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PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO AULA 2 Profª Daiane Lolatto 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula, será estudada a contabilidade como base do planejamento tributário, interpretação da Lei Complementar n. 104 de 2001, responsabilidade da empresa e dos sócios pelos débitos fiscais, domicílio fiscal e incentivos fiscais. A contabilidade é uma ciência social indispensável para a gestão de negócios e principalmente para a análise tributária. Essa ciência tem como função registrar os fatos administrativos, proporcionando o controle patrimonial e as modificações no resultado, ocorridas em determinado período. As informações geradas serão base para a análise tributária. A contabilidade tributária é um ramo da contabilidade e tem como objetivo a aplicação das normas contábeis em conjunto com a legislação tributária. No entanto, esta impõe algumas especificações e restrições como as despesas indedutíveis registradas na contabilidade. Nesse caso, deve-se realizar ajustes ao lucro contábil no E-Lalur (Livro Eletrônico de Escrituração e Apuração do Imposto sobre a Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido da Pessoa Jurídica), apurando o lucro real, nome dado a um dos regimes de apuração dos tributos. Entretendo, a contabilidade está presente em todos os regimes de tributação. E o planejamento envolve não apenas a contabilidade, como também os assuntos abordados na sequência. CONTEXTUALIZANDO A eficiência e precisão dos registros contábeis são essenciais para que a administração planeje suas ações. Logo, a contabilidade é uma ferramenta gerencial necessária para a tomada de decisões. Os relatórios emitidos por meio dessa ciência precisam estar atualizados e apresentados de forma objetiva e clara para o administrador (Fabretti, 2017, p. 38). Nesse contexto, quais são as funções básicas da contabilidade sob o ponto de vista tributário? Saiba mais Contabilidade: atuais desafios e alternativa para seu melhor desempenho Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519- 70772005000200003>. Acesso em: 12 fev. 2020. 3 TEMA 1 – A CONTABILIDADE COMO BASE DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO A gestão de tributos decorre da fixação de contratos, procedimentos jurídicos e estruturas societárias que possibilitam reduzir, retardar ou eliminar os encargos tributários que sobrecarregam as empresas. Ainda, a sistematização contábil, a escrituração dos tributos exigidos, os reflexos contábeis e fiscais das operações comerciais são fundamentais para retratar a rotina fiscal. A essência de um adequado planejamento tributário está na veracidade dos dados registrados. Os princípios da contabilidade e a conduta ética do profissional contábil garantem a integridade das informações. A escrituração contábil envolve as contas patrimoniais, ou seja, bens, direitos e obrigações apresentados no Balanço Patrimonial (BP), e as contas de resultado, isto é, receitas, custos e despesas apresentados na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). A Escrituração Contábil Fiscal (ECF), prevista na Instrução Normativa n. 1.422, de 19 de dezembro de 2013 e suas alterações subsequentes, estabeleceu a obrigatoriedade de entrega da ECF para todas as pessoas jurídicas tributadas por lucro real, lucro presumido, lucro arbitrado e todas as imunes e isentas. Esta declaração substituiu a Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ). A ECF faz parte do Sistema Público de Escrituração Digital (SPED) e tem por objetivo demonstrar as operações que compõem a base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). A sistematização da contabilidade garantirá que as informações geradas estejam corretas e a apuração do IRPJ e da CSLL esteja em conformidade com o fisco. A ECF refere-se a uma obrigação acessória com objetivo de interligar as informações contábeis e fiscais, agilizando o processo de fiscalização. Dessa forma, não haverá espaço para evasão tributária e o planejamento tributário será cada vez mais relevante. 1.1 Escrituração contábil e planejamento tributário A base para a realização do planejamento tributário é a contabilidade. A escrituração contábil assegura que haverá informações completas, neutras e 4 livres de erro, conforme disposto no CPC 00 R2 no que tange à representação fidedigna. Na falta de informações contábeis, o planejamento seria prejudicado, pois as informações seriam avulsas, irregulares, fundadas em estimativas, com erros e avaliações incorretas. Dentre as informações que o gestor tributário precisa, tem-se: dados exatos sobre os tributos como fato gerador, base de cálculo, alíquotas, vencimentos etc.; informações internas e externas do sujeito passivo, como lucratividade, operações, número de transações econômico-financeiras, características das operações, dentre outras. Com base nessas informações, o gestor poderá analisar, comparar, verificar