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PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO AULA 1 Profª Daiane Lolatto 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula, estudaremos a definição e o objetivo do planejamento tributário, a importância do planejamento para as empresas, a diferença entre elisão e evasão fiscal, os direitos do Estado e do contribuinte e os passos para realizar o planejamento tributário. De acordo com o Sebrae (Bedê, 2016), aproximadamente um terço das empresas encerram suas atividades em até dois anos no Brasil, ou seja, apenas 76,6% das empresas abertas entre 2008 e 2012 sobreviveram durante esses dois anos. O resultado foi obtido por meio de pesquisa de campo e com utilização de processamento e análise de banco de dados oficiais. O estudo ainda relatou que as principais causas de sobrevivência e mortalidade de empresas são as seguintes: situação do empreendedor antes da abertura em razão da ocupação do empresário, experiência na atividade e motivação para início da atividade, planejamento e gestão da atividade e capacitação dos empresários. Nesse sentido, destaca-se a importância do planejamento tributário para a sobrevivência das empresas. A carga tributária no Brasil é uma das maiores em relação a outros países mais desenvolvidos. A representatividade é de aproximadamente 32% do PIB (Produto Interno Bruto), isto é, o governo detém um terço do que é produzido no país. No entanto, existem maneiras lícitas de reduzir, retardar ou eliminar o ônus tributário e que será estudado nesta aula. Independentemente da atividade desenvolvida, do tamanho da empresa ou do contexto econômico, o planejamento tributário é uma ferramenta indispensável para a sobrevivência das empresas. Os contribuintes adotam essa ferramenta a fim de reduzir, postergar e até mesmo eliminar ônus tributário. Mas qual é o procedimento para realização do planejamento tributário? Existe algum risco associado a essa prática? Saiba mais SIQUEIRA, L. Planejamento tributário: os 5 erros que vão mascarar seu resultado. IBPT, 1 fev. 2019. Disponível em: <https://ibpt.com.br/noticia/2742/Planejamento-tributario-os-5-erros-que-vao- mascarar-seu-resultado>. Acesso em: 20 fev. 2020. 3 TEMA 1 – DEFINIÇÃO E OBJETIVO DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO O planejamento tributário acontece antes da ocorrência do fato gerador objetivando a economia de tributos. O fato gerado, por sua vez, consiste na concretização da situação descrita em lei, ou seja, em uma operação de prestação de serviços, o fato gerador ocorre na prestação. O planejamento, nesse caso, pode decorrer da mudança da sede para determinado município em que a alíquota incidente seja menor. A Lei Maior é a Constituição Federal de 1988 (CF/88), que organiza o sistema tributário nacional, define os tributos, as competências tributárias dos entes federativos e os limites ao poder de tributar. A fim de realizar o planejamento tributário, faz-se necessário compreender a hierarquia das normas tributárias disposta no art. 59 da CF/88 e apresentada na Figura 1 a seguir. Figura 1 – Hierarquia das normas tributárias Fonte: Brasil, 1988. Dessa forma, nenhuma lei pode sobrepor-se à Constituição. De acordo com a CF/88, art. 150, os princípios estabelecidos ao poder de tributar da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios são os seguintes: legalidade, isonomia, irretroatividade e anterioridade (Brasil, 1988). O princípio da legalidade determina que é proibido à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios exigir ou aumentar tributos sem lei que os constitua, conforme disposto na CF/88, art. 150, I (Brasil, 1988). Por exemplo, um indivíduo opta por determinado regime tributário, visto que é permitido em lei, mas, caso a atividade desenvolvida por ele não faça mais parte da lista de atividades permitidas, este estará desenquadrado. Portanto, o princípio da legalidade é primordial na execução das operações tributárias. CF/88 Emendas Constitucionais Lei (Complementares, Ordinárias, Delegadas) e Medidas Provisórias Decretos Resoluções, Instruções Normativas, Portarias etc. 4 No caso da isonomia, CF/88, art. 150, II, o tratamento tributário deve ser igual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente (Brasil, 1988). Nesse caso, temos como exemplo as alíquotas do Imposto de Renda aplicadas de acordo com as faixas salariais. Os indivíduos que auferem maior renda são aqueles que pagam mais, assim, há isonomia tributária entre todos os contribuintes. O princípio da irretroatividade, CF/88, art. 150, III, a, garante que os tributos não serão cobrados em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado. Uma nova lei não poderá incidir sobre fatos geradores ocorridos. Por exemplo, se uma empresa comercializou mercadorias que não incidiam ICMS e foi publicada uma nova lei que estabelece a incidência, esta não poderá atingir as mercadorias comercializadas anteriormente. E, por fim, conforme CF/88, art. 150, III, b e c, o princípio da anterioridade estabelece que um tributo não pode ser cobrado no mesmo exercício financeiro em tenha sido publicada a lei que o instituiu ou aumentou e deve cumprir o período nonagesimal. Por exemplo, uma lei institui determinado tributo em 8 de novembro. De acordo com a anterioridade de exercício, o