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aula 1 planejamento tributario

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PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Daiane Lolatto 
 
 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, estudaremos a definição e o objetivo do planejamento 
tributário, a importância do planejamento para as empresas, a diferença entre 
elisão e evasão fiscal, os direitos do Estado e do contribuinte e os passos para 
realizar o planejamento tributário. 
De acordo com o Sebrae (Bedê, 2016), aproximadamente um terço das 
empresas encerram suas atividades em até dois anos no Brasil, ou seja, apenas 
76,6% das empresas abertas entre 2008 e 2012 sobreviveram durante esses 
dois anos. O resultado foi obtido por meio de pesquisa de campo e com utilização 
de processamento e análise de banco de dados oficiais. O estudo ainda relatou 
que as principais causas de sobrevivência e mortalidade de empresas são as 
seguintes: situação do empreendedor antes da abertura em razão da ocupação 
do empresário, experiência na atividade e motivação para início da atividade, 
planejamento e gestão da atividade e capacitação dos empresários. 
Nesse sentido, destaca-se a importância do planejamento tributário para 
a sobrevivência das empresas. A carga tributária no Brasil é uma das maiores 
em relação a outros países mais desenvolvidos. A representatividade é de 
aproximadamente 32% do PIB (Produto Interno Bruto), isto é, o governo detém 
um terço do que é produzido no país. No entanto, existem maneiras lícitas de 
reduzir, retardar ou eliminar o ônus tributário e que será estudado nesta aula. 
Independentemente da atividade desenvolvida, do tamanho da empresa 
ou do contexto econômico, o planejamento tributário é uma ferramenta 
indispensável para a sobrevivência das empresas. Os contribuintes adotam essa 
ferramenta a fim de reduzir, postergar e até mesmo eliminar ônus tributário. Mas 
qual é o procedimento para realização do planejamento tributário? Existe algum 
risco associado a essa prática? 
Saiba mais 
SIQUEIRA, L. Planejamento tributário: os 5 erros que vão mascarar seu 
resultado. IBPT, 1 fev. 2019. Disponível em: 
<https://ibpt.com.br/noticia/2742/Planejamento-tributario-os-5-erros-que-vao-
mascarar-seu-resultado>. Acesso em: 20 fev. 2020. 
 
 
 
3 
TEMA 1 – DEFINIÇÃO E OBJETIVO DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 
O planejamento tributário acontece antes da ocorrência do fato gerador 
objetivando a economia de tributos. O fato gerado, por sua vez, consiste na 
concretização da situação descrita em lei, ou seja, em uma operação de 
prestação de serviços, o fato gerador ocorre na prestação. O planejamento, 
nesse caso, pode decorrer da mudança da sede para determinado município em 
que a alíquota incidente seja menor. 
A Lei Maior é a Constituição Federal de 1988 (CF/88), que organiza o 
sistema tributário nacional, define os tributos, as competências tributárias dos 
entes federativos e os limites ao poder de tributar. A fim de realizar o 
planejamento tributário, faz-se necessário compreender a hierarquia das normas 
tributárias disposta no art. 59 da CF/88 e apresentada na Figura 1 a seguir. 
Figura 1 – Hierarquia das normas tributárias 
 
Fonte: Brasil, 1988. 
Dessa forma, nenhuma lei pode sobrepor-se à Constituição. De acordo 
com a CF/88, art. 150, os princípios estabelecidos ao poder de tributar da União, 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios são os seguintes: legalidade, 
isonomia, irretroatividade e anterioridade (Brasil, 1988). 
O princípio da legalidade determina que é proibido à União, aos Estados, 
ao Distrito Federal e aos Municípios exigir ou aumentar tributos sem lei que os 
constitua, conforme disposto na CF/88, art. 150, I (Brasil, 1988). Por exemplo, 
um indivíduo opta por determinado regime tributário, visto que é permitido em lei, 
mas, caso a atividade desenvolvida por ele não faça mais parte da lista de 
atividades permitidas, este estará desenquadrado. Portanto, o princípio da 
legalidade é primordial na execução das operações tributárias. 
CF/88
Emendas Constitucionais
Lei (Complementares, Ordinárias, 
Delegadas) e Medidas Provisórias
Decretos
Resoluções, Instruções Normativas, Portarias etc.
 
 
4 
No caso da isonomia, CF/88, art. 150, II, o tratamento tributário deve ser 
igual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente (Brasil, 
1988). Nesse caso, temos como exemplo as alíquotas do Imposto de Renda 
aplicadas de acordo com as faixas salariais. Os indivíduos que auferem maior 
renda são aqueles que pagam mais, assim, há isonomia tributária entre todos os 
contribuintes. 
O princípio da irretroatividade, CF/88, art. 150, III, a, garante que os 
tributos não serão cobrados em relação a fatos geradores ocorridos antes do 
início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado. Uma nova lei 
não poderá incidir sobre fatos geradores ocorridos. Por exemplo, se uma 
empresa comercializou mercadorias que não incidiam ICMS e foi publicada uma 
nova lei que estabelece a incidência, esta não poderá atingir as mercadorias 
comercializadas anteriormente. 
E, por fim, conforme CF/88, art. 150, III, b e c, o princípio da anterioridade 
estabelece que um tributo não pode ser cobrado no mesmo exercício financeiro 
em tenha sido publicada a lei que o instituiu ou aumentou e deve cumprir o 
período nonagesimal. Por exemplo, uma lei institui determinado tributo em 8 de 
novembro. De acordo com a anterioridade de exercício, o tributo somente poderá 
ser cobrado em 1 de janeiro do próximo ano. Entretanto, conforme a 
anterioridade nonagesimal, o tributo apenas poderá ser cobrado em 6 de 
fevereiro. O período a ser cumprido será aquele de maior prazo. Em consonância 
com os princípios tributários, os entes federativos poderão instituir tributos de 
espécies distintas. Os tributos são classificados em impostos, taxas, 
contribuições de melhoria, contribuições especiais e empréstimos compulsórios. 
Essa classificação indica se há a vinculação ou não de um determinado serviço 
público. 
Os impostos são tributos não vinculados, cobrados sem a exigência de 
qualquer contraprestação específica por parte do governo. Por exemplo, o 
Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) é arrecadado aos 
cofres públicos, mas não tem destinação específica para a recuperação de 
rodovias. Sua arrecadação é destinada conforme lei orçamentária, seja para a 
educação, saúde etc. Em contrapartida, as taxas, contribuições de melhoria e 
especiais e empréstimos compulsórios são tributos vinculados a um serviço 
público, mesmo que em parte. A destinação específica ocorre quando o governo 
 