e projetar formas lícitas de reduzir o ônus tributário. Por exemplo, o contribuinte decidiu analisar se o regime do lucro presumido, ao qual havia optado, realmente era o mais vantajoso. Então, a partir das informações contábeis, é possível comparar o lucro presumido com o lucro real. Logo, constar que se o contribuinte tivesse apurado os tributos pelo lucro real, teria economizado recursos financeiros e, dessa forma, a carga tributária para os próximos períodos pode ser projetada. Os registros contábeis poderão comprovar a eficácia da economia tributária, ou seja, ajudará a responder às seguintes questões: O planejamento tributário proporcionou economia? De quanto foi a redução? Em razão do estudo tributário realizado, houve custos adicionais? Qual é a relação custo-benefício da implantação? A partir dos resultados, a aplicação do planejamento tributário foi eficaz? A contabilidade permite verificar o histórico das operações, fundamentado nos princípios contábeis, sendo que um deles é o reconhecimento das receitas e despesas pelo regime de competência. O regime de competência é o método de registro dos lançamentos das receitas e despesas, independentemente do recebimento ou pagamento, ou seja, a apuração do resultado do exercício ocorrerá em virtude do confronto das receitas e despesas reconhecidas concomitantemente. Assim, o resultado apurado é transferido para o Patrimônio Líquido em forma de reservas (lucros) ou prejuízos acumulados (prejuízos). 5 A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é obrigatória e fundamental para apuração do lucro real. O lucro contábil apurado é ajustado conforme Regulamento do Imposto de Renda (2018) para apuração do lucro real. 1.2 Reconhecimento das receitas e despesas O reconhecimento consiste na inserção dos elementos patrimoniais e de resultado ao Balanço Patrimonial ou à Demonstração do Resultado do Exercício. Os elementos de resultado referem-se às receitas e despesas e são demonstrados na DRE. De acordo com o CPC 47, item 31, a receita será reconhecida à medida que a entidade satisfizer à obrigação de performance ao transferir o ativo prometido ao cliente. E, por sua vez, o ativo é considerado transferido no momento em que o cliente obtiver o controle desse ativo. Neste sentido, um pedido de venda não se caracteriza como receita, pois a operação não foi completada, não houve transferência do controle do ativo. A receita apenas será registrada quando o bem solicitado for entregue. Em contrapartida, a despesa é reconhecida quando o ativo deixar de existir em razão da sua transferência para terceiros, pela redução ou extinção do valor econômico de um ativo e pela origem de um passivo sem ativo equivalente. Por exemplo, em uma operação de venda de mercadorias com frete na modalidade CIF (Cost, Insurance and Freight), em que o preço damercadoria vendida compreende as despesas com seguro e frete até o local de destino, o remetente da mercadoria deve reconhecer a despesa com frete e seguro no momento da venda e, em contrapartida, a obrigação no passivo. No caso da redução ou extinção do valor econômico de um ativo, pode- se associar a depreciação dos bens do ativo imobilizado. O reconhecimento dessa redução ou extinção será realizado periodicamente no resultado como despesa. A sistematização da informação contábil deve estar integrada aos demais setores da empresa, com o objetivo de facilitar o registro e controle, agilizando o processo de geração de dados consistentes e temporais. Dessa forma, o gestor poderá realizar o planejamento tributário. A estrutura da demonstração do resultado é definida na Lei das Sociedades Anônimas, art. 187, e pode ser resumida da seguinte forma: 6 Quadro 1 – Modelo de DRE Receita bruta de vendas (–) Deduções de vendas Vendas canceladas Descontos incondicionais Devoluções de vendas (–) Impostos sobre vendas ICMS sobre vendas Receita líquida de vendas (–) Custo dos produtos e serviços vendidos Lucro bruto (+/–) Receitas e despesas operacionais (+/-) Outras receitas e despesas Resultado antes dos tributos sobre o lucro (–) Provisão para CSLL (–) Provisão para IRPJ Resultado líquido do período Lucro líquido por ação: Destinação: • participação de acionistas ou sócios não controladores; • aos proprietários da entidade controladora. Nota-se informações imprescindíveis para a análise tributária, como os impostos sobre vendas, provisão para CSLL e provisão para IRPJ. No entanto, todas as informações serão necessárias para apuração dos tributos. TEMA 2 – INTERPRETAÇÃO DA LEI COMPLEMENTAR N. 104/2001 A Lei Complementar n. 104, de 10 de janeiro de 2001, alterou alguns dispositivos do Código Tributário Nacional (CTN), Lei n. 5.172/96. O art. 116 do CTN dispõe que o fato gerador ocorre no momento da situação de fato ou da situação jurídica. A situação de fato é aquela em que há a materialização do fato gerador, enquanto a situação jurídica concretiza-se no momento da constituição de um negócio jurídico. O fato gerador é o objeto de estudo do planejamento tributário e dentre as alterações da Lei Complementar está o parágrafo único do art. 116, o qual determina que: Art. 116. Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. Destaca-se a autoridade administrativa de dissimular a ocorrência do fato gerador o que vai ao encontro do disposto no art. 167 do Código Civil. 7 Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. § 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados. § 2º Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado. A regulamentação do art. 116 do CTN, em consonância com o Código Civil, em resumo, prevê a possibilidade de desconsiderar o planejamento tributário como forma lícita de reduzir a carga tributária, porém, de forma subjetiva. Entretanto, se a legislação permite optar por diferentes regimes tributários, realizar reestruturação societária dentre outras práticas, por que o planejamento tributário seria ilícito e como fiscalizar esta ação diante de uma legislação arbitrária? O Brasil possui uma alta carga tributária, tornando difícil a sobrevivência das empresas. Assim, a alternativa tem sido estudar a tributação, a fim de reduzir essa obrigação. Então, por que a empresa optaria pela operação com maior incidência tributária? O poder dado ao fiscal de autuar as empresas é subjetivo e contribui para o aumento da corrupção. 2.1 Princípios do fisco A Constituição Federal é a lei maior e a regra estabelecida no CTN complementa a constituição, isto é, “a autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária”. A commmon low, ou lei comum, fixará os procedimentos para desconsiderar o planejamento. Está relacionada à jurisprudência, na qual o juiz determina uma sentença tornando-se base para vários assuntos no meio jurídico. Saiba mais Assista à entrevista realizada com o professor de pós-graduação de Direito Nacional e Internacional, Douglas Yamashita, à Contabilidade na TV. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=iMNx99xR5fM>. Acesso em: 12 fev. 2020. https://www.youtube.com/watch?v=iMNx99xR5fM 8 Nesse sentido, com a alteração da legislação e da jurisprudência, os contribuintes são obrigados a adquirir mais substância econômica para realizar o planejamento tributário, visto que os casos considerados dissimulados, de abuso de estruturas indefensáveis, foram resultado da falta de compreensão da contabilidade e do direito. Conforme descreve Crepaldi (2017, p. 102) “não há nenhum abuso na iniciativa federal, pois a legislação qualificada até exige a edição da legislação de obrigação”. No entanto, a decisão da autoridade administrativa é subjetiva e terá que discernir sobre um negócio jurídico legal de uma sonegação fiscal. A imposição de tributos, seu recolhimento, suas penalidades e as obrigações acessórias exigidas do contribuinte pela legislação tributária já é rigorosa e abrangente e requer que o contribuinte opte pelo procedimento mais oneroso, agravando ainda mais sua sobrevivência no mercado. O fisco é a autoridade fazendária, com função de controlar e fiscalizar o cumprimento da legislação tributária. Este credor possui poder absoluto e com inúmeros direitos. Ao inserir no CTN a condição de dissimulação ou cláusula elisiva, o fisco está declarando que qualquer manipulação, formalmente correta, mas ocultando a intenção de sonegar, pode ser desconsiderada em razão da verdade tributária (Crepaldi, 2017, p. 103). Conciliar a voracidade do fisco em arrecadar e a gestão das empresas ou mesmo da gestão individual do patrimônio não é fácil. Uma situação é ocultar de forma maliciosa a ludibriar o fisco ocultando o fato, por exemplo, baixar um imóvel pelo valor registrado e pagar a diferença “por fora” para evitar a incidência do imposto de renda sobre o ganho de capital. Outra situação é o contribuinte escolher um negócio que apresente menor tributação, por exemplo, optar pelo leasing ao invés de locação normal. O art. 150 da CF impõe limites ao poder de tributar, isto é, o princípio da legalidade proíbe a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios de exigir ou aumentar tributos sem lei que o constitua. 2.2 Abusos da Receita Federal do Brasil (RFB) No Parecer Normativo RFB n. 4, emitido em 10 de dezembro de 2018 e publicado no Diário Oficial da União, há demonstração da atuação da Receita 9 Federal do Brasil (RFB) frente ao planejamento tributário abusivo. Na sequência, o julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF): Simulação - conjunto probatório - Se o conjunto probatório evidencia que os atos formais praticados (reorganização societária) divergiam da real intenção subjacente (compra e venda), caracteriza-se a simulação, cujo elemento principal não é a ocultação do objetivo real, mas sim a existência de objetivo diverso daquele configurado pelos atos praticados, seja ele claroou oculto. [...] Ausência de motivação extra tributária - O princípio da liberdade de auto-organização, mitigado