tributo somente poderá ser cobrado em 1 de janeiro do próximo ano. Entretanto, conforme a anterioridade nonagesimal, o tributo apenas poderá ser cobrado em 6 de fevereiro. O período a ser cumprido será aquele de maior prazo. Em consonância com os princípios tributários, os entes federativos poderão instituir tributos de espécies distintas. Os tributos são classificados em impostos, taxas, contribuições de melhoria, contribuições especiais e empréstimos compulsórios. Essa classificação indica se há a vinculação ou não de um determinado serviço público. Os impostos são tributos não vinculados, cobrados sem a exigência de qualquer contraprestação específica por parte do governo. Por exemplo, o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) é arrecadado aos cofres públicos, mas não tem destinação específica para a recuperação de rodovias. Sua arrecadação é destinada conforme lei orçamentária, seja para a educação, saúde etc. Em contrapartida, as taxas, contribuições de melhoria e especiais e empréstimos compulsórios são tributos vinculados a um serviço público, mesmo que em parte. A destinação específica ocorre quando o governo 5 realiza uma obra de melhoria de mobilidade urbana e para isso cobra um tributo da espécie denominada contribuição de melhoria. Os tributos podem ser diretos ou indiretos. Os tributos diretos são aqueles que incidem diretamente sobre a renda ou o patrimônio. Os tributos indiretos são aqueles que atingem indiretamente o consumidor final, incidindo sobre a produção e circulação de bens ou serviços. Em um sistema tributário complexo, os gestores são desafiados constantemente a encontrar uma forma eficiente de reduzir o ônus tributário. O número expressivo de normas e as alterações na legislação dificultam a atuação dos gestores, exigindo maior atenção na interpretação e apuração dos tributos que incidem sobre diferentes atividades e operações. A execução dessas normas reflete no desempenho econômico-financeiro das empresas. E, quando da incompreensão da legislação vigente no país, os erros cometidos na elaboração do planejamento tributário são significativos, podendo comprometer sua sobrevivência no mercado. 1.1 Erros na elaboração do planejamento tributário Segundo Siqueira (2019), os erros mais cometidos pelas empresas na elaboração do planejamento tributário são os seguintes: 1. Adotar o regime tributário incorreto: o primeiro erro cometido pelas empresas é adotar um regime tributário mais simples, com menos obrigaçõesacessórias, ou seja, menor volume de trabalho, em detrimento de outro com menor carga tributária. 2. Acreditar que o planejamento tributário é um custo desnecessário: inicialmente o planejamento pode ter um custo para a empresa, pois precisará de um profissional com conhecimento na área ou então terá que despender tempo para planejar. No entanto, a economia tributária tende a ser maior que o investimento inicial. O planejamento é o meio legal para pagar menos tributos e assegurar uma vida financeira saudável. 3. Utilizar os benefícios legais de forma inadequada: embora seja permitido o planejamento tributário, a administração tributária pode entender que esse planejamento foi abusivo, desconstituindo o fato gerador. Por exemplo, postergar a emissão de um documento fiscal devido à carga tributária do mês corrente. 6 4. Deixar de acompanhar o planejamento: a empresa faz uma análise inicial e deixa de acompanhar a legislação. Essa falta de monitoramento legal das normas coloca a empresa em situação de risco, uma vez que as normas são atualizadas diariamente. 5. Planejar os tributos de forma isolada: os tributos precisam ser analisados em conjunto. Por exemplo, o estudo isolado de um tributo não quer dizer que a empresa esteja enquadrada no melhor regime tributário. Os erros na elaboração do planejamento tributário não representam necessariamente um crime contra a ordem tributária. 1.2 Crimes tributários O Código Tributário Nacional (CTN), arts. 128 a 135, define como crimes contra a ordem tributária as ações que envolvem dolo, má-fé e intenção como descrito no Quadro 1 na sequência. Dolo consiste no ato de tirar proveito de algo para atingir um determinado fim. A má-fé está associado a fraude ou intenção dolosa, é a ação consciente de maldade. E, por fim, a intenção é o propósito de fazer algo. Quadro 1 – Crimes contra a ordem tributária Crime Características Exemplos Sonegação Redução ou eliminação de receita que leva ao não pagamento total ou parcial de tributos. Venda de produtos, mercadoria ou serviços sem emissão de nota fiscal. Fraude Modificação de documento fiscal para reduzir ou eliminar pagamentos. Modificação de informações contábeis e fiscais. Simulação Participação de agentes que simulam atos irreais. Venda de imóvel de uma empresa aos proprietários, por preço inferior ao de mercado atrelada a distribuição disfarçada de lucros. Contrabando Importação de mercadoria ilícita sem autorização legal. Drogas ilícitas. Descaminho Importação de mercadoria lícita sem o pagamento dos tributos incidentes. Entrada de mercadorias no país por um valor superior ao limite permitido em lei. Depositário infiel e apropriação indébita previdenciária Omissão da transferência ao agente arrecadador de tributos descontados de terceiros. IRRF e INSS descontados da folha de pagamento dos colaboradores. Dolo em geral Má-fé do agente de causar lesão ao fisco. Erros intencionais na declaração de rendimentos. Fonte: Rezende; Pereira; Alencar, 2010, p. 56. 