 
5 
realiza uma obra de melhoria de mobilidade urbana e para isso cobra um tributo 
da espécie denominada contribuição de melhoria. 
Os tributos podem ser diretos ou indiretos. Os tributos diretos são aqueles 
que incidem diretamente sobre a renda ou o patrimônio. Os tributos indiretos são 
aqueles que atingem indiretamente o consumidor final, incidindo sobre a 
produção e circulação de bens ou serviços. 
Em um sistema tributário complexo, os gestores são desafiados 
constantemente a encontrar uma forma eficiente de reduzir o ônus tributário. O 
número expressivo de normas e as alterações na legislação dificultam a atuação 
dos gestores, exigindo maior atenção na interpretação e apuração dos tributos 
que incidem sobre diferentes atividades e operações. A execução dessas 
normas reflete no desempenho econômico-financeiro das empresas. E, quando 
da incompreensão da legislação vigente no país, os erros cometidos na 
elaboração do planejamento tributário são significativos, podendo comprometer 
sua sobrevivência no mercado. 
1.1 Erros na elaboração do planejamento tributário 
Segundo Siqueira (2019), os erros mais cometidos pelas empresas na 
elaboração do planejamento tributário são os seguintes: 
1. Adotar o regime tributário incorreto: o primeiro erro cometido pelas 
empresas é adotar um regime tributário mais simples, com menos 
obrigaçõesacessórias, ou seja, menor volume de trabalho, em detrimento 
de outro com menor carga tributária. 
2. Acreditar que o planejamento tributário é um custo desnecessário: 
inicialmente o planejamento pode ter um custo para a empresa, pois 
precisará de um profissional com conhecimento na área ou então terá que 
despender tempo para planejar. No entanto, a economia tributária tende 
a ser maior que o investimento inicial. O planejamento é o meio legal para 
pagar menos tributos e assegurar uma vida financeira saudável. 
3. Utilizar os benefícios legais de forma inadequada: embora seja permitido 
o planejamento tributário, a administração tributária pode entender que 
esse planejamento foi abusivo, desconstituindo o fato gerador. Por 
exemplo, postergar a emissão de um documento fiscal devido à carga 
tributária do mês corrente. 
 
 
6 
4. Deixar de acompanhar o planejamento: a empresa faz uma análise inicial 
e deixa de acompanhar a legislação. Essa falta de monitoramento legal 
das normas coloca a empresa em situação de risco, uma vez que as 
normas são atualizadas diariamente. 
5. Planejar os tributos de forma isolada: os tributos precisam ser analisados 
em conjunto. Por exemplo, o estudo isolado de um tributo não quer dizer 
que a empresa esteja enquadrada no melhor regime tributário. 
Os erros na elaboração do planejamento tributário não representam 
necessariamente um crime contra a ordem tributária. 
1.2 Crimes tributários 
O Código Tributário Nacional (CTN), arts. 128 a 135, define como crimes 
contra a ordem tributária as ações que envolvem dolo, má-fé e intenção como 
descrito no Quadro 1 na sequência. Dolo consiste no ato de tirar proveito de algo 
para atingir um determinado fim. A má-fé está associado a fraude ou intenção 
dolosa, é a ação consciente de maldade. E, por fim, a intenção é o propósito de 
fazer algo. 
Quadro 1 – Crimes contra a ordem tributária 
Crime Características Exemplos 
Sonegação 
Redução ou eliminação de 
receita que leva ao não 
pagamento total ou parcial de 
tributos. 
Venda de produtos, mercadoria 
ou serviços sem emissão de nota 
fiscal. 
Fraude 
Modificação de documento fiscal 
para reduzir ou eliminar 
pagamentos. 
Modificação de informações 
contábeis e fiscais. 
Simulação 
Participação de agentes que 
simulam atos irreais. 
Venda de imóvel de uma 
empresa aos proprietários, por 
preço inferior ao de mercado 
atrelada a distribuição disfarçada 
de lucros. 
Contrabando 
Importação de mercadoria ilícita 
sem autorização legal. 
Drogas ilícitas. 
Descaminho 
Importação de mercadoria lícita 
sem o pagamento dos tributos 
incidentes. 
Entrada de mercadorias no país 
por um valor superior ao limite 
permitido em lei. 
Depositário infiel e 
apropriação indébita 
previdenciária 
Omissão da transferência ao 
agente arrecadador de tributos 
descontados de terceiros. 
IRRF e INSS descontados da 
folha de pagamento dos 
colaboradores. 
Dolo em geral 
Má-fé do agente de causar lesão 
ao fisco. 
Erros intencionais na declaração 
de rendimentos. 
Fonte: Rezende; Pereira; Alencar, 2010, p. 56. 
 
