Aula 10:
099 Aula 11:
106 Aula 12:
113 Aula 13:
120 Aula 14:
129 Aula 15:
137 Aula 16:
Educação Primitiva 
Educação na Antiguidade 
Educação Grega 
Educação Romana 
Educação Cristã como Ideal da Educação na Idade 
Média
Educação Moderna - Renascimento 
Educação Realista 
Educação Iluminista 
Organização da Educação Nacional do Séc. XIX - O 
Brasil Colônia e o Ensino Jesuítico
Educação Brasileira do Séc. XX - Primeira República 
Educação Brasileira na Era Vargas 
Educação Brasileira no Estado Novo 
A Escola Nova no Brasil 
Redemocratização e Educação - O Avanço da 
Educação Popular
Educação no Período Militar 
Educação Básica, Técnica e Superior a Partir dos Anos 
de 1990
002
Introdução
Olá, querido(a) aluno(a)!
Estamos começando a disciplina História da Educação. Nela, os historiado-
res buscam analisar a educação do presente e do passado, pois a história 
nos leva a uma reflexão sobre a educação de diferentes épocas e a maneira 
como os conhecimentos são trabalhados.
A educação não é linear em todos os lugares. As sociedades têm as suas 
particularidades que as tornam únicas e organizam suas formas de conhe-
cimento nas perspectivas sociais e culturais.
Certamente você já estudou a história das civilizações antigas e a história 
brasileira e, curiosamente, deparou-se com fatos, narrativas e ilustrações 
que aguçaram sua curiosidade e suscitaram questões, tais como: a educação 
pode ser considerada uma prática social? A educação pode ser analisada 
como fator histórico, social e cultural? Apesar de os jesuítas serem da maior 
importância e de possuírem o apoio da Coroa, outras ordens religiosas tam-
bém participaram da colonização brasileira? O educador brasileiro Paulo 
Freire teve participação no processo de difusão dos pressupostos da Escola 
Nova? Você sabe as consequências que o golpe militar de 1964 trouxe para a 
educação nacional, para as universidades, para o ensino primário e secundá-
rio da época e em que isso impactaria as próximas décadas? São perguntas 
cujas respostas encontraremos juntos, na trajetória do nosso curso. 
Este livro propõe uma viagem pela história da educação desde as sociedades 
tribais dos povos primitivos, seguindo pela Antiguidade Clássica, em espe-
cial Grécia e Roma, e pela Idade Média, destacando a influência da Igreja 
Católica. São abordados, também, os aspectos educacionais da Idade Mo-
derna com o Renascimento, a Idade Contemporânea e o Iluminismo, bem 
como uma análise sobre os fenômenos da história da educação brasileira 
contemporânea. 
003
Dessa forma, gostaria de contar com a sua participação ativa na aquisição de 
conhecimento. Vamos juntos percorrer o caminho da História da Educação 
de uma forma mais abrangente, pois só é possível compreender a educa-
ção relacionando-a a valores morais, éticos, sociais e políticos, já que não 
existe educação fora da sociedade. E é nesse contexto que se desenvolverá 
o nosso estudo. Espero que esta disciplina contribua para que você adquira
os fundamentos essenciais para a sua formação.
Querido(a) aluno(a), chegou a hora de ampliar os seus conhecimentos!
Bons estudos!
004
01
Educação 
Primitiva
005
Ao analisar o processo educativo na Pré-história, observamos que o homem primitivo
tinha como maior preocupação assegurar sua sobrevivência por meio de atividades
como a caça, a defesa e o vestuário, e tinha forte espírito de conservação dos seus
costumes. Dessa forma, ele aprendia observando o cotidiano.
A sociedade primitiva era constituída por grupos isolados simples e homogêneos, e
seu comportamento era determinado pelas necessidades do grupo. A perspectiva
dialética nos mostra que a educação e a apropriação do conhecimento são uma
prática social tão antiga quanto o homem. Portanto, a educação é inerente à prática
social e é para todos da mesma forma.
Não existem registros escritos sobre a educação primitiva, e as fontes mais conhecidas
são os achados pré-históricos e a vida dos povos primitivos, mas é sabido que, ao se
considerar os períodos históricos, a educação primitiva vem antes da História, antes da
propriedade privada e até mesmo antes do Estado. Entre os povos primitivos não
havia escolas, mas havia a educação, cujo objetivo principal era promover o
ajustamento das crianças e dos jovens ao seu ambiente físico, natural e social por
meio da experiência adquirida das gerações passadas.
E qual é a sua ideia da educação entre os povos primitivos?
Para começar, a educação primitiva era natural e espontânea, adquirida na
convivência familiar, em que aprendiam o que era necessário para a sobrevivência,
para os seus costumes e as suas manifestações.
A forma como os primitivos se comunicavam constituía a grande aprendizagem
educativa. Ademais, a estrutura da educação primitiva era bastante simples, baseada
na imitação inconsciente quando a criança era muito pequena e consciente na criança
mais velha, possuidora de um maior entendimento.
Na primeira fase, as crianças ainda pequenas aprendiam com as reproduções dos
instrumentos usados pelos adultos. Já com as crianças mais velhas, a imitação torna-se
consciente com a participação nas atividades desenvolvidas pelos adultos, sobretudo
os pais. Os mais jovens e as crianças eram orientados para o trabalho pelos adultos de
forma natural e espontânea.
006
O Trabalho como Princípio
Educativo
As crianças aprendiam a construir objetos utilizados na caça e na pesca, bem como as
tarefas domésticas e o trabalho agrícola. Dessa maneira, a educação estava
incorporada às rotinas e acontecia de forma natural, adquirida na convivência com a
família. Com ela, vivenciavam e aprendiam as mais variadas técnicas necessárias à
sobrevivência, além dos costumes da tribo no trabalho, na caça e pesca, na coleta, nos
plantios e nas colheitas.
A criança construía sua identidade ética e cultural em um processo de aprendizagem
informal, no qual os pais ou chefes de família eram os primeiros professores. Sendo
assim, a criança aprendia observando e depois fazendo, de tal forma que a
aprendizagem ocorria pela imitação. A educação na sociedade primitiva não era senão
a própria vida na tribo.
007
Normalmente, os adultos ensinavam as crianças por meio de atividades diárias ou
pelo modo de ser e agir. Ao acompanharem os adultos nas atividades do trabalho,
cerimônias religiosas e demais atividades do dia a dia da tribo, as crianças assimilavam
o conhecimento desde as necessidades mais básicas como a própria subsistência, até
os aspectos morais e religiosos de sua cultura.
Além de ensinamentos orais, outros ensinamentos aplicados no cotidiano eram
passados a cada geração. As crianças aprendiam a partir da imitação dos gestos dos
adultos nas atividades diárias e nos rituais: aprendiam a caçar, a pescar, a pastorear,
assim como assimilavam as atividades da agricultura.
A relação estabelecida entre trabalho e educação trata do conceito de trabalho como
princípio educativo, sobre o qual alguns autores a�rmam:
Somos parte da natureza e dependemos dela para reproduzir a nossa vida. E é
pela ação vital do trabalho que os seres humanos transformam a natureza em
meios de vida. Se essa é uma condição imperativa, socializar o princípio do
trabalho como produtor de valores de uso, para manter e reproduzir a vida, é
crucial e “educativo”. (CIAVATTA; FRIGOTTO; RAMOS, 2010).
Essa relação é percebida no segundo estágio da educação das crianças pela imitação
consciente. Meninos e meninas participam das atividades dos adultos e aprendem por
imitação, porque se passa a exigir deles o trabalho.
Faça uma pesquisa com seus avós e outras pessoas mais velhas para
identi�car as situações de aprendizagem fora do ambiente escolar pelas
quais eles tenham passado. Eles adquiriram essas habilidades com
alguém em especial? Por imitação? Alguém seguiu a ocupação de quem
lhe inspirou?008
Crenças, Mitos e Lendas
na Preservação das
Tradições e Religiosidade
Outro aspecto importante na educação das sociedades tribais é a crença em mitos e
lendas. Essas crenças auxiliavam os povos primitivos em sua visão de mundo,
reforçando os valores morais e a existência da vida e do mundo. Dessa forma, é
possível identi�car os processos educacionais das sociedades tribais, bem como
compreender a sua importância para a organização social, sistematização da vida e
preservação das suas tradições e religiosidade.
Os mitos, as crenças e as lendas, a princípio, representavam a forma encontrada pelo
homem para explicar a sua própria origem. Por meio delas é que o homem primitivo
transmitia sua cultura às gerações mais jovens, assegurando a manutenção das suas
tradições. O respeito às tradições permitia que os povos mais primitivos organizassem
o comportamento do grupo, fazendo com que todos respeitassem as regras de
sobrevivência da tribo. Os mitos dos povos primitivos continham sabedoria e dão, até
hoje, explicações sobre tipos de plantas que podem ser usadas na alimentação e na
medicina. São as chamadas ervas medicinais, que mostram histórias e tradições.
Foi um tempo bastante longo até que o homem da atualidade entendesse que podia
aprender com as crenças e mitos do homem primitivo e perceber que para entender o
seu modo de vida era necessário conhecer bem a sua religião. Portanto, os mitos e as
crenças são formas que o homem primitivo encontrou para explicar o seu mundo.
009
O Animismo como parte
da Educação Primitiva
Uma característica comum entre os povos primitivos era o animismo, ou a
interpretação do ambiente. Consistia na crença de que todas as coisas, objetos,
animais e plantas possuíam alma ou espírito. Tudo o que acontecia no ambiente podia
ter fatos positivos ou negativos ligados aos espíritos bons ou ruins.
Segundo a orientação das experiências das gerações passadas, o respeito aos espíritos
era parte da educação. Toda existência possuía uma alma semelhante à sua alma,
chamada de duplo, em decorrência de não perceber a sua própria existência e a
existência de todas as outras coisas.