7 Assim, o sujeito passivo é denominado de devedor da obrigação tributária e é a pessoa (física e jurídica) obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária (CTN, art. 121) (Brasil, 1966). Atribui-se ao sujeito passivo o dever de contribuir e a responsabilidade na prestação de contas sobre o fato jurídico tributário. As informações são fornecidas por meio do preenchimento de documentos e livros fiscais e são chamadas de obrigações acessórias. O sujeito passivo da obrigação classifica-se em contribuinte ou responsável. O contribuinte é aquele que tem relação pessoal e direta com o evento que constitui o respectivo fato gerador, isto é, é aquele quem irá pagar o tributo conforme determinado em lei. O contribuinte do ICMS é aquele que realiza a comercialização de mercadorias para revenda. O responsável é aquele que, mesmo não sendo o contribuinte, é obrigado a pagar o tributo, ou seja, se o contribuinte não pagar, o responsável terá que arcar com o pagamento. No caso do ICMS, se a empresa que realizou a venda de mercadorias não efetua o pagamento, a empresa que está adquirindo para revenda será responsável. O contribuinte tem o dever de apresentar as obrigações acessórias com o objetivo de facilitar a fiscalização da obrigação principal. O sujeito ativo, o Estado, depende da informação correta do sujeito passivo para proporcionar a constituição do crédito tributário. Sendo assim, as empresas devem entregar as declarações de suas operações ao governo como obrigação acessória a fim de possibilitar a verificação do tributo a ser recolhido. É o caso da Escrituração Fiscal Digital (EFD), em que todas as compras e vendas são evidenciadas, proporcionando o cálculo do ICMS devido. TEMA 2 – O PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO E SUA IMPORTÂNCIA PARA AS EMPRESAS O planejamento tributário compreende estratégias que possibilitam o gerenciamento de questões associadas ao cumprimento de obrigações principais e acessórias na relação do contribuinte com o fisco. O objetivo desse gerenciamento é diminuir o máximo possível a carga tributária, eliminar e até mesmo postergar o pagamento de forma legal, lícita (Ribeiro; Pinto, 2014, p. 3). Com intuito de eliminar ou postergar a obrigação tributária, o contribuinte age de forma preventiva. Como exemplo do procedimento para evitar a ocorrência do fato gerador, pode-se considerar a opção de venda de produtos no mercado interno ou no mercado externo. O governo evita onerar os encargos 8 tributários para os produtos exportados, assim considerando a opção de venda no mercado interno ou externo. A decisão seria a venda no mercado externo, evitando a ocorrência do fato gerador. Ainda como maneira preventiva, tem-se a postergação da ocorrência do fato gerador. É o caso do fornecedor que recebe um pedido no final do mês e deixa para faturar no início do mês subsequente, postergando o recolhimento dos tributos incidentes na venda. Por fim, há a possibilidade de realizar o planejamento com objetivo de reduzir o ônus tributário após a ocorrência do fato gerador. Nesse caso, existem algumas possibilidades, como o estudo do regime tributário mais vantajoso para a empresa, a utilização de metodologias de apurações diversas como o caso do estoque quando a empresa controla por meio de inventário período ou permanente e em casos de reorganização societária. Na reorganização societária, um grupo de empresas pode realizar a cisão visando reduzir a tributação em razão do resultado dividido por essas companhias, pois sobre o resultado incide IRPJ e CSLL. 2.1 Benefícios Há vários benefícios para a empresa decorrentes da utilização adequada do planejamento tributário: Permite conhecer os valores a serem recolhidos aos cofres públicos nas datas dos seus vencimentos. Proporciona redução de riscos financeiros e consequentemente de gastos como multas, taxas, juros e outros acréscimos em virtude da falta de cumprimento das obrigações principais e acessórias. Propicia a utilização de benefícios concedidos pelo fisco por meio de isenções e demais possíveis incentivos definidos pelos regulamentos dos tributos. Promove a redução da carga tributária mediante a prática da elisão fiscal permitida pelo fisco em razão das lacunas da legislação. Possibilita o gerenciamento dos compromissos com o fisco, evitando adversidades com infrações as normas tributárias. Levando-se em conta os pontos supracitados, observa-se a importância do planejamento tributário na sobrevivência das empresas. O custo-benefício é 9 significativo, pois, apesar de demandar tempo para o estudo, o ganho financeiro tende a ser maior. 