 
 
7 
Assim, o sujeito passivo é denominado de devedor da obrigação tributária 
e é a pessoa (física e jurídica) obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade 
pecuniária (CTN, art. 121) (Brasil, 1966). Atribui-se ao sujeito passivo o dever de 
contribuir e a responsabilidade na prestação de contas sobre o fato jurídico 
tributário. As informações são fornecidas por meio do preenchimento de 
documentos e livros fiscais e são chamadas de obrigações acessórias. 
O sujeito passivo da obrigação classifica-se em contribuinte ou 
responsável. O contribuinte é aquele que tem relação pessoal e direta com o 
evento que constitui o respectivo fato gerador, isto é, é aquele quem irá pagar o 
tributo conforme determinado em lei. O contribuinte do ICMS é aquele que realiza 
a comercialização de mercadorias para revenda. O responsável é aquele que, 
mesmo não sendo o contribuinte, é obrigado a pagar o tributo, ou seja, se o 
contribuinte não pagar, o responsável terá que arcar com o pagamento. No caso 
do ICMS, se a empresa que realizou a venda de mercadorias não efetua o 
pagamento, a empresa que está adquirindo para revenda será responsável. 
O contribuinte tem o dever de apresentar as obrigações acessórias com 
o objetivo de facilitar a fiscalização da obrigação principal. O sujeito ativo, o 
Estado, depende da informação correta do sujeito passivo para proporcionar a 
constituição do crédito tributário. Sendo assim, as empresas devem entregar as 
declarações de suas operações ao governo como obrigação acessória a fim de 
possibilitar a verificação do tributo a ser recolhido. É o caso da Escrituração 
Fiscal Digital (EFD), em que todas as compras e vendas são evidenciadas, 
proporcionando o cálculo do ICMS devido. 
TEMA 2 – O PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO E SUA IMPORTÂNCIA PARA AS 
EMPRESAS 
O planejamento tributário compreende estratégias que possibilitam o 
gerenciamento de questões associadas ao cumprimento de obrigações 
principais e acessórias na relação do contribuinte com o fisco. O objetivo desse 
gerenciamento é diminuir o máximo possível a carga tributária, eliminar e até 
mesmo postergar o pagamento de forma legal, lícita (Ribeiro; Pinto, 2014, p. 3). 
Com intuito de eliminar ou postergar a obrigação tributária, o contribuinte 
age de forma preventiva. Como exemplo do procedimento para evitar a 
ocorrência do fato gerador, pode-se considerar a opção de venda de produtos 
no mercado interno ou no mercado externo. O governo evita onerar os encargos 
 
 
8 
tributários para os produtos exportados, assim considerando a opção de venda 
no mercado interno ou externo. A decisão seria a venda no mercado externo, 
evitando a ocorrência do fato gerador. 
Ainda como maneira preventiva, tem-se a postergação da ocorrência do 
fato gerador. É o caso do fornecedor que recebe um pedido no final do mês e 
deixa para faturar no início do mês subsequente, postergando o recolhimento 
dos tributos incidentes na venda. 
Por fim, há a possibilidade de realizar o planejamento com objetivo de 
reduzir o ônus tributário após a ocorrência do fato gerador. Nesse caso, existem 
algumas possibilidades, como o estudo do regime tributário mais vantajoso para 
a empresa, a utilização de metodologias de apurações diversas como o caso do 
estoque quando a empresa controla por meio de inventário período ou 
permanente e em casos de reorganização societária. Na reorganização 
societária, um grupo de empresas pode realizar a cisão visando reduzir a 
tributação em razão do resultado dividido por essas companhias, pois sobre o 
resultado incide IRPJ e CSLL. 
2.1 Benefícios 
Há vários benefícios para a empresa decorrentes da utilização adequada 
do planejamento tributário: 
 Permite conhecer os valores a serem recolhidos aos cofres públicos nas 
datas dos seus vencimentos. 
 Proporciona redução de riscos financeiros e consequentemente de gastos 
como multas, taxas, juros e outros acréscimos em virtude da falta de 
cumprimento das obrigações principais e acessórias. 
 Propicia a utilização de benefícios concedidos pelo fisco por meio de 
isenções e demais possíveis incentivos definidos pelos regulamentos dos 
tributos. 
 Promove a redução da carga tributária mediante a prática da elisão fiscal 
permitida pelo fisco em razão das lacunas da legislação. 
 Possibilita o gerenciamento dos compromissos com o fisco, evitando 
adversidades com infrações as normas tributárias. 
Levando-se em conta os pontos supracitados, observa-se a importância 
do planejamento tributário na sobrevivência das empresas. O custo-benefício é 
 