Todos os povos primitivos eram animistas, pois acreditavam que as coisas possuíam
alma e que tudo o que ocorria no ambiente era fruto da ação dos espíritos. Segundo a
experiência das gerações passadas, os primitivos procuravam respeitar o espírito que
habitava em todas as coisas e lugares, e em tudo que necessitavam.
010
A crença animista, segundo Monroe (1977, p. 5), “não é resultado de re�exão, mas é
devido ao fato de não estabelecer uma diferença nítida entre sua própria existência e
a existência de todas as outras coisas animadas ou inanimadas”.
A crença no controle de espíritos ou duplos e na necessidade dos meios para alcançar
os �ns sem ofender os duplos existia até mesmo em camadas mais elevadas das
sociedades primitivas. 
O Valor Educativo das
Cerimônias de Iniciação
para os Jovens
Na Pré-história, as gerações mais jovens eram instruídas com base nas tradições das
gerações passadas. As cerimônias de iniciação, também conhecidas como ritos de
passagem ou ritos de iniciação, tinham início na adolescência, progredindo para um
estágio que permitisse a esses jovens a admissão na vida adulta. Para as meninas, as
cerimônias de iniciação eram orientadas por mulheres, nas práticas domésticas. Para
os meninos, a orientação se dava por homens. Para alguns povos primitivos, esse
período era breve, enquanto para outros era marcado por uma longa etapa de
transição e amadurecimento.
A partir dos 10 anos, o menino era entregue a adultos preparados para o trabalho de
instruir os jovens. Essa preparação se iniciava com a pintura do corpo com símbolos
totêmicos e depois eram surrados de forma severa. Sofriam ainda mutilações com
escari�cação das costas ou peito, que deixavam marcas de identi�cação. Podiam ainda
sofrer perfurações do septo nasal, dos lábios e extração dos dentes à força bruta, bem
como dentadas no couro cabeludo até a sua despregadura.
No encerramento, ocorria a bênção do fogo com complexas cerimônias. O jovem devia
caçar para comer e fornecer alimentos aos adultos. Após as cerimônias, que duravam
meses, o jovem era admitido à vida adulta junto ao seu povo.
011
As cerimônias de iniciação possuíam valores morais, sociais, religiosos e práticos: o
valor moral consistia em suportar dor e fome para aprender a tolerância e obediência
aos mais velhos. O valor social e político procedia do domínio dos mais velhos no
controle da sociedade e nas suas tradições. O valor religioso estava sempre presente
nessas cerimônias com símbolos totêmicos que centralizavam os mitos religiosos e
demonstravam as forças da natureza. E considerava-se como valor prático dessas
cerimônias a aprendizagem em capturar animais, acender o fogo e preparar o seu
próprio alimento.
A educação primitiva ou educação difusa consistia em uma educação prática, não
organizada e realizada pela imitação e vivência de práticas animistas. Com as
cerimônias de iniciação, surge uma classe especial de professores chamados a
participarem dessas representações. Inicialmente, essa classe era formada por grupos
de familiares e, com a complexidade dos cultos aos espíritos, surge a classe dos
sacerdotes. Com a formação dessa classe, encerra-se o estado primitivo da educação.
Amplie seus conhecimentos por meio desta leitura sugerida:
Disponível aqui
Entre os povos primitivos, o trabalho tinha grande importância
educativa uma vez que, por meio dele, os seres humanos
transformavam a natureza em seu benefício.
012
http://redeescoladegoverno.rs.gov.br/upload/1392215839_O%20TRABALHO%20COMO%20PRINC%C3%8DPIO%20EDUCATIVO%20NO%20PROJETO.pdf
Destacaremos a seguir, a conceituação de alguns termos relacionados
ao tema deste capítulo. Familiarize-se com eles.
1. Educação difusa: entre os povos primitivos, consistia em uma
educação por meio da imitação, processo no qual jovens e
crianças imitavam os gestos dos adultos durante a sua
aprendizagem.
2. Animismo: “O animismo consiste na crença de que todas as coisas
possuem uma alma. As pedras, as árvores, os animais, en�m,
todas as formas de existência possuem alma ou espírito” (PILETTI,
1988, p. 45).
3. Cerimônia de iniciação ou ritos de iniciação: As cerimônias de
iniciação possuíam entre os povos primitivos um especial valor
educativo, como os valores morais, sociais e políticos, religiosos e
práticos.
013
02
Educação na 
Antiguidade
014
Nesta aula, para falar da Antiguidade histórica, é necessário falar em tradição.
Levando-se em conta a sua importância no percurso histórico, é possível a�rmar que a
tradição é a transmissão de bens culturais como a linguagem, conhecimento e
aprendizagens, costumes e crenças que passam de geração em geração. Toda
educação possui uma tradição cultural que cada vez mais é acrescida com novos
saberes, superando assim a cultura anterior.
O tradicionalismo, portanto, se impõe com a tradição de bens culturais, dos
conhecimentos e costumes do passado. Os povos mais antigos como os egípcios,
chineses, hindus, hebreus, babilônios, entre outros, possuíam diferentes estruturas e
peculiaridades próprias e possuíam a consciência do passado e, conservavam nas
gerações mais novas a sua tradição cultural como a religião, os costumes, crenças e
educação.
A passagem da sociedade primitiva estudada na aula anterior para uma sociedade
mais civilizada caracteriza-se pela substituição da educação baseada na família ou
organização genética para uma organização política ou social. Com essa caracterização
de tradicionalismo nas civilizações orientais, a educação tinha como necessidade o
domínio da linguagem escrita e a literatura, considerando que para desenvolver as
funções da administração havia a necessidade dos registros.
Os povos egípcios desde 3500 a.C. faziam inscrições em hieróglifos também
conhecidas como escrita sagrada. Inicialmente essa forma de escrita era pictográ�ca,
ou seja, representava �guras e não sons ou escrita. Essas inscrições eram realizadasem monumentos e papel, o papiro.
A escrita cuneiforme em forma de cunhas era também pictográ�ca e foi usada na
Mesopotâmia. Já na China, a escrita ideográ�ca, cujos sinais representavam ideias, era
conhecida dos mandarins, auxiliares dos imperadores na China.
O monopólio da escrita entre esses povos, portanto, �cava com os escribas no Egito,
os mandarins na China, os magos na Babilônia e os brâmanes na Índia. Todos eles
tinham um saber muito superior em relação à população e dessa forma exerciam o
poder. Entretanto, o maior poder de difusão da escrita deu-se com a invenção do
alfabeto pelos fenícios, o que veio contribuir para que a escrita deixasse de ser
monopólio de uma minoria.
Existem diferenças muito pontuais entre essas civilizações, entretanto, todos tiveram
governos teocráticos, ou seja, o poder absoluto �cava com o rei, com o imperador ou o
faraó, que exerciam um poder tradicionalista, muito ligado ao passado e bastante
resistentes às mudanças. Portanto, o que distingue as comunidades tribais ou
015
primitivas das comunidades antigas é a transição de uma sociedade sem classe para
uma sociedade de classes, não existindo propriedade particular, sendo que as terras
pertenciam ao Estado. A população em geral se dedica à produção e o Estado, cada
vez mais centralizado destaca o poder dos dirigentes das funções administrativas. Os
povos orientais têm características particulares em suas culturas como também
apresentam muitas características comuns como uma organização política, um Estado
e diferentes classes sociais.
Com o aparecimento da escrita, uma classe especial é responsável pela socialização do
saber como também pelas funções religiosas e de governo. Dessa maneira, passa a
existir a organização de uma educação sistemática e mais abrangente, surgindo assim
as escolas e os professores.
A seguir, será descrita a educação na Antiguidade dos povos egípcios, chineses, hindus
e judeus. Gostaria que você percebesse as diferenças e semelhanças entre os povos
orientais. Aproveite para ampliar seus conhecimentos.
Educação Egípcia
A posição geográ�ca do Egito está representada pelo vale do rio Nilo, muitos desertos
e o mar. As águas do Nilo sempre foram fonte de riqueza para o povo egípcio.
Na organização política o poder absoluto era dos reis também chamados de faraós. As
grandes pirâmides do Egito, admiradas em todo o mundo, apresentam pela sua arte e
beleza, magní�cas arquiteturas, esculturas e pinturas dos templos e catacumbas.
A cultura egípcia
A cultura egípcia tinha caráter eminentemente utilitário, prevalecendo a técnica do
aproveitamento prático e imediato, em detrimento do esforço do saber teórico. A
educação egípcia alcançou grande desenvolvimento, havendo ampla relação com a
religião e a cultura. A primeira educação acontecia na família que educava os seus
�lhos para as virtudes. Ao mesmo tempo em que os pais dispensavam aos �lhos
muitos cuidados os submetiam à obediência e à disciplina. Aos seis anos,
016
aproximadamente, as crianças passavam a frequentar as escolas elementares
destinadas para o povo e as superiores ou eruditas para os �lhos dos funcionários do
governo.
Sistemas de escolas
Nas escolas elementares também chamadas de casa da instrução, as crianças
aprendiam leitura, escrita, cálculos e rudimentos da geometria e os exercícios de
ginástica. Os que frequentavam as escolas superiores eram destinados às funções de
escribas e do Estado e, geralmente, eram �lhos das classes superiores. Eram
ensinadas as técnicas e artes necessárias à vida, as normas de administração e a
complicada escrita hieroglí�ca formada por centenas de sinais.
A educação no Egito
A religião ocupava um lugar especial na educação sendo os sacerdotes os
encarregados da educação. Junto com o ensino da escrita, eram também cultivadas as
técnicas da astronomia, matemática, agricultura, música, poesia, arquitetura, pintura e
escultura. A disciplina nas escolas era rígida.
Os grandes templos dotados de bibliotecas eram o local onde funcionava o ensino
superior, que preparava para os �ns técnicos e pro�ssionais. Devido às inundações
periódicas do Rio Nilo era ensinada a agricultura. Para estabelecer um calendário se
fazia necessário o estudo de astronomia. Os estudos hidráulicos eram necessários à
irrigação. A engenharia ocupou-se da arte de construir diques e canais e os
conhecimentos médicos eram destinados às mumi�cações e embalsamentos.