que foi pelos princípios constitucionais da isonomia tributária e da capacidade contributiva, não mais endossa a prática de atos sem motivação negocial, sob o argumento de exercício de planejamento tributário. Evidentemente que cada caso deve ser analisado com cautela, pois o planejamento tributário somente pode ser considerado abusivo se não houver como comprovar os fatos com base em documentos e provas, e a razão estaria com a autoridade fiscalizadora. A Receita Federal do Brasil (RFB) questiona a falta de propósito negocial de determinados planejamentos, como quando uma empresa lucrativa incorpora uma empresa deficitária com o objetivo de compensar os prejuízos fiscais. Não há previsão legal, mas a RFB argumenta com intuito de inibir a utilização dos planejamentos tributários. Entre duas alternativas consideradas válidas, não há de se considerar abuso de forma, ou seja, dissimulação. O contribuinte autuado em razão da realização de planejamento tributário lícito deve procurar seus direitos e entrar com recurso por intermédio dos órgãos administrativos e judiciários competentes e não se intimidar na presença de fiscais ou autoridades alegando a falta de propósito negocial. TEMA 3 – RESPONSABILIDADE DA EMPRESA E DOS SÓCIOS PELOS DÉBITOS FISCAIS O interesse do fisco está unicamente em arrecadar e, por vezes, submeter as empresas aos encargos da tributação, exigindo um volume exacerbado de informações sobre a composição do custo de produtos, mercadorias e serviços vendidos, informações sobre a folha de salários, sobre o faturamento (receita) e lucro auferido pelas pessoas jurídicas. O fisco pode apreender os bens pessoais, caso as obrigações não sejam cumpridas. O empresário teme pagar as dívidas fiscais da empresa com seu 10 patrimônio pessoal quando não puder honrar com os custos tributários. Assim, há um confronto de interesses entre o sujeito ativo e passivo. 3.1 Capacidade tributária ativa A obrigação tributária surge da concretização do fato gerador, assim como em qualquer relação jurídica, há um sujeito ativo (credor) e um sujeito passivo (devedor). O sujeito ativo é aquele que cobra o tributo, fiscaliza, lança o crédito tributário, inscreve em dívida ativa e julga a execução fiscal. Refere-se a uma pessoa jurídica de direito público, ou seja, a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios com competência tributária descrita na Constituição Federal, ou seja, possui capacidade tributária ativa. A capacidade tributária ativa ocorre após o nascimento do tributo e relaciona-se à competência do ente federativo de exigir o cumprimento da obrigação pelo contribuinte. A competência tributária não pode ser confundida com a capacidade tributária ativa. A competência para instituir tributos é indelegável, isto é, a pessoa jurídica de direito público, normalmente, é a responsável pela arrecadação. Entretanto, a capacidade tributária pode ser transferida por lei (princípio da legalidade) a outra pessoa garantindo a arrecadação do tributo, conforme previsto no art. 7º do CTN. Um exemplo usual é o que acontece com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) com capacidade tributária ativa. O INSS é uma autarquia federal que detém o poder de arrecadar e fiscalizar algumas contribuições, mas a competência tributária, conforme Constituição Federal, art. 153, pertence à União. Em resumo, a diferença entre competência tributária e capacidade tributária ativa pode ser observada no Quadro 2 a seguir: Quadro 2 – Competência tributária versus capacidade tributária ativa Competência tributária Capacidade tributária ativa Poder para criar tributo Poder exigir, arrecadar e fiscalizar Responsabilidade legislativa Responsabilidade executiva ou administrativa Intransferível Passível de transferência 11 União, Estados, Distrito Federal e Municípios Qualquer pessoa jurídica de direito público que receba a transferência do ente competente O sujeito ativo que receber a transferência para arrecadar o tributo poderá: a) arrecadar o tributo em nome e por conta da entidade tributante, situação denominada de sujeição ativa auxiliar; b) arrecadar o tributo para si próprio, situação denominada de parafiscalidade. A função parafiscal de um tributo consiste no custeio de atividades que não compreendem as funções próprias do Estado, por exemplo, Serviço Social da Indústria (SESI), Serviço Social do Comércio (SESC), OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), dentre outros. O contribuinte deve ter atenção quanto à presença de mais de um sujeito passivo sobre o mesmo fato gerador da bitributação, fenômeno inconstitucional e previsto no art. 150, inciso IV, do qual é vedado o Estado utilizar tributo com efeito de confisco e explorado no CTN, art. 164, inciso III. Nesse caso, pode configurar bitributação a cobrança de IPTU em dois municípios por se tratar de um imóvel localizado em regiões fronteiriças. 