 
9 
significativo, pois, apesar de demandar tempo para o estudo, o ganho financeiro 
tende a ser maior. 
2.2 Finalidades 
Alguns profissionais interpretam o planejamento tributário ou 
planejamento fiscal de forma errada, ou seja, as lacunas existentes na legislaçãosão compreendidas como uma forma de burlar o fisco, buscando alternativas 
ilegais que desrespeitem as obrigações acessórias e principais. 
O planejamento tributário é um instrumento de gestão à disposição da 
empresa. A principal finalidade é promover a economia tributária. O estudo 
prévio dos compromissos com o fisco permite à empresa optar por uma apuração 
menos onerosa, como é o caso do regime tributário mais vantajoso ou inclusive 
uma reestruturação societária (Ribeiro; Pinto, 2014, p. 3). 
O resultado desse planejamento afeta a todos, desde a empresa, que 
precisa reduzir a carga tributária, até o governo, que precisa angariar recursos 
para promover o bem-estar social. As pessoas físicas como consumidoras dos 
bens e serviços também serão afetadas, pois estão no final da cadeia de 
comercialização. Estas, por sua vez, também podem e devem realizar o 
planejamento tributário. 
Nesse contexto, o governo é tido como participante ativo no resultado das 
empresas, visto que é o maior beneficiário. O governo não investe capital no 
negócio e também não dedica parte do seu tempo à administração do patrimônio, 
entretanto, exige que as empresas façam seus fluxos de caixa por meio do 
autolançamento, ou seja, elas mesmas devem controlar suas entradas e saídas 
de caixa, e subtrai delas parcelas significativas do lucro (Imposto de renda e 
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), assim como do faturamento 
mediante a tributação do ICMS, IPI, ISS, PIS/PASEP, Cofins etc. e da folha de 
pagamento por meio das contribuições sociais. 
A destinação dos recursos do governo a comunidade não será objeto de 
análise, visto que o propósito é evidenciar a necessidade do planejamento 
tributário como ferramenta fundamental de gestão para o empresário 
acompanhar os valores recolhidos e os recursos financeiros disponíveis nas 
datas determinadas pelas leis. Caso não sejam cumpridos os compromissos 
estabelecidos em lei, a carga tributária torna-se ainda mais elevada em 
decorrência da carga tributária superior, possibilidade de incidência de juros, 
 
 
10 
acréscimos e outras penalidades prescritas na legislação. Logo, o planejamento 
tributário resguarda a empresa de punições pela falta de cumprimento de suas 
obrigações principais ou acessórias, além de diminuir o valor dos tributos em si. 
A elaboração prévia da programação financeira por meio do planejamento 
tributário proporciona às empresas, caso haja a necessidade de captação de 
recursos, a busca por recursos junto a instituições financeiras, por novos 
investidores ou negociando com os clientes para pagar antecipadamente suas 
obrigações. Essas formas de geração de fluxo de caixa somente são vantajosas 
para a empresa se forem corretamente planejadas e estudadas, inclusive 
podendo ser mais lucrativo do que desembolsar com os tributos adicionais. As 
empresas devem analisar todas as possibilidades para obter melhores 
resultados. 
Outra finalidade do planejamento tributário consiste em encontrar lacunas 
ou brechas na legislação para reduzir a carga tributária de forma lícita, ou seja, 
reduzir o montante dos tributos recolhidos, sem sonegar. 
Ainda, pode-se, por meio dessa ferramenta de gestão, auxiliar as 
empresas a postergar o recolhimento de um tributo ou transferir a 
responsabilidade do pagamento para outros contribuintes pertencentes à mesma 
cadeia produtiva ou até mesmo de outra cadeia produtiva. 
A transferência da responsabilidade não prejudica os cofres públicos, pois 
o tributo será pago em alguma etapa da cadeia produtiva. No cálculo do preço 
de venda de um produto, quando permitido por lei, a empresa embute os tributos 
repassando para a próxima empresa participante da cadeia produtiva ou para o 
consumidor final. A transferência da responsabilidade de recolher tributos 
somente é viável quando há um planejamento tributário eficiente. 
Crepaldi (2017, p. 31) descreve os seguintes objetivos do planejamento 
tributário: 
 Reduzir ou eliminar a carga tributária das empresas, evitando-se que se 
concretizem operações tributáveis e/ou reduzindo a base de cálculo de 
tributação. 
 Postergar o recolhimento de tributos planejando as datas de realização 
do negócio em consonância com a administração do fluxo de caixa. 
 Extinguir imprevistos tributários mediante controles internos oportunos e 
estudos intensos e contínuos da legislação tributária. 
 
 
11 
 Diminuir o custo burocrático por intermédio da simplificação de processos 
e atividades, assim como da uniformização e informatização de 
procedimentos. 
TEMA 3 – ELISÃO FISCAL, EVASÃO FISCAL, TIPOS DE ELISÃO, ABUSO DE 
FORMA 
A Constituição Federal garante o direito de as empresas realizarem o 
planejamento tributário (Brasil, 1988), assim como a Lei das Sociedades 
Anônimas, Lei n. 6.404/76, art. 153, dispõe que as empresas possuem um dever 
legal de empregar, no ensejo de suas funções, o zelo e interesse que todo 
cidadão ativo e correto costuma empregar na administração dos seus próprios 
negócios (Brasil, 1976). 
O procedimento legal de redução da carga tributária por meio do 
planejamento é denominado de elisão fiscal, que corresponde ao conjunto de 
mecanismos lícitos realizados pela empresa visando à redução da carga 
tributária utilizando as lacunas ou brechas existentes na legislação (Ribeiro; 
Pinto, 2014, p. 6). 
A prática da elisão fiscal não gera sanções para o contribuinte por ser um 
meio lícito de redução da carga tributária, mas é fato que diminui a arrecadação 
do governo. 
Diferentemente da sonegação, a elisão fiscal tem por objetivo evitar ou 
reduzir a ocorrência do fato gerador do tributo, ou reduzir a carga tributária em 
si. A sonegação, por sua vez, é uma prática fraudulenta que provoca a evasão, 
o desvio da receita pelo contribuinte que deixa de pagar o tributo após o fato 
gerador ter ocorrido. 
De acordo com o CTN, art. 116, considera-se fato gerador aquele que 
ocorre desde o momento em que se verifiquem condições materiais suficientes 
para produzir efeitos que geralmente lhe são próprios e aquela situação jurídica 
que ocorre desde o momento em que esteja definitivamente constituída em lei 
(Brasil, 1966). O fato gerador é determinante para a realização do planejamento 
tributário, por isso pode ser realizado desde o momento inicial da ocorrência do 
fato gerador até o momento final. É o caso do ICMS, que pode ser planejado 
antes da saída da mercadoria do estoque até o momento de apuração do tributo. 
 