Na educação egípcia, os escribas tinham a mais elevada posição social. Estudavam
Contabilidade, Agrimensura e Religião e, por meio de exames, poderiam ocupar cargos
e empregos elevados no Estado. Como mestres, destacavam-se os sacerdotes que
estabeleciam regras civis, prestação de serviços sagrados e instrução religiosa.
017
Educação Chinesa
O povo chinês é um dos mais antigos e cultos da história e detentor de uma educação
re�nada. Nela sobressaem-se a moral, a civilidade, as boas maneiras e a sensibilidade
para com a natureza. A organização social na China teve como base a família e a essa
estrutura social se vincula o culto dos antepassados. A China é também o país mais
conservador que a história conhece.
O método da Educação chinesa
Os caracteres da linguagem chinesa representam ideias e não sons. É uma escrita
ideográ�ca e não fonética. O método utilizado na educação chinesa é o da imitação e o
trabalho na escola consistia em decorar os textos e regras morais. Os nove livros
sagrados continham cerca de cinco mil caracteres diferentes e tratavam da forma de
conduta. Segundo Monroe (1977, p. 14), a literatura sagrada chinesa se referia:
018
Os Quatro Livros e os Cinco Clássicos, que constitui a sua literatura sagrada,
são mais ou menos iguais, em volume, ao Velho e ao Novo Testamento. Seu
conteúdo não trata senão de formas externas de conduta, análogas às de
algumas partes do Velho Testamento. Só raramente se encontra a formulação
de princípios gerais. Esses textos sagrados são obras de Confúcio (551 – 478
a.C.) e de seus discípulos e formam a base da religião fundamental dos
chineses – o confucionismo. Enquanto o budismo e o taoísmo exprimem uma
religião cerimonial e racionalista, o confucionismo une, em modo notável, a
ética social e política à moralidade privada e domina completamente a
educação chinesa.
A educação chinesa era organizada num duplo sistema, o das escolas e dos exames.
As escolas elementares funcionavam em qualquer lugar e eram mantidas com as
contribuições dos alunos e associações particulares nas quais as crianças estudavam o
dia todo sem período de férias. Além das escolas elementares existiam as escolas
secundárias e superiores que preparavam para os exames. O sistema de exames era
considerado a base da educação chinesa. Consistiam em escrever teorias em verso ou
em prosa tiradas dos livros sagrados. Os aprovados nesses exames recebiam
condecoração e postos superiores de trabalho.
A educação chinesa foi a mais antiga e estática de todas as civilizações. Teve um alto
grau de de�ciências comparada com a educação antiga de outros povos.
Fonte: Disponível aqui
Conheça as lições de Confúcio, na forma de frases, baseadas nas
virtudes de benevolência, justiça, ordem, prudência como proposta de
melhoraria da educação em todo o mundo.
019
https://www.pensador.com/autor/confucio
Educação Hindu
O povo hindu vivia no território da Índia e diferia dos chineses em algumas
particularidades, mantendo as características essenciais comuns.
O sistema de castas
As principais diferenças constituíam o sistema de castas fechadas formadas pela
pirâmide social integrada por quatro castas principais: os brâmanes ou sacerdotes; os
xátrias ou guerreiros nobres; os vaixias – agricultores ou comerciantes; e os sudras
que representavam a classe servil. Os párias eram banidos e desprezados por todas as
castas. Nesse sistema, os �lhos das classes inferiores – sudras e párias, seguiam a
carreira do pai. Não participavam da educação formal. A educação se processava na
família. Somente os brâmanes estudavam literatura e alcançavam um elevado
020conhecimento dos textos sagrados e das crenças �losó�cas da Índia. As classes
guerreira e industrial tinham acesso às escolas mantidas pelos membros das classes
superiores. Na Índia, a educação ocorria a partir da hierarquia das castas.
A cultura hindu
A cultura hindu estava compreendida nos quatro textos chamados “Vedas”, coleções
do saber tradicional de caráter religioso. A educação em geral era fundamentada nas
castas não bramânicas, con�ada a mestres ambulantes que ensinavam em lugares
improvisados ao ar livre. Nas castas bramânicas o mestre era um brâmane e os alunos
não deviam dar impressões desagradáveis, e o professor devia usar palavras doces e
delicadas.
Uma referência importante na cultura hindu foi a de Gautama Buda (560 – 480 a.C.)
que com suas pregações religiosas fundou o budismo que diferia do bramanismo: “por
ser mais espiritual, mais íntimo, mais passivo e de renúncia aos bens terrenos”
(LUZURIAGA, 1972, p. 26).
Embora não houvesse um sistema escolar sistemático na educação hindu considera-se
como de maior valor dessa civilização a valorização do mestre. A devoção do aluno ao
mestre não se desenvolveu em nenhuma parte do mundo de modo tão sistêmico e
intenso como na Índia.
Em relação ao desenvolvimento da cultura educacional brasileira é
notória a falta de valorização pro�ssional aos professores. Re�ita sobre
o respeito e a valorização do professor na Índia comparando-os ao
Brasil.
021
A educação Judaica
Como em outras civilizações antigas, os judeus são marcados pela religiosidade e pela
ação dos profetas como primeiros educadores. Os judeus tiveram uma superação da
concepção politeísta admitindo um só Deus, Javé. Também desenvolveram uma ética
voltada aos valores individuais, interioridade moral e o reconhecimento sobre o valor
do ofício. Segundo Aranha (1989, p. 27), existia entre os judeus o reconhecimento do
valor da educação manual, como atesta a seguinte citação: “A mesma obrigação tens
de ensinar a teu �lho um ofício; isso te ajudará a livrar-te do pecado”.
A escola elementar entre os judeus foi uma instituição tardia. As salas de aula das
escolas eram simples, mas tinham comodidade para alunos e professores e permitido
o máximo de vinte e cinco alunos por turma. A escola era organizada em três classes,
sendo a primeira frequentada por crianças de até dez anos, que aprendiam a leitura e
a escrita. A segunda classe era para crianças de onze a quinze anos onde havia o
predomínio da formação cívica, e na terceira classe a instrução das ciências naturais e
o direito comum. O método de ensino baseava-se na repetição e na revisão. A
educação escolar era acrescida da educação manual sendo que mesmo os homens
consagrados aos trabalhos intelectuais também exerciam uma ocupação manual.
A maior contribuição da educação judaica foi a prática de uma formação religiosa e
moral da juventude.
Após essas breves considerações sobre as principais civilizações da Antiguidade,
percebem-se o conservadorismo e a perpetuação de suas tradições. Não existiram
propostas pedagógicas, entretanto, em muitas delas a educação passava pelos livros
sagrados que continham regras de condutas colocando os indivíduos nos rígidos
sistemas morais e religiosos, levando em conta as divisões sociais.
O domínio de uma autoridade externa é característica de todos os povos orientais: na
Índia a autoridade é exercida pelo sistema de castas, no Egito pela classe sacerdotal,
na China pelo sistema educativo de Confúcio, e entre os judeus o valor teocrático.
Comparado aos povos primitivos que não tinham a consciência do passado, todos os
povos das antigas civilizações eram conscientes do passado e interessados na
conservação dos meios tradicionais de ação. As sociedades antigas possuíam
estabilidade, entretanto lhes faltava a tendência ao progresso.
022
Acesse o link sobre os Escribas: Disponível aqui
Acesse o link sobre os Escriba pictográ�ca: Disponível aqui
Acesse o link sobre os Hieróglifo: Disponível aqui
Acesse o link sobre os Papiro: Disponível aqui
Acesse o link sobre os Teocracia: Disponível aqui
Veja a conceituação de alguns termos que serão usados em outros
tópicos do curso. Familiarize-se com eles:
1. Escribas: era um escrivão que na Antiguidade dominava a escrita e a
usava para registrar documentos legais ou administrativos, registros
históricos, informação comercial e as escrituras.
2. Escrita pictográ�ca: é um tipo de escrita que não representa a
linguagem verbal. Representa objetos, �guras e ideias, independente da
lógica temporal do discurso.
3. Hieróglifo: Pode ser de�nido como uma escrita sagrada, dominada
apenas por pessoas que tinham o poder sobre a população, como os
sacerdotes, membros da realeza e escribas.
4. Papiro: nome de uma planta (Cyperus papyrus) muito comum nas
margens do rio Nilo. É um material semelhante ao papel usado pelos
antigos egípcios para escrever.
5. Teocracia: sistema de governo em que as ações políticas e jurídicas
são submetidas às normas de algumas religiões. Na maioria dos casos é
visto como um representante direto de alguma divindade como os
faraós do Egito.
023
https://www.respostas.com.br/escriba
https://www.google.com/search
https://www.infoescola.com/civilizacao_egipcia/hieroglifo
https://escola.britannica.com.br/artigo/papiro
https://pt.wikipedia.org/wiki/Teocracia
03
Educação 
Grega
024
Com a Grécia surge uma nova era da história e inicia-se a cultura ocidental. A Grécia é
considerada o berço da civilização ocidental, da qual fazemos parte. Enquanto nas
civilizações mais antigas do Oriente os povos buscavam conservar o passado
suprimindo a individualidade, a grande característica da educação grega foi a de
oportunizar o desenvolvimento da individualidade, ou seja, estimulava-se o
desenvolvimento da personalidade, valorizando as formas de expressão. Como
consequência, os gregos criaram o conceito de educação liberal. Dessa forma, esse
tipo de educação conduzia o homem a tirar proveito da sua liberdade.
Outra característica da educação grega foi a separação do elemento religioso. Nas
civilizações orientais, tal elemento sempre foi dos sacerdotes; já na Grécia, esse
privilégio era de todos os cidadãos.
A �loso�a sempre esteve presente na cultura grega o que permitiu a partir da razão
cultivar o monoteísmo e a imortalidade da alma, uma verdade da educação primitiva.
Alguns traços característicos da cultura grega estão representados no valor da
personalidade, independentemente de qualquer autoridade religiosa ou política, como
também no reconhecimento da razão autônoma.