3.2 Capacidade tributária passiva A capacidade tributária passiva corresponde ao sujeito passivo, é aquele que realiza o fato gerador da obrigação tributária. Toda pessoa física ou jurídica possui capacidade tributária passiva (art. 126, CTN). De acordo com o art. 121 do CTN, o sujeito passivo da obrigação principal tem a obrigação de pagar o tributo ou penalidade pecuniária sendo ele contribuinte ou responsável e o sujeito passivo da obrigação acessória refere-se ao sujeito obrigado às prestações que constituam o seu objeto. O contribuinte caracteriza-se como sujeito passivo direto, pois a pessoa física ou jurídica tem relação pessoal e direta com a situação que constitui o fato gerador, tem a obrigação legal de pagar o tributo. Por exemplo, o contribuinte do Imposto de Renda é aquele que aufere renda ou proventos de qualquer natureza e o contribuinte do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) é o proprietário do imóvel. O responsável trata-se da sujeição passiva indireta, em que a pessoa obrigada por lei a pagar o tributo não tem relação pessoal e direta com a situação que constitui o fato gerador. O objetivo da responsabilidade tributária é facilitar a 12 fiscalização e tornar a tributação viável. Ao designar um terceiro como responsável tributário, a lei pode afastar a responsabilidade tributária do contribuinte mediante a substituição tributária ou transferência. A sujeição passiva indireta pode ser classificada como: 1. Por substituição: o pagamento do tributo determinado em lei nasce imediatamente na pessoa responsável (CF/88, art. 150, parágrafo 7). Por exemplo, a empresa responde pelo Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), ou seja, se o empregador não reter, o fisco age contra o empregador e não contra o empregado. No caso do ICMS, a Substituição Tributária (ST) ainda pode ser antecedente, concomitante ou subsequente. a) Substituição tributária antecedente: a substituição tributária antecedente corresponde à substituição “para trás” ou “regressiva”. Nesta situação, o imposto a ser recolhido é resultado da operação que já ocorreu, ou seja, houve o diferimento do imposto. É o que ocorre com o leite pasteurizado no Estado do Paraná. Na Figura 1, pode-se observar a operação. Figura 1 – Substituição tributária antecedente b) Substituição Tributária Concomitante: ocorre quando determinado contribuinte não realiza a operação, mas a lei transfere a responsabilidade para este sujeito. Assim, a obrigação do pagamento do imposto é remetida a outro contribuinte simultaneamente à ocorrência do fato gerador. Por exemplo, um serviço de transporte realizado por um autônomo ou por empresas não inscritas no cadastro de contribuintes do ICMS no Estado em que a atividade for iniciada. A responsabilidade pelo pagamento do 13 ICMS é transferida para otomador do serviço concomitantemente à realização do fato gerador, conforme observa-se na Figura 2 a seguir. Figura 2 – Substituição tributária concomitante c) Substituição tributária subsequente: a substituição tributária subsequente ou substituição tributária “para frente” ou “progressiva”, caracteriza-se pela retenção do imposto início da cadeia produtiva. O sujeito passivo deve recolher o imposto sobre a operação própria e o devido pelas operações subsequentes. Por exemplo, para apurar o ICMS ST, a primeira etapa é apurar o ICMS da operação própria e em seguida o ICMS das operações subsequentes. Considere uma indústria estabelecida no Estado do Paraná com destino a um cliente localizado também no Paraná, cujo valor de venda é de R$ 10.000,00. A alíquota interna e do produto é de 18% e a Margem de Valor Agregado é de 40%. Quadro 3 – Caso prático de substituição tributária subsequente ICMS da operação própria = R$ 10.000,00 x 18% = R$ 1.800,00 Base de cálculo da ST = R$ 10.000,00 + 40% (MVA) = R$ 14.000,00 ICMS das operações subsequentes = R$ 14.000 x 18% = R$ 2.520,00 O valor do ICMS substituição será a diferença entre o ICMS das operações subsequentes e o imposto da operação própria. Assim, temos R$ 2.520,00 – R$ 1.800,00 = R$ 720,00 Finalizando o cálculo, teríamos o destaque na nota do ICMS ST de R$ 720,00 a ser recolhido e cobrado do cliente por duplicata. O objetivo desse regime de tributação é antecipar o recolhimento do imposto e assegurar a arrecadação por parte do governo, realizada direto na fonte. 