 
12 
Dessa forma, ao evitar a ocorrência do fato gerador, a empresa evitará o 
surgimento da obrigação de recolher o tributo. A relação contribuinte (empresa) 
e fisco (governo) é observada pelo interesse de o contribuinte reduzir os custos 
com a carga tributária, utilizando-se das lacunas da legislação enquanto o fisco 
procura criar e incluir na legislação procedimentos de combate à evasão e elisão 
fiscal, visto que reduz a arrecadação aos cofres públicos. 
Observa-se no art. 116 do CTN que são dados plenos poderes para a 
autoridade administrativa desconsiderar atos ou negócios jurídicos com a 
finalidade de mascarar a ocorrência do fato gerados do tributo ou a natureza dos 
elementos originários da obrigação tributária, cumpridos os procedimentos a 
serem determinados em lei ordinária (Brasil, 1966). 
Existem duas correntes de pensamentos sobre a elisão fiscal. A primeira 
trata a elisão como um fator negativo e defende que é ilícito o contribuinte 
promover a redução da carga tributária pela lesão causada ao governo. A 
segunda entende que a elisão fiscal é um benefício legal aprovado, com a 
justificativa fiscal de que acontece antes da ocorrência do fato gerador, não 
gerando a obrigação tributária e, com isso, o governo não sofre qualquer 
prejuízo. Assim, ao passo que alguns idealizados afirmam que a elisão fiscal 
significa evasão fiscal, outros não entendem dessa forma. 
Os termos brecha e lacuna mencionadosno texto têm origem no Direito 
Romano e são citados por importantes tributaristas brasileiros. Suponha-se que 
o governo, com intuito de beneficiar o pequeno empresário, atribua por meio de 
uma lei vantagens com a redução de tributos às empresas com capital igual ou 
inferior a R$ 500.000. Consequentemente, uma empresa que possua capital de 
R$ 1.000.000 resolve desmembrar a empresa em duas menores com capital de 
R$ 500.000 cada uma. O procedimento adotado com o propósito de diminuir a 
carga tributária estaria correto, uma vez que os benefícios são atribuídos às 
empresas com capital igual ou inferior a R$ 500.000. 
Outra medida adotada por profissionais liberais com rendimentos 
elevados (por exemplo, médicos, dentistas, advogados) que possuem diversos 
imóveis alugados, para evitar a tributação do Impostos de Renda na pessoa 
física, utilizam as lacunas da legislação constituindo uma empresa em seu nome 
e registrando todos os imóveis na empresa. Logo, o Imposto de Renda tributado 
na pessoa jurídica será inferior ao tributado na pessoa física, pois a distribuição 
do lucro não é tributada. 
 
 
13 
Portanto, a elisão fiscal consiste em uma prática lícita de economia 
tributária. É tarefa dos gestores apresentar medidas de elisão fiscal como 
gerenciamento de resultados. 
3.1 Evasão fiscal 
Evasão fiscal é o mesmo que cometer um crime fiscal e corresponde a 
um ato criminoso aplicado pelos contribuintes com o objetivo de reduzir ou não 
o recolhimento de tributos impostos por Lei. 
Conforme disposto no Quadro 1, os crimes contra a ordem tributária 
correspondem a sonegação, fraude, simulação, contrabando, descaminho, 
depositário infiel e apropriação indébita previdenciária e dolo em geral. A 
legislação que trata do assunto é a Lei n. 8.137/1990, arts. 1 e 2 (Brasil, 1990). 
A sonegação caracteriza-se por reduzir ou omitir receita ocasionando a o 
não pagamento total ou parcial dos tributos. Por exemplo, deixar de emitir nota 
fiscal ou então não declarar os rendimentos. A sonegação é um crime grave e 
por isso a pena pode variar de 2 (dois) a 5 (cinco) anos de reclusão e multa 
conforme art. 1º da Lei n. 8.137/1990 e art. 44 da Lei n. 9.430/1996. 
A fraude pode ser exemplificada como faturamentos de serviços não 
prestados, lançamento de pagamentos fictícios, reembolso falsos de viagens e 
rasura de documentos fiscais. A penalidade segue a lógica da sonegação. 
A diferença entre sonegação e fraude está na conduta do contribuinte. A 
sonegação refere-se à conduta do contribuinte em retardar ou impedir o 
conhecimento do fisco sobre o fato gerador, e a fraude surge de conduta lícita 
que é transformada em ilícita com intuito de conseguir vantagem, impedindo ou 
retardando a ocorrência do fato gerador. 
Outro tipo de crime tributário é a simulação, prevista no Código Civil, art. 
167 (Brasil, 2002). Esse crime é cometido quando há uma declaração enganosa 
da vontade com a finalidade de produzir efeito diferente do evidentemente 
indicado. Por exemplo, em uma operação de compra e venda, as partes 
combinam um valor para pagar menos imposto de transmissão da propriedade, 
fazendo constar na escritura um valor diferente, que não o verdadeiramente 
firmado. 
O contrabando compreende a importação e a exportação de mercadorias 
proibidas, como é o caso do contrabando de cigarros. A pena está prevista no 
art. 334 e 334-A do Código Civil (Brasil, 2002). O descaminho refere-se à 
 