O valor da vida cidadã com uma organização política e liberdade sob a lei
representaram um grande avanço para o povo grego. A poesia, a literatura, a �loso�a
e as ciências físicas contribuíram decisivamente na educação humana em sua
integridade física, intelectual, ética e estética. Assim, comparando o desenvolvimento
cultural lento das civilizações orientais com o povo grego percebe-se uma diferença
altamente expressiva, uma vez que os gregos tiveram um rápido e intenso
desenvolvimento de sua cultura.
A seguir, você vai conhecer um pouco da educação grega procurando entender a vida
nas maiores cidades-estados da Grécia, Atenas e Esparta e a contribuição que os
�lósofos gregos nos deixaram.
A educação grega pode ser dividida em quatro períodos:
1. Educação cavalheiresca dos poemas homéricos;
2. Educação cívica de Esparta e Atenas;
3. Educação clássica humanista de Sócrates, Platão e Aristóteles;
4. Educação helenística enciclopédica.
025
Educação Cavalheiresca
dos Poemas Homéricos
A educação cavalheiresca também conhecida como heroica desenvolveu-se do século
XII ao VIII a.C. Recebeu a denominação de tempos homéricos porque nesse período
teria vivido Homero, a quem se atribui a autoria das epopeias Ilíada e Odisseia. Esses
poemas falam dos ideais da educação desse período compreendendo um duplo ideal
de sabedoria. Os aspectos desse duplo ideal tiveram in�uência nos períodos
posteriores.
A bravura do homem tinha de conhecer o temor e a modéstia para não serreconhecido como insolente e irreverente, pois faltava o equilíbrio de ação. A sofrosine
como ideal consistia no domínio dos desejos e das paixões pelo uso da razão ou o
equilíbrio pela sabedoria. Nesse sentido, os elementos sociais e individuais estão
presentes nesses ideais. Havia grandes espaços para os jovens executarem exercícios
físicos que cultivavam a força e a beleza das poesias morais. O jovem devia estar
preparado para a guerra e para eloquência das oratórias.
026
Educação Cívica em
Esparta e Atenas
Educação cívica em Esparta
Os espartanos valorizavam atividades guerreiras voltadas para a formação militar. Até
os sete anos as crianças permaneciam com a família. A partir dessa idade o Estado
oferecia uma educação pública e obrigatória. Até os doze anos as crianças viviam em
comunidade com predomínio das atividades lúdicas. Conforme o jovem crescia
aumentava o rigor das atividades físicas e treino militar.
A educação moral e a obediência eram valorizadas. As mulheres participavam das
atividades físicas para demonstrar força e beleza de um corpo bem treinado. A partir
de dezoito anos até os vinte participavam do estudo das armas e manobras militares.
A partir dessa idade elas se dedicavam ao preparo das guerras e somente aos trinta
anos, com a maioridade, os seus serviços eram direcionados ao Estado.
Todo espartano adulto era um professor e todo menino tinha um tutor. Professor e
aluno não estavam unidos por questões econômicas, mas por amizade e nessas lições
o menino recebia treino ginástico e ensinamentos sobre justiça, honra, patriotismo,
honestidade o que endurecia a natureza humana. Monroe a�rma que os espartanos
nos deixaram:
A força física e endurecimento das qualidades morais elementares, força de
caráter sob um sistema despótico de leis e um corpo de cidadãos fortemente
imbuídos de patriotismo e devotamento a um Estado que encampava todas as
atividades e todos os interesses da vida. Mas, para as gerações futuras, pouco
legaram a não ser o seu exemplo (MONROE, 1977, p. 39).
Na educação espartana não havia o mínimo de intelectualidade e estética. Tudo estava
em função do serviço militar. O Estado retirou do indivíduo tudo quanto não fosse do
seu interesse.
027
Considere a a�rmação: Os cidadãos espartanos não podiam ter relações
com o mundo exterior e na vida inteira achavam-se a serviço do Estado.
Re�ita e responda para você mesmo(a): por que as organizações da
juventude espartana em muito se assemelham às dos Estados
totalitários do século XX?
Educação Cívica em
Atenas
A educação em Atenas é muito diferente da espartana. Tem uma diferente concepção
de Estado, o que permite um cidadão participante da pólis com os cuidados da
educação física e a importante formação intelectual. Em Atenas, o Estado assegurava a
liberdade pessoal e também oferecia condições para a sociedade realizar a tarefa de
formar as gerações, o que demonstra não haver por parte do Estado o monopólio
educacional. É um Estado de cultura segundo Piletti (1988, p. 61) “de uma organização
política atenta sempre ao desenvolvimento harmônico da personalidade”. A Grécia,
portanto, foi chamada de “a escola de toda a Grécia” pelos pensadores gregos.
Em Atenas, a educação das crianças até os 7 anos era responsabilidade da família.
Após esse período as crianças eram entregues aos cuidados de amas e escravos ou
servos. O pedagogo escravo tinha a missão de conduzir as crianças à escola de música,
ginástica e alfabetização onde estudavam a literatura, a arte da eloquência do falar
so�sticado e a matemática. Além do preparo físico, a educação musical era muito
valorizada, abrangendo a educação artística como um todo. O ensino da leitura e da
escrita sempre mereceu menor atenção do que as práticas esportivas e musicais e o
mestre era em geral uma pessoa humilde mal paga e sem prestígio.
028
O maior dos pedagogos foi Pitágoras que ensinava as doutrinas religiosas, a virtude e
harmonia, respeito à palavra do mestre aos seus discípulos. No decorrer do tempo
passou a exigir uma formação intelectual mais ampla oferecida em três níveis:
elementar, secundária e superior. O gramático ensinava em praça pública a leitura e a
escrita pela memorização aprendendo os poemas, e a matemática com o auxílio dos
ábacos.
Após os treze anos, as crianças pobres buscavam um ofício e as mais ricas
continuavam os estudos em ginásios e liceus. Entre dezesseis e dezoito anos, a
educação dos jovens era a preparação cívica militar, a escola dos efebos. A educação
superior surgiu com os so�stas considerados mestres ambulantes que ensinavam a
retórica e a ampliação das disciplinas de estudos. Os �lósofos ministravam a educação
superior em vários lugares: Sócrates em praça pública, Platão em Academias e
Aristóteles em Liceus.
Como se percebe nos relatos históricos, a educação formal atendia aos �lhos da elite,
enquanto os ofícios eram aprendidos por meio do trabalho e destinado aos jovens da
classe pobre da população. É importante salientar o valor do estudo da medicina como
parte integrante da cultura geral da Grécia considerando a ética e as regras de
conduta adotadas por Hipócrates (460 – 377 a.C.), considerado o pai da arte médica na
Grécia.
A Paideia foi concebida como a formação integral do homem. Nessa concepção a
Grécia antiga defendia que a formação do corpo e do espírito mereciam a mesma
intenção. O trabalho e a produção eram destinados aos escravos. De 500 – 449 a.C.
Atenas enfrentou um período de guerras, as guerras médicas contra os persas.
Passadas as guerras, Atenas alcançou o máximo esplendor com prosperidade material
e cultural dos cidadãos.
029
Educação Clássica
Humanista de Sócrates,
Platão e Aristóteles
Para que esse período seja melhor entendido, a divisão clássica da �loso�a grega
centralizada em Sócrates passa pelos períodos: pré-socrático (século VII e VI a.C.) no
qual aparecem os primeiros �lósofos que iniciam o processo de separação entre a
�loso�a e o pensamento mítico. A �loso�a pressupõe a pluralidade de explicação
enquanto o mito é uma narrativa cujo conteúdo não se questiona. A �loso�a
problematiza e convida à discussão. Destacam-se como pré-socráticos os �lósofos
Tales e Pitágoras que fundam a ciência matemática, Demócrito da escola atomista,
Heródoto que dá um caráter objetivo à história desligando-a da religião, e Hipócrates
no que se refere à Medicina.
Do período socrático ou clássico (séculos V e IV a.C.) fazem parte Sócrates, Platão e
Aristóteles e outros so�stas que ampliam a noção de Paideia ou formação contínua do
indivíduo. Embora criticados por Sócrates, valorizavam a �gura do professor ao exigir
remuneração e cuidar da pro�ssionalização e também da sistematização do ensino
quando formavam um currículo de estudos constituído pela gramática, retórica e
dialética, desenvolvendo também a aritmética, geometria, astronomia e música.  
030
Sócrates (460 – 399 a.C.)
Os primeiros educadores foram os so�stas e o primeiro educador e �lósofo foi
Sócrates. Sua vida humilde foi exemplar tanto no aspecto cívico participando da
atividade política da Grécia como também militar, interferindo em importantes
batalhas, sobretudo intelectual, despertando o interesse dos jovens que buscavam
orientação, conselhos e conhecimentos. Apesar da sua grande in�uência não se valeu
dela para �ns pessoais, não enriqueceu e nem ocupou qualquer cargo do governo.
Portanto, não fez da educação uma pro�ssão utilitária e sim um diálogo do tipo
espiritual, moral e ético na busca da verdade.
031
O método socrático
Sócrates, dono de um grande fascínio entre os jovens, colocava o interlocutor em
situação de reconhecimento da própria ignorância. O �lósofo percebia que o princípio
da sabedoria “Só sei que nada sei” supera o saber das ideias preconcebidas. A primeira
parte do método chama-se ironia (perguntar, �ngindo ignorar). A segunda parte
chama-se maiêutica que consiste em dar à luz a novas ideias. Os diálogos tratam de
questões morais como virtude, coragem, piedade, amizade e amor e para de�ni-las
não basta descrevê-las.É preciso ato de coragem para descobrir o que é coragem.
“Conhece-te a ti mesmo” o que leva a conhecer o bem e praticá-lo.
O intelectualismo ético identi�ca o sábio e o homem virtuoso o que em muito auxilia
na educação, como o diálogo, a capacidade de pensar, e a autoeducação leva ao
conhecimento de si mesmo.