2.2 Finalidades Alguns profissionais interpretam o planejamento tributário ou planejamento fiscal de forma errada, ou seja, as lacunas existentes na legislaçãosão compreendidas como uma forma de burlar o fisco, buscando alternativas ilegais que desrespeitem as obrigações acessórias e principais. O planejamento tributário é um instrumento de gestão à disposição da empresa. A principal finalidade é promover a economia tributária. O estudo prévio dos compromissos com o fisco permite à empresa optar por uma apuração menos onerosa, como é o caso do regime tributário mais vantajoso ou inclusive uma reestruturação societária (Ribeiro; Pinto, 2014, p. 3). O resultado desse planejamento afeta a todos, desde a empresa, que precisa reduzir a carga tributária, até o governo, que precisa angariar recursos para promover o bem-estar social. As pessoas físicas como consumidoras dos bens e serviços também serão afetadas, pois estão no final da cadeia de comercialização. Estas, por sua vez, também podem e devem realizar o planejamento tributário. Nesse contexto, o governo é tido como participante ativo no resultado das empresas, visto que é o maior beneficiário. O governo não investe capital no negócio e também não dedica parte do seu tempo à administração do patrimônio, entretanto, exige que as empresas façam seus fluxos de caixa por meio do autolançamento, ou seja, elas mesmas devem controlar suas entradas e saídas de caixa, e subtrai delas parcelas significativas do lucro (Imposto de renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), assim como do faturamento mediante a tributação do ICMS, IPI, ISS, PIS/PASEP, Cofins etc. e da folha de pagamento por meio das contribuições sociais. A destinação dos recursos do governo a comunidade não será objeto de análise, visto que o propósito é evidenciar a necessidade do planejamento tributário como ferramenta fundamental de gestão para o empresário acompanhar os valores recolhidos e os recursos financeiros disponíveis nas datas determinadas pelas leis. Caso não sejam cumpridos os compromissos estabelecidos em lei, a carga tributária torna-se ainda mais elevada em decorrência da carga tributária superior, possibilidade de incidência de juros, 10 acréscimos e outras penalidades prescritas na legislação. Logo, o planejamento tributário resguarda a empresa de punições pela falta de cumprimento de suas obrigações principais ou acessórias, além de diminuir o valor dos tributos em si. A elaboração prévia da programação financeira por meio do planejamento tributário proporciona às empresas, caso haja a necessidade de captação de recursos, a busca por recursos junto a instituições financeiras, por novos investidores ou negociando com os clientes para pagar antecipadamente suas obrigações. Essas formas de geração de fluxo de caixa somente são vantajosas para a empresa se forem corretamente planejadas e estudadas, inclusive podendo ser mais lucrativo do que desembolsar com os tributos adicionais. As empresas devem analisar todas as possibilidades para obter melhores resultados. Outra finalidade do planejamento tributário consiste em encontrar lacunas ou brechas na legislação para reduzir a carga tributária de forma lícita, ou seja, reduzir o montante dos tributos recolhidos, sem sonegar. Ainda, pode-se, por meio dessa ferramenta de gestão, auxiliar as empresas a postergar o recolhimento de um tributo ou transferir a responsabilidade do pagamento para outros contribuintes pertencentes à mesma cadeia produtiva ou até mesmo de outra cadeia produtiva. A transferência da responsabilidade não prejudica os cofres públicos, pois o tributo será pago em alguma etapa da cadeia produtiva. No cálculo do preço de venda de um produto, quando permitido por lei, a empresa embute os tributos repassando para a próxima empresa participante da cadeia produtiva ou para o consumidor final. A transferência da responsabilidade de recolher tributos somente é viável quando há um planejamento tributário eficiente. Crepaldi (2017, p. 31) descreve os seguintes objetivos do planejamento tributário: Reduzir ou eliminar a carga tributária das empresas, evitando-se que se concretizem operações tributáveis e/ou reduzindo a base de cálculo de tributação. Postergar o recolhimento de tributos planejando as datas de realização do negócio em consonância com a administração do fluxo de caixa. Extinguir imprevistos tributários mediante controles internos oportunos e estudos intensos e contínuos da legislação tributária. 11 Diminuir o custo burocrático por intermédio da simplificação de processos e atividades, assim como da uniformização e informatização de procedimentos. TEMA 3 – ELISÃO FISCAL, EVASÃO FISCAL, TIPOS DE ELISÃO, ABUSO DE FORMA A Constituição Federal garante o direito de as empresas realizarem o planejamento tributário (Brasil, 1988), assim como a Lei das Sociedades Anônimas, Lei n. 6.404/76, art. 153, dispõe que as empresas possuem um dever legal de empregar, no ensejo de suas funções, o zelo e interesse que todo cidadão ativo e correto costuma empregar na administração dos seus próprios negócios (Brasil, 1976). O procedimento legal de redução da carga tributária por meio do planejamento é denominado de elisão fiscal, que corresponde ao conjunto de mecanismos lícitos realizados pela empresa visando à redução da carga tributária utilizando as lacunas ou brechas existentes na legislação (Ribeiro; Pinto, 2014, p. 6). A prática da elisão fiscal não gera sanções para o contribuinte por ser um meio lícito de redução da carga tributária, mas é fato que diminui a arrecadação do governo. Diferentemente da sonegação, a elisão fiscal tem por objetivo evitar ou reduzir a ocorrência do fato gerador do tributo, ou reduzir a carga tributária em si. A sonegação, por sua vez, é uma prática fraudulenta que provoca a evasão, o desvio da receita pelo contribuinte que deixa de pagar o tributo após o fato gerador ter ocorrido. De acordo com o CTN, art. 116, considera-se fato gerador aquele que ocorre desde o momento em que se verifiquem condições materiais suficientes para produzir efeitos que geralmente lhe são próprios e aquela situação jurídica que ocorre desde o momento em que esteja definitivamente constituída em lei (Brasil, 1966). O fato gerador é determinante para a realização do planejamento tributário, por isso pode ser realizado desde o momento inicial da ocorrência do fato gerador até o momento final. É o caso do ICMS, que pode ser planejado antes da saída da mercadoria do estoque até o momento de apuração do tributo. 