 
14 
importação e exportação de produtos permitidos, mas sem passar pelos tramites 
burocráticos de tributação, como é o caso da importação de um televisor do 
Paraguai sem pagar os tributos devidos. 
Depositário infiel e apropriação indébita previdenciária ocorrem quando a 
empresa retém os recursos descontados dos empregados, sejam eles INSS e 
IRRF e não repassa ao governo. 
E, por fim, o dolo, em geral relacionado à vontade de fraudar o fisco, 
deixando de recolher o tributo ou recolhendo aquém da carga tributária 
legalmente exigida. 
3.2 Responsabilidades do gestor tributário 
Considerando os crimes contra a ordem tributária, tem-se a figura do 
gestor tributário, responsável pelo gerenciamento dos tributos incidentes nas 
atividades realizadas pela empresa. 
Para gerenciar os tributos, torna-se imprescindível o conhecimento das 
legislações existentes sobre cada tributo a que a empresa esteja submetida. 
Apenas o cumprimento das obrigações principais e acessórias não é suficiente, 
o planejamento tributário é ferramenta essencial na administração. 
As obrigações principais referem-se ao pagamento dos tributos em si. Em 
contrapartida, as obrigações acessórias são declarações de informações 
mensais, trimestrais e anuais fornecidas pela empresa. 
Sendo assim, as obrigações acessórias envolvem a emissão de 
documentos fiscais, escrituração fiscal e contábil ao passo que as obrigações 
principais abrangem especialmente o recolhimento dos tributos. O cumprimento 
dessas obrigações evita qualquer ônus tributário adicional como multas, juros e 
outros acrescimentos utilizando essencialmente o planejamento tributário. 
Compete ao gestor tributário desempenhar satisfatoriamente as tarefas a 
ele confiadas. E, para isso, deve manter-se atualizado quanto à legislação 
vigente. 
TEMA 4 – ESTADO VERSUS CONTRIBUINTE 
A criação dos tributos está vinculada à figura do Estado como 
centralizador e organizador do bem-estar coletivo do povo em um determinado 
 
 
15 
território e nas relações que ocorrem entre Estado, povo e território (Rezende; 
Pereira; Alencar, 2010, p. 23) 
Em razão da necessidade de organizar-se e oportunizar a realização de 
ações direcionadas ao bem-estar comum, a sociedade remete ao Estado 
(governo) o poder de desenvolver essas ações. 
O poder atribuído ao Estado não obrigatoriamente deve ser formal ou 
voluntário, ou seja, pode haver apenas um contrato, o qual pode ser dogmático 
ou não, em que o governo se compromete a proteger pelo bem da sociedade e, 
em contrapartida, o povo se compromete a fornecer subsídio para isso. 
Com o objetivo de manter essa administração sob responsabilidade do 
Estado, faz-se necessária a cobrança de tributos. Essa administração, ao longo 
do tempo, foi responsabilidade das instituições religiosas, monarquias, impérios, 
dentre outras formas de conciliar os desejos da comunidade. 
A tributação é necessária para manter a máquina pública funcionando. O 
tributo garante o poder autoritário do Estado de manter um equilíbrio do bem-
estar social. A cobrança, sob ponto de vista contemporâneo, está associada à 
teoria dos contratos. 
4.1 Teoria dos contratos 
A teoria dos contratos é um acordo entre duas ou mais partes para um 
determinado fim. Na cobrança de tributos, de um lado há o pagador e de outro 
há quem recebe os tributos. O tributo é resultado de uma relação contratual entre 
a sociedade, as organizações e o Estado (governo). 
As relações entre a sociedade, as organizações e o Estado são acordadas 
por um conjunto de contratos. Cada parte colabora de alguma forma para o bem 
social e recebe em troca a sua parcela. 
As relações contratuais tributárias das empresas podem ser descritas da 
seguinte forma: 
 Empregados prestam serviço à empresa e recebem salários com 
incidência tributária; 
 Proprietários (sócios ou acionistas) investem em capital de risco e 
recebem lucros, dividendos e ganhos de capital e contribuem com 
tributos; 
 
 
16 
 Instituições financeiras oferecem capitais e recebem juros, sendo 
tributadas; 
 Fornecedores fornecem produtos, mercadorias e serviços e recebem 
dinheiro e são onerados; 
 Governo contribui de certa forma com as entidades garantindo 
estabilidade e recebem tributos. 
O Estado como coordenador da ordem social e assegurador da 
estabilidade do ambiente arrecada daqueles que querem participar ativamente 
uma parcela sobre as receitas e ganhos gerados em sua atividade. Em 
compensação, proporcionaas entidades garantias de segurança, licenças para 
exercerem sua função no meio escolhido, isto é, poderem negociar seus 
produtos, mercadorias e serviços. 
4.2 Limites ao poder de tributar 
As relações contratuais entre sociedade, organizações e Estado 
(governo) seguem o disposto na CF/88, art. 5º, inciso II, que determina que 
somente a lei poderá criar direitos, deveres e impedimentos fincando os sujeitos 
associados aos comandos legais (Brasil, 1988). 
Em consonância com o supracitado, observa-se o princípio da legalidade 
garantida pela Constituição. Esse princípio protege os indivíduos das decisões 
tomadas pelo Estado e até mesmo das decisões tomadas por outros indivíduos. 
No Brasil, diz-se que tudo o que não é proibido é permitido. Se a Constituição 
não obrigar a ser feito, não será feito, como é caso do planejamento tributário, 
que é uma escolha da entidade. Se o sujeito passivo tiver duas ou mais opções 
lícitas de tributação, ele escolherá a menos onerosa. 
O CTN, art. 110, determina a unanimidade da legislação tributária e atribui 
a competência de instituir os tributos a cada ente federativo, impondo limites ao 
poder de tributar. Logo, o texto constitucional garante esses limites de tributar. 
Embora o pagamento dos tributos seja um dever, não há restrição para o 
planejamento e gestão do patrimônio. 
TEMA 5 – PASSOS DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 
Existem várias formas de planejar a questão tributária das empresas, 
como verificar o melhor regime de tributação, a estrutura societária da empresa, 
 