Devido à sua sabedoria, Sócrates fez inimigos, que o acusaram de corromper a
juventude e por isso foi condenado à morte. O �lósofo não deixou textos escritos, suas
doutrinas foram divulgadas pelo seu discípulo Platão.
As principais contribuições de Sócrates para a educação foram o valor prático ou
moral do conhecimento universal, sendo que para obter-se conhecimento o objetivo é
a conversação e o subjetivo é a re�exão e organização da própria experiência. Sendo
assim, a educação tem por objetivo o desenvolvimento da capacidade de pensar e não
apenas de ministrar conhecimentos.
032
Acesse o vídeo: Disponível aqui
Amplie os seus conhecimentos assistindo ao vídeo “O Mito da Caverna
de Platão”
Platão (420 – 348 a.C.)
Platão foi o fundador da teoria da educação na qual sobressai a re�exão pedagógica
associada à política. Compartilhava ideias comuns com Sócrates admitindo que as
ideias são universais e para adquiri-las o caminho seria a dialética. Sócrates era
democrático, enquanto que Platão era aristocrático e, por isso, voltava--se para uma
elite intelectual convencido de que a ciência é exclusividade de poucos.
033
https://www.youtube.com/watch?v=Rft3s0bGi78
A maior obra de Platão foi a “República” ou “O diálogo” sobre justiça na qual fala de
uma sociedade ideal. O �lósofo encontra no indivíduo o intelecto, cuja virtude é a
prudência; as paixões, cuja virtude é a fortaleza; os desejos e apetites, cujas virtudes
são a temperança. O equilíbrio desses elementos fará com que a justiça seja mantida
nos indivíduos.
O Mito da Caverna de Platão
Homens acorrentados em uma caverna só percebem sombras do que se passa às suas
costas, onde existe uma fogueira. Platão compara o homem acorrentado àquele que
permanece dominado pelos sentidos e paixões e só atinge um conhecimento
imperfeito da realidade onde as coisas são apenas aparências, o que Platão chama de
opinião. Quando o homem se liberta, capaz de atingir o conhecimento, a que chama
de episteme, a razão passa o mundo sensível e atinge o mundo das ideias.
As ideias de Platão são avançadas para o seu tempo: “preconiza a necessidade de o
Estado assumir a educação; considera que a educação da mulher deve ser semelhante
à do homem; os estágios superiores são atingidos pelo mérito de cada um e não pela
riqueza” (ARANHA, 1989, p. 51).
Platão foi um idealista a tal ponto que o adjetivo platônico se aplica a conceitos belos,
porém não realizáveis.
034
Aristóteles (484 – 322 a.C.)
Aristóteles, ao contrário de Sócrates e Platão, a�rmava que a virtude está na conquista
da felicidade e do bem e não na posse do conhecimento. Para Aristóteles os fatores da
educação humana são as disposições naturais, os meios para aprender e a prática
para a�rmar o que foi assimilado. Foi um grande cientista, o maior sistematizador
entre os �lósofos.
A organização da educação como Aristóteles desejava é que a criança até seis anos
devia ser educada pelos pais. A partir daí os pais e o governo deveriam ser
responsáveis pela educação de crianças e jovens. A educação do ginásio tinha objetivo
de desenvolver bons hábitos e dirigir as paixões. Todos os cidadãos deviam participar
igualmente da educação a �m de conquistar a cidadania. A educação superior deveria
abranger as ciências matemáticas, biológicas, estudos �losó�cos e a lógica.
Dante Alighieri (1265 – 1321) denominou Aristóteles, o mestre daqueles que sabem.
Foi um grande cientista e o maior sistematizador que o mundo conheceu. Foi
preceptor de Alexandre Magno, que demonstra o que o seu mestre Platão a�rmava:
Na minha academia os alunos representam o corpo e Aristóteles a cabeça. Sendo
assim, é possível compreender que ele foi um gênio universal e explorou o
pensamento humano em todas as direções.
Palavras da nossa linguagem diária tem origem no pensamento de Aristóteles. Entre
eles: �no, forma, matéria, princípio, motivo, faculdade, hábito, categoria, substância,
potência, entre outras.
035
Educação Helenística
Enciclopédica
A época helenística refere-se ao período histórico que se estende desde a morte de
Alexandre Magno (323 a.C.) até a conquista do Egito pelos romanos (30 a.C.).
Nesse período, a educação deixa de ser de iniciativa privada e passa a ser educação
pública na preparação dos efebos. O papel do pedagogo é elevado nessa época. Foi
dado um valor maior ao aspecto intelectual em relação ao aspecto físico. A leitura, a
escrita e o cálculo se desenvolveram com métodos memorísticos e severa disciplina.
Programa de estudos do ensino secundário
Ficou estabelecido o programa do ensino secundário denominado trivium que
compreendia a gramática, retórica e a �loso�a ou dialética, e o quadrivium que
envolvia a aritmética, música, geometria e astronomia. Esse grau de ensino era
ministrado em instituições privadas.
O ensino superior
As instituições que sobreviveram no período helenístico foram as escolas de Filoso�a e
Retórica, elas preparavam para as funções administrativas, jurídicas e políticas.
Os colégios dispunham da Biblioteca de Alexandria criada por Ptolomeu considerada o
centro intelectual do mundo por conter coleções de manuscritos dos povos da
Antiguidade.
A civilização helenística dá grande valor à cultura que não pode conceber a felicidade
suprema senão sob a forma de vida do letrado.
036
Pense em experiências que você teve quando frequentou o Ensino
Fundamental e Médio. Seu ensino foi memorístico ou criativo? Você foi
orientado a frequentar e pesquisar nas bibliotecas escolares?
Você percebeu se a educação recebida na escola pública ou particular
contribuiu para ampliar os seus conhecimentos sobre a Grécia antiga e
os �lósofos de destaque, quando estudou a História Geral?
Re�ita e registre as suas respostas, pois você poderá utilizá-las nas
próximas aulas.
037
Acesse a matéria sobre Efebos no link: Disponível aqui
Acesse a matéria sobre Paideia no link: Disponível aqui
Acesse a matéria sobre Pedagogo no link: Disponível aqui
Acesse a matéria sobre So�stas no link: Disponível aqui
Veja os conceitos de termos que foram muitas vezes citados na nossa
aula e que auxiliarão para uma melhor aprendizagem.
1. Efebos: é uma palavra grega que signi�ca adolescente. Ainda que na
Grécia Clássica estava destinado seu uso aos Varões Atenienses de 18 a
20 anos, que eram instruídos na efebia, uma espécie de serviço militar.
2. Paideia: é a dominação do sistema de educação e formação ética da
Grécia Antiga, que incluía temas como Ginástica, Gramática, Retórica,
Música, Matemática, Geogra�a, História Natural e Filoso�a, objetivando
a formação de um cidadão perfeito e completo, capaz de liderar e ser
liderado.
3. Pedagogo: a palavra tem origem na Grécia, é formada pelas palavras
paidós (criança) e agogos (condutor). Portanto, signi�ca condutor de
crianças, aquele que ajuda a conduzir o ensino. Este era trabalho do
escravo, que era encarregado também de dar formação.
4. So�stas: Os so�stas se compunham de grupos de pensadores na
Grécia Antiga que viajavam de cidade em cidade realizando discursos
públicos para atrair estudantes de quem cobravam taxas para oferecer-
lhes educação.
038
https://www.dicionarioinformal.com.br/efebo/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Paideia
https://educador.brasilescola.uol.com.br/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_sofistica
04
Educação 
Romana
039
Enquanto os gregos encontravam satisfação na beleza, na estética e na personalidade
moral, para os romanos esses ideais não eram atrativos porque tinham mentalidade
prática, buscando resultados concretos e adaptando os meios aos �ns. Os romanos
consideravam os gregos um povo ine�ciente e os gregos consideravam os romanos
bárbaros, de valor militar, incapazes de apreciar a beleza da vida.
Uma das característicasmais importantes do povo romano foi, sem dúvida, o sentido
prático e utilitário das coisas. Os romanos mantinham uma tendência pragmática e
imediatista, o que contribuiu para a pobreza de sua cultura com uma literatura sem
originalidade, uma �loso�a e ciência super�ciais.
Os romanos valorizavam os bens terrenos, e Deus era considerado um instrumento
para conquista desses bens. Tinham devoção à família e ao Estado. Foi o espírito
prático e utilitário a causa da decadência de sua civilização.
O luxo e a devassidão �zeram com que a moral e o espiritual fossem esquecidos,
subordinados aos valores materiais e econômicos. A propagação da religião cristã, os
fundamentos da organização social, as virtudes práticas do direito contribuíram
positivamente para os romanos.
A Educação Romana
A mentalidade do povo romano era prática. Procuravam encontrar os seus objetivos
pela adaptação dos meios existentes à sua �nalidade sendo que tudo que faziam devia
ter utilidade.
O ideal romano de educação vem da concepção de direitos e deveres como o dos pais
sobre os �lhos, do senhor sobre os escravos, o direito à propriedade, o direito do
homem livre sobre os homens condenados. Sendo assim, todos os direitos
correspondem aos deveres que exigiam virtudes. Desenvolver virtudes entre os
romanos era o grande papel da educação.
Os romanos entendiam como virtudes a obediência, a reverência e o respeito, a
�rmeza de caráter, a coragem, a prudência, a honestidade entre tantos outros que
estavam reunidos nos deveres para a justiça e para o Estado.
040
A família tinha uma participação importante na formação do caráter dos �lhos e o
papel da mulher era signi�cativo, porque dentro da família exercia autoridade. Sendo
assim, a família era o centro da educação.
A Imitação como Método
na Educação
Crianças e jovens buscavam imitar o pai e todos aqueles que eram considerados
heróis no sentido de serem respeitosos, corajosos, prudentes. No entanto, não
imitavam o treino ginástico, a música, a dança e a literatura que consideravam sinais
de afeminação.
A educação romana era caracterizada por um método eminentemente prático.
Aprendia-se fazendo as coisas. Os romanos não apreciavam a instrução puramente
intelectual, pois sua preocupação era, sobretudo, o desenvolvimento do caráter.