12 Dessa forma, ao evitar a ocorrência do fato gerador, a empresa evitará o surgimento da obrigação de recolher o tributo. A relação contribuinte (empresa) e fisco (governo) é observada pelo interesse de o contribuinte reduzir os custos com a carga tributária, utilizando-se das lacunas da legislação enquanto o fisco procura criar e incluir na legislação procedimentos de combate à evasão e elisão fiscal, visto que reduz a arrecadação aos cofres públicos. Observa-se no art. 116 do CTN que são dados plenos poderes para a autoridade administrativa desconsiderar atos ou negócios jurídicos com a finalidade de mascarar a ocorrência do fato gerados do tributo ou a natureza dos elementos originários da obrigação tributária, cumpridos os procedimentos a serem determinados em lei ordinária (Brasil, 1966). Existem duas correntes de pensamentos sobre a elisão fiscal. A primeira trata a elisão como um fator negativo e defende que é ilícito o contribuinte promover a redução da carga tributária pela lesão causada ao governo. A segunda entende que a elisão fiscal é um benefício legal aprovado, com a justificativa fiscal de que acontece antes da ocorrência do fato gerador, não gerando a obrigação tributária e, com isso, o governo não sofre qualquer prejuízo. Assim, ao passo que alguns idealizados afirmam que a elisão fiscal significa evasão fiscal, outros não entendem dessa forma. Os termos brecha e lacuna mencionadosno texto têm origem no Direito Romano e são citados por importantes tributaristas brasileiros. Suponha-se que o governo, com intuito de beneficiar o pequeno empresário, atribua por meio de uma lei vantagens com a redução de tributos às empresas com capital igual ou inferior a R$ 500.000. Consequentemente, uma empresa que possua capital de R$ 1.000.000 resolve desmembrar a empresa em duas menores com capital de R$ 500.000 cada uma. O procedimento adotado com o propósito de diminuir a carga tributária estaria correto, uma vez que os benefícios são atribuídos às empresas com capital igual ou inferior a R$ 500.000. Outra medida adotada por profissionais liberais com rendimentos elevados (por exemplo, médicos, dentistas, advogados) que possuem diversos imóveis alugados, para evitar a tributação do Impostos de Renda na pessoa física, utilizam as lacunas da legislação constituindo uma empresa em seu nome e registrando todos os imóveis na empresa. Logo, o Imposto de Renda tributado na pessoa jurídica será inferior ao tributado na pessoa física, pois a distribuição do lucro não é tributada. 13 Portanto, a elisão fiscal consiste em uma prática lícita de economia tributária. É tarefa dos gestores apresentar medidas de elisão fiscal como gerenciamento de resultados. 3.1 Evasão fiscal Evasão fiscal é o mesmo que cometer um crime fiscal e corresponde a um ato criminoso aplicado pelos contribuintes com o objetivo de reduzir ou não o recolhimento de tributos impostos por Lei. Conforme disposto no Quadro 1, os crimes contra a ordem tributária correspondem a sonegação, fraude, simulação, contrabando, descaminho, depositário infiel e apropriação indébita previdenciária e dolo em geral. A legislação que trata do assunto é a Lei n. 8.137/1990, arts. 1 e 2 (Brasil, 1990). A sonegação caracteriza-se por reduzir ou omitir receita ocasionando a o não pagamento total ou parcial dos tributos. Por exemplo, deixar de emitir nota fiscal ou então não declarar os rendimentos. A sonegação é um crime grave e por isso a pena pode variar de 2 (dois) a 5 (cinco) anos de reclusão e multa conforme art. 1º da Lei n. 8.137/1990 e art. 44 da Lei n. 9.430/1996. A fraude pode ser exemplificada como faturamentos de serviços não prestados, lançamento de pagamentos fictícios, reembolso falsos de viagens e rasura de documentos fiscais. A penalidade segue a lógica da sonegação. A diferença entre sonegação e fraude está na conduta do contribuinte. A sonegação refere-se à conduta do contribuinte em retardar ou impedir o conhecimento do fisco sobre o fato gerador, e a fraude surge de conduta lícita que é transformada em ilícita com intuito de conseguir vantagem, impedindo ou retardando a ocorrência do fato gerador. Outro tipo de crime tributário é a simulação, prevista no Código Civil, art. 167 (Brasil, 2002). Esse crime é cometido quando há uma declaração enganosa da vontade com a finalidade de produzir efeito diferente do evidentemente indicado. Por exemplo, em uma operação de compra e venda, as partes combinam um valor para pagar menos imposto de transmissão da propriedade, fazendo constar na escritura um valor diferente, que não o verdadeiramente firmado. O contrabando compreende a importação e a exportação de mercadorias proibidas, como é o caso do contrabando de cigarros. A pena está prevista no art. 334 e 334-A do Código Civil (Brasil, 2002). O descaminho refere-se à 14 importação e exportação de produtos permitidos, mas sem passar pelos tramites burocráticos de tributação, como é o caso da importação de um televisor do Paraguai sem pagar os tributos devidos. Depositário infiel e apropriação indébita previdenciária ocorrem quando a empresa retém os recursos descontados dos empregados, sejam eles INSS e IRRF e não repassa ao governo. E, por fim, o dolo, em geral relacionado à vontade de fraudar o fisco, deixando de recolher o tributo ou recolhendo aquém da carga tributária legalmente exigida. 