 
17 
analisar um tributo específico ou até mesmo a estudar a forma de 
reconhecimento das contas contábeis. 
Tratando-se do melhor regime de tributação, tem-se a apuração pelo lucro 
real, lucro presumido, lucro arbitrado, Simples Nacional e até mesmo atuando 
como microempreendedor individual. Cabe à empresa analisar cada um dos 
regimes e decidir qual é o mais adequado para suas atividades. 
Segundo Crepaldi (2017, p. 31), o primeiro passo para realizar o 
planejamento tributário é analisar o regime de tributação. Para saber qual é o 
melhor regime, deve-se realizar um levantamento do fluxo financeiro da empresa 
e estabelecer metas e ações por um período de cinco anos. Assim, o gestor 
poderá comparar a redução dos tributos nos diferentes regimes, tão logo 
reconhecer a importância dos benefícios fiscais federais, estaduais e municipais 
que incidem sobre os produtos, mercadorias e serviços da empresa. 
Com base na definição do regime, o gestor deve se concentrar no 
planejamento das operações da empresa em conformidade com o modelo 
escolhido. Na sequência, é possível encontrar formas de redução de gastos 
tributários no próprio regime por meio da redução da base de cálculo e alíquotas 
dos tributos e ainda recuperação dos impostos. 
O planejamento tributário depende de um estudo histórico da empresa 
para projetar ganhos futuros, fundamentado na origem dos fatos ocorridos. Além 
disso, exige que a empresa verifique a incidência do fato gerador para que não 
seja pago valor maior ou que ocorra uma cobrança indevida. Ainda, devem-se 
comprovar os fatos geradores previstos em lei a fim de se evitarem sanções 
fiscais, além de revisar ao final de cada exercício social para verificar se o regime 
tributário adotado realmente continua sendo o mais adequado para fins de 
recolhimento do Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. 
E, por fim, auditar os tributos com objetivo de averiguar a existência de créditos 
fiscais não aplicados. 
Chaves (2017, p. 4) descreve os seguintes procedimentos para revisão 
fiscal: 
1. Realizar uma pesquisa sobre o histórico tributário da empresa verificando 
as origens das operações e definir a ação mais vantajosa para as 
próximas; 
2. Fazer um levantamento de todos os fatos geradores dos tributos pagos e 
verificar se houve pagamento a mais ou cobrança; 
 
 
18 
3. Analisar se houve ação fiscal após cinco anos da ocorrência do fato 
gerador; 
4. Estudar anualmente o regime tributário mais vantajoso para a empresa 
para fins de tributação do Imposto de Renda e Contribuição Social sobre 
o Lucro Líquido; 
5. Verificar o total de tributos pagos nos últimos cinco anos para compensar 
possíveis créditos fiscais. 
Dessa forma, observa-se a importância do acompanhamento período dos 
tributos pagos e a recolher da empresa. O reflexo direto será no fluxo de caixa 
presente e futuro. 
5.1 Documentação para o planejamento tributário 
Para cada empresa deve ser realizado um planejamento tributário 
adaptado à sua realidade, pois cada empresa possui características específicas. 
Fazem-se necessárias as seguintes ferramentas para efetuar o planejamento: 
1. Legislação tributária; 
2. Documentos contábeis da empresa; 
3. Livros de escrituração contábil e fiscal; 
4. Guias de recolhimentos dos tributos e declarações. 
Neste sentido, o planejamento tributário requer o conhecimento contábil e 
jurídico. Contábil em razão dos registros dos fatos ocorridos na empresa e 
jurídico devido à interpretação da legislação visando identificar as oportunidades 
de redução da carga tributária. 
5.2 Tipos de planejamento 
Existem três tipos de planejamento tributário: preventivo, corretivo e 
especial. No planejamento preventivo, o planejamento acontece antes de 
atender às obrigações principais e acessórias, por isso preventivo. No 
planejamento corretivo, o estudo é feito após detectar o erro fiscal. E, no 
planejamento especial, a análise acontece em razão de um fato que impacta 
diretamente na operação da empresa como a abertura de filiais, reestruturação 
societária e desenvolvimento de novos produtos. 
 