041
Períodos da Educação
Romana
Período da antiga educação romana (753 – 250
a.C.)
No período mais primitivo da educação em Roma a família era a única e principal
escola, na qual os �lhos eram con�ados primeiramente à mãe. Já na segunda infância,
o menino era o companheiro do pai nos negócios e na vida comum. A educação moral
exigia disciplina e severidade uma vez que o grande ideal dos romanos era a formação
cidadã. Inicialmente, o trabalho era a atividade agrícola, como se fosse dever de todos.
A escola tinha um papel secundário porque tudo deveria ser aprendido na família. A
escola elementar não tinha lugar próprio. Ela acontecia nas praças, nas ruas, nos
fóruns. A literatura era pautada em lendas de heróis, a Lei das Doze Tábuas e cantos
religiosos. A música ao contrário dos gregos era pouco valorizada. Obras de produção
libertárias foram muito incipientes na educação romana, permanecendo apenas as
que eram voltadas para o ensino religioso e dizia respeito às Leis das Doze Tábuas.
Tais leis fundamentais da República não se referiram à educação, mas sim aos direitos
de propriedade e obrigações políticas.
Na última parte desse primeiro período as escolas elementares ministravam os
rudimentos da leitura, escrita e cálculo e eram chamadas de ludi-magister, que signi�ca
jogo ou brinquedo e dessa forma não foi importante para a educação romana. Eram
voltadas para meninos e meninas. Eram escolas particulares que funcionavam em
casas particulares e representavam apenas uma diversão.
042
Período de introdução das escolas gregas
Esse período representa uma transição durante o qual as ideias e costumes da cultura
grega foram introduzidos na vida romana. No início desse período, as escolas
elementares ou escolas dos letrados eram numerosas. Nesse período a Odisseia foi
traduzida para o latim por escravos gregos que foram libertados e, em pouco tempo,
espalhou-se pela Itália mesmo sob censura. Entretanto, houve pessoas mais velhas
que aceitaram aprender e admirar os escritos gregos. Entre eles podemos destacar:
Cícero, Marco Antônio, César e Augusto.
Foi nesse período que se estabeleceu o costume de enviar jovens à Grécia para
aprenderem a arte da retórica. O jovem Cícero foi um deles. Com esses fatos, a escola
passou a ser de duas classes: uma para o ensino do grego e outra do latim.
A escola secundária desse período era a do Gramaticus. Nela, a in�uência da cultura
grega foi maior. Sua duração ia dos doze aos dezesseis anos em que eram estudadas
as gramáticas grega e latina, retórica, oratória e matemática. O ensino jurídico e
político era bastante utilizado. Pouco cultivadas eram a ginástica e a música.
A nova educação romana se resumia em valores humanistas com uma
correspondência à Paideia grega. Sendo assim, foi o ensino humanístico e liberal que
foi assimilado pela educação romana, porém mantendo a estrutura do Estado.
Período imperial: educação romana helenizada
Como nunca se tinha sentido antes um povo tentou apropriar-se da vida intelectual de
outro povo. Os romanos nunca adquiriram a genialidade dos gregos. A partir dessa
assimilação houve um grande desenvolvimento da literatura. O método de
apropriação da cultura grega foi a partir da adoção das instituições educativas gregas.
A organização do ensino no período imperial teve os três graus de ensino: literato,
gramático e retórico. Houve uma universalização da cultura romana, da língua latina e
do direito romano.
043
A escola do Gramaticus organizou-se com método e currículo próprios, currículo �xo e
amparo público. Havia dois tipos de escolas: uma de língua grega e outra de latim.
Essas escolas estavam espalhadas por todo o império e o seu trabalho era
predominantemente o estudo da gramática, porém, havia outros elementos como
matemática, música e dialética.
Segundo Monroe (1977, p. 86), as escolas do império nunca perderam o seu caráter
prático: “Assim a educação literária desenvolvida pelos gregos com a mais elevada
forma de educação liberal veio se desenvolvendo, entre os romanos, até desabrochar
numa educação prática, de�nida e preparatória para a vida de negócios”.
Na escola de gramática, o objetivo era o domínio da língua, a expressão na leitura, na
escrita e na conversa.
A Escola da Retórica
Essas escolas preparavam para a vida prática em Roma no treino para a oratória,
frequentada pelos que buscavam dedicar-se à carreira pública. As funções da
sociedade moderna das tribunas, legislativo, imprensa e universidade eram
desempenhadas pelo orador.
Essa instrução retórica se iniciava aos quinze anos de idade com a rotina da
declamação e debates, valorizando a dicção, a elegância, o conhecimento das
emoções, o bom vocabulário e ser, sobretudo, um bom homem.
Bibliotecas e Universidades
A educação superior em Roma era uma imitação da Grécia. As primeiras bibliotecas e
os melhores de seus mestres foram escravos da Grécia. Foram fundadas bibliotecas
públicas e o número de livros se multiplicou. Foi dada uma maior atenção ao direito e
à medicina do que à �loso�a.
O trabalho da universidade envolvia todos os ramos do saber e a instrução era
pautada na disciplina formal. Nelas, só permaneceram os centros de cultura.
044
O Declínio da Educação
Romana
O declínio da educação romana teve início com a perda da liberdade pelos cidadãos
romanos no início da era cristã. Houve a perda da educação prática para todo o povo.
Ela �cou limitada à classe mais elevada da sociedade romana tornando--se, portanto,
super�cial. Nesse período o exército encheu-se de bárbaros e os governos municipais
tornaram-se máquinas de cobrar impostos.
Desapareceram os métodos práticos dos romanos e conservou-se a aparência. A
instrução não servia ao povo, tornando-se mero ornamento.
045
A Pedagogiaromana e os seus grandes educadores:
Marco Pórcio Catão (234 – 149 a.C.)
Foi o primeiro romano a escrever sobre educação. Foi defensor dos
costumes antigos e adepto da formação do caráter. Opunha-se à
corrente helenista, intelectualista. Tinha um espírito conservador.
Marco Túlio Cícero (106 – 43 a.C.)
Foi o maior dos oradores romanos e exerceu in�uência na educação.
Era dotado de uma cultura clássica e reconheceu o valor da cultura e
�loso�a gregas para a educação romana. Tratou da educação no
sentido psicológico ao estudar a escolha da pro�ssão. Foi reconhecido
como um dos maiores mestres romanos.
Lúcio Eneu Sêneca (4 a.C. – 65 d.C.)
Foi educador e preceptor de Nero. Sempre preocupou-se com
atividades educativas. Para ele a �nalidade da educação era o domínio
de si, das paixões. Valorizava a Psicologia da Educação quando admitia
conhecer a individualidade do educando. Considerava importante
ampliar a educação �losó�ca.
Marco Fábio Quintiliano (35 – 95 d.C.)
Foi o mais proeminente educador romano. Sua obra possui 12 volumes
e foram notáveis nesta obra: “A criança em idade pré-escolar” e “Os
direitos e deveres do mestre”.
046
Na escola ele defendia que havia uma lógica da leitura: sílabas, palavras
e frases.
O ensino moral deveria ser valorizado e ter-se uma severidade
moderada.
Acesse o Vídeo: Disponível aqui
Acesse o link indicado e assista à animação intitulada “Educação do
homem antigo – Romanos” para �xar as ideias desenvolvidas neste
capítulo.
047
https://youtu.be/TPMdS6ZC43g
05
Educação Cristã como Ideal 
da Educação na Idade 
Média
048
Nesta aula, inicialmente é necessário compreender que a Idade Média representa um
período muito longo da história. Inicia-se com a queda do Império Romano em 476 até
a tomada de Constantinopla em 1453, surgindo a partir daí os movimentos do
Renascimento e Humanismo, que colocam a razão humana em destaque.
É possível dividir a Idade Média em dois períodos: a Alta Idade Média entre os séculos
V e X e a Baixa Idade Média entre os séculos X e XV. No primeiro período, houve
grandes invasões dos bárbaros o que levou a população a deixar as cidades e buscar o
campo, iniciando a produção agrária nos feudos controlados pelos donos da terra, os
senhores feudais. Assim, inicia-se a sociedade agrária, autossu�ciente, com comércio à
base de trocas por espécie e também amonetário. A condição das pessoas era
determinada pela relação com a terra na qual os proprietários nobres tinham o poder
e a liberdade, e os servos empobrecidos e carentes de proteção eram sujeitos à
prestação de serviços.
A Baixa Idade Média pode ser entendida como um período de decadência do
feudalismo. Ressurgem as cidades com o cessar das invasões pelos bárbaros e o
comércio é intensi�cado, emergindo assim uma nova classe social, o comerciante
burguês. Dessa forma, a burguesia exigia uma nova educação uma vez que a religiosa
não estava mais à altura de oferecer.
Veja, a seguir, tópicos especí�cos da educação medieval e que em muito auxiliarão na
compreensão da educação na chamada “Idade das trevas”. Como veremos, esse
período não foi tão obscuro apesar de ser resultante de visões pessimistas para a
época em que a educação se deu a partir da doutrina da Igreja.
A religião cristã foi a que exerceu maior in�uência na Idade Média, voltada para a
natureza moral do homem e não na sua natureza intelectual.
049
As Escolas Cristãs
Primitivas
A igreja primitiva pretendia uma reforma moral do mundo para a regeneração da
sociedade. Para tanto, surgem os catecumenatos destinados à instrução da doutrina e
à prática da vida cristã. Com o passar do tempo, os catecumenatos passaram a ser
organizados por bispos com a �nalidade de preparar o clero, surgindo assim, as
escolas catedrais que possuíam esse nome por estarem localizadas no edifício das
catedrais.
Santo Agostinho foi o mais brilhante padre da igreja e escreveu a importante obra
pedagógica “De Magistro” na qual demonstra um processo de ensino na visão
platônica.