14 Figura 3 – Substituição tributária subsequente 1. Por transferência: a lei impõe, após a concretização do fato gerador, a uma terceira pessoa sem relação pessoal e direta com o fato gerador, a obrigação do pagamento do tributo. A Solidariedade Tributária Passiva, conforme art. 124 do CTN, ocorre quando as pessoas possuam interesse comum sobre o mesmo fato gerador ou se estiver expresso em lei. Por exemplo, um casal proprietário de um imóvel urbano, ambos estão obrigados ao pagamento integral do IPTU, há uma relação de solidariedade. A solidariedade pode ser de fato ou de direito. a. Solidariedade de fato: ocorre na pluralidade de interesse como é o caso do IPTU citado anteriormente. b. Solidariedade de direito: está definida no art. 134 do CTN, ou melhor, está expressa em lei. TEMA 4 – DOMICÍLIO FISCAL O domicílio fiscal compreende o endereço de uma pessoa física ou jurídica, registrado nos órgãos competentes para fins de tributação. Tratando-se da pessoa física será o local da sua residência e no caso da pessoa jurídica de direito privado, será a sede da repartição administrativa. Independentemente de ser o contribuinte ou responsável, deve-se eleger seu domicílio tributário (art. 127, CTN). Na ausência de eleição, considera-se domicílio: Art. 127 I - quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual, ou, sendo esta incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua atividade; II - quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas individuais, o lugar da sua sede, ou, em relação aos atos ou fatos que derem origem à obrigação, o de cada estabelecimento; III - quanto às pessoas jurídicas de direito público, qualquer de suas repartições no território da entidade tributante. 15 Ainda, se não couber as regras estabelecidas no art. 127, o domicílio tributário do contribuinte ou responsável será o lugar da situação dos bens ou da ocorrência dos atos ou fatos que deram origem à obrigação (art. 127, parágrafo 1º, CTN). Caso o domicílio eleito não possibilite ou dificulte a arrecadação ou a fiscalização do tributo, a autoridade pode recusar o domicílio eleito (art. 127, parágrafo 2º, CTN). Consequentemente, serão aplicadas as regras do parágrafo 1º do art. 127, CTN. 4.1 Responsabilidade dos sucessores — Art. 129, CTN O Código Tributário, além do domicílio fiscal, trata das responsabilidades dos sucessores e da responsabilidade de terceiros. O sujeito passivo da obrigação principal é quem tem dever de pagar o tributo. O responsável pode ser entendido como um garantidor fiduciário do crédito tributário. No caso do responsável, não existe um vínculo pessoal e direto com o fato gerador, como determina o art. 128, CTN. A responsabilidade do tributo devido até a morte é do espólio, os tributos exigidos até a morte e não pagos até a partilha é de responsabilidade dos herdeiros e, os tributos devidos após a morte é de responsabilidade do inventariante. Quadro 4 – Contribuinte versus responsável Exigibilidade Contribuinte Responsável Tributos exigidos até a morte De cujus Espólio Tributos exigidos até a morte e não pagos até a partilha De cujus Herdeiros Tributos exigidos após a morte Espólio Inventariante Fonte: adaptado de Crepaldi, 2017, p. 111. Na sucessão, a obrigação tributária é transferida para outro devedor, quando o devedor originalmente determinado pela lei desaparece da relação. Do art. 130 ao 133 do CTN, estão relacionadas as circunstâncias de sucessão, como observa-se na sequência: 16 Sendo assim, o sucessor assumirá os tributos devidos pelos antecessores, independentemente de a dívida tributária ter sido constituída, estar em curso de apuração ou lançamento ou ainda no caso de ser constituída após a sucessão. 4.2 Responsabilidade de terceiros — Art. 134, CTN A responsabilidade de terceiros descrita no art. 134, do CTN, especifica os entes que responderão solidariamente nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte. Art. 134 I - os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores; II - os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados; III - os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes; IV - o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio; V - o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário; VI - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu ofício; VII - os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas. Parágrafo único. O disposto neste artigo só se aplica, em matéria de penalidades, às de caráter moratório. •Sucessão de imóveis Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria, subrogam-se na pessoa dos respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua quitação. Parágrafo único. No caso de arrematação em hasta pública, a sub- rogação ocorre sobre o respectivo preço. •Sucessão de quaisquer bens Art. 131. São pessoalmente responsáveis: I - o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou remidos com inobservância do disposto no art. 191; •Sucessão causa mortis I - o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou remidos; II - o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da partilha ou adjudicação, limitada esta responsabilidade ao montante do quinhão do legado ou da meação; III - o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da sucessão. 