 
19 
A contabilidade tributária é essencial para qualquer tipo de planejamento, 
visto que é por meio da contabilidade que se obtêm relatórios confiáveis e 
eficazes para demonstrar a real situação do patrimônio e do resultado da 
empresa para fins de tributação. A situação patrimonial é evidenciada no Balanço 
Patrimonial, conjunto de bens, direitos e obrigações. O resultado econômico é 
apresentado na Demonstração do Resultado do Exercícios, ou seja, receitas 
menos despesas. 
O Regulamento do Imposto de Renda de 2018 determina as adições e 
exclusões ao lucro líquido contábil. Com base nesses ajustes, obtém-se o lucro 
real, base de cálculo do Imposto de Renda e Contribuição Social. 
TROCANDO IDEIAS 
Para que haja economia tributária, é preciso ter controle e planejamento 
de todas as operações da empresa. Deve-se analisar o histórico, levando em 
consideração as receitas, despesas e margem de lucro. Assim, o custo do 
negócio é reduzido, possibilitando uma geração maior no caixa. Ademais, o 
controle e o planejamento estão associados diretamente às obrigações 
principais e acessórias. Qual é a diferença entre obrigação principal e obrigação 
acessória e por que esta pode impactar na gestão tributária da empresa? 
A resposta esperada pode ser encontrada ao final deste material, após a 
seção Referências. 
NA PRÁTICA 
 1. Determinada empresa prestadora de serviços de informática localiza-
se em um município cuja alíquota do ISSQN (Imposto sobre Serviços de 
Qualquer Natureza) é de 5% e, por meio do planejamento tributário, decide 
mudar para outro município em que a alíquota do ISSQN é de 2%. Com base 
nessas informações, qual é o tipo de planejamento tributário realizado? 
Justifique a resposta. 
2. Pedro precisa optar pelo regime tributário menos oneroso, Lucro Real, 
Lucro Presumido ou Simples Nacional. A empresa de Pedro presta serviços de 
elaboração e manutenção de softwares e também comercializa equipamentos 
de informática. A empresa de Pedro faturou nos últimos 12 meses R$ 224.000,00 
e apurou os tributos pelo Simples Nacional. Nesse sentido, Pedro refez o 
 
 
20 
movimento contábil e aplicou as três formas de tributação e, ao final, decidiu pela 
que pagava menos tributos. Qual foi o tipo de planejamentotributário realizado? 
Justifique sua resposta. 
O gabarito para as questões pode também ser encontrado ao final deste 
material, após a seção Referências. 
FINALIZANDO 
Independentemente da atividade desenvolvida, do tamanho da empresa 
ou do contexto econômico, o planejamento tributário é uma ferramenta 
indispensável para a sobrevivência das empresas. Os contribuintes adotam essa 
ferramenta a fim de reduzir, postergar e até mesmo eliminar ônus tributário. 
O procedimento lícito para planejar a economia dos tributos segue o 
estudo do melhor regime tributário, a análise de cada operação realizada, 
objetivando a redução da base de cálculo e alíquotas, a verificação da incidência 
do fato gerador, a prevenção de cobranças indevidas e pagamentos a maior, a 
comprovação dos fatos geradores prescritos em lei para evitar sanções fiscais e 
a realização de revisões anuais. 
Os benefícios gerados por essa ferramenta são inúmeros, mas destaca-
se o impacto positivo no resultado auferido pela empresa. O contrário também é 
verdadeiro, pois a evasão fiscal reflete negativamente no resultado e decorre dos 
crimes contra a ordem tributária que correspondem a sonegação, fraude, 
simulação, contrabando, descaminho, depositário infiel e apropriação indébita 
previdenciária e dolo em geral. 
Nesse contexto, observa-se a importância da elisão nas atividades 
tributárias das empresas. A elisão permite a redução, postergação e até 
eliminação da carga tributária sem penalidades, desde que cumprido os 
requisitos legais. 
 
 
 
21 
REFERÊNCIAS 
BEDÊ, M. A. (Coord.) Sobrevivência das empresas no Brasil. Brasília: Sebrae, 
2016. 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial 
da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5 out. 1988. 
_____. Lei n. 10406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 11 jan. 2002. 
_____. Lei n. 5. 172, de 25 de outubro de 1966. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 27 out. 1996. 
_____. Decreto n. 9.580, de 22 de novembro de 2018. Diário Oficial da União, 
Poder Legislativo, Brasília, DF, 23 nov. 2018. 
_____. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 17 dez. 1976. 
_____. Lei n. 8.137, de 27 de dezembro de 1990. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 28 dez. 1990. 
_____. Lei n. 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 30 dez. 1996. 
CHAVES, F. C. Planejamento tributário na prática: gestão tributária aplicada. 
4. ed. São Paulo: Atlas, 2017. 
CREPALDI, S. Planejamento tributário. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. 
REZENDE, A. J.; PEREIRA, C. A.; ALENCAR, R. C. de. Contabilidade 
tributária. São Paulo: Atlas, 2010. 
RIBEIRO, O. M.; PINTO, M. A. Introdução à contabilidade tributária. 2. ed. 
São Paulo: Saraiva, 2014. 
SIQUEIRA, L. Planejamento tributário: os 5 erros que vão mascarar seu 
resultado. Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), 1 fev. 2019. 
Disponível em: <https://ibpt.com.br/noticia/2742/Planejamento-tributario-os-5-
erros-que-vao-mascarar-seu-resultado>. Acesso em: 20 fev. 2020. 
 
 
 
22 
GABARITO 
TROCANDO IDEIAS 
Resposta esperada: as obrigações principais referem-se ao pagamento 
dos tributos em si. Em contrapartida, as obrigações acessórias são declarações 
de informações mensais, trimestrais e anuais fornecidas pela empresa. Ao deixar 
de cumprir qualquer uma delas, a empresa terá um ônus adicional. 
NA PRÁTICA 
1. Resposta esperada: ocorreu o planejamento preventivo, o 
planejamento acontece antes de atender às obrigações principais e acessórias. 
2. Resposta esperada: ocorreu o planejamento corretivo, visto que foi 
realizada uma revisão e detectada uma forma de reduzir a carga tributária.

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