050
O Monaquismo
O monaquismo mostra a organização de homens que �zeram votos de vida religiosa e
trabalhavam em mosteiros. Para a época, trouxeram benefícios para a educação como
o aparecimento de escolas para a preparação de jovens aceitos para a vida monástica,
o trabalho copista de livros, estudo da literatura e a formação de um ambiente de
estudo e re�exão.
A educação monástica recebia esse nome porque se desenvolvia em mosteiros que
funcionavam como centros de pesquisas, bibliotecas, cópias de manuscritos, que
permitiu ao mundo moderno o contato com essas obras. Os monges que atuavam nos
mosteiros foram responsáveis pela condensação dos saberes desse período nas “Sete
Artes Liberais”: o trivium (ensino da Gramática, Dialética e Retórica) e o quadrivium
(ensino da Aritmética, Geometria, Música e Astronomia). Juntos, o trivium e o
quadrivium constituíram o septivium.
051
A Escolástica
Um dos maiores representantes da escolástica foi São Tomás de Aquino (1225 –
1274). Escreveu a “Suma Teológica” representando a culminância escolástica,
insistindo na formação física e espiritual do educando, conferindo à razão uma
importância maior.
A maior crítica aos escolásticos foi que muitas das suas discussões seriam desprovidas
de base real. Segundo Monroe, “as discussões dos escolásticos não tinham conexão
com o mundo concreto e a vida de cada dia, nem validez para o mundo do
pensamento” (MONROE, 1977, p. 126).
Acesse o link do vídeo: Disponível aqui
Estamos diante de um dos grandes períodos do desenvolvimento da
educação humana, bastante discutido e estudado. Para compreender o
pensamento medieval cristão, sugiro que assista ao vídeo.
052
https://youtu.be/Eu-CWNAa6lU
Universidades Europeias
no Século XIII
Algumas circunstâncias determinaram o aparecimento das universidades no século
XIII, na Europa, como o desenvolvimento interno das escolas monásticas e escolas
catedrais, o desenvolvimento do comércio e o crescimento das cidades, a importância
da teologia e o movimento das Cruzadas que retirou a sociedade do isolamento.
Quanto à organização das universidades é possível entender que o seu governo era de
natureza democrática, cada uma elegia o seu reitor. Possuíam recursos legais e
�nanceiros e os seus membros possuíam privilégios como: a dispensa do serviço
militar, a licença para ensinar, a colação de grau, entre outros. Em geral, as
universidades eram autônomas, mas subordinadas ao Estado e à Igreja. Concediam
graus de bacharel ou aprendiz de professor, a licenciatura, que capacitava para o
ensino, e o maior deles era o de mestre e doutor.
As novas instituições de ensino eram denominadas Studium Generale e podiam ensinar
apenas um ramo do saber. Somente mais tarde o termo foi substituído por Universitas
como instituição docente com liberdade de mestres e alunos a todos os ramos do
saber – Universitas Litterarum.
As universidades mais importantes da Idade Média foram: as de Paris, Bolonha,
Salerno, Oxford, Viena e Salamanca. Entretanto, a primeira universidade a congregar
professores e alunos por seções nas grandes divisões do conhecimento dessa época:
Teologia, Direito, Medicina e Filoso�a tinha sido a de Nápoles, na Itália, fundada em
1224.
053
Influência das
Universidades da Idade
Média
As universidades da Idade Média forneceram a primeira forma de organização
democrática, representando a única cultura superior do espírito quando não havia
outros campos cientí�cos. Elas representavam a opinião pública nos assuntos
cientí�cos, políticos, eclesiásticos e teológicos. O direito da universidade de ter voz no
governo foi uma prova da autoridade de ter se tornado um grande Estado. Exerceu a
maior in�uência intelectual, social e política. Nela, conservou-se o espírito da
curiosidade intelectual. Politicamente os seus componentes tinham direito de enviar
os seus membros ao Parlamento. Culturalmente representavam a grande sabedoria
até o período da Renascença.
054
Educação das Mulheres na
Idade Média
As mulheres do período medieval não tinham nenhum tipode educação formal.
Aranha (1989) demonstra que havia uma diferença importante na educação da mulher
de maiores posses e a mulher mais pobre:
A mulher pobre trabalha duramente ao lado do marido e a mulher nobre só aprende
alguma coisa se tiver preceptores em seu próprio castelo. Neste caso estuda música,
religião e às vezes alguns rudimentos das artes liberais além, evidentemente, dos
trabalhos manuais femininos (ARANHA, 1989, p. 90).
A educação na Idade Média, portanto, teve como ponto inicial a doutrina da Igreja
predominando uma educação que se opunha à educação liberal dos gregos e da
educação prática dos romanos.
O Cristianismo deu maior importância ao aspecto moral com novas normas de
comportamento. Sendo assim, o monaquismo referia-se a uma organização de
homens que �zeram votos especiais da vida religiosa e realizaram trabalhos
importantes na educação como a cópia de manuscritos.
A escolástica inicialmente representava um conjunto de saberes e posteriormente
referia-se aos que se dedicavam ao estudo da Filoso�a e da Teologia. Entretanto, a
reunião dos saberes da época medieval se concentrava nas “Sete Artes Liberais”.
Na Idade Média prevaleceu o feudalismo como sistema socioeconômico da época.
Após a sua decomposição surge o Renascimento como uma nova ordem social que
estudaremos na próxima aula.
055
Como vimos na introdução desta aula, durante a Idade Média existiram
muitos feudos ou grandes propriedades agrícolas, cujo proprietário era
o senhor feudal e que representava a instituição da vida rural medieval.
Coexistiam, dessa forma, duas classes distintas: os senhores feudais e
os servos. O nobre senhor feudal vivia à custa do trabalho dos servos
que cultivavam os seus campos e lhe pagavam tributos conforme o
costume do feudo. Em contrapartida, o senhor os protegia,
supervisionava o trabalho e administrava a justiça.
A concentração do poder econômico e político nas mãos do senhor
feudal engendrou um sistema no qual o servo era explorado. Os servos
nada tinham em comum com os escravos.
Lembrando o trabalho escravo no Brasil que utilizou a mão dos
africanos, proponho-lhe realizar uma re�exão apontando as diferenças
entre servos e escravos que atuaram em condições e períodos diversos,
mas que tiveram em comum a exploração.
056
Acesse o link sobre Escolástica: Disponível aqui
Acesse o link sobre Feudalismo: Disponível aqui
Acesse o link sobre Monaquismo: Disponível aqui
Após conhecer um pouco mais da educação na Idade Média,
atentaremos para termos especí�cos desse período que por vezes
serão citados neste livro.
Vale a pena olhar com atenção.
1. Escolástica: é uma das vertentes da �loso�a medieval. Surgiu na
Europa no século IX e permaneceu até o início do Renascimento no
século XVI. O maior representante da escolástica foi o teólogo e �lósofo
italiano São Tomás de Aquino conhecido como “Príncipe da Escolástica”.
2. Feudalismo: um modo de organização social, político e cultural
baseado no regime de servidão, onde o trabalhador rural era o servo do
grande proprietário de terras, o senhor feudal. Predominou na Europa
durante toda a Idade Média entre os séculos V e XV.
3. Monaquismo: organização religiosa desenvolvida nos mosteiros com
pessoas consagradas a Deus, na prática de votos especiais e sob a
obediência de um superior. Regras de vida espiritual que devem ser
observadas por todos os membros (PEETERS; COOMAN, 1964, p. 43).
057
https://www.todamateria.com.br/
https://www.significados.com.br/feudalismo/
https://www.todamateria.com.br/
06
Educação Moderna 
Renascimento
058
O declínio do espírito medieval se deu no século XIV abrindo espaços para a
Renascença dos séculos XV e XVI considerado um movimento intelectual, estético e
social o que causou profundas modi�cações no pensamento e na prática educativa. Os
sistemas perfeitos de pensamento, de educação e de vida da Idade Média em
consequência do monaquismo e da escolástica, não permitiam mudanças e tampouco
davam espaço para a individualidade.
Três foram as tendências gerais do Renascimento: a primeira delas, a vida real do
passado em que as idades clássicas expressam esse conhecimento por meio da arte e
literatura. A segunda foi o interesse pelo mundo subjetivo das emoções com alegria de
viver, apreciar o belo, e satisfações contemplativas e de prazeres. A terceira foi a do
interesse pelo mundo da natureza física.
A primeira dessas tendências levou a um estudo mais amplo das línguas grega e latina
e o despertar pela literatura clássica. Por meio da literatura despertou o interesse para
a imaginação, apreciação estética e artística. A introspecção da vida emocional levou à
produção da arte, o desenvolvimento das ciências históricas e sociais. Finalmente, os
estudiosos do Renascimento se dedicaram também à observação e experimentação
dos fenômenos da natureza o que levou aos descobrimentos geográ�cos, descobertas
astronômicas que se tornaram a base do pensamento cientí�co moderno.
A Renascença não se caracterizou apenas como um movimento erudito, mas uma
nova forma de vida, nova concepção de mundo, rompendo com a visão ascética e
triste e dá lugar a uma concepção mais humanizada, desenvolvimento da cidade e do
pequeno Estado. O espírito cosmopolita se abre para um novo mundo, uma maior
consideração pela mulher que passa a participar ativamente da vida social e política,
um maior desenvolvimento comercial e possibilidades culturais e artísticas.
O pensamento pedagógico na Renascença envolve o redescobrimento da
personalidade humana livre, a criação da educação humanística, a formação do
homem culto e instruído, cultivo da individualidade, desenvolvimento da liberdade e
da crítica, cultivo das matérias realistas e cientí�cas, consideração pela vida física,
corporal e estética, difusão da cultura e educação das massas populares e a
organização escolar.
059
Renascimento e Alguns
dos seus Representantes
O Renascimento se refere a um movimento cultural e artístico que se desenvolveu nos
séculos XVI e XVII. Teve início na Itália e se estendeu por toda a Europa a �m de
restaurar as ideias da Antiguidade Clássica.
A Itália foi considerada o berço do Renascimento. Dante Alighieri (1265 – 1321)
considerado o mais antigo precursor do Renascimento favoreceu o seu país com uma
língua nacional e com a “Divina Comédia”.