17 Logo, verifica-se a responsabilidade de terceiros perante o patrimônio de outras pessoas. Ao contrário do que prevê a responsabilidade de sucessores que vincula à transmissão patrimonial, a responsabilidade de terceiros não há essa transferência. É o que acontece com pessoas naturais incapazes ou entes que não possuem natureza jurídica, como o espólio. Apesar de serem incapazes e não terem personalidade jurídica, possuem capacidade tributária passiva. O art.135 do CTN refere-se à responsabilidade pessoal e exclusiva dos representantes em caráter abusivo, ilegal ou não autorizados. Art. 135 I - as pessoas referidas no artigo anterior; II - os mandatários, prepostos e empregados; III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Por exemplo, suponha-se que o contrato social ou estatuto social delimite a compra de imóvel sem que todos os sócios ou acionistas concordem e mesmo assim o diretor realize a compra desrespeitando as imposições, a obrigação do ITBI recairá pessoalmente sobre ele. Segundo a legislação, a partir do nascimento da obrigação tributária, há um responsável pelo pagamento. E, no caso de inadimplência, o fisco pode cobrar o sócio ou o administrador? O art. 124 do CTN prevê que sim, o sócio ou administrador pode, na incapacidade de pagamento por parte do devedor principal, cobrar do administrador o pagamento do tributo. Embora o art. 135 do CTN determine que os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado sejam responsáveis somente quando tiverem agido com excesso de poder ou infração à lei ou ao contrato social, o fisco poderá cobrá-los. Quando houver inadimplemento da empresa decorrente de suas condições financeiras, os administradores podem arcar com obrigação, pois naquele momento faziam parte do grupo decisório da empresa. Entretanto, esta cobrança só pode ser realizada depois de esgotada todas as possibilidades de cobrança do contribuinte, respondendo, portanto, solidariamente. Se for comprovado que o administrador agiu de má-fé, com intuito de burlar o fisco, este pode responder isoladamente de pagamento do débito, isentando a pessoa jurídica. 18 TEMA 5 – INCENTIVOS FISCAIS Ainda que o objetivo do governo seja arrecadar, são concedidos benefícios fiscais para estimular a economia. Normalmente, o governo utiliza este recurso em setores específicos. Estes benefícios podem ser concedidos mediante redução das alíquotas, isenção ou compensação de tributos. Consequentemente, as empresas conseguem realizar novos investimentos, gerar empregos e movimentar a economia. Os benefícios são concedidos por meio de lei, decretos ou medidas provisórias. E, de acordo com a legislação, pode abranger as três esferas do governo, federal, estadual e municipal. Alguns dos tributos que podem ser objeto de incentivo são: Imposto de Exportação (IE), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e Imposto Sobre Serviços (ISS). Nesse sentido, na sequência serão analisados os incentivos relativos a cada ente federativo, ou seja, como eles podem ser aplicados. 5.1 Incentivos fiscais federais A competência para instituir o IE e o IPI é da União. Logo, somente a União pode conceder os benefícios fiscais. O IE incide sobre as saídas de produtos do território nacional. A base legal desse imposto é o Decreto Lei n. 1.578/77. O interesse do governo em incentivar a exportação está em aumentar a riqueza do país, pois quanto mais o país exporta, mais riqueza é gerada. Outro imposto que recebe incentivo é o IPI incidente sobre os insumos produzidos na Zona Franca de Manaus, no Estado do Amazonas. O objetivo de conceder este benefício está em desenvolver a região e promover a integração da região norte do país. O benefício está disposto na Constituição Federal, no art. 43. Existem outros tributos federais passíveis de benefícios e devem ser estudados com atenção. 19 5.2 Incentivos fiscais estaduais A competência para instituir o ICMS é dos Estados. A maior parte dos produtos que compõem a cesta básica são isentos do imposto, seja por determinação do governo federal, por definição dos Estados ou pelo Conselho dos Secretários Estaduais de Fazenda (Confaz). Segundo o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), os produtos da cesta básica são carne, leite, feijão, arroz, farinha, batata, legumes (tomate), pão francês, café em pó, frutas (banana), açúcar, banha/óleo e manteiga. Da mesma forma que os incentivos fiscais federais, existem outros tributos estaduais que podem receber benefícios, a fim de reduzir o ônus tributário. 5.3 Incentivos fiscais municipais A competência para instituir o IPTU e o ISS é dos Municípios. O benefício atribuído ao IPTU é a redução do imposto devido ao pagamento antecipado. Há municípios que concedem outros incentivos, quando, por exemplo, o contribuinte realiza benfeitorias nos terrenos como calçadas. No caso do ISS, o interesse do município é de proporcionar o crescimento local. Com a redução do ISS, as empresas tendem a se instalar no município. No entanto, os municípios devem cumprir a Lei Complementar n. 157, criada em 29 de dezembro de 2016, que determina alíquota mínima do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza de 2%. TROCANDO IDEIAS A regulamentação do art. 116 do CTN, em consonância com o Código Civil, prevê a possibilidade de desconsiderar o planejamento tributário como forma lícita de reduzir a carga tributária, porém, de forma subjetiva. A Receita Federal do Brasil (RFB) questiona a falta de propósito negocial determinados planejamentos e inibe a sua utilização. Como tornar o planejamento tributário elisivo? 