3.2 Responsabilidades do gestor tributário Considerando os crimes contra a ordem tributária, tem-se a figura do gestor tributário, responsável pelo gerenciamento dos tributos incidentes nas atividades realizadas pela empresa. Para gerenciar os tributos, torna-se imprescindível o conhecimento das legislações existentes sobre cada tributo a que a empresa esteja submetida. Apenas o cumprimento das obrigações principais e acessórias não é suficiente, o planejamento tributário é ferramenta essencial na administração. As obrigações principais referem-se ao pagamento dos tributos em si. Em contrapartida, as obrigações acessórias são declarações de informações mensais, trimestrais e anuais fornecidas pela empresa. Sendo assim, as obrigações acessórias envolvem a emissão de documentos fiscais, escrituração fiscal e contábil ao passo que as obrigações principais abrangem especialmente o recolhimento dos tributos. O cumprimento dessas obrigações evita qualquer ônus tributário adicional como multas, juros e outros acrescimentos utilizando essencialmente o planejamento tributário. Compete ao gestor tributário desempenhar satisfatoriamente as tarefas a ele confiadas. E, para isso, deve manter-se atualizado quanto à legislação vigente. TEMA 4 – ESTADO VERSUS CONTRIBUINTE A criação dos tributos está vinculada à figura do Estado como centralizador e organizador do bem-estar coletivo do povo em um determinado 15 território e nas relações que ocorrem entre Estado, povo e território (Rezende; Pereira; Alencar, 2010, p. 23) Em razão da necessidade de organizar-se e oportunizar a realização de ações direcionadas ao bem-estar comum, a sociedade remete ao Estado (governo) o poder de desenvolver essas ações. O poder atribuído ao Estado não obrigatoriamente deve ser formal ou voluntário, ou seja, pode haver apenas um contrato, o qual pode ser dogmático ou não, em que o governo se compromete a proteger pelo bem da sociedade e, em contrapartida, o povo se compromete a fornecer subsídio para isso. Com o objetivo de manter essa administração sob responsabilidade do Estado, faz-se necessária a cobrança de tributos. Essa administração, ao longo do tempo, foi responsabilidade das instituições religiosas, monarquias, impérios, dentre outras formas de conciliar os desejos da comunidade. A tributação é necessária para manter a máquina pública funcionando. O tributo garante o poder autoritário do Estado de manter um equilíbrio do bem- estar social. A cobrança, sob ponto de vista contemporâneo, está associada à teoria dos contratos. 4.1 Teoria dos contratos A teoria dos contratos é um acordo entre duas ou mais partes para um determinado fim. Na cobrança de tributos, de um lado há o pagador e de outro há quem recebe os tributos. O tributo é resultado de uma relação contratual entre a sociedade, as organizações e o Estado (governo). As relações entre a sociedade, as organizações e o Estado são acordadas por um conjunto de contratos. Cada parte colabora de alguma forma para o bem social e recebe em troca a sua parcela. As relações contratuais tributárias das empresas podem ser descritas da seguinte forma: Empregados prestam serviço à empresa e recebem salários com incidência tributária; Proprietários (sócios ou acionistas) investem em capital de risco e recebem lucros, dividendos e ganhos de capital e contribuem com tributos; 16 Instituições financeiras oferecem capitais e recebem juros, sendo tributadas; Fornecedores fornecem produtos, mercadorias e serviços e recebem dinheiro e são onerados; Governo contribui de certa forma com as entidades garantindo estabilidade e recebem tributos. O Estado como coordenador da ordem social e assegurador da estabilidade do ambiente arrecada daqueles que querem participar ativamente uma parcela sobre as receitas e ganhos gerados em sua atividade. Em compensação, proporcionaas entidades garantias de segurança, licenças para exercerem sua função no meio escolhido, isto é, poderem negociar seus produtos, mercadorias e serviços. 