Petrarca (1304 – 1460) e Boccacio (1313 – 1375) procuraram o desenvolvimento pelos
estudos clássicos do latim e do grego.
O destaque como educador Victorino de Feltre (1373 – 1446) contribuiu com a
criação de uma escola, a Casa Giocosa, que tinha o signi�cado de casa alegre para
diferenciar da disciplina rígida das escolas medievais e buscando a formação integral
de crianças e jovens. Delas, saíram humanistas, �lósofos e educadores humanistas.
Na França destacaram-se François Rabelais (1494 – 1553) e Michel Montaigne (1533
– 1592). Rabelais foi contra a educação puramente livresca e formal escrevendo a
novela “Gargântua” e “Pantagruel”.
060
Montaigne teve como ideal educativo o homem para o mundo, e recomendava como
programa de ensino o conhecimento da natureza e reprovava os educadores que
consideravam alunos passivos que recebiam ideias prontas. 
A Educação no Início dos
Tempos Modernos -
Movimento da Reforma e
Contrarreforma
Até o �nal da Idade Média todos permaneciam unidos à autoridade do Papa. No início
do século XVI, alguns líderes religiosos consideravam um abuso a supremacia papal e
separaram-se da Igreja. Calvino criou o Calvinismo na Suíça e Lutero fundou o
Luterismo na Alemanha. Os cristãos se dividiram em dois lados opostos, os que
permaneceram �éis à autoridade papal e os protestantes sob a orientação de
autoridades. Iniciava-se, assim, um con�ito entre católicos e protestantes.
A Reforma, embora religiosa, teve implicações econômicas, políticas e sociais: a
expansão marítima e comercial fortaleceu a burguesia e favoreceu o desenvolvimento
do capitalismo; em con�ito com a Igreja o poder dos reis foi apoiado pelos
protestantes, o renascimento cultural desenvolveu uma cultura centralizadano
homem o que favoreceu o espírito crítico e individualista. Os católicos viram a
necessidade de reformar a Igreja o que �cou conhecido como movimento de
Contrarreforma. Para isso, criaram o Concílio de Trento (1545 – 1563), fundaram a
Companhia de Jesus em 1535, a �m de manter os católicos �éis ao Papa, e criaram o
Tribunal da Santa Inquisição para punir os hereges que desviassem do Catolicismo.
Na educação a in�uência da Reforma foi da ação do Estado na criação e manutenção
das escolas públicas baseada na doutrina protestante.
A Igreja Católica reagiu criando ordens religiosas sendo a mais importante a
Companhia de Jesus, fundada por Inácio de Loyola em 1540, o principal instrumento
da Contrarreforma. Os estatutos dessa ordem possuíam muitas partes e entre elas o
061
Sistema de Estudo Ratio Studiorum que se estabeleceu na Gramática, Humanidades e
Retórica. Redigido em 1599, seguiu inalterado pelos jesuítas por mais de dois séculos.
A Influência Jesuítica na
Educação
A in�uência jesuítica no ensino foi muito grande por sua organização, métodos,
matérias de estudo e buscava a formação do homem cristão dentro das doutrinas da
Igreja Católica. Usou métodos humanistas faltando-lhes a independência de
pensamento, a crítica investigadora. Tinham cuidado na escolha dos mestres e o
conhecimento dos alunos que recebiam uma educação integral, ou seja, física, estética
e moral. O método de ensino jesuítico tinha como principal característica a revisão da
matéria realizada por decuriões.
Os jesuítas dedicaram-se de modo especial a dois tipos de escolas: os colégios
inferiores ou ginásios e os colégios superiores, que correspondiam às universidades e
seminários teológicos. Como o maior objetivo da ordem dos jesuítas era a educação
de líderes não tinham muito interesse na educação elementar.
Quanto à educação intelectual na Renascença, os jesuítas pretendiam conduzir os
jovens à eloquência, ou seja, a arte de expressar-se bem e para tanto a condição
primeira era a de possuir um perfeito conhecimento da língua latina. Eles praticavam a
emulação ou a premiação aos que se destacassem nos estudos. Os melhores reuniam-
se em academias e agremiações orientadas por professores.
No ensino jesuítico eram desenvolvidos esportes, festas escolares, sessões musicais e,
dessa forma, incutiam lições de moral. Os jesuítas eram considerados dogmáticos,
autoritários e muito comprometidos com a Santa Inquisição. Essa postura não era
adequada num mundo em que a revolução nas ciências necessitava formar um
homem prático que não tivesse desprezo pelo espírito crítico, pela pesquisa e
experimentação.
A Companhia de Jesus foi acusada de enriquecimento e de exercer o poder político
visando aos próprios interesses, o que culminou com a expulsão dos jesuítas nos seus
domínios no ano de 1759, por Marquês de Pombal, primeiro-ministro de Portugal.
062
Assista ao vídeo: Disponível aqui
Conheça um pouco mais da visão educacional da Companhia de Jesus.
É importante destacar que em toda e qualquer educação o aluno deve
ter participação na sua formação em uma perspectiva crítica, em que
não lhe falte independência para expor as suas ideias. Fazendo um
contraponto entre a educação desenvolvida pelos jesuítas e a que
vivemos nos dias atuais, caberia seguir o padrão dos jesuítas em escolas
de qualquer nível do nosso século?
063
https://youtu.be/1w_17aJRbH4
Acesse o link sobre Renascimento: Disponível aqui
Acesse o link sobre Reforma Protestante: Disponível aqui
Acesse o link sobre o Movimento da Contrarreforma:
Disponível aqui
Após conhecer um pouco mais sobre o Renascimento e a Educação
Humanista, atentaremos para termos especí�cos desse período, que
por vezes serão citados neste livro.
1. Renascimento: O Renascimento foi um importante movimento de
ordem artística, cultural e cientí�ca que se de�agrou na passagem da
Idade Média para a Moderna. O Renascimento apresentou um novo
conjunto de temas e interesses aos meios cientí�cos e culturais de sua
época.
2. Reforma Protestante: A reforma protestante foi o movimento de
renovação da Igreja liderado por Martinho Lutero. Ocorreu no século
XVI e teve início na Europa Central.
3. Movimento da Contrarreforma: A Contrarreforma foi um
movimento da Igreja Católica no século XVI que surge como resposta às
críticas dos humanistas e de diversos membros da Igreja e de
importantes Ordens Religiosas. Além disso, a Contrarreforma surge
também como resposta ao avanço da Reforma Protestante iniciada por
Martinho Lutero.
4. Jesuítas: Os jesuítas eram padres que pertenciam à Companhia de
Jesus, uma ordem religiosa vinculada à Igreja Católica que tinha como
objetivo a pregação do evangelho pelo mundo. Essa ordem religiosa foi
criada em 1534 pelo padre Inácio de Loyola e foi o�cialmente
reconhecida pela Igreja a partir do papa Paulo III, em 1540.
064
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/renascimento.htm
https://significados.com.br/reforma-protestante/
https://www.sohistoria.com.br/dicionario/palavra.php?id=30
Acesse o link sobre os Jesuítas: Disponível aqui
Acesse o link sobre a companhia de Jesus: Disponível aqui
5. Companhia de Jesus: A Companhia de Jesus, fundada pelo espanhol
Santo Inácio de Loyola, foi uma das mais importantes ordens católicas
fundadas no século XVI e segue sendo in�uente em âmbito
internacional até os dias de hoje. Para compreendermos a importância
dessa ordem, é necessário que saibamos algumas características do
contexto em que ela foi criada.
065
https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-eram-os-jesuitas.htm
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/papel-companhia-jesus-na-contrarreforma.htm
07
Educação 
Realista
066
Nas aulas anteriores, você viu que o pensamento do século XV estava voltado para a
natureza moral do homem e não para o desenvolvimento intelectual. Já no século XVI,
com a Renascença, houve um pensamento avançado para o culto da personalidade e
do saber. Durante o século XVII, dirigiam-se para os problemas �losó�cos e cientí�cos.
O aspecto educacional do realismo representa um grande movimento cientí�co.
A educação realista dá preferência ao estudo dos fenômenos naturais e das
instituições sociais. Passa por três fases: a humanista e literária, depois a social e, por
�m, a cientí�ca. O realismo literário era uma das formas adequadas para a
compreensão da vida e o realismo humanista era voltado à própria vida ambiente,
natural e social. Para que isso fosse possível, haveria necessidade de um
conhecimento da vida da Antiguidade. Assim sendo, esse conhecimento só seria
alcançado pela literatura greco-romana.
O estudo, sozinho, não representava toda a educação. Era necessário o
desenvolvimento físico, moral e social complementares a esse estudo. Dessa maneira,
a literatura passaria a ser considerada uma forma apropriada para melhor
compreensão da vida.
Representantes do
Realismo Literário
Rabelais (1483 – 1553)
Defendeu uma educação que envolvia os elementos sociais, morais, religiosos, físicos,
liberdade de pensamento e de ação. Para ele a maior fonte do saber era uma leitura
bem compreendida. Todas as ideias de Rabelais encontram-se na sua obra
“Gargântua”, na qual critica a sociedade política, civil e religiosa.
John Milton (1608 – 1674)
Publicou o “Tratado sobre a Educação”, considerava que os gregos e os romanos não
detinham o monopólio de educar. Elabora um plano de estudos para jovens de doze a
vinte e um anos com noções de gramática e matemática. Na sequência, deviam
067
aprender agricultura, �siologia, arquitetura, ciências naturais, geogra�a e medicina.
Desse modo, o tratado representava uma educação completa que lhes permitisse
futuramente servir em todos os cargos públicos ou particulares. Segundo MONROE
(1977), Milton dava à educação uma notável de�nição: “A forma é do século XVII, mas o
espírito é de todos os tempos”.
Representantes do
Realismo Social
Como você viu na aula 06, Montaigne (1533 – 1592) destaca que a �nalidade da
educação é uma virtude que não deveria ser adquirida pela força e sim

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