20 NA PRÁTICA Uma indústria estabelecida no Estado do Paraná com destino a um cliente localizado também no Paraná, cujo valor de venda é de R$ 20.000,00. A alíquota interna e do produto é de 18% e a Margem de Valor Agregado é de 40%. Qual é o valor do ICMS ST a ser destacado na nota fiscal? Resposta esperada: Quadro 5 – Caso prático de substituição tributária subsequente ICMS da operação própria = R$ 20.000,00 x 18% = R$ 3.600,00 Base de cálculo da ST = R$ 20.000,00 + 40% (MVA) = R$ 28.000,00 ICMS das operações subsequentes = R$ 28.000 x 18% = R$ 5.040,00 O valor do ICMS Substituição será a diferença entre o ICMS das operações subsequentes e o imposto da operação própria. Assim, temos R$ 5.040,00 – R$ 3.600,00 = R$ 1.440,00 Finalizando o cálculo, teríamos o destaque na nota do ICMS ST de R$ 1.440,00 a ser recolhido e cobrado do cliente por duplicata. O objetivo desse regime de tributação é antecipar o recolhimento do imposto e assegurar a arrecadação por parte do governo, realizada direto na fonte. FINALIZANDO A eficiência e precisão dos registros contábeis são essenciais para que a administração planeje suas ações. Logo, a Contabilidade é uma ferramenta gerencial necessária para a tomada de decisões. Os relatórios emitidos por meio desta ciência precisam estar atualizados e apresentados de forma objetiva e clara para o administrador (Fabretti, 2017, p. 38). De acordo com Fabretti (2017, p. 38), a contabilidade do ponto de vista tributário tem como funções: escriturar os fatos administrativos; evidenciar e controlar as modificações ocorridas no patrimônio; oferecer documento comprobatório em juízo ou tribunal; 21 fornecer informações aos acionistas ou sócios, a fim de verificar as contas da diretoria; comprovar ao fisco o cumprimento da legislação fiscal; suprir os administradores de informações para a tomada de decisões; apresentar de forma correta as obrigações acessórias; demonstrar valor dos ativos e passivos de acordo com seu valor justo. Nesse contexto, a contabilidade, em consonância com o planejamento tributário, necessita de tecnologias modernas para gerar informações consistentes. Por mais que o planejamento seja uma ferramenta lícita, se utilizada de forma errada, gera ônus para a empresa. O fisco exige comprovação das operações. Da mesma forma que há exigências ao contribuinte, o fisco também possui restrições. O art. 150 da CF impõe limites ao poder de tributar, isto é, o princípio dalegalidade proíbe a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios de exigir ou aumentar tributos sem lei que o constitua. Em consonância com o disposto na legislação, a lei pode afastar a responsabilidade tributária do contribuinte mediante à substituição tributária ou transferência, assim como pode atribuir incentivos fiscais, os quais são aplicados pelo governo em setores específicos. Esses benefícios podem ser concedidos mediante redução das alíquotas, isenção ou compensação de tributos. Consequentemente, as empresas conseguem realizar novos investimentos, gerar empregos e movimentar a economia. 22 REFERÊNCIAS BRASIL. Decreto n° 9.580, de 22 de novembro de 2018. Regulamenta a tributação, a fiscalização, a arrecadação e a administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/decreto/D9580.htm>. Acesso em: 12 fev. 2020. _____. Decreto-Lei n. 1.578, de 11 de outubro de 1977. Dispõe sobre o imposto e sobre a exportação, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 12 out. 1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto- Lei/Del1578.htm>. Acesso em: 12 fev. 2020. _____. Instrução Normativa RFB nº 1422, de 19 de dezembro de 2013. Dispõe sobre a Escrituração Fiscal Digital. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 dez. 2013. Disponível em: <http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado& idAto=48711>. Acesso em: 12 fev. 2020. _____. Lei Complementar nº 104, de 10 de janeiro de 2001. Altera dispositivos da Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 jan. 2001. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp104.htm>. Acesso em: 12 fev. 2020. _____. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm. Acesso em 12 fev. 2020. _____. Lei n. 157, de 29 de dezembro de 2016. Dispõe sobre o imposto sobre serviços. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 1º jun. 2017. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp157.htm>. Acesso em: 12 fev. 2020. _____. Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp104.htm 23 e Municípios. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 31 out. 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172.htm>. 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