4.2 Limites ao poder de tributar As relações contratuais entre sociedade, organizações e Estado (governo) seguem o disposto na CF/88, art. 5º, inciso II, que determina que somente a lei poderá criar direitos, deveres e impedimentos fincando os sujeitos associados aos comandos legais (Brasil, 1988). Em consonância com o supracitado, observa-se o princípio da legalidade garantida pela Constituição. Esse princípio protege os indivíduos das decisões tomadas pelo Estado e até mesmo das decisões tomadas por outros indivíduos. No Brasil, diz-se que tudo o que não é proibido é permitido. Se a Constituição não obrigar a ser feito, não será feito, como é caso do planejamento tributário, que é uma escolha da entidade. Se o sujeito passivo tiver duas ou mais opções lícitas de tributação, ele escolherá a menos onerosa. O CTN, art. 110, determina a unanimidade da legislação tributária e atribui a competência de instituir os tributos a cada ente federativo, impondo limites ao poder de tributar. Logo, o texto constitucional garante esses limites de tributar. Embora o pagamento dos tributos seja um dever, não há restrição para o planejamento e gestão do patrimônio. TEMA 5 – PASSOS DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO Existem várias formas de planejar a questão tributária das empresas, como verificar o melhor regime de tributação, a estrutura societária da empresa, 17 analisar um tributo específico ou até mesmo a estudar a forma de reconhecimento das contas contábeis. Tratando-se do melhor regime de tributação, tem-se a apuração pelo lucro real, lucro presumido, lucro arbitrado, Simples Nacional e até mesmo atuando como microempreendedor individual. Cabe à empresa analisar cada um dos regimes e decidir qual é o mais adequado para suas atividades. Segundo Crepaldi (2017, p. 31), o primeiro passo para realizar o planejamento tributário é analisar o regime de tributação. Para saber qual é o melhor regime, deve-se realizar um levantamento do fluxo financeiro da empresa e estabelecer metas e ações por um período de cinco anos. Assim, o gestor poderá comparar a redução dos tributos nos diferentes regimes, tão logo reconhecer a importância dos benefícios fiscais federais, estaduais e municipais que incidem sobre os produtos, mercadorias e serviços da empresa. Com base na definição do regime, o gestor deve se concentrar no planejamento das operações da empresa em conformidade com o modelo escolhido. Na sequência, é possível encontrar formas de redução de gastos tributários no próprio regime por meio da redução da base de cálculo e alíquotas dos tributos e ainda recuperação dos impostos. O planejamento tributário depende de um estudo histórico da empresa para projetar ganhos futuros, fundamentado na origem dos fatos ocorridos. Além disso, exige que a empresa verifique a incidência do fato gerador para que não seja pago valor maior ou que ocorra uma cobrança indevida. Ainda, devem-se comprovar os fatos geradores previstos em lei a fim de se evitarem sanções fiscais, além de revisar ao final de cada exercício social para verificar se o regime tributário adotado realmente continua sendo o mais adequado para fins de recolhimento do Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. E, por fim, auditar os tributos com objetivo de averiguar a existência de créditos fiscais não aplicados. Chaves (2017, p. 4) descreve os seguintes procedimentos para revisão fiscal: 1. Realizar uma pesquisa sobre o histórico tributário da empresa verificando as origens das operações e definir a ação mais vantajosa para as próximas; 2. Fazer um levantamento de todos os fatos geradores dos tributos pagos e verificar se houve pagamento a mais ou cobrança; 18 3. Analisar se houve ação fiscal após cinco anos da ocorrência do fato gerador; 4. Estudar anualmente o regime tributário mais vantajoso para a empresa para fins de tributação do Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido; 5. Verificar o total de tributos pagos nos últimos cinco anos para compensar possíveis créditos fiscais. Dessa forma, observa-se a importância do acompanhamento período dos tributos pagos e a recolher da empresa. O reflexo direto será no fluxo de caixa presente e futuro. 5.1 Documentação para o planejamento tributário Para cada empresa deve ser realizado um planejamento tributário adaptado à sua realidade, pois cada empresa possui características específicas. Fazem-se necessárias as seguintes ferramentas para efetuar o planejamento: 1. Legislação tributária; 2. Documentos contábeis da empresa; 3. Livros de escrituração contábil e fiscal; 4. Guias de recolhimentos dos tributos e declarações. Neste sentido, o planejamento tributário requer o conhecimento contábil e jurídico. Contábil em razão dos registros dos fatos ocorridos na empresa e jurídico devido à interpretação da legislação visando identificar as oportunidades de redução da carga tributária. 5.2 Tipos de planejamento Existem três tipos de planejamento tributário: preventivo, corretivo e especial. No planejamento preventivo, o planejamento acontece antes de atender às obrigações principais e acessórias, por isso preventivo. No planejamento corretivo, o estudo é feito após detectar o erro fiscal. E, no planejamento especial, a análise acontece em razão de um fato que impacta diretamente na operação da empresa como a abertura de filiais, reestruturação societária e desenvolvimento de novos produtos. 19 A contabilidade tributária é essencial para qualquer tipo de planejamento, visto que é por meio da contabilidade que se obtêm relatórios confiáveis e eficazes para demonstrar a real situação do patrimônio e do resultado da empresa para fins de tributação. A situação patrimonial é evidenciada no Balanço Patrimonial, conjunto de bens, direitos e obrigações. O resultado econômico é apresentado na Demonstração do Resultado do Exercícios, ou seja, receitas menos despesas. O Regulamento do Imposto de Renda de 2018 determina as adições e exclusões ao lucro líquido contábil. Com base nesses ajustes, obtém-se o lucro real, base de cálculo do Imposto de Renda e Contribuição Social. TROCANDO IDEIAS Para que haja economia tributária, é preciso ter controle e planejamento de todas as operações da empresa. Deve-se analisar o histórico, levando em consideração as receitas, despesas e margem de lucro. Assim, o custo do negócio é reduzido, possibilitando uma geração maior no caixa. Ademais, o controle e o planejamento estão associados diretamente às obrigações principais e acessórias. Qual é a diferença entre obrigação principal e obrigação acessória e por que esta pode impactar na gestão tributária da empresa? A resposta esperada pode ser encontrada ao final deste material, após a seção Referências. NA PRÁTICA 1. Determinada empresa prestadora de serviços de informática localiza- se em um município cuja alíquota do ISSQN (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza) é de 5% e, por meio do planejamento tributário, decide mudar para outro município em que a alíquota do ISSQN é de 2%. Com base nessas informações, qual é o tipo de planejamento tributário realizado? Justifique a resposta. 2. Pedro precisa optar pelo regime tributário menos oneroso, Lucro Real, Lucro Presumido ou Simples Nacional. A empresa de Pedro presta serviços de elaboração e manutenção de softwares e também comercializa equipamentos de informática. A empresa de Pedro faturou nos últimos 12 meses R$ 224.000,00 e apurou os tributos pelo Simples Nacional. Nesse sentido, Pedro refez o 20 movimento contábil e aplicou as três formas de tributação e, ao final, decidiu pela que pagava menos tributos. Qual foi o tipo de planejamentotributário realizado? Justifique sua resposta. O gabarito para as questões pode também ser encontrado ao final deste material, após a seção Referências. FINALIZANDO Independentemente da atividade desenvolvida, do tamanho da empresa ou do contexto econômico, o planejamento tributário é uma ferramenta indispensável para a sobrevivência das empresas. Os contribuintes adotam essa ferramenta a fim de reduzir, postergar e até mesmo eliminar ônus tributário. O procedimento lícito para planejar a economia dos tributos segue o estudo do melhor regime tributário, a análise de cada operação realizada, objetivando a redução da base de cálculo e alíquotas, a verificação da incidência do fato gerador, a prevenção de cobranças indevidas e pagamentos a maior, a comprovação dos fatos geradores prescritos em lei para evitar sanções fiscais e a realização de revisões anuais. Os benefícios gerados por essa ferramenta são inúmeros, mas destaca- se o impacto positivo no resultado auferido pela empresa. O contrário também é verdadeiro, pois a evasão fiscal reflete negativamente no resultado e decorre dos crimes contra a ordem tributária que correspondem a sonegação, fraude, simulação, contrabando, descaminho, depositário infiel e apropriação indébita previdenciária e dolo em geral. Nesse contexto, observa-se a importância da elisão nas atividades tributárias das empresas. A elisão permite a redução, postergação e até eliminação da carga tributária sem penalidades, desde que cumprido os requisitos legais. 21 REFERÊNCIAS BEDÊ, M. A. (Coord.) Sobrevivência das empresas no Brasil. Brasília: Sebrae, 2016. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5 out. 1988. _____. Lei n. 10406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 11 jan. 2002. _____. Lei n. 5. 172, de 25 de outubro de 1966. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 27 out. 1996. _____. Decreto n. 9.580, de 22 de novembro de 2018. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 23 nov. 2018. _____. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 17 dez. 1976. _____. Lei n. 8.137, de 27 de dezembro de 1990. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 28 dez. 1990. _____. Lei n. 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 30 dez. 1996. CHAVES, F. C. Planejamento tributário na prática: gestão tributária aplicada. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2017. CREPALDI, S. Planejamento tributário. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. REZENDE, A. J.; PEREIRA, C. A.; ALENCAR, R. C. de. Contabilidade tributária. São Paulo: Atlas, 2010. RIBEIRO, O. M.; PINTO, M. A. Introdução à contabilidade tributária. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. SIQUEIRA, L. Planejamento tributário: os 5 erros que vão mascarar seu resultado. Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), 1 fev. 2019. Disponível em: <https://ibpt.com.br/noticia/2742/Planejamento-tributario-os-5- erros-que-vao-mascarar-seu-resultado>. Acesso em: 20 fev. 2020. 22 GABARITO TROCANDO IDEIAS Resposta esperada: as obrigações principais referem-se ao pagamento dos tributos em si. Em contrapartida, as obrigações acessórias são declarações de informações mensais, trimestrais e anuais fornecidas pela empresa. Ao deixar de cumprir qualquer uma delas, a empresa terá um ônus adicional. NA PRÁTICA 1. Resposta esperada: ocorreu o planejamento preventivo, o planejamento acontece antes de atender às obrigações principais e acessórias. 2. Resposta esperada: ocorreu o planejamento corretivo, visto que foi realizada uma revisão e detectada uma forma de